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Como atiçar a brasa

 


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abril 26, 2012

Anna Bella Geiger volta a mostrar trabalhos inéditos em exposição na Galeria Artur Fidalgo por Catharina Wrede, O Globo

Anna Bella Geiger volta a mostrar trabalhos inéditos em exposição na Galeria Artur Fidalgo

Matéria de Catharina Wrede originalmente publicada no caderno de Cultura do jornal O Globo em 26 de abril de 2012.

Mostra ‘Nem mais, nem menos’ traz fotografia inspirada no pintor holandês Johannes Vermeer

RIO - Conhecida por uma vasta e ininterrupta produção, a artista plástica Anna Bella Geiger, de 79 anos, deu-se conta de que estava há quase oito anos sem mostrar trabalhos novos. Segundo a artista, o convite para uma exposição de obras inéditas feito por Artur Fidalgo, dono da galeria que leva seu nome, veio na hora certa para que ela se recolhesse para criar. Nesta quinta, Anna Bella inaugura, às 19h, "Nem mais, nem menos", com curadoria do amigo e crítico Fernando Cocchiarale.

— Com "Circa", senti que estava sobrevoando minha produção — conta Anna Bella, referindo-se à exposição "Anna Bella Geiger circa MMXI", do ano passado, que fez um panorama de sua produção da década de 1960 até hoje.

Agora, diz ela, a sensação "é a de estar centrada":

— No fundo, trata-se sempre disso: a busca do próprio centro, se encontrar. Sou uma artista que gosta de trabalhar seguido, mas às vezes tenho que parar a produção porque não tenho onde guardar, meu ateliê é pequeno, e o intervalo acaba sendo bom para repensar.

Composta por 18 trabalhos, "Nem mais, nem menos" reúne dez obras inéditas, entre fotografias, desenhos, pinturas, colagens e instalações - materiais e técnicas diversos, característicos da trajetória da artista.

— O trabalho dela é muito variado, e defini-lo por alguma mídia específica não dá -— diz Fernando Cocchiarale, que foi aluno de Anna Bella na década de 1970, quando a artista dava cursos de artes no Museu de Arte Moderna. — Procurei preservar esse caráter, mapeando o que ela já vinha fazendo.

Um dos trabalhos inéditos é a fotografia "Sleeping girl", homenagem da artista ao quadro "A girl asleep", do holandês Johannes Vermeer, datado de 1657. Em visita ao Metropolitan Museum, em Nova York, em 2006, Anna Bella pediu à neta Alice — cuja semelhança com a moça retratada por Vermeer impressionou a artista — para posar ao lado da obra, imitando a jovem sonolenta da pintura. Hoje, seis anos depois, Anna Bella encontrou a fotografia e a manipulou, colocando o rosto da neta no lugar da mulher do quadro.
— Vermeer é sempre um artista que cito nos meus trabalhos. Mas eu nunca tinha feito uma referência a ele fotograficamente, como agora.

Na mostra, estão presentes temáticas que a artista revisita de tempos em tempos, como os mapas e suas paisagens e fronteiras geopolíticas, econômicas e culturais — assunto recorrente em sua trajetória. Neste segmento, encontram-se os rolos cartográficos que mesclam técnicas e materiais, como desenho, colagem e metais.

— Anna Bella não é uma fábrica de ideias novas. Essa dispersão aparente no trabalho dela é, no fundo, processual. São inéditos porque não foram mostrados, mas não são estranhos ao processo dela. Meu olhar foi o de contemplar essa transformação — explica Cocchiarale.
De acordo com Anna Bella, o uso de múltiplos materiais é uma consequência de sua formação como artista:

— Já comecei trabalhando em arte dentro de um conceito de experimentação bem típico da arte moderna. Além disso, fui aprendendo também técnicas de gravura em madeira e metal, o que é típico de uma formação bem antiga. Uma vez me disseram que eu parecia uma artista da Renascença! Mas acho que as variações dos materiais são o meu prazer de posicionar algumas questões geopoéticas.
Resgatando memórias

Exemplo disso é a obra também inédita "Variáveis", composta por quatro pedaços de linho branco com os continentes bordados à máquina e algumas anotações sobre geopolítica impressas.

— Não acho que eu sinta nostalgia, mas tenho cada vez mais tido necessidade de resgatar uma memória de um passado remoto. Não uma memória pessoal minha, mas uma memória da cultura ocidental, em que essa questão sociopolítica de fronteiras está presente.

Posted by Guilherme Nicolau at 2:04 PM

Os altos e baixos da arte contemporânea no RS por Sérgio Lagranha, Jornal Já

Os altos e baixos da arte contemporânea no RS

Matéria de Sérgio Lagranha originalmente publicada no caderno de Cultura do Jornal Já em 24 de abril de 2012.

Em uma tarde de sábado chuvosa em Porto Alegre, aconteceu no Santander Cultural o painel A Perspectiva da Curadoria, que marcou o último final de semana da mostra O Triunfo do Contemporâneo – 20 anos de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul. Gaudêncio Fidelis, curador da mostra, fundador e primeiro diretor do MAC-RS, disseque o museu passou por uma série de dificuldades, altos e baixos, polêmicas, mas no final o projeto de valorização da arte contemporânea triunfou no Rio Grande do Sul. A exposição no Santander Cultural mostrou a qualidade do acervo do MAC-RS ao reunir 150 obras de 64artistas da coleção do museu.

Criado em 1992, o MAC-RS jamais teve enquanto instituição, uma sede própria. Os mesmos problemas crônicos que afligem a instituição persistiram durante anos e ainda reverberam pelos andares da Casa de Cultura Mário Quintana, local onde dispõe as suas instalações atualmente, comentaram Alexandre Nicolodi e Denis Nicola na revista Panorama Crítico, quando, em junho de 2011, entrevistaram o diretor do MAC-RS, André Venzon, que assumiu na Administração Tarso Genro.

Venzon descreveu as dificuldades que enfrentou no primeiro ano de gestão. “Eu acho que a situação mais difícil mesmo foi encontrar o acervo lá na Galeria Sotero Cosme. Todas as obras lá, com exceção dos papéis estavam numa sala no corredor, sala que agora foi transformada num Núcleo de Documentação e Pesquisa. Então nós fizemos um levantamento deste acervo, num total de 228 obras. Na gestão do Paulo Gomes,quando foi feito um último levantamento, eram num total de 99 obras. Ou seja, ouve um crescimento em 10 anos de mais de 100 obras. Só que de resto, a maioria das obras tem uma listagem, não tem um tombamento. À maioria destas obras não foi dada entrada como patrimônio do Estado com termos de doação reconhecidos pela Secretaria...”.

Em um artigo de dezembro de 2011, Venzon desabafava: “Nos quatro anos que antecederam a atual gestão, o museu resistiu anonimamente, com seu acervo depositado numa sala do sexto andar da Casa de Cultura Mario Quintana, sem direção e pronto ao esquecimento. Todavia não houve uma grande manifestação pública ou crítica, a respeito desse patrimônio, durante o período de deserto cultural que assolou a instituição.”.

Ele respondia ao artigo da historiadora de arte, professora do Instituto de Artes da UFRGS e diretora do MAC entre 1999 e 2002, Bianca Knaak, publicado no Caderno de Cultura do jornal Zero Hora em 18 de dezembro de 2011. No artigo, ela afirmava que precisamos nos convencer de que, na prática, o MAC é uma intenção de museu. “Há anos não consegue extrapolar as exposições temporárias e cedo abandonou o rigor quanto aos demais compromissos de um museu, como ampliação e conservação do acervo, serviço educativo etc. De pouca visibilidade, sem planejamento curatorial efetivo, o MAC falha na salvaguarda do seu patrimônio, não estimula a produção artística nem o colecionismo e sequer funciona como indicador para o fomento de um mercado regional. Apesar de muito desejado, é provável que esse museu tenha nascido prematuro, pois, além de uma sede apropriada, até hoje lhe falta uma política cultural a orientar e amparar enquanto bem público.”

No final do artigo-resposta, Venzon disse que o atual governo está cada vez mais consciente de que, para ser contemporâneo, tem de se investir mais. “As últimas notícias sobre o aumento do orçamento, patrocínios e prêmios desenham uma perspectiva inédita para a cultura no Estado, e o MAC encaminhou seu planejamento para participar desse crescimento. Estamos seguros de que a atual gestão do museu olha para o futuro, sem perder de vista o passado. Suas exposições são provas de que um museu público de arte contemporânea, assim como aqueles que efetivamente participam de sua vida institucional, deve garantir o direito à reflexão da arte do seu tempo.”

No painel do último sábado, 21, ao lado de Venzon, Bianca Knaak afirmou que o museu surgiu 20 anos atrás a partir de uma ideia louca que se mostrou pertinente, mas infelizmente ainda precisa comemorar seu aniversário na casa do vizinho, Santander Cultural.

Posted by Guilherme Nicolau at 1:52 PM

CPI aprova relatório do Ecad por André de Souza, O Globo

CPI aprova relatório do Ecad

Matéria de André de Souza originalmente publicada no caderno de Cultura do jornal O Globo em 26 de abril de 2012.

Texto pede indiciamento da cúpula da entidade e mudanças na arrecadação

BRASÍLIA - Foi aprovado nesta quinta-feira o relatório da CPI que investiga o Escritório Central de Direitos Autorais (Ecad). O relator, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), pediu o indiciamento de 15 pessoas, entre integrantes da cúpula da entidade e dirigentes das associações que a compõem. A CPI viu indícios de irregularidades como apropriação indébita de valores, fraude na realização de auditoria, formação de cartel e enriquecimento ilícito. O Ecad é responsável por recolher e pagar o direito autoral de todos os músicos do país.

Conforme antecipado pelo GLOBO no último sábado, a CPI propõe ainda criação de uma Secretaria do Direito Autoral e de um Conselho Nacional dos Direitos Autorais dentro do Ministério da Justiça, com o objetivo de aumentar a transparência do sistema de direito autoral brasileiro. Junto ao relatório, está anexado um projeto de lei com as propostas sugeridas pela CPI. Já o Ministério da Cultura prefere que um órgão de fiscalização da arrecadação e distribuição de direitos autorais fique sob sua supervisão.

Segundo a assessoria do presidente da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), está programado um ato de apoio ao relatório às 11h, com a participação de artistas. Às 14h, será entregue o relatório à Procuradoria Geral da República. Às 15h, o texto será levado à Secretaria de Relações Institucionais (SRI) da Presidência da República e, às 16h, será a vez do Ministério da Justiça.

Em nota distribuída à imprensa pouco antes do começo da reunião da CPI, o Ecad diz que a comissão "nada conseguiu provar apesar de ter analisado por mais de seis meses todas as atividades do Ecad dos últimos dez anos". A entidade reclama que o relatório não cita a inadimplência das emissoras de TV, que estariam devendo mais de R$ 1 bilhão ao Ecad. O órgão diz que busca na Justiça o pagamento dos direitos autorais das músicas executadas pelas emissoras de TV, que teriam "os maiores índices de inadimplência com a classe artística musical brasileira": 70% na TV aberta e de 98% na TV por assinatura.

Na nota, o Ecad também destaca que é uma entidade privada, sem fins lucrativos e que não recebe recursos públicos. Mas tanto Lindbergh quanto Randolfe dizem que o Ecad é uma caixa-preta. Como o Ecad tem o monopólio na cobrança dos direitos autorais, eles defendem a necessidade de o Estado regular a atividade.

O relatório critica o alto percentual da arrecadação que fica com o Ecad e não é repassado aos artistas. Segundo o relatório, o órgão - com 3.225 milhões de obras musicais, 1.194 mil fonogramas e 536 mil titulares de música cadastrados - arrecadou R$ 540,5 milhões em 2011, tendo distribuído apenas R$ 411,8 milhões (76,2% do total). Na nota, o Ecad diz que a a taxa de administração é importante para o custeio do escritório e já foi inclusive maior no passado. Diz ainda que, nos últimos cinco anos, a distribuição de direitos autorais aumentou 64,38%.

Após o fim da reunião, o senador Lindbergh Farias rebateu o argumento do Ecad a respeito dos direitos autorias devidos pelas emissoras de TV.

- O Ecad está dizendo que nós não questionamos o que as TVs estão devendo. Só que hoje como funciona? O Ecad simplesmente joga o seu preço. Não há negociação. Nós estamos colocando no lugar disso o elemento negocial. Tem que haver negociação entre as duas partes. É assim que funciona - afirmou, acrescentando:

- Eles estão cobrando das TVs no Brasil 2,5% do faturamento bruto. Isso não existe em canto nenhum do mundo. Não existe isso.

O advogado do Ecad, Fernando Fragoso, negou que haja corrupção no Ecad, lembrando que o escritório é uma entidade privada.

- Corrupção de quem? Eu acho engraçado. Corrupção de quem? Quem que o Ecad precisa corromper porque arrecada de particulares e distribui a particulares.

- A ideia de apropriação indébita e crimes praticados ou imputados por pessoas envolvidas com a administração gerencial do órgão é absolutamente equivocada. Estamos muito confortáveis, muito tranquilos com esse relatório. O relatório não nos impressiona - acrescentou.

Fragoso também minimizou o pedido de indiciamento de 15 pessoas ligadas ao Ecad.

- Não iam fazer uma CPI para não dar em nada, né? Surgem indiciamentos como opiniões que eles têm que serão avaliadas oportunamente pelo Ministério Público e pelo Judiciário. Nós temos em relação a isso um conforto absolutamente completo.

Após a sessão, houve um ato na Câmara dos Deputados com a participação de artistas favoráveis ao relatório da CPI.

- O Ecad hoje em dia arrecada muito mais para as editoras e para as gravadoras multinacionais do que para o compositor brasileiro. E para os seus funcionários, que ganham bônus, distribuição de lucros. A acho que não pode ter distribuição de lucros. Deu lucro é para o autor. Tem sambista velhinho morrendo à míngua, sem nenhuam grana, e os diretores de associação ficando ricos. Isso não pode - criticou o músico Leoni.

Posted by Guilherme Nicolau at 1:33 PM

abril 25, 2012

Novo secretário de Cultura assume cargo apostando na continuidade por Camila Molina e Maria Eugênia de Menezes, O Estado de S. Paulo

Novo secretário de Cultura assume cargo apostando na continuidade

Matéria de Camila Molina e Maria Eugênia de Menezes originalmente publicada no caderno de Cultura do jornal O Estado de S. Paulo em 24 de abril de 2012.

O advogado e museólogo Marcelo Mattos Araujo diz que vai manter as realizações já em andamento

Defensor "ardoroso" das organizações sociais como modelo de gestão, o advogado e museólogo Marcelo Mattos Araujo assume a Secretaria de Estado da Cultura apostando numa política de continuidade e "aprimoramento". "Meu primeiro grande compromisso é com a consolidação das atividades da secretaria", diz. Ex-diretor da Pinacoteca do Estado, sua posse como secretário ocorreria ontem à tarde no Palácio dos Bandeirantes. Na entrevista concedida ao Estado, na manhã de sexta-feira, Araujo estava acompanhado de Luís Sobral, secretário adjunto de Cultura de Andrea Matarazzo, seu antecessor.

Sua experiência é toda voltada à área museológica. Como pretende lidar com a expectativa de toda a classe artística?

Sempre foi esse o universo onde trabalhei, mas o museu é por natureza uma instituição interdisciplinar e declaro que vou me aprofundar e buscar o trânsito em diversas outras áreas.

Há como criar meios institucionais para abrir esse diálogo?

A secretaria tem canais institucionais estruturados. Existem comissões setoriais por áreas, que estão agora sendo revistas numa composição estruturada por áreas. Todos esses canais são importantes e espero ativá-los, transformá-los em canais eficazes de diálogo.

O senhor falou em revisões. Já está pensando em mudanças?

Se usei a palavra revisões, não sei se me expressei corretamente. Meu grande compromisso é com a consolidação das atividades da secretaria, que está num momento privilegiado, com uma estrutura institucional respeitável, uma dotação orçamentária, programas consolidados.

As Organizações Sociais (OSs) são hoje responsáveis por diversas áreas e o que fica como responsabilidade da secretaria é o papel de formuladora de políticas. Há, no entanto, certa fragilidade, que vem da ausência de pessoas especializadas na criação dessas políticas. Como pensa formar a sua equipe?

Sou um ardoroso defensor das OSs, é um modelo de gestão adequado para as necessidades de transparência, agilidade, eficácia que as instituições culturais demandam. É claro que, como todo sistema, ele precisa ser aprimorado e o papel que cabe à secretaria é, num primeiro momento, a formulação de políticas e, em seguida, o acompanhamento. Isso demanda não só a existência de organizações sociais consolidadas, mas também uma adequação da estrutura interna do Estado, para que ele possa fazer face a esse novo modelo de gestão.

Há questionamentos do Tribunal de Contas para algumas organizações sociais, como o Memorial do Imigrante, que ainda não prestou contas de 2007. O que acha disso?

Existem, obviamente, problemas pontuais. Mas o balanço tem sido extremamente benéfico. O sistema evoluiu para um nível que garante essa transparência de contratos, que é obviamente, uma das exigências fundamentais. Um novo sistema de gestão como esse, com toda a complexidade e desafios, tem de ser aprimorado. Mas acho que está sendo alcançado o objetivo de uma articulação entre uma ação do Estado e a sociedade civil, com a colaboração, inclusive, da iniciativa privada. É um modelo que se continuasse apenas no âmbito de uma ação direta do Estado não seria viável.

Andrea Matarazzo buscou participar mais ativamente das escolhas de algumas organizações sociais. Recentemente, por exemplo, afirmou ter indicado o maestro Julio Medaglia para a direção do Teatro São Pedro. Como o senhor pretende estruturar a sua relação com as OSs?

O diálogo é fundamental. O modelo de organização social pressupõe uma sinergia e um objetivo comum entre a OS e a secretaria. É um contrato. Formalmente, cabe aos conselhos das OSs a definição e escolha de seus diretores executivos, isso por lei, mas acho importante esse diálogo permanente, que quero aprofundar.

Houve uma mudança recente no Festival de Campos do Jordão, que foi transferido da Santa Marcelina Cultura para a Fundação Osesp. A dois meses do início da programação, ainda há indefinições. Como o senhor pretende conduzir esse caso?

O festival é uma ação consagrada da secretaria. E a ida para a Fundação Osesp é uma etapa da reorganização da secretaria na área da música. Tenho certeza de que este ano daremos prosseguimento a tudo aquilo que aconteceu nos anos anteriores.

A reforma do MAC ainda não foi concluída. E o que ficou decidido, durante a gestão do secretário Matarazzo, é que a Secretaria de Cultura ficaria responsável apenas pela obras. Abriu-se mão daquela ideia inicial de que haveria um aporte de recursos para auxiliar o museu. O senhor pretende manter essa decisão?

A reforma em si já terminou. O que falta é a instalação do sistema de segurança, procedimento que já foi iniciado. A decisão final é de que caberia à secretaria toda a responsabilidade pelo prédio e, a partir desse momento, a universidade assume plenamente a gestão.

O senhor continua nos conselhos das fundações Nemirovsky e Bienal de São Paulo?

Não. Não é um impedimento legal, mas acho mais adequado. Já apresentei meu pedido de desligamento.

O sr. herda o projeto do Complexo Cultural da Luz. Como pretende lidar com isso?

É um projeto grande, em pleno andamento. A previsão de conclusão é 2016. É uma iniciativa de grande impacto e qualidade.

O senhor pensa em criar novas obras ou instrumentos de fomento a criações artísticas?

O principal programa de fomento da Secretaria é o ProAc, nas suas duas vertentes, edital e incentivo. O ProAc começa este ano com R$ 100 milhões de incentivo; na parte de edital, a previsão é de R$ 25 milhões.

Mas há áreas em que gostaria de investir mais?

Estão sendo pensados novos editais, mas é algo anterior à minha gestão.

Posted by Guilherme Nicolau at 10:55 AM

abril 24, 2012

México exibe retrospectiva do artista brasileiro Ernesto Neto por Fernanda Mena, Folha de S. Paulo

México exibe retrospectiva do artista brasileiro Ernesto Neto

Matéria de Fernanda Mena originalmente publicada no caderno Ilustrada no jornal Folha de S. Paulo em 24 de abril de 2012.

"O Brasil não faz, mas o México fez", brincava o carioca Ernesto Neto nas últimas horas de montagem da mostra panorâmica de seus 25 anos de produção artística, aberta no último domingo na capital mexicana.

A brincadeira, no entanto, revela um desencanto comum entre artistas brasileiros contemporâneos: reconhecidos internacionalmente, eles são objeto de grandes exposições na Europa, nos Estados Unidos --e recentemente também no México-- que não chegam ao Brasil.

"São muitos os artistas brasileiros que tiveram suas primeiras grandes mostras panorâmicas fora do Brasil, como Hélio Oiticica, Lygia Clark, Cildo Meireles, Lygia Pape e, agora, Ernesto Neto", enumera Adriano Pedrosa, curador da mostra mexicana "La Lengua de Ernesto Neto" (a língua de Ernesto Neto).

Ele reuniu mais de cem obras (esculturas, instalações e desenhos), algumas inéditas, em 2.000 metros quadrados do Antiguo Colegio de San Ildefonso, espaço mantido pelo governo federal num edifício do século 18, no centro da Cidade do México.

"Foi emocionante revisitar trabalhos meus nunca expostos e que são muito importantes para a construção da minha linguagem", diz Neto. "De certa forma, minha história está nesta mostra."

São peças de grande proporção, que necessitam de espaços generosos --predicado que falta às instituições do eixo Rio-São Paulo. Atualmente, poucas poderiam hospedar uma mostra dessa magnitude. E aquelas que dispõem de espaço raramente o dedicam a um só artista.

Carolina Daffara/Editoria de Arte

Daniel Roesler, diretor da galeria Nara Roesler, frisa que a produção nacional atual sempre se destaca em eventos internacionais de arte, como a feira mexicana Zona Maco, encerrada anteontem na Cidade do México. Mas, opina, "parece que o circuito institucional de arte no Brasil não tem acompanhado a vitalidade dos artistas do país".

A ausência de mostras mais amplas desses artistas no país poderia ser parcialmente suprida pela presença de suas obras em acervos com acesso público permanente.

Museus como o MAM-SP têm obras importantes de brasileiros contemporâneos, mas não a área requerida para sua exibição permanente.

"Hoje, quem quiser ver Ernesto Neto, Helio Oiticica ou Cildo Meireles no Brasil tem que ir a Inhotim", diz Alessandra D'Aloia, vice-presidente da Associação Brasileira de Arte Contemporânea.
A instituição privada em Brumadinho (60 quilômetros de Belo Horizonte) dá acesso público e permanente a obras importantes desses nomes.

"O Brasil tem muito a aprender com o México, onde colecionadores milionários criaram fundações para expor suas obras publicamente, como a coleção Jumex, a mais importante da América Latina hoje ", avalia a galerista Maria Baró, também presente à Zona Maco.

"Falta essa consciência aos colecionadores de São Paulo. Abrir suas coleções é formar público, artistas e curadores para o mesmo mercado que lhes interessa", conclui.

Posted by Guilherme Nicolau at 7:01 PM

Ministra da Cultura diz que direito de artistas deve ser preservado por André de Souza, O Globo

Ministra da Cultura diz que direito de artistas deve ser preservado

Matéria originalmente publicada por André de Souza no jornal O Globo em 24 de abril de 2012.

‘Não sou presa ao passado, sou presa ao direito conquistado’, diz Ana de Hollanda

BRASÍLIA - No dia em que o Senado apresenta oficialmente o relatório da CPI do Ecad (Escritório Central de Direitos Autorais), a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, fez uma defesa entusiasmada da política de direitos autorais que conduz à frente do ministério. Ela reconheceu que é preciso pensar no consumidor, mas que isso não pode ser desculpa para abrir mão dos direitos dos artistas. A ministra também se disse assustada com campanhas que, ao seu ver, significam um retrocesso nesse campo.

- É um direito à dignidade, à dignidade como profissional, como ser humano, de ter seu trabalho reconhecido. De ser reconhecido como profissional, como pessoa séria, como pessoa que cria. O direito é dele. Isso está na Constituição brasileira - afirmou a ministra nesta terça-feira durante audiência na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) do Senado. - O Ministério da Cultura vai sempre defender os direitos autorais. Muitas vezes me acusam de ser presa ao passado. Eu não sou presa ao passado, eu sou presa aos direitos conquistados com muita dificuldade - acrescentou.

A apresentação do relatório final da CPI do Ecad está prevista para esta tarde, mas já é possível ter acesso ao texto no site do Senado . O relatório final será votado na quinta-feira e apresentado à Procuradoria Geral da República (PGR), à Casa Civil e ao Ministério da Justiça.

A ministra foi convidada há um mês pela CE para explicar as suspeitas de favorecimento ao Ecad em processo movido contra a instituição pelo Cade (Conselho de Defesa Econômica). O Ecad é responsável por recolher e pagar o direito autoral de todos os músicos do país. Após o fim da reunião, em entrevista à imprensa, a ministra preferiu não opinar a respeito do escritório, dizendo que o órgão não tem ligação com a pasta. O Ecad é uma entidade civil privada.

Já o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), presidente da CPI do Ecad, avaliou como insuficientes as explicações dadas pela ministra. Ele afirmou nesta terça-feira, após participação na audiência na CE, que considera o Ecad uma caixa-preta e defende mais transparência. Para isso, ele é a favor da criação de uma Secretaria do Direito Autoral e de um Conselho Nacional dos Direitos Autorais no âmbito do Ministério da Justiça, conforme é proposto no relatório da CPI. Mas Ana de Hollanda prefere que tais órgãos fiquem ligados ao Ministério da Cultura (Minc) e afirmou inclusive que já está sendo preparado projeto de lei nesse sentido.

- Se o Ministério propôs junto à Casa Civil fosse de fato um órgão regulador da política de direito autoral, um órgão que estabelecesse os preços da política de direito autoral no Brasil e deixasse ao Ecad única e exclusivamente o papel que já tá no nome do Ecad: arrecadar e distribuir os recursos de direito autoral no Brasil. Eu não ouviu aqui as respostas de como será esse órgão que está proposto no projeto de lei de direito autoral encaminhado pelo Ministério da Cultura à Casa Civil. E nós, da CPI, entendemos que órgão deve ser vinculado ao Ministério da Justiça e não ao Ministério da Cultura - disse Randolfe.

Ana de Holanda evitou falar da CPI:

- Sinceramente, eu não vou ficar tirando conclusões, me posicionando a favor ou contra. É uma pauta do Congresso, não do Ministério a Cultura. Eu quero deixar bem claro isso.

Durante a audiência no Senado, a defesa entusiasmada que a ministra fez em favor dos direitos autorais levou um grupo de servidores do ministério presentes na audiência a bater palmas, em sinal de aprovação à ministra, mas foram repreendidos pelo presidente da comissão, o senador Roberto Requião.

- Se isso acontecer outra vez, eu vou manter os senadores, e vou evacuar a sala - disse Requião.
A ministra apresentou ainda as ações do ministério e as diretrizes para 2012. E, sem citar o nome, aproveitou para alfinetar o seu antecessor, o ex-ministro Juca Ferreira, que em março classificou como um desastre a gestão da sucessora. Segundo Ana de Hollanda, ela herdou um quadro de grande atraso nos investimentos nos pontos de cultura. A ministra diz que apenas agora está voltando ao patamar do ex-ministro Gilberto Gil, que comandou a pasta entre 2003 e 2008, antes de Ferreira.

Segundo o site do Ministério da Cultura, os pontos de cultura "são iniciativas que envolvem comunidades em atividades de arte, cultura, educação, cidadania e economia solidária", que recebem R$ 185 mil reais do governo federal em cinco parcelas semestrais "para potencializar suas ações com a compra de material (principalmente equipamento multimídia) ou contratação de profissionais, entre outras necessidades".

No sábado, o GLOBO adiantou o conteúdo do relatório da CPI. O documento se divide-se em duas partes: uma punitiva e uma propositiva. Na primeira parte, a CPI determina que a cúpula da entidade e os dirigentes das associações que a compõem sejam alvo de 21 indiciamentos. Entre os crimes apontados pelos presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), e pelo relator, senador Lindbergh Farias (PT-RJ), estão apropriação indébita de valores, fraude na realização de auditoria, formação de cartel e enriquecimento ilícito.

Na segunda parte do relatório, que tem 350 páginas e três mil documentos anexados, a CPI apresenta um novo projeto de lei que tira do Ministério da Cultura (MinC) e leva para o Ministério da Justiça (MJ) todas as questões relativas à gestão dos direitos autorais no país. A CPI propõe ainda a criação de um portal de transparência, reunindo todas as informações referentes a receitas e despesas das entidade de direito autoral, num modelo semelhante ao que a Controladoria Geral da União (CGU) faz com os gastos públicos hoje em dia.

O Ecad respondeu nesta terça-feira a alguns dos pontos levantados no relatório da CPI. O escritório afirma que os grandes valores distribuídos no ano passado aos artistas chamaram atenção, e que levaram à criação da CPI, tirando o foco do papel do órgão, que é econômico, e não político. A entidade aponta que algumas das acusações já foram afastadas pelo Ministério Público, como as de criação de cartel. Eles negam também que o pagamento de distribuição de lucros esteja ocorrendo de forma ilegal.

“O Ecad atendeu a todos os convites para prestar esclarecimentos nas diversas audiências e entregou toda a documentação requerida pela CPI. Fez ainda convite aos membros da CPI para que verificassem in loco suas atividades diárias. Esse convite não foi aceito. Por todos esses motivos, o Ecad entende que durante os trabalhos da CPI não foi identificada qualquer irregularidade na arrecadação e distribuição de direitos autorais que justifique o indiciamento de dirigentes”, afirmou o Ecad, em nota.

Posted by Guilherme Nicolau at 5:52 PM

Tate Modern abre novo espaço para artes performativas, por Cláudia Carvalho

Tate Modern abre novo espaço para artes performativas

Matéria por Cláudia Carvalho originalmente publicada Jornal Público de Portugal em 24 de abril de 2012.

A Tate Modern, em Londres, continua a inovar e a provar por que é que é uma das instituições de arte contemporânea mais importantes. Pela primeira vez, a galeria londrina vai abrir ao público o piso subterrâneo, a antiga sala dos tanques a óleo da central eléctrica, e torná-lo num espaço dedicado à artes performativas e à instalação.

A novidade foi anunciada na segunda-feira por Nicholas Serota, director da Tate Gallery, que integra a Tate Modern, a Tate Britain, a Tate Liverpool e a Tate St. Ives. “A sala dos tanques [nome pelo qual o novo espaço ficará conhecido] vai dar-nos a oportunidade de responder às mudanças das práticas dos artistas, muitos dos quais trabalham agora mais com instalação e outras formas de arte performativa do que há dez ou 15 anos atrás”, escreveu Nicholas Serota em comunicado, acrescentando que com esta inauguração a Tate tornar-se-á na primeira galeria do mundo a ter um espaço permanente para as artes performativas.

A inauguração do espaço está marcada para o dia 18 de Julho, dia em que começará um festival de 15 semanas, que termina em Outubro, como parte da programação paralela aos Jogos Olímpicos.

A programação das 15 semanas ainda não está completa mas sabe-se já que a instituição vai expor pela primeira vez obras adquiridas nos últimos meses. E como o novo espaço foi pensado para as artes performativas estão já confirmados artistas como Ei Arakawa (Japão), Jelili Atiku (Nigéria), Nina Beier (Dinamarca), Tania Bruguera (Cuba), Boris Charmatz (França), Keren Cytter (Israel), Tina Keane (Reino Unido) ou Anne Teresa De Keersmaeker (Bélgica).

“Ao ter este novo espaço podemos oferecer um novo andamento na nossa programação para que a performance, o som, as imagens em movimento e a participação – a arte em acção – tenham tanto peso como outra coisa qualquer”, escreveu no mesmo comunicado Chris Dercon, director da Tate Modern, explicando que “os tanques são um novo tipo de espaço público para a arte”.

“Tornou-se evidente que o nosso público procura novas formas de participação e de relação. As pessoas querem diálogo e discussão e a sala dos tanques vai fazer com que isto aconteça”, afirmou Serota, que na conferência de imprensa explicou que esta é apenas a primeira fase do grande projecto de expansão da Tate Modern, que vai crescer 60%, ou seja, vai ganhar mais 21 mil metros quadrados.

As obras de ampliação, que deverão estar completas em Dezembro de 2016, vão custar à Tate 215 milhões de libras (cerca de 264 milhões de euros), sendo que 75% destes custos foram angariados pela própria instituição. O governo britânico financiou com 50 milhões de libras (61,4 milhões de euros).

O piso subterrâneo da Tate originalmente era a sala dos tanques que alimentavam a central eléctrica, agora ocupada pela galeria. O espaço vai estar aberto até ao dia 28 de Outubro, depois disso voltará a fechar, para que as obras de expansão possam prosseguir.

Posted by Guilherme Nicolau at 4:30 PM

abril 23, 2012

Olafur Eliasson rejeitado por Mariel Zasso, Revista Select

Olafur Eliasson rejeitado

Matéria de Mariel Zasso originalmente publicada na Revista Select em 17 de abril de 2012.

Artista escandinavo irritou diretoria dos jogos olímpicos britânicos

Projeto encomendado para os jogos olímpicos não agradou financiadores

O artista escandinavo Olafur Eliasson foi convidado para criar a projeto principal do Festival de Londres em 2012, mas o Olympic Lottery Distributor (OLD), que financia os jogos olímpicos e paraolímpicos na Inglaterra com dinheiro da loteria, negou o pedido de aplicação de um milhão de libras do seu fundo, argumentando que a projeto não correspondia mais a seus critérios. A instalação proposta, Take A Deep Breath (Respire Fundo), convidaria pessoas a inspirar e expirar em nome de "uma pessoa, um movimento ou uma causa", e esta ação seria gravada em um site que simularia uma bolha de respiração pessoal.

Em uma reunião de diretoria, externou-se a preocupação de que o projeto havia mudado significativamente em relação ao formato original. A obra custaria um milhão e meio de libras, indo além do orçamento geral de 26,2 milhões, destinado ao que os organizadores chamam de Olimpíada Cultural. Em um vídeo sobre o projeto, o Eliasson afirmou que "não há muito o que celebrar nas Olimpíadas e eu pensei que pudesse fazer uma obra que representasse algumas das fraquezas deste tipo de evento". A declaração provavelmente pode ter influenciado na decisão.

Dentre as obras de Olafur Eliasson mais conhecidas estão The Weather Project, (2003) na Turbine Hall do Tate Modern, em Londres, e as cataratas que ele "instalou" em East River, em Nova York em 2008.

Posted by Guilherme Nicolau at 11:46 AM

Arte na fogueira, Revista Select

Arte na fogueira

Matéria originalmente publicada na Revista Select em 18 de abril de 2012.

A autora da tela, a artista francesa Séverine Bourguignon, concordou com o "sacrifício"

Diretor de museu queima pintura do acervo para protestar contra falta de financiamento para as artes na Itália

Em fevereiro, Antonio Manfredi artista e curador do Casoria Contemporary Art Museum, em uma cidade perto de Nápoles, ameaçou queimar a coleção permanente da instituição para protestar contra a falta de fundos públicos para as artes na Itália. Ontem à tarde, ele cumpriu a ameaça diante de câmeras, em frente ao museu. Ele ateou fogo a uma pintura da artista francesa Séverine Bourguignon, que assistiu a tudo via Skype. Manfredi planeja queimar três pinturas por semana para dar seguimento a seu protesto incendiário, informou hoje o ARTINFO.

Segundo o site de notícias sobre arte, que pertence ao grupo midiático Louise Blouin Media - que publica as revistas Art+Auction e Modern Painters -, o diretor do CAM teve o consentimento da artista para sacrificar a tela. E hoje à tarde contará com a presença da autora da próxima vítima para armar a fogueira: a artista napolitana Rosaria Matarese pretende, ela mesma, atear fogo a uma de suas obras.

O objetivo do diretor do museu é conseguir uma reversão das duras medidas de austeridade que lançaram encargos particularmente elevados sobre os ombros do setor cultural da Itália. Tais problemas são ainda mais difíceis no sul do país, onde o desemprego e o analfabetismo são elevados, a corrupção é galopante, e as atitudes gerais em matéria de arte são caracterizadas por cinismo e desconfiança. Na opinião de Manfredi, apenas medidas extremas podem chamar a atenção de Lorenzo Ornaghi, diretor do Ministério do Patrimônio Cultural da Itália.

A fonte das informações publicadas pelo ARTINFO é o próprio museu, que enviou hoje um e-mail ao site, reproduzido na matéria:

"Às seis horas da tarde, em frente à entrada do Casoria Contemporary Art Museum (CAM), o trabalho de Séverine Bourguignon foi consumido pelo fogo. A tela foi queimada pelo diretor, Antonio Manfredi, que esperou durante todo o dia por um sinal da equipe da instituição. Cheio de raiva e emoção quando o sinal [18h era o limite do prazo que ele havia dado ao governo italiano em fevereiro] não chegou, Manfredi, os funcionários do museu e a própria artista (via Skype), reuniram-se para sacrificar uma obra de arte da coleção permanente do CAM. A artista francesa confirmou a decisão de destruir o seu trabalho, uma decisão que ela chamou de 'política', necessária e urgente em face dessas circunstâncias adversas. Amanhã, novamente às 6 da tarde, a artista napolitana Rosária Matarese vai incendiar uma de suas obras. O CAM, entretanto, está esperando que alguém intervenha".

Antonio Manfredi já havia apelado para a piromania em um protesto anterior, quando queimou os próprios trabalhos na abertura da exposição CAMouflage - Fotocopie per una Rivoluzione Culturale (Fotocópias para uma Revolução Cultural), que está em cartaz no museu desde o final de fevereiro. A exposição consiste em cobrir todas as obras da coleção permanente exibidas e deixar à vista apenas reproduções fotocopiadas delas. No dia da inauguração, a obra de Manfredi apresentada na Bienal de Veneza passada foi destruída do lado de fora do museu, assim como ontem aconteceu com a pintura Promenade, de Séverine Bourguignon, de valor estimado de €10 mil.

Posted by Guilherme Nicolau at 11:40 AM

Carta aberta dos servidores do MinC por Eduardo Nunomura, Blog Farofafa

Carta aberta dos servidores do MinC

Matéria por Eduardo Nunomura originalmente publicada no blog faforafa em 21 de abril de 2012

Em Assembleia realizada no dia 12/04/2012, na Esplanada dos Ministérios, Bloco B, os servidores do Ministério da Cultura deliberaram pelo encaminhamento de carta aberta à sociedade e demais segmentos do governo, conforme teor abaixo:

Carta Aberta

Reconhecendo a importância que o papel da cultura tem alcançado com as políticas do Governo Federal, implantadas nas últimas gestões, refletidas no aumento de verbas e na integração com outros segmentos do Governo; e atento às manifestações advindas de importantes segmentos da sociedade civil brasileira, representados por artistas e intelectuais, os servidores do Ministério da Cultura consideram graves os caminhos ora trilhados pelo MinC com visível reflexos na qualidade da Gestão interna e na plenitude administrativo-funcional do órgão.

Neste sentido, apresentamos os seguintes fatos:

• Pouco comprometimento com os processos de valorização e aprimoramento dos servidores e sua carreira;

• Ocupação de cargos de direção por indicações eminentemente políticas, em detrimento da qualificação técnica e acúmulo de experiência, com descumprimento do percentual mínimo de ocupação de cargos por servidores ativos;

• Disputas políticas autofágicas que geram atraso no processo de reestruturação do Sistema MinC, e refletem diretamente na execução de ações do setor cultural;

• Não consideração dos mecanismos de gestão participativa existentes e interrupção do diálogo com a sociedade civil;

• Imobilismo no encaminhamento das propostas Políticas de Estado, fundamentais à consolidação da transformação da política cultural no país (PL do PROCULTURA, PL do Vale Cultura, PEC do Sistema Nacional de Cultura, estruturação do SNIIC, Lei de Direitos Autorais, etc);

• Extinção de políticas e programas de importância estratégica para a garantia dos direitos culturais de parcela da população brasileira, como o Mais Cultura e Pontos de Cultura, sem novo direcionamento para os mesmos;

• Redução de Verbas para a pasta da Cultura em consequência do retrocesso político e das deficiências dos atuais processos de gestão administrativa, no âmbito do Ministério da Cultura;

Por fim, pugnamos contra a estagnação e os desmandos político-administrativos, indicando a necessidade de imediata recondução da Pasta à plenitude da sua missão institucional.

PS DE FAROFAFÁ: o texto chegou até nós e decidimos publicá-lo por revelar mais dos bastidores da política cultural brasileira. Os grifos do texto foram feitos por este site, e, como se vê, demonstram insatisfação generalizada dos funcionários do Ministério da Cultura para com a ministra Ana de Hollanda. O que se lê é, claramente, que os servidores vêem aparelhamento político do ministério, tal como insistentemente estamos falando desde que publicamos Ana de Hollanda no País do Ecad. Em vez de contrapor argumentos, vir a público debater seu posicionamento, a irmã de Chico Buarque prefere ancelmizar, noblatizar, migueldorosarizar, guarabyrizar, tiberiogasparizar (os referidos entenderão o recado!) a pasta que comanda.

Posted by Guilherme Nicolau at 11:32 AM