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Como atiçar a brasa

 


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janeiro 30, 2012

Ministério tenta evitar adiamento da 30ª Bienal por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo

Ministério tenta evitar adiamento da 30ª Bienal

Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 28 de janeiro de 2012.

O Ministério da Cultura divulgou, anteontem, uma nota na qual afirma que busca um entendimento com a Fundação Bienal para evitar o adiamento da 30ª Bienal, programada para setembro, como noticiou a Folha, ontem.

"A direção do MinC tem mantido contato aberto e estreito para que não haja prejuízos à realização do evento. Diversas alternativas de encaminhamento já foram discutidas com representantes da fundação, sempre com a observância do interesse público", diz a nota.

Desde o dia 2, as contas da fundação foram bloqueadas no sistema do MinC, porque a instituição foi considerada inadimplente. Isso ocorreu a partir de 13 processos de malversação de dinheiro público, num total de R$ 32 milhões levantados pela Controladoria-Geral da União (CGU).

Motivado pela auditoria da CGU e em atendimento às orientações, o MinC revisou, em 2011, 13 prestações de contas relativas a convênios firmados com a fundação. Entre as irregularidades, uma nota fiscal era apresentada como justificativa de despesas em distintos processos, durante a gestão de Manoel Francisco Pires da Costa.

O setor educativo da Bienal, por sua vez, divulgou nota aos seus parceiros afirmando que toda a programação do Educativo será mantida.

Posted by Patricia Canetti at 12:56 PM

Cultura ignora pedido da CGU para investigar Bienal por Alana Rizzo e Fábio Fabrini, Estado de S. Paulo

Cultura ignora pedido da CGU para investigar Bienal

Matéria de Alana Rizzo e Fábio Fabrini originalmente publicada no jornal Estado de S. Paulo em 28 de janeiro de 2012.

Embora alertado há pelo menos quatro anos de indícios de fraude em projetos da Fundação Bienal de São Paulo, o Ministério da Cultura adiou a abertura de investigações contra a entidade. A pasta não abriu nenhuma tomada de contas especial (TCE), recomendadas pela Controladoria-Geral da União (CGU) desde 2007, para apurar o valor supostamente desviado ou mal aplicado. A Bienal é suspeita de irregularidades que somam R$ 32 milhões em recursos obtidos por meio da Lei Rouanet. A gestão de Ana de Hollanda, iniciada em 2011, ignorou pedidos de apuração do próprio controle interno da Cultura.

Parecer de setembro de 2011, da Diretoria de Gestão Interna, vinculada à Secretaria Executiva do ministério, sugere ao secretário Vitor Ortiz a instauração de uma TCE para investigar um prejuízo de R$ 7 milhões aos cofres públicos, causado na execução do convênio 167/2003, para pré-produção da 26.ª Bienal de São Paulo. Quatro meses depois, a providência não foi tomada.

Nesse convênio, o órgão de auditoria do governo constatou que "parte dos gastos realizados com o projeto não está suportado por documentação comprobatória hábil ou não tem pertinência com o objeto estabelecido no termo de convênio". E solicitou "que se proceda à instauração de TCE imediata e à apuração de eventuais danos ao erário".

Um documento da Coordenação de Prestação de Contas do ministério, de 30 de agosto de 2010, reforça o pedido de instauração da TCE e diz que as irregularidades não foram sanadas, apesar dos esclarecimentos apresentados pela Fundação Bienal.

Numa nota técnica de abril de 2009, que consolida o resultado das fiscalizações sobre 13 projetos da fundação executados de 1999 a 2006, entre eles o da pré-produção da 26.ª Bienal, a CGU aponta a ocorrência de superfaturamento, direcionamento de contratos, dispensas ilegais e fraudes em licitações, despesas feitas fora do período de vigência dos convênios e até sem cobertura contratual. Nenhum dos 12 projetos, até ontem, era alvo de TCE.

Procedimento

Norma que disciplina as TCEs, a Instrução Normativa 56/2007, do Tribunal de Contas da União, diz que, constatados indícios de desvios em repasses, o governo deve "adotar providências para apuração dos fatos, identificação dos responsáveis, quantificação do dano e obtenção do ressarcimento". Caso não o faça em 180 dias, a autoridade responsável fica sujeita a responder pelo débito e ao pagamento de multa numa eventual condenação do tribunal.

Posted by Patricia Canetti at 12:44 PM

Bienal tem contas bloqueadas por inadimplência por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo

Bienal tem contas bloqueadas por inadimplência

Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 27 de janeiro de 2012.

Processo da Controladoria Geral da União constatou uso irregular de verbas públicas no total de R$ 32 mi

Fundação Bienal acionou a Justiça para resolver o caso; próxima edição da mostra, prevista para setembro, pode ser adiada

Apesar de ter cerca de R$ 11 milhões em caixa, a Fundação Bienal ligou o botão de alarme em relação à realização da 30ª Bienal de São Paulo, cuja abertura está prevista para o dia 7 de setembro.

Motivo: desde o dia 2 de janeiro as contas da instituição estão bloqueadas pelo Ministério da Cultura (MinC) por inadimplência.

"A realização da Bienal está correndo risco, justo agora que estávamos com tudo para fazer uma mostra memorável, já que o curador foi selecionado com dois anos de antecedência e 80% do orçamento está garantido", disse, anteontem, Heitor Martins, presidente da Bienal.

A inadimplência foi decretada devido a um processo da Controladoria Geral da União, que teve início em abril de 2009 (veja quadro ao lado).

Ele apontava irregularidades em 13 processos da Bienal, ocorridos entre 1999 e 2006, nas gestões de Carlos Bratke e Manoel Francisco Pires da Costa.

No total, a Bienal teria feito mau uso de verbas públicas no total de R$ 32 milhões, o que foi noticiado pela Folha na época. É de praxe que entidades inadimplentes tenham as contas bloqueadas pelo MinC.

"Em 2009 eles nos pediram esclarecimentos sobre esses processos e nós fornecemos. No ano passado, chegamos a devolver ao MinC cerca de R$ 700 mil, porque foi alegado que, em 1999, foi consertado o telhado da Bienal sem que a verba estivesse liberada", conta Martins.

Procurado pela Folha, o Ministério da Cultura não respondeu até o fechamento desta edição.

BIENAL EM RISCO

A Fundação Bienal entrou com petição na Justiça Federal solicitando a revisão do caso e espera resolver o problema rapidamente.

"Se não conseguirmos reverter até meados de fevereiro, a situação fica complicada. Já tivemos que atrasar o início de ações do educativo. Enquanto eles analisam o passado, estão inviabilizando o presente", diz Martins.

A 30ª Bienal, com curadoria do venezuelano Luis

Pérez-Oramas, tem um orçamento de R$ 30 milhões aprovado pelo MinC.

"Pela nossa experiência, sabemos que podemos realizá-la com menos, algo em torno de R$ 27 milhões, sendo R$ 22 milhões com dinheiro incentivado e R$ 5 milhões de recursos próprios", diz o presidente da Bienal -a quantia bloqueada é a que tem incentivo. "Mas só com R$ 5 milhões teremos que adiar a mostra", conclui Martins.

Posted by Patricia Canetti at 12:35 PM

Museus de arte nacionais vivem seus dias de rock por Mariana Zylberkan, Revista Veja

Museus de arte nacionais vivem seus dias de rock

Matéria de Mariana Zylberkan originalmente publicada na revista Veja em 22 de janeiro de 2012.

Bom momento econômico do país e profissionalização dão ao setor uma agenda que ele não tinha desde os anos 1990, com a vinda em peso de mostras de grandes nomes, dos renascentistas aos contemporâneos

Os olhos dos amantes das artes plásticas não foram tão requisitados, ao longo de 2011, quanto os ouvidos dos fãs de música. Mesmo assim, os frequentadores de museus e galerias têm algo a comemorar. No ano passado, eles viram aportar no Brasil mais de dez grandes nomes das artes, em mostras que se espalharam para além do eixo Rio-São Paulo -- um feito que pode se repetir em 2012. Foram exposições como Em Nome dos Artistas, que reuniu criações de ícones como Damien Hirst e Jeff Koons no prédio da Bienal, em São Paulo, Sigmar Polke, no Museu de Arte de São Paulo (Masp), e Amadeo Modigliani, que começou por Vitória, segue este mês para o Rio e em abril vai para São Paulo. A movimentação do mercado expositor, que faz lembrar o bom momento vivido nos anos 1990, e pode superá-lo, é um novo marco para os museus nacionais. Que vivem seus dias de rock, recebendo, no lugar das estrelas da música, os popstars das artes plásticas.

Para 2012, estão previstas outras mostras de peso. Como a do alemão Lucian Freud, que terá suas gravuras expostas, no segundo semestre, no Museu de Arte de São Paulo (Masp), por onde também passará Giorgio de Chirico, outro a circular pelo país – ele entrou em cartaz primeiro em Porto Alegre, no final do ano passado, e em março segue para Belo Horizonte (confira lista abaixo).

A agenda cheia ajuda a espanar o pó das salas de exposição, que desde o início dos anos 2000 não acomodavam tantos figurões das artes. E a recuperar um terreno que o Brasil começou a conquistar há vinte anos e se viu perdendo especialmente a partir de 2004, com a queda do presidente da BrasilConnects, o banqueiro e colecionador de arte Edemar Cid Ferreira, acusado de fraude e formação de quadrilha à frente do Banco Santos. A organização foi responsável por mostras como Picasso na Oca (2004) e A Bigger Splash (2003), que, juntamente com exposições como as de Degas e Rodin, em 1995, e a de Monet, em 1997, representaram a estreia do país no circuito internacional de artes (vide lista).

“O crescimento atual é resultado de um processo lento e gradual. Antes, apenas a Bienal assumia o papel de inserir a arte internacional no Brasil. Hoje, com o crescimento do mercado, esse papel está também com outras instituições”, diz Moacir dos Anjos, curador da 29ª edição da Bienal Internacional de São Paulo (2010). Para o curador, a aceleração desse processo de inserção da arte estrangeira no país, verificado especialmente nos últimos anos (2010 teve pelo menos sete grandes mostras, como a de Ródtchenko e Andy Warhol), se deu graças à maior presença do Brasil no circuito de arte internacional. Que, por sua vez, se deve à chegada de artistas nacionais a museus e leilões estrangeiros e também à profissionalização do setor. "Hoje dispomos de mecanismos institucionais mais sólidos, tanto para financiar como para atender os requisitos de qualidade exigidos pelas instituições internacionais que organizam as exposições.”

A Europa também tem dado uma força para o Brasil se aproximar da rota das grandes exposições mundiais. Explica-se: a recessão econômica no Velho Mundo deixa o caminho mais livre para que as instituições mundiais saiam em busca de novos mercados. “Supostamente, o Brasil não está em crise e isso abre espaço para o país. Há maior interesse das grandes instituições pelo Brasil. É mais uma questão psicológica, mas os museus internacionais fazem questão de não serem esquecidos por aqui”, afirma José Roberto Teixeira Coelho, curador do Masp.

Trata-se de uma maré positiva para o país. Mais profissional e economicamente estável, pela primeira vez, o Brasil dispõe de condições para aproveitar a abertura do circuito mundial de artes, que vem sendo impulsionada pela globalização e a crise na economia global.

Apesar do quadro otimista, não há motivo para euforia, porém, segundo o economista George Kornis, especialista em economia do entretenimento. Ainda que esteja melhor hoje do que ontem, o Brasil ainda tem um lugar pequeno no mercado mundial de arte. “A liderança desse setor está nas mãos dos países anglo-saxões, que respondem por 60% a 75% do bolo global. O Brasil tem fatia equivalente a 0,25%.”

A discrepância do papel exercido pelo Brasil em relação aos líderes do mercado, segundo Kornis, é explicada pela falta de capitalização das empresas que formam o setor (as galerias), além da alta taxação (impostos) e da escassez de órgãos certificadores (que coíbam a falsificação e o mercado paralelo). E da curta experiência do país no ramo. “O mercado de arte nasceu no Brasil nos anos 1950, enquanto os Estados Unidos teve início no século XIX. Ainda temos um longo caminho a percorrer.”

Vendas de obras – Os números relacionados às exportações de obras nacionais deixam claro que pelo menos uma parte da estrada já foi percorrida. Entre 2005 e 2011, o valor arrecadado com as vendas de arte brasileira ao exterior triplicou. Em 2005, foram comercializados 10,3 milhões de dólares em arte nacional em galerias estrangeiras. Em 2011, até o mês de setembro, o montante era de 35 milhões de dólares. Mais: os números referentes a 2011 já ultrapassaram o volume total de exportações de 2010, de 34,9 milhões de dólares, segundo dados coletados pelo convênio entre a Associação Brasileira de Arte Contemporânea (ABACT) e a Apex Brasil.

O aumento nas exportações de obras de arte é impulsionado, em grande parte, pelas feiras organizadas nos últimos anos. Desde a primeira edição, a SP Arte registra um crescimento nas vendas de até 30% ao ano. “A boa produção de arte aliada à fluência econômica do Brasil ofereceram condições de crescimento ao mercado”, conta Fernanda Feitosa, diretora da SP Arte. Já no Rio de Janeiro, a Art Rio, feira realizada pela primeira vez em 2011, comercializou 120 milhões de reais em obras de artistas nacionais e internacionais, segundo a organização. Além de fomentar o surgimento de feiras, o bom momento do segmento propicia o aparecimento de um novo tipo de consumidor: a classe média está comprando arte (confira texto no pé da página).

O ano de 2011 também foi aquele em que o primeiro fundo de financiamento em artes passou a funcionar no país. O Brazil Golden Art (BGA), da gestora Plural Capital, fundada por quatro ex-sócios do banco de investimentos Pactual, reúne setenta investidores que, juntos, captaram 40 milhões de reais. A meta do grupo é criar um acervo próprio, com 2.000 obras de artistas nacionais, em até quatro anos. Atualmente, o fundo dispõe de 300 trabalhos de nomes consagrados, como Beatriz Milhazes e Tunga.

Para participar, cada sócio deve investir no mínimo 100.000 reais. O lucro é dividido com a compra e a venda do acervo colecionado. “Isso é só o começo”, diz Heitor Reis, um dos sócios do BGA.

Exportar cada vez mais arte coloca o Brasil numa situação favorável num mercado que funciona na base de trocas. “Tudo o que é exportado retorna em termos de diálogo. Ter mais artistas brasileiros no exterior significa ter mais exposições importantes em nosso país”, diz Alessandra D’Aloia, sócia-diretora da galeria Fortes Vilaça, lembrando o bom momento da programação nacional de mostras.

Foco nos modernistas – Dentro do crescente interesse em torno de artistas brasileiros no exterior, se destaca a descoberta – lá fora – dos nossos modernistas e neoconcretistas. Está prevista para 2013 a organização de uma exposição da neoconcretista Lygia Clark no Museu de Arte Moderna de Nova York (Moma). Em 2013, a artista suíça naturalizada brasileira Mira Schendel terá sua obra exposta no Museu Britânico e Internacional de Arte Moderna (Tate Modern Museum).

Essa programação reafirma o interesse de instituições estrangeiras pela arte brasileira cuja maior intensidade foi marcada pela exposição de Hélio Oiticica, em 2007, no Tate Modern, que também abrigou a mostra de Cildo Meireles em 2008. Em junho de 2011, Lygia Pape teve sua obra exposta no museu Reina Sofia, em Madri.

Formação de público – O bom desempenho do mercado de arte brasileiro se reflete também na frequência dos museus. A maioria registrou aumento de visitantes nos últimos anos. O Museu de Arte Moderna da Bahia, por exemplo, calcula um salto de 170.000 visitantes entre 2007 e 2011. Neste ano, até o mês de outubro, o Museu de Belas Artes, no Rio de Janeiro, recebeu 69.561 pessoas, 7.000 a mais do registrado em 2007.

Em Inhotim, em Minas Gerais, onde o empresário Bernardo Paz abriu em 2006 o Instituto de Arte Contemporânea para abrigar obras de artistas importantes como os brasileiros Adriana Varejão, Cildo Meirelles e Hélio Oiticica e o americano Matthew Barney, os números são igualmente surpreendentes. No primeiro ano, o instituto recebeu 7.114 pessoas. Em 2011, foram registrados 190.751 visitantes.

Desde 2007, a Pinacoteca de São Paulo mantém a média de 500.000 frequentadores por ano. O Museu de Arte de São Paulo (Masp) dobrou o número de visitantes nos últimos cinco anos e, atualmente, recebe 700.000 pessoas por ano.

Novos colecionadores

A advogada Roberta di Ricco Loria, de 26 anos, comprou recentemente sua primeira obra de arte. Apesar de se sentir atraída por telas e fotografias, Roberta sempre relutou em finalmente levar uma peça para casa. “Fico em dúvida entre adquirir uma obra e fazer uma viagem bacana”, diz a advogada que desembolsou 3000 reais em três telas recentemente.

Roberta faz parte do grupo de novos colecionadores que tem se tornado cada vez mais atuante no mercado de arte brasileiro. São jovens na faixa de 25 a 35 anos, a maioria publicitários, que tentam afirmar sua originalidade através da aquisição de peças únicas. “A obra de arte está mais inserida no cotidiano das pessoas. Isso tem a ver com o maior espaço que a imagem ocupa na sociedade atualmente. Além disso, a internet ajudou a disseminar a arte de rua e digital. Essas novas plataformas dessacralizaram a arte contemporânea que deixou de ser vista como algo conceitual para fazer parte da vida de todos”, diz Eduardo Saretta, sócio da galeria Choque Cultural.

Os novos colecionadores ganharam maior representatividade recentemente. Entre os dias 17 e 20 de novembro, foi organizada, em São Paulo, a primeira feira de arte voltada especificamente para esse público. As 22 galerias participantes expôs obras com preço médio de 3.000 reais e, máximo, de 10.000 reais. Em seis dias, calcula-se que foi comercializado o equivalente a 1,5 milhão de reais. “A maioria das 65 mil pessoas que foram à feira era formada por jovens, profissionais liberais e donos de um gosto estético apurado que consome objetos de design e filmes de arte”, diz Lina Wurzmann, organizadora da Feira Parte.

Os novos colecionadores já representam 30% do número de obras vendidas na galeria Emma Thomas, em São Paulo. “Temos facilidades de pagamento para esse público, aumentamos o número de parcelas para incentivar a formação desse público”, diz a galerista Flaviana Bernardo.

Posted by Patricia Canetti at 12:17 PM

Cultura sem expressão por Flávia Tavares, Valor Econômico

Cultura sem expressão

Matéria de Flávia Tavares originalmente publicada no jornal Valor Econômico em 27 de janeiro de 2012.

Brasília é meio chata em janeiro. O Congresso está em recesso, as ruas estão vazias, chove quase diariamente. Parece que o tempo para na capital federal e a máxima de que o Brasil só acontece depois do Carnaval foi inventada aqui, no verdadeiro túmulo do samba. Bobagem. Nos corredores da Esplanada dos Ministérios, Brasília ferve há pelo menos duas semanas. Especialmente naqueles inoculados com o veneno antimonotonia da reforma ministerial, caso do Ministério da Cultura, de Ana de Hollanda.

Seu nome aparece insistentemente no noticiário político como uma das possíveis trocas no rearranjo ministerial. A dívida histórica que o PT tem com a família Buarque de Holanda - Sérgio, pai da ministra, foi um dos fundadores do partido; sua mulher, Maria Amélia, ostentava uma bandeira com a estrela vermelha na sala de sua casa até o dia de sua morte; e Chico, um dos irmãos, nunca voltou atrás em seu apoio mesmo nos momentos mais difíceis, como durante as denúncias do mensalão - conta a seu favor. O fato de que Dilma aprecia a lealdade com que Ana abraçou as restrições orçamentárias impostas a ela (em 2011, o orçamento da Cultura recebeu um corte de 37% com relação a 2010, ou R$ 529 milhões a menos), sem reclamar, e exerceu o perfil de gerente da cultura, também.

Ajuda ainda a questão de gênero. Mas essa seria facilmente sanada se Ana fosse substituída por outra mulher. Marta Suplicy (PT-SP) tem sido cogitada. Seria uma forma de agradar ao PT e à própria Marta, que ficou sem a Prefeitura de São Paulo, sem o Ministério da Educação e sem o da Ciência e Tecnologia. Outro nome que tem ganhado força é o de Marta Porto, que deixou o MinC em setembro. Diz-se, nos bastidores, que Antonio Grassi - padrinho político de Ana e presidente da Funarte - tentou emplacá-lo no auge da crise no MinC no lugar da afilhada.

Há homens que também já aparecem como possíveis sucessores, como o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) e Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc-SP, este mais independente, com forte aprovação no meio artístico. Acuada, a ministra não quis receber a reportagem, mas declarou recentemente: "Estou tranquila, tenho o apoio da classe artística e não vou entrar na 'noia'. Senão, eu não trabalho".

Ana de Hollanda, atriz, cantora e compositora de 63 anos, voltou de férias no dia 17 e mergulhou nos relatórios que apresentaria para a presidente Dilma Rousseff, em reuniões convocadas pela chefe com todos os ministros nos dias que se seguiriam. Ao longo de 2011, as duas tiveram apenas dois encontros particulares, de acordo com a agenda oficial da ministra - que se reuniu outras duas vezes com Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, e duas com Gilberto Carvalho, secretário-geral da presidente. Agora, Dilma quer resultados. E Ana de Hollanda precisa deles.

Para apagar a impressão de que seu primeiro ano como titular da pasta foi, ele sim, apagado, e que está na conta dela o fato de o MinC ter perdido protagonismo, a ministra confia em alguns trunfos. O primeiro foi a efetivação do Plano Nacional de Cultura, que estabelece metas para a área até 2020. Outro é a parceria com o Ministério da Educação - sonho antigo, alimentado desde Celso Furtado - para levar agentes culturais e de leitura a 2 mil escolas do Programa Mais Educação.

Ana confia ainda nos números que fez seus secretários compilarem. E eles são unânimes ao propagandear o que acreditam ser sua principal conquista, num período marcado por polêmicas e grita no mundo cultural: eficiência de gestão. "Chegamos a uma execução orçamentária de quase 100%, o que prova que não há retrocesso político ou de investimentos", diz Vitor Ortiz, secretário-executivo do MinC. Seguindo no mantra do orçamento, Grassi, da Funarte, afirma: "Depois de um primeiro semestre de muito embate, o segundo foi a prova de fogo, quando tivemos de provar que somos eficientes administrativa e politicamente".

A questão, garante o secretariado de Ana, é que muitas dessas contas que foram pagas em 2011 eram dívidas das gestões anteriores. E, quando se passa um ano pagando conta atrasada, não se tem muito a mostrar de novo. Além disso, a ministra, discreta, apolítica, com frequência elogiada como "muito disciplinada", sucedeu duas figuras extremamente carismáticas e expansivas e fez pouco lobby com a base governista no Congresso. Fica difícil vender o peixe da "eficiência de gestão" para os movimentos culturais e para os aliados quando seu antecessor mais folclórico, Gilberto Gil, falava em "do-in antropológico".

Essa falta de traquejo resultou na paralisação, por exemplo, da votação do Vale Cultura, tipo de tíquete de R$ 50 para trabalhadores que ganhem até cinco salários mínimos gastarem em livros, cinema, música e teatro. Aprovado pelo Senado em 2009, o projeto de lei segue em repouso na Câmara e a ministra não teve força política para dar prioridade a ele. Também não articulou mudanças na Lei Rouanet, demanda antiga dos produtores culturais. "A lei não atinge os pequenos produtores, principalmente aqueles que estão fora da Região Sul e Sudeste, pois as empresas não se interessam, na sua maioria, em atrelar seus nomes a projetos sem grande visibilidade. O MinC não criou nada para preencher essa lacuna", diz Daniel Gaggini, produtor, ator e cineasta, responsável pelo projeto CineFavela.

"Os momentos são diferentes. A gestão Dilma, como a da ministra, é de sistematizar os avanços conquistados na gestão Lula e Gil", afirma Sergio Mamberti, secretário de políticas culturais e no MinC desde 2003. Ele conhece Ana há 40 anos e assegura que seu perfil é o de uma questionadora, não o de uma "burguesa" como alguns de seus desafetos tentaram tachá-la, num anacronismo comum às discussões do meio cultural. "Fomos do Partido Comunista juntos, imagine. O problema é que sistematizar é colocar nos trilhos e isso pode dar a impressão de limitação, o que não é verdade", diz Mamberti.

Só que as visões "sistemáticas" de Ana sobre duas das principais bandeiras de Gil e de seu sucessor, Juca Ferreira, foram pontos de discordância com setores pesos pesados da discussão. Mexer com o vespeiro da cultura digital e ameaçar a valorização da cultura popular, com sua representação maior nos Pontos de Cultura, do Programa Cultura Viva, lhe trouxeram grandes prejuízos. "Ninguém esperava que a ministra rompesse com o ambiente de 'cogestão' entre o MinC e os movimentos sociais. O reconhecimento internacional da política de cultura digital na gestão Gil/Juca e de um programa como o Cultura Viva [exportado para boa parte da América Latina] foi fruto dessa cogestão, que se rompeu com a entrada de Ana de Hollanda", afirma Ivana Bentes, professora e pesquisadora da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenadora do Pontão de Cultura Digital da ECO/UFRJ.

O rompimento foi abrupto. Uma das primeiras medidas da ministra foi a retirada do selo Creative Commons (CC) - uma espécie de bandeira da turma pela web livre - do site do MinC, o que revoltou os militantes mais libertários da rede. Hoje, ela tenta emplacar na nova Lei de Direitos Autorais a criação de uma licença pública nos moldes do CC, mas com base na legislação brasileira, além de um banco de dados único para os registros autorais. Os representantes da cultura digital, no entanto, não parecem convencidos.

"Lidar com os movimentos de cultura digital não é fácil aqui nem em lugar algum. É só ver o que está acontecendo nos Estados Unidos", argumenta José Murilo Junior, coordenador-geral de Cultura Digital no MinC, referindo-se ao embate sobre o Stop Online Piracy Act (Sopa), que colocou movimentos pela internet livre em guerra com o governo americano. "Mas nós estivemos em todas as reuniões com o pessoal que nos critica e explicamos que estamos num momento voltado para dentro, pensando tecnologias e plataformas para exercer essa liberdade."

Já a política do MinC para os Pontos de Cultura está sendo revista e alguns representantes dos mais de três mil pontos espalhados pelo país temem que as alterações resultem em menos repasses de verbas. "Tivemos de reavaliar editais da gestão anterior, porque muitas entidades, por falta de experiência técnica, não cumpriram exigências. Mas hoje temos capacidade de implantar 500 novos pontos por ano, com a proposta de que, mais do que financiamento, esses pontos precisam de fomento", afirma Márcia Rollemberg, secretária de Cidadania Cultural.

A suspensão desses repasses criou grande descontentamento num setor que sabe fazer barulho. Patrícia Ferraz, gestora de um ponto de cultura e membro do movimento Mobiliza Cultura, que bateu de frente com a ministra, diz que essa ação do MinC resultou em insegurança geral sobre a continuidade do programa. "Os motivos das suspensões não ficam claros. Há casos em que faltam páginas nos editais cancelados. Estão tentando desqualificar o processo."

Na origem desse turbilhão, o episódio do "desconvite" do sociólogo Emir Sader para dirigir a Casa Rui Barbosa, depois que ele declarou em entrevista à "Folha de S. Paulo" que a considerava "meio autista", fez que ela se enfraquecesse e passasse a enfrentar boatos sobre sua possível demissão desde os primeiros meses de gestão. "Apesar disso tudo, ela sempre agiu com muita serenidade. Sabia que esse enfrentamento era parte de assumir uma pasta em que os conflitos são históricos", afirma Vitor Ortiz, seu secretário-executivo.

Juntou-se a todas essas polêmicas o fato de que Ana de Hollanda tem a pecha de "ecadista". Desde seu discurso de posse, ela defende o "criador" como prioritário em sua gestão. Mas seus detratores a acusam de favorecer a indústria cultural em detrimento do pequeno produtor e usam seu histórico na direção do Centro de Música da Funarte e a nomeação de Márcia Barbosa, que seria bem próxima a pessoas do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição de Direitos (Ecad), para a direção de Direitos Intelectuais do MinC, como argumentos.

O mais forte deles, no entanto, está na nova proposta para a reforma da Lei de Direitos Autorais, enviada pela ministra para a Casa Civil depois de uma revisão do projeto apresentado por Juca Ferreira. Uma das poucas mudanças do MinC foi justamente no que diz respeito à supervisão do Ecad: artistas pedem que haja um acompanhamento e uma fiscalização mais rigorosos da distribuição dos direitos autorais pelo órgão e o MinC recusa a criação de um conselho para isso. "Não pode ter política que defenda só alguns nichos [o músico filiado ao Ecad, os produtores ou criadores 'profissionais'], porque boa parte da produção cultural está fora desse pequeno gueto", diz Ivana Bentes.

Esse ambiente hostil e essa estigmatização da ministra Ana de Hollanda antecedem até mesmo sua nomeação. "Em dezembro de 2010 já tinha campanha contra ela", diz Antonio Grassi, lembrando da forte campanha pela permanência de Juca Ferreira na pasta. "O nome dela foi escolhido de forma fechada, sem discussão", lamenta José de Abreu, ator e militante petista que estava atrás da presidente Dilma no discurso de posse e rompeu com Ana por meio de uma carta pouco tempo depois. "Com a Ana, o MinC ficou desimportante. Nem as denúncias contra ela colam como colaram em outros ministros."

As denúncias a que ele se refere são as de que ela teria usado passagens aéreas e verbas do MinC em fins de semana para compromissos não oficiais no Rio, onde tem imóvel (a ministra devolveu o dinheiro), e de favorecimento a ONGs como a do consórcio de Monte Alto (o MinC alega que o convênio com a ONG foi firmado em 2010), por exemplo. A reação da ministra a esses casos foi vista dentro do MinC como tímida. Aliás, essa "timidez" foi um dos percalços na gestão. Pouco articulada com a imprensa e com outros políticos, Ana foi submetida a diversas sessões de "media training", mas sempre preferiu a circunspecção. "O MinC tornou-se mero 'balcão' que executa projetos e lança editais. Deixou de lado a capacidade de indução e articulação. Assim, não há chances sequer de brigar por um orçamento melhor dentro do governo", diz Ronaldo Lemos, coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV-Rio e fundador do projeto Overmundo.

Se as denúncias não colaram, também não se viu ninguém do PT e da base aliada sair em sua defesa publicamente. Em todas as crises que enfrentou, os apoios políticos à ministra foram para lá de discretos. Antonio Palocci, quando ainda estava na Casa Civil, e Gilberto Carvalho, emissário de Dilma no auge da turbulência no MinC, tentavam acalmar o PT, que queria derrubá-la. E foi isso.

Hoje, é difícil saber quem a sustenta politicamente no cargo. "A história dela não é de militância política. A sensação no Congresso é de que ela é totalmente deixada de lado por sua base e, além disso, a cultura não está entre as prioridades do governo Dilma", diz o deputado Otávio Leite (PSDB-RJ).

Este ano deve continuar sendo de aperto financeiro sob Dilma Rousseff. Embora o MinC possa vir a ter um orçamento mais rechonchudo do que em 2011, com estimados R$ 1,79 bilhão, fora as emendas que devem engordar a conta das Praças do PAC, sob responsabilidade da Cultura, e do Fundo do Audiovisual, a "eficiência de gestão" talvez não contente um setor que urge por efervescências. De qualquer modo, Ana de Hollanda segue despachando na (não tão) tranquila Brasília de janeiro.

Posted by Patricia Canetti at 12:01 PM

Museu expõe Modigliani e Da Vinci por Cristina Grillo, Folha de S. Paulo

Museu expõe Modigliani e Da Vinci

Matéria de Cristina Grillo originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 29 de janeiro de 2012.

As figuras longilíneas do italiano Amedeo Modigliani (1884-1920) marcarão o início das comemorações dos 75 anos do Museu Nacional de Belas Artes: a partir de quarta, estarão expostas no local 175 obras do pintor italiano.

A maioria das peças vem do acervo do Instituto Modigliani, de Roma. Há pinturas, desenhos, esculturas, fotos e cartas trocadas com amigos como Pablo Picasso.

A mostra tem curadoria do historiador e crítico de arte francês Christian Parisot. Autor de vários livros sobre Modigliani, Parisot dividiu a exposição em quatro núcleos.

A fase italiana ocupa o primeiro núcleo. No seguinte, está a produção de sua fase francesa -o artista se mudou para Paris aos 22 anos, em 1906, e lá morreu, aos 35, de meningite tuberculosa.

O terceiro núcleo aborda sua relação com artistas com os quais conviveu em Paris. Por fim, a exposição abre espaço para fotos e cartas.

A mostra fica até abril no MNBA e segue para o Masp.

LEONARDO DA VINCI

Em junho, filas certamente se formarão no local para a mostra de outro italiano, Leonardo da Vinci (1452-1519).

A listagem definitiva das obras que virão ao Rio ainda não está fechada, mas Mônica Xexéo, diretora da instituição, garante que estarão entre elas algumas das que estão na exposição em cartaz até 5 de fevereiro na National Gallery de Londres (leia texto abaixo).

O que já está definido é que virão 80 obras de Roma, Londres, Paris e de acervos de museus norte-americanos. A maioria -60 peças- são desenhos, mas haverá algumas pinturas e cartas.

MODIGLIANI: IMAGENS DE UMA VIDA
QUANDO de 1º/2 até 15/4; de ter. a sex., das 10h às 18h; sáb. e dom., das 12h às 17h
ONDE Museu Nacional de Belas Artes (av. Rio Branco, 199, Rio; tel. 0/xx/21/2219-8474)
QUANTO R$ 8 e R$ 4 (meia)

Posted by Patricia Canetti at 11:54 AM

Restaurado, Museu de Belas Artes, no Rio, segue em ruínas por Cristina Grillo e Silas Martí, Folha de S. Paulo

Restaurado, Museu de Belas Artes, no Rio, segue em ruínas

Matéria de Cristina Grillo e Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 29 de janeiro de 2012.

Diretora da instituição carioca avalia que o estado geral já melhorou, mas espera fundos para acabar trabalhos

Com rachaduras e infiltrações, prédio de 1908 passa por obras para abrigar grandes mostras neste ano

Os últimos oito anos foram de arrumação da casa. Mas, mesmo depois de R$ 15 milhões gastos em obras de infraestrutura, o Museu Nacional de Belas Artes, no centro do Rio, ainda tem problemas.

Nada tão grave quanto a situação em que a instituição se encontrava na década passada, na avaliação de Mônica Xexéo, funcionária de carreira da casa desde 1980 e sua diretora desde 2006.

Tanto que se sente confiante para programar duas grandes exposições em comemoração dos 75 anos do museu.

Na terça, 31, será aberta a convidados a mostra "Modigliani"; no fim de junho, será a vez de Leonardo da Vinci ocupar o local.

Há tempos o museu não traz ao Rio mostras de tal porte. Nos anos 90, multidões se formaram às suas portas para ver obras de Monet, Rodin e Salvador Dalí.

No passado recente, abrigou exposições do quadrinista Mauricio de Sousa, o criador da Mônica, e da animação "Rio", de Carlos Saldanha.

"Precisávamos parar e pôr ordem em tudo. Tínhamos grandes problemas estruturais e não havia como oferecer muita coisa para o público", diz a diretora.

Ela lista os feitos dos últimos anos: a reserva técnica foi modernizada, e os telhados, impermeabilizados; três das quatro fachadas foram reformadas, um novo sistema de segurança eletrônico foi instalado e toda a parte elétrica e hidráulica foi revista.

Mas ainda há problemas no prédio de 1908, transformado em museu 30 anos depois, que abriga o acervo da Academia Imperial de Belas Artes trazido por d. João 6º.

CALOR

Por enquanto, só uma máquina de ar-condicionado funciona, o que tem mantido as temperaturas em alta nas galerias do século 19, de arte moderna e contemporânea.

Em quatro das galerias -as que receberão as obras de Amedeo Modigliani- está sendo instalado um sistema de ar-condicionado central.

Os recursos já gastos não chegaram até a quarta fachada do edifício. Segundo Luciano Lopes, arquiteto do Iphan que acompanha as reformas, a última face, da rua Heitor de Melo, não foi restaurada porque a cúpula central deve passar por obras primeiro, para evitar novos danos que possam ser causados pelo transporte de materiais.

Em estado calamitoso, a cúpula aguarda a liberação de R$ 7 milhões do Ministério da Cultura para passar pelo restauro. Há janelas sem vidros, grandes rachaduras nas paredes que permitem ver o exterior e focos de infiltração; a pintura e os revestimentos estão descascados.

Na entrada principal, colunas de sustentação também estão descascadas, e parte dos frisos nas galerias de moldagens está quebrada. Numa delas, a claraboia também apresenta vazamentos.

Fechada para reformas por quatro anos, a galeria de arte do século 19, reaberta ao público em 2011, ainda tem demarcações, feitas com fita adesiva vermelha, das áreas atingidas por goteiras.

A direção do museu explica que as marcações se devem à prova de contrato: as obras feitas supostamente terminaram com as goteiras, mas a indicação precisa ficar visível por certo período para que, caso voltem, os responsáveis pela obra possam ser acionados.

"Para completar o trabalho, precisamos de mais R$ 10 milhões. O governo federal nos garantiu a liberação de R$ 8 milhões ao longo de 2012 e 2013. O restante vamos buscar na iniciativa privada", explica Mônica Xexéo.

Posted by Patricia Canetti at 11:48 AM

Estudo sério, exposição sugere que MAC poderá tratar com dignidade seu acervo por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo

Estudo sério, exposição sugere que MAC poderá tratar com dignidade seu acervo

Crítica de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 28 de janeiro de 2012.

"O Tridimensional no Acervo do MAC: uma Antologia" é, visivelmente, uma mostra organizada para ser coadjuvante na inauguração do museu. Montada na área de recepção dos visitantes, que não terá exposições no futuro, reúne 17 trabalhos, que abordam alguns caminhos da escultura, desde os anos 50.

Mas, apesar de disposta em espaço improvisado, a mostra tem méritos. O primeiro, por apontar que o edifício projetado por Oscar Niemeyer passa a ter sentido, agora, graças à significativa coleção do MAC, e ela já pode ser vista mesmo que o museu não esteja plenamente instalado.

O segundo, mais importante: não se trata de mostra improvisada ou apenas com peças conhecidas, mas um estudo sério, organizado pelo diretor do MAC, Tadeu Chiarelli, que é o que se espera de um museu universitário.

A metamorfose da escultura no século 20 é um dos principais exemplos das alterações dos parâmetros do que se considera arte.

Nos 50 anos que se passam entre "O Implacável" (1947), de Maria Martins até "A Negra" (1997), de Carmela Gross, obras vistas na exposição, há todo um questionamento sobre a escultura como um monumento visto apenas em materiais sólidos e perenes.

Várias obras abordam essa transformação e um dos melhores exemplos da mostra é "Impresso sobre Rocha" (1973), de Chihiro Shimotani. Com 31 pedaços de rochas com palavras impressas, a obra torna-se uma metáfora do esfacelamento da matéria bruta e de novos usos, como o textual, elemento constituinte da arte conceitual.

A mostra traz ainda trabalhos poucos vistos do acervo, até então restrito a espaços acanhados, como esculturas sem título de Gustavo Rezende e Ângelo Venosa, o que sugere que, em sua nova casa, o MAC poderá tratar com dignidade o que até pouco tempo atrás estava condenado à sua reserva técnica.

O TRIDIMENSIONAL DO ACERVO DO MAC
QUANDO abre amanhã (29/01) para o público; ter. a dom., das 10h às 18h
ONDE MAC (av. Pedro Álvares Cabral, 1301; tel. 0/xx/11/5573-0032)
QUANTO grátis
AVALIAÇÃO ótimo

Posted by Patricia Canetti at 11:38 AM

'Não queremos ser um espetáculo de mídia', diz diretor por Silas Martí, Folha de S. Paulo

'Não queremos ser um espetáculo de mídia', diz diretor

Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 28 de janeiro de 2012.

Tadeu Chiarelli defende abertura 'paulatina' do museu, que receberá acervo completo só em outubro deste ano

Impasses atrasam a mudança do museu desde 2007, quando decreto determinou que Detran saísse do local

Não foi fácil chegar até aqui. Mesmo que a inauguração tímida do Museu de Arte Contemporânea da USP em seu novo endereço no Ibirapuera deixe a desejar ao expor só uma parte ínfima do acervo e ao não abrir todo o prédio ao público, o maior dos impasses já foi superado.

"Isso consolida um grande polo cultural da cidade", diz o secretário estadual da Cultura, Andrea Matarazzo. "A entrega do prédio é o início das atividades do museu."

Do decreto que transformou o Detran em MAC, em 2007, até hoje, foram quase cinco anos de contratempos para que o museu pudesse se instalar onde está agora.

Primeiro, o projeto de reforma de Oscar Niemeyer, que desenhou o prédio original, foi vetado pela defesa do patrimônio histórico porque o Palácio da Agricultura, de 1951, é um bem tombado.

Também era cara demais a proposta, orçada em R$ 120 milhões. Depois, a Secretaria de Estado da Cultura destinou pouco mais de metade disso para adequar os espaços internos, sem grandes mudanças estruturais, a fim de abrigar o acervo do museu.

Passada a reforma, que terminou em setembro do ano passado, a Universidade de São Paulo não chegava a um acordo com o governo do Estado sobre quem deveria bancar a operação do MAC.

A solução, costurada pelo governador Geraldo Alckmin, foi doar o imóvel à USP. Um decreto deve oficializar o ato.

MARCHA LENTA

Agora, quase três anos depois da primeira data fixada para a inauguração do museu, em junho de 2009, o MAC abre em marcha lenta.

"Iniciar a implantação do museu com uma mostra muito enxuta diz que não queremos ser um espetáculo de mídia", diz o diretor do museu, Tadeu Chiarelli à Folha. "O MAC tem que ter um 'delay', um pé atrás em relação à sociedade de consumo na qual a arte está mergulhada."

É com esse argumento que ele defende a mudança "paulatina" para a nova sede. Primeiro, só o térreo será ocupado com uma pequena mostra de esculturas.

Em maio, serão abertas individuais de León Ferrari, Julio Plaza e Rafael França a partir de obras do acervo. Julho terá individuais de Di Cavalcanti e José Antônio da Silva e uma coletiva de artistas contemporâneos em diálogo com obras da coleção.

Só em outubro é que cerca de 2.000 obras, um quinto de todo o acervo, passarão a ser expostas em caráter permanente em quatro dos sete andares do prédio principal.

"Temia uma equipe sem intimidade com o espaço tentando ocupar tudo de uma vez só", diz Chiarelli. "Esse espaço será testado, vamos tentar levantar hipóteses."

Mas embora Chiarelli defenda hoje certa cautela na mudança, ele conhece bem o espaço desde abril de 2010, quando assumiu a direção do MAC. Na época, ele já elaborava um plano de ocupação, o mesmo que será implantado até outubro deste ano.

Sua antecessora, Lisbeth Rebollo Gonçalves, também esboçou planos de mudança para a nova sede até o fim de sua gestão, há dois anos.

Segundo Chiarelli, a mudança toda será concluída em abril do ano que vem, quando o MAC faz 50 anos.

"Vejo a abertura dessa exposição agora como o início da comemoração", diz o diretor. "É uma implantação discreta, mas definitiva."

Posted by Patricia Canetti at 11:30 AM

MAC: a missão por Silas Martí, Folha de S. Paulo

MAC: a missão

Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 28 de janeiro de 2012.

Museu será aberto hoje no antigo Detran sem seu acervo e ocupando só o térreo do prédio

Silas Martí na TV Folha.

Quando for oficializada hoje a transferência do antigo complexo do Detran para o Museu de Arte Contemporânea da USP, acaba uma novela que se arrasta por quase três anos. E começa outra.

Embora a Secretaria de Estado da Cultura, que gastou R$ 76 milhões na reforma do prédio, quisesse uma grande abertura, com o museu todo funcionando, a inauguração do MAC na manhã de hoje será um ato de caráter político.

Só o térreo do prédio principal será acessível ao público, com uma mostra de 17 esculturas de um acervo de 10 mil obras, uma das coleções de arte moderna mais importantes do hemisfério Sul.

Agora, a batalha será ocupar um espaço dez vezes maior que a sede do museu na Cidade Universitária e preparar todos os andares para que o complexo tome logo ares de um grande museu.

Falta aplainar o terreno vizinho para criar cerca de 300 vagas de estacionamento, licitar a ocupação de espaços no térreo, como loja e café, e transformar a cobertura em restaurante com vista para o parque Ibirapuera.

São todas responsabilidades da Universidade de São Paulo, que a partir de hoje tem a posse dos edifícios e espera deixar tudo pronto num prazo de seis meses. Mas o governo do Estado não deixou passar em branco o fato de ter reformado tudo e colou adesivos com o brasão paulista nas janelas do térreo.

Pré-candidato à prefeitura paulistana pelo PSDB, o atual secretário estadual da Cultura, Andrea Matarazzo, sobrinho do homem que doou toda a coleção do MAC, fará questão de oficializar hoje a entrega do imóvel à USP e tem até um texto impresso na parede do primeiro piso.

Está lá ao lado do discurso do reitor da USP, João Grandino Rodas, que até novembro resistiu à implantação do MAC ali por se opor à construção de um clube no terreno vizinho e discordar de que a universidade bancasse toda a operação do museu.

Grandino Rodas agora promete um orçamento anual de R$ 14 milhões para o MAC e pretende fazer dele uma vitrine. "Dois fatores fazem prever afluxo crescente de público: o acervo do museu e a localização em um prédio digno de visita", diz o reitor.

Posted by Patricia Canetti at 11:13 AM

janeiro 27, 2012

Fábio Cimino trabalha - entre charutos e perucas - para deixar a arte mais pop por Marina Vaz, O Estado de S. Paulo

Fábio Cimino trabalha - entre charutos e perucas - para deixar a arte mais pop

Matéria de Marina Vaz originalmente publicada no caderno de cultura do jornal O Estado de S. Paulo em 27 de janeiro de 2012.

Sim. Ele tem peruca, chapéu, óculos, boné, charuto, cachorros e a galeria de arte mais pop da cidade: a Zipper

Depois de pensar por alguns segundos, Fábio Cimino diz, seguro: "Chacrinha". A pergunta, feita ao sócio da Zipper Galeria, era por qual artista ele gostaria de ser retratado. Resposta incomum, por não citar um pintor ou desenhista. E inesperada, por vir de um marchand com 27 anos de experiência.

Coisa de quem não quer que as artes fi quem restritas a um nicho. E de quem também não se restringiu. Há dois anos, trocou uma galeria consolidada (a Brito Cimino) pelo incerto terreno de investir em jovens artistas. Largou uma vaca leiteira, com lucro garantido, pelo prazer de ver uma vaquinha começar a produzir, como definiu seu único filho, Lucas, de 23 anos, que trabalha com ele.

Aos 49 anos, Fábio se reinventou. Cercou-se de uma "molecada" (seus funcionários têm todos menos de 30 anos) para criar uma galeria de artistas jovens, feita por jovens, para jovens compradores. Não quis que ela fosse fria, sisuda. Nem intimidadora. Quis um ambiente com paredes e móveis coloridos, plantas, jardins - "coisas que as pessoas teriam em casa". E, para isso, chamou o arquiteto Marcelo Rosembaum, tão pop quanto é hoje a Zipper. Desde sua inauguração, em setembro de 2010, a Zipper já lançou cerca de 20 artistas, como Estela Sokol, Felipe Morozini e Carolina Ponte. Com obras na faixa dos R$ 10 mil, ela compensa, na quantidade de vendas, seus preços mais acessíveis: chega a vender 50 trabalhos por mês.

Assim como quer que as pessoas tenham uma relação mais próxima com a arte, Fábio também não tem dificuldade de se aproximar delas. E de falar sobre suas histórias, suas limitações, seus sucessos, suas dores. Em seis encontros, desde dezembro, abriu sua casa, sua rotina, sua roda de amigos ao Divirta-se.

Posted by Cecília Bedê at 1:14 PM

janeiro 26, 2012

Si non è vero... por Nina Gazire, Revista Select

Si non è vero...

Matéria de Nina Gazire originalmente publicada na revista Select em 20 de janeiro de 2012.

Dupla de curador e artista ataca novamente com projeto de galeria

Conheça o motivo para a suposta "aposentadoria" do artista Maurizio Cattelan

Desde que anunciou a suposta aposentadoria, em dezembro de 2011, realizando a retrospectiva All, quando pendurou todos os seus trabalhos na rotunda do museu Guggenheim de Nova York, o artista italiano Maurizio Cattelan parece estar envolto em mais um enigma. Depois do autoproclamado e nada convincente anúncio de que encerraria suas atividades artísticas, o que acabou funcionando como ótimo golpe de marketing, há nova dúvida no ar.

O crítico de arte da revista New York Magazine, Jarry Saltz, noticiou que, ao fazer um passeio pelas galerias da 21st Street, em Nova York, descobriu “acidentalmente” que Cattelan - juntamente com o crítico do New Museum, Massimiliano Gioni - estaria abrindo uma galeria naquele mesmo local. Segundo Saltz, antes de descobrir o endereço do misterioso empreendimento, uma espécie de release estaria circulando pela cidade contendo algumas informações sobre a futura empreitada.

A ação de abrir uma nova galeria seria uma espécie de continuação de uma pegadinha curatorial que Cattelan e Gioni empreenderam no início da década passada, em parceria com outro curador, Ali Subotnik, atual curador do Hammer Museum. Intitulado The Wrong Gallery (Galeria Errada), o projeto, que ficou conhecido como “a menor galeria de Nova York”, consistia em um buraco que dava acesso a uma sala de três metros quadrados, localizada na rua West 20th. Até 2005, o trio expôs ali aquilo que Saltz chamou de “exposições relâmpago para dar nó na cabeça”.

Nesse espaço, o artista Adam McEwan posicionou uma placa que dizia “Fuck off, we're closed”, algo que passava despercebido como obra de arte, se é que alguma vez freqüentou essa categoria. Outra obra então exibida foi um retrato contemporâneo do imperador Napoleão, realizado pela pintora Elizabeth Peyton. A galeria se transformou em obra itinerante quando também foi exibida dentro da Tate Modern, com as dimensões de uma cabine telefônica inglesa.

Na porta do endereço que sediará a continuação da Wrong Gallery, dois papéis estão pregados com os dizeres “Family Business”. Pelo visto o negócio da “famiglia Gioni/Cattelan” parece estar ganhando ramificações tão suspeitas quanto as da infame cosa nostra. Só que sem a parte ilícita, claro, mas de dubiedade equivalente. Ela indicaria um retorno triunfal de Cattelan ou, para os mais céticos, demarcaria a falta de graça de uma velha piada contada mil vezes.

Posted by Cecília Bedê at 3:13 PM

Hans Ulrich Obrist faz sua primeira curadoria no Brasil por Juliana Monachesi, Revista Select

Hans Ulrich Obrist faz sua primeira curadoria no Brasil

Matéria de Juliana Monachesi originalmente publicada na revista Select em 18 de janeiro de 2012.

Conheça a lista preliminar de artistas e arquitetos que participam da exposição a partir de novembro

Curador celebridade está em São Paulo entrevistando artistas e preparando projeto para a Casa de Vidro, de Lina Bo Bardi

Depois de entrevistar Waltércio Caldas pela manhã e antes de uma conversa marcada com Augusto de Campos, que ele já entrevistou em 2003 - "Fizemos a entrevista por e-mail, amanhã vou encontrá-lo pessoalmente pela primeira vez, estou muito empolgado" -, o curador suíço Hans Ulrich Obrist concedeu uma entrevista à seLecT na tarde desta terça-feira na Casa de Vidro, no Morumbi, e adiantou uma lista preliminar de artistas e arquitetos que vão integrar a mostra que prepara para ocorrer entre novembro deste ano e março de 2013 no local.

Em meio a uma agenda corrida de atividades como curador (ele dirige atualmente o centro cutural Serpentine Gallery, em Londres), professor e editor (ele é conhecido pelos livros e maratonas de entrevistas, com artistas e criadores em diversas áreas, que organiza mundo afora), Obrist conta que uma constante, ainda que pontual, ao longo de seus 20 anos fazendo curadorias em museus, bienais e outras instituições no mundo inteiro, é a prática pouco convencional de organizar exposições em ambientes domésticos.

Projetada em 1950 pela arquiteta italiana Lina Bo Bardi (1914-1992) para ser sua residência, a Casa de Vidro abriga hoje o Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, que se dedica à catalogação da obra de Lina e também funciona como um centro de pesquisa em arquitetura e urbanismo, mas se mantém exatamente como quando o casal era vivo, inclusive com a coleção particular de Lina Bo e Pietro Maria Bardi, de arte popular e pintura italiana.

Há alguns meses e também nos próximos, artistas como Adrian Villar Rojas, Cerith Wyn Evans, Ernesto Neto e Rivane Neuenschwander visitaram ou vão visitar a Casa de Vidro e, naquilo que Obrist denomina um "processo curatorial orgânico", vivenciá-la detidamente, de forma que obras de caráter mais experimental possam surgir neste contexto que contrasta com aqueles em que os artistas comumente atuam.

Conheça abaixo os artistas e arquitetos que integram o projeto, lembrando que nos próximos meses "essa lista ainda vai aumentar bastante", segundo o curador, que está atualmente visitando ateliês e conhecendo a produção das novas gerações de artistas brasileiros.

Em breve, na seLecT, a entrevista com Hans Ulrich Obrist e mais detalhes sobre este que é o primeiro projeto curatorial de Obrist no Brasil.

Adrian Villar Rojas
Nasceu em Rosario, Argentina, 1980. Vive e trabalha em Buenos Aires.

Alexander Calder
Lawton, Pensilvânia, 1898 - Nova York, 1976

Arto Lindsay
Nasceu em Richmond, Virginia, EUA, 1953. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

Cerith Wyn Evans
Nasceu em Llanelli, País de Gales, 1958. Vive e trabalha em Londres.

Cildo Meireles
Nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, 1948. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

Dan Graham
Nasceu em Urbana, Illinois, EUA, 1942. Vive e trabalha em Nova York.

Dominique Gonzalez-Foerster
Nasceu em Estrasburgo, França, 1965. Vive e trabalha em Paris e Rio de Janeiro.

Douglas Gordon
Nasceu em Glasgow, Escócia, 1966. Vive e trabalha em Nova York.

Ernesto Neto
Nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, 1964. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

Gilbert & George
Gilbert nasceu em Dolomites, Itália, 1943; George nasceu em Devon, Inglaterra, 1942. Gilbert & George vivem e trabalham em Londres.

José Celso Martinez Corrêa
Nasceu em Araraquara, São Paulo, 1937. Vive e trabalha em São Paulo.

Juan Araújo
Nasceu em Caracas, Venezuela, 1971. Vive e trabalha em Caracas.

Koo Jeong-a
Nasceu em Seul, Coréia do Sul, 1967. Vive e trabalha em Londres.

Luisa Lambri
Nasceu em Como, Itália, 1969. Vive e trabalha em Milão e Los Angeles.

Norman Foster
Nasceu em Stockport, Reino Unido, 1935. Vive e trabalha em Londres, Inglaterra.

Olafur Eliasson
Nasceu em Copenhague, Dinamarca, 1967. Vive e trabalha em Berlim.

Paulo Mendes da Rocha
Nasceu em Vitória, Brasil, 1928. Vive e trabalha em São Paulo.

Pedro Reyes
Nasceu na Cidade do México, 1972. Vive e trabalha na Cidade do México.

Philippe Parreno
Nasceu em Oran, Algeria, 1964. Vive e trabalha em Paris.

Rem Koolhaas
Nasceu em Roterdã, Holanda, 1944. Vive e trabalha baseado em Roterdã

Renata Lucas
Nasceu em Ribeirão Preto, Brasil, 1971. Vive e trabalha em São Paulo e Rio de Janeiro.

Rivane Neuenschwander
Nasceu em Belo Horizonte, Brasil, 1967. Vive em Belo Horizonte.

SANAA
Kazuyo Sejima nasceu em Ibaraki, Japão, 1956. Ryue Nishizawa nasceu em Kanagawa, Japão, 1966. Os dois fundaram o estúdio de arquitetura SANAA, em Tóquio, em 1995.

Sarah Morris
Nasceu em Londres, Inglaterra, 1967. Vive e trabalha em Londres e Nova York.

Tamar Guimarães
Nasceu em Viçosa, Brasil, 1967. Vive e trabalha em Copenhague, Dinamarca, e Rio de Janeiro.

Waltercio Caldas
Nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, 1946. Vive e trabalha no Rio de Janeiro


Posted by Cecília Bedê at 2:48 PM

Mostras frisam pluralidade do acervo do MAC por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo

Mostras frisam pluralidade do acervo do MAC

Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 25 de janeiro de 2012.

"Modernismos no Brasil" e "MAC em Obras" mostram bastidores do museu e revelam funções além da exposição

Duas mostras em cartaz no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), em sua sede no parque Ibirapuera, são um bom sinal do que pode ocorrer com a ocupação do novo prédio, o antigo Detran, a apenas algumas dezenas de metros do atual espaço.

O convênio de cessão do novo local, concedido pelo Governo do Estado, deve ser assinado no próximo sábado.

"Modernismos no Brasil" e "MAC em Obras" abordam o acervo do museu de formas distintas, mas complementares.

Em "Modernismos", com curadoria de Tadeu Chiarelli, diretor da instituição e responsável pela transferência para a nova sede, busca-se relativizar o papel de Anita Malfatti (1889-1964) e da cidade de São Paulo, por conta da Semana de 22, como foco da produção moderna brasileira -tese que já vem sendo contestada há certo tempo.

O importante na mostra é aproximar 150 obras-primas da coleção, tanto nacionais como estrangeiras, questionando também o caráter derivativo da produção brasileira, ou seja, que o que aqui se realizou até os anos 1950 seria mera cópia do modernismo europeu.

Ao colocar, por exemplo, lado a lado, obra de artistas como Geraldo de Barros (1923-88), Lasar Segall (1891-1957) e Paul Klee (1879-1940), o curador aponta não apenas as influências que importam, mas como as relações que se criam entre elas podem geram novas narrativas.

Já "MAC em Obras" observa o acervo da instituição a partir das dificuldades e desafios de conservação da produção contemporânea.

Durante a exposição, 19 objetos e instalações podem ser vistos em seu processo de documentação, conservação e restauro, em obras de Alex Vallauri (1949-87) e León Ferrari, entre outros.

Com "Aparelho Cinecromático" (1956), de Abraham Palatnik, por exemplo, é exibido um laudo que relata os problemas de conservação, como a inexistência de lâmpadas iguais às utilizadas inicialmente pelo artista, o que dificulta, hoje, alcançar-se o efeito original. Também é apresentado o conjunto de intervenções realizadas para a conservação da obra.

Dessa forma, o MAC expõe seus bastidores, revelando que exibir é apenas uma das funções do museu, mas preservar e conservar, frente às mudanças tecnológicas e dos materiais artísticos, é também missão fundamental.

Posted by Cecília Bedê at 1:45 PM

janeiro 23, 2012

Masp vai lançar prêmio de R$ 200 mil para arte visual por Silas Martí, Folha de S. Paulo

Masp vai lançar prêmio de R$ 200 mil para arte visual

Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 21 de janeiro de 2012.

Valor é o maior pago no país na categoria e ultrapassa valor concedido por premiação de prestígio da Inglaterra

Museu deve anunciar o vencedor em dezembro; são elegíveis, entre outros, vídeo, pintura e intervenções urbanas

Um novo prêmio na área das artes visuais será instituído neste ano pelo Masp (Museu de Arte de São Paulo) e vai destinar R$ 200 mil a um artista contemporâneo cuja obra tenha se destacado no ano anterior.

Esse é o maior valor de um prêmio da categoria no país e um dos maiores do mundo, levando em conta que o Marcantonio Vilaça, a mais tradicional premiação brasileira, distribui R$ 30 mil a cada um dos cinco vencedores num ano, e o Pipa dá R$ 100 mil a um ganhador único.

No exterior, o prêmio britânico Turner reserva 25 mil libras, cerca de R$ 68 mil, ao vencedor, enquanto o espanhol Velázquez, um dos mais generosos, destina 120 mil euros, cerca de R$ 272 mil, a um único vencedor anual.

"Esse é um valor considerável para a situação de hoje", diz o curador do Masp, Teixeira Coelho, à Folha. "Está à altura do papel que a arte contemporânea hoje ocupa no mundo e no país."

Patrocinado pela Mercedes-Benz, com recursos incentivados, o prêmio do Masp deve anunciar seu vencedor em dezembro deste ano. Antes, três finalistas farão exposições no museu, em novembro, para mostrar ao público uma parte de suas obras.

Esses três finalistas serão escolhidos em maio por um grupo de cinco jurados.

Integram o júri José Roca, curador de arte latino-americana da Tate Modern, em Londres, Teixeira Coelho, curador do Masp, Chris Dercon, também curador da Tate, e os curadores independentes brasileiros Paulo Herkenhoff e Aracy Amaral.

Cada jurado será convidado a indicar dez nomes para uma lista com um total de 50 artistas. Desses, serão selecionados os três finalistas.

Eles serão avaliados por sua produção recente. Nesta primeira edição do prêmio, podem ser consideradas inclusive obras feitas ainda na segunda metade de 2010.

São elegíveis todos os tipos de manifestação artística contemporânea, incluindo vídeos, performances, intervenções urbanas e suportes mais tradicionais, como pintura, desenho e escultura.

"Esse prêmio tem a proposta imediata de ressaltar o valor de uma determinada obra ou de determinado artista", diz Coelho. "Também contribui para o sistema como um todo, tornando a arte um assunto de maior interesse para o público e para museus."

Coelho também espera que o novo prêmio sirva para retomar uma tradição nas artes visuais no país, como fazia a Bienal de São Paulo.

"A Bienal cometeu um erro quando parou de premiar os artistas", afirma Coelho. "Isso tem o mérito de incrementar a dinâmica artística de um determinado momento. O mundo reconhece que prêmios são importantes."

Posted by Cecília Bedê at 11:22 AM

A psicogeografia do caminhar por Nina Gazire, Istoé

A psicogeografia do caminhar

Matéria de Nina Gazire originalmente publicada no caderno de artes visuais da Istoé em 20 de janeiro de 2012.

FÁBIO TREMONTE E LAIS MYRRHA - NÃO MAIS IMPOSSÍVEL/ Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza/ até 12/2

O termo psicogeografia foi definido pelo pensador francês Guy Debord, em 1955, para tratar dos efeitos que o ambiente geográfico opera sobre as emoções e o comportamento dos indivíduos. Inúmeros grupos de psicogeógrafos, compostos por artistas, filósofos e interessados, foram formados em meados das décadas de 1950 e 1960. Suas atividades consistiam em flanar pelas cidades fazendo anotações e desenhos e em recolher materiais que estimulassem os processos poéticos guardados no inconsciente.

A exposição “Não Mais Impossível” reúne trabalhos dos artistas Fábio Tremonte e Lais Myrrha que fazem referência indireta à psicogeografia de Debord. Com curadoria de Cecília Bedê, a exposição conta com oito obras que têm como fio condutor as visões e expe­riências pessoais dos artistas no ambiente urbano.

Mais que registros das paisagens, o que os artistas pretendem com as obras é mostrar “as marcas e temporalidades da cidade”. Exemplo é o vídeo “Redflag (Walking)” (“Bandeira vermelha – caminhando”), de Fábio Tremonte (foto). Nele, o artista caminha carregando uma bandeira vermelha, atravessando visões fragmentadas dos lugares por onde passou. A bandeira, símbolo usado para a marcação ou conquista de um território, ganha uma significação diversa de sua função original, ao atravessar diferentes espaços, sem fronteiras perceptíveis. Já na série fotográfica “Uma Biblioteca para Dibutade”, de Lais Myrrha, imagens de uma biblioteca abandonada mostram as marcas das estantes e dos livros que um dia ocuparam aquelas paredes. Aqui outro símbolo é modificado: antes depósito do saber, local onde se buscava o conhecimento, o edifício hoje apenas guarda a ausência da memória de um passado.

Observar esses vestígios que assinalam a passagem do tempo é herança do poeta Charles Baudelaire e de seu vagar sem destino pelas ruas da Paris do século XIX e é algo com o que a arte e o homem lidam desde o início dos tempos.

Posted by Cecília Bedê at 11:13 AM

Na velocidade da luz por Paula Alzugaray, Istoé

Na velocidade da luz

Matéria de Paula Alzugaray originalmente publicada no caderno de Artes Visuais da Istoé em 20 de janeiro de 2012.

Em clima de festa, CCBB programa mostra noturna para comemorar aniversário de São Paulo

Se Nova York teve sua cachoeira despencando da Ponte do Brooklyn, em obra espetacular de Olafur Eliasson (“NYC Waterfalls”, 2008), São Paulo terá um córrego de luz percorrendo o Vale do Anhangabaú e o Viaduto do Chá, como parte das comemorações do aniversário da cidade. “Cachoeira”, do designer e videoartista paulistano Felipe Sztutman, irá projetar raios eletroluminescentes sobre o antigo leito do Córrego das Almas, que um dia fluiu pelo vale central da cidade. Esse caminho de luz é o ápice do roteiro programado pela mostra “Urbe”, que orquestrará cinco instalações de arte pública nos arredores do Centro Cultural Banco do Brasil.

Quatro das cinco obras têm a luz como matéria. A única delas feita com materialidade preponderante é o “Templo Geodésico Criptométrico”, estrutura arquitetônica penetrável, de formato geométrico, realizada pelo coletivo argentino DOMA. “O templo funcionará como um mirante da exposição”, explica o curador Felipe Brait. De lá, o curador pretende que o espectador tenha visões privilegiadas da “Cachoeira” no Anhangabaú e da projeção generativa de videomapping que o coletivo alemão UrbanScreen produzirá sobre a fachada do edifício da Prefeitura de São Paulo. Mas como o mirante terá ocupação limitada de pessoas, o que importa é que todas as obras poderão ser experimentadas livremente por qualquer transeunte que passeie pelo centro da cidade das 20h às 22h entre dias 25 e 29 de janeiro.

Quem quiser viver a experiência como um roteiro expositivo deverá começar o trajeto na esquina na rua da Quitanda com a rua Álvares Penteado, endereço do CCBB. Na fachada do prédio, a “pichação em neon”, do coletivo paulistano GOMA, é o emblema da vocação “extrovertida” do projeto “Urbe”. “Sempre foi nosso desejo extravasar os limites da instituição e é parte de nossa política contaminar esse entorno”, diz Marcos Mantoan, gerente do CCBB. “Até o morador de rua é público-alvo de projetos de arte pública”, afirma Brait. O roteiro segue pela projeção de videomapping no chão da rua da Quitanda, conduzindo o visitante pela arquitetura efêmera produzida pelo software criado pelo coletivo ZoomB até o Vale do Anhangabaú.

Ao escalar uma turma multidisciplinar de VJs, arquitetos, artistas, designers, engenheiros, programadores e músicos, o CCBB comemora São Paulo em clima de festa. A abertura, no dia 25, pode virar balada, com sets do The Rapture e live cinema. Só que não é virada cultural e tem hora para acabar.

Posted by Cecília Bedê at 11:00 AM

janeiro 22, 2012

Carta aberta a Sergio Mamberti: Recursos suspensos impedem a conclusão de projetos selecionados no Programa Cultura e Pensamento por Roberto Moreira Junior (Traplev)

Carta aberta a Sergio Mamberti: Recursos suspensos impedem a conclusão de projetos selecionados no Programa Cultura e Pensamento

Das seis edições previstas em edital para as revistas selecionadas apenas a metade foi produzida, impressa e distribuída. Ainda não há previsão por parte do Ministério da Cultura para a conclusão dos projetos.

O Programa Cultura e Pensamento é um edital da Secretaria de Políticas Culturais do Ministério da Cultura para a seleção de projetos de seminários e revistas culturais. O programa está em sua terceira edição (2009-2010), tendo sido planejada na gestão de Juca Ferreira e produzida pela Associação Amigos da Casa de Rui Barbosa, com o apoio da lei de incentivo fiscal Lei Rouanet e patrocínio da Petrobras.

O edital, no valor de R$ 88.800,00 (pagos em sete parcelas), prevê a produção de 6 edições de cada revista selecionada a serem lançadas de dois em dois meses. A impressão e a distribuição gratuita de 10 mil exemplares de cada revista são realizadas pela produção do programa.

Na terceira edição o programa selecionou as revistas Babel, Índio, Piseagrama e Recibo cujos contratos foram assinados entre agosto e setembro de 2010. A primeira edição das revistas foi produzida entre outubro e dezembro de 2010 e sua distribuição ocorreu somente em fevereiro-março de 2011.

O contrato entre a Associação Amigos da Casa de Rui Barbosa (proponente e produtora do programa) e as quatro revistas previa a entrega dos arquivos PDF fechados para impressão a cada dois meses, com o recebimento automático da parcela seguinte.

A quarta edição das revistas selecionadas teve seus arquivos PDF entregues em outubro de 2011, quando foi comunicado que o repasse de recursos havia sido interrompido e desde então as mesmas se encontram paradas na gráfica. A quinta parcela, que deveria ter sido paga com a entrega dos arquivos, até agora não foi paga. Com isto, ficaram pendentes a impressão e distribuição da quarta edição, assim como a produção de mais duas edições das revistas Babel, Índio, Piseagrama e Recibo, para que se cumpra o que foi estipulado em contrato.

Em dezembro passado, a Associação dos Amigos da Casa de Rui Barbosa, juntamente com o coordenador do programa Sergio Cohn e os gerentes de patrocínio da Petrobras, informou aos editores das revistas selecionadas que os problemas com documentações haviam sido sanados e que faltava apenas a publicação no Diário Oficial da União, para dar prosseguimento aos projetos interrompidos. Mas infelizmente a situação registrada no SalicWeb (site de acompanhamento de projetos do MinC) sobre os projetos continua mostrando “Expirado o prazo de captação parcial”...

Esperamos que esta situação de paralisação, que compromete o desenvolvimento das publicações selecionadas, seja revertida com a maior urgência.

Roberto Moreira Junior (Traplev), editor de Recibo

Em tempo: o blog do Programa Cultura e Pensamento está desatualizado. Resta saber se os pontos de distribuição, que constam na listagem do MinC, ainda estão recebendo exemplares das revistas ou se também estão em suspenso.

Posted by Patricia Canetti at 7:20 PM | Comentários (1)

janeiro 19, 2012

Metrópolis - Entrevista com Fábio Cypriano, TV Uol

Metrópolis - Entrevista com Fábio Cypriano

O crítico de arte Fábio Cypriano, conta quais são as expectativas para as artes plásticas no Brasil em 2012.

Posted by Cecília Bedê at 3:07 PM

janeiro 18, 2012

Mostra em Paris recupera meio século de produção fotográfica brasileira por Camila Molina, O Estado de S. Paulo

Mostra em Paris recupera meio século de produção fotográfica brasileira

Matéria de Camila Molina originalmente publicada no caderno Cultura do jornal O Estado de S. Paulo em 18 de janeiro de 2012.

Mostra 'O Elogio da Vertigem - Coleção Itaú de Fotografia Brasileira' coloca em diálogo o modernismo da fotografia nacional

PARIS - Uma história recente da fotografia brasileira traçada em espirais: é possível, por exemplo, relacionar a repetição das formas e sombras das flores em Anturius Cruzadus fotografados em 1960 por German Lorca com a imagem colorida da série Desejo Eremita, do artista Rodrigo Braga, de 2009, na qual aparece, em primeiro plano, um amontoado de orelhas de bois? A mostra O Elogio da Vertigem - Coleção Itaú de Fotografia Brasileira, que se abre hoje para o público na prestigiada Maison Européenne de la Photographie (MEP) de Paris, coloca em diálogo o modernismo fotográfico brasileiro das décadas de 50 e 60 com obras contemporâneas justamente para "criar faíscas", como diz o curador Eder Chiodetto, e ressaltar o "experimentalismo" tupiniquim.

É uma visão "de risco", afirma Chiodetto, misturar dois períodos da produção fotográfica no Brasil separados pelo "hiato" da Ditadura Militar, podadora de uma efervescência experimental das criações formais, especialmente pelos integrantes do então Foto Cine Clube Bandeirante (Lorca, Thomaz Farkas, Geraldo de Barros), ou pelo carioca José Oiticica Filho. "Trata-se de uma orquestração mais poética do que voltar a restituir a história de uma maneira linear", diz Chiodetto.

Como se vê em O Elogio da Vertigem, que ficará em cartaz até 25 de março, a ressonância de uma vontade de "testar os limites da fotografia", elementar nas imagens modernistas, se faz nas obras do fim dos anos 1980 em diante de uma maneira diferente. Não como uma "filiação direta" do modernismo, explica o diretor da MPE, Jean-Luc Monterosso, mas como uma "questão de pele" relacionada a uma criatividade brasileira.

"O Brasil e a América Latina têm uma tradição documental apresentada na Europa de uma maneira que me incomoda, a partir de um olhar hegemônico, perverso e repleto de clichês", afirma Chiodetto, chamando atenção para o apelo que se faz de imagens de cunho social. O Elogio da Vertigem traça, assim, um panorama da fotografia brasileira por meio de cerca de 90 imagens que incorporam o onírico e a subjetividade com semente conceitual. "Temas como a pobreza, a escravidão e o regionalismo são subvertidos da visão historicista para chegar à questão da transcendência", diz o curador, destacando o território do mito nos retratos de Mario Cravo Neto ou a fusão da temática indígena com a representação de uma ideia de cosmos nas obras de Claudia Andujar.

Acervo. Resultado de processo de um ano, O Elogio da Vertigem marca não apenas a realização de uma mostra brasileira de peso numa instituição europeia (as parcerias entre o Itaú Cultural e a MEP datam de desde 2009), como uma etapa do programa de sistematização e exposição do acervo de fotografia do banco. Esse segmento da coleção da instituição financeira tinha sua força no "modernismo na imagem" datado dos anos 40 e 50, com destaque para as obras da sofisticada visão geometrizada de José Yalenti e para as criações dos anos 60 assinadas por Georges Radó e Gertrudes Altschul. Trata-se de uma fotografia "preocupada mais com a forma do que com o conteúdo", afirma o fotógrafo e curador Iatã Cannabrava, consultor das aquisições do período para a Coleção Itaú.

O acervo, hoje com 308 fotografias, já contava com imagens contemporâneas, mas a atual exposição levou a um curioso processo de compras de obras recentes, indicadas por Chiodetto. Praticamente, duplicou-se o segmento contemporâneo.

Depois de apresentada na MEP, a exposição da Coleção Itaú vai itinerar, em versão ampliada, por cidades brasileiras até ser mostrada em São Paulo, em 2013. O curador fala da possibilidade de serem feitas novas aquisições para o acervo, citando lacunas como as obras do período ditatorial criadas por Anna Maria Maiolino e Boris Kossoy ou as do "documentário imaginário" de Maureen Bisilliat e Nair Benedicto.

Museu une imagens a vídeos. Criada em 1996, a Maison Européenne de la Photografie (MEP) reúne um acervo de 20 mil fotografias, vídeos e livros. "Há 15 anos, quando propus esse projeto, a ideia era reunir no mesmo lugar essas três vertentes", diz o diretor da MEP, Jean-Luc Monterosso. A relação da MEP e de Monterosso com o Brasil é antiga. Além de a instituição francesa ter realizado, em 2009, mostra com seu acervo no Itaú Cultural, há parcerias com o Instituto Moreira Salles e com o Foto Rio. "Não quisemos concorrer com os acervos de museus como o Orsay ou o Centro Pompidou", afirma o diretor. Destaque para representações, no acervo, de França, EUA, Japão, Itália e Brasil. Sobre O Elogio da Vertigem, Monterosso afirma que o público francês pouco conhece o modernismo brasileiro dos anos 50 e elogia artistas como Vicente de Mello, Rodrigo Braga e Rafael Assef.

A REPÓRTER VIAJOU A CONVITE DO ITAÚ CULTURAL


Posted by Cecília Bedê at 3:02 PM

Dinheiro com rosto de Milú Villela está no centro de briga no Itaú Cultural por Silas Martí, Folha de S. Paulo

Dinheiro com rosto de Milú Villela está no centro de briga no Itaú Cultural

Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 31 de dezembro de 2011.

Artista protestou contra falta de cachê criando cédulas com a cara da acionista do banco; outros autores cobram pagamento

Artistas que participaram da exposição "Caos e Efeito", encerrada há duas semanas no Itaú Cultural, estão pressionando a instituição para que pague cachês. Eles enviaram uma carta à direção do museu na semana passada cobrando explicações.

Embora esse pagamento não estivesse previsto quando a mostra foi planejada -só os curadores receberiam-, um grupo de artistas foi remunerado, desencadeando uma "revolta", nas palavras de Edson Barrus, dos que ficaram sem o pagamento.

No centro da briga está uma obra envolvendo o objeto da discussão -dinheiro.

Quando soube que não receberia por sua participação na mostra, o artista Lourival Cuquinha decidiu fazer uma bandeira da marca do Itaú usando notas de R$ 2 e R$ 20.

Mas, no lugar da efígie da República, imprimiu o rosto de Milú Villela, presidente do Itaú Cultural e uma das maiores acionistas do banco.

"Fiz as notas e as vendia multiplicando o valor de face pela proporção do lucro do Itaú no último semestre", diz Cuquinha à Folha. "Tem a ver com a ideia de dinheiro especulado em cima de arte dentro da instituição financeira."

Ele diz que pretendia expor a bandeira e as cédulas na mostra, mas foi pressionado a desistir da ideia para não prejudicar a negociação dos demais artistas que brigavam para receber seus cachês.

"Não permitiram que esse trabalho fosse exposto e pagaram para calar a boca do artista", diz Barrus, atribuindo a decisão de remunerar uma primeira leva de autores à condição de não expor o trabalho de Cuquinha. "Resolveram comprar o silêncio."

Ainda segundo Barrus, cópias de uma revista distribuída no dia da abertura da mostra, com um texto da curadora Clarissa Diniz em que detalhava o lucro do Itaú, foram confiscadas pela direção do centro cultural.

Frases escritas na parede do espaço expositivo que faziam menção à falta de cachês também teriam sido apagadas por funcionários.

"Apagaram porque acharam que fosse ofensivo. É o problema da instituição que banca a mostra e decide o que quer ter lá dentro", diz o artista Franz Manata. "O curador ganha, o iluminador ganha, todo mundo ganha, mas quem faz o show é o artista e ele paga para trabalhar."

OUTRO LADO

"É uma praxe o curador receber cachê e, nesse caso, o artista não receber", diz Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural. "Acordamos que não íamos pagar cachê a todos, mas depois decidimos pagar aos que fizeram performances e aos que participaram da montagem."

Saron afirmou também que não condicionou pagamentos à exposição ou não da obra de Lourival Cuquinha e admitiu ter pedido a correção de dados no texto de Clarissa Diniz, negando que tenham confiscado cópias da revista.

"Em nenhum momento a gente pediu para que uma obra fosse exposta ou deixasse de ser exposta", diz Saron. "Isso não é verdade, essa é uma decisão do curador."

Sobre frases que foram apagadas da mostra, ele diz "não ter nenhuma notícia" do que relatam os artistas.

Ele acrescentou também ter firmado um compromisso com os 82 artistas da mostra, dizendo que todos receberão seus cachês -cerca de R$ 1.000- já no próximo mês.

Posted by Patricia Canetti at 11:10 AM

Fernanda Gomes constrói paisagem entre terra e mar por Silas Martí, Folha de S. Paulo

Fernanda Gomes constrói paisagem entre terra e mar

Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 23 de dezembro de 2011.

Obras da artista ocupam sala do MAM do Rio com vista para orla e cidade

Ela ficou conhecida nos anos 80 com obras que mesclavam repertório minimalista e objetos íntimos e domésticos

Fernanda Gomes espalhou suas obras no chão de uma enorme sala no Museu de Arte Moderna do Rio. Mandou remover as divisórias de gesso e a película escura que bloqueia a luz do sol, abrindo janelas para a vista do mar de um lado e da cidade do outro.

"Queria libertar esse espaço de qualquer interferência", diz Gomes, caminhando entre as peças no museu do aterro do Flamengo, onde faz agora uma retrospectiva. "É uma paisagem poderosa, de mar paradisíaco e vida urbana arrebatadora, caos e riqueza difíceis de absorver."

No caso, são as obras que absorvem esse impacto. Suas esculturas e instalações parecem restos de um naufrágio calculado, esquecidos ali como marcadores de um tempo suspenso entre a fúria da cidade e a calma da orla.

"Arte não precisa ter medo do mundo. Gosto da paisagem aqui dentro", diz Gomes. "É a percepção do espaço que vai se entranhando, um acúmulo de perspectivas."

Desde os anos 90, quando despontou na arte do país, Gomes vem arquitetando essas paisagens minimalistas, de fragmentos de objetos domésticos a planos neutros de madeira, plástico e tecido.

Ela alterna nessas obras a forma pura de telas em branco e restos de madeira e resquícios da vida pessoal, de pontas de cigarro e copos d'água a um paraquedas estendido no chão do museu.

Mas nada disso chega a existir como objeto isolado. Tudo parece sempre depender de sua posição no espaço e se articula em conjunto como um arranjo de formas que se alastram -cenário que desperta mais dúvidas do que consegue oferecer respostas.

"Prefiro a surpresa a algo esquemático", diz a artista. "É um processo lento, de fazer a exposição no lugar, um dia depois do outro. Acaba sendo um amálgama do espaço com a obra, é difícil dissociar uma coisa da outra."

Tanto que, neste ano, Gomes fez outras duas mostras em que o ambiente se fundia com as peças. No Centro Cultural São Paulo, ocupou uma galeria envidraçada, em que a luz do sol mudava ao longo do dia a percepção das obras.

Em Guadalajara, também levou suas peças minimalistas, que arriscam desaparecer no espaço, ao 23º andar de um prédio modernista, com vista panorâmica para toda a cidade mexicana.

Mas em todos os casos, uma coisa prevalece. É a paleta reduzida de cores, brancos e marrons quase apagados, que serve para fazer reverberar o entorno das peças, como se digerisse o espaço.

"Tem o branco que rebate tudo, absorve o tempo, a sujeira", diz Gomes. "É aí que vejo as coisas que não via antes, sinto o espaço no corpo."

FERNANDA GOMES

QUANDO de ter. a sex., das 12h às 18h; sáb. e dom., 12h às 19h
ONDE Museu de Arte Moderna do Rio (av. Infante Dom Henrique, tel. 0/xx/21/2240-4944)
QUANTO R$ 8

Posted by Patricia Canetti at 11:07 AM

Novo IMS empilha espaços expositivos por Silas Martí, Folha de S. Paulo

Novo IMS empilha espaços expositivos

Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 22 de dezembro de 2011.

Arquitetos Marcelo Morettin e Vinicius Andrade projetam museu vertical para ser futura sede do centro cultural

Prédio terá três salas expositivas, biblioteca, cinema e auditório e deverá receber grandes exposições temporárias

Um prédio de vidro na avenida Paulista será a nova sede do Instituto Moreira Salles em São Paulo. No lugar da casa acanhada que divide com uma agência bancária em Higienópolis, o centro cultural pretende construir até 2014 um novo museu vertical.

Serão três salas expositivas empilhadas uma sobre a outra, todas com pé-direito duplo para abrigar obras de arte de grandes dimensões.

Foi essa a solução que os arquitetos Marcelo Morettin e Vinicius Andrade, nomes fortes da nova arquitetura paulista, encontraram para abrigar 1.200 metros quadrados de área expositiva num terreno estreito entre a Bela Cintra e a rua da Consolação.

O projeto segue alguns preceitos clássicos do modernismo forjado no Brasil, como um andar térreo que se funde com a calçada e a predominância de ângulos retos.

Mas também incorpora elementos contemporâneos, como a distribuição vertical e a fachada translúcida, que deve expor os espaços internos ao movimento da Paulista.

"É um material afastado da fachada original, como uma segunda pele, que revela um pouco do interior sem expor tudo", explica Morettin. "Esse museu não poderia dar as costas para a Paulista. A gente se preocupou em criar uma relação franca com a cidade."

De certa forma, o novo IMS lembra dois outros projetos recentes de centro cultural vertical: o Museu da Imagem e do Som, que está sendo construído no Rio pelo escritório americano Diller Scofidio + Renfro, e o New Museum, projeto da dupla japonesa Sanaa, em Nova York.

Mas enquanto Manhattan tem um prédio que lembra caixas empilhadas, forradas com uma treliça metálica também translúcida, São Paulo terá uma enorme caixa retangular abrigando uma série de volumes irregulares, que desafiam as linhas ortogonais de fora.

"Tivemos vontade de fazer um prédio forte, que se impusesse na Paulista", diz Morettin. "Mas os espaços lá dentro quebram essa imagem, criam um contraponto entre suas formas mais livres e a concisão da fachada."

ESTREIAS EM SP

Além das três salas de exposição, o museu terá uma biblioteca de fotografia, um auditório e um cinema. Tudo isso faz parte da estratégia do IMS de ampliar a presença em São Paulo, onde até hoje só realizou grandes mostras em parceria com outros museus.

Mantendo todo seu acervo na sede carioca, o instituto pretende usar os espaços livres no novo museu para abrigar mostras temporárias maiores e mais frequentes.

Segundo Flávio Pinheiro, superintendente do IMS, a ideia é que as exposições passem a estrear em São Paulo e depois seguir para o Rio, ao contrário do que ocorre hoje.

Posted by Patricia Canetti at 11:02 AM

Livros financiados pela Rouanet viram brindes de Natal por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo

Livros financiados pela Rouanet viram brindes de Natal

Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 22 de dezembro de 2011.

Patrocinadores podem usar 10% dos exemplares para esse fim; restante vai para bibliotecas e para a venda

Segundo editores, incentivo fiscal permite que publicações de luxo cheguem a livrarias por valores abaixo do custo

Já virou tradição de Natal: no fim de ano, grandes bancos presenteiam seus clientes com sofisticados livros de arte, viabilizados por meio da Lei Rouanet -que permite abatimentos no imposto de renda dos patrocinadores que invistam em cultura.

Isso significaria, então, que os brindes de Natal desses bancos estariam sendo pagos pelo contribuinte?

Sim, mas somente em parte. Mais exatamente, de acordo com a lei, o patrocinador recebe 10% da tiragem do livro, para seu uso -e, no caso, essa é a parcela destinada aos clientes.

"Sem lei de incentivo é inviável fazer um livro de arte", defende Isabel Diegues, editora da Cobogó, que neste fim de ano lança o livro "Pintura Brasileira Século XXI", com apoio do Credit Suisse.

No caso dessa publicação, segundo Diegues, foram impressos 3.000 livros com o apoio de lei, pela qual foram captados R$ 316 mil. Desse total, cerca de 900 exemplares devem ir para bibliotecas e instituições públicas.

A publicação chega às livrarias pelo valor de R$ 160. "Sem o patrocínio, teríamos que cobrar pelo menos R$ 300", avalia Diegues.

Segundo a assessoria de imprensa do Credit Suisse, quando há interesse em presentear um número de clientes que exceda a cota de 10%, o grupo arca com a impressão extra de exemplares

No ano passado, a mesma Cobogó lançou "Adriana Varejão - Entre Carnes e Mares", que foi ofertado como brinde natalino pelo banco Pactual.

Em 2011, o Pactual distribui a seus clientes o livro "Cachaça", realizado pelo fotógrafo Araquém Alcântara em sua editora, a Terra Brasil, com texto de Manoel Beato.

"Seria extremamente difícil fazer um livro de qualidade, hoje, sem o apoio de lei de incentivo", conta Alcântara, que já publicou 44 livros sobre o Brasil. "Cachaça" obteve, pela lei, R$ 581 mil.

"Graças a ela posso distribuir quase um terço da tiragem a bibliotecas do país [uma contrapartida obrigatória da lei] e cobrar R$ 120 na livraria, quando o livro não sairia por menos de R$ 220."

Entre as categorias de livros de arte que figuram com mais frequência entre lançamentos de fim de ano, estão os livros de instituições museológicas organizados há 30 anos pelo banco Safra.

"Fazemos isso com o envolvimento dessas instituições, e não entregamos o livro apenas a clientes, mas o distribuímos pelo país", conta o banqueiro Carlos Alberto Vieira, presidente do conselho de administração do Safra.

A publicação do banco neste ano aborda o Museu da República, no Rio, para o qual captou via lei R$ 195 mil.

Segundo Alcântara, "é possível haver desvios no cumprimento da lei" -que está para ser alterada no Congresso- mas, para Diegues, "o controle por parte do MinC está muito mais rígido".

Posted by Patricia Canetti at 10:57 AM

Steegman Mangrané dissocia contundência de exagero por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo

Steegman Mangrané dissocia contundência de exagero

Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 21 de dezembro de 2011.

Banalizando suas formas em suportes simples, o artista vai na contramão do fetichismo das obras de Oiticica

Numa folha de árvore ressecada, o artista espanhol Daniel Steegmann Mangrané entalhou nove círculos. Sobre ela, projeta um facho de luz, que ressalta as formas arredondadas esculpidas.

Trata-se de "Elegancia y Renuncia", primeira obra de Mangrané em sua exposição "Four Walls", em cartaz na galeria Mendes Wood.

Simples, artesanal, sem truques, "Elegancia y Renuncia" dá o tom das 12 obras na mostra, a primeira individual do artista espanhol radicado no Brasil.

A mostra é composta por trabalhos que lidam com a tradição construtiva no país, mas que dela retiram o caráter formal e um tanto perfeccionista em suas relações geometrizantes, para introduzir métodos precários.

Steegman Mangrané revisita, por exemplo, os "Metaesquemas", de Hélio Oiticica, compostos de figuras geométricas que vibram no espaço.

Em sua versão, numa obra sem título, o espanhol isola as figuras geométricas para que sozinhas ou em duplas ocupem dez folhas de caderno e, às vezes, a parede.

Dissolvendo os metaesquemas, banalizando suas formas em suportes simples, o artista vai na contramão do fetichismo que as obras de Oiticica alcançam.

Essa operação segue em projeções sobre imagens de floresta sobrepostas com formatos de losango, como na obra "Kiti Ka'aeté", ou no díptico "Madre", duas pinturas que lembram os "Espaços Modulados", de Lygia Clark, mas se constroem por acúmulo de tinta branca, cujo óleo mancha o próprio suporte.

A fragilidade ganha tônica ainda nos aparatos que dão certa magia à sua obra, como um projetor que cria uma misteriosa imagem branca numa parede, mas que pode ser desvendada. Com delicadeza, Daniel Steegmann Mangrané mostra que contundência não se faz com exagero.

FOUR WALLS - DANIEL STEEGMANN MANGRANÉ

QUANDO de seg. a sáb., das 10h às 19h; até 23/12

ONDE galeria Mendes Wood (r. da Consolação, 3358, São Paulo; tel. 0/xx/11/3081-1735)

QUANTO grátis

CLASSIFICAÇÃO livre

AVALIAÇÃO ótimo

Posted by Patricia Canetti at 10:29 AM

30ª Bienal quer relembrar esquecidos por Silas Martí, Folha de S. Paulo

30ª Bienal quer relembrar esquecidos

Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 21 de dezembro de 2011.

Mostra terá 120 artistas que ficaram à sombra de nomes mais badalados, metade deles com trabalhos inéditos

Exposição, que começa em setembro do ano que vem, escalou os autores que influenciaram de John Cage a Nan Goldin

Luis Pérez-Oramas sabe que a história é escrita pelos vencedores, mesmo que esses vencedores também não tenham tido muito controle sobre como ela foi escrita.

Foi pensando nisso que o curador da próxima Bienal de São Paulo escalou os artistas da sua 30ª edição, que começa em setembro de 2012.

Não que ele tenha buscado redescobrir nomes esquecidos, mas esse venezuelano radicado em Nova York, onde trabalha no MoMA, partiu das polaridades da própria carreira, que oscila entre centro e periferia, para destrinchar o que chama de "densidade histórica do presente".

Nisso, Pérez-Oramas deixa ver que esta não será uma Bienal de nomes badalados, de obras monumentais nem números hiperbólicos como foi a última edição da mostra.

Terá menos artistas, em torno de 120, com cerca de metade do espaço reservado para obras novas, feitas para a exposição, em vez dos clássicos vistos na edição passada. Também deve ter cerca de 25% de artistas brasileiros.

"Estou fazendo o movimento oposto; a Bienal não pode ser um museu nem uma feira, deve encontrar um caminho do meio", diz o curador, sobre tensões entre mercado e relevância artística. "É minha responsabilidade chamar atenção para um conjunto de obras eloquentes, importantes, que são fundamentais nos dias de hoje."

Tentando reescrever parte da história, Pérez-Oramas então resgata artistas menos conhecidos que influenciaram ou foram influenciados por alguns nomes de peso maior, propondo o que chama de "constelações" de artistas.

Nesse ponto, estabelece um paralelo entre a produção do venezuelano Roberto Obregón com a do americano Félix González-Torres, que não estará na mostra, do chileno Juan Luis Martínez com o belga Marcel Broodthaers e a obra de Maryanne Amacher com a do músico experimental americano John Cage -arte sonora, aliás, terá forte presença na mostra.

MUNDO BORDADO

Bispo do Rosário, conhecido por seus mantos bordados, é a maior estrela de uma dessas constelações.

Nela estão o também brasileiro Fernando Marques Penteado, o marfinense Frédéric Bruly-Bouabré, o colombiano Nicolás París, o alemão Hans-Peter Feldmann, o francês Bernard Frize e a americana Elaine Reichek.

Estendendo a ideia de costura, elemento central da obra desses artistas, para uma reflexão sobre poesia e arquitetura, ou "bordado entre a palavra e o mundo", estarão na Bienal os experimentos arquitetônicos do coletivo Ciudad Abierta, surgido nos anos 60 no Chile.

O resgate histórico de Pérez-Oramas propõe ainda minirretrospectivas, com grande volume de obras de artistas que, na opinião dele, são importantes para entender o momento contemporâneo.

Estão nessa "reserva anacrônica", como diz o curador, artistas como Mark Morrisroe -morto aos 30 em decorrência da Aids-, que foi uma grande influência na obra de Nan Goldin. Outro fotógrafo na mostra é August Sander, um dos maiores retratistas alemães do século 20.

"Não é só olhar os esquecidos", diz Pérez-Oramas. "A ideia é ver como o presente projeta sua sombra sobre o passado e transforma um legado histórico em elemento da contemporaneidade."

Posted by Patricia Canetti at 10:20 AM

Site cria escassez artificial para dar mais valor às obras por Silas Martí, Folha de S. Paulo

Site cria escassez artificial para dar mais valor às obras

Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 20 de dezembro de 2011.

Para se contrapor à reprodutibilidade da era digital, arquivos têm tiragem limitada e controle antipirataria

Obras ficam guardadas em 'cofre virtual', são numeradas, assinadas pelos artistas e podem ser revendidas depois

Enquanto sites que vendem obras de arte on-line proliferam já há alguns anos, o S[edition] tenta inovar com a ideia de trabalhos que não existem de forma física criados para plataformas digitais.

Com preços que vão de US$ 8 a US$ 800 (de R$ 15 a R$ 1.500), cada obra tem edição limitada -de 2.000 a 10 mil exemplares, no máximo.

É uma novidade que vai na contramão da reprodutibilidade infinita de conteúdos que virou realidade na era digital. Usando mecanismos de controle, o site cria uma escassez artificial para valorizar obras, da mesma forma que ocorre no mercado real.

"Quando você compra um trabalho, ele fica armazenado no seu cofre virtual e pode ser acessado do seu telefone, tablet ou computador", explica Robert Norton, um dos fundadores do site. "Você também recebe um certificado de autenticidade e a obra é monitorada para que não seja copiada on-line."

Numa tentativa de garantir a segurança, os arquivos também vêm com uma marca d'água digital que permite que sejam rastreados.

Isso tudo porque, como esperam os organizadores do site, os múltiplos vão valorizar ao longo dos anos e poderão ser revendidos à medida que se tornarem raridades.

Nesse ponto, o site está longe de ser um "iTunes da arte", como já descreveu Norton. Mas, assim como a loja da Apple, recém-chegada ao país, o fundador do S[edition] vem a São Paulo nesta semana atrás de artistas brasileiros para engrossar seu time.

Também atenta à indústria das artes, que movimenta US$ 60 bilhões por ano, a Samsung, fabricante de tablets, está desenvolvendo telas especiais de cristal líquido que são capazes de reproduzir cores e pinceladas com exatidão.

"É cedo ainda para saber o impacto disso", diz Norton. "Mas com telas cada vez mais poderosas, as pessoas vão enxergar que cabe arte ali."

IMAGENS COMO DOENÇA

Querendo ou não, o S[edition] arrisca abrir as portas da distribuição infinita para obras de arte, que vão ser cada vez mais virtuais num mundo que pode vir a se satisfazer com a imagem da coisa e não a coisa em si.

Kenneth Goldsmith, fundador do UbuWeb, espécie de YouTube cult que exibe vídeos clássicos de artistas, vê nesse movimento um passo para que a arte deixe de ser "um antiquário pautado só pela ideia de objetos únicos".

"Há um imediatismo na internet. As pessoas gostam de imagens, que se propagam mais rápido do que uma doença", diz Sue Webster, outra artista com obras no S[edition]. "E se no lugar de uma praga, espalhássemos só imagens?"

Posted by Patricia Canetti at 10:13 AM

Na internet, site ensina a investir por meio de incentivos fiscais por Anna Virginia Balloussier, Folha de S. Paulo

Na internet, site ensina a investir por meio de incentivos fiscais

Matéria de Anna Virginia Balloussier originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 19 de dezembro de 2011.

Cultivo.cc pretende atrair dinheiro para pequenos projetos

Conseguir aprovar seu primeiro projeto na Lei Rouanet não é o que tira o sono da produtora Camila Boer, 34.

Dureza mesmo, ela aposta, será a etapa seguinte: encontrar um patrocinador que banque os R$ 3 milhões estimados para "Que Samba É Esse?", projeto que inclui série de shows e documentário sobre o samba-rock do cantor Jorge Ben e companhia.

Muito produtor já gastou sola de sapato na mesma via-crúcis pela qual Boer passa.

Para contornar esse caminho, uma nova plataforma na internet quer fazer o meio de campo entre projetos com dificuldades para captar recursos e potenciais investidores.

O diferencial do Cultivo.cc (www.cultivo.cc) é aliar a lógica do "crowdfunding" a leis de incentivo fiscal do Brasil.

"Crowdfunding" quer dizer financiamento da multidão -uma espécie de "vaquinha" do século 21. Com a ajuda de redes sociais, como Twitter e Facebook, levanta-se pequenas quantias até que se chegue à bolada necessária para realizar um projeto.

A prática funcionou até catapultar a campanha de Barack Obama.

ENTRAVES DA ROUANET

O portal trabalhará com três leis federais de isenção fiscal: Rouanet, Audiovisual e Esporte. Será uma vitrine de projetos para possíveis mecenas, investindo em processo ativo de captação de recursos.

Há várias formas de financiar uma proposta e debitar esse valor no Imposto de Renda. Via Rouanet, apoiar shows de MPB, por exemplo, rende descontos parciais no imposto. Outros setores, como artes plásticas, dão 100% de isenção ao investidor.

Isso tudo dentro de um limite do quanto se pode aplicar do IR: 4% para pessoas jurídicas e 6% para as físicas.

O problema é que, hoje, burocracia, "juridiquês" e desconhecimento sobre a lei funcionam como espantalhos para o investidor, diz o designer Gustavo Junqueira, 27, um dos quatro sócios do Cultivo.

Em outras palavras: fora grandes empresas, há muito "peixe pequeno" por fora da lei. Vai pelo ralo a chance de que "as pessoas possam ver o que está sendo feito com o dinheiro do imposto".

Em 2010, o Ministério da Cultura deu sinal verde para que projetos captassem cerca de R$ 5 bilhões pela Rouanet, mas só se angariou 30% desse valor, segundo os dados mais recentes da pasta.

Para o colunista da Folha Ronaldo Lemos, o problema é "conjugar a boa ideia com a realidade burocrática da Rouanet". Ele lembra propostas similares que não avançaram, como perguntar no formulário de declaração do IR: "Quer contribuir para projetos culturais? Marque um X aqui".

A vantagem do Cultivo.cc "seria aproveitar a internet para isso, sem necessidade da cooperação da Receita", diz Lemos.

Posted by Patricia Canetti at 10:08 AM

Doações de Natal reduzem Imposto de Renda por Toni Sciarretta, Folha de S. Paulo

Doações de Natal reduzem Imposto de Renda

Matéria de Toni Sciarretta originalmente publicada no caderno Mercado do jornal Folha de S. Paulo em 12 de dezembro de 2011.

Contribuições aos fundos da criança, de incentivo ao esporte e Lei Rouanet podem abater até 6% do IR devido

Brasileiro só aproveita 1,5% do que poderia destinar do Imposto de Renda que tem a pagar para fazer doações

As semanas que antecedem o Natal acendem a solidariedade do brasileiro, traduzida na organização de sacolinhas, cestas e doações aos necessitados. Mas as entidades filantrópicas precisam de dinheiro o ano todo.

A boa notícia é que boa parte das entidades, sobretudo as de maior impacto social, podem receber doações por meio de programas de incentivo que permitem canalizar parte do Imposto de Renda devido. Ou seja, a pessoa faz a boa ação com o dinheiro que iria para a Receita.

Mas isso só vale para quem faz a declaração do IR pelo modelo completo. Assim, as doações podem tanto aumentar a restituição como reduzir o saldo ainda a pagar.

Além de contar com poucos incentivos tributários às doações, o brasileiro aproveita mal as poucas possibilidades de abatimento do imposto. Segundo a Receita, o brasileiro só aproveita 1,5% do valor do IR devido.

Entre as possibilidades de "doar imposto" estão o Fumcad (fundo municipal da criança e do adolescente), as leis de Incentivo ao Esporte, Rouanet e do Audiovisual, todas limitadas ao máximo de 6% do IR devido.

Para reduzir o IR devido nas declarações de 2012, as doações devem ser feitas até o final do mês e só valem para projetos "carimbados"

-no caso do Fumcad, pelo conselho da cidade; no dos projetos culturais e esportivos, pelos ministérios.

Nos Estados, é possível doar parte do ICMS. Em São Paulo, 3.883 instituições recebem doação da Nota Fiscal Paulista, que já endereçou R$ 83 milhões para entidades assistenciais. São notas para as quais o contribuinte não deixou número do CPF (o governo destina os recursos às instituições credenciadas) ou preferiu colocar o CNPJ da instituição de seu agrado.

No caso da NFP, o contribuinte pode também mandar creditar sua restituição na conta da entidade.

"Estamos vendo aumentar cada vez mais as doações. O contribuinte sabe que o dinheiro vai chegar até o projeto", diz Valdir Saviolli, coordenador da Nota Paulista.

O Graacc (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer), um dos campeões de arrecadação, aposta nas doações para triplicar a capacidade do Instituto de Oncologia Pediátrica, na vila Mariana (zona sul de São Paulo). Com gasto de R$ 60 milhões/ano, o Graacc depende de doações de R$ 30 milhões para fechar as contas.

"Na filantropia, é importante a pessoa ver o dinheiro doado trabalhando", disse José Helio Contador Filho, diretor financeiro do Graacc.

Posted by Patricia Canetti at 9:57 AM

A lei do mais caro por Mônica Bergamo e Marcus Preto, Folha de S. Paulo

A lei do mais caro

Matéria de Mônica Bergamo e Marcus Preto originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 19 de dezembro de 2011.

Rouanet inflaciona mercado; sem incentivo, preços vão às alturas

O fracasso da turnê de 80 anos de João Gilberto reforça a tese: nem um dos maiores artistas brasileiros sobrevive hoje sem recursos públicos das leis de incentivo à cultura.

Anunciada há seis meses e cancelada na semana passada, a série de shows não fazia uso da Lei Rouanet para captar recursos (ela permite que patrocinadores abatam do imposto parte do dinheiro investido em cultura).

Os produtores afirmaram que tentaram convencer mais de cem empresas a investir na turnê. Em vão. Decidiram retirar da bilheteria todo o dinheiro para cobrir os custos. E também seus lucros.

O preço dos ingressos foi às alturas -de R$ 500 a R$ 1.400. Resultado: boa parte encalhou. Shows foram adiados -a assessoria afirmou que o cantor estava gripado.

Na última hora, os Correios toparam investir R$ 300 mil nas apresentações do Rio e de SP. Pouco. E tarde demais.

Segundo artistas e produtores, hoje não é mais possível sobreviver sem incentivo.

"Se não uso a Rouanet, não consigo patrocínio. De cada dez empresas, sete perguntam de cara: tem lei de incentivo?", fala Flora Gil, empresária e mulher de Gilberto Gil. "Posso fazer show sem patrocínio? Posso. Mas o preço dos ingressos vai subir."

Sem patrocínio é inviável, diz Flora Gil

Matéria de Mônica Bergamo e Marcus Preto originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 19 de dezembro de 2011.

Chico Buarque é um dos poucos artistas que não usam incentivo; empresas 'editam' arte, diz a atriz Fernanda Torres

Com prestadores de serviço cobrando mais por causa da Rouanet, eventos não se pagam mais pela bilheteria

Flora Gil diz que, para o artista, seria mais confortável se o mercado funcionasse sem o dinheiro das empresas.

"O artista teria que se alinhar apenas com ele mesmo -não com uma marca. Não precisaria ir a reuniões e mais reuniões, nem citar o patrocinador em entrevistas. Mas, sem esse dinheiro, hoje, os projetos são inviáveis."

Chico Buarque é um dos poucos que resistem: ele não usa o dinheiro público da renúncia fiscal. Até há pouco, era até mais radical: não buscava nem mesmo patrocínio de empresas para os shows.

Em 2006, cedeu em parte: sua turnê foi bancada pela TIM -mas sem incentivo. Neste ano, seguradoras financiam suas apresentações.

"Até o fim dos anos 90, com o mercado fonográfico ainda vivendo a exuberância de seus anos dourados, nos contratos dos principais artistas com suas respectivas gravadoras havia uma cláusula denominada 'tour support'", verba que financiava parte da turnê de lançamento dos discos, diz Vinicius França, empresário de Chico.

"Colocava-se uma produção de pé e os shows estreavam com suas contas praticamente zeradas." Com o declínio do mercado fonográfico, a verba deixou de existir.

MAIS CARO

Os custos de produção, por outro lado, subiram, "incluindo profissionais e equipamentos cada vez mais sofisticados", diz França. "Hoje é virtualmente impossível para quem pretende fazer longa turnê de qualidade assumir sozinho esses custos."

Marisa Monte, outro caso raro, também conseguiu "dinheiro bom", do marketing das empresas, sem renúncia, para uma turnê. Em 2006, foi bancada pela Natura, uma das poucas empresas que investem ao menos parte em cultura sem renúncia fiscal.

Neste ano, representantes de Marisa procuraram a empresa. Mas, em 2012, a companhia só investirá em projetos do Natura Musical, mais baratos e incentivados. São R$ 1,5 milhão em seis projetos. A turnê anterior dela foi estimada em R$ 5 milhões.

ESTRATOSFERA

No passado, espetáculos se bancavam com a receita da bilheteria -e o público não tinha que dar as calças em troca da entrada de um show ou teatro, como ocorreu agora no caso de João Gilberto.

Mas as leis de incentivo inundaram o mercado de dinheiro e inflaram os preços da produção cultural.

"Quando sabem que você tem Rouanet, o preço das coisas vai para a estratosfera", diz o ator Juca de Oliveira.

"Os custos sobem pela pressuposição de que seu espetáculo tem apoio, e, portanto, dinheiro. Então [os prestadores de serviço] sobem o preço. Os financiamentos elevaram todos os custos, sobretudo de divulgação."

Juca estava tentando montar, "a sangue frio", ou seja, sem leis de incentivo, um espetáculo baseado num livro de Lya Luft. "Eu ia mendigar a divulgação por aí."

"E, como se não bastasse, o Brasil é imenso. Sem avião não se chega a lugar nenhum. Calcule o custo de uma peça com apenas dois atores, equipe de luz, som e produção, junte a alimentação, transporte e o hotel; a bilheteria não cobre de jeito nenhum", diz a atriz e colunista da Folha Fernanda Torres.

SHAKESPEARE

"Antigamente, os artistas faziam uma cooperativa e ganhavam um percentual da bilheteria. E aí se fazia permuta de madeira, de roupa, a produção era extremamente barata. Ou pelo menos palatável", diz Juca de Oliveira.

"Vamos ter que voltar a discutir o tema. Não faz sentido que apenas pessoas que têm patrocínio possam fazer teatro. Fica tudo desesperadamente pobre."

Ele diz que hoje os produtores captam recursos pela Lei Rouanet -e tiram o espetáculo de cartaz quando esse dinheiro acaba, mesmo que esteja fazendo sucesso.

"Antigamente, se a peça lotava, ficava anos no teatro", diz o ator, que ficou seis anos em cartaz com o espetáculo "Meno Male", quatro com "Caixa Dois" e cinco com "Hotel Paradiso."

"Gosto de viver da bilheteria, como Shakespeare, com os dois olhos na máquina registradora. E hoje as pessoas vivem do dinheiro da lei."

Fernanda lembra que empresas acabam "editando" a arte conforme a conveniência do marketing. Cita mostra da americana Nan Goldin, censurada no Oi Futuro (Rio).

"O mundo corporativo não comporta a vida mundana, apaixonada, torta e nada exemplar de Goldin", diz.

"Entregar a cultura nas mãos do marketing ou no retorno da bilheteria não funciona inteiramente, o governo e a sociedade têm de se envolver. A arte, na maior parte do tempo, é uma atividade que opera no vermelho."

FRASES

"[Sem dinheiro das empresas] o artista teria que se alinhar só com ele mesmo -não com uma marca. Não precisaria citar o patrocinador em entrevistas"
FLORA GIL
empresária

"Até o fim dos anos 90, com o mercado ainda exuberante, os shows estreavam com contas zeradas. Hoje é impossível para quem pretende fazer longa turnê de qualidade assumir sozinho os custos"
VINICIUS FRANÇA
empresário de Chico Buarque

"Quando sabem que há Rouanet, o preço vai à estratosfera. Os custos sobem pela pressuposição de que há dinheiro"
JUCA DE OLIVEIRA
ator

"Entregar nas mãos do marketing ou do retorno da bilheteria não funciona, governo e sociedade têm de se envolver. A arte opera quase sempre no vermelho"
FERNANDA TORRES
atriz

Posted by Patricia Canetti at 9:36 AM

janeiro 17, 2012

Eu, robô por Nina Gazire, Istoé

Eu, robô

Matéria de Nina Gazire originalmente publicada na seção de artes visuais da Istoé em 6 de janeiro de 2012.

SERGIO ROMAGNOLO - A Feiticeira e as Máquinas / Casa Triângulo, SP / até 28/1

O artista Sergio Romagnolo está atualmente debruçado sobre a produção de uma obra de ficção literária que está alimentando sua investigação artística – ou vice-versa. “A história é sobre os dois últimos sobreviventes do planeta Terra, que são um androide e uma mulher”, diz Romagnolo, que trabalha no livro desde 2004. Mas, enquanto a obra não é publicada, algumas passagens dessa história podem ser visualizadas na exposição “A Feiticeira e as Máquinas”, em São Paulo. As pinturas que integram a mostra são como um longo storyboard, formado por imagens completamente fora de foco, que aparecem embaralhadas, como fotografias captadas em alta velocidade. São imagens difusas que dialogam com a realidade contemporânea, mediada por máquinas de visão, como a tevê ou o cinema.

Mas é a Marcel Duchamp – que não conheceu a televisão – que Romagnolo atribui a perturbação trêmula de Samantha, o famoso personagem do seriado “A Feiticeira”, dos anos 1960, que aqui é transposta da tela da tevê para as telas do artista. “As minhas máquinas têm relação com Duchamp, artista que trabalhou a pintura com esse olhar maquínico como, por exemplo, em ‘Nu Descendo a Escada’. Ele fez essa pintura de sobreposições a partir de uma máquina fotográfica. É algo próximo da representação real de uma imagem, o olho humano nunca está totalmente parado e apenas temos a impressão de ver as coisas com foco”, explica o artista.

As máquinas não aparecem na obra de Romagnolo apenas por meio dessa referência pictórica. Elas também participam, principalmente, da ficção que o artista paulatinamente constrói nas dez esculturas feitas de plástico e sucata, pedaços de tênis e sandálias Havaianas.

“Só uso materiais que dialogam com essa perspectiva, o plástico, a máquina, etc. O plástico, por exemplo, é uma coisa da minha experiência cotidiana”, afirma Romagnolo que transformou objetos banais em personagens da história.

Posted by Cecília Bedê at 2:05 PM

A estética do mau comportamento por Paula Alzugaray, Istoé

A estética do mau comportamento

Matéria de Paula Alzugaray originalmente publicada na seção de artes visuais da Istoé em 6 de janeiro de 2012.

Em Nova York, obra completa de Maurizio Cattelan é suspensa em instalação vertiginosa e monumental

Sem fotografias ou desenhos expostos nas paredes, ou esculturas apoiadas sobre o chão, a retrospectiva do artista italiano Maurizio Cattelan no Guggenheim de Nova York é composta por 128 obras que não seguem os parâmetros clássicos de exibição. Desobedecendo a ordens cronológicas e quaisquer padrões expositivos, a instalação “All” (Tudo) compreende o conjunto de obras produzidas por Cattelan desde 1989 em um grande móbile suspenso na rotunda do museu. O formato expositivo – associado por uns à banalidade de um varal de roupas secando e por outros ao trágico cenário de uma execução em massa – é afinal a tradução do que a curadora do Guggenheim, Nancy Spector, classifica como uma “estética do fracasso”.

O erro, a fuga e o fracasso são associados à obra de Cattelan desde sua estreia como artista: em 1989, na ocasião de sua primeira exposição individual em Bolonha, deixou a galeria vazia e colocou na porta o aviso “Volto logo”. O pequeno cartaz está hoje pendurado no pescoço de um cão labrador empalhado, suspenso na rotunda do Guggenheim. Décadas depois da estreia controvertida, a propensão de Cattelan para o mau comportamento viria a se consolidar com “L.O.V.E” (2010), a escultura de um dedo do meio em riste instalada diante do edifício da bolsa de Milão.

No Guggenheim, a cópia da famosa escultura de gesto obsceno divide a atenção do público com outros highlights, como as esculturas de cera “Him” (2001), representando Hitler em pose de súplica, ou “La Nona Ora” (1999), o papa João Paulo II atingido por um meteorito. Entre os objetos voadores em retrospectiva, diversos Picassos com braços abertos, um Kennedy num caixão, um esqueleto gigante de dinossauro e uma miríade de cadáveres em diversos formatos são ícones associados ao poder, à morte e à fé – os três grandes temas que orientam as pesquisas de Cattelan.

Sua organização em uma grande instalação vertiginosa e monumental evoca a sede e a adoração que o público tem pelos grandes acontecimentos históricos e pela monumentalização da cultura.

A julgar pelas filas de dobrar quarteirões, confirma-se aqui que a fama de bad boy e a estética do mau comportamento são parte de uma infalível estratégia de marketing.

Posted by Cecília Bedê at 2:01 PM

E la nave va por Nina Gazire, Istoé

E la nave va

Matéria de Nina Gazire originalmente publicada na seção de artes visuais da Istoé em 13 de janeiro de 2012.

Galeria Leme muda de endereço, mas permanece com o mesmo projeto arquitetônico, assinado por Paulo Mendes da Rocha

Como outras tantas regiões da zona sul paulistana, o bairro do Butatan tem hoje sua paisagem rapidamente modificada pelos efeitos do crescimento da construção civil e da especulação imobiliária – além da bem-vinda chegada de uma nova estação do metrô.

Os carpinteiros e serralheiros, que desde 2004 dividiam a rua Agostinho Cantu com a Galeria Leme, não estão mais ali. A própria galeria não está mais no mesmo local, já que teve seu terreno comprado pela empresa Odebrecht, para a construção de sua nova sede. Desde 4 de janeiro, porém, a Leme está funcionando a apenas duas quadras de distância do endereço antigo. E, o mais surpreendente, com o mesmo projeto arquitetônico de Paulo Mendes da Rocha. “Sou superfiel ao Paulo Mendes. O projeto é dele e não queria perdê-lo.
Então decidimos repetir o projeto, onde o terreno e a localização fossem semelhantes. Fizemos só algumas mudanças”, diz Leme.

A obra teve início em junho de 2011 e em dezembro já estava finalizada. Esses seis meses de reconstrução formam o cenário de “Transição”, uma “exposição em progresso”, com trabalhos de 12 artistas convidados por Leme a acompanhar o processo de transposição de um espaço a outro. Marcelo Cidade, André Komatsu e João Loureiro, artistas representados pela Galeria Vermelho, integraram o projeto como residentes visitantes e fizeram obras a partir dos escombros do antigo edifício. Em “Enchendo o Saco 2”, Cidade criou uma instalação com os restos de cimento e plástico da demolição. Komatsu criou “Inadequação Modular”, escultura comparativa entre os tamanhos dos blocos de cimento da antiga e da nova galeria, feita com um tijolo de concreto encontrado nos escombros.

Já o português João Pedro Vale fez uma leitura poética, sem apropriação de rastros da mudança. Em “The Floaters”, ele pintou o retrato do edifício da Leme sobre placa de cerâmica, em continuidade aos trabalhos realizados durante residência artística na cidade litorânea de P-Town, nos EUA. Ali existia uma comunidade de pescadores chamada Long Point, que se dedicava à extração de sal para a conservação de peixes e entrou em declínio no início do século XIX. A comunidade foi integrada à cidade de P-Town e, uma vez que os custos de madeira e construção eram muito elevados, optou-se por transportar as casas em jangadas. Hoje conhecidas como The Floaters (Flutuantes), essas casas são identificadas por placas como a que Vale fez para a Leme. “O projeto em São Paulo se assemelhava ao processo de deslocamento: a mesma galeria foi transportada para outro lugar”, explica Vale, cujo trabalho é um dos grandes destaques da mostra.

Posted by Cecília Bedê at 1:49 PM

Met Gears Up to Be a Player in Contemporary Art por Carol Vogel, The New York Times

Matéria de Carol Vogel originalmente publicada no jornal The New York Times em 10 de janeiro de 2012.

Sending a signal that it intends to become a serious competitor in the field of contemporary art for the first time in half a century, the Metropolitan Museum of Art has recruited a prominent London curator to oversee a new department devoted to art of the 20th and 21st centuries. She is Sheena Wagstaff, chief curator of Tate Modern since 2001, who has been responsible for programming there and for helping to organize exhibitions devoted to artists like Roy Lichtenstein, Barnett Newman, Jeff Wall and Eva Hesse.

Ms. Wagstaff’s appointment was approved by the Met’s board on Tuesday afternoon. It comes as the institution prepares to take over the Whitney Museum of American Art‘s Marcel Breuer building, at Madison Avenue and 75th Street, in 2015, when the Whitney opens its new museum in the meatpacking district of Manhattan. The Met plans to use this Breuer landmark as an outpost for Modern and contemporary art while it renovates its existing Modern and contemporary art galleries.

The appointment is accompanied by a significant reorganization of the museum’s leadership by the Met’s director, Thomas P. Campbell. It reverses a decision made in 2004 by his predecessor Philippe de Montebello to put Modern and contemporary art into the same department with 19th-century European paintings: that meant French Impressionist and post-Impressionist artists were managed by the same curators who handled contemporary masters like Jasper Johns, Lichtenstein and Ellsworth Kelly. That move was seen as diminishing the museum’s emphasis on contemporary art, which has long been its weakest link.

Except for a brief period in the 1960s when Henry Geldzahler was hired as the Met’s first 20th-century curator, the museum has never been able to compete seriously with giants of contemporary art like the Museum of Modern Art in New York or, more recently, Tate Modern in London.

And not everybody thinks it should; some critics and scholars think it is impossible to identify the greatest work of the present, to have the kind of historical perspective that is crucial to the Met’s judgment of its other collections.

Holland Cotter, a chief art critic for The New York Times, wrote in July: ”What we don’t need from the Met because we get it from so many other sources, is a preponderance of Now. We don’t need, in the Breuer building, four floors of the same sort of contemporary art that we see everywhere else in town, just so the Met can say that it has it, that it’s up to market speed.”

But the Met doesn’t intend to be like everyone else. When Mr. Campbell became director three years ago he vowed to put contemporary art back more prominently on the Met’s map, but in his own way.

First, in May, he finalized plans to operate the Breuer building for at least eight years. Then, last month, the director of the combined 19th-century and contemporary art department, Gary Tinterow, resigned from the Met to become director of the Museum of Fine Arts, Houston, creating the opportunity to hire Ms. Wagstaff and to reorganize. Mr. Campbell said he planned to put 19th-century paintings back into the department of European paintings under the direction of Keith Christiansen, its chairman.

“I’ve been conscious since I became director that a timely recalibration of Modern and contemporary art — not just art of the West, but globally — was something we had to do,” Mr. Campbell said in a telephone interview. “The opportunity to take over the Breuer building is very exciting. It gives us space to show Modern and contemporary art in the context of our encyclopedic collections.”

Mr. Campbell said that well before Mr. Tinterow’s resignation he had been discussing with him the possibility of dividing the departments. While there were many good candidates to run the new department, he said Ms. Wagstaff, who is 55, “was the most outstanding.”

“Sheena has scholarly, curatorial, programming and administrative experience,” Mr. Campbell said. “We need somebody who can reach out to the community with authority and who is well known to colleagues here and abroad.”

Ms. Wagstaff also has experience working with architects, as she did with Herzog & de Meuron as they developed their vision for an expanded Tate Modern. Perhaps even more important, she comes with deep knowledge of the Whitney, having done postgraduate curatorial studies there in its Independent Study Program in the early 1980s.

In a telephone interview Ms. Wagstaff echoed Mr. Campbell’s mission to present new art in a bigger way. “The global context is increasingly important to all of us as we live in an increasingly complex world,” she said. “And contemporary art is a great enabler to make sense of that world.”

While Ms. Wagstaff declined to say what specific ideas she has for the Met in her new job, she did say that she hoped the museum would be “in the vanguard of reinventing a new understanding of what art means, having a dialogue with the past and the present, the most vital conversation we can have today.”

Mr. Campbell said Ms. Wagstaff’s appointment was just the beginning of an effort to build a heftier curatorial staff with all kinds of expertise in contemporary art. “This won’t be the only hire,” he said. “If we build up the right team, we will have the potential to grow our collections thoroughly and embrace European and non-Western art.”

Mr. Campbell also explained that he would fortify the Met’s curatorial staff working with its renowned collection of Impressionists and post-Impressionists after the departure of Mr. Tinterow, a leading scholar in the field. “We want to sustain energy in that area, too,” he said.

Ms. Wagstaff is the fourth curator that Mr. Campbell has hired away from a major London museum. Two years ago he brought in Sheila R. Canby from the British Museum to run the Met’s Islamic art department. In July 2010 he hired Xavier F. Salomon, the former chief curator of the Dulwich Picture Gallery in London, to be a curator in the department of European paintings, and this summer he announced that Luke Syson, curator of Italian paintings before 1500 and head of research at the National Gallery in London, would become the Met’s curator in charge of European sculpture and decorative art; he replaces Ian Wardropper, who became director of the Frick Collection in October.

When asked about his penchant for London-based curators, Mr. Campbell, who is British but has lived and worked in New York for 17 years, said: “Sheila Canby is American, and Xavier Salomon is Italian. Since I became director, there have been people retiring and others moving on. I’ve made 12 executive department head appointments and many of them from American museums.”

Asked why he chose Ms. Wagstaff over the scores of talented American curators to choose from, Mr. Campbell said: “Sheena is knowledgeable and well respected in the community. There was chemistry.”

Posted by Patricia Canetti at 12:39 PM

janeiro 16, 2012

Pinacoteca rearranja acervo e recria narrativas artísticas por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo

Pinacoteca rearranja acervo e recria narrativas artísticas

Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 14 de janeiro de 2012.

Museu monta quatro salas para mostras temporárias com obras da coleção

A fase ascendente que a Pinacoteca do Estado de São Paulo atravessa e que a vem consolidando como o museu mais importante do Brasil chega agora a um patamar inédito com a nova disposição de seu acervo.

"Arte no Brasil - Uma História na Pinacoteca de São Paulo", título da organização atual das obras, não só rearranja os trabalhos no segundo andar do edifício como também faz com que o acervo -que tem agora 550 peças em exibição, em vez de 810- crie novas narrativas.

A primeira delas é a introdução de obras contemporâneas ao longo da mostra, que traça um percurso que se extende desde o século 17, com o barroco e obras de artistas viajantes, até o modernismo, na década de 1930.

Nesse percurso, pode-se ver, numa sala dedicada aos artistas estrangeiros, uma tela do holandês Frans Post (1612-80) perto da escultura "Nuvens" (1967), da brasileira Carmela Gross; o diálogo aponta para uma reflexão sobre o céu do Brasil.

Outro expediente que ajudou a gerar novas narrativas no acervo, também quebrando sua ordem cronológica, foi a criação de quatro salas para exposições temporárias que propõem recortes temáticos sobre a coleção.

Uma das mostras, "Viajantes Contemporâneos", com curadoria de Ivo Mesquita, mostra como há uma vertente na produção atual que faz o caminho inverso daquele seguido por artistas itinerantes no século 17.

Agora, são os brasileiros que estão interessados em outras culturas, como os fotógrafos Mauro Restiffe -que retrata motoboys japoneses em Tóquio- e Vicente de Mello -com imagens um tanto saudosistas de locais distantes como Veneza, Machu Picchu ou Lisboa.

VISCONTI

Outra dessas exposições temporárias é dedicada apenas a autorretratos de Eliseu Visconti (1866-1944), italiano que se radicou no Brasil. O artista ganha uma retrospectiva com 230 trabalhos.

A trama que o novo arranjo da coleção inventa torna o museu mais dinâmico e reforça um preceito importante: o de que não se deve apresentar arte de forma rígida.

Ainda com Eliseu Visconti, coloca-se em xeque o senso comum de que a modernidade só chegaria ao Brasil após a Semana de 22, já que o artista realizou grande parte de suas obras, nada acadêmicas, bem antes do marco paulistano organizado no Theatro Municipal.

Outro achado que vale destacar é a introdução da radical obra anticlerical do argentino León Ferrari numa sala dedicada aos gêneros da pintura.

A disposição inovadora do acervo da Pinacoteca confirma que é do acervo que de fato se irradia a importância de um museu.

ARTE NO BRASIL - UMA HISTÓRIA NA PINACOTECA DE SÃO PAULO
QUANDO de ter. a dom., das 10h às 17h30
ONDE Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, tel. 0/xx/11/3324-1000)
QUANTO R$ 6 (grátis aos sábados)
CLASSIFICAÇÃO livre
AVALIAÇÃO ótimo

Posted by Cecília Bedê at 6:03 PM

Sobre o tempo e a distância por Júlia Lopes, O Povo

Sobre o tempo e a distância

Matéria de Júlia Lopes originalmente publicada no caderno Vida & Arte do jornal O Povo em 12 de janeiro de 2012.

Duas exposições de arte contemporânea abrem hoje no Centro Cultural Banco do Nordeste. Uma tendo como tema o tempo e o território; a outra, a distância

Amarras feitas de tempo e espaço. Amarras de vento, quase: em uma das exposições que abre hoje no Centro Cultural Banco do Nordeste, às 19 horas, essas palavras amplas serviram como linha guia para a curadora Cecília Bedê montar Não mais impossível, mostra que reúne trabalhos dos artistas Fábio Tremonte e Lais Myrrha, ambos residentes em São Paulo - assim como Cecília, cearense radicada em terras paulistanas.

Fotografias e vídeos compõe a exposição que procura lidar ainda com outras palavras-chave, como território e memória – variações de outros contornos. No texto de curadora, Cecília fala de trabalhos que “agem como espécies de utopias efetivamente realizadas que acabam por deixar aberto, o espaço para a entrada do outro”. Em conversa com O POVO, ela detalhou um pouco mais esses conceitos.

“É meio contraditório mesmo: a ação é realizada mas não se efetiva”, falou. “Na verdade, tem muito a ver com os vídeos, mas não só, é sobre ocupação de um espaço subjetivo, porque não tem definição, referência, é como se fosse essa a ação impossível”.

Fábio, que cursa, atualmente, mestrado em artes visuais na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), trouxe uma série de oito fotografias de faixas de pedestres que remete a uma experiência própria e um desejo de tratar com a memória. “Eu tenho a prática de caminhar, em São Paulo. Ando muito, às vezes pego metrô, ônibus, mas prefiro caminhar. E a faixa funciona como um obstáculo”, colocou ele, na tarde da última terça-feira.

Ele explica: “Ela (faixa), por vezes, está apagada, os motoristas param em cima...”. Em outro vídeo, Fábio, dessa vez, explicita a caminhada: em Red Flag, para a esquerda, sempre, ele sustenta uma grande bandeira vermelha no ombro. “Antes de ser a cor de um partido, o vermelho sempre esteve nas manifestações de rua. Ao mesmo tempo, os empreendimentos imobiliários, em São Paulo, algum tempo atrás, também colocavam moças balançando bandeiras vermelhas”, detalha.

“Enquanto todos os trabalhos remetem a um espaço com memória, eles te deixam livre disso, de uma data, por exemplo”, acrescenta Cecília. Fábio apresenta ainda Prumo e Metro Quadrado. Já Laís, que não veio a Fortaleza por motivos pessoais, apresenta três obras. Uma série de fotografias, Biblioteca para Dibutade, com imagens das paredes de uma biblioteca e suas marcas do tempo. E os vídeos Coluna Infinita e Compensação dos erros.

Em outro espaço do CCBNB, uma segunda exposição é aberta: Entre ficar e ir embora. Com curadoria de Waléria Américo, a mostra traz desenhos, gravuras, instalações, fotografias e vídeos dos artistas Cris Soares e Emanuel Oliveira. A proposta de Waléria é ligar os artistas e os trabalhos pelo sentimento de construção e distanciamento.

O tema da distância esteve imbricado desde o início dos trabalhos: enquanto a dupla mora aqui, Waléria reside em Portugal.

Posted by Alice Dalgalarrondo at 5:35 PM

Nelson Leirner quer guinada aos 80 anos, O Globo

Nelson Leirner quer guinada aos 80 anos

Matéria originalmente publicada no caderno de cultura do jornal O Globo em 16 de janeiro de 2012.

O ‘enfant terrible’ da arte brasileira faz aniversário e conta que procura uma ‘quebra’ para a linearidade

RIO - Nelson Leirner faz 80 anos hoje, mas garante que não se sente mais velho — ao menos na arte. Dono de uma obra linear, de crítica à sociedade de consumo e à própria definição da arte, ele ainda diz ser "curioso" o fato de se sentir igual no trabalho, embora "envelhecido socialmente".

— Eu me sinto mais velho, sim, na vida cotidiana, nas minhas possibilidades de praticar esportes, na mobilidade, em querer sair, ver gente. Nisso, me sinto hoje muito mais idoso e cansado. Agora, na arte, não houve mudança nenhuma com o tempo. O que também não sei se é bom — diz, incomodado.

Leirner, que ganhará exposição no Rio e livro sobre seus mais recentes trabalhos, em setembro, não se sente confortável com a linearidade e diz precisar de "uma guinada". Nada anormal para o "enfant terrible" da arte brasileira, que, em 1967, enviou um porco empalhado ao Salão de Arte Moderna de Brasília e questionou publicamente o júri sobre o que o levou a aceitar sua obra na mostra.

— Mas o que eu vou fazer? Não sei como guinar. Penso no (artista americano) Frank Stella. De repente, eu o tenho como meu modelo de pensamento: sempre construtivista, geométrico, e, um dia, ele começa a fazer baleias! Do geométrico, pulou para baleias, nos anos 1960. Conseguiu esse rompimento. Artista é muito linear. É difícil ver alguém que consegue guinar. Penso: qual seria a minha quebra?

A última ideia de quebra foi inspirada em David Hockney, que pinta seus próprios cães. Leirner, dono do cãozinho Dog, gostou do tema e quis tentar algo novo. Pouco depois, recorria à apropriação, que usa desde o início da carreira: buscou brinquedos em forma de cães em pet shops e criou a série "Hot dogs" ("Ou seja, novamente, fiz um trabalho identificado como meu").

O artista paulista que escolheu o Rio para viver nos anos 1990 já se "apropriou" de miniaturas de Mickey Mouse, de imagens do candomblé e de super-heróis para criar procissões ou reuni-los de forma a questionar o consumo e a arte. Em 1966, com Wesley Duke Lee e Geraldo de Barros, fundou o grupo Rex, que também questionava — com o humor que acompanha as obras de Leirner — o sistema da arte.

— Tenho um problema: venho de uma geração que realmente não tem a mesma cabeça dessa geração de hoje.

Na de hoje, que, para ele, é formada pelas pessoas nascidas a partir dos anos 1970, "a única preocupação da arte é a comercialização". Mas o fato, afirma, não o entristece. Leirner vê o negócio da arte como uma forma de defesa da sociedade.

— Como se aprende a se defender? Consumindo. Você desmistifica a arte, acabou. Isso é até bom, faz com que o jovem se desprenda de querer agradar. Ele pode fazer o que quer e tudo vai ser consumido. Isso não é bom? Você não precisa mais ficar preocupado em fazer algo que não vai vender. Isso é ótimo.
Leirner afirma ainda que, "com toda essa comercialização, vivemos um momento em que a arte está mais desprendida, mais solta e mais leve", mas sempre vai haver "aquele que faz arte para colocar na parede, para vender". Ele próprio diz ser desligado das negociações de seus trabalhos, mas reconhece:

— O artista é um investimento; as galerias sabem mais de mim do que eu mesmo.
Leirner não deixa de produzir e, mesmo sem foco definido, volta ao "depósito" (é assim que chama o ateliê que mantém no mesmo prédio em que vive, no Jardim Botânico) com frequência para organizar objetos coletados ao longo de anos pela Saara, no Centro do Rio, pela Rua 25 de Março, em São Paulo, e por mercados populares do mundo. O colecionismo não é hobby — daí o fato de ele repetir ultimamente que precisa de um hobby.

— Quero parar de trabalhar na arte, estou cansado. Quero fazer outra coisa, mas não vou ficar jogando dama como aposentado — diz, rindo. — Essa vida de lazer não combina comigo.

Nos últimos meses, investe em aulas de informática. Anda fascinado com seu computador ("Tem um brilho, um colorido maravilhoso"). A grande questão aos 80, porém, segue sendo a guinada:

— Fico me perguntando: como eu posso ser um louco sem ir para o hospício?

Posted by Cecília Bedê at 5:05 PM