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Como atiçar a brasa

 


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abril 20, 2012

Casa da Imagem inaugura exposições por Camila Molina, O Estado de S. Paulo

Casa da Imagem inaugura exposições

Matéria de Camila Molina originalmente publicada no caderno de Cultura do jornal O Estado de S. Paulo em 20 de abril de 2012.

Público pode conferir mostras dedicadas aos fotógrafos Aristodemo Becherini e Carlos Moreira

Filho de Aurélio Becherini (1879-1939), considerado o primeiro repórter fotográfico paulistano, Aristodemo Becherini (1911-1985) começou a fotografar aos 14 anos, mas seu olhar estava relacionado à publicidade. Mesmo assim, em paralelo, registrou as ruas de São Paulo e diferentemente de seu pai, há momentos que sua obra deixa o puro caráter documental para esboçar um ensejo mais moderno.

"Ele constrói o cotidiano da cidade, mas não é um olhar ingênuo, é uma fotografia muito exata", diz Henrique Siqueira, diretor da Casa da Imagem, que inaugura amanhã a primeira mostra já realizada sobre o trabalho de Aristodemo Becherini.

Quando o fotógrafo morreu, sua filha, Araceli, doou ao Departamento do Patrimônio Histórico da Prefeitura paulistana cerca de 1,3 mil negativos e imagens que ele fez em sua vida. O acervo está guardado na Casa da Imagem, unidade do Museu da Cidade de São Paulo, assim como 419 chapas de vidro das obras de Aurélio - mas a coleção da família não compreende nada da produção do irmão de Aristodemo, Henrique, que foi seu sócio no estúdio fotográfico voltado para a criação de anúncios publicitários. Desse acervo, afinal, Siqueira fez seleção curatorial de apenas 24 imagens que formam a exposição Aristodemo Becherini: Entre a Cidade e a Publicidade, com fotografias criadas entre 1925 e 1952. "É o início da verticalização da cidade", afirma o curador.

Aristodemo não chegou a embarcar na experimentação pela qual a fotografia passava no fim da década de 1940 ou início dos anos 50, como se vê nas criações, por exemplo, dos fotocineclubistas - como Thomaz Farkas ou German Lorca. Mas justamente o contexto de verticalização de São Paulo propiciou ao fotógrafo registrar obras mais "modernas", como as em que destaca um prédio com elemento. Entre as peculiaridades da obra de Aristodemo, Henrique Siqueira cita imagens que ele realizou a partir do alto de edifícios ou fotografias noturnas que realçam os anúncios luminosos que surgiam na cidade.

Vê-se, assim, a transformação de São Paulo nos trabalhos do fotógrafo, mas é importante também ressaltar que Aristodemo pegou sua câmera muitas vezes para registrar fatos de época como o discurso de Luís Carlos Prestes em 1945 no Pacaembu, manifestações comunistas da década de 30, festas de carnaval, competições de regatas no Rio Tietê ou a construção da rodovia Anchieta - esses momentos estão nas obras e em vídeo.

Imaginação. Ao mesmo tempo, a Casa da Imagem também inaugura amanhã uma exposição dedicada ao reverenciado fotógrafo Carlos Moreira. Desde 1964, ele fotografa diariamente - e a Praça Ramos de Azevedo, no centro de São Paulo, é, sempre, um de seus locais preferidos.

O trabalho de Carlos Moreira não é documental. "Nunca fotografava São Paulo, era uma cidade imaginária", ele afirma em depoimento para o museu por ocasião de sua mostra. "Outras cidades se encontravam naquele ambiente. A fotografia é uma elaboração da imaginação."

Nas 28 fotografias que compõem A Praça Ramos de Azevedo na Fotografia de Carlos Moreira, com curadoria de Siqueira e Monica Caldiron, a localidade - com suas estátuas, arredores, transeuntes, frequentadores, moradores de rua - é o espaço para o fotógrafo ressaltar o humano. "Há as minúcias do movimento, a observação sutil", destaca a curadora.

A mostra apresenta um conjunto de obras - todas em preto e branco - criadas por Moreira entre a década de 1960 e os anos 2000. Inevitável perceber a transformação poética e íntima do olhar de um mestre.

Posted by Cecília Bedê at 5:40 PM

Bienal de São Paulo aposta na discrição por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo

Bienal de São Paulo aposta na discrição

Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 20 de abril de 2012.

Martin Corullon, arquiteto responsável pela montagem, diz que mostra será delicada, com retrospectivas pequenas

A 30ª edição do evento, que deve começar em setembro, quer fugir do tom espetacular e investir no silêncio


Enquanto a montagem labiríntica da 29ª Bienal de São Paulo, há dois anos, denotava forte presença da arquitetura, a expografia da 30ª Bienal, prevista para ser aberta em 7 de setembro, deve ser marcada pela discrição.

"Esse conceito segue a linha curatorial da mostra. Será uma bienal muito delicada, na qual cada artista tem uma pequena retrospectiva", conta à Folha Martin Corullon, 39, o arquiteto responsável pela montagem.

Corullon tem ampla familiaridade com o pavilhão da Bienal, projetado por Oscar Niemeyer. Ele trabalhou lá por quatro anos, entre 1997 e 2000, no começo com a organização da 24ª Bienal (quando conheceu Luis Pérez-Oramas, curador da atual edição), e mais adiante na Mostra do Redescobrimento.

Em ambas, trabalhou como assistente de Paulo Mendes da Rocha, com quem colabora em outros projetos, como o Museu de Vitória, no Espírito Santo, previsto para ser inaugurado no próximo ano.

Com a 30ª Bienal, Corullon encabeça, pela primeira vez, um projeto expográfico de grande porte -afinal, trata-se de um pavilhão de 25 mil m². "Fazer uma Bienal é quase como fazer um projeto urbanístico, porque se tem de pensar, por exemplo, em formas de circulação", diz o arquiteto em seu escritório, no centro da cidade.

A pessoas próximas, Pérez-Oramas tem dito que pretende fazer uma exposição antiespetacular, oposta ao que foi "Em Nome dos Artistas", no ano passado, que comemorou 30 anos da Bienal com um acervo norueguês.

Na montagem da próxima Bienal, isso vai se transformar em "silêncios visuais", como define Corullon. "O que eu gostaria é que a arquitetura fosse quase invisível", diz.

Para tanto, o arquiteto vai trabalhar com quatro níveis de paredes, as mais baixas com 2,6 metros de altura, as mais altas, com 4,6 m.

Como o pé-direito do prédio tem 4,95 metros, a maioria das paredes deve estar mais próxima do nível mais baixo. "Com isso, o edifício do Niemeyer vai ficar muito mais visível e presente."

Também estão previstas no projeto áreas de descompressão, onde o público vai poder descansar de vez em quando, já que o percurso da bienal é extenso. Há quatro anos, com um andar sem obras, criou-se a "Bienal do Vazio". Se a montagem concretizar aquilo que Corullon diz, a próxima pode ficar conhecida como "Bienal do Silêncio".

Posted by Cecília Bedê at 4:45 PM

Begin Anywhere: Um século de John Cage, portal Fator Brasil

Begin Anywhere: Um século de John Cage

Matéria originalmente publicada no portal Fator Brasil em 20 de abril de 2012.

MAM Rio realiza exposição comemorativa do centenário de nascimento de John Cage.

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, a Petrobras e a Light apresentam “Begin Anywhere: Um século de John Cage”, exposição comemorativa do centenário de nascimento de John Cage (1912-1992), um dos expoentes das vanguardas artísticas do século XX. Com curadoria de Luiz Camillo Osorio e Vera Terra, a mostra terá partituras gráficas de John Cage em diálogo com nove obras do acervo do Museu. No dia 12 de maio, às 17h, será realizada uma performance com obras do compositor, com a curadora Vera Terra e convidados.

“Sua arte experimental marcou o século em que viveu. Cage promoveu a interpenetração entre categorias, dissolveu hierarquias. Trouxe o Zen para a arte do ocidente, antecipou o DJ com suas obras para rádio, aproximou as diferentes linguagens artísticas. Foi e continua sendo vanguarda”, afirmam os curadores Luiz Camillo Osorio e Vera Terra.

Em diálogo com as partituras de John Cage, estarão nove obras pertencentes ao acervo do MAM Rio, dos artistas Josef Albers (Bottrop, Alemanha, 1888 - New Haven, EUA, 1976); Joseph Beuys (Kleve, 1921 - Dusseldorf, Alemanha, 1986); Jackson Pollock (Cody/Wyoming, 1912 - Nova York, EUA, 1956); Robert Rauschenberg (Port Arthur/Texas, EUA, 1925); Mira Schendel (Zurique, Suíça, 1919 - São Paulo SP, Brasil, 1988); Guilherme Vaz (Brasil); Paulo Vivacqua (Vitória ES, Brasil, 1971) e Wolf Vostell (Leverkusen, 1932 - Berlim, Alemanha, 1998).

De acordo com os curadores, Cage tinha uma grande familiaridade com os espaços de exposição das artes plásticas. Além de parceria com artistas como Robert Rauschenberg e Jasper Johns, suas ideias influenciaram o campo das artes visuais. “Foi em museus e galerias de arte que o músico encontrou receptividade para suas obras no início de sua carreira. Seu primeiro concerto em Nova York – uma série de peças para percussão – realizou-se no MoMA, em fevereiro de 1943”.

Outro aspecto importante da poética de John Cage, que o aproxima dos museus de arte, são as partituras gráficas que desenvolveu ao longo de seu processo criativo. “Foi a recusa do trabalho com os materiais convencionais e a abertura para os sons do meio ambiente que o conduziram a uma nova notação musical. Esta deixa de ser um mero registro de uma obra para se constituir em um modelo operacional que define uma ação a ser realizada, abrindo a experiência musical ao acaso. Neste processo de reconfiguração, os elementos gráficos e visuais, assim como o texto, tornam-se os novos signos de uma notação musical expandida”.

“O que nos parece mais importante para compreender a relação entre sua obra musical e as artes visuais são os processos de criação que desenvolveu a partir da música e que possibilitaram sua transposição para outras linguagens artísticas. Questões como o acaso, a repetição, o silêncio e a apropriação deslocaram-se de sua poética para uma série de produções contemporâneas através dos mais variados meios de expressão”.

Begin Anywhere: Um século de John Cage,no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, a exposição até 20 de maio de 2012, de terça a sexta, das 12h às 18h Sábado, domingo e feriado, das 12h às 19h A bilheteria fecha 30 min antes do término do horário de visitaçã, na .Av. Infante Dom Henrique, 85, Parque do Flamengo – Rio de Janeiro – RJ 20021-140 .Telefone: (21)2240.4944I. Ingresso: R$8,00 |Estudantes maiores de 12 anos R$4,00 |Maiores de 60 anos R$4,00|Amigos do MAM e crianças até 12 anos entrada gratuita|Quartas-feiras a partir das 15h entrada gratuita |Domingos ingresso família, para até 5 pessoas: R$8,00 [www.mamrio.org.br]. Entrada franca.

Posted by Cecília Bedê at 4:20 PM

abril 19, 2012

Por um fio de vida por Angélica de Moraes, Istoé

Por um fio de vida

Matéria de Angélica de Moraes originalmente publicada na seção artes visuais da Istoé em 13 de abril de 2012.

Porto Alegre expõe o sempre surpreendente Arthur Bispo do Rosário, 23 anos depois de o ex-marinheiro ser revelado ao circuito da arte

ARTHUR BISPO DO ROSÁRIO: A POESIA DO FIO/ Santander Cultural, Porto Alegre/ Até 29/4

Para que serve a arte? A pergunta atravessa a história da civilização e já ocupou filósofos, semiólogos e uma enorme gama de intelectuais de todas as épocas. Uma das respostas mais cristalinas, daquelas que satisfazem o coração, e não apenas o intelecto, foi dada por um ex-marinheiro, boxeador e lavador de bondes, que acabou seus dias como interno da Colônia Juliano Moreira, instituição carioca dedicada a doentes mentais crônicos. Arthur Bispo do Rosário (1911-1989), na solidão da cela, desfiava o uniforme azul e, com esse fio da cor do céu, envolvia os objetos do seu entorno e bordava estandartes, mantos e casacos. Classificava famílias de coisas. Construía pequenos navios embandeirados. Com o Manto da Apresentação, queria ser enterrado, para estar vestido com a história de sua vida ao chegar à presença de Deus.

Do mais fundo desamparo e abandono, Bispo do Rosário extraiu e teceu sua razão de viver, sua classificação detalhada do que entendia ser o mundo e a transcendência dele. Não conhecia Marcel Duchamp, mas, em processo análogo ao do grande artista e teórico da arte do século XX, usou objetos prontos (ready mades, na expressão emblemática para a arte contemporânea). Um conjunto emocionante desses objetos foi reunido na mostra individual em cartaz no mezanino do Santander Cultural de Porto Alegre. Um dos destaques é o Manto da Apresentação. Mesmo o mais cético e agnóstico visitante não deixará de se emocionar com essa bela e livre concentração de bordados, entrelaçamento de fios e signos que configuram a representação da existência de alguém que se manteve humano e capaz de articular desejos e objetivos mesmo diante do diagnóstico de insano. Reunindo fragmentos, de dentro e de fora de si próprio, Bispo do Rosário justificou em profundidade a função da arte.

Uma lástima, porém, que a expografia da mostra tenha cometido pelo menos uma impropriedade grave. Pendurou dezenas de objetos envoltos em fio azul em uma compacta “instalação” que tornou a maior parte deles invisível. Não se pode alegar que faltava espaço expositivo. O Santander Cultural da capital gaúcha oferece uma das maiores superfícies contínuas de parede de que se tem notícia no circuito brasileiro.

Em vez de ocultar a visão da maior parte das obras dessa “instalação” canhestra, os objetos podiam ter sido dispostos ao longo das paredes. Exatamente, aliás, como fez o crítico Frederico Moraes, em 1989, no Parque Lage, na mostra que revelou Bispo do Rosário para o circuito das artes: Registros de Minha Passagem pela Terra, exposição itinerante que foi a Belo Horizonte e São Paulo (MAC-USP) antes de chegar ao Museu de Arte do Rio Grande do Sul, em 1990. Seguir essa boa ideia não seria demérito. Seria aprender com um dos críticos que melhor souberam ver e exibir a obra desse artista singular, que já representou o Brasil na Bienal de Veneza, em 1995.

Posted by Cecília Bedê at 2:21 PM

Em dose dupla por Nina Gazire, Istoé

Em dose dupla

Matéria de Nina Gazire originalmente publicada na seção de artes visuais da istoé em 13 de abril de 2012.

ANTONIO MALTA E ERIKA VERZUTTI/ Centro Cultural São Paulo, SP/ Até 20/5

Duas gerações de artistas se encontram em mostra no Centro Cultural São Paulo. Erika Verzutti, 41 anos, possui uma produção eclética – que vai do desenho à escultura – a qual frequentemente incorpora os acidentes de percurso ao processo criativo. Já Antonio Malta, 51, participou durante a década de 1980 do ateliê Casa 7, grupo de artistas que possuía enorme influência da pintura figurativa do canadense Philip Guston e do neoexpressionismo alemão. Embora não evidentemente próximas, as obras de Erika e Malta se relacionam no espaço, em diálogo promovido pelo curador José Augusto Ribeiro.

Segundo Ribeiro, a característica que pode ser percebida nos trabalhos de ambos é o modo como “internalizam, processam e colocam entre parênteses a iconografia de artistas, movimentos e estilos”. E aqui a referência à história da arte não quer dizer reverência. “A minha formação em arte não é acadêmica e por isso acabo interpretando-a de maneira pessoal. Acho que isso é o que tenho em comum com Antonio Malta”, diz Erika Verzutti, cuja exposição funciona como uma espécie de retrospectiva, com trabalhos produzidos desde 2003.

Se, isoladamente, os artistas possuem uma produção de fôlego – ambos são extremamente prolíficos e o resultado disso é a presença de 50 obras no espaço expositivo –, o trunfo maior da mostra talvez esteja no projeto curatorial. “Acho que foi uma ideia super-radical por parte da curadoria. O que acontece aqui é que se passa a olhar para os trabalhos em si e não para os artistas”, elogia Erika, cujas esculturas muitas vezes fazem uso de materiais tradicionais como bronze e argila. Já os trabalhos de Malta são pinturas e colagens de predominância figurativa e geométrica, que acabam por remeter às esculturas da outra artista por deixar transparecer uma espécie de “desleixo intencional” na deformidade de suas figuras. Ao fim, o que se percebe é que essa amálgama de estilos e influências de cada um se funde a ponto de não se saber mais a quem pertencem os trabalhos, apesar de os circuitos de exibição e a formação dos dois artistas serem completamente diferentes.

Posted by Cecília Bedê at 1:49 PM

abril 18, 2012

Obras raras de Di Cavalcanti agitam o mercado de arte por Antonio Gonçalves Filho, O Estado de S.Paulo

Obras raras de Di Cavalcanti agitam o mercado de arte

Matéria de Antonio Gonçalves Filho originalmente publicada no caderno de cultura do jornal O Estado de S.Paulo em 18 de abril de 2012.

Paulo Kuczynski garimpa quadros nunca exibidos do artista, símbolos de sua busca pela renovação estética. Entre as obras, está uma da família de José Lins do Rego

O marchand Paulo Kuczynski se autodenomina um “caçador de obras-primas”. Com efeito, olhando as nove telas raras de Di Cavalcanti (1897-1976) que ele expõe, a partir de sábado, para convidados, em seu escritório de arte, é justo dar razão ao homem que vive atrás de colecionadores particulares perseguindo o que de melhor a arte brasileira produziu depois do modernismo. Grande nome inspirador da Semana de Arte Moderna de 1922, Di Cavalcanti passou os últimos anos de vida recorrendo a composições repetitivas e temas igualmente gastos, mas as telas da mostra - a maioria dos anos 1930 - conservam o frescor da renovação estética modernista que o levou a buscar uma correspondência visual brasileira para a picassiana reinvenção da figura feminina.

Di Cavalcanti descobriu a pintura de Picasso um ano depois da Semana de Arte Moderna, em sua primeira viagem à Europa, em 1923. Não há na mostra uma mulata da época, mas uma tela da década de 1920, Descanso dos Pescadores, presenteada pelo pintor ao escritor paraibano José Lins do Rego, já mostra uma mulher sentada na areia a desafiar os padrões da época - na forma e no comportamento. A liberação definitiva viria na década seguinte - e a prova são quatro telas em que mulatas se oferecem como padrão alternativo brasileiro das mulheres picassianas. Há, por exemplo, A Mulher do Caminhão (1932), uma Olympia ainda mais despudorada do que a da paródia de Picasso da famosa tela de Manet. Também de 1932 é o pastel Mulher no Divã, cenário matissiano com um nu frontal ousado para a época - e descrito pelo poeta Ferreira Gullar no catálogo da mostra como “a imagem da mulher brasileira”.

Gullar, um dos autores do Manifesto Neoconcreto em 1959, rendeu-se às formas curvas de Di Cavalcanti, escrevendo no texto de abertura que Di Cavalcanti, ao contrário de seus contemporâneos da Semana, “fala do Brasil suburbano e busca na mulher brasileira mestiça a expressão de um novo conceito de beleza em contraposição à da arte acadêmica, que retratava a mulher branca e sofisticada”. Vale acrescentar que o Brasil, na época, a exemplo do que acontecia na Europa, assimilou o discurso da “raça pura”, promovendo concursos de eugenia. Não é pouco, portanto, a descoberta, segundo Gullar, “de uma nova Vênus mulata, de lábios carnudos, seios bastos e quadris pronunciados”.


Para o bem e para o mal, Di Cavalcanti ficaria marcado como o “pintor das mulatas”. No entanto, essa é uma redução injusta. O “hedonista” que pintava quadros que exalavam “um cheiro forte, penetrante e lúbrico de mulatas despidas”, como definiu o crítico Luís Martins, também foi o pintor das cores e cenas escuras, de natureza plúmbea, que mais tarde iriam reviver nas telas do último período do gaúcho Iberê Camargo. Exemplo disso é a aquarela Bordel, da década de 1930, que até em sua teatralidade antecipa a fase derradeira de Iberê. Nela, uma prostituta se oferece, patética, sobre um palco, enquanto cenas da vida do bordel retratam à volta dela um encontro fugaz entre dois seres solitários.

Kuczynski aponta como contrapartida desse cenário escuro as telas dos anos 1920, em especial Descanso dos Pescadores, para mostrar que há uma nítida diferença até mesmo na paisagem que Di Cavalcanti produziu entre as duas décadas. A praia da tela presenteada a Lins do Rego tem uma luz tropical que contrasta com a falta dela na Pedra da Moreninha (década de 1930), óleo sobre tela colada em cartão, integrante da retrospectiva do artista no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1971. Como observa Kuczynski, não é a praia dos ricos, mas a dos trabalhadores (a figura frontal da obra é a de um deles), seja em Paquetá ou no cais de Maria Angu.

Em 1928, Di Cavalcanti filiou-se ao Partido Comunista e é dessa época um retrato que fez do escritor modernista paulistano Oswald de Andrade (1890-1954), um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna de 1922, cujos 90 anos são lembrados por Kuczynski com a mostra. Pensava-se que a aquarela fosse um retrato do próprio Di, mas a filha de Oswald de Andrade, segundo o marchand, descobriu que se trata de uma ilustração para um poema do pai, Solidão, publicado na revista semanal Paratodos, ideologicamente vinculada ao PC.

Gullar observa, a respeito do óleo sobre tela Conversa no Cais (1938), que os temas de Di Cavalcanti são “tipicamente brasileiros”, mas que sua linguagem é inconfundível. A tela foi pintada na França e mostra duas mulheres em trajes africanos - uma delas com os seios pulando para fora do vestido. Embora evoquem as clássicas figuras femininas de Picasso da Suíte Vollard (1934), não sugerem a mesma felicidade estampada nos rostos das erotizadas personagens do pintor andaluz, mas o peso das mulheres do Norte da África num ambiente lúgubre, o cais do porto de alguma cidade francesa.

Dois óleos dos anos 1940 mostram o lado mais lírico do pintor. Há uma natureza-morta (um vaso de flores) que esteve na exposição 30 Mestres da Pintura no Brasil, no Masp, em 2001, e um tela que retrata a serenata de um flautista para sua amada. Ambas atestam a grandeza de um colorista que se perdeu no caminho.

ALGUNS INESQUECÍVEIS
Paulo Kuczynski Escritório de Arte
Al. Lorena, 1661, telefone 3064-5355. Aberta para o público a partir do dia 23. De segunda a sexta, das 10h às 18h

Posted by Cecília Bedê at 9:36 AM

abril 17, 2012

Arthur Omar expande nossa consciência por Mariel Zasso, Revista Select

Arthur Omar expande nossa consciência

Matéria de Mariel Zasso originalmente publicada na seção da hora/audiovisual da Revista Select em 16 de abril de 2012.

Com referências a Huxley e Blake, propõe experiências sensoriais

As Portas da Percepção apresenta série de experimentações imagéticas no Oi Futuro, em BH

Abre nesta terça-feira (17) a exposição As Portas da Percepção, de Arthur Omar, uma exploração do campo da antropologia visual através de fotografias, vídeo e instalação. Não por acaso a mostra empresta seu nome de clássicos de Aldous Huxley (1956) e de William Blake (1757-1827) que falam da expansão da consciência. A série inédita de fotografias deste mineiro radicado no Rio de Janeiro, compõe, junto com a instalação “Ciência Cognitiva dos Corpos Gloriosos” e o vídeo “Um Olhar em Segredo”, um conjunto de obras sobre as alterações da percepção e da imagem.

Omar radicaliza sua investigação inventando um processo de captação/percepção para fazer ver as imagens antes mesmo delas de se tornarem fotografia, em uma série perturbadora. Anjos, animais, monstros, fantasmas, deuses, tomam lugar de índios, carnaval e rostos que caracterizaram a produção do artista.

Em Ciência Cognitiva dos Corpos Gloriosos, o artista explora em vídeo o estado contemplativo e lento da percepção e da imagem a partir da performance dos atores alemães Grabrielle Osswald e Wolfgang Sautermeister. Já o vídeo-ensaio Um Olhar em Segredo serve de análise metalinguística da fotografia, a partir da trajetória artística e profissional de Omar, com capturas feitas no Afeganistão, Cuba e Brasil.

A exposição As Portas da Percepção fica em cartaz até 17 de julho, no Oi Futuro, em Belo Horizonte.

Posted by Cecília Bedê at 2:29 PM

O salão é da cidade por Júlia Lopes, O Povo

O salão é da cidade

Matéria de Júlia Lopes originalmente publicada no caderno Vida e Arte do jornal O Povo em 17 de abril de 2012.

Para não cair no engessamento que a tradição pode ocasionar, principalmente aqui, sob os matizes da arte contemporânea, o Salão de Abril atua em mais frentes e se espalha pela cidade. Cada vez mais aos anos que passam. Agora, em sua 63º edição, a se iniciar a partir de hoje, com lançamento marcado para as 19 horas, o salão traz mostra paralela, seminários e conversas em outros espaços pela cidade. Toda a movimentação acontece durante o mês – e a exposição segue até dia 30. Este 2012 homenageia Heloisa Juaçaba, com uma exposição das obras da artista na Galeria Antônio Bandeira.

Dos trabalhos: foram selecionados 30 a partir do tema A cidade e suas desconexões antrópicas – ainda que o tema não tenha sido elemento delimitador da escolha dos selecionados. Os artistas vêm de oito estados diferentes, o que também não quer dizer muito – mas a potência deles, sim. “O que interessa no salão é muito mais colocar em xeque o que está sendo hegemônico”, colocou Silas de Paula, professor da UFC e um dos curadores que participaram da seleção deste ano, ao lado de Eduardo Frota e Marcelo Campos.

Para ele, chamou atenção como a pintura foi fortemente apresentada pelos candidatos, aparecendo em inúmeras inscrições. E nas propostas que usavam elementos da linguagem da pintura em outros suportes: “Uma relação que você vai ter com a fotografia muito forte com a pictografia”, pontuou. Algo, aliás, ainda mais interessante tendo em vista a natureza do formato: “Salão é diferente de exposição”, atenta Silas. No salão, tem-se espaço maior para a experimentação – um artista consagrado, ele exemplifica, não cabe ali.

Assim, a seleção deixou de exigir uma obra inédita, segundo Maíra Ortins, coordenadora de Artes Visuais da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor), responsável pelo Salão de Abril. “Sempre em seleção de evento de artes visuais, o que norteia é o olhar sobre toda a obra, a pesquisa que o artista já faz”. Para ela, vale aquela máxima que prefere um cuidado maior com artistas cearenses, nordestinos, historicamente preteridos.

“Como o salão é no Nordeste, e nós sabemos de toda a nossa carência, tanto de galeria, tanto de salões, de movimentos, nós temos um cuidado de ver com mais carinho o trabalho que vem do Norte, Nordeste”. Cada artista recebe um pró-labore de R$ 2,5 mil e dois serão escolhidos para receber uma bolsa de R$ 12 mil – a previsão de pagamento “é no dia da abertura ou na mesma semana”, segundo Maíra.

Da programação: enquanto a exposição fica concentrada na Galeria Antonio Bandeira, dentro do Espaço de Referência do Professor, algumas intervenções acontecem em ruas do Centro, no Passeio Público, no calçadão da Praia de Iracema, no Espaço Cultural dos Correios e no Atelier CasaIntervenção. O Espaço Cultural dos Correios também recebe o seminário A Cidade e suas Desconexões Antrópicas, no dia 23 de abril.

Nos dias seguintes, o seminário acontece na Vila das Artes. Dia 24 se discute o projeto do Salão de Abril, com Silas de Paula e Eduardo Frota; no dia 25, sobre o projeto de intercâmbio Lastro, com Beatriz Lemos (RJ), e da artista espanhola Maribel Longueiro, falando sobre sua exposição Gente en El Medio. Dia 26, Silas volta à mesa, falando sobre a arte produzida na América Latina, ao lado do artista Felix Bentz, de Barcelona (Espanha), abordando seu trabalho como curador entre Espanha e Estados Unidos.

Para o dia seguinte, a última atividade do seminário, o Dança no Andar de Cima também recebe Beatriz, Felix e Maribel, a partir das 19 horas, misturando falas sobre a atual configuração do mundo da arte e leitura de portfólio. Na reta final das atividades, Maribel e Claudia Sampaio vão até a CasaIintervenção dia 27, numa tarde no mesmo tom da noite anterior.

Quem

ENTENDA A NOTÍCIA

Hoje ela é dona Heloisa Juaçaba – pela trajetória e dedicação a arte plásticas desde os anos 50. Nasceu em Guaramiranga, em 1926, e já em Fortaleza fez parte da Sociedade Cearense de Artes Plásticas (Scap). Tem trabalhos de pintura, escultura, tapeçaria, desenho e gravura.

SERVIÇO

63° Salão de Abril

Abertura: Hoje, às 19h30, com visitação pública gratuita até o dia 30 de abril

Onde: na Galeria Antonio Bandeira, localizada no Centro de Referência do Professor (Rua Conde D‘Eu, 560 – Centro). E ainda no Dança no Andar de Cima (Rua Desembargador Leite Albuquerque, 1523A - Aldeota) e Atelier CasaIntervenção (Rua Oliveira Viana, 158 - Vicente Pizón)

Posted by Cecília Bedê at 1:28 PM

Arte do cotidiano revelada por Adriana Martins, Diário do Nordeste

Arte do cotidiano revelada

Matéria de Adriana Martins originalmente publicada no Caderno 3 do jornal Diário do Nordeste em 17 de abril de 2012.

A partir da releitura da relação entre corpo e objetos do dia a dia, o artista Nino Cais montou a exposição "Ficções"

O artista Nino Cais fotografado na série com malhas: material tencionado no corpo forma "esculturas" e propõe novos significados. Foco é na "poesia" dos materiais Fotos: Marcelo Amorim/Divulgação

Um olhar de estrangeiro. Na verdade, praticamente de extraterrestre, capaz de se surpreender e enxergar poesia naquilo considerado banal pelos "nativos". É essa a reflexão proposta na exposição "Ficções", do artista visual paulista Nino Cais, que estreia hoje no Centro Cultural Banco do Nordeste.

O projeto chega a Fortaleza após ser aprovado em edital da instituição, por iniciativa da curadora Carolina Soares, que morou na capital cearense e já conhecia o trabalho de Cais. "Ficções" traz séries de fotografias e instalações nas quais o autor apropria-se de objetos do cotidiano para construir as obras e, a partir daí, conferir-lhes novos significados.

Em parte dos trabalhos, Cais usa o próprio corpo como suporte, para criar espécies de "esculturas". O resultado dos experimentos é registrado e fotografias que compõem a mostra. Malhas, balões e outros objetos são utilizados. "Também poderiam ser xícaras, luvas, qualquer objeto do cotidiano. Se morasse em lugar próximo à praia, talvez trabalhasse com areia, por exemplo. Crio à medida que esbarro com as coisas", ressalta.

O artista cita Clarice Lispector para melhor explicar a proposta. "Em um de seus textos, ela fala que o ovo é tão óbvio que não o vê. É nesse sentido que me inspiro, o de ir além da obviedade das coisas e enxergá-las com um novo olhar, fazer uma outra leitura", observa.

Segundo Cais, ao longo da história da arte, figuras e temas "concretos" (no sentido oposto ao abstrato, a exemplo de paisagens e retratos) e técnicas tradicionais como pintura e escultura guiaram a construção da percepção e da experiência sensível humana. Por isso a desconfiança inicial ao se deparar com uma obra contemporânea, cujos significados são menos explícitos. Provavelmente, é esse o sentimento inicial diante de uma das instalações, na qual baldes e bacias de plástico são encaixados em hastes compridas e presos ao teto.

O resultado assemelha-se à uma "floresta de plástico", um outro universo no qual o os objetos coloridos são reorganizados de maneira poética e, assim, ressignificados - sem deixar de desconcertar o espectador e lhe sugerir reflexões, pois continuam sendo baldes e bacias, com funções cotidianas bastante diferentes da artística.

Poesia

A discussão não é inédita. Em 1917, o pintor e escultor francês Marcel Duchamp suscitou-a de maneira pioneira ao enviar um urinol de porcelana a um concurso de arte, com o objetivo de questionar as "regras" do fazer artístico, o que e quem o define. "Mas não estou propondo esse tipo de confronto, que não é novidade para parte do público. Minha esfera é prioritariamente poética, de nova leitura do cotidiano, a partir das cores, das formas", explica Nino Cais.

A relação que temos com os objetos também é relevante no trabalho do paulista. Não por acaso, ele escolhe objetos do dia a dia. "Nosso corpo se relaciona com o entorno, ao esbarrar com esses objetos e mudar a relação que tenho com eles, posso construir ficções. Por isso o nome da mostra", complementa Cais.

O material é escolhido à medida que o processo ocorre, nas andanças do artista pela cidade, pelos espaços. "Quando montei parte dessa exposição era época de São João. Em São Paulo, moro em Pinheiros, onde há muitas lojas que, na ocasião, vendiam balões. Daí a presença deles em uma das séries", recorda.

Em Fortaleza, alguns objetos já inspiraram Cais. "Descobri um apetrecho para limpar peixes que não conhecia, com formato interessante, tipo uma escova de madeira. Também nunca tinha prestado atenção na beleza de uma sela de cavalo, incrivelmente bem confeccionada. Comprei os dois, devo incorporar em algum momento ao meu trabalho", revela.

Após pensar as "esculturas" com os objetos e seu corpo, Cais solicita a algum amigo ou artista que registre a obra. "Atuar como performer não tem muito minha da minha característica, prefiro contar sobre a obra a partir de imagens. Assim a experiência se congela, como quando um escultor termina de trabalhar na pedra. Por isso chamo essas imagens de ´escutóricas´", esclarece o artista.

Além da exposição, o CCBNB também recebe nesta semana (quinta, 19) o artista visual Efrain Almeida (CE/RJ) e o professor e curador Marcelo Campos (RJ), que se encontram para conversar e refletir sobre arte. O evento, chamado "Encontro com Artistas", é realizado em parceria com o Centro de Artes Visuais de Fortaleza, da Prefeitura Municipal.

O objetivo é apresentar ao público a trajetória de artistas de referência no circuito nacional de artes e estabelecer um olhar crítico sobre a produção artística contemporânea. O primeiro encontro foi com o artista cearense Eduardo Frota, cujo conteúdo já está disponível, na íntegra, no canal do CCBNB no You Tube (youtube.com/centroculturalbnb). No final do encontro, acontece lançamento de livro de Almeida.

Posted by Cecília Bedê at 1:18 PM

abril 16, 2012

Lançamento traça panorama artificial e reducionista da arte do país no século 21 por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo

Lançamento traça panorama artificial e reducionista da arte do país no século 21

Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 16 de abril de 2012.

"Pintura Brasileira Séc. XXI" parte de um pressuposto conservador: traçar o panorama da produção nacional a partir de uma técnica, não por acaso a mais valorizada pelo mercado.

Desde o início da arte contemporânea, a partir de meados dos anos 1950 e 1960, tal procedimento é recorrente.

Após artistas ampliarem o entendimento do campo artístico, retorna-se à discussão do suporte, como a pintura, para a manutenção de uma reserva de mercado corporativa.

Como afirma o curador Paulo Herkenhoff no catálogo da mostra de Lygia Pape, em cartaz na Estação Pinacoteca, "elencar técnicas pode ser hoje uma solução retórica que quase sempre substitui a problematização dos fenômenos de arte da expansão do campo linguístico".

Assim, já que entender o que se passa é difícil, melhor retornar a categorias do passado. No entanto, a pintura, a escultura ou a fotografia não são vertentes que de fato interessam ao debate da produção atual, já que elas se reduzem a uma técnica.

Fundamental seria perceber o que artistas estão buscando. Com isso, em resumo, falar de pintura é uma tarefa reducionista e artificial.

Isso se percebe quando no livro se reúne produção de Paulo Pasta e Cassio Michalany ao lado de Thiago Martins de Melo e Janaina Tschäpe. Só porque usam pincéis, não significa que pertençam ao mesmo universo.

Posted by Cecília Bedê at 5:24 PM | Comentários (2)

Novos rumos no Itaú Cultural por Juliana Monachesi, Revista Select

Novos rumos no Itaú Cultural

Matéria de Juliana Monachesi originalmente publicada na seção da hora/se linka da Revista Select em 16 de abril de 2012.

Anúncio sinaliza mudança de foco do instituto, das artes tecnológicas - a que tradicionalmente é vinculado - para a economia criativa

Eduardo Saron anuncia o fim do Rumos Arte Cibernética e da Bienal de Arte e Tecnologia emoção art.ficial

O Instituto Itaú Cultural anunciou hoje três novos editais da série Rumos, programa de difusão e fomento da instituição. Ao lado das áreas culturais a que o instituto se dedica historicamente - artes visuais, cinema e vídeo, dança, educação, jornalismo cultural, literatura, música, teatro e pesquisa acadêmica -, passam a figurar agora no leque de preocupações da instituição duas áreas que não se restringem ao campo específico da criação artística: moda e design.

Os dois setores serão pela primeira vez o foco do Rumos Pesquisa, que recebe durante o biênio 2012-2013 a designação Rumos Itaú Cultural Pesquisa: Moda e Design, para incentivar teses e dissertações acadêmicas sobre esses dois temas. As duas edições anteriores fomentaram pesquisas nas áreas de artemídia e gestão cultural.

Cinema e Vídeo, o edital mais antigo do programa Rumos, chega à sétima edição dando seguimento à mudança de foco da edição anterior (2009-2011), quando ampliou a área de ação para além do documentário, com a criação das três categorias atuais: Filmes e Vídeos Experimentais, Espetáculos Multimídia e Documentários Para Web.

O Rumos Dança 2012 apresenta três novas categorias, para contemplar melhor a política de formação do instituto: Dança para Crianças, Formadores, e Residência para Criação. Elas se somam à bolsa para Desenvolvimento de Pesquisa para artistas que se dedicam ao estudo de linguagem em todos os gêneros da dança.

Durante a coletiva de imprensa para divulgação dos três novos editais, que aconteceu hoje de manhã na sede do Itaú Cultural, o diretor superintendente do instituto, Eduardo Saron, afirmou, respondendo uma pergunta de seLecT, que o Rumos Arte Cibernética terminou e que a bienal de artes digitais promovida pela instituição, chamada emoção art.ficial - cuja edição 6.0 vai ser inaugurada dia 30 de maio no Itaú Cultural -, também chega ao fim após a exposição deste ano.

O foco do Itaú Cultural, portanto, com estes dois anúncios (da criação de um Rumos Moda e Design e do fim das atividades específicas voltadas para arte em novas mídias), parece sofrer um reposicionamento considerável: das artes tecnológicas - a que tradicionalmente é vinculado - para a economia criativa. Segundo Saron, o núcleo de tecnologia do instituto está sendo completamente redefinido e reorganizado.

Depois de três edições do progama Rumos voltados para Arte e Tecnologia (Rumos Novas Mídias, 1998-1999, Rumos Transmídia, 2002-2003, e Rumos Arte Cibernética, 2006-2007), o instituto entendeu que não há mais necessidade de circunscrever a produção em novas mídias a um programa isolado. "Nós percebemos que ou aprofundávamos o campo do entretenimento com as mostras específicas de arte e tecnologia ou assumíamos arte cibernética e arte digital como mais um dos campos da produção artística, e optamos por este segundo caminho", explicou Saron.

Conheça as edições anteriores do programa Rumos Pesquisa

Rumos Pesquisa 2003 - Artemídia
Rumos Pesquisa 2007-2008 - Gestão Cultural

Conheça as três edições do Rumos Arte e Tecnologia

Rumos Arte e Tecnologia 1999 - Novas Mídias
Rumos Arte e Tecnologia 2002 - Transmídia
Rumos Arte e Tecnologia 2006 - Arte Cibernética

Os três novos editais do programa estarão disponíveis no site do Itaú Cultural a partir da zero hora do dia 17 de abril.

Posted by Cecília Bedê at 3:57 PM

Salão sustentável por Mônica Lucas, O Povo

Salão sustentável

Matéria de Mônica Lucas originalmente publicada no caderno Vida e Arte do jornal O Povo em 16 de abril de 2012.

O 63º Salão de Abril vai de amanhã ao dia 30 com o tema "A cidade e suas desconexões antrópicas"

Sustentabilidade, atualmente uma palavra muito usada, de significado pouco conhecido, mas já bastante discutido no meio artístico. É ela que norteia boa parte da programação da 63ª edição do Salão de Abril, que começa amanhã. Com o tema "A cidade e suas desconexões antrópicas", o evento propõe uma reflexão sobre as ações do homem no meio ambiente através do seu fazer político, ético, econômico e cultural.

Maíra Ortins, coordenadora de Artes Visuais da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor) e coordenadora geral do Salão de Abril, pontua que a discussão já levantada entre filósofos, intelectuais e artistas precisa chegar à sociedade. "A colocação do homem como centro das coisas é um pensamento ultrapassado. Vivemos em ecossistema, e a arte já vem abordando isso há muito tempo", diz.

Para a Mostra Contemporânea de Artes Visuais, aberta para visitação pública gratuita a partir de amanhã, foram selecionados 30 artistas de oito estados brasileiros. O tema não limita ou direciona a participação deles, mas acaba aparecendo em vários dos trabalhos, já que é um assunto em evidência nos últimos anos. Segundo Maíra, "a arte vem cuidando disso além das preocupações estéticas, levantando questionamentos sociais e políticos".

Assim, surgem trabalhos como o do pernambucano Aslan Cabral, cuja performance irônica ao lamber uma televisão de plasma é uma crítica ao consumismo desenfreado e às informações não digeridas pela sociedade. Ou ainda as obras de Lucíola Feijó em desenho e isopor, que recriam ecossistemas das cidades e do campo. Várias obras selecionadas abordam temáticas como solidão, violência e outras debilidades estruturais da nossa sociedade.

Há uma preocupação da curadoria do Salão de Abril em não interferir no processo de produção de cada artista, preferindo "garimpar" as obras entre trabalhos e pesquisas que já estejam em desenvolvimento. Deste modo, a mostra revela as transformações no circuito nacional de arte contemporânea. A curadoria é do fotógrafo Silas de Paula e dos artistas visuais Marcelo Campos e Eduardo Frota. Entre as tendências verificadas pela organização do Salão de Abril estão a hibridação de linguagens e a retomada de manifestações como a pintura em tela e a escultura, após anos de pouca expressividade. Elas aparecem reinventadas, com talhes que vão além do convencional. As esculturas do paulista Rodrigo Sassi, por exemplo, lidam com estruturas abstratas e volumosas próximas da instalação.

A seleção de obras mostra também um mapa mais descentralizado da produção artística. Antes a maioria das obras vinha de São Paulo e Rio de Janeiro e se juntavam aos trabalhos locais. Esta edição recebeu 510 inscrições de todo o país e contemplou várias regiões, trazendo também artistas de Minas Gerais, Pernambuco, Paraíba, Goiás e Paraná. Cada um deles recebe R$ 2,5 mil. Além disso, são concedidas duas bolsas para residência no valor de R$ 12 mil, cada.

Dos 30 artistas escolhidos, cinco são cearenses. Além de Lucíola Feijó com suas esculturas, participam da mostra Celso Oliveira, Karol Luan e Júlio Lira, com trabalhos fotográficos, e Robézio Marqs, do Grupo Acidum, com intervenção.

Programação pela cidade

A programação do Salão de Abril espalha-se pela cidade, com a presença de obras de arte sob a forma de intervenções urbanas em ruas do Centro da cidade, no Passeio Público, no calçadão da Praia de Iracema, no Espaço Cultural dos Correios e no Atelier CasaIntervenção. "Não nos interessa ter o Salão em um espaço isolado, num cubo branco", destaca Maíra Ortins. Para ela, ao ocupar outros lugares, o público é instigado a pensar o espaço e a cidade.

A exposição "Gente en El Medio", da espanhola Maribel Longueiro, será aberta no dia 23 de abril, no Espaço Cultural dos Correios. Ela traz retratos de pessoas que se confundem com a paisagem, sobrepondo imagens através de recortes e manipulação fotográfica. Já o projeto Atelier Aberto apresentará duas atividades, uma no espaço do "Dança no Andar de Cima" e outra no ateliê "CasaIntervenção".

O tema "A cidade e suas desconexões antrópicas" volta à discussão em seminário, que será aberto no dia 23 de abril, no Espaço Cultural dos Correios, reunindo artistas, pensadores e pesquisadores com o intuito de pensar e discutir políticas culturais para as cidades. Nos três dias seguintes, o seminário será realizado na Vila das Artes, com o artista plástico Eduardo Frota, o fotógrafo Silas de Paula, Beatriz Lemos e os artistas espanhóis Maribel Longueiro e Felix Bentz.

Homenagem

Este ano, o Salão presta uma homenagem à artista plástica cearense Heloísa Juaçaba, que ganha um espaço exclusivo na Galeria Antônio Bandeira para a exposição de obras de diversas fases de sua carreira. Maíra Ortins explica que "é um agradecimento a tudo o que Heloísa fez na promoção das artes no Ceará. Ela era generosa, nos apresentou o trabalho do Siegbert Franklin, atuou como mecenas e é muito difícil de encontrar no estado quem financie as artes".

Natural de Guaramiranga, Heloísa iniciou sua carreira artística nos anos 50, na extinta Sociedade Cearense de Artes Plásticas (Scap). Expôs pela primeira vez no Salão dos Novos e foi premiada no Salão de Abril, Unifor Plástica e Mulher Maio Mulher. Assumiu funções como diretora do Departamento da Cultura da Prefeitura de Fortaleza e da Casa de Cultura Raimundo Cela, além de coordenadora no Ceará do Sistema Nacional de Museus. Atuava em várias frentes, como pintora, escultora, tapeceira, desenhista e gravadora.

Três ações fazem parte da homenagem a Heloísa Juaçaba. Além da exposição da sua série de brancos (trabalhos modernistas e minimalistas com punhos de rede), na Galeria Antônio Bandeira, será feita a restauração do acervo da Pinacoteca do Município de Fortaleza, cujo projeto teve Heloísa como pioneira. Também será lançado em junho, no final da exposição e da Mostra Contemporânea, um livro sobre Heloísa abordando sua trajetória como artista, gestora pública e mecenas na cidade de Fortaleza.

Mais Informações

63º Salão de Abril. Abertura oficial, amanhã, às 19h30, na Galeria Antonio Bandeira, localizada no Centro de Referência do Professor (Rua Conde D´Eu, 560, Centro). A mostra segue até 30 de abril. Gratuito.

Programação

17/04

Coquetel de abertura, 19h, na Galeria Antônio Bandeira

"Lugar", intervenção de Lucas Costa, a partir de 9h, o dia todo no Centro de Referência do Professor

"Shnnnnn!!! e outros sons", intervenção de Robézio Marqs, 11h, nas ruas do Centro da Cidade

18/04

"Caminho (lambe)", intervenção de Vanessa Almeida, 9h, no Centro de Referência do Professor

"Plasma", performance de Aslan Cabral, 10 h, no Passeio Público

"Invasão", intervenção de Chico Santos, 14h, no Passeio Público, e 16h, na Praia de Iracema

23/04

Abertura do seminário "A Cidade e suas desconexões antrópicas" e vernissage da exposição "Gente en el Medio", de Maribel Longueiro, 18h, no Espaço Cultural dos Correios de Fortaleza

24/04

Seminário "A Cidade e suas desconexões antrópicas", sobre o Salão de Abril, com Eduardo Frota e Silas de Paula, 18h, na Vila das Artes

25/04

Seminário "A Cidade e suas desconexões antrópicas", sobre o projeto de intercâmbio Lastro e a exposição Gente en El Medio, com Beatriz Lemos e Maribel Longueiro, 18h, na Vila das Artes

26/04

Seminário "A Cidade e suas desconexões antrópicas", sobre a arte produzida na América Latina e o trabalho como curador, com Silas de Paula e Felix Bentz, 18h, na Vila das Artes

27/04

"Dança no Andar de Cima", com Beatriz Lemos, Félix Bentz e Maribel Longueiro, sobre o que acontece no mundo da arte, às 19h, no Dança no Andar de Cima

28/04

"CasaIntervenção", com Maribel Longueiro e Cláudia Sampaio, sobre suas obras, com espaço para obras de outros artistas. Às 14h, no Atelier CasaIntervenção

Endereços:

Galeria Antônio Bandeira: Rua Conde D´Eu, 560 - Centro

Espaço Cultural dos Correios: Rua Senador Alencar, 38 - Centro

Dança no Andar De Cima: Rua Desembargador Leite Albuquerque, 1523A - Aldeota

CasaIntervenção: Rua Oliveira Viana, 158 - Vicente Pizon

Vila das Artes: Rua 24 de Maio,

1221 - Centro

Posted by Cecília Bedê at 3:19 PM