Página inicial

Como atiçar a brasa

 


julho 2021
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sab
        1 2 3
4 5 6 7 8 9 10
11 12 13 14 15 16 17
18 19 20 21 22 23 24
25 26 27 28 29 30 31
Pesquise em
Como atiçar a brasa:
Arquivos:
junho 2021
abril 2021
março 2021
dezembro 2020
outubro 2020
setembro 2020
julho 2020
junho 2020
maio 2020
abril 2020
março 2020
fevereiro 2020
janeiro 2020
novembro 2019
outubro 2019
setembro 2019
agosto 2019
julho 2019
junho 2019
maio 2019
abril 2019
março 2019
fevereiro 2019
janeiro 2019
dezembro 2018
novembro 2018
outubro 2018
setembro 2018
agosto 2018
julho 2018
junho 2018
maio 2018
abril 2018
março 2018
fevereiro 2018
janeiro 2018
dezembro 2017
novembro 2017
outubro 2017
setembro 2017
agosto 2017
julho 2017
junho 2017
maio 2017
abril 2017
março 2017
fevereiro 2017
janeiro 2017
dezembro 2016
novembro 2016
outubro 2016
setembro 2016
agosto 2016
julho 2016
junho 2016
maio 2016
abril 2016
março 2016
fevereiro 2016
janeiro 2016
novembro 2015
outubro 2015
setembro 2015
agosto 2015
julho 2015
junho 2015
maio 2015
abril 2015
março 2015
fevereiro 2015
dezembro 2014
novembro 2014
outubro 2014
setembro 2014
agosto 2014
julho 2014
junho 2014
maio 2014
abril 2014
março 2014
fevereiro 2014
janeiro 2014
dezembro 2013
novembro 2013
outubro 2013
setembro 2013
agosto 2013
julho 2013
junho 2013
maio 2013
abril 2013
março 2013
fevereiro 2013
janeiro 2013
dezembro 2012
novembro 2012
outubro 2012
setembro 2012
agosto 2012
julho 2012
junho 2012
maio 2012
abril 2012
março 2012
fevereiro 2012
janeiro 2012
dezembro 2011
novembro 2011
outubro 2011
setembro 2011
agosto 2011
julho 2011
junho 2011
maio 2011
abril 2011
março 2011
fevereiro 2011
janeiro 2011
dezembro 2010
novembro 2010
outubro 2010
setembro 2010
agosto 2010
julho 2010
junho 2010
maio 2010
abril 2010
março 2010
fevereiro 2010
janeiro 2010
dezembro 2009
novembro 2009
outubro 2009
setembro 2009
agosto 2009
julho 2009
junho 2009
maio 2009
abril 2009
março 2009
fevereiro 2009
janeiro 2009
dezembro 2008
novembro 2008
outubro 2008
setembro 2008
agosto 2008
julho 2008
junho 2008
maio 2008
abril 2008
março 2008
fevereiro 2008
janeiro 2008
dezembro 2007
novembro 2007
outubro 2007
setembro 2007
agosto 2007
julho 2007
junho 2007
maio 2007
abril 2007
março 2007
fevereiro 2007
janeiro 2007
dezembro 2006
novembro 2006
outubro 2006
setembro 2006
agosto 2006
julho 2006
junho 2006
maio 2006
abril 2006
março 2006
fevereiro 2006
janeiro 2006
dezembro 2005
novembro 2005
outubro 2005
setembro 2005
julho 2005
junho 2005
maio 2005
abril 2005
fevereiro 2005
janeiro 2005
dezembro 2004
novembro 2004
outubro 2004
setembro 2004
agosto 2004
julho 2004
junho 2004
maio 2004
As últimas:
 

fevereiro 24, 2019

Coletivo da Indonésia fará a curadoria da Documenta de 2022, Folha de S. Paulo

Coletivo da Indonésia fará a curadoria da Documenta de 2022

Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo em 22 de fevereiro de 2019.

Maior mostra de arte contemporânea do mundo, em Kassel, anunciou diretrizes da 15ª edição

Maior mostra de arte contemporânea do mundo, a Documenta, que acontece a cada cinco anos em Kassel, na Alemanha, será comandada pela primeira vez por um coletivo de artistas.

O comitê responsável pelo evento anunciou hoje que a curadoria de sua 15ª edição, em 2022, será de dez artistas do núcleo do ruangrupa, um coletivo de Jacarta, na Indonésia.

Falando em nome do grupo indonésio, os artistas Farid Rakun e Ade Darmawan disseram que ambicionam criar "plataformas artísticas interdisciplinares, cooperativas e de âmbito global que tenham impacto para além dos cem dias da Documenta".

"Se a Documenta nasceu em 1955 para curar as feridas da guerra, por que não deveríamos focar nos machucados de hoje, em especial aqueles enraizados no colonialismo, no capitalismo ou nas estruturas patriarcais, e contrastá-los com modelos baseados em cooperação e parceria que atualmente capacitam pessoas a terem uma visão diferente do mundo", disseram os artistas.

Em indonésio, a palavra "ruangrupa" significa algo entre "um espaço para a arte" e "uma forma artística".

"Escolhemos o ruangrupa graças à habilidade que o grupo demonstrou de promover compromisso e participação locais e de dialogar com diversas comunidades, incluindo grupos que vão além das audiências tradicionais do meio artístico", disseram, em um comunicado, os membros do comitê responsável pela escolha da curadoria do evento, cuja próxima edição acontecerá de 18 de junho a 25 de setembro de 2022, em Kassel.

Posted by Patricia Canetti at 12:00 PM

Escultor Richard Serra leva lâminas de aço gigantes a museu da Paulista por Silas Martí, Folha de S. Paulo

Escultor Richard Serra leva lâminas de aço gigantes a museu da Paulista

Matéria de Silas Martí originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo em 21 de fevereiro de 2019.

Pátio do Instituto Moreira Salles recebe peças de 19 metros de altura que pesam 140 toneladas

O escultor Richard Serra não gosta de monumentos. Nem do “brutalismo extremo, quadrado, sem nuances” de São Paulo. Mas sua primeira obra na cidade parece negar todo esse discurso.

Na contramão da ideia de leveza e transparência da torre envidraçada do Instituto Moreira Salles, as duas lâminas de aço que ele fincou no pátio do centro cultural numa das pontas da Paulista são lápides secas, duras, impenetráveis.

E, ao menos nas dimensões, monumentais —elas têm quase 20 metros de altura e juntas pesam mais de 140 toneladas. Tanto que tiveram de esperar dois anos para serem montadas, o tempo que engenheiros levaram para estudar as correntes de vento da avenida até ter certeza que as placas não tombariam sobre gente —uma peça do americano já desabou e matou um operário— nem sobre os prédios.

Serra, um dos maiores nomes da arte contemporânea, é da geração de autores que despontou na década de 1960 e então redefiniu a ideia de escultura, a maioria deles homens que fizeram de suas obras um desafio à escala da paisagem. Deixaram marcas gigantescas no horizonte, em rios, desertos, campos e praias, a chamada land art.

Mas não são monumentos. “É equivocado falar em monumentalidade em relação ao meu trabalho”, ele afirma. “Monumentos elogiam uma pessoa, um lugar, um acontecimento. Uma escultura em grande escala não significa monumentalidade.”

No caso de Serra, são obras que não expressam mais que o impacto acachapante do próprio peso, a força da matéria pura como espetáculo.

“O peso é um valor para mim”, diz. “Não é mais convincente do que a leveza, mas tenho mais a dizer sobre o equilíbrio do peso, a concentração do peso, o posicionamento do peso, os efeitos psicológicos do peso, a rotação do peso, a desorientação do peso.”

Toneladas à parte, Serra reconhece nessa nova escultura o efeito contrário. “A verticalidade faz o trabalho parecer mais leve que sua massa”, diz. “E a experiência da escultura vista do chão é inquietante por causa da agitação que ocorre ao olhar para cima.”

Ele fala da vertigem causada pelas placas, que se tornam blocos um tanto ameaçadores quando vistos contra o céu da cidade. Do quinto andar do Instituto Moreira Salles, no entanto, são só obstáculos meio carrancudos retalhando a vista da metrópole.

Muito antes de mover carregamentos mastodônticos de metal para forjar essas peças que já encheram o Grand Palais, em Paris, o Guggenheim de Bilbao, na Espanha, e praças públicas mundo afora, Serra já tentava traduzir a ideia de movimento mesmo em suas obras um tanto estáticas.

Os nomes de suas primeiras esculturas, por exemplo, eram verbos. Rolar, cortar, arremessar, escorar foram algumas das ações que embasaram as peças dos primórdios de seu trabalho. Num filme da mesma década de 1960, ele mostra mãos tentando agarrar um pedaço de chumbo em queda livre, tornando visível o atrito entre as ideias de peso e leveza, imobilidade e movimento, que embasam toda escultura.

Mais tarde, já na fase mais espetacular de sua obra, a preocupação com o movimento se desloca das peças para o corpo do espectador, que adentra seus labirintos metálicos. “O movimento corporal pela escultura é uma premissa básica do meu trabalho”, diz.

Serra nega, no entanto, uma dimensão política desse caminhar. Mesmo já tendo criticado em cartazes os abusos políticos do governo americano na Guerra do Iraque e fazendo questão de chamar o presidente Donald Trump de “mentiroso patológico” e “ditador narcisista”, ele diz que seria exagero pensar a forma como suas obras ditam os passos do público como metáfora para um comentário político qualquer.

“Isso seria hiperbólico”, diz o homem que passou suas mais de oito décadas de vida pensando e construindo coisas muito maiores do que ela.

Richard Serra
Quando Ter., qua. e sex. a dom.: 10h às 20h. Qui.: 10h às 22h. Abre sáb. (23)
Onde IMS - av. Paulista, 2.424, tel. (11) 2842-9120
Preço Grátis

Posted by Patricia Canetti at 11:51 AM

fevereiro 20, 2019

MASP anuncia duas novas curadoras adjuntas

María Inés Rodríguez e Julia Bryan-Wilson vão atuar nas áreas de arte moderna e contemporânea

María Inés Rodríguez e Julia Bryan-Wilson são as novas curadoras adjuntas de arte moderna e contemporânea do MASP. Ambas já começaram a trabalhar nas programações do museu para 2019 e 2020, cujos eixos temáticos são “Histórias das mulheres, histórias feministas” e “Histórias da dança”, respectivamente.

“É um verdadeiro privilégio dar as boas-vindas a essas duas notáveis curadoras como integrantes da equipe do museu, ambas com ‘backgrounds’ e perspectivas diversas”, afirma Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP. “O modelo de curadores adjuntos contribuindo em diferentes projetos ao longo dos anos tem sido enriquecedor para o museu, e espero que possamos trilhar esse mesmo caminho com Rodríguez e Bryan-Wilson”, completa.

María Inés Rodríguez, que atualmente vive entre Paris e Bourdeaux, foi diretora do Museu de Arte Contemporânea de Bourdeaux (França) e curadora chefe no Museu Universitário de Arte Contemporânea, na Cidade do México. Ela organizou uma série de exposições, incluindo monográficas com trabalhos de Akram Zaatari, Alejandro Jodorowsky, Beatriz González, Danh Vo, Jonas Mekas, Judy Chicago, Teresa Margolles e Yona Friedman.

Julia Bryan-Wilson é professora de arte moderna e contemporânea na Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA), e diretora do Centro de Pesquisa de Artes de Berkeley. É autora de três livros e seus artigos sobre feminismo, teoria “queer” e arte contemporânea já figuraram em várias publicações, como Artforum, October, Oxford Art Journal e Parkett. Seu projeto curatorial mais recente é a exposição Cecilia Vicuña: About to Happen, em que trabalhou ao lado de Andrea Andersson. A mostra foi inaugurada em fevereiro no Instituto de Arte Contemporânea da Universidade da Pensilvânia (EUA).

“Estou honrada por me juntar ao MASP e colaborar com o time do museu em suas diferentes pesquisas e seus projetos relacionados a questões históricas, políticas e sociais”, disse Rodríguez. “O MASP é uma das instituições de arte mais progressistas e dinâmicas do mundo, e eu estou muito empolgada para trabalhar em exposições cujos temas, feminismo e dança, são entendidos como movimentos coletivos do corpo social e nunca pareceram tão urgentes”, adicionou Bryan-Wilson.

Posted by Patricia Canetti at 7:26 PM

Cidade Universitária terá releitura em mosaico de obra famosa de Portinari por Ricardo Chapola, Veja

Cidade Universitária terá releitura em mosaico de obra famosa de Portinari

Matéria de Ricardo Chapola originalmente publicada na revista Veja em 8 de fevereiro de 2019.

Painéis de 14 metros de altura por 10 de comprimento devem ficar prontos em outubro de 2020

A partir de outubro de 2020, quem passar pela Cidade Universitária, no Butantã, na Zona Sul da capital, poderá contemplar o trabalho de Candido Portinari, um dos principais artistas plásticos brasileiros.

Liderado por dois portugueses, o escritório de arquitetura paulistano Oficina de Mosaicos criará uma releitura da obra Guerra e Paz em forma de mosaico para ficar exposta permanentemente na USP. O objetivo da iniciativa é valorizar a cultura brasileira levando arte a espaços públicos. Esse projeto tem o apoio do filho de Portinari, João Portinari.

“É algo muito importante para a cultura do país. Tem que ter caráter educativo. Gostaríamos que os painéis fossem muito visitados pelas escolas, pelas crianças”, afirma a arquiteta Isabel Ruas Pereira Coelho, 65, uma das sócias do escritório. “Guerra e Paz representa a população brasileira.”

A versão original da obra – dois painéis de 14 metros de altura por 10 de comprimento – fica na sede da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos. A pintura foi criada a pedido do governo brasileiro, em 1952. Quando ficou pronta, em 1956, foi dada de presente para a ONU.

Em um dos painéis, Portinari retrata um cenário de guerra. Essa parte de seu trabalho fica exposta na entrada do prédio da ONU. A outra, que retrata a paz, se encontra na saída do edifício.

A releitura que irá para a USP terá o mesmo tamanho e será construída com material importado da Itália. “O objetivo é que a linguagem do mosaico faça parecer uma novidade. Não é como uma cópia. A pincelada de Portinari não vai estar lá. Mas a representação da pincelada dele em mosaico terá sua forma própria”, disse Isabel.

“O interessante é manter o caráter permanente do trabalho, ao ar livre. Afinal, nem todo mundo tem a chance de ir até a sede da ONU. Aliás, Portinari mesmo não viu a obra exposta lá, depois que ficou pronta”, diz Gonçalo Nunes Barricalo Ruas, 33, sócio da Oficina de Mosaicos.

O escritório prevê gastos de 3 milhões de reais para realizar todo o trabalho. Esse projeto será executado via Lei Rouanet, por meio da qual a empresa envolvida na proposta recebe isenções fiscais em troca da iniciativa em questão. O projeto está em fase de captação de recursos. Até o momento, segundo o escritório, algumas instituições se comprometeram a investir, embora ainda não tenham revelado os valores. O processo de captação deve durar até setembro de 2019.

E não deve parar por aí. Isabel relatou que há uma segunda etapa do projeto em vista. O plano é criar um museu na USP em homenagem a Guerra e Paz. “Queremos montar um museu aberto a visitações guiadas, contando a história dessa obra tão importante. E expor nele todos os desenhos preparatórios da pintura. Isso daria muito valor a todo o trabalho”, afirma.

A Oficina de Mosaicos também já ajudou a restaurar um mosaico do artista Di Cavalcanti instalado no Teatro Cultura Artística, no centro. “Estamos negociando o restauro dos painéis de Tomie Otake no Metrô Consolação. Seria um projeto feito em parceria com o Instituto Tomie Otake, via lei de incentivo fiscal”, diz Ruas.

Posted by Patricia Canetti at 7:22 PM

fevereiro 15, 2019

Crise na cultura: após cortes na Petrobras, produtores acusam Caixa de suspender reembolsos de projetos por Nelson Gobbi, O Globo

Crise na cultura: após cortes na Petrobras, produtores acusam Caixa de suspender reembolsos de projetos

Matéria de Nelson Gobbi originalmente publicada no jornal O Globo em 14 de fevereiro de 2019.

Mostras da Caixa Cultural estariam sem repasses desde o início do ano; banco alega que contratos 'estão sob análise'

RIO — Enquanto o setor cultural aguarda a definição das mudanças na política de patrocínios da Petrobras, que passaria a priorizar ações em ciência, tecnologia e educação, produtores acusam a Caixa Econômica Federal de interromper o repasse de recursos destinados a contratos em vigor, para a realização de exposições e festivais nas unidades da Caixa Cultural no Rio, Brasília, Curitiba, Salvador, Fortaleza, São Paulo e Recife.

Segundo os produtores, as parcelas dos repasses foram interrompidas, algumas há mais de um mês, e não há previsão de quando a empresa voltará a desembolsar os recursos para o pagamento das atrações de suas unidades. Em seu modelo de ocupação, a Caixa reembolsa os produtores em parcelas, a primeira na abertura e as demais no decorrer dos eventos. Produtores afirmam enfrentar dificuldade para manter o pagamento de fornecedores já contratados, já que a Caixa exige que as empresas mantenham as certidões atualizadas para o pagamento, ou seja, é preciso evitar que fornecedores contestem as dívidas na justiça.

Os produtores criaram grupos virtuais para debater os atrasos nos repasses e perceberam que a situação se repete em diferentes estados, com diferença no número de parcelas não reembolsadas. Alguns estão com mostras encerrando e dizem sequer ter recebido a parcela inicial.

— Trabalho há anos com a Caixa e nunca vi um atraso assim. Geralmente o primeiro reembolso é feito dez dias depois da abertura, mas desde dezembro não recebi nada — conta um produtor, que solicitou anonimato. — Dizem só que houve uma mudança no marketing, mas as mostras e exposições já estão acontecendo, temos uma série de compromissos firmados, com fornecedores que não sabem se vão receber também. Temos negociado com todos para que não protestem na Justiça, porque aí, por contrato, a Caixa não poderia efetuar o pagamento.

Em um email padrão enviado a produtores a Caixa informa que como “está em processo de definição do Plano Integrado de Comunicação, Marketing e Patrocínio para 2019, os contratos novos estão temporariamente suspensos”. Alguns dos envolvidos temem entrar em falência, caso os atrasos se transformem em calote.

— As produtoras não têm fluxo de caixa para suportar a falta de pagamento dos projetos que estão em execução. São muitos custos, de transporte, material gráfico, equipes enormes envolvidas. Na minha empresa conseguimos manter as contas em dia com recursos de outros projetos, mas não sabemos o que fazer se a situação persistir — comenta o produtor.

Procurada, a Caixa informa em nota que “os contratos de patrocínio do banco estão sob análise. Demandas relativas aos patrocínios e seus desdobramentos são tratadas diretamente com os proponentes ou patrocinados”.

Já em relação ao Programa Petrobras Cultural, as notícias não são mais animadores para o setor. Muitos produtores temem não renovar contratos ou mesmo ter os que estão em vigor rescindidos após a estatal anunciar uma mudança em sua política de patrocínios. Em nota, a empresa anunciou na última terça-feira que “está revisando sua política de patrocínios e seu planejamento de publicidade, em alinhamento ao novo posicionamento de marca da empresa, com foco em ciência e tecnologia e educação, principalmente infantil. Os contratos atualmente em vigor estão com seus desembolsos em dia”.

'Enfoque na educação infantil'

Sem maiores esclarecimentos dos novos critérios da direção da empresa, produtores e artistas têm evitado dar declarações, ao menos até que sejam oficialmente comunicados do encerramento dos contratos. Um tuíte do presidente Jair Bolsonaro ontem reforçou os temores do fim dos patrocínios para a área de cultura: “Para maior transparência e melhor empregabilidade do dinheiro público, informamos que todos os patrocínios da Petrobras estão sob revisão, objetivando enfoque principal dos recursos para a educação infantil e manutenção do empregado à Orquestra Petrobras (Sinfônica)”.

Entre os contratos da empresa que estão ativos, segundo informações de sua área de transparência, estão eventos como o Festival do Rio e a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (ambos no valor de R$ 750 mil); e companhias como o Grupo Galpão (R$ 4,2 milhões, para o biênio 2018/2019); Grupo Corpo e Cia de Dança Deborah Colker (R$ 4,9 milhões, cada, para as temporadas de 2018 a 2020); e o Armazém Cia de Teatro (R$ 950 mil).

Maior programa de patrocínio do setor no país, o Petrobras Cultural apoiou mais de 4 mil projetos desde o seu início, em 2003, e chegou a ter mais peso para os produtores do que o hoje extinto Ministério da Cultura. Em meio à expectativa de novos cortes, o setor teme que outras instituições governamentais também reduzam ou encerrem seus apoios e patrocínios para a cultura.

Posted by Patricia Canetti at 1:50 PM

Nova lei Rouanet pode travar reformas de museus e projetos anuais, Estado de S. Paulo

Nova Lei Rouanet pode travar reformas de museus e projetos anuais

Matéria de Guilherme Sobota, Julio Maria, Maria Fernanda Rodrigues, Pedro Rocha e Ubiratan Brasil originalmente publicada no jornal O Estado de S.Paulo em 14 de fevereiro de 2019.

Teto reduzido para R$10 milhões inviabilizaria a manutenção e o funcionamento de grandes instituições, como Masp, Pinacoteca, Museu do Ipiranga, Inhotim e vários outras

O governo Bolsonaro prepara para semana que vem um anúncio sobre mudanças da Lei Rouanet. De acordo com notícias ventiladas pelo próprio presidente, o pacote deve representar a mais radical mudança na espinha dorsal do maior projeto de fomento à cultura regulamentado pelo Estado. A nova Lei Rouanet tem definidas três pontos cruciais que podem abalar as estruturas do sistema vigente. 1. O teto de captação para cada projeto passa de R$ 60 milhões para R$ 10 milhões. Os ingressos gratuitos oferecidos por espetáculo aumentam de 10% para de 20% a 40%. E casas financeiras estatais, como Banco do Brasil, BNDES e Caixa Econômica Federal devem deixar de colocar dinheiro em projetos de Rio e São Paulo para concentrar investimentos nas regiões Norte e Nordeste.

A primeira questão, o limite do teto de R$ 10 milhões, provocaria de imediato uma paralisia na realização de projetos anuais e de preservação do patrimônio histórico. O Museu do Ipiranga, em São Paulo, por exemplo, tem aprovado para este ano a quantia de R$ 50 milhões. Ao todo, o espaço, fechado há cinco anos para reformas, precisa de R$ 150 milhões para reabrir em 2022, como está previsto. “Sem a Rouanet, adeus restauro e revitalização do Museu”, diz uma fonte que não quer se identificar.

Outros que sofreriam com a redução são o Museu do Amanhã, no Rio (pediu R$ 43,3 milhões), o Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, (R$ 31,4 milhões), a Osesp (R$ 31,3 milhões), o Instituto Cultural Inhotim (R$ 28 milhões), o Masp (R$ 29 milhões) e a Fundação Bienal de São Paulo (R$ 28 milhões). Em nota, o Masp dá sua posição: “Os patrocínios vindos da Lei são essenciais para manutenção da grade curatorial e das atividades. Ao longo dos anos, a lei se consolidou como um instrumento de desenvolvimento.”

A Pinacoteca do Estado, que tem aprovado para captação em 2019 o valor de R$ 16.673.737,89, se coloca por meio do diretor de relações institucionais, Paulo Vicelli. “O volume captado tem crescido ano a ano graças ao reconhecimento da sociedade com relação ao sério e responsável trabalho que a Pinacoteca vem realizando. 40% do nosso orçamento é oriundo da captação via leis de incentivo e é com esse recurso que o museu consegue promover eventos e ações culturais relevantes.”

O Instituto Tomie Ohtake conta também com um plano anual e, atualmente, a Rouanet representa cerca de 80% de todo o orçamento. Para este ano, foi arrecadado, até o momento, R$ 5,5 milhões.

Por meio de sua assessoria, o Masp disse esperar uma posição oficial do governo para entender o que as mudanças causariam. Há dois projetos aprovados para captação, o Plano Anual de 2019 (R$ 28 milhões) e um de “obras estratégicas de revitalização do edifício e ações de preservação e difusão dos acervos museológico e documental, visando a preservação de longo prazo” (com R$ 23 milhões até 2023). “O museu tem um projeto aprovado para revitalização do edifício de importância fundamental para a instituição e uma alteração drástica (na Lei Rouanet) que inviabilize a captação prejudicaria o plano de modernização”, informou a assessoria.

A área musical começa a refletir sobre as mudanças. A empresa de cosméticos Natura, que há 14 anos conta com o projeto Natura Musical, contabilizando R$ 132 milhões em patrocínio até 2018 distribuídos em 418 projetos, 1.491 produtos culturais, uma média de 20 novos álbuns por ano e um impacto direto ou indireto para 1,5 milhão de pessoas, fala por meio de sua gerente de marketing institucional, Fernanda Paiva. Sobre a redução de para R$ 10 milhões por projeto, ela diz: “O investimento da marca em cultura não se limita às leis de incentivo. Atualmente, 60% dos recursos do Natura Musical são provenientes da verba de marketing, enquanto os recursos aportados com a Lei Rouanet representam em torno de 15% do orçamento anual. A redução do teto não gera impactos no modelo que operamos hoje. Os projetos apoiados pelo programa têm dimensões financeiras bem menores ao limite proposto.” Ela diz também que “outras frentes, como a Casa Natura Musical (em Pinheiros), são feitos 100% com verba de marketing.”

Roberto Medina, idealizador do Rock in Rio, afirma que não usa verba de Lei Rouanet e que considera um equívoco obrigar empresas estatais a investir em projetos fora do Rio e São Paulo. “Se essas empresas não puderem investir em Rio e São Paulo também, elas vão ficar de fora e não investir. Os dirigentes precisam parar de considerar o investimento em cultura como esmola. Isso é negócio.”

Na dança, o diretor executivo da Cia. de Dança Deborah Colker, João Elias, fala da gratuidade do ingresso subindo até 40% : “Para isso se efetivar, o governo teria de comprar mais espetáculos para as contas fecharem”. E sobre a redução do teto para R$ 10 milhões: “Acho justo. Todos têm que ter sua cota de sacrifício.”

O mesmo tom é adotado por Fauze Hsieh, presidente da produtora Infinito Cultural. “Se essas mudanças forem bem conduzidas e se o que estiver por trás for um interesse pela democratização do acesso à cultura, elas podem ser boas”. Entre os projetos da produtora está A Incrível Máquina de Livros, que permite a troca de um volume usado por um novo. Em 2018, a máquina passou por 21 cidades de 13 estados – 5 deles do Nordeste. “Foram os estados onde tivemos a maior adesão de pessoas e a maior repercussão, o que mostra que são lugares carentes de projetos culturais e que têm uma receptividade muito boa.”

Posted by Patricia Canetti at 1:35 PM

fevereiro 8, 2019

Alinhada a Bolsonaro, Petrobras revê patrocínios e deve se afastar da cultura por Gustavo Fioratti, Folha de S. Paulo

Alinhada a Bolsonaro, Petrobras revê patrocínios e deve se afastar da cultura

Matéria de Gustavo Fioratti originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo em 7 de fevereiro de 2019.

Presidente afirma em rede social que arte 'não deve estar a cargo de uma petrolífera estatal'

A direção da Petrobras está avaliando se rompe contratos de patrocínio cultural firmados nos governos anteriores. A decisão seguiria novas diretrizes do governo Bolsonaro, que criticou o financiamento estatal da cultural nesta quinta (7) em sua conta Twitter.

Bolsonaro postou que embora "reconheça o valor da cultura e a necessidade de incentivá-la", o financiamento das atividades culturais "não deve estar a cargo de uma petrolífera estatal".

Segundo a publicação do presidente, "a soma dos patrocínios dos últimos anos passa de R$ 3 bilhões".

A Petrobras financiou, nos últimos anos, grupos como o Galpão, de Minas Gerais, e a Cia Deborah Colker, além do Festival de Teatro de Curitiba e a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

"Determinei a reavaliação dos contratos. O Estado tem maiores prioridades", disse ainda o presidente.

Além disso, Bolsonaro afirmou que os incentivos não devem ser feitos "em detrimento das principais demandas de nossa sociedade".

Produtores e captadores de recurso ouvidos pela Folha dizem que foram alertados das mudanças nas diretrizes de patrocínio da Petrobras. A decisão foi mal recebida internamente por executivos da área de comunicação, que interpretaram a medida como interferência política e ideológica.

A petroleira patrocinou mais de 4.000 projetos culturais desde 2003, quando foi criado o Programa Petrobras Cultural, que passou a ser a maior seleção pública do tipo no país. Juntas, as áreas de cultura e imprensa consumiram quase R$ 160 milhões da estatal no ano passado.

Por nota, a empresa confirmou que está "revisando sua política de patrocínios e seu planejamento de publicidade, em alinhamento ao novo posicionamento de marca da empresa, com foco em ciência e tecnologia e educação, principalmente infantil".

Segundo o texto, "os contratos atualmente em vigor estão com seus desembolsos em dia."

Posted by Patricia Canetti at 8:37 AM

fevereiro 6, 2019

Após meses de polêmica, Pollock do MAM é vendido por metade do valor inicial por Nelson Gobbi, O Globo

Após meses de polêmica, Pollock do MAM é vendido por metade do valor inicial

Matéria de Nelson Gobbi originalmente publicada no jornal O Globo em 1 de fevereiro de 2019.

Phillips de Nova York confirma venda para colecionador particular, depois de tela ter encalhado em leilão ano passado

RIO — Quase um ano após ter sua venda anunciada, a tela “Nº 16” (1950), do americano Jackson Pollock (1912-1956), que pertencia ao Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio, foi finalmente vendida para um colecionador particular. A informação acaba de ser confirmada pela casa de leilões Phillips, responsável pelo tentativa de vender a obra em novembro do ano passado. Há rumores de que a tela foi negociada por US$ 13 milhões de dólares, quase metade do valor pedido inicialmente (US$ 25 milhões). A casa de leilões novaiorquina não confirma o valor.

No fim da tarde desta sexta-feira, a Phillips emitiu um comunicado no qual confirma a venda, sinalizando apenas que a negociação foi realizada por "um valor comparável a outras obras desta série".

A venda da tela foi uma solução encontrada para enfrentar a crise que o museu atravessa nos últimos anos, com o agravamento da crise financeira e a dificuldade de captar recursos. A proposta é que o dinheiro arrecadado seja convertido num fundo administrado por uma instituição financeira. Seu uso seria gerido por um comitê e submetido a auditoria. Os recursos seriam utilizados para a aquisições de novas obras e uma parte de seus rendimentos poderiam custear as despesas da instituição.

— Claro que, para o museu, o ideal seria atingir o maior valor possível. Mas foi uma boa venda, feita dentro dos parâmetros do mercado internacional, para obras do mesmo período — destaca Paulo Vieira, diretor de relações institucionais do MAM. — O mais importante agora é dar início ao fundo patrimonial, que não será constituído apenas pelo valor do Pollock. Estamos em negociação com várias empresas, criando novas parcerias para o museu. Este fundo também representa uma segurança para os investidores, já que vai colocar o MAM numa posição de balanço saudável, o que é raro para uma instituição cultural nos dias de hoje.

Tentativa frustrada em leilão

Em 15 de novembro do ano passado, a tela estava entre as obras oferecidas no leilão de Arte do Século XX e Contemporânea realizado na Phillips, mas não atingiu o valor mínimo de U$ 18 milhões e não foi vendida. Na mesma noite, estavam à venda obras de Joan Miró (“Femme dans la nuit”, de 1945), Jean-Michel Basquiat (sem título, de 1981) e Robert Motherwell (“Open Nº 153: In scarlet with white line”, de 1970).

Um dos signatários do manifesto publicado em abril do ano passado, que reuniu mais de cem nomes do meio das artes visuais contra a venda da obra, o pintor Carlito Carvalhosa acredita que, se confirmado, o valor da venda seria baixo para uma ação de endowment —a criação de um fundo patrimonial para a renovação do acervo do museu.

— É um valor que pode acabar rapidamente, não dá para ver isso como a solução dos problemas do MAM — comenta Carvalhosa. — Um museu que é particular, embora ocupe uma área pública, deveria atrair o apoio da burguesia carioca, como acontece em outras cidades. Mas isso só vai acontecer se o museu recuperar sua relevância. Não é se afastando da classe artística que vai conseguir isso. Todos estamos do lado do MAM, espero que acertem o passo.

Para Nuno Ramos, outro artista que assinou o texto, a venda do quadro nessas condições representa mais uma tragédia no horizonte brasileiro.

— Nós mesmos criamos tsunamis sobre os moradores de Brumadinho, incendiamos nossos museus, nos desfazemos do nossos acervos. O Brasil é um desastre ambulante — reflete Ramos. — Vender uma obra deveria ser o último recurso, só se o museu dependesse disso para ficar de pé. É o acervo que faz o MAM ser o MAM.

Leia a nota da Phillips na íntegra

Temos o prazer de anunciar que a Phillips vendeu o "Nº 16", de Jackson Pollock, em nome do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em uma transação particular.

Ficamos gratos pela oportunidade de vender esta obra-prima, doada por Nelson Rockefeller ao museu há quase 70 anos.

A venda, efetuada por um valor comparável a outras obras desta série, vai permitir ao museu continuar sua missão de preservar suas 16 mil obras e ampliar sua coleção de arte moderna e contemporânea brasileira.

Posted by Patricia Canetti at 10:38 AM