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Como atiçar a brasa

 


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maio 18, 2015

Arquivo Aberto - Burden e o 'Beam Drop' por Rodrigo Moura, Folha de S. Paulo

Arquivo Aberto - Burden e o 'Beam Drop'

Artigo de Rodrigo Moura originalmente publicado no caderno Ilustríssima do jornal Folha de S. Paulo em 17 de maio de 2015.

Era um daqueles dias secos do inverno mineiro quando Chris Burden chegou a Inhotim, na sua primeira (e presumivelmente única) visita ao Brasil, em junho de 2008.

Durante quase seis meses, procuramos vigas metálicas em ferros-velhos da região para refazer "Beam Drop" (queda de viga), uma escultura de 1984 cuja versão original tinha existido por pouco mais de três anos, no Art Park, no norte do Estado de Nova York.

Os fundos de uma fazenda desativada, no alto de uma montanha com ampla vista para a região, foram terraplanados para criar o lugar da escultura, segundo desenhos precisos do artista. Era a primeira vez que Burden (morto no domingo, 10/5) cruzava a linha do Equador. Entusiasta da ciência e da tecnologia, estava curioso para ver o céu do hemisfério Sul.

Já há alguns anos mostrávamos uma de suas mais brilhantes esculturas na entrada da Galeria Lago. "Samson" (Sansão, 1983) é um dispositivo anti-institucional por excelência, que questiona o autoritarismo do cubo branco e do prédio de museu; cada vez que o visitante passa pela roleta, um sistema de transmissão transfere mais pressão contra as paredes do espaço, empurrando duas toras.

Essa obra está entre suas esculturas pós-performance, em que lidava com a crítica institucional, como no projeto "Expondo As Fundações do Museu" (1986), em que cava em torno das bases do edifício, expondo seus limites físicos e propondo o colapso literal da arquitetura. Sempre nos pareceu excitante começar o percurso de uma galeria e de um novo museu por uma escultura que potencialmente os destruiria.

"Beam Drop", acordada de um hibernação de duas décadas, prometia trazer um ingrediente ainda mais explosivo ao que se planejava em Inhotim: uma escultura monumental que desafiava a própria monumentalidade da escultura por um processo de fabricação "errado" -fragmentado, voltado ao acaso, violento.

A construção da escultura durou mais de 12 horas. Foi uma adrenalina incrível, com a equipe muito concentrada e Burden regendo todo o processo. Aquela ação tinha uma dimensão estética admirável, que certamente continuaria no objeto terminado. À medida que as vigas iam caindo no cimento fresco, o artista foi ficando mais atrevido, jogando-as em duplas, tentando fazer com que uma acertasse a outra, com uma intencionalidade que se transformava rapidamente em indeterminação.

O operador do guindaste confessou que nunca tinha sido contratado para deixar vigas caírem. Aquela subversão, atestada por quem estava na ponta da operação, era a própria essência do trabalho.
Originalmente pensada para o meio urbano, como uma crítica às esculturas colocadas sem critério nenhum nos átrios dos arranha-céus de Nova York, chamadas pejorativamente de "plop sculpture", "Beam Drop" ganhava uma nova significação na paisagem rural de Minas Gerais.

No final do processo, todos posamos para a foto ao lado, celebrando a conquista de ter feito aquele golaço sem nenhum contratempo, e seguimos para drinques. De tão agitado, eu, que já não tinha dormido a noite anterior, tive dificuldade de dormir por mais uma.

Rapidamente, "Beam Drop Inhotim" se tornou uma das peças mais icônicas do nosso jovem acervo, se confundindo com a própria paisagem. O que ela nos traz de precioso é a desconstrução da escultura de grande escala, algo insubstituível no nosso contexto. Além disso, será sempre uma lembrança poderosa daquilo de que a imaginação de um artista é capaz -e do que uma instituição artística pode quando está disposta a seguir, sem constrangimentos, essa visão.

RODRIGO MOURA, 40, é crítico de arte e diretor artístico do Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG).

Posted by Patricia Canetti at 12:22 PM