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janeiro 31, 2014

Dissertação põe arte contemporânea em xeque por Carlos Orsi, Unicamp

Dissertação põe arte contemporânea em xeque

Matéria de Carlos Orsi originalmente publicada na Unicamp em 29 de janeiro de 2014.

José dos Reis é um artista brasileiro, filho de catadores de lixo, que tritura notas de dólar num liquidificador. Malala Rejala é uma jovem iraniana que hoje vive em Berlim, e cujas imagens de corpos femininos seminus causam furor no mundo islâmico. Vincenzo Dornello é um cego italiano que produz fotografias abstratas. Estes são alguns dos artistas contemporâneos catalogados em Art Book – 50 Contemporary Artists, luxuoso volume colorido escrito em três línguas. E Art Book é uma obra de ficção, fruto da imaginação do artista Bruno Moreschi, o produto final de sua dissertação de mestrado no Instituto de Arte da Unicamp.

Reis, Malala e Dornello são personagens construídos por Bruno, que criou as obras atribuídas aos artistas de seu catálogo, assim como as biografias e as declarações que acompanham os verbetes de sua luxuosa enciclopédia de criadores inexistentes. O italiano, por exemplo, pontifica: “A necessidade de se expressar não é exclusividade de quem possui olhos”. E o catador de lixo brasileiro sentencia: “O que mais me fascina na arte é sua constante preocupação em mostrar que tudo é relativo. Isso nos tira da zona de segurança, faz-nos trilhar caminhos de forma mais consciente.” E de Malala vem um slogan: “Política e arte assemelham-se em uma única palavra: ação.”

Se essas declarações, bem como as figuras que as enunciam – a iraniana inconformada, o brasileiro que transcende a pobreza pela arte, o europeu deficiente que afronta a própria deficiência – soam como clichês, é proposital: “Analisei dez enciclopédias de arte, e fiz um estudo dos padrões de artistas que aparecem nessas obras”, disse Moreschi ao Portal Unicamp. “Criei os 50 artistas seguindo esses padrões: o japonês minimalista, a latino-americana que faz obras coloridas”.

Ainda de acordo com o padrão detectado nas enciclopédias reais, a maioria dos artistas do Art Book é branca, européia e do sexo masculino. “As mulheres selecionadas para aparecer nessas enciclopédias costumam ter fortes posicionamentos feministas. Os negros, um trabalho ligado à questão racial”, exemplifica.

Além de criar os artistas, Moreschi criou suas obras: ao todo, foram 311 trabalhos, entre fotografias, pinturas, performances, em diferentes estilos, atribuídos aos 50 personagens. “As obras são paródias”, disse o autor. “Até mesmo por conta do distanciamento necessário para criá-las”.

“Ele foi aprender a fazer a arte, as técnicas”, contou a orientadora da dissertação, professora Lygia Eluf. “No fim, a arte é um truque – mas por trás dela há o artista, que transforma o truque em mágica”. Moreschi conta que foi procurar um professor que o ensinasse a pintar reproduções de flores num estilo semelhante ao dos velhos livros de botânica, para criar a obra do austríaco Arthur Orthof. “O professor até ficou meio chocado, porque ele queria me ensinar a pintar, em geral, mas eu dizia que só queria aprender a pintar isso, especificamente”.

Foram produzidos, até o momento, 50 exemplares do Art Book, que serão doados a bibliotecas, mas ele espera obter recursos para produzir mais exemplares, de modo que o livro entre, de fato, em circulação. Moreschi diz que não teme que sua obra venha a contaminar a bibliografia legítima sobre arte contemporânea – de fato, ele espera que isso aconteça. “A ideia é contaminar, porque de certa forma trata-se de uma contaminação natural: uma mentira que segue exatamente o padrão do que está sendo feito”, disse.

“O que o Bruno está fazendo é discutir o sistema da arte contemporânea, como essa arte é legitimada. Ele está dizendo: ‘Pessoal, vocês estão fazendo tudo errado’”, completou Lygia.

“Depois da pegadinha, do susto, espero que fique um convite para a gente pensar o que é uma obra de arte, e como ela se legitima”, disse o autor. O livro traz, em seu texto, várias pistas de que nem tudo lá é o que parece: o verbete sobre a artista iraniana, por exemplo, faz referência ao “primeiro-ministro” Mahmoud Ahmadinejad – sendo que o cargo exercido por esse político, até 2013, foi o de presidente.

A Galeria de Arte da Unicamp realiza, até a sexta-feira, 31, uma exposição de parte do trabalho realizado por Moreschi na elaboração do livro. A dissertação foi defendida nesta quarta-feira, 29, nas dependências da galeria. Imagens do livro e das obras dos artistas fictícios podem ser vistas no site do Instituto de Arte.

Posted by Patricia Canetti at 1:06 PM