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março 15, 2006
Museus demais, por Elio Gaspari
Museus demais
Texto de Elio Gaspari, originalmente publicado na Folha S. Paulo, no dia 12 de março de 2006
Depois do roubo dos mapas do Itamaraty, das fotografias da Biblioteca Nacional, dos quadros da Fundação Castro Maya e das peças do museu da Cidade, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, poderia chamar as companhias de seguro para conversar.
Ter Cezanne na parede, Marc Ferrez na prateleira e mapas de João Teixeira Albernaz nos gavetões não é para quem quer é para quem pode.
No Itamaraty, algumas raridades, depois de restauradas, não voltaram ao cofre porque nele havia bichos. A chave da mapoteca já sumira três vezes.
Se as seguradoras entrarem na discussão do patrimônio histórico nacional, os responsáveis pelos acervos assumirão publicamente os riscos a que estão submetidas as peças que lhes são confiadas. Só a crueza das seguradoras poderá informar quanto custa (em dinheiro e em equipamento) a proteção de um acervo cultural. Desde os anos 90 sabe-se que obras de arte roubadas são aceitas como colateral em grandes tratos do tráfico de drogas. (No caixa dois da arte mundial há uns 300 Picassos e 200 Chagalls.)
A burocracia faz milagres. No eixo Rio-Niterói-Petrópolis, há mais museus que em Roma (108 x 104). Falta segurança, mas abundam diretores que cuidam de acervos cada vez menores, sempre atribuindo as desgraças presentes às administrações passadas.
Se um museu não consegue receber 5.000 pessoas por mês (250 por dia) e não faz esforços para atrair visitantes, ele serve somente à burocracia que o habita. Se uma cidade não tem dinheiro para sustentar e proteger 108 museus, só há um jeito: fechar instituições redundantes e fundir acervos. No eixo Nova York-Washington, os museus são menos de cem.
Pertinentes e corretas as afirmações de Elio Gaspari.Só não concordo com o título do artigo. Não, não há museus demais, há museus despreparados, inaugurados e a seguir abandonados, sem recursos ou pessoal especializado.
Mas temos um bom exemplo a oferecer:
nossa pinacoteca, não muito divulgada, é bem estruturada e vem desenvolvendo um trabalho correto, adequado e com resultados bastante bons.
A Pinacoteca Municipal de São Caetano do Sul recebeu, seria melhor dizer, atendeu em 2005, 5.451.
Temos uma reserva técnica segundo normas do ICOM e uma equipe de Ação Educativa bastante especializada.
Talvez por ser a única na região do Grande ABC-SP, com estrutura para receber estudantes, professores e publico especial, tenhamos conseguido esse resultado.
Claro que não temos Monet, Picasso ou Van Gogh, mas possuimos um bom acervo de obras contemporâneas,de nomes como Gregório Gruber, Aldemir Martins, Maria Bonomi, Claudio Tozzi e outros.
É sempre bom ouvir sugestões e criticas bem intencionadas.
Neusa Schilaro Scaléa - coordenadora da Pinacoteca Municipal de São caetano do Sul.
Mesmo não tendo Monet, Picasso ou Van Gogh a Pinacoteca de São Caetano do Sul pode ser considerada de primeiro mundo. Ela recebe estudantes e público especial com profissionais sérios e dispostos a melhorar.
Posted by: mariza melo at junho 7, 2006 11:15 PMTalvez a ideia mais digna seja fundir acervos.Ja que a manutencao e conservacao,da maioria dos predios,seja muito dificil.De forma be parecida,como ja acontece com as igrejas,que tem sua manutencao,negligenciada...onde algumas das mais importantes reliquias da cultura devocional de um povo,vem sendo paulatinamente subtraidas,a muito tempo.A opcao melhor,fundir o acervo artistico original em uma so sede,com toda a preocupacao,com o que melhor existe em termo de seguranca,e administracao do acervo,e quem sabe mais,a confeccao de replicas perfeitas,hoje tao mais facil com a tecnologia digital,recolocadas nos locais de origem,para culto devocional da populacao em geral.
Assim tambem deveria acontecer com as obras de arte,os originais deveriam,estar em um local especifico,com todas as garantias.
Algumas das maiores instituicoes brasileiras,geram culposamente oportunidades facilitadoras para subtracao de nosso patrimonio cultural maior.Ora por falta de verbas,ora por pouco alinhamento com o mercado de arte comercial.
Os museus e as Intituicoes culturais,deveriam participar mais do mercado comercial.Informando,Ensinando,Explicando,Valorizando o valor da institucionalizacao da propria Arte.Este afastamento entre o Cultural e o Comercial,gera,dia a dia,desconfortos de muito dificil reparacao.