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maio 11, 2012

Maior presença de galerias estrangeiras e boas vendas pautam a abertura da SP-Arte por Audrey Furlaneto - Agência O Globo, Yahoo Notícias

Maior presença de galerias estrangeiras e boas vendas pautam a abertura da SP-Arte

Matéria de Audrey Furlaneto originalmente publicada no Yahoo Notícias em 10 de maior de 2012.

SÃO PAULO - Um homem de terno masca chiclete sem parar e, alternando as mãos entre os bolsos e um iPhone, passa por obras dos britânicos Antony Gormley e Damien Hirst. Uma vez. Duas. Três. Tim Marlow não fica imóvel por mais de alguns segundos no estande da White Cube, galeria inglesa que faz sua estreia na SP-Arte, aberta anteontem em São Paulo. Um dos diretores da galeria, ele caminha com desenvoltura (e um sorriso de canto de lábios) entre as obras: não se passaram quatro horas, e a White Cube já vendeu mais de R$ 5 milhões.

- Estamos nos saindo muito bem, você não acha? - diz, radiante, antes de puxar uma gargalhada interrompida em seguida pelo mascar de chiclete.

A White Cube levou para a SP-Arte obras de Hirst - entre elas, uma das "Spot paintings" (telas de bolinhas) do artista, vendida por R$ 1,9 milhão, e uma vitrine de remédios (R$ 2,5 milhões) - além de uma escultura de Gormley (arrematada por R$ 933 mil) e um néon de Tracey Emin (vendido por R$ 156 mil).

A poucos metros dali, Luisa Strina, dona da galeria mais antiga de São Paulo (fundada em 1974), que lançou artistas como Cildo Meireles e Antonio Dias, comenta com bem menos bom humor o crescimento da feira - este ano, com o triplo do tamanho e 110 galerias (21 a mais do que em 2011).

- Acho péssimo! Gosto de feira pequena. Por quê? Porque é mais gostoso, ora - diz, enquanto pede a um dos assistentes que lhe coce as costas ("Não aí! Mais para o meio!", ela guia).

Luisa abre o sorriso quando colecionadores se aproximam. Vendeu na abertura uma série de esculturas em bronze de Edgard de Souza, uma pintura de Caetano de Almeida e uma obra de Cildo.

- Não vou falar de preço, pelo amor de Deus! - diz, ajeitando o colar de incontáveis figas, para, como afirma, "espantar o olho gordo".

Não é só ela que está um tanto tensa com o crescimento da feira paulistana. O carioca Ricardo Rego, dono da Lurixs, afirma ter "algumas dúvidas" sobre a forte presença de galerias internacionais na feira (são 27 neste ano, contra 14 no ano passado):

- Acho que toda competição é interessante. Um atleta só melhora sua performance quando disputa com os melhores. Por outro lado, essas galerias internacionais exercem um deslumbramento sobre as pessoas. E brasileiro é deslumbrado, né? Talvez prefira comprar algo internacional, porque está numa boa condição, com menos impostos. Falo também como colecionador. É muito sedutor ter a possibilidade de incluir um Damien Hirst na coleção. Ainda mais sem imposto.

Aos moldes do que fez a ArtRio em 2011, a SP-Arte deste ano conseguiu, com o governo estadual, isenção do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para atrair mais galerias e, claro, compradores. Embora reduza em cerca de 20% o preço das obras comercializadas na feira, a isenção é objeto de quase desdém entre as galerias estrangeiras.

- Nós decidimos vir antes de saber disso. O imposto alto do Brasil dificulta, sim, as vendas, mas não é impossível vender ainda assim - afirma Tim Marlow.

Na francesa Yvon Lambert, que no primeiro dia vendeu trabalhos de Mario Testino e Douglas Gordon, o discurso era parecido.

- Quando se decide ir a uma feira ou não, não é por ter mais ou menos impostos - diz o francês Olivier Belot, diretor da Yvon Lambert. - Mesmo se o imposto estivesse valendo, seria bom vir.

No estande da galeria paulista Millan, que reúne artistas brasileiros como Tatiana Blass, Rodrigo Andrade e Paulo Pasta, foram vendidas obras por valores entre R$ 6 mil e R$ 90 mil. Sócia da galeria, Socorro de Andrade Lima diz que a feira sempre é muito boa, mas que ainda não sabe avaliar seu crescimento.

- Ampliar e abrir é muito bom, mas não é preciso focar em quantidade. A Basel, que é a melhor do mundo, não cresce há décadas. São 200 galerias e ponto. Só entra uma se sai outra - lembra a marchande. - É preciso crescer com caminhos certos. Não sei, por exemplo, se os colecionadores brasileiros querem ir por esse caminho de comprar obras internacionais. É deixar de estar num universo em que se transita muito bem, o da arte brasileira, e ir para outro.

Para Socorro, a SP-Arte ficou "um pouco balançada" depois da ArtRio:

- Precisaram se mexer e mostrar algo novo, o que, aliás, é muito positivo.

Para a fundadora da feira, Fernanda Feitosa, o crescimento é "absolutamente normal":

- Nunca tivemos a intenção de transformar a SP-Arte numa megafeira de 200 galerias. Crescemos 21 galerias de 2011 para este ano, não é nada demais. Temos mais espaço, sim, mas você vê que temos mais de 5 mil pessoas no pavilhão, e todas circulam livremente.

Sobre a influência da ArtRio, que surgiu no ano passado e alardeou números muito maiores do que os da SP-Arte - a feira do Rio diz ter arrecadado R$ 120 milhões, enquanto a SP-Arte, no mesmo ano, vendeu R$ 30 milhões -, Fernanda minimiza:

- Nós somos a feira líder do país e somos modelo para outras feiras. Estou absolutamente confortável neste papel.

Daniel Roesler, que trabalha ao lado da mãe na galeria Nara Roesler, comemorava a venda de uma pintura de Rodolpho Parigi por R$ 50 mil e outra de Cristina Canale por R$ 60 mil - as obras, segundo ele, ficaram cerca de 9% mais baratas com a isenção do ICMS (o percentual do desconto varia de acordo com o faturamento de cada empresa). O marchand parece se importar menos com o alvoroço em torno das galerias internacionais:

- De certa forma, talvez ainda faça mais sentido, para os brasileiros, focar em obras locais.

Na Fortes Vilaça, que vendeu, entre outras, uma tela de Janaina Tschäpe por R$ 145 mil, a marchande Alessandra d'Aloia defende que uma feira não trata apenas de negócios:

- Feira é troca, é diálogo, é dar visibilidade aos artistas e fechar exposições, por exemplo. É por isso que acredito que o mais radical aqui é a nova separação de galerias.

A marchande se refere à atual divisão da SP-Arte, que restringiu ao primeiro andar galerias de arte contemporânea de mercado primário (que cuidam da carreira do artista). No segundo andar, ficam as de mercado secundário, ou seja, que revendem obras. No terceiro, estão as mais jovens e um projeto curatorial assinado por Adriano Pedrosa - quatro curadores foram convidados a montar exposições com artistas de galerias presentes na feira.

- Não usaria a palavra separação - diz Fernanda Feitosa, já depois das 22h, no fim do primeiro dia (a feira vai até domingo no Pavilhão da Bienal). - É uma redistribuição. Isso aqui é um exercício coletivo de leitura de obras de arte. E precisamos nos reinventar.

Posted by Cecília Bedê at 5:54 PM

Modernos disputam espaço no mercado, Valor Econômico

Modernos disputam espaço no mercado

Matéria originalmente publicada no jornal Valor Econômico em 7 de maior de 2012.

Num momento em que a arte contemporânea brasileira vê o surgimento de novas feiras e galerias, além de aumento no volume de negócios - 44% de dois anos para cá, segundo a Abact (Associação Brasileira de Arte Contemporânea) -, marchands especializados em arte moderna trabalham para manter intacta e saudável aquela que é tradicionalmente sua boa fatia do mercado: colecionadores mais velhos, discretos e com maior poder aquisitivo.

Habituado a formar grandes coleções privadas - entre elas a sua própria -, o marchand Paulo Kuczynski abriu recentemente uma exposição com apenas oito telas de Di Cavalcanti (1897 - 1976). Concentrou-se no período que vai dos anos 1920 aos 1940, antes de o artista começar a se repetir e perder a força. "Passei cinco anos trabalhando para juntar essas obras, não fiz concessões", afirma Kuczynski. "Não existe uma reunião como essa em museu nenhum."

Ali estão obras especiais, como "Descanso dos Pescadores", que passou décadas com a família do escritor José Lins do Rego (1901 - 1957) e que, pela qualidade e raridade, enche os olhos dos colecionadores. "A Mulher do Caminhão", tela que pertencia ao joalheiro Lucien Finkelstein, foi vendida antes mesmo de a exposição ser inaugurada. "Com a profissionalização do meio, já não basta a assinatura de um pintor. Colecionadores se tornaram bem informados, buscam as melhores obras da melhor fase de um artista", diz o marchand.

A arte moderna engloba a produção de artistas que eram jovens nos anos 1920, 1930 ou 1940. Di Cavalcanti viveu até 1976; Alfredo Volpi, até 1988. Kuczynski conviveu com o segundo até o fim da vida, visitando com frequência seu ateliê. Hoje, com os artistas já todos mortos, marchands são garimpeiros. Fuçam coleções particulares, visitam casas de família, de olho nos espólios e heranças. São capazes de analisar o legado de um artista e saber onde ele deixou sua melhor marca, além de escapar das falsificações que povoam o mercado. "Artista não faz obra-prima todo dia", lembra Kuczynski.

Por seu lado, galeristas de arte contemporânea precisam saber distinguir, em meio ao mar de jovens artistas, os nomes que podem se destacar em 20 ou 30 anos. Depois de seis anos trabalhando para um marchand, Jaqueline Martins, de 35 anos, abriu no ano passado sua própria galeria em Pinheiros. "Eu tinha vontade de entrar em contato com a produção da minha geração, visitando ateliês, me aproximando dos artistas. A Tarsila [do Amaral] não está mais aqui, não dá para voltar ao passado", diz. Ela ressalta que o volume de investimento necessário para trabalhar com modernos é muito maior. "Eu não teria esse capital."

No ano em que a Semana de 1922 comemora 90 anos, a distância entre quem comercializa modernos e quem se aventura pelos contemporâneos parece estar mais demarcada. Mais importante feira de arte no país, a SP-Arte começa nesta quinta-feira para o público (quarta, para convidados), com nova disposição de stands. O térreo ficará reservado para as grandes galerias de arte contemporânea (Fortes Vilaça, Luisa Strina, Nara Roesler, entre outras), enquanto leiloeiros, marchands e alguns galeristas mais tradicionais ocuparão o segundo piso. A separação gerou certo mal-estar no mercado. Há quem ache absurdo que os segundos, responsáveis pelas vendas mais corpulentas, fiquem isolados.

Para Daniel Roesler, trata-se de separar 'mercado primário" do "mercado secundário" de arte. "Fazendo um paralelo, as galerias atuam como IPOs nesse mercado, lançando novas ações. Existe todo um trabalho feito com o artista, uma preocupação com a sua carreira como um todo. Um leiloeiro ou marchand agrega valor de outro modo, numa determinada transação de determinada obra. Não vai se preocupar com a carreira de Portinari, porque já está feita", diz

Numa das edições anteriores da feira, o stand da galeria Fortes Vilaça ficava em frente de um escritório pequeno de arte que revendia obras d'Os Gêmeos e de Vik Muniz, artistas então representados pela galeria. Como cada um quer defender _e vender_ seu peixe, existe uma dissidência na hora de definir onde começa a "verdadeira" arte brasileira. Enquanto partidários do modernismo tendem a valorizar a geração decorrente de 1922, outra corrente reserva aos heróis conceituais do anos 1950 e 1960 - Hélio Oiticica, Lygia Clark, Lygia Pape - o papel de inaugurar uma produção "genuína", reservando ao movimento moderno adjetivos como "menor" e "tardio".

Diante de altos preços alcançados por alguns contemporâneos, com as pintoras Beatriz Milhazes e Adriana Varejão encabeçando a lista, é possível que arte moderna se torne investimento atraente, dado que o risco envolvido é menor. Em dezembro de 2011, uma tela de Volpi com estimativa entre R$ 1,4 e R$ 1,8 milhão foi vendida por R$ 1,9. Alguns meses antes, "Correnteza", de Adriana Varejão, foi estimada entre R$ 800 mil e R$ 1, 2 milhão. O último lance, porém, foi de R$ 2, 05 milhões. Os dados são da Bolsa de Arte do Rio de Janeiro.

"A questão é que a trajetória de um artista vivo é imprevisível", diz Jaqueline. "Não sabemos o que vai acontecer. Se pudesse prever, eu teria comprado todas as Miras [Schendel] que vi por US$ 500. Comprei só algumas."

O boom no interesse e nos preços dos neoconcretos é outro fenômeno que continua a mobilizar o mercado. Lygia Clark esteve na lista de vários colecionadores estrangeiros na última Art Basel e uma de suas obras alcançou R$ 4,1 milhões, um recorde. Além disso, as vendas se aquecem com a confirmação de uma exposição de Mira na Tate Modern, em Londres, em 2013, e uma retrospectiva da própria Lygia, no Museum of Modern Art, em Nova York, confirmada para 2014. O frisson levou o mercado a absorver figuras secundárias do movimento. Há quem chame de "tirania neoconcreta" a obsessão que tomou conta dos colecionadores e que, como toda moda, há de passar.

O fechamento recente da galeria de Thomas Cohn, uma das mais tradicionais de São Paulo, veio reforçar a impressão de que o mercado vive tempos agitados, loucos, com muito dinheiro em circulação. O imóvel na avenida Europa foi comprado pela vizinha Nara Roesler, em expansão. A partir do próximo dia 17, ela será uma das três galerias a participar da Hong Kong Art Fair, ao lado da Casa Triângulo e da Mendes Wood. "Vamos levar um pouco de casa coisa. Por enquanto, a expectativa não é vender muito, mas fazer uma aproximação", diz Nara. A galeria contratou um tradutor e mandou fazer cartões de visita em chinês para facilitar o contato. Saber o que os chineses querem da arte brasileira pode ser uma peça adicional para compor o quebra-cabeça intrincado do mercado nos próximos anos.

Posted by Cecília Bedê at 5:09 PM

Na SP Arte, obras de 110 galerias estão 30% mais baratas por Bandnews, UOL Notícias

Na SP Arte, obras de 110 galerias estão 30% mais baratas

Vídeo originalmente publicado no UOL Notícias em 11 de maio de 2012.

Obras de arte estrangeiras até 30% mais baratas. É o que promete a "SP ARTE", exposição que reúne mais de cem galerias do mundo todo, no prédio da Bienal, no parque do Ibirapuera.

Posted by Cecília Bedê at 3:23 PM

Isenção de ICMS: incentivo à cultura em São Paulo por SP Arte, site da feira

Isenção de ICMS: incentivo à cultura em São Paulo

Texto originalmente publicado no site da SP Arte em 5 de maio de 2012.

A SP-Arte comemora nesta oitava edição a isenção de ICMS nas aquisições realizadas durante a feira, que acontece entre 10 e 13 de maio, no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque do Ibirapuera.

O ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) é um tributo estadual que varia de produto para produto. No caso das obras de arte essa alíquota é de 18% sobre o valor da comercialização. A decisão inédita do governo do estado de São Paulo, contudo, amortiza os preços e incentiva a venda de trabalhos ao longo do evento.

O decreto de número 57.955 foi assinado pelo governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, em abril, e publicado no Diário Oficial.

Vale ressaltar, no entanto, que a alíquota será isenta apenas para as aquisições realizadas durante a SP-Arte, ou seja, entre os dias 10 e 13 de maio. Qualquer transação feita após esse período será tributada normalmente.

A decisão incentivou a vinda de importantes galerias internacionais para a feira, como é o caso da White Cube, de Londres, que representa artistas como Damien Hirst e Miroslaw Balka. Neste ano, por exemplo, o número de galerias estrangeiras bateu um recorde histórico e passou de 14 para 27.

O crescimento significativo da feira fez com que a SP-Arte entrasse para o calendário mundial dos eventos mais importantes de arte em todo o planeta. Quase 20.000 pessoas devem circular pelos corredores do Pavilhão Ciccillo Matarazzo durante os cinco dias do evento.

Mais informações em sp-arte.com.br

Posted by Cecília Bedê at 2:31 PM | Comentários (1)

Valeria Piccoli é nova curadora-chefe da Pinacoteca do Estado de São Paulo por Camila Molina, O Estado de S. Paulo

Valeria Piccoli é nova curadora-chefe da Pinacoteca do Estado de São Paulo

Nota de Camila Molina originalmente publicada no caderno de cultura do jornal O Estado de S. Paulo em 11 de maio de 2012.

Pesquisadora substitui Ivo Mesquita, que tornou-se, no mês de abril, diretor-técnico da instituição

ntegrante, desde 2007, do Núcleo de Pesquisa em Crítica e História da Arte da Pinacoteca do Estado de São Paulo, Valeria Piccoli foi anunciada nova curadora-chefe do museu. Ela substituiu Ivo Mesquita, que tornou-se, em abril, diretor-técnico da Pinacoteca. As mudanças foram alavancadas pela posse recente do ex-diretor-executivo da instituição, Marcelo Mattos Araujo, como secretário de Estado da Cultura. Com doutorado pela FAU-USP, Valeria tem sua carreira centrada em pesquisas sobre arte brasileira nos séculos 19 e 20. Ela coordenou o projeto da mostra Arte no Brasil: Uma História na Pinacoteca de São Paulo, a exposição remodelada da coleção do museu, em cartaz desde o ano passado.

Entre outras atividades, foi curadora na Coleção Brasiliana/Fundação Estudar, que está doada ao acervo da Pinacoteca. Mais ainda, fez curadorias de exposições no Brasil e no exterior, como Terra Brasilis, que integrou o festival Europalia, em 2011, em Bruxelas, na Bélgica, e Facchinetti , exibida em 2004 no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro.

Posted by Cecília Bedê at 2:11 PM

Feiras são o fast-food do sistema, viciam e são eletrizantes por Marcia Fortes, Folha de S. Paulo

Feiras são o fast-food do sistema, viciam e são eletrizantes

Matéria de Marcia Fortes originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 9 de maio de 2012.

A Frieze Art Fair New York, nova feira de arte subsidiária da renomada Frieze de Londres, foi inaugurada na semana passada com a participação de 180 galerias.

A cidade de Nova York é anfitriã de 12 feiras de arte contemporânea. Ainda assim, a Frieze rendeu primeira página no "The New York Times", capa da "New York" e um inteligente artigo na "New Yorker".

Deixei a Frieze e retornei anteontem diretamente para a montagem do estande na SP-Arte, que abre hoje.

Em 2012 ainda faremos a ArtRio, a Frieze de Londres e a Art Basel Miami Beach. Uma feira engoliu a outra e só nos resta fazer escolhas.

Minha primeira feira de arte foi a Unfair, a irmã caçula da Art Cologne. Ali, presenciei a performance do então jovem artista Damien Hirst, que "expôs" no estande da emergente galeria White Cube um par de gêmeas univitelinas, sentadas lado a lado trajando vestidos gêmeos de "spot paintings" e tricotando juntas, encarnando uma "obra" anticomercial.

Hoje, 19 anos depois, Hirst se tornou o artista mais rico da atualidade, e a White Cube é um sucesso com sedes em Londres e em Hong Kong.

As feiras de arte se proliferam embaladas pela autoconfiança do mercado nos últimos 20 anos, apesar de alguns soluços já superados como a crise mundial de 2008.

Hoje, a inauguração da oitava SP-Arte tem a participação da imperiosa White Cube, que fechará as vendas em São Paulo três dias antes de abrir novo estande em Hong Kong.

Essa intensidade é assustadora e fascinante. Feiras são confusas, de ar insalubre e mau design, mas com um infinito de informação e uma corrente eletrizante que vicia.

Elas são o fast-food do sistema, festivais fragmentados concentrando, em pouco espaço e em poucos dias histéricos, toda a experiência do mundo da arte. Há arte muito boa e muito ruim.

Nessa lama, encontram-se um diamante, algumas joias, e produtos da Tok & Stok.

MARCIA FORTES é sócia da Galeria Fortes Vilaça e integra o comitê de seleção da Frieze Art Fair

Posted by Cecília Bedê at 2:00 PM

Semana da feira tem 25 aberturas de mostras em SP por Silas Martí, Folha de S. Paulo

Semana da feira tem 25 aberturas de mostras em SP

Matéria de Silas Marti originalmente publicada na Ilustrada do jorna Folha de S. Paulo em 9 de maio de 2012.

Enquanto a SP-Arte espera atrair até 20 mil pessoas ao pavilhão da Bienal, no Ibirapuera, em São Paulo, galerias paulistanas aproveitam a leva de visitantes à cidade para expor seus artistas mais badalados ou aqueles que querem emplacar agora.

Ontem à noite, pelo menos 16 espaços abririam mostras para convidados, criando um congestionamento artístico entre Vila Madalena, Pinheiros e Jardins. Neste sábado, estão programadas pelo menos mais nove mostras, entre elas a individual do britânico Antony Gormley no Centro Cultural Banco do Brasil.

No meio dessa avalanche, uma tendência começa a despontar. Além das individuais de artistas como Janaína Tschäpe, na Fortes Vilaça, ou Edgard de Souza, na Luisa Strina, galerias como Luciana Brito e Raquel Arnaud apostam em coletivas de artistas que não representam.

São mostras chanceladas por curadores de peso no circuito global que ajudam a alavancar o prestígio de seus espaços, além de servir de termômetro para o interesse do mercado local por artistas estrangeiros, em sua maioria, difíceis de emplacar por aqui.

Rina Carvajal, que foi uma das curadoras da última Bienal de São Paulo e chefiava o Museu de Arte de Miami, assina uma grande mostra desse tipo na Luciana Brito.

Seu truque foi escolher, no repertório de estrangeiros -como a norte-americana Trisha Brown, a francesa Marine Hugonnier, o esloveno Tobias Putrih e o mexicano Mario García Torres-, obras que flertassem com a abstração geométrica que virou sinônimo da arte brasileira.

"É interessante fazer no Brasil uma exposição sobre abstração geométrica que não fale do Brasil", disse Carvajal à Folha. "Vejo que o mercado e a curadoria aqui estão mais cosmopolitas. É a primeira vez que monto uma exposição numa galeria."

Na mesma pegada, o curador italiano Jacopo Crivelli Visconti preparou uma série de quatro exposições coletivas. Uma delas começa hoje na galeria Raquel Arnaud.

Estão lá obras da norte-americana Lisa Tan, do cipriota Haris Epaminonda e do alemão Felix Gmelin. Todos abordam questões de serialização e repetição em suas obras.

"Essa mostra é uma abertura em relação à coisa canônica das galerias", diz Crivelli Visconti. "Você não espera ver uma galeria testando os limites da curadoria."

Posted by Cecília Bedê at 1:54 PM

SP-Arte atrai estrangeiros, mas compete com ArtRio por Silas Marti, Folha de S. Paulo

SP-Arte atrai estrangeiros, mas compete com ArtRio

Matéria de Silas Marti originalmente publicada na Ilustrada do jorna Folha de S. Paulo em 9 de maio de 2012.

Feira começa hoje na Bienal sob concorrência dentro e fora do país

Evento concorre ainda com franquias da feira Frieze, do Reino Unido, em NY, e da suíça Art Basel em Hong Kong

Na semana passada, um exército de galeristas e colecionadores desembarcou numa ilha perto de Manhattan para a primeira edição em Nova York da feira britânica Frieze, com sede em Londres.

Parte dessa armada chega hoje a São Paulo para a oitava edição da SP-Arte, que tem início no pavilhão da Bienal.

Eles se dividem na semana que vem entre a ArteBA, em Buenos Aires, e a Art HK, em Hong Kong. Em junho, todos se juntam em Basileia para a Art Basel, a maior feira do mundo, que transforma a cidade suíça no olho do furacão da arte contemporânea.

Feiras de arte não são meras exposições. São eventos comerciais, movidos a marketing e champanhe, em que galerias se estapeiam para garantir um espaço e colecionadores vão à forra comprando tudo o que veem pela frente.

ENTRE NY E HONG KONG

Saturado dessas feiras, o calendário está apertado. "Ficamos 'ensanduichados' entre a Frieze de Nova York e a feira de Hong Kong", admite Fernanda Feitosa, diretora da SP-Arte, que decidiu mudar as datas da feira para abril no ano que vem. "Quando começamos, o mercado internacional era muito diferente."

Em 2005, o Brasil tinha uma posição ainda acanhada no cenário global das artes visuais. Foi quando Feitosa colocou de pé a primeira edição da feira. Até então, ela nem sonhava com uma concorrente interna, a carioca ArtRio, que em setembro fará sua segunda edição.

PONTE AÉREA

"É uma concorrência voraz", diz André Millan, da galeria Millan, que estará nos eventos de São Paulo e Rio. "É inevitável que estrangeiros optem entre as feiras."

Neste ano, além da ausência de colecionadores de peso, que ficarão na ponte Nova York-Hong Kong, a SP-Arte terá de enfrentar a crescente ameaça da ArtRio, que na primeira edição vendeu R$ 120 milhões -o triplo da última SP-Arte- e agora prevê faturar até R$ 150 milhões.

"Não comento números dos outros", diz Feitosa, que não quis fazer previsões para a SP-Arte de 2012.

Nos últimos oito anos, a feira triplicou: foi de 40 galerias a 112, entre elas, as poderosas Yvon Lambert, de Paris, e White Cube, de Londres.

A isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para transações realizadas na feira, algo que a ArtRio conseguiu no ano passado e que a SP-Arte garantiu para essa edição, foi decisivo para atrair essas casas de fora.

Sem isso, impostos sobre uma obra de arte importada beiram 50% de seu valor, um desconto significativo para quem quiser as obras de Damien Hirst na White Cube ou esculturas de Richard Serra espalhadas pela feira.

FRANCHISING GLOBAL

Mas enquanto brasileiros tentam alavancar vendas com descontos, a disputa no mercado global, em que taxas vão de zero a 10%, é travada por franquias cada vez mais fortes de grifes já conhecidas.

É o caso da Art Basel, feira suíça que há dez anos mantém um entreposto americano, a Art Basel Miami Beach, e neste ano assume a feira de Hong Kong, de olho no alvoroço do mercado asiático.

"Depois que nos associamos a essa marca, tivemos uma procura maior de galerias estrangeiras", diz Magnus Renfrew, diretor do braço oriental da Art Basel, com 266 galerias confirmadas.

Na mesma direção, a Frieze, tradicional feira de Londres, cruzou o Atlântico e foi a Nova York, ameaçando desbancar o Armory Show, que há anos tenta se reinventar na disputadíssima Manhattan. "Estamos de olho na concentração do mercado aqui", diz o diretor Matthew Slotover. "Fomos bem recebidos."

Frases

"É uma concorrência voraz"

ANDRÉ MILLAN
galerista

"Ficamos ensanduichados entre a Frieze e a feira de Hong Kong. Colecionadores já disseram que vão para Hong Kong. Paciência, temos de viver com isso"

FERNANDA FEITOSA
diretora da SP-Arte

Posted by Cecília Bedê at 1:38 PM

maio 8, 2012

Terra de gigantes por Paula Alzugaray e Bate papo Antony Gormley por Nina Gazire, Istoé

Terra de gigantes

Matéria de Paula Alzugaray e Bate papo Antony Gormley por Nina Gazire originalmente publicada na seção de artes visuais da Istoé em 4 de maio de 2012.

Quando foram instaladas em Manhattan, há dois anos, as 31 esculturas de homens nus em ferro fundido que compõem a obra “Event Horizon” desafiavam as alturas e os skylines da cidade de Nova York. O britânico Antony Gormley esculpiu essas figuras humanas a partir da modelagem do próprio corpo. Agora, elas serão instaladas no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, como parte da programação de “Corpos Presentes – Still Being”, a primeira exposição individual de Gormley no Brasil. “Não consigo pensar em trabalho melhor para o espaço público de São Paulo do que ‘Event Horizon’. Esse é o meu melhor trabalho, no sentido de que ele provoca nas pessoas a consciência do ambiente.

A distribuição dos corpos pela cidade será incrível”, disse o escultor à Istoé durante a montagem do trabalho.

Aos 61 anos, Antony Gormley é um dos mais célebres e conceituados escultores em atividade. Seus trabalhos exploram a relação do corpo humano com os espaços que ele habita, criando desde esculturas intimistas até megainstalações em escala monumental. “Sua obra tem uma dimensão ao mesmo tempo industrial e artesanal. É um trabalho altamente tecnológico, que começa com a produção manual de moldes e termina com cortes a laser”, afirma o curador Marcello Dantas. “Seu trabalho não é sobre o corpo, mas sobre como o corpo é posicionado no espaço”, continua ele. Ao trabalhar com a figura humana, Gormley costuma partir da modelagem do próprio corpo, para depois fragmentá-lo em cubos de aço inoxidável – em “...” –, ou multiplicá-lo em 60 sólidas figuras de ferro – como ocorre em “Critical Mass”.

Seja em concreto, aço inoxidável, alumínio, borracha, arame, terracota, ou até pão e cera, os supercorpos construídos por Antony Gormley são maneiras diversas de o artista pensar as relações do homem com a arquitetura. “Em 2050, 70% dos humanos viverão em cidades. Fico me perguntando se nossas casas são o nosso segundo corpo” afirma Gormley, que, além das 11 esculturas, vídeos, maquetes e fotografias expostas no CCBB, concebeu oito novos trabalhos para a mostra “Facts and Systems”, que inaugura em São Paulo, na quarta-feira 9 (leia quadro). “São oito esculturas feitas de aço que usam a linguagem da arquitetura para reescrever o espaço do corpo humano”, diz.

Bate papo Antony Gormley

Por Nina Gazire

Event Horizon é um projeto de arte pública desenvolvido para a cidade de Londres, mas que já foi mostrado em Nova York e agora chega a São Paulo. O trabalho sofrerá alguma adaptação para ser mostrado na cidade? Qual é sua expectativa?

Decidimos desde o início que todos os trabalhos da mostra deveriam ser balanceados dentro e fora, em espaços fechados como os do CCBB ou na rua como os que estarão no Anhangabaú. Todo o espaço da cidade estava envolvido de alguma maneira. Não consigo pensar trabalho melhor para o espaço público de São Paulo do que Event Horizon. Acho que esse é o meu melhor trabalho, no sentido de que ele provoca nas pessoas a consciência do ambiente, do entorno. Acho que a distribuição dos corpos pela cidade será incrível. São Paulo é uma megalópole, mas é diferente de Londres e Nova York, onde este trabalho já foi mostrado antes. Não consigo imaginar qual será reação das pessoas. Quando faço um trabalho, dificilmente tento adivinhar como o público reagirá a ele. Eu gosto do elemento surpresa, acho que o resultado de Event Horizon em São Paulo é imprevisível.

Você também desenvolveu novos trabalhos especialmente para uma mostra paralela em espaço da galeria londrina White Cube em São Paulo. Como foi o processo de criação para essa exposição?

Desenvolvi oito novos trabalhos especialmente para esta exposição inédita que se chama Facts e Systems. Ela será num antigo estacionamento que transformamos em galeria, na rua Agostinho Rodrigues, em São Paulo. As obras foram feitos especialmente para a cidade de São Paulo. São oito esculturas feitas de aço que usam a linguagem da arquitetura para descrever ou reescrever o espaço do corpo humano. Todos nós vivemos em cidades agora, 70% dos humanos viverão em cidades no ano de 2050. Fico me perguntando se nossas casas são uma espécie de extensão do nossos corpos e de que maneira o corpo passou a usar a linguagem arquitetônica. As obras denominadas “fatos” seriam esse tipo de arquitetura aplicada ao corpo e os “sistemas” seriam os esquemas que criamos para criar formas de comunicação do corpo com o ambiente urbano. Estou falando dessa condição humana, da condição de São Paulo, ou qualquer cidade grande. Estou falando de conexão. Usamos todas essas ferramentas, mídia sociais, celulares e pensamos que estamos conectados uns com os outros. Mas na verdade estamos nos afastando, essas ferramentas te dão uma voz, mas não um corpo. Você fica em contato, mas não em tato. Porém, não estou dizendo que isso é ruim. A questão é que nos tornamos conectados e estamos cada vez mais desincorporados, sem contato físico.

Ao longo de sua carreira você sempre deu ênfase ao corpo humano. Porque há predominância da figura humana em suas esculturas e seus desenhos?

Estou interessado no espaço e no modo como vivenciamos isso. Penso no corpo como um espaço. Quando fechamos nossos olhos temos a sensação de estar em outro lugar, mas não estamos. Esta experiência não é definida pela perspectiva, ou pelas ideias medidas ou de distâncias, é um espaço aberto. Estou falando com você agora por telefone e estou com os meus olhos fechados e isso faz com que eu tenha a sensação de estar em outro lugar. Mas este outro lugar não é dado da mesma maneira o espaço define formas e objetos, ele infinito não tem fronteiras. É apenas a escuridão do corpo, é como o céu a noite, não possui limites. O que eu tento fazer é colidir essa dialética entre o corpo e o espaço físico. O verdadeiro espaço humano, vai além do corpo, está na consciência humana e reinventar essa experiência indo além da mera aparência do corpo é o que tenho tentado fazer no meu trabalho.

Na ocasião da ECO92, no Rio, você criou o trabalho Amazon Field com a ajuda de comunidades da região de Porto Velho. Como foi essa experiência?

Infelizmente, desde 1992 não fizemos um progresso relevante nas questões do meio ambiente. Acho que naquele ano havia uma grande esperança em iniciativas como esse encontro, em começarmos a pensar na justiça social e em maneiras de explorar o sustento sem a exaustão de recursos e danos ao meio ambiente. Hoje todo mundo fala da crise econômica da Europa e tanto os EUA quanto a China boicotaram todas as tentativas reais de negociação para a políticas ambientais, no último encontro de Copenhagen. O trabalho realizado na Amazônia é um gesto simbólico do que podemos fazer se unirmos as forças, pois essa é uma questão que pertence a todos nós. E a verdade é que, até o momento, o que temos feito não foi suficiente.

Posted by Cecília Bedê at 2:05 PM

Obra de Letícia Parente é debatida em ciclo de conferências por Adriana Martins, Diário do Nordeste

Obra de Letícia Parente é debatida em ciclo de conferências

Matéria de Adriana Martins originalmente publicada no Caderno 3 do jornal Diário do Nordeste em 8 de maio de 2012.

Embora não esteja entre nós há mais de 20 anos, a videoartista Letícia Parente nunca se ausentou completamente do universo das artes visuais no País - especialmente no âmbito da produção contemporânea -, por meio do legado que deixou, em uma atuação pioneira na área. Obras como o emblemático vídeo "Made in Brazil", na qual a artista costura a frase na sola do pé, permanecem até hoje como referenciais para realizadores, artistas e pesquisadores.

Com o objetivo de discutir e ampliar o alcance desse trabalho, o Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza promove, hoje e amanhã, de 14 horas às 21 horas, o Ciclo de Conferências: a imagem-pensamento de Letícia Parente. O evento vai abranger quatro conferências sobre a obra e a vida da videoartista, com a participação de críticos, curadores e artistas de renome internacional - entre eles Françoise Parfait (França), professora de Arte e Novas Mídias na Université de Paris I. Colaboram ainda Fernando Cocchiarale (RJ); Alexandre Veras (CE); e Marisa Flórido (RJ). Os mediadores das palestras são: Beatriz Furtado (CE), Yuri Firmeza (CE), Solon Ribeiro (CE) e André Parente (MG), filho de Letícia - estes três últimos, também responsáveis pela curadoria do Ciclo. De maneira mais específica, o ciclo pretende tratar da obra da artista Letícia Parente e suas relações com o surgimento do vídeo e a experimentação desta linguagem por parte dos artistas na década de 1960 e 70, sobretudo no Brasil.

Em sua fala, o professor e crítico Fernando Cocchiarale pretende trazer um pouco sobre o trabalho de Parente a partir de um grupo do qual ela fazia parte nos anos 1970. "Não era oficial, mas alguns amigos e artistas reunidos em torno do tema", explica o palestrante, que também integrava o grupo.

"Conheci Letícia em 1973, era muito amigo dela, da família, do André Parente. Vai ser uma fala também afetiva. Ela foi pioneira, fez as primeiras experiências no campo da videoarte", complementa Cocchiarale.

Para o crítico, a obra de Letícia permanece atual e importante de várias maneiras. "Sobretudo os seus vídeos discutem um assunto hoje bastante pesquisado: a questão de gênero. Muitos dos seus trabalhos são claramente feitos do ponto de vista da mulher, em uma crítica à condição feminina na época, quando o País vivia uma ditadura militar", ressalta Cocchiarale. "Por exemplo, ela abordava tarefas domésticas, maquiava-se ou se pendurava como uma roupa no armário", recorda.

O crítico cita ainda o vídeo "Made in Brazil", segundo ele, "uma obra histórica, não no sentido de pertencer ao passado, mas à trajetória da arte brasileira", reconhece.

A opinião é compartilhada pela crítica de arte Marisa Florêncio, que ministra palestra amanhã. "Vou levar uma reflexão sobre os vídeos da Letícia, sobre seu pioneirismo na videoarte, sobre a relação entre corpo e discurso, e de seu trabalho com as mídias de massa, a TV, o cinema e a fotografia".

Mais informações

"A imagem-pensamento de Letícia Parente" - hoje e amanhã, das 14 às 21 horas, no CCBNB (R. Floriano Peixoto, 941, Centro). Gratuito. Contato: (85) 3464.3108

Posted by Cecília Bedê at 1:54 PM

Eliane Costa deixa a Petrobras por Deolinda Vilhena e Eliane Costa, Terra Magazine

Eliane Costa deixa a Petrobras

Matéria de Deolinda Vilhena e Eliane Costa originalmente publicada no Terra Magazine em 6 de maio de 2012

so meu espaço nesse blog para homenagear uma pessoa importantíssima nos últimos anos na vida dos que trabalham com cultura nesse Brasil: Eliane Costa, Gerente de Patrocínios da Petrobras desde 2003 e que se prepara para deixar a empresa na qual trabalha há 37 anos!

Conheci Eliane em Paris, mais precisamente em novembro de 2010 quando integramos uma equipe de cerca de vinte brasileiros contemplados pelo Ministério das Relações Exteriores e pelo Ministério da Cultura da França, o Courants du Monde. Foi um ano especial, a Promotion 2010 do Courants du Monde há de ficar na história do projeto. Éramos uma equipe da pesada: Eliane Costa, Eva Dóris Rosental, Fernanda Celidônio, Vitor Ortiz (hoje Secretário Executivo do Ministério da Cultura), Eliana Bogéa, enfim pessoas com uma trajetória em suas vidas profissionais que se cruzaram num dos mais bonitos programas de formação do qual eu tenho conhecimento.

Durante três semanas moramos no mesmo hotel, andávamos em turma e eu meio que funcionava como a guia da tchurma pelo fato de haver morado anos e anos em Paris – e claro pela minha paixão infinita por essa cidade. Tínhamos aula de segunda à sexta, das 9h às 12h e das 14h às 17h em Paris Dauphine. E Dauphine é apenas um universidade de referência na área da Economia da Cultura, ou seja havia muito trabalho. Mas havia muita festa também porque Paris é – e o será eternamente! – uma festa.
Duas coisas me impressionaram na figura de Eliane Costa: sua simplicidade e sua capacidade de trabalho. Simplicidade porque o cargo que ela ocupava fazia dela a mulher mais cortejada do Brasil, Dilma ainda não era Presidente do Brasil e Graça Foster também não havia chegado à presidência da Petrobras. Quanto a capacidade de trabalho só tenho a dizer que era de impressionar. Porque ela ia diariamente às aulas, nos acompanhava nos teatros e nas mesas de bar/café de Paris, fazia sua caminhada diária às margens do Sena e ainda encontrava tempo para redigir o final de sua dissertação de Mestrado, sim ela é Mestre em Bens Culturais e Projetos Sociais pela FGV-Rio com pesquisa sobre políticas públicas para a cultura digital na gestão Gilberto Gil, que resultou em seu livro Jangada Digital, publicado em 2011.

Nossos caminhos se cruzaram nos carrefours parisienses e são para toda a vida. Como profissional da cultura lamento sua saída, vai fazer falta para muita gente. Mas como sua amiga confesso que estou feliz, vai sobrar mais tempo para tudo o que quero fazer em parceria com ela e com quem mais quiser se juntar a nós.

Eliane será Doutora pela Sorbonne, e uma vez sorbonnarde toujours sorbonnarde, o que nos unirá mais ainda…e estarei lá na sala de defesa da grande Sorbonne para aplaudir mais essa conquista dessa libriana, que toca cavaquinho e gosta de boa música. Mas antes disso terei o prazer de recebê-la daqui a uns dias em Salvador para participar como palestrante do 1º Seminário Internacional de Formação e Capacitação em Cultura, que acontecerá nos dias 28, 29 e 30 de maio, no Teatro Vila Velha e do qual sou Presidente da Comissão Organizadora mas sobre isso falaremos outro dia.
Deixo aqui meu abraço apertado para Eliane e desejo muito muito sucesso nos novos caminhos que a levarão com frequência à la Cour d'Honneur de la Sorbonne. Daqui a alguns poucos anos postarei aqui as fotos da defesa de tese dela sob a direção do Michel Maffesolli e a menção: très honorable avec félicitations du júry à l'unanimité. A mais alta concedida a um doutorando na França. Porque da Eliane é o mínimo que eu espero.

Aqui embaixo vocês a carta de despedida encaminhada por ela a seus amigos e parceiros ao longo desses anos de trabalho.

Caros colegas, parceiros e amigos

Como alguns de vocês já sabem, desde o início do ano me preparo para me aposentar da Petrobras, deixando, por conseguinte, a Gerência de Patrocínios, o que faço agora, nos primeiros dias de maio. Não foi uma decisão abrupta: ao contrário, posso dizer que comecei a pensar nisso há dois anos, após terminar o Mestrado e lançar meu livro Jangada Digital, sobre as primeiras políticas públicas do Ministério da Cultura para o cenário das redes: os Pontos de Cultura, na gestão Gilberto Gil.

Minha decisão ganhou força quando fui convidada, no final do ano passado, para fazer um Doutorado na Sorbonne, levando para lá a pesquisa sobre essa experiência brasileira, agora acrescida dos igualmente originais e potentes movimentos de sociedade civil que trabalham nessa mesma interseção cultura / redes digitais / território / cidadania, dentre os quais Afroreggae, Fora do Eixo, Central Única das Favelas, Nós do Morro, Viva Favela, Agência de Redes para a Juventude, Casa da Cultura Digital, Universidade das Quebradas, Observatório de Favelas, PontoCine Guadalupe, Narrativas Digitais, Redes da Maré, Tramas Urbanas, Regiões Narrativas, Crescer e Viver, Conexão Felipe Camarão, Tangolomango e tantos outros. Isso sem deixar de fora o fenômeno de microempreendedorismo representado pelas mais de 100 MIL lan-houses que se espalham pelos bairros populares e favelas brasileiras: um número impressionante, principalmente quando comparado às 5 mil bibliotecas públicas, 2200 salas de cinemas ou 2500 livrarias no país. Devo dizer que essa cena brasileira é muito reconhecida no exterior por sua originalidade, ousadia e potência transformadora.

Parte expressiva dessa efervescência cultural foi incentivada pelo enfoque das políticas públicas a partir de 2003, que então passaram a enfatizar a perspectiva da diversidade e dos direitos culturais, ao lado de uma concepção contemporânea de cultura e da percepção dos desafios que estão hoje a ela colocados. Essa cena foi, ao mesmo tempo, energizada pela Petrobras, que identificou nessas manifestações algumas das prioridades de sua própria política de patrocínio cultural: “contribuir para a realização de projetos de interesse público, não necessariamente na evidência do mercado e que contemplem a cultura brasileira em toda a sua diversidade étnica e regional”, bem como “contribuir para a afirmação da cultura como direito social básico do cidadão”.

Eu não poderia, portanto, perder a oportunidade de, após essa experiência de formulação e gestão de uma política cultural institucional articulada com as políticas públicas para o setor, continuar refletindo sobre a “cultura das redes” e seu diálogo com a chamada “cultura da periferia”, assuntos que, “juntos e misturados” aos seus valentes protagonistas, me proporcionaram as experiências mais ricas e motivadoras que tive durante os quase nove anos em que fui gerente de patrocínios na Petrobras.
Assim, acabo de começar o doutorado no Centre d’Études sur l’Actuel et le Quotidien (CEAQ / Paris V), sob a orientação do professor Michel Maffesoli que, há algum tempo, já dissera que “o Brasil é o laboratório da pós-modernidade”. Não precisarei me mudar para a França nesse primeiro momento, visto que meu campo de pesquisa é aqui, mas preciso ter tempo pra estudar e disponibilidade para estar lá, por algumas semanas, pelo menos duas vezes ao ano.

Minha decisão não é nada fácil: deixo a empresa após 37 (trinta e sete!) anos de casa, durante os quais vesti a camisa da Petrobras com muita paixão. Nesses últimos nove, estive à frente das seleções públicas nacionais de projetos e da gestão do Programa Petrobras Cultural (PPC), que, desde 2003, viabilizou mais de três mil projetos provenientes de todas as regiões do país: a maior parte dos filmes brasileiros produzidos/lançados no período, ao lado de espetáculos, concertos, livros, exposições, ações de arte-educação, CDs, DVDs, portais na internet, redes, orquestras, festivais, seminários, oficinas, óperas, balés, obras de restauro de edificações históricas, ações de salvaguarda e registro do patrimônio imaterial brasileiro, festas populares, manutenção de espaços culturais e de formação, além de companhias de teatro, dança e circo.

Essas ações envolveram cultura popular, tradicional e de vanguarda; de “centro” e de “periferia”; analógica e digital; focadas não só em produção, mas também em difusão, memória, reflexão, formação de públicos, talentos e técnicos para o setor; projetos singelos e de grande porte; realizadores consagrados e os novos protagonistas da cena cultural contemporânea. Vozes, cores, linguagens, olhares, trajetórias, narrativas e sotaques que fazem jus à diversidade étnica, regional e social da cultura brasileira.
Tenho a convicção de ter trazido ao meu trabalho as idéias e energias de muitas outras pessoas que vieram antes de mim, e de outras tantas que estiveram ao meu lado nesse percurso e o continuarão, não necessariamente da mesma maneira. Certamente o período com que pude contribuir para essa atividade faz parte de uma linha muito mais longa, para trás e para frente.

Nesse momento de partida, agradeço, em primeiro lugar, à minha equipe, competente, carinhosa e companheira nos desafios de todos os dias, especialmente à Taís, minha substituta durante a maior parte desses nove anos, e aos demais gerentes setoriais e coordenadores que me acompanharam mais de perto, como Thompson, Gilberto, Claudio Jorge, Romildo e Regina, que, juntos, deram o suporte indispensável à minha gestão. Não posso citar cada um de vocês, mas sintam-se todos prestigiados e tocados por minha gratidão.

Sou muito grata, também, aos superiores que tive nessa jornada: os ex-presidentes Jose Eduardo Dutra e Jose Sergio Gabrielli, bem como a presidente Graça Foster, com quem pouco pude conviver, por conta dessa minha decisão, mas a quem desejo muita força e sucesso nesse posto que, pela primeira vez, é feminino. A Wilson Santarosa, que, como Gerente Executivo da Comunicação Institucional, foi, desde 2003, meu gerente superior imediato, agradeço muito especialmente. Todos me proporcionaram um tempo muitíssimo feliz, mesmo com todo o estresse inerente a um cargo como o que deixo agora.
Agradeço, igualmente, a todos(as) os(as) colegas e amigos(as) que fiz ao longo desses 37 anos, em todas as áreas da empresa pelas quais passei: ainda que, à época com outros nomes, a área de Tecnologia da Informação, a Universidade Petrobras, a Exploração & Produção, a Área de Negócio Internacional e em especial, a Comunicação Institucional, onde estou desde 2002, e onde aprendi muito com as demais equipes e com meus pares-gerentes. Obrigada também aos colegas e parceiros do Jurídico, Tributário, Auditoria, GAPRE, da BR e demais subsidiárias, bem como das áreas regionais de comunicação ligadas aos demais órgãos da empresa.

E, claro, aos meus amigos e familiares que estiveram perto de mim durante essa trajetória, que certamente lhes subtraiu muitas de minhas horas.

Não posso deixar de agradecer, ainda, ao Ministério da Cultura e suas fundações e autarquias vinculadas, à Secretaria de Comunicação da Presidência da República – SECOM (em especial ao seu Comitê de Patrocínios), às secretarias estaduais e municipais de cultura com os quais tive contato, às instituições culturais parceiras, aos mais de 400 especialistas que integraram as comissões anuais de seleção pública do PPC (professores, pesquisadores, críticos, realizadores vindos de todo o Brasil) e aos profissionais da imprensa (pelo respeito e consideração que sempre tiveram com a minha pessoa).
Agradeço muito especialmente aos proponentes dos milhares de projetos que tive a oportunidade de receber e ouvir (tendo a Petrobras podido, ou não, patrociná-los), tanto na sede da empresa, quanto durante as Caravanas PPC, circuito nacional de bate-papos e oficinas de projetos que inauguramos em 2005, com o objetivo de agregar à divulgação da abertura das inscrições para as seleções públicas do Programa Petrobras Cultural uma dimensão formativa, com oficinas de projetos e bate-papos diretos com artistas, criadores, produtores e agitadores culturais de todas as capitais e de algumas das grandes cidades brasileiras. Nesses circuitos, acho que ouvi quase todos os sotaques do Brasil, bem como a voz de muitos brasileiros orgulhosos de serem reconhecidos como protagonistas de nossa cultura. Nessas Caravanas, pude, acima de tudo, perceber claramente como são diversas as demandas, as dificuldades e as possibilidades dos muitos “brasis”, e como alguns pequenos detalhes nos processos, nos critérios, na política de patrocínios da empresa e no próprio relacionamento do patrocinador com os proponentes, e com seus projetos, podem fazer enorme diferença, certamente imperceptível para quem não sai de sua mesa no escritório.

Foi, realmente, uma experiência riquíssima.

Embora a importância da Petrobras para o país transcenda, em muito, os limites da cena cultural, posso afirmar que foi a partir da perspectiva da cultura que pude compreender mais profundamente a dimensão da presença dessa empresa, capaz de transformar realidades e pessoas. A possibilidade de, dentro dos meus limites, ter contribuído para essa transformação me deixa, sinceramente, muito feliz e realizada.
Vou me dedicar, a partir de agora, ao meu doutorado e a compartilhar essa experiência que tive o privilégio de acumular: dando aulas nos programas de pós-graduação da ESPM e da Candido Mendes, bem como em palestras, consultorias e projetos bacanas que surgirem. Este email da Petrobras sairá do ar no próximo dia 10.

Um grande abraço a todos! E continuemos atentos ao papel estratégico que a Cultura precisa ocupar no projeto do Brasil que queremos.

Eliane Costa

PS: Continuarei, também, como sempre, tocando cavaquinho e cantando nas rodas de samba mensais do bloco Escravos da Mauá, desde 1993 na região portuária carioca.

Posted by Cecília Bedê at 1:42 PM | Comentários (1)