Página inicial

Como atiçar a brasa

 


julho 2021
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sab
        1 2 3
4 5 6 7 8 9 10
11 12 13 14 15 16 17
18 19 20 21 22 23 24
25 26 27 28 29 30 31
Pesquise em
Como atiçar a brasa:
Arquivos:
junho 2021
abril 2021
março 2021
dezembro 2020
outubro 2020
setembro 2020
julho 2020
junho 2020
maio 2020
abril 2020
março 2020
fevereiro 2020
janeiro 2020
novembro 2019
outubro 2019
setembro 2019
agosto 2019
julho 2019
junho 2019
maio 2019
abril 2019
março 2019
fevereiro 2019
janeiro 2019
dezembro 2018
novembro 2018
outubro 2018
setembro 2018
agosto 2018
julho 2018
junho 2018
maio 2018
abril 2018
março 2018
fevereiro 2018
janeiro 2018
dezembro 2017
novembro 2017
outubro 2017
setembro 2017
agosto 2017
julho 2017
junho 2017
maio 2017
abril 2017
março 2017
fevereiro 2017
janeiro 2017
dezembro 2016
novembro 2016
outubro 2016
setembro 2016
agosto 2016
julho 2016
junho 2016
maio 2016
abril 2016
março 2016
fevereiro 2016
janeiro 2016
novembro 2015
outubro 2015
setembro 2015
agosto 2015
julho 2015
junho 2015
maio 2015
abril 2015
março 2015
fevereiro 2015
dezembro 2014
novembro 2014
outubro 2014
setembro 2014
agosto 2014
julho 2014
junho 2014
maio 2014
abril 2014
março 2014
fevereiro 2014
janeiro 2014
dezembro 2013
novembro 2013
outubro 2013
setembro 2013
agosto 2013
julho 2013
junho 2013
maio 2013
abril 2013
março 2013
fevereiro 2013
janeiro 2013
dezembro 2012
novembro 2012
outubro 2012
setembro 2012
agosto 2012
julho 2012
junho 2012
maio 2012
abril 2012
março 2012
fevereiro 2012
janeiro 2012
dezembro 2011
novembro 2011
outubro 2011
setembro 2011
agosto 2011
julho 2011
junho 2011
maio 2011
abril 2011
março 2011
fevereiro 2011
janeiro 2011
dezembro 2010
novembro 2010
outubro 2010
setembro 2010
agosto 2010
julho 2010
junho 2010
maio 2010
abril 2010
março 2010
fevereiro 2010
janeiro 2010
dezembro 2009
novembro 2009
outubro 2009
setembro 2009
agosto 2009
julho 2009
junho 2009
maio 2009
abril 2009
março 2009
fevereiro 2009
janeiro 2009
dezembro 2008
novembro 2008
outubro 2008
setembro 2008
agosto 2008
julho 2008
junho 2008
maio 2008
abril 2008
março 2008
fevereiro 2008
janeiro 2008
dezembro 2007
novembro 2007
outubro 2007
setembro 2007
agosto 2007
julho 2007
junho 2007
maio 2007
abril 2007
março 2007
fevereiro 2007
janeiro 2007
dezembro 2006
novembro 2006
outubro 2006
setembro 2006
agosto 2006
julho 2006
junho 2006
maio 2006
abril 2006
março 2006
fevereiro 2006
janeiro 2006
dezembro 2005
novembro 2005
outubro 2005
setembro 2005
julho 2005
junho 2005
maio 2005
abril 2005
fevereiro 2005
janeiro 2005
dezembro 2004
novembro 2004
outubro 2004
setembro 2004
agosto 2004
julho 2004
junho 2004
maio 2004
As últimas:
 

março 2, 2012

Conversa entre gerações por Angélica de Moraes, Revista Select

Conversa entre gerações

Matéria de Angélica de Moraes originalmente publicada na seção crítica / artes visuais da Revista Select em 1 de março de 2012.

O corpo, a sexualidade e a memória são os temas da mostra dos dois artistas, em exposição até 17 de março

Galeria Jaqueline Martins reúne colagens e assemblages de Hudinilson Jr e Nino Cais

Hoje, primeiro de março, às 20h, Hudinilson Jr e Nino Cais vão conversar entre eles e com o público na galeria Jaqueline Martins, com mediação da crítica e curadora Thais Rivitti. Na verdade, essa conversa já vem acontecendo nas paredes da galeria há algumas semanas, demonstrando que os dois artistas têm muito em comum e que a exposição resultou bem afinada.

São 60 peças de pequeno e médio formato, criadas a partir de recortes de jornais, livros, documentos pessoais e objetos, que ocupam, lado a lado e em grande harmonia, o térreo e mezanino da galeria.

Apesar de pertencerem a duas gerações diversas e terem desenvolvido linguagens autorais inconfundíveis, Hudinilson Jr (1957) e Cais (1969) dedicam à colagem e à assemblage o foco principal de suas produções. Os dois trabalham a memória aderida aos objetos e aos corpos, embora Hudinilson seja mais focado no homoerotismo hard core e Cais realize a uma delicada arqueologia sobre as fragilidades das coisas passadas que resistem e flutuam no tempo até a atualidade.

O conjunto de trabalhos está muito bem costurado ao longo da mostra, estabelecendo semelhanças e diferenças de abordagens temáticas sem romper a fruição do público. A mostra se oferece inteira especialmente àqueles que já aprenderam a prática civilizada e civilizatória de recusar julgamentos morais e censura de costumes.

Um dos pontos altos da mostra é o resgate de meia dúzia de assemblages realizadas por Hudinilson nos anos 1980 e em 2002, com eficaz articulação visual de objetos e imagens retiradas de revistas e outras publicações da cultura de massas. São peças que frequentam com muita propriedade o território da poesia visual, com certa doçura surpreendente.

Grau máximo de irreverência - Ao longo da carreira e nas obras recentes, Hudinilson costuma imprimir grau máximo de irreverência à glorificação da sensualidade do corpo masculino, em registro homoerótico, sem limites nem censura. Temática, aliás, que lhe rendeu polêmica colossal quando, nos anos 1980, xerocou e ampliou para outdoors exibidos nas ruas de São Paulo imagens de seus genitais em close. Postura política radical ainda hoje, aliás, quando o politicamente correto castra boa parte da produção cultural.

As obras de maior voltagem poética da participação de Nino Cais na mostra são seus três objetos/esculturas, em que soma naturezas diversas de objetos, atualizando atitudes e processos da herança estética do surrealismo. Há sínteses raras como em Marretas (2011), onde pousa a ferramenta-símbolo da força e da destruição sobre xícaras de porcelana, atingindo excelência de resultados que o aproximam do poeta visual catalão Joan Brossa.

Signos da fragilidade da vida e da memória são articulados por Cais ainda na cadeira com foices (morte) sugerindo um balanço impossível. Outra cadeira teve prótese ortopédica acoplada a suas “pernas”, amplificando o conceito de assemblage para operação simbólica mais afinada com a contemporaneidade.

As colagens com raras e belas estampas (litografias e rotogravuras) do século 19 ou início do século 20, garimpadas em sebos e reunidas a intrigantes recortes de papel completam a sólida contribuição de Cais a esta exposição. A mostra de Hudinilson Jr e Nino Cais reafirma a vocação da galeria de Jaqueline Martins no resgate cultural, contextualização e pesquisa que já nos ofereceu, há poucos meses, uma antológica mostra individual do pioneiro do grafite Alex Vallauri, que colocou muitos pingos nos iis sobre a História desse movimento que os desavisados imaginam ser fenômeno recente.

SERVIÇO
Hudinilson Jr e Nino Cais: colagens
Até 10 de março
Galeria Jaqueline Martins
Rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 74, São Paulo (SP)
de 2ª a 6ª, das 11h30 às 19h; sábados, das 11h30 às 17h


Posted by Cecília Bedê at 5:06 PM

Ministério da Cultura abre operação para realizar Bienal por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo

Ministério da Cultura abre operação para realizar Bienal

Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada no jornal Folha S. Paulo, em 25 de fevereiro de 2012.

Está em curso operação organizada pelo Ministério da Cultura (MinC) para viabilizar a realização da 30ª Bienal de São Paulo. A mostra seria gerenciada por outra instituição com situação regular, definida entre a Pinacoteca do Estado de São Paulo, o Museu de Arte Moderna e o Instituto Tomie Ohtake, segundo a Folha apurou.

Com suas contas vinculadas à lei Rouanet bloqueadas por inadimplência, a Fundação Bienal não pode mexer nos mais de R$ 8 milhões já arrecadados em incentivos.

A inadimplência foi decretada no dia 2 de janeiro por conta de processo da CGU (Controladoria Geral da União), que teve início em abril de 2009. Ele apontava irregularidades em 13 processos da Bienal, ocorridos entre 1999 e 2006, nas gestões de Carlos Bratke e Manoel Francisco Pires da Costa.

A Bienal teria feito mau uso de verbas públicas no total de R$ 32 milhões.

PRAZOS

O presidente da Bienal, Heitor Martins, disse à Folha, no mês passado, que, se as contas não fossem liberadas em meados de fevereiro, a Bienal estaria em risco.

"Os cerca de R$ 5 milhões arrecadados fora das leis de incentivo não seriam suficientes para a mostra, orçada em R$ 27 milhões", disse.

Esse prazo, segundo a assessoria de imprensa da Bienal, foi definido agora como 15 de março. No entanto, já há atrasos no cronograma: o material didático do setor educativo, que deveria ter ido para a gráfica, está parado.

Martins não quis comentar a negociação em curso com o Ministério da Cultura.

Segundo a Folha apurou, a saída em negociação seria transferir o proponente do projeto da 30ª Bienal para um das três entidades já mencionadas. O projeto, inserido na Lei Rouanet, prevê a captação de R$ 27 milhões e, segundo Martins, a maior parte dele já estaria garantido.

INTERESSADOS

As instituições devem ser consultadas, na próxima semana, se estão interessadas em participar do acordo.

Ainda segundo fontes da Folha, a entidade com maior chance é a Pinacoteca, que tem seu diretor, Marcelo Araújo, entre os conselheiros da Fundação Bienal.

Questionada sobre a negociação, a assessoria do Ministério da Cultura não respondeu ao jornal até o fechamento desta edição.

Posted by Patricia Canetti at 9:39 AM

março 1, 2012

De que se fala quando falam de natureza por Juliana Monachesi, Revista Select

De que se fala quando falam de natureza

Matéria de Juliana Monachesi originalmente publicada na seção crítica / artes visuais da Revista Select em 25 de fevereiro de 2012.

Trabalhos e mostras associados inconsequentemente ao meio ambiente banalizam a discussão em torno da arte ecológica

Exposições em São Paulo e Belo Horizonte tentam estabelecer uma conexão entre arte e natureza, com resultados incoerentes

Um índio algo deslocado, empunhando uma arco-e-flecha imaginário à beira de um dos lagos do Horto Florestal, o corpo coberto de tinta vermelha, parece ser um trabalho de denúncia sobre a relação mutuamente excludente entre grandes metrópoles (o horto, apesar de ser um pedaço de floresta preservada enquanto tal dentro de São Paulo, não deixa de ser artificial em seus aspectos de fauna e flora "domadas") e povos indígenas nativos. Certo? A julgar pelo depoimento do artista em material de divulgação da mostra Arte e Meio Ambiente: Rompendo Fronteiras, em cartaz no Museu do Horto desde o dia 12, a impressão está errada.

Tanto Mello Witkowski Pinto, autor da escultura em resina e fibra de vidro intitulada Índio Puro (2008), quanto Margherita Leoni, que são os dois artistas cujos trabalhos estão reunidos na exposição, defendem que o propósito das obras apresentadas é abordar a "relação de equilíbrio com a natureza". Leoni, em um painel monumental também instalado fora do museu, retrata plantas brasileiras nativas em escala agigantada. São 40 metros de painéis que formam um percurso em S e que resultam da ampliação e impressão de desenhos de observação que a artista realiza há dez anos - seu acervo de aquarelas tem registrados mais de 200 tipos de vegetação tipicamente brasileira.

Não fui conferir pessoalmente, mas ambos os trabalhos mencionados parecem ter lá o seu interesse. A escultura, se observada à parte do discurso algo maniqueísta do artista (e considero apenas aquilo que foi veiculado no press release, pois tampouco conversei com os artistas), remete às peças do israelense Yoram Wolberger em que discute estereótipos culturais por meio da ampliação de soldadinhos, índios e cowboys das brincadeiras infantis. A instalação de Margherita Leoni (a não ser pela estrutura metálica em que os painéis foram montados, que polui a obra) promove um contraste instigante entre a atualidade da natureza-morta e os equívocos da land art.

Porém, o descompasso entre o discurso dos artistas e os trabalhos expostos (como, por exemplo, ao intitular a mostra Arte e Meio Ambiente: Rompendo Fronteiras - de que fronteiras se trataria?) vai mais além quando se confrontam as obras com o contexto em que são apresentadas. A exposição, de acorco ainda com o material de divulgação, é uma parceria do Governo Italiano com o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria do Meio Ambiente: "Após o período em cartaz no Horto [12 de fevereiro a 10 de agosto], a exposição percorrerá, durante quatro anos, os Parques do Estado. A inauguração teve a presença do Senhor Geraldo Alckmin, Governador do Estado de São Paulo e do Senhor Bruno Covas, Secretário de Estado do Meio Ambiente".

Ou seja, esta visão ingênua da relação entre arte e meio ambiente tem o aval de uma secretaria de Estado e representaria, sobretudo na referida itinerância por diversos parques de São Paulo, a visão do governo estadual sobre a contribuição que a arte pode dar para o debate ecológico. É isso mesmo? Os dois artistas citam preocupações ambientais nas respectivas declarações coligidas no material de divulgação para a mídia, mas ao mesmo tempo demonstram desconhecer as discussões da arte e da teoria ambiental contemporâneas com afirmações como "o desequilíbrio da natureza é um sinal de que o planeta está reagindo às agressões sofridas". Será que não estamos em uma fase do debate ecoartístico que exige mais sofisticação?

Palácio das Artes apresenta mostra de artistas mineiros que utilizam "matérias-primas encontradas na natureza"

A ecologia virou moeda de troca cultural, modismo que afeta qualidade e relevância das obras militantes do tema. Uma exposição em cartaz desde o dia 5 no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, também é divulgada como uma evento focado na ecologia: "Referências à natureza serão o destaque na Grande Galeria. Com obras dedicadas a esse tema, a mostra Duo pretende estabelecer um diálogo entre as produções recentes dos artistas Annie Rottenstein e José Alberto Nemer", informa o material distribuído para a imprensa. Em realidade, o único e frágil ponto de contato com a natureza nas obras expostas é a utilização de materiais "naturais".

Bambu, junco, fibras e pigmentos de terra constituem a matéria-prima das esculturas de Annie Rottenstein. As aquarelas de José Alberto Nemer, de resto bastante delicadas e elegantes, fazem uso de água e pigmentos que o texto de divulgação não esclarece se são particularmente "naturais". Ora, se a ideia era estabelecer um diálogo entre obras recentes de Rottenstein e Nemer, não teria ocorrido a alguém cotejar a organicidade de formas ou a paleta crua presente na produção de ambos? Por que apelar para a natureza quando ela evidentemente não é tema, nem assunto, nem leitmotiv, nem causa ou consequência de obra alguma?

Um último exemplo: Nesta terça-feira, 28, uma nova galeria, chamada Fibra, vai ser inaugurada no Pacaembú. A coletiva de inauguração, de nome Origem, reúne trabalhos de Gen Duarte, Ronah Carraro e Fredone Fone. Adivinhe qual elemento entrelaça a produção dos artistas? A fibra de bananeira. Informa o release: "Metade dos trabalhos a serem apresentados foi pintada sobre folhas de fibra de bananeira. Este material reciclado - utilizado na construção civil, nas indústrias automobilística, têxtil e moveleira - na Fibra Galeria passa a ser tratado como suporte para arte".

Quando foi que a reciclagem, a ecologia, a aproximação com a natureza ou sua tematização se tornaram um valor estético "em si"? O fato de a questão ambiental estar "na moda", em grande parte devido à sua urgência e inescapabilidade, não justifica a utilização indiscriminada e gratuita do tema para conferir atualidade ou relevância a eventos de arte, obras ou o que quer que seja. Pelo contrário, exige dos artistas ou de quem pretenda abraçar a causa maior seriedade e compromisso com seu objeto de estudo/trabalho, tendo em vista o risco de uma dupla banalização: da própria obra ou, pior, do tema em questão. Ou seria mero acaso o fato de os experts do meio artístico torcerem o nariz de antemão quando ouvem falar de arte e ecologia?

Posted by Cecília Bedê at 3:13 PM

fevereiro 29, 2012

Arqueologia social por Paula Alzugaray, Istoé

Arqueologia social

Matéria de Paula Alzugaray originalmente publicada na seção de artes visuais da Istoé em 24 de fevereiro de 2012.

Passado e presente se unem e reforçam caráter alegórico da arte contemporânea indiana, em exposição, em São Paulo

ÍNDIA! – LADO A LADO/ Sesc Belenzinho, SP/ 25/2 a 29/4

Em um Centro Cultural Banco do Brasil, imerso sob a aura de um museu de arqueologia, a exposição “Índia!” apresenta a cultura milenar indiana, com peças que chegam a datar desde 200 a.C. Mas, no Sesc Belenzinho, que recebe, a partir de sábado 25, o segmento contemporâneo da exposição, dedicado à atual cena do país, a história da arte e da cultura indianas é virada de ponta-cabeça. A imagem que melhor representa essa ideia é a obra “Vishnu Vilas”, do artista Manjunath Kamath, em que um busto do deus protetor contra as calamidades é tombado sobre objetos que se esparramam pelo chão. “Vishnu é representado em uma postura de perdedor, vencido, destruído”, afirma a curadora brasileira Tereza Arruda. “A partir daí, abre-se um amplo leque de questionamentos referentes à tradição, história e cultura”, completa ela. Assim como Kamath, os 17 artistas da mostra “Índia! – Lado a Lado” produzem releituras da história – sempre confrontada à atualidade de um país que divide hoje com Brasil, China e Rússia, toda a atenção mundial.

Há diversas realidades confrontadas na exposição. Em “Sonhos de Habitação”, o fotógrafo Vivek Vilasini documenta os estilos híbridos que brotam do boom imobiliário de pequenos vilarejos. Já o PIX Collective, coletivo de jovens fotógrafos que compõem o corpo editorial de uma revista trimestral, apresenta um mosaico de visões sobre o contexto social indiano. Há ainda esculturas, pinturas, vídeos e instalações.

Na maioria dos casos, o recorte da curadora Tereza Arruda apresenta artistas contemporâneos que se comportam como arqueólogos do espaço social urbano.

Desses exercícios de arqueologia social, surgem alegorias de vários aspectos da sociedade indiana: da condição feminina à religiosidade, passando pela organização em castas e o passado colonial. Entre os trabalhos, há reflexões muito agudas, como a videoanimação “C for Cutter” (C de cortador), de Vishal K. Dar, que usa uma nota de 500 rúpias, com a imagem de Gandhi, para pensar a respeito da sobreposição de valores que se sucederam no último século. Nessa obra, o artista projeta sobre a imagem de Gandhi uma série de ícones relativos a um certo culto à violência, em contraposição aos ideais pacifistas divulgados pelo líder político.

Mas, entre a diversidade de expressões apresentadas na mostra, surgem, por vezes, alegorias menos complexas. Como a instalação “Colostro”, de Reena Kallat, que, em sua crítica ao recente passado colonial, produz um discurso demasiadamente literal. A instalação é composta por elementos suntuosos – como uma coroa, um espartilho e um sapato de salto alto (em alusão ao sapato de cristal da Cinderela, talvez?) –, justapostos a pinturas em vermelho que remetem a cenas de agressão.

Saiba mais sobre a exposição na agenda de eventos.

Posted by Cecília Bedê at 9:06 AM

fevereiro 28, 2012

Coleção Pirelli/Masp completa 21 anos com retrospectiva por Simonetta Persichetti, O Estado de S. Paulo

Coleção Pirelli/Masp completa 21 anos com retrospectiva

Matéria de Simonetta Persichetti originalmente publicada no caderno de Cultura do jornal O Estado de S. Paulo em 28 de fevereiro de 2012.

Exposição percorre trajetória do projeto que nasceu para valorizar produção fotográfica do País

A Coleção Pirelli/Masp completa este ano a sua maioridade. Chega aos 21 anos e podemos dizer que é o acervo mais longevo do Brasil, no que diz respeito à parceria entre um museu e uma empresa patrocinadora. Para comemorar, o conselho de consultores resolveu fazer um retrospectiva que se inaugura hoje para convidados e começa amanhã no Masp.

Uma maneira de pensar e de alguma maneira revisitar todo a coleção que conta com 300 artistas e quase 1.100 imagens: "O resultado foi, então, fazer uma espécie de arqueologia de nós mesmos e, ao olhar para a própria coleção, decidimos romper com a tradição e assumir indistintamente os dez artistas que foram influentes e decisivos na criação das tendências que nortearam a fotografia moderna e contemporânea brasileira", escreve no texto de apresentação Rubens Fernandes Junior, pesquisador e integrante do conselho curador da Pirelli/Masp.

E é assim que encontramos as fotos de rua, de cotidiano de Alécio de Andrade, os retratos de Otto Stupakoff, as imagens intrigantes de Miguel Rio Branco e o incrível trabalho de Claudia Andujar, as fotografias documentais de Pierre Verger e Marcel Gautherot, o jornalismo do pioneiro do fotojornalismo no Brasil, José Medeiros, a ruptura do pictorialismo para a modernidade de Geraldo de Barros, os experimentalismos de Rosangela Rennó, ela mais artista plástica do que fotógrafa, a excelência de Mario Cravo Neto. São 100 imagens, 30 inéditas e 70 que já faziam parte do acervo.

Se não é fácil manter uma coleção desse porte com a obrigatoriedade de a cada ano apresentar novos profissionais com escolhas nem sempre felizes ou significativas, esta pausa de reflexão é ótima oportunidade para repensar o eixo curatorial. Como diz Fernandes Junior: "Neste momento nos colocamos uma série de perguntas para avaliar erros e acertos". Momento também de perdas para o conselho, com a morte de Luiz Hossaka e Thomaz Farkas, que desde o início ajudaram na formação estética da coleção.

O projeto teve início em 1990 sob a coordenação de Fernando Magalhães, na época conservador chefe do Museu de Arte de São Paulo; e Piero della Serra, diretor superintendente da Pirelli no Brasil, mas somente em 1991 foi apresentada a primeira mostra. A ideia era percorrer o País e formar uma coleção da produção brasileira. Fernandes Junior, no texto de apresentação desta edição, nos lembra que Boris Kossoy, ao apresentar a primeira edição destacava no catálogo que a iniciativa é "um passo importante para que se possa, aos poucos, obter um mosaico coerente da fotografia contemporânea. (...) O mais importante ainda está por conta do futuro, a esperança de que o projeto tenha a sua devida continuidade, pois só ao longo do tempo a coleção irá amadurecendo e tomando forma, estabelecendo, enfim, uma identidade própria. Assim nasce uma coleção representativa e digna. Valorizar e reunir criteriosa e sistematicamente a obra dos autores de reconhecido mérito, como também daqueles que ainda devemos descobrir, é a meta a ser alcançada".

Parece que tem dado certo. Só nos resta esperar agora um nova leva de jovens profissionais que, cada vez mais, tem ajudado a repensar a fotografia brasileira e, a partir dos destaques apresentados agora, superem os mestres e nos apresentem novos olhares, novas possibilidades imagéticas.

COLEÇÃO PIRELLI / MASP DE FOTOGRAFIA

MASP. Av. Paulista, 1.578, telefone 3251-5644. De 3ª a dom., 11h/ 18h. 5ª,11h/20h. R$ 15 (3ª grátis). Até 6/5. Abertura amanhã.


Posted by Cecília Bedê at 5:22 PM

Gerhard Richter faz 80 anos com três mostras por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo

Gerhard Richter faz 80 anos com três mostras

Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 28 de fevereiro de 2012.

Em richter, a junção entre forma e conteúdo deve ser vista como uma das chaves de seu sucesso

A festa de aniversário dos 80 anos do artista alemão Gerhard Richter foi comemorada em grande estilo, dividindo-se em três espaços expositivos da capital alemã: a Nova Galeria Nacional e a Antiga Galeria Nacional (www.smb.museum), além do ME Collectors Room (www.me-berlin.com).

De todas essas mostras, inauguradas no último dia 12, a mais importante acontece na Nova Galeria, que recebe "Panorama", uma retrospectiva com 140 pinturas e cinco esculturas. A exposição já foi vista na Tate Modern, em Londres, e, depois de Berlim, segue em junho para o Centro Pompidou, de Paris.

Com praticamente todas as séries criadas em seus mais de 50 anos de carreira, a retrospectiva na grande sala projetada pelo arquiteto Mies van der Rohe (1886-1969) ajuda a entender por que Richter se tornou, hoje, uma unanimidade no mercado, entre críticos e entre artistas.

Suas obras transitam pelo primor da pintura, como se observa em "Betty", de 1988 -tela que inaugurou um estilo de produzir retratos simulando fotografias-, até trabalhos de arte conceitual, como "4 Glasscheiben" (4 painéis de vidro), de 1967.

Nesse último, o artista alinha quatro pedaços de vidro em distintos ângulos, fazendo com que eles reflitam seu entorno de forma distinta.

Pois é justamente essa preocupação com o contexto o que torna Richter tão particular. Suas obras, mesmo quando são abstratas, não estão falando apenas da pintura.

O exemplo mais conhecido dessa estratégia está exposto na Antiga Galeria Nacional, com a série de 15 pinturas chamada "Outubro 18, 1977", mais conhecida como a série do Baader-Meinhof (grupo terrorista alemão de esquerda criado nos anos 70).

Exposta no suntuoso edifício de 1876, monumento à fundação do império germânico, a série que retrata os terroristas mortos pelo Estado alemão tem ali reforçado o caráter denunciatório proposto pelo trabalho. Mas também é formalmente inovadora.

Em Richter, a junção entre forma e conteúdo deve ser vista como uma das chaves de seu sucesso.

Posted by Cecília Bedê at 4:37 PM