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fevereiro 10, 2012
Cinco vezes América Latina por Paula Alzugaray, Istoé
Cinco vezes América Latina
Matéria de Paula Alzugaray originalmente publicada na seção de artes visuais da Istoé em 2 de fevereiro de 2012.
PROJETO 5x5/ ULTRAMAR SUR/ COPA AMÉRICA: VIDEOARTE LATINO-AMERICANA CONTEMPORÂNEA/ Paço das Artes, SP/ até 1º/4
Há pelo menos três destinos especuláveis para os tesouros nazistas escondidos na Segunda Guerra Mundial. O Lago Töplitz, nos Alpes austríacos, o município de Deutschneudorf, na Alemanha, e uma série de tratores da marca Heinrich Lanz e submarinos U-Boot, enviados para a América Latina na época. O mito de que o “ouro nazista” teria sido escondido em peças automotivas levou o artista chileno Patrick Hamilton a uma pesquisa que culminou em três trabalhos. O “Proyecto Lanz” (2009), o “Proyecto U-Boot” (2010) e o vídeo “U-Boot” (2010) estão expostos hoje no Paço das Artes no “Projeto 5x5”, a primeira de uma série de cinco exposições sobre a América Latina, concebida por Priscila Arantes e Adriano Casanova.
O projeto partiu da vontade de ambos os curadores de realizar um mapeamento da arte latino-americana. Mas em vez de centralizarem as pesquisas para desenhar tal mapa, decidiram democratizar o processo, definido por eles como “uma rede de pesquisa descentralizada”. Essa rede tem regras iniciais bem definidas: os curadores escolhem um artista para uma exposição individual, e ele, por sua vez, deve convidar outros cinco para uma mostra coletiva simultânea.
“Ultramar Sur”, a individual de Patrick Hamilton que abre a série de exposições, tem a colonização como questão central. No vídeo, a intrigante imagem de um submarino que emerge e desaparece das águas remete ao mecanismo do trabalho do artista chileno, que revela e obstrui fragmentos de uma história que fica entre o real e o fictício. Hamilton, por sua vez, é o responsável pela coletiva “Copa América”, com Alberto Baraya (Colômbia), Alexander Apóstol (Venezuela), Jota Castro (Peru), Teresa Margolles (México) e Wilfredo Prieto (Cuba). “Esse é um modelo de mapeamento em que os artistas se comunicam”, diz Adriano Casanova. Nas outras quatro edições do “Projeto 5x5”, serão selecionados para as mostras individuais um brasileiro, um argentino, um colombiano e um mexicano.
O interesse na América Latina se explica: Adriano Casanova é diretor artístico da Galeria Baró, que concentra 70% de seu time de artistas na região. E a pesquisadora Priscila Arantes, também diretora do Paço das Artes, está interessada em sistemas de reescritura da história. “Há hoje um deslocamento do discurso eurocêntrico. Daí, a importância de o historiador se empenhar em outras escrituras”, diz ela.
Em um momento em que a economia latino-americana renasce aos olhos do mundo, é a hora de rever nossa história. Esse projeto, que no final contará com ampla documentação em livro de cinco tomos e filmes documentais, será um belo capítulo dessa história.
fevereiro 9, 2012
Justiça nega pedido de liminar da Fundação Bienal por Márcia Abos, O Globo
Justiça nega pedido de liminar da Fundação Bienal
Matéria de Márcia Abos originalmente publicada no caderno de cultura do jornal O Globo em 8 de fevereiro de 2012.
Contas continuam bloqueadas. Exposição prevista para setembro pode ser adiada
SÃO PAULO - A Justiça Federal negou o pedido de liminar feito pela Fundação Bienal para desbloquear suas contas. Desde 2 de janeiro, quando o Ministério da Cultura colocou a instituição na lista de inadimplentes, a maior parte do dinheiro captado pela Bienal para a realização da exposição deste ano está bloqueado. A Bienal vai recorrer da decisão no Tribunal Regional Federal de São Paulo com um novo pedido de liminar. Sem recursos suficientes, a 30ª edição da Bienal Internacional de Arte de São Paulo, prevista para ser aberta ao público em 7 de setembro deste ano, pode ser adiada. Ações do departamento educativo da fundação relacionadas à mostra já foram paralisadas.
— Se essa situação não for resolvida a Bienal deste ano será cancelada. Trata-se de uma mostra que completa 60 anos em 2012. Lamento que seja comprometida por eventos do passado — disse o presidente da Bienal, Heitor Martins, em entrevista ao GLOBO na semana passada.
Segundo Martins, os R$ 11 milhões captados via Lei Rouanet para a realização da Bienal deste ano estão bloqueados. Outros R$ 8 milhões já comprometidos por empresas via incentivo fiscal também não poderão ser captados. Com um orçamento estimado em R$ 25 milhões, o presidente da Bienal diz ser impossível encontrar outra maneira de custear a exposição a seis meses da abertura ao público.
O bloqueio foi feito após uma auditoria da Controladoria Geral da União (CGU) encontrar irregularidades em 13 prestações de contas entre 1999 e 2006, nas gestões de Carlos Bratke e Manoel Francisco Pires da Costa, no valor total de R$ 32 milhões. Brakte e Pires da Costa antecederam Martins, que assumiu a presidência da Bienal em 2009, numa gestão comprometida a solucionar a grave crise institucional que resultou na realização da "Bienal do vazio" em 2008. A Bienal de São Paulo é considerada uma das três maiores mostras de artes do mundo, ao lado da Bienal de Veneza e da Documenta de Kassel.
O diretor jurídico da Fundação Bienal, Salo Kibrit, disse que todas os esclarecimentos pedidos pela CGU foram prestados. Segundo Kibrit, a CGU pode levar de 10 a 15 anos para concluir se houve ou não desvio de verba nas gestões anteriores, o que pode causar o fim da Bienal de São Paulo.
— Não só a exposição pode deixar de existir, como a própria fundação, se durante todo este período a Bienal for mantida como inadimplente pelo MinC. A menos que encontremos outras formas para financiar a mostra, sem recursos captados via Lei Rouanet ou qualquer outro convênio com o ministério — teme Kibrit.
Nan Goldin fala da polêmica exposição que chega ao MAM, O Globo
Nan Goldin fala da polêmica exposição que chega ao MAM
Matéria originalmente publicada no caderno de cultura do jornal O Globo em 7 de fevereiro de 2012.
RIO - Em meio a uma polêmica que se arrasta desde novembro, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-Rio) inaugura amanhã para convidados e na quinta-feira para o público a maior retrospectiva já feita no país da fotógrafa americana Nan Goldin — classificada pelo jornal "The New York Times" como "a mais influente dos últimos 20 anos" depois de ter forjado um novo gênero fotográfico. Entre as décadas de 1970 e 2000, quando circulava pelos submundos de Nova York e Boston, Nan flagrou, entre outras, imagens de nudez (tanto adulta quanto infantil), sexo explícito, uso de drogas e homossexualidade. A obra, que o Oi Futuro exibiria em janeiro mas desistiu, alegando não ser condizente com seu perfil educativo, foi acolhida pelo MAM, mas inspira cuidados: para derrubar eventuais liminares, o museu mobilizou uma equipe jurídica que ficará de plantão durante os próximos dias.Com curadoria de Ligia Canongia e Adon Peres, a exposição vem sendo costurada há mais de um ano. Mas, no fim de 2011, quando o Oi Futuro — que deu R$ 341 mil ao evento como patrocínio — tomou conhecimento do conteúdo das fotos de Nan, abriu mão de sediá-la e solicitou que seu logotipo ficasse de fora de todo o material de divulgação.
A exposição "Heartbeat", que mobilizou uma equipe multinacional e demorou uma semana para ser totalmente instalada no segundo andar do MAM carioca, reúne um total de 1.195 fotos. São 15 imagens impressas da série "Landscapes" (1979-2008) — que Nan não costuma exibir — e três slideshows de cerca de 50 minutos cada um que abrigam o conteúdo que causou polêmica: "The ballad of sexual dependency" (1981-2008) — considerada sua obra-prima —, "The other side" (1972-1990) e "Heartbeat" (1999), que dá nome à mostra.
Para Nan, seu conjunto de snapshots — que muitos acreditam que fere o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em vigor no Brasil desde 1990 — fala de "afeto e relacionamento humano".
— Há uma discrepância entre o ruído em torno do trabalho da Nan e a realidade das imagens — diz Luiz Camillo Osório, curador do MAM-Rio. — Para encerrar essa polêmica, fizemos dois encontros multidisciplinares sobre o assunto no museu, vimos as imagens juntos e não achamos que estamos infringindo o estatuto. A Nan expõe no mundo todo e, por mais que haja discussão em torno das imagens, elas são vistas e debatidas. Isso é saudável e democrático.
Apesar dessa conclusão e da vontade de separar a mostra da polêmica anterior, o corpo jurídico do museu, liderado pelo advogado Álvaro Piquet, já preparou uma estratégia para, se necessário, defender "Heartbeat" na Justiça. Contra possíveis liminares, guarda na manga uma vasta pesquisa sobre a legislação em vigor e promete fazer uma espécie de vigília no Judiciário.
Quem visitar o segundo andar do MAM até o dia 8 de abril verá que o cuidado foi redobrado. Cada slideshow ocupa, sozinho, uma sala escura especialmente construída para abrigá-lo. Trata-se de um ambiente sombrio, com um telão quadrado, que tem, logo na porta, um cartaz que informa que o conteúdo em exibição não é "recomendado para menores de idade".
Na noite de domingo, Nan Goldin anunciou que não viria à inauguração de "Heartbeat", mas conversou com O GLOBO por telefone por mais de uma hora e insistiu em dizer que sua ausência não tem qualquer relação com a polêmica.
— Minha mãe está muito perto do fim da vida. Tem 96 anos e sofre de Alzheimer. Meu pai tem 98 e está lúcido, sofrendo muito. Eles foram casados e moraram juntos por 72 anos. Então é hora de ficar com eles — justificou.
Nan, no entanto, promete vir à cidade em abril. Quer promover um finissage no encerramento da mostra brasileira.
— Ainda quero encontrar os artistas que me defenderam ante o Oi Futuro e também aprofundar minha pesquisa sobre as crianças brasileiras. Desde que vi "Pixote — A lei do mais fraco" (de Hector Babenco, de 1981), me interesso por isso. Ainda quero incluir um capítulo sobre as crianças do Brasil no slideshow em que estou trabalhando atualmente, o "Fire leap".
"Fire leap", aliás, foi, segundo Nan, cogitado pelos curadores para ser exibido no Rio, mas como reúne, ao longo de 15 minutos, cerca de 200 fotos só de crianças, ficou de fora. Seria cutucar a onça com vara curta.
Mas Nan está de bom humor e comemora a inauguração:
— "The ballad of sexual dependency" é o trabalho da minha vida. Uma carta de amor para meus eternos amigos.
Nan Goldin vai contando, à distância, o que o visitante verá no MAM:
— As 15 fotos de "Landscape" (que estarão numa parede pintada de fúcsia acinzentada a pedido da artista) mostram meu amor pelo deserto, pelo oceano e pelo céu, essas coisas gigantescas. É uma pequena mostra de um trabalho que tem centenas de imagens e lembra como somos pequenos no universo.
Em seguida, Nan comenta os três slideshows:
— "Heartbeat" surgiu de uma parceria com a Björk. Ela canta, eu ilustro. E ganhou uma nova versão na semana passada. Terá 160 fotos, metade do que costuma ter, espalhadas por 50 minutos, num ritmo mais lento do que o normal.
Segundo Nan, "Heartbeat" fala sobre a dificuldade do relacionamento a dois. Dividido em cinco capítulos, ele é um registro muito próximo da vida de cinco casais amigos dela.
— É quase como se eu fosse parte do casal. Fotografei-os muito de perto mesmo, mas nunca transei com eles — diz.
Um trabalho de 30 anos
Já "The other side", que ocupa a segunda sala da exposição, trata da vida do grupo de transexuais, travestis e drag queens do qual Nan se aproximou nos anos 1970, quando ainda era adolescente, em Boston:
— Convivi com eles por três anos, e vi como eram completamente alijados da sociedade. As pessoas os odiavam.
Por conta desse slideshow, que também tem 50 minutos, Nan conta já ter recebido diversas cartas de agradecimento.
— Muitas pessoas me escreveram dizendo que ele as ajudou a sair do armário, a se assumir e, sobretudo, a não se sentir tão sozinhas no mundo — ela diz. — Talvez seja pelo fato de eu nunca ter encarado aquelas pessoas como homens ou mulheres, mas como um terceiro sexo. Isso muito antes de escreverem sobre isso por aí.
"The ballad of sexual dependency" está, de propósito, no fim da mostra. Com 42 minutos de duração e 720 slides, é a obra-prima de Nan, um trabalho que demorou quase 30 anos para ficar pronto.
— Comecei em 1981, em Nova York, e fui mexendo nele até 2008. É a história de uma vida, de uma comunidade que não existe mais graças à Aids. Assisto à "Balada" com frequência e já perdi a conta de quantos ali morreram. Era um grupo que decidiu ficar politicamente, esteticamente e ideologicamente afastado da cultura dominante.
A trilha sonora de "The ballad" conta com mais de 40 músicas e foi cuidadosamente montada por Nan. Há Maria Callas cantando a ópera "Norma", Lou Reed e Velvet Underground, entre outros.
— Em 1989, quando abandonei as drogas, passei a fotografar durante o dia, usando a luz natural, e isso também está lá, marcando uma mudança radical no meu trabalho.
Na coleção de snapshots de "The ballad", diverte-se aquele que tenta localizar famosos entre os anônimos clicados por Nan. Estão lá o cineasta John Waters e os artistas plásticos Jean-Michel Basquiat e Andy Warhol, entre outros.
O trabalho de Nan Goldin faz parte dos principais acervos artísticos do mundo. Está presente, por exemplo, no Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York, na Tate Gallery, em Londres, e no Georges Pompidou, em Paris.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/nan-goldin-fala-da-polemica-exposicao-que-chega-ao-mam-3897043#ixzz1lumC9nVp
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Obras modernistas estão no exterior ou em coleções privadas por Márcia Abos, Yahoo notícias
Obras modernistas estão no exterior ou em coleções privadas
Matéria de Márcia Abos originalmente publicada no Yahoo notícias em 4 de fevereiro de 2012.
RIO - Mesmo sem ter sido exposto na Semana de Arte Moderna, "Abaporu", óleo sobre tela feito em 1928 por Tarsila do Amaral para presentear Oswald de Andrade, tornou-se a imagem referência do modernismo nacional. A tela, no entanto, está perto do coração, mas longe dos olhos dos brasileiros. Vendida em 1995 pelo galerista e investidor brasileiro Raul Forbes por US$ 1,25 milhão, "Abaporu" é uma das joias do acervo do Museu de Arte Latino-americana de Buenos Aires, o Malba, criado pelo empresário argentino Eduardo Costantini para abrigar sua preciosa coleção.
- De modo geral, grande parte da arte brasileira está em coleções particulares. E muita coisa está no exterior - confirma Tadeu Chiarelli, diretor do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, que abriga o principal acervo público de arte moderna brasileira, que inclui obras como "A boba", de Anita Malfatti, "Figura", de Ismael Nery e "A negra", de Tarsila do Amaral.
A dispersão das obras modernistas começou junto com o nascimento do mercado profissional de arte no Brasil. A partir da década de 1960, surgiram os primeiros leilões, alguns deles para arrecadar fundos para a construção do hospital Albert Einstein. Muitos colecionadores viram a oportunidade de investir num movimento cujas obras ainda tinham preços acessíveis.
- Tirando o MAC, a Pinacoteca do Estado de São Paulo, que optou por investir mais em pré-modernismo, e o Masp, os museus não foram à luta - completa Chiarelli, lembrando que José e Paulina Nemirovsky são um casal de colecionadores privados que optou por comprar obras que contam, de forma sintética, a história do modernismo brasileiro. - Eles merecem toda a consideração e respeito por terem tornado pública esta coleção. Vamos torcer para que no futuro outros colecionadores façam o mesmo.
"Falta uma política de formação de acervos"
Transformada em fundação para evitar que a coleção fosse vendida e desmembrada após a morte de seus criadores, e com um contrato de comodato com o governo do Estado de São Paulo, as obras da Coleção Nemirovsky ficam expostas em São Paulo, na Estação Pinacoteca. Entre elas está "Antropofagia", de 1929, também de Tarsila do Amaral.
- Costantini enviou uma carta à Fundação Nemirovsky oferecendo US$ 35 milhões por "Antropofagia". Claro que a oferta foi recusada, pois o estatuto impede a venda de qualquer obra da coleção. Mas se a proposta fosse aceita, Tarsila estaria entre os dez artistas mais valorizados do mundo - lembra Fernando Mauro Barrueco, diretor executivo da Fundação Nemirovsky.
O seguro de "Abaporu", por exemplo, foi renovado recentemente por US$ 40 milhões.
- Não houve na época, nem há hoje um esforço para evitar que obras importantes saiam do Brasil. Falta uma política de formação de acervos - diz Roberto Bertani, que, antes de assumir a curadoria artística da Fundação Nemirovsky, auxiliava colecionadores de arte brasileiros a organizar suas coleções.
A polêmica venda da coleção de arte construtivista de Adolpho Leirner para o Museu de Belas Artes de Houston, em 2007, serviu de alerta. Desde então, as instituições têm se preocupado em manter no Brasil obras ou coleções consideradas fundamentais. Antes de serem vendidas no exterior, elas são avaliadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
- Mercado e interesse público são forças que competem. É difícil conciliar esses dois vetores. Ainda mais quando falamos de obras modernistas, um investimento seguro. Di Cavalcanti não vai triplicar de valor, isso já aconteceu. Mas vai continuar a se valorizar. E obras como "Abaporu" e "Antropofagia" não têm preço. São as joias da coroa - avalia Fernando Barrueco.
Parcerias entre setor privado e público podem ser o caminho para evitar ou recuperar obras expatriadas. Mas ainda é impossível mapear onde estão as obras modernistas. O catálogo raisonné da maioria dos artistas do movimento ainda não foi feito, com exceção de Tarsila do Amaral e Candido Portinari, que só recentemente tiveram toda sua produção inventariada.
fevereiro 8, 2012
Mostra traz obras de Flávio de Carvalho, um dos principais artistas do país por Nahima Maciel, Correio Braziliense
Mostra traz obras de Flávio de Carvalho, um dos principais artistas do país
Matéria de Nahima Maciel originalmente publicada no caderno Diversão e Arte do jornal Correio Braziliense em 7 de fevereiro de 2012.
Impossível resumir Flávio de Carvalho. Nem o próprio artista conseguia tal proeza. É certo que também não se interessava muito por encaixar-se em definições. Esse tipo de prática gera amarras, engessa, prende, enquadra, tudo que Flávio de Carvalho não queria. Formado em engenharia, herdeiro de família paulista rica, pintor apegado ao expressionismo e performático subversivo, juntou tudo sob a alcunha de artista e fez São Paulo arregalar os olhos nas décadas de 1930 e 1940.
O que se vê espalhado pelas duas galerias do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) a partir de hoje é fruto da multitude de inquietações plantadas na mente do artista. Com curadoria de Luzia Portinari, sobrinha de Cândido Portinari e especialista em modernismo brasileiro, Flavio de Carvalho — A revolução modernista no Brasil sobrevoa todos os caminhos que fizeram do artista um marco na história da arte paulistana.
Flávio de Carvalho acalentava vários discursos, mas tinha um especial ao qual era fiel e dedicado. Quando Mario de Andrade e Lasar Segall fundaram a Sociedade Pró-Arte Moderna, em 1932, Flávio tratou de criar dissidência e fez nascer o Clube dos Artistas Modernos (CAM). Era uma provocação, mas também uma maneira de assentar terreno para ideias artísticas intrigantes. O clube se tornaria referência no cenário artístico paulistano, sede física de palestras e debates inflamados protagonizados por gente como Tarsila do Amaral e Caio Prado Jr., palco para a música moderna de Camargo Guarnieri e abrigo para as criações do próprio Flávio. Luzia tentou recriar o CAM em uma das salas da exposição e vale partir desse canto para compreender o universo que movia o artista.
[SAIBAMAIS]
Flávio repelia ligação entre a elite e a arte. Apesar de rico e sofisticado —, saiu do Brasil aos 11 anos e voltou engenheiro, aos 22 — não gostava nem um pouco da separação entre arte e povo. Por isso idealizava performances nas quais promovia o encontro entre a rua e a arte de ateliê. Provocava alvoroço ao vestir roupas de criação própria, pinçadas em um guarda-roupa exótico batizado de New Look e concebido para instigar as pessoas. De saias, Flávio de Carvalho saía em procissão pelas ruas de São Paulo. “O que a Semana de 1922 fez entre quatro paredes, ele levou para a praça pública, para as experiências. Ele é o artista que consolidou a arte moderna anunciada pela semana”, acredita Luzia.
Além de originais do New Look e da instalação Provador — uma projeção na qual o público pode experimentar os figurinos —, atores vão circular pela exposição em experiências performáticas que reproduzem as ações do artista. Na pintura, Flávio desconstruía à maneira expressionista. Violento nas cores, desenhava diretamente na tela com as pinceladas e gostava especialmente de retratos. Mesmo nas paisagens em que a abstração se insinua, reina a figuração. A engenharia foi fonte de renda, mas raramente de satisfação. Flávio de Carvalho trabalhou como projetista para grandes construtoras e ficava frustrado de não conseguir imprimir as ideias modernistas nos projetos da época. A linha reta e limpa da arquitetura moderna ainda perdia espaço para simbolismos e outras tendências.
A revolução modernista no Brasil
Curadoria de Luzia Portinari. Visitação até 29 de abril, de terça a domingo, das 9h às 21h, no Centro Cultural Banco do Brasil (SCES Trecho 2, Lote 22).
MAM do Rio abre mostra cancelada de Nan Goldin por Silas Martí, Folha de S. Paulo
MAM do Rio abre mostra cancelada de Nan Goldin
Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 8 de fevereiro de 2012.
Imagens polêmicas de crianças nuas fizeram Oi Futuro desistir de fazer exposição em sua sede no Flamengo
Versão no MAM terá séries na íntegra: três grupos de slides e fotos de paisagens feitas pela artista norte-americana
No final de uma série de imagens de casais em cenas de amor e sexo, uma frase aparece projetada na tela dizendo que só um deles segue junto. Nan Goldin agradece aos amantes por deixar o amor entre eles ser flagrado.
Sua obra, agora em exposição no Museu de Arte Moderna do Rio, tenta estabelecer uma empatia por esses personagens anônimos ao escancarar sua intimidade -sexo explícito, uso de drogas e consequências da violência.
Isso tudo pesou na decisão do Oi Futuro de cancelar a mostra no ano passado, faltando pouco mais de um mês para a sua abertura, prevista para janeiro. Foi então que o MAM ofereceu encaixar a primeira individual da artista norte-americana no Rio na programação deste ano.
"Essas imagens são pautadas pelo afeto, não são apelativas, agressivas, nem infringem nenhum código", diz Luiz Camillo Osorio, curador do MAM. "É o mesmo olhar do Degas para as bailarinas no século 19. Ele não estava explorando o corpo delas."
Goldin, no caso, foi acusada de explorar a imagem de crianças nuas ou próximas a situações eróticas entre adultos. Dirigentes do Oi Futuro, que ainda patrocina a mostra, disseram que as imagens feriam seu projeto educativo e cancelaram o evento, desencadeando toda a controvérsia em torno da exposição.
Mas muitas dessas imagens -que integram a série mais célebre da artista, "Balada da Dependência Sexual"- foram expostas na Bienal de São Paulo há dois anos, sem causar problemas.
Em sua "Balada", Goldin retrata a si mesma e a seus amigos em festas épicas, de saltos pisando carpetes encardidos, roxos nos olhos, cabelos ensebados, injeções de heroína e sexo explícito, tendo até um ato de autofelação.
Mas ela não o faz para chocar. Sua trilha sonora -que vai de uma missa entoada por Björk aos berros de James Brown em "It's a Man's Man's World"- conduz o olhar por cenas de seu cotidiano desregrado. Goldin não glamouriza o submundo de drogas e sexo de Nova York.
Ela constrói uma espécie de antropologia afetiva com cenas chocantes diluídas num retrato que pende mais para a dor. Homens e mulheres espancados por seus amantes, o êxtase já erodido das drogas e imagens de fim de festa parecem gritar mais alto que os raros momentos de hedonismo que retrata.
"É diferente do olhar de um repórter", diz Lígia Canongia, curadora da mostra. "Não é um olhar observador, é um olhar envolvido, de cúmplice, como se a câmera pudesse tocar naquelas pessoas."
Mesmo na série em que retrata os travestis de Nova York, mais marcada pela teatralidade do que por aspectos documentais, Goldin estabelece essa cumplicidade com o retratado. Mostra a construção desses personagens, de perucas, seios fajutos, maquiagem pesada.
E também registra suas aparições nas boates da época, a metamorfose completa.
Cultura ruim de bilheteria: o que fazer? por Paulo Pélico, Folha de S. Paulo
Cultura ruim de bilheteria: o que fazer?
Matéria de Paulo Pélico originalmente publicada na coluna Opinião do jornal Folha de S. Paulo em 7 de fevereiro de 2012.
Descarte os argumentos chatos sobre o valor intrínseco da cultura: ela traz muito dinheiro ao país; além disso, só 1% dos incentivos fiscais vão para a área
A notícia rendeu muitas manchetes, mas pouca reflexão. No final do ano passado, a turnê de João Gilberto entrou em colapso pelo baixo desempenho da sua bilheteria.
Não faltou interesse do público. Sem patrocinadores para cobrir os principais custos da excursão, os produtores não acharam uma equação capaz de oferecer preços acessíveis ao vasto público do genial precursor da bossa nova.
Resultado: cancelamentos e frustração de milhares de fãs.
O caso deixa nítida a gradual decadência da bilheteria na sustentação econômica dos eventos artístico e culturais. É extensa a lista de grandes nomes da MPB que não conseguem mais pagar as contas de seus shows apenas com a venda de ingressos. Se é assim com superstars, imagine entre novos talentos.
No teatro, a impotência da bilheteria é um dado antigo. Há décadas as peças não cobrem os gastos de uma companhia profissional, mesmo com a casa cheia.
Na chamada alta cultura, a situação só piora. Os números da Osesp mostram que a venda de ingressos e de assinaturas corresponde a cerca de 8% dos gastos totais da orquestra. No Masp, a receita proveniente da visitação pública talvez não pague a conta de água.
Em todos esses casos, o socorro vem do dinheiro público, por meio de dotações diretas ou dos mecanismos de renúncia fiscal.
O que fazer? Dissolver as nossas sinfônicas e fechar os nossos museus? Reduzir o teatro brasileiro ao "stand-up comedy", com os seus custos otimizados?
Isso certamente pouparia grandes somas ao erário. Mas seria mesmo economicamente vantajoso?
Não há cinismo nessa pergunta. Proponho examinar a hipótese sem preconceitos, descartando aqueles chatíssimos argumentos sobre a importância intrínseca da cultura.
Vejamos a maior festa popular do planeta, o Carnaval carioca. Mesmo com a lotação do sambódromo esgotada, a arrecadação de bilheteria não cobriria nem sequer 20% das somas consumidas nos barracões.
E essa conta nem sequer inclui custos operacionais como policiamento, energia elétrica e manutenção do espaço, todos a cargo do poder público.
Devemos então concluir que o Carnaval dá prejuízo? De modo algum. Segundo a Riotur, em 2011 o Rio faturou R$ 1,3 bilhão nos dias de folia.
Mais de 5 milhões de pessoas circularam pela cidade maravilhosa gastando, gerando impostos, criando empregos. A lotação dos hotéis bateu a incrível marca de 96%, e cerca de 3.000 jornalistas de todos os países espalharam pelo mundo a exuberância do espetáculo.
Nesse caso, para qual parte dessa planilha devemos olhar? Para o superávit da cidade ou para o déficit dos barracões?
O problema no debate sobre financiamento da produção cultural é a ambivalência. A engenhosa noção capitalista que faz sucesso na Marques de Sapucaí e nos mais adiantados centros mundiais não vale quando quando o assunto é a aquisição de acervos, o salario dos músicos ou a locação de câmeras. Nesses casos, prevalece a lógica da contabilidade de padaria.
Em 2012, a previsão de gastos no Brasil com incentivo fiscal é de R$ 146 bilhões. Destes, ao redor de 1% será reservado à cultura.
Nas raras oportunidades em que a mídia dá destaque aos incentivos de outros setores, aparecem enunciados do tipo "ação de desenvolvimento dirigido", "programa de inovação tecnológica", expressões com as quais todos concordamos.
Em contraponto, há quase uma década os benefícios fiscais da área artística são tratados rotineiramente como desperdício de dinheiro público. Ao lado do habitual zelo da imprensa com a coisa pública, não há como ignorar a parcela de preconceito contra a cultura latejando sob essa ambiguidade.
PAULO PÉLICO, 55, é produtor de cinema e teatro. Coproduziu o espetáculo "Liberdade, Liberdade", de Flávio Rangel e Millor Fernandes, e é diretor do documentário "Fora do Figurino", sobre o jeitinho brasileiro, que estreia em abril
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br
O mecenas estatal por Rodrigo Constantino, Folha de S. Paulo
O mecenas estatal
Matéria de Rodrigo Constantino originalmente publicada na coluna Opinião do jornal Folha de S. Paulo em 7 de fevereiro de 2012.
Se o Estado banca o artista, ele perde a independência: o cão não morde quem dá comida; quando o produto é bom, cotas e subsídios se tornam inúteis
As obras de arte, a literatura, os filmes e a música -tudo aquilo que procura dar um sentido mais elevado à nossa existência, enfim- merecem especial atenção de quem estiver preocupado em evitar que a vida seja uma simples rotina pela sobrevivência material. Os homens têm (ou deveriam ter) sede por cultura, o alimento da alma. Mas surge logo a questão: qual tipo de cultura?
Muitas pessoas bem-intencionadas defendem que o Estado deve se imiscuir nessa tarefa e estimular a cultura nacional.
Sua premissa costuma ser a de que o povo consome lixo porque os grandes veículos de comunicação empurram goela abaixo dos consumidores somente porcaria. Mas, como já disse o George Stigler, vencedor do Prêmio Nobel de Economia, "o mercado reage aos gostos dos consumidores com bens e serviços vendáveis, sejam os gostos refinados ou grosseiros".
O mercado é eficiente no atendimento da demanda. A qualidade não é responsabilidade da TV, da editora, da rádio ou do estúdio de cinema. Quem culpa os produtores erra o alvo. O YouTube, por exemplo, oferece vídeos para todos os gostos. É possível encontrar excelentes concertos e documentários, e também há muita besteira. Se os vídeos idiotas recebem mais atenção, não é culpa do YouTube.
A postura de quem deseja mais intervenção estatal na cultura parece um tanto arrogante. Acredita-se que as escolhas dos consumidores deveriam ser "melhores". Mas quem vai decidir?
Os defensores de "reservas de mercado" para produtos nacionais gostariam que o povo escolhesse filmes brasileiros em vez de "enlatados" de Hollywood. Mas os próprios consumidores querem os filmes americanos. Ninguém é obrigado a vê-los.
Os estúdios americanos são ricos justamente porque priorizam os seus consumidores. Já os filmes franceses, feitos para agradar aos próprios produtores subsidiados pelo governo, são adorados pelos intelectuais, mas desfrutam de baixa receptividade popular.
Aplaudir este modelo é acreditar que o povo, por meio de seus impostos, deve ser forçado a sustentar as preferências da elite. Isso é incompatível com a liberdade de escolha.
Além disso, há o claro risco de proselitismo nas artes. Quando os príncipes católicos eram os únicos mecenas na praça, toda a arte era voltada para satisfazer as suas crenças religiosas. Não se pode negar que obras maravilhosas nasceram assim. Tampouco se deve ignorar que a abrangência de temas foi ainda maior com o avanço da burguesia.
Em sua biografia sobre Mozart, Norbert Elias mostra como esse gênio "burguês" foi capaz de romper com a dependência exclusiva da aristocracia da corte, e como isso foi fundamental para sua obra.
A independência do artista é crucial para sua criação. O cão não morde a mão que alimenta. Quando o artista depende das verbas estatais para sobreviver, ele terá que atender a demanda de burocratas poderosos que decidem o seu futuro com uma canetada.
Quem alega que os artistas nacionais precisam da mão estatal ignoram que é justamente a livre concorrência que obriga a busca constante pela melhoria. Quando o produto é bom, as cotas e subsídios são inúteis. Basta ver o sucesso de alguns filmes brasileiros recentes. Nada como a concorrência para aprimorar a qualidade.
A cultura é algo extremamente valioso. Justamente por isso, o governo não deve interferir no assunto. A cultura não deve ser imposta de cima para baixo, mesmo que as elites condenem a preferência vulgar do povo. Deve-se preservar a liberdade de escolha. Quanto a tais escolhas, deve-se lembrar que gosto não se discute, só se lamenta.
RODRIGO CONSTANTINO, 35, é economista com MBA em finanças pelo IBMEC
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br
fevereiro 6, 2012
Missão cumprida por Nina Gazire, Istoé
Missão cumprida
Matéria de Nina Gazire originalmente publicada na seção de artes visuais da Istoé em 3 de fevereiro de 2012.
A galeria Thomas Cohn encerra 30 anos de atividades que fizeram história na arte contemporânea brasileira
Foi no ano de 1962 que o casal Myriam e Thomas Cohn emigrou do Uruguai para o Rio de Janeiro, quando Cohn foi transferido para a cidade pela empresa em que trabalhava. A paixão pelas artes – que ainda os mantém unidos mesmo depois do fim do casamento – fez com que começassem a frequentar os circuitos expositivos brasileiros, formando uma coleção que já teria 21 anos quando o casal decidiu abrir a Thomas Cohn Arte Contemporânea, em 1983. “Fui introduzido à arte brasileira pelos artistas e amigos que fiz na época em que cheguei ao Brasil: Rubens Gerchman, Antonio Dias, Roberto Magalhães. Para você ter uma ideia, fui o primeiro a comprar uma obra do Antonio Dias, que na época tinha 19 anos”, relembra Thomas Cohn, que manteve com Myriam a sociedade da galeria. Hoje, 29 anos depois, eles anunciam o fim de suas atividades.
O empreendimento de Cohn e Myriam foi o primeiro do Brasil a participar ativamente de feiras de arte internacionais, além de trazer para o País exposições importantes como a da fotógrafa americana Diane Arbus. Em 1997, a Thomas Cohn Arte Contemporânea mudou seu nome para Galeria Thomas Cohn, quando trocou a cidade do Rio Janeiro por São Paulo; nunca, porém, se afastou de sua proposta inicial. “Desde o início, nossa missão foi manter uma galeria que funciona como um centro cultural, fomentando a produção e a descoberta de novos artistas”, diz o galerista, responsável pela revelação de nomes hoje consagrados, como Adriana Varejão e Leonilson, na década de 1980, e novos expoentes como o gaúcho Luciano Sherer. Então por que “retirar o time de campo”, em um momento de pleno aquecimento do mercado de arte nacional e ascensão de artistas brasileiros no circuito internacional? “Hoje existe um grande número de galerias fazendo o mesmo que nós fizemos durante esses quase 30 anos. Quando começamos, não havia quase ninguém que quisesse descobrir novos artistas no Brasil, nossa missão está cumprida”, diz Cohn, que na quinta-feira 9 realiza a exposição “Contraproposta”, quando todo o acervo da galeria estará disponível para venda.
São Paulo abre circuito de exposições de painéis Guerra e Paz, de Portinari, Correio Braziliense
São Paulo abre circuito de exposições de painéis Guerra e Paz, de Portinari
Matéria originalmente publicada no caderno Diversão e Arte do jornal Correio Braziliense em 5 de fevereiro de 2012.
Rio de Janeiro - O público paulista terá a oportunidade de apreciar, a partir desta semana, os painéis Guerra e Paz, pintados por Candido Portinari entre 1952 e 1956, que durante mais de 50 anos ficaram na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. A obra foi doada à ONU pelo governo brasileiro.
A exposição ficará aberta até o dia 21, no Memorial da América Latina, em São Paulo, com patrocínio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os painéis foram trazidos ao Brasil em 2010 pela Associação Cultural Candido Portinari, também apoiada pelo banco, para serem restaurados. A ação envolveu o governo brasileiro, por meio do Itamaraty.
Segundo a assessoria de imprensa do BNDES, a mostra em São Paulo será a primeira depois da restauração completa da obra, feita no Rio de Janeiro, no ano passado. Após serem expostos durante 12 dias, em dezembro de 2010, no Theatro Municipal do Rio, para cerca de 40 mil pessoas, os painéis foram restaurados em um ateliê aberto ao público, no Palácio Gustavo Capanema, atraindo cerca de 6 mil visitantes durante os quatro meses do trabalho.
A exposição poderá ser vista também em Brasília, Paris (França), Hiroshima (Japão), Genebra (Suíça) e Oslo (Noruega). Os painéis voltarão ao Rio de Janeiro antes de serem devolvidos à ONU. Está prevista ainda uma mostra no Museu de Arte Moderna de Nova York.
Bienal de Veneza anuncia novo curador, Folha de S. Paulo
Bienal de Veneza anuncia novo curador
Nota originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 4 de fevereiro de 2012.
DE SÃO PAULO - Com apenas 38 anos de idade, o italiano Massimiliano Gioni foi escolhido curador da 55ª edição da Bienal de Veneza, que acontece em 2013 na cidade italiana.
Após ser editor da revista 'Flash Art', em Nova York, Gioni foi curador da mostra 'La Zona', na Bienal de Veneza de 2003, e da Manifesta 5, na Espanha, em 2004. Em 2006, foi co-curador da Bienal de Berlim e desde 2007 trabalha também como curador associado do New Museum, em Nova York.
Para Paolo Baratta, presidente da Bienal de Veneza, a escolha do novo curador representa a busca do evento por "pluralidade e continuidade" em sua próxima edição.
Nan Goldin cancela vinda ao Brasil, O Globo.com
Nan Goldin cancela vinda ao Brasil
Matéria originalmente publicada no caderno de cultura do O Globo.com em 6 de fevereiro de 2012.
Produção de exposição que a fotógrafa inauguraria na quarta-feira no MAM diz, no entanto, que evento está mantido
RIO - A fotógrafa americana Nan Goldin, considerada pelo jornal "The New York Times" como "a mais influente dos últimos vinte anos", cancelou sua vinda ao Rio de Janeiro na noite deste domingo. Nan, que inauguraria a exposição "Heartbeat" no Museu de Arte Moderna (MAM-Rio) na quarta-feira e que planejava fazer algumas fotos pela cidade, informou ao GLOBO que ficará em Boston, nos Estados Unidos, para cuidar de sua mãe, que "está doente".
Apesar do cancelamento da fotógrafa, a organização da exposição "Heartbeat", que tem curadoria de Ligia Canongia e Adon Peres, garante que a mostra continua de pé. A partir das 19h de quarta, no segundo andar do MAM-Rio, ela reunirá 15 fotografias de paisagens impressas em formato médio e os três principais slideshows da artista: "A balada da dependência sexual', "The other side" e "Heartbeat".
Em novembro, o Oi Futuro Flamengo, que patrocina o evento, desistiu de sediar a exposição de Nan por conta do conteúdo de suas fotos. Em seus slideshows, que reúnem fotos feitas entre as décadas de 1970 e 2000, Nan mostra, entre muitas outras cenas, nudez, sexo, drogas e o dia a dia de homossexuais.
