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setembro 29, 2021

Museu do Pontal inaugura sua nova sede na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro

Novo equipamento de arte e cultura da cidade abriga o acervo que é referência nacional e internacional em arte popular brasileira, com mais de nove mil obras de 300 artistas de várias regiões do país. Em um terreno de 14 mil metros quadrados, 10 mil metros quadrados são de área verde, onde estão plantadas dezenas de milhares de mudas de 73 espécies nativas brasileiras.

O Museu do Pontal, no Rio de Janeiro, referência internacional em arte popular brasileira, com mais de nove mil obras de 300 artistas, o maior acervo do gênero, e de relevância reconhecida pela Unesco, irá inaugurar sua nova sede, na Barra da Tijuca, no próximo dia 9 de outubro de 2021. Com isso, a cidade ganha novo e importante equipamento de arte e cultura. Esta inauguração é resultado de uma grande colaboração coletiva que envolveu mais de mil pessoas e empresas como BNDES, Instituto Cultural Vale, Itaú Cultural, entre outras, a partir da Lei de Incentivo à Cultura do Governo Federal. E ainda, especialmente, o IBRAM (Instituto Brasileiro de Museus) e a Prefeitura do Rio de Janeiro.

O edifício de 2.600 metros quadrados de área construída, projetado dentro do conceito de sustentabilidade pelos Arquitetos Associados, está assentado sobre um terreno de 14 mil metros quadrados, consolidado e livre de inundações, dando segurança ao raro e singular acervo do Museu do Pontal. O terreno abrange 10 mil metros quadrados de área verde, com vista aberta para parte do conjunto de montanhas conhecido como Gigante Adormecido, que vai da Pedra da Gávea ao Pão de Açúcar.

Lucas Van de Beuque e Angela Mascelani, os dois diretores do Museu do Pontal, comemoram o momento, agradecendo “a todos os apaixonados pela arte e cultura popular do Brasil pela permanência do Museu do Pontal, demonstrando que nós, brasileiros, nos importamos com nosso patrimônio”. Eles contam que “ao longo dessa jornada percebemos nitidamente que somente através de uma sociedade civil organizada e forte é possível resistir. Temos esperança de que exemplos como o nosso, de mobilização da sociedade, sejam inspiradores”. “Graças ao engajamento de pessoas e empresas que contribuíram para que essa e as próximas gerações valorizem a diversidade e legitimem o patrimônio cultural brasileiro, o cenário dramático do Museu do Pontal se transformou e hoje estamos prestes a inaugurar a nova sede”, observam.

SEIS EXPOSIÇÕES INAUGURAIS – “NOVOS ARES: PONTAL REINVENTADO

O conjunto das exposições inaugurais se chama “Novos ares: Pontal reinventado”, marcando este importante momento na história do Museu. São seis exposições, uma de longa duração, e cinco temporárias, que reúnem 700 conjuntos de obras, com um total de cerca de duas mil peças. O Museu do Pontal terá um café/restaurante, uma loja, e uma extensa programação para todos os públicos.

A curadoria é assinada por Angela Mascelani, diretora artística do Museu do Pontal, e por Lucas Van de Beuque, diretor executivo, com a colaboração da designer Roberta Barros e do arquiteto Raphael Secchin no desenho expositivo, pesquisa Moana Van de Beuque e coordenação de conteúdo de Fabiana Comparato.

Angela Mascelani e Lucas Van de Beuque afirmam: “Estamos fazendo mais do que uma exposição. Estamos criando as bases de um novo pensamento institucional. Este pensamento tem a ver com uma outra forma de entender o Museu do Pontal e seu papel na sociedade. A exposição está ligada à concepção geral do projeto deste Museu em si. E abrange desde as discussões sobre a arquitetura e os jardins até a maneira como as histórias estão sendo contadas, os fluxos do educativo e a programação estabelecida”.

GILBERTO GIL, DONA ISABEL, AILTON KRENAK E JOSÉ SARAMAGO

Em meio às exposições, o público verá a riqueza da arte popular através de vídeos e textos poéticos, e em depoimentos de personalidades como Gilberto Gil, Dona Isabel, Ailton Krenak e José Saramago. O percurso expositivo de mil metros quadrados terá cores e aberturas em suas paredes, que permitem vislumbrar uma perspectiva do amplo espaço, de modo a revestir de magia e encantamento o mergulho do público no universo da arte popular.

“Novos ares: Pontal reinventado” abrange obras do acervo do Museu e de importantes coleções convidadas. A exposição de longa duração faz uma homenagem à proposta original de apresentação das obras do Museu do Pontal criada por seu idealizador e fundador, Jacques Van de Beuque (1922-2000), que estabeleceu uma maneira própria e inovadora para apresentar o Brasil profundo revelado por seus artistas populares. Esta concepção foi revisitada à luz de 2021, com uma nova compreensão dos ciclos criados por ele, que apontavam as transformações do Brasil com a migração da área rural para a cidade.

A ARTE POPULAR E SEUS CRIADORES

Em torno da exposição central estarão cinco outras exposições nucleares, temporárias, focadas na diversidade da produção artística do país, com esculturas que dialogam com temas fortes da cultura brasileira, a partir dos olhares originais de seus autores.

1. Brincares – Brincadeiras e brincantes
Obras interativas e cinéticas como “Circo”, de Adalton Fernandes Lopes (Niterói, 1938 – 2005), e os brinquedos de madeira de Antonio de Oliveira (Minas Gerais, 1912-1996). O local terá uma arquibancada lúdica, apropriada para estimular a curiosidade das crianças, com provocações e instigações. O acervo de mamulengos também abrirá espaço para pequenas encenações de teatro de bonecos. Em uma área contígua haverá jogos digitais interativos, para adultos e crianças. A sala de jogos trará desafios ligados às danças brasileiras, como frevo, jongo, carimbó, chula e funk.

2. Terra/Terra – O Jequitinhonha e suas tradições
Neste espaço que aposta num aprofundamento na dimensão matérica das obras, o destaque são os artistas, em especial Noemisa Batista (1947), Dona Isabel Mendes da Cunha (1924-2014) e Ulisses Pereira Chaves (1929-2006). Em outro nível de leitura, provocamos o público a pensar sobre o significado do termo tradição, em tempos de tantas e aceleradas mudanças.

3. Entre beiras e margens – Fogo, água, ar
Artistas do Alto do Moura, Pernambuco, como Mestre Vitalino (1909-1963), mostram em suas antológicas esculturas em barro a importância do fogo na feitura da cerâmica. Barcos trazem a energia primordial das águas do mar e do Rio São Francisco, com as carrancas de MestreGuarany (1884-1985). Outros seres mitológicos, como as sereias e os barcos de presente a Oxum, estão nas obras de Zezinho de Arapiraca, Selvino (1941) e Tamba (1934-1987), da Bahia. Nhô Caboclo (1940), de São Paulo, e Laurentino (1937), do Paraná, com suas obras eólicas, que aludem à energia dos ventos.

4. Poética da criação
Artistas cujas obras escapam às primeiras apreensões, fugindo aos temas consagrados historicamente na arte popular, reúnem-se nesse setor. São seresfabulosos, personagens fantásticas, criações ímpares. Neste espaço, há um diálogo maior entre as obras reunidas por Jacques Van de Beuque no Museu do Pontal e outras coleções convidadas, criadas tanto por indivíduos apaixonados por arte popular, como Irapoan Cavalcanti, Jorge Mendes e Jairo Campos, entre outros, como por acervos vindos de importantes instituições brasileiras, como SESC-SP e Itaú Cultural. Aqui, os destaques são Manoel Galdino (1929-1996), do Alto do Moura, Pernambuco, GTO (1913-1990), de Minas, e Nino (1920-2002), de Juazeiro do Norte, Ceará, além de artistas inovadores da Ilha do Ferro, Alagoas.

5. Devoções
Em uma leitura livre e abrangente, esse setor apresenta a diversidade de expressões da fé, e os artistas vinculados às devoções populares, incluindo sua dimensão festiva. Os destaques, além dos ex-votos, são os artistas Otávio, e seus orixás, Mestre Didi (1917), da Bahia, e sua estética afro-brasileira, e Zé do Carmo (1934), de Pernambuco, com seus anjos negros. Uma sala especial reúne presépios – a um depoimento sensível de Caetano Veloso, sobre suas memórias de Natal. No trajeto, um encontro com as grandes engenhocas cinéticas de Adalton Lopes (1938-2005), de Niterói: a “Vida de Cristo” e o “Carnaval no Sambódromo”.

SUSTENTABILIDADE

O edifício da nova sede do Museu do Pontal tem 2.600 metros quadrados de área construída, projetado pelos Arquitetos Associados, responsáveis por algumas galerias de Inhotim. O conceito de sustentabilidade norteou o projeto, e a partir de um rigoroso estudo do caminho do sol ao longo do ano e do regime de ventos, o prédio de linhas retas, simples e elegante, tem um pé direito de oito metros, janelas com quebra-sol (brise-soleil) e ventilações cruzadas, que garantem que apenas 30% do prédio precise do uso de ar-condicionado, contribuindo também para a redução da emissão de gases poluentes. O projeto buscou ainda o máximo possível de iluminação natural, e o reuso da água de chuva para os jardins e a coleta seletiva de todo o lixo.

PAISAGISMO

Com paisagismo assinado pelo Escritório Burle Marx, a nova sede do Museu do Pontal será inaugurada com uma área verde de 10 mil metros quadrados, que compreende jardins internos e no entorno do edifício, e uma praça, onde haverá atividades ao ar livre. Esta área verde exigiu dezenas de milhares de mudas de 73 espécies nativas brasileiras, de árvores frutíferas e vegetação tropical às paisagens da caatinga. A natureza é fundamental para contextualizar o acervo do Museu do Pontal, e várias espécies foram cuidadosamente transplantadas da sede histórica para a nova. Esta área verde contribuirá expressivamente para a purificação e umidade do ar da região, capturando CO2 e devolvendo oxigênio para a atmosfera.

A nova sede do Museu do Pontal está 20 quilômetros mais perto do Centro da Cidade do que a antiga sede histórica, e fica próxima ao Bosque da Barra e vizinha ao condomínio Alphaville, distante apenas quatro quilômetros do Barra Shopping e da Cidade das Artes. Há ainda várias escolas importantes nas proximidades.

MUSEU DO PONTAL – BREVE HISTÓRICO

O Museu Casa do Pontal, criado em 1976 pelo artista e designer francês Jacques Van de Beuque, ganhou este nome por conta de sua localização, em um terreno de cinco mil metros quadrados na região conhecida como Pontal, no Recreio dos Bandeirantes, parte final da extensa orla da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Ainda em 1976, Jacques Van de Beuque apresentou no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro a exposição “A arte do viver e do fazer”, com as obras que havia reunido nas várias viagens realizadas pelo país, desde a década de 1950, em sua pesquisa que deu a devida visibilidade, no Brasil e no exterior, à produção de artistas de localidades pobres e distantes dos centros econômicos do país, revelando a excelência do que se passou a chamar de arte popular.

Em 1995, o filósofo, matemático e cineasta Guy Van de Beuque (1951-2004), filho de Jacques, passou a dirigir o Museu do Pontal, ampliando sua área expositiva e criando uma interface digital, o portal na internet. Com a morte prematura de Guy, enquanto montava em Nova Déli uma exposição com obras do acervo, o Museu do Pontal passou a ser dirigido pela antropóloga e cineasta Angela Mascelani, viúva de Guy, que desde 1996 fazia a direção de pesquisa e comunicação do Museu, tendo publicado o resultado de seu trabalho no livro “O Mundo da Arte Popular Brasileira” (Ed. Mauad, 2000, com diversas edições posteriores), e assinado várias curadorias de exposições. Angela Mascelani deu continuidade às pesquisas e aquisições de obras, e publicou em 2008 o livro “Caminhos da Arte Popular: O Vale do Jequitinhonha” (MCP), que condensa suas viagens ao longo de 15 anos na região. É responsável pela curadoria de dezenas de exposições sobre o acervo do Museu.

A partir de 2010, Angela Mascelani passa a dividir a gestão do Museu do Pontal com seu filho Lucas Van de Beuque, economista e fotógrafo, com longa atuação em gestão cultural, e neto de Jacques Van de Beuque.

Além da gestão do Museu do Pontal, Lucas Van de Beuque fotografou e codirigiu mais de 20 filmes de curta duração sobre a criação plástica popular. Interessado no complexo de ações que envolve o mundo dos museus, implementou estratégias de gestão inovadoras e consistentes, preparando a instituição para o enfrentamento de novos desafios que resultam no incremento de novas parcerias que permitiram: a manutenção anual do Museu do Pontal, a realização de exposições no Brasil e no exterior, filmes, seminários, eventos musicais e ações educacionais continuadas. Essas ações receberam mais de um milhão de visitantes.

Instituição com relevância reconhecida pela Unesco, o Museu Casa do Pontal já foi visitado por mais de 2 milhões de pessoas, e já realizou 70 exposições parciais do acervo no Brasil e em mais 15 países. A partir de seu programa social e educacional, mais de 500 mil estudantes, desde 1996, fizeram visitas musicadas e teatralizadas ao acervo, vendo e ouvindo as histórias que formam essa grande colcha de retalhos culturais que é o Brasil. O setor de pesquisa, produziu conteúdos sobre os artistas e mestres da cultura popular, com filmes, livros, catálogos, seminários e um amplo material disponibilizado no site da instituição e nas redes sociais. Em 2019, a instituição conquistou o segundo lugar no XIII Prêmio Pierre Verger de filme Etnográfico, com a média metragem ”Artistas Cazumbas”.

INUNDAÇÕES E LUTA POR NOVA SEDE

Uma série de inundações, de 2010 a 2020, colocou em grande risco o acervo do Museu do Pontal, e a inauguração de sua nova sede é o feliz resultado de um longo caminho de lutas, com grande solidariedade e apoio de pessoas, empresas e da mídia.

Em 2010, a direção do Museu do Pontal foi surpreendida por uma inundação em suas instalações, causada pela elevação do terreno dos condomínios construídos no entorno, que acarretou no escoamento das águas das chuvas para a área do Museu. Um estudo realizado pela Coppe/UFRJ sinalizou a inviabilidade de o Museu permanecer naquela sede original, sob risco de perda do acervo.

Lucas Van de Beuque e Angela Mascelani iniciaram negociações com o governo municipal, que acabou por ceder, em 2015, o terreno na Barra da Tijuca, e se comprometeu com parte dos recursos necessários para a construção de uma nova sede, via uma triangulação com uma empresa devedora aos cofres públicos, a construtora Calper.

A obra para a construção da nova sede começou em junho de 2016, e estava com cerca de 50% realizada quando em maio de 2017 a Calper quebrou o contrato e interrompeu o trabalho, deixando inacabada a parte já construída.

2019 – UM ANO DIFÍCIL E O INÍCIO DE UM NOVO CAMINHO

Em abril de 2019, ocorreu a sexta e mais grave inundação, e um grande volume de água barrenta tomou os corredores do Museu. O evento só não pôs fim ao acervo por conta da rapidez de funcionários e ex-funcionários que conseguiram retirar as obras que estavam prestes a serem atingidas pelo alagamento.

O fato chocou cariocas e amantes do Museu e da arte em geral. Naquele momento, os dois diretores temeram estar no “fim do caminho, sem saída”.

MOBILIZAÇÃO DA SOCIEDADE – PESSOAS E EMPRESAS

A direção do Museu Casa do Pontal decidiu então desenhar novas estratégias, entre elas a de assumir a finalização da obra, lançando uma campanha de financiamento coletivo, que criou uma rede de mais de mil apoiadores e entusiastas. A este esforço conjunto se juntaram BNDES, Instituto Cultural Vale, Itaú Cultural e Prefeitura do Rio de Janeiro, patronos do Museu. Destacam-se também as parcerias com Repsol Sinopec Brasil, Elecnor do Brasil, Grupo Cobra Brasil, Instituto Galo da Manhã e, especialmente, o IBRAM (Instituto Brasileiro de Museus). Todas as empresas aportaram recursos a partir da Lei de Incentivo à Cultura do Governo Federal.

De 3 de outubro a 8 de novembro de 2020 foi realizada a exposição “Até logo, até já”, uma despedida para o público da sede histórica do Museu, no Pontal.

Em seguida, o acervo foi transportado em segurança para a nova sede na Barra, que será inaugurada no dia 9 de outubro de 2021. “Esta é uma vitória da arte, da cultura, e da imensa rede colaborativa que mantém viva esta coleção única”, celebram Lucas Van de Beuque e Angela Mascelani.

Museu do Pontal
Avenida Celia Ribeiro da Silva Mendes, 3.300, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, 22790-711(ao lado do condomínio Alphaville)
Quinta a domingo, das 9h30 às 18h
Entrada gratuita, com contribuição voluntária

Protocolo anti-Covid: Será exigido comprovante de vacinação contra a Covid-19 (impresso ou digital), e o uso de máscara é obrigatório durante todo o período de permanência no Museu.

Canais digitais:
Site: http://www.museucasadopontal.com.br/
Instagram: @museucasadopontal
Youtube: www.youtube.com/museucasadopontaloficial
Facebook: @museucasadopontaloficial

Mais informações: CWeA Comunicação

Posted by Patricia Canetti at 12:49 PM

setembro 25, 2021

Duda Moraes na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro

A Galeria Mercedes Viegas apresenta Fleur Raison, a segunda exposição individual da pintora Duda Moraes na galeria. Reunindo cinco pinturas e um bordado, a série trabalha flores, ou as florações, como vetores cromáticos, combinando tinta óleo e acrílica, cores densas e fosforescências, em larga e pequena escala.

As esferas coloridas que brotam por estas ‘naturezas mortas’, às vezes apoiadas em uma pétala, às vezes pairando a sua volta, quase camufladas, surgem também no interior destas flores, substituindo suas anteras e estigmas. Trata-se do que a pintora nomeia de “caos leve”. Cápsulas de pólen ganham vôo, flutuam, se expandem, para além do aconchego da corola, talvez até para além de seus destinos fertilizantes. Lançadas em inúmeras direções—incluindo a nossa—essas inflações fosforescentes perigam desregular nossos compassos, relativizar as raízes, os centros. Diante de um dos trabalhos da série, hesitamos: ainda reconhecemos um vaso?

Desde que se mudou para Bordeaux, na França, Duda Moraes relata ter descoberto em sua prática uma janela para o calor e a flora abundante de sua terra natal. Essa espécie de viagem a distância proporciona a artista o conforto de um espaço familiar em meio a um ambiente estrangeiro. Ao mesmo tempo, Fleur Raison parece sugerir a existência de territórios íntimos sujeitos às sobreposições mais distantes.

Duda Moraes nasceu no Rio de Janeiro, em 1985, e atualmente mora e trabalha em Bordeaux, na França. Desde 2020, ocupa um atelier no L'Annexe B, uma associação de ateliers de artistas da Bordeaux. Formada em Desenho Industrial pela PUC-RJ em 2010, trabalhou durante cinco anos em um escritório de design têxtil. A partir de 2014, quando frequentou um curso imersivo de desenho, intensificou a sua prática artística. Em 2015, fez residência no Carpe Diem Instituto de Arte e Pesquisa, em Lisboa, e em 2016, teve a sua primeira exposição individual, "Espaços Soberanos", na Galeria Mercedes Viegas. Em 2017, se mudou para Bordeaux. Em 2020, participou da exposição coletiva "Microcosmos", na Galeria Mercedes Viegas, e em 2021, apresentou a sua exposição individual, “Somos feitos de Tempo”, na galeria Celma Albuquerque, em Belo Horizonte, e participou da coletiva "Noyau", pela associação Föhn, em Bordeaux.

Posted by Patricia Canetti at 10:39 AM

setembro 24, 2021

Vício impune: o artista colecionador na Millan + Raquel Arnaud, São Paulo

A Galeria Millan e a Galeria Raquel Arnaud têm o prazer de apresentar a exposição coletiva Vício impune: o artista colecionador, com curadoria de Gabriel Pérez-Barreiro. A mostra reunirá, nos espaços das duas galerias, uma seleção de nove artistas representados, ao redor do diálogo entre seus trabalhos e coleções. Dentre os artistas colecionadores, estão: Artur Barrio (Porto, Portugal, 1945), Iole de Freitas (Belo Horizonte, MG, 1945), Paulo Pasta (Ariranha, SP, 1959), Sérgio Camargo (Rio de Janeiro, RJ, 1930 — 1990), Tatiana Blass (São Paulo, SP, 1979), Thiago Martins de Melo (São Luís, MA, 1981), Tunga (Palmares, PE, 1952 – Rio de Janeiro, RJ, 2016), Waltercio Caldas (Rio de Janeiro, RJ, 1946) e Willys de Castro (Uberlândia, MG, 1926 — São Paulo, SP, 1988).

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Desenvolvida ao longo dos últimos anos, a pesquisa de Pérez-Barreiro sobre o colecionismo encontra no contexto desta mostra um campo de análise, em que o espectador é convidado a compreender as nuances de diferentes relações entre artistas colecionadores e suas coleções. Em seus mais diversos modelos, as práticas de coletar e colecionar mostram-se singulares em cada um dos nove casos apresentados e essenciais para a compreensão de cada produção artística em sua complexidade. Segundo o curador, “as coleções dos artistas podem nos dizer não apenas sobre sua própria prática: o que eles vêem no trabalho de outros que os impacta, mas também estão frequentemente na vanguarda de reconhecer e valorizar fenômenos antes subestimados”. Foi com esse propósito que ambas galerias decidiram realizar a exposição.

Esculturas e relevos de Sérgio Camargo são expostas ao lado de parte de sua vasta coleção de pinturas de Hélio Melo (Vila Antinari, AC, 1926 — Goiânia, GO, 2001), seringueiro, artista e compositor autodidata. O contraste entre as pinturas fantásticas de Melo e a estética construtiva de Camargo traz à tona uma nova abordagem sobre este artista já consolidado na história da arte brasileira, assim como revela a permeabilidade entre movimentos e tendências.

Uma escultura de Willys de Castro — cuja frase publicada em artigo empresta título à exposição — é exibida próxima à sua coleção de arte indígena, uma dentre tantas que o artista preservou e estudou. Com trabalhos de arte plumária e cestarias amazônicas, o conjunto montado nos anos 1970 e 1980 revela um outro lado de seu fascínio pelas formas e padrões geométricos, desdobrados em diversos níveis da percepção ao longo de sua produção.

Em diversos contextos, as coleções evidenciam interesses e obsessões singulares, como é o caso de Waltercio Caldas e sua afeição pelo formato do livro e seus desdobramentos em uma coleção de livros de artistas, trabalhos que discutem possibilidades a partir desta formação primária. Em paralelo, o interesse de Artur Barrio pelo mergulho foi a razão que impulsionou sua coleção de 3 mil grãos de areia, iniciada em 1983, em que cada grão é o registro de um mergulho realizado. A busca pelo registro de cada situação vivida é não somente essencial, para Barrio, mas também para o desenvolvimento de sua produção artística — daí figuram suas séries Situações e Registros. Cada grão de areia que compõe esta coleção demonstra, entretanto, que a busca pelo registro da experiência extrapola, em Barrio, o trabalho de arte e está presente em outras esferas de sua vida.

Conjuntos criados por artistas colecionadores podem, em muitos casos, representar rastros afetivos de suas relações pessoais. A coleção de Tatiana Blass, composta por trabalhos de seu tio-avô, Rico Blass (Breslau, Alemanha, 1908 — s.d.), desafia-nos a questionar em que medida essas relações se estabelecem como intercâmbios diretos ou indiretos. O mesmo ocorre à vista do trabalho inédito e instalativo de Thiago Martins de Melo e de sua coleção de desenhos de amigos também artistas. Os conjuntos de Martins de Melo e Blass fazem saltar aos olhos a potência afetiva do ato de guardar e os desdobramentos subjetivos deste ato em suas escolhas formais.

As pinturas de Paulo Pasta estão em diálogo com uma coleção de alguns de seus mestres: Mira Schendel (Zurique, Suíça, 1919 — São Paulo, SP, 1988), Alfredo Volpi (Lucca, Itália, 1896 – São Paulo, SP, 1988) e Amilcar de Castro (Paraisópolis, MG,1920 — Belo Horizonte, MG, 2002), em uma troca potente entre grandes nomes da arte brasileira. De maneira semelhante, opera a relação entre Iole de Freitas e sua guarda de desenhos e decalques inéditos de Tarsila do Amaral, em que se delineiam os caminhos metodológicos das célebres pinturas da segunda artista. Processo e método estabelecem-se aqui em seus rastros, passíveis de serem compartilhados entre práticas de diferentes gerações.

A coleção de um artista é capaz de revelar traços de reflexões latentes que conduziram a suas práticas e a poéticas. Nesse sentido, as obras de Tunga apresentam-se neste eixo de interlocução com sua coleção de trabalhos dadaístas e surrealistas franceses — entre eles, quatro gravuras de Marcel Duchamp (Blainville-Crevon, França, 1887 – Neuilly-sur-Seine, França, 1968). Dentre os trabalhos de Tunga, além de seus desenhos, está também a instalação Evolution (2007), realizada a partir do emprego da mesma linguagem da instalação/performance Laminated Souls, exibida entre 2007 e 2008 no MoMA P.S. 1, em Nova York.


Galeria Millan and Galeria Raquel Arnaud are pleased to present the group show Vício impune: o artista colecionador [Harmless Vice: the Artist as Collector], curated by Gabriel Pérez-Barreiro. The exhibition will include a selection of nine represented artists, at both gallery spaces, around how their works and art collections dialogue with each other. The artist-collectors include: Artur Barrio (Porto, Portugal, 1945), Iole de Freitas (Belo Horizonte, Brazil, 1945), Paulo Pasta (Ariranha, Brazil, 1959), Sérgio Camargo (Rio de Janeiro, Brazil, 1930 - 1990), Tatiana Blass (São Paulo, Brazil, 1979), Thiago Martins de Melo (São Luis, Brazil, 1981), Tunga (Palmares, Brazil, 1952 – Rio de Janeiro, Brazil, 2016), Waltercio Caldas (Rio de Janeiro, Brazil, 1946) and Willys de Castro (Uberlândia, Brazil, 1926 - São Paulo, Brazil, 1988).

The research that Pérez-Barreiro has carried out in recent years around art collecting finds a field of analysis within the context of this exhibition, where the viewer is invited to understand the nuances of different relationships between artists who collect art and their collections. With varying models, the practice of collecting is unique in each of the nine cases presented and essential for understanding each artistic production in its complexity. According to the curator, “The artists' collections can tell us not only about their own practice: What they see in the work of others that impacts them, but they are also often at the forefront of recognizing and valuing previously underestimated phenomena.” For this purpose, the two galleries have come together to present this exhibition.

Sculptures and reliefs by Sérgio Camargo are exhibited at Galeria Millan alongside part of his vast collection of paintings by Hélio Melo (Vila Antinari, Brazil, 1926 — Goiânia, Brazil, 2001), a rubber tapper, artist and self-taught composer. The contrast between Melo's fantastic paintings and Camargo's constructive aesthetics brings out a new approach to this well-established Brazilian artist and reveals the permeability between movements and trends.

The title of the exhibition -Vício impune - was an expression used by Willys de Castro to describe the practice of art collecting in an article published in Arte Vogue, in May 1977. In the exhibition, one sculpture by Castro are displayed alongside his collection of indigenous art, one among many that the artist has conserved and studied. With feather art and Amazonian basketwork, the set from the 1970s and 1980s reveals another side of his fascination for geometric shapes and patterns, which unfold at different levels of perception throughout his production.

With different contexts, each collection shows singular interests and obsessions, as is the case of Waltercio Caldas and his affection for the book format, resulting in a collection of books by artists, works that discuss possibilities based on this primary education. In parallel, Artur Barrio's interest in diving was what boosted his collection of 3 thousand grains of sand, starting in 1983, in which each grain of sand represents one dive taken. This quest to register experiences is essential for the development of Barrio’s artistic production; it is what gives rise to his series Situações and Registros. Each grain of sand that makes up this collection shows, however, that the idea of registering each experience goes beyond the work of art for Barrio and is present in other spheres of his life.

Sets created by artist-collectors can, in many cases, represent affective traces of their personal relationships. Tatiana Blass' collection, comprised of works by her great uncle, Rico Blass (Breslau, Alemanha, 1908 - n.d.), challenges us to question the extent to which these relationships are established as direct or indirect exchanges. The same occurs in view of Thiago Martins de Melo's installation work and his collection of desenhos de amigos, drawings by friends who are also artists. The sets by Martins de Melo and Blass make the affective power of the act of saving things and the subjective consequences of this act in their formal choices stand out.

Paulo Pasta's paintings are in dialogue with a collection of some of his masters: Mira Schendel (Zurich, Switzerland, 1919 - São Paulo, Brazil, 1988), Alfredo Volpi (Lucca, Italy, 1896 – São Paulo, Brazil, 1988) and Amilcar de Castro (Paraisópolis, Brazil,1920 - Belo Horizonte, Brazil, 2002), in a potent exchange between great names in Brazilian art. Similarly, it operates the relationship between Iole de Freitas and her collection of never-before-seen transfers by Tarsila do Amaral, in which the methodological paths of the latter artist's famous paintings are delineated. Process and method are established here in their traces, capable of being shared between practices of different generations.

An artist's art collection is capable of revealing traces of latent reflections that led to their practices and poetics. In this sense, Tunga's works are presented in dialogue with his collection of French Dada and Surrealist works – among them, four engravings by Marcel Duchamp (Blainville-Crevon, France, 1887 – Neuilly-sur-Seine, França, 1968). Among Tunga's works, in addition to his drawings, is also the installation Evolution (2007), made using the same language as the installation/performance Laminated Souls, on view at MoMA P.S. 1, in New York, in 2007 and 2008.

Posted by Patricia Canetti at 5:10 PM

Itinerância de obras da 10ª Mostra 3M de Arte por espaços públicos de São Paulo

Mostra 3M de Arte leva grandes nomes do cenário artístico contemporâneo para estações do Metrô de São Paulo e Parque Portugal, em Campinas

Itinerância integra as ações comemorativas dos 10 anos do evento artístico

Após abrir o ano comemorativo de sua décima edição no Parque Ibirapuera em 2020, a Mostra 3M de Arte promove, até dia 30 de outubro, a circulação de obras participantes de sua última edição em parques públicos de Campinas, Guarulhos e estações de metrô de São Paulo. Viabilizada pelo patrocínio da 3M via Lei Federal de Incentivo à Cultura, a Mostra 3M apresenta obras que incentivam reflexões sobre a relação do indivíduo com a coletividade na sociedade.

Com curadoria de Camila Bechelany, a 10ª Mostra 3M de Arte explora o tema "Lugar Comum: travessias e coletividades na cidade", cujo conceito explora a relação de cada pessoa como participante ativa e receptiva no meio urbano. "A proposta curatorial nos leva a refletir que por meio de nossas experiências particulares e coletivas somos agentes transformadores do espaço público", conta Bechelany.

Para a 3M, que patrocina a Mostra desde sua primeira edição em sintonia para a construção de um projeto cultural duradouro, o tema desta edição trabalha com pilares fundamentais da empresa. "Levar a 10ª Mostra 3M de Arte para outras cidades amplia a democratização do acesso à arte e a reflexão sobre o uso coletivo dos espaços públicos", comenta Luiz Eduardo Serafim, Head de Marca e Comunicação da 3M do Brasil.

As comemorações da décima edição contam com uma série de bate-papos online (disponíveis no canal da Mostra no Youtube), entre a curadora e artistas participantes do evento e convidados, além da circulação das obras do Coletivo Foi à Feira (SP e ES), Lenora de Barros (SP) e Rafael RG (SP). Além deles, também participam desta edição: Camila Sposati (SP), Cinthia Marcelle (MG), Diran Castro (SP), a dupla Gabriel Scapinelli e Otávio Monteiro (SP), Luiza Crosman (RJ), Maré de Matos (MG) e Narciso Rosário (PI).

Após passar pelo Parque Ibirapuera, em São Paulo, e Parque Faria Lima, em Guarulhos, a partir do dia 27 de agosto, é a vez dos usuários do metrô serem impactados com a instalação "Objeto Horizonte", que vai ocupar o vão central da estação Sé do Metrô até o dia 27 de setembro. As mais de 300 mil pessoas que circulam por ali diariamente podem deixar gravadas suas mensagens de como seria a cidade do futuro de seus desejos.

A obra "Objeto Horizonte" é um projeto do Coletivo Foi à Feira - composto atualmente por Clarissa Ximenes, Gabriel Tye Luís Filipe Pôrto, Matheus Romanelli e Rayza Mucunã. Repensada para o contexto de pandemia, a instalação é baseada na arqueologia da memória. A obra é uma esfera, reflexiva por dentro e transparente por fora, dedicada a ser um espaço de autorreflexão e um convite para que o visitante-participante deixe registrados seus desejos para uma cidade do futuro. A experiência imersiva conta com um painel de LCD com as mensagens deixadas e ruídos com estética futurista. Os áudios registrados são enviados a um receptor que transforma, a partir de um sistema operacional, as vozes em inserções aleatórias de sons e o resultado é como escutar uma viagem no tempo.

A instalação sonora "O QUE OUVE" da artista Lenora de Barros chega à estação Alto do Ipiranga no dia 1º de setembro. Para participar da Mostra 3M, Lenora produziu performances vocais usando como ponto de partida a frase: "O mundo se transforma em função do lugar onde fixamos nossa atenção. Esse processo é aditivo e energético", do músico John Cage. Em parceria com o compositor Cid Campos, durante seu período de isolamento, a artista usou diferentes sons e tons de voz na criação das mensagens-poemas acerca do tempo presente, que serão ressoadas por cinco caixas de som distribuídas na estação.

"A Mostra 3M de Arte é um dos projetos de artes visuais mais longevos no cenário nacional, e tem se consolidado como espaço para experimentação de artistas consagrados e lançamento de novos nomes no mercado artístico-cultural. A circulação da Mostra por parques e estações do metrô reforça ainda mais nossa proposta de formação de público da arte contemporânea", afirma Fernanda Del Guerra, diretora da Elo 3, idealizadora e realizadora do evento.

Em outubro, a 10ª Mostra 3M de Arte migra para o Parque Portugal, conhecido como Parque Taquaral, em Campinas. Além da instalação "Objeto Horizonte", o espaço recebe duas obras do artista Rafael RG: "O Brilho da Liberdade Diante dos Seus Olhos" e "Astral". A primeira - "O Brilho da Liberdade Diante dos Seus Olhos"- é inspirada na biografia da abolicionista e ativista norte-americana Harriet Tubman - mulher negra que lutou pelo fim da escravidão nos EUA e fazia sua rota de fuga baseada na observação da constelação da Estrela Norte. Em "Astral", o artista apresenta uma intervenção sonora, que conta com a participação de astrólogos que fazem leituras astrológicas enquanto o visitante pode observar a projeção original. Os astrólogos convidados por RG fazem também um paralelo com a história de Tubman e trabalham com astrologias de povos originários e culturas afrodiaspóricas.

Sobre a 3M

Na 3M, aplicamos a ciência de forma colaborativa para melhorar vidas diariamente. Com cerca de 90 mil funcionários conectados com clientes em todo o mundo, a 3M atingiu US﹩ 32 bilhões em vendas globais em 2020. No Brasil, o Grupo 3M conta com três fábricas instaladas no Estado de São Paulo, que compõem a 3M do Brasil, além da empresa 3M Manaus, instalada no Amazonas. Em 2020, alcançou faturamento bruto de R﹩ 4.5 bilhões no País, onde conta com cerca de 3.300 funcionários. Conheça nossas soluções criativas no site www.3M.com.br, em nosso Blog de Curiosidade ou em nosso perfil no Instagram @3MBrasil.

Sobre a Elo3

Há 16 anos fazendo produções culturais engajadas na democratização do acesso à arte, a Elo3 alia-se à iniciativa privada para realizar seu propósito e ampliar seu alcance. Sempre com a colaboração de grandes artistas e profissionais e o apoio de empresas que compartilham os mesmos valores, a Elo3 oferece à sociedade projetos questionadores, inovadores e transformadores, como a Mostra 3M de Arte. Conheça mais sobre a Elo3 no nosso perfil no Instagram @elo3cultura ou no site.

Serviço 10ª Mostra 3M de Arte
Tema: "Lugar Comum: travessias e coletividades na cidade"
Curadoria: Camila Bechelany

Locais e Datas

Estação Sé do Metrô: "Objeto Horizonte", do Coletivo Foi à Feira, de 27/08 a 27/09;
Estação Alto do Ipiranga: "O QUE OUVE", de Lenora de Barros, de 01/09 a 27/09;
Parque Portugal - Taquaral - (Campinas): "Objeto Horizonte", do Coletivo Foi à Feira, e as obras "O Brilho da Liberdade Diante dos Seus Olhos" e "Astral" de Rafael RG, de 01/10 a 30/10

Posted by Patricia Canetti at 4:50 PM

Rubens Ianelli na Contempo, São Paulo

Curadoria de Daniela Bousso traz a público a recente produção do artista, exibindo pinturas em óleo e têmpera sobre tela, além de desenhos e azulejo inéditos

A Galeria Contempo inaugura no dia 28 de setembro de 2021, terça-feira, a mostra do artista brasileiro Rubens Ianelli, exibindo 9 pinturas em têmpera sobre tela, 3 em óleo, além de 6 desenhos e 3 painéis em azulejo, selecionados pela curadora Daniela Bousso. A individual Delicadeza e Resistência fica em cartaz de 29 de setembro a 23 de outubro de 2021 no espaço da galeria no Jardim América, em São Paulo.

A presente seleção de obras de Rubens Ianelli é um convite a se compreender o entrelaçamento de aspectos biográficos do artista, partindo da sua infância cercada de artistas e as situações históricas e culturais por que ele passou como militante político e médico radicado no Acre. “O resultado destes deslocamentos é uma visualidade que remete ao geometrismo indígena, aos símbolos de civilizações arqueológicas e à figuração pré-colombiana. Seu imaginário também é fruto de observações nos anos 70, quando entra em contato com a Geometria Sensível”, escreve Daniela Bousso em texto de apresentação da individual.

Para a curadora, o hibridismo da linguagem de Rubens alia as abstrações orgânicas e geométricas do modernismo brasileiro e europeu às tradições ancestrais de povos ameríndios, operando um resgate da memória latino-americana de maneira dialética, onde se entreveem as influências de artistas como Joan Miró e Paul Klee e grafismos indígenas. Sob esse aspecto, Daniela evidencia o aspecto decolonial inaudito e precoce do repertório visual do artista, que “constela ecos dos tempos modernos no presente”, sobretudo nas delicadas têmperas de cromatismos básicos do mural italiano, com evocações das civilizações pré-colombianas.

“Dos quadrados e triângulos vem as cidades, acesas por uma luminosidade ora velada, ora animada por laranjas e amarelos. Dos povos indígenas vem as setas, a compor ficções que aludem a civilizações de outrora. E dos mares vem as ondas, que se esvaem nas brumas dos movimentos fluidos. Tudo sob o trato sensível de mini pinceladas. Afinal sensibilidade é política de resistência, pois refaz em pequenas narrativas uma história fora do eixo”, escreve a curadora.

A Galeria Contempo foi criada em 2013 por Márcia e Monica Felmanas e para reúne o melhor da produção artística contemporânea brasileira, representando artistas emergentes, jovens e promissores talentos. Ao reunir distintas linguagens e estéticas, a galeria transita do universo da pintura, do desenho, da gravura, do tridimensional e da fotografia, aproximando-se, ainda de “lugares” não tão “visitados”, como a arte de rua.

Posted by Patricia Canetti at 11:49 AM

setembro 20, 2021

Alice Shintani na Marcelo Guarnieri, São Paulo

A Galeria Marcelo Guarnieri tem o prazer de apresentar, entre 18 de setembro e 16 de outubro de 2021, Mata À VENDA, proposição imersiva de Alice Shintani que surge como um desdobramento de Mata, série de guaches em papel que integra a 34ª Bienal de São Paulo, Faz Escuro Mas Eu Canto.

Mata À VENDA é composta por dezessete pinturas em grande formato que atravessam as instalações físicas da galeria, entre quinas, portas, colunas e paredes. Metaforicamente, das dezessete obras propostas, nem todas são totalmente visíveis e, algumas, completamente invisíveis. Independentemente do tamanho ou visibilidade, todas as pinturas serão comercializadas pelo mesmo valor. Essa possibilidade faz das pinturas um instrumento de reflexão sobre os limites de nossa percepção estética e política no conhecido contexto de intensa mercantilização da linguagem pictórica.

Como observado no texto curatorial de Vento, mostra antecipatória da 34ª Bienal, "Mata trata-se de uma série produzida a partir de uma leitura livre de imagens da flora e fauna brasileira, sobretudo amazônica. A escolha de um sujeito pictórico clássico e a iconografia convidativa e plana parecem sugerir um trabalho autorreferenciado e pacificado, mas a maioria dos elementos explícita ou implicitamente retratados está em risco de extinção. O fundo intensamente negro, nesse sentido, contribui para ressaltar a luminosidade das cores empregadas pela artista para representar a vivacidade de algo, mas também pode ser lido como uma metáfora do estágio de incerteza e opacidade que caracteriza os dias atuais, de um ponto de vista ecológico, social e político". Mata À VENDA propõe uma reflexão complementar, ética e econômica, sobre o atual estágio das relações entre espaços ditos comerciais e institucionais de arte, a autodeterminação de seus atores e as possibilidades de resiliência da prática artística.

Na antessala da galeria, Shintani apresenta um ambiente de escuridão total com duas interferências: Perus, 31 de março (2019) é um vídeo em loop que captura uma cena de melancolia e ternura do dia 31 de março de 2019, no terreno de um cemitério que compõe um dos capítulos mais tenebrosos da nossa história. O áudio original captado na cena talvez nos recorde que, inaugurado em 1970, o Cemitério Municipal Dom Bosco foi utilizado como local de desova de corpos de vítimas da repressão da ditadura cívico-militar; em diálogo, um segundo pequeno vídeo, também em loop: Zika (2015), precursora da presente série Mata, é uma animação em gif de um dos exercícios em guache realizados a partir do entrecruzamento entre as leituras da artista sobre o Brasil de 2015 e as leituras de "Thought Forms" da escritora, teósofa e ativista Annie Besant. Em "Thought Forms", livro de 1905 que teve grande influência sobre artistas como Kandinsky e Klee, Besant defende a ideia de que os pensamentos emitem vibrações dotados de cores e formas que podem ser apreendidos por meio de intensa consciência, meditação e atenção. Na antessala, por meio de sons, formas e cores em movimento, somos convidados a pensar sobre as possibilidades de percepção da passagem do tempo, das imagens e narrativas históricas, suas repetições e apagamentos em meio à atual onda de mercantilização da produção artística de explícita crítica social e política. Os dois vídeos da antessala seguem disponíveis gratuitamente nas redes sociais da artista, além de via QR code no local.

Alice Shintani opera na intersecção entre o fazer artístico e a vida cotidiana, por vezes questionando práticas naturalizadas nessa relação. Como observado em Faz Escuro Mas Eu Canto, "não se trata da arte que comenta as notícias dos jornais, nem da arte que se impõe no tecido urbano como monumento inerte, e sim a vivência próxima dos afetos e violência diários que têm como contraponto o fazer gradual que envolve cores, formas e luminosidades".

Sobre a artista

Alice Shintani
1971 - São Paulo, Brasil
Vive e trabalha em São Paulo, Brasil

Alice Shintani desenvolve em seu trabalho exercícios de aproximação com o outro a partir da pintura e de seus desdobramentos. A pesquisa, motivada pelas possibilidades da experiência estética, explora a ideia da “pintura expandida” e se desenvolve em ações que vão desde o preenchimento total do espaço pela cor e pela luz, criando ambientes imersivos, até a proposição de refeições coletivas em que receitas, texturas, sabores, talheres, pratos e bandejas produzem significados e instigam camadas da percepção. Por meio da fricção entre questões formais, conceituais, sociais e mercadológicas, Shintani se debruça sobre as noções de visualidade e visibilidade de maneira a problematizá-las, quando se utiliza, por exemplo, de tons rebaixados de cor e formas abstratas para dar vida à pinturas que abordam narrativas de fantasmas, sombras e camuflagens, originárias da cultura japonesa; ou até mesmo quando infiltra em seus trabalhos elementos das comunidades de imigrantes no Brasil, invisibilizadas em sua maioria. A artista dialoga com a tradição da pintura e da história da arte, situando-as na experiência do presente e do espaço para além do circuito especializado.

Alice Shintani foi incluída na publicação “100 painters of tomorrow”, da editora Thames & Hudson (2014) e contemplada com o prêmio-aquisição no “II Prêmio Itamaraty de Arte Contemporânea” (2013). Participou de diversas exposições individuais e coletivas, destacando-se as seguintes instituições: Museu de Arte Contemporânea da USP, São Paulo, Brasil; Paço Imperial, Rio de Janeiro, Brasil; Centrum Sztuki Wspólczesnej, Poznán, Polônia; Centro Cultural São Paulo, Brasil; Instituto Itaú Cultural, São Paulo, Brasil; Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, Brasil; Museu Rodin, Salvador, Brasil; Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, Brasil; Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil; Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, Brasil. Durante a edição da sp-arte/2017, Alice Shintani foi vencedora do Prêmio de Residência com a instalação “Menas” e passou três meses na Delfina Foundation, em Londres (Reino Unido). Atualmente a artista é uma das convidadas para integrar a 34ª Bienal de São Paulo - Faz Escuro Mas Eu Canto, 2021.

Posted by Patricia Canetti at 12:11 PM

setembro 18, 2021

Terceiro módulo do Projeto 4x5 na Marília Razuk, São Paulo

Galeria Marília Razuk estreia terceiro módulo do Projeto 4x5, com obras de Eleonore Koch, Desali, Laura Belém, Mariana Serri e Rommulo Vieira Conceição, a partir do tema "Paisagem"

Com curadoria de Douglas de Freitas, o Projeto 4x5 reúne 20 artistas organizados em quatro módulos, exposições de curta duração, em cartaz no espaço físico e virtual da Galeria

Uma exposição em processo que traz ao público uma construção que se desdobra no espaço e no tempo a partir de módulos temáticos e artistas de diferentes trajetórias e gerações. Esse é o cerne do Projeto 4x5, exposição coletiva organizada em quatro módulos sob a curadoria de Douglas de Freitas e apresentada no espaço físico e virtual da Galeria Marília Razuk.

No sábado (18 de setembro), a galeria estreia a terceira etapa da mostra a partir do tema Paisagem. Eleonore Koch - artista homenageada na 34ª Bienal de São Paulo - abre o módulo. A ela, juntam-se Desali, Laura Belém, Mariana Serri e Rommulo Vieira Conceição.

Na ocasião da abertura, Marília Razuk promove uma visita guiada às 11h30 com o curador Douglas de Freitas e os artistas Desali, Mariana Serri e Rommulo Vieira Conceição.

Projeto 4x5

Com curadoria de Douglas de Freitas, o projeto é organizado em quatro eixos temáticos - Espaço, Projeto, Paisagem e Corpo -, eleitos a partir de quatro artistas emblemáticos que integram o acervo da Galeria: Amilcar de Castro, Julio Plaza, Eleonore Koch e Leonilson. Cada módulo é apresentado em exposições de curta duração, de cerca de 15 dias, trazendo, ao todo, obras de dez artistas convidados e dez representados por Marília Razuk.

Em Espaço, primeiro módulo do projeto, foram exibidas obras de Ana Sario, Alexandre Canonico, Daniel Acosta e Hugo Frasa em diálogo com a produção de Amilcar de Castro. Considerado um dos maiores artistas brasileiros, Amilcar foi um dos líderes do movimento neo-concretista, grupo que surgiu no final dos anos 1950 e defendia a liberdade de experimentação, sugerindo que a arte não é mero objeto, possui sensibilidade, subjetividade e vai além do geometrismo puro. “As formas geométricas planas de Amilcar se abrem para o espaço a partir das suas operações, seja de corte e dobra, seja de deslocamento. Nesse sentido, os artistas participantes desse primeiro módulo, trabalham com a forma e suas possíveis relações com o espaço, seja o espaço real, da tela, ou ainda o mental. Assim planos constroem elementos no espaço, ou espaços se planificam nas obras”, explica o curador.

No segundo módulo, Projeto, a pesquisa de forte caráter conceitual e de abordagem semiótica da arte do espanhol Julio Plaza foi conjugada à obra de Ana Dias Batista, Froiid, Vanderlei Lopes e Raquel Gaberlotti. Para além da questão gráfica e espacial dos poemas e dos objetos que esboçam espaços, a obra Plaza é ponto de partida para discutir a responsabilidade de projetar. Nesse sentido, os trabalhos do módulo tratam de tentativas, erros e acertos; desenhar novas regras, metodologias e movimentos; projeto como registro de obra, e não apenas com estudo de execução; e ainda sobre a mágica e o mistério que o ato de criar, ou projetar, envolve.

Já no terceiro módulo, Paisagem, a exposição é conduzida pelas pinturas de paisagens desabitadas da artista alemã Eleonore Koch, em diálogo com obras de Desali, Laura Belém, Mariana Serri e Rommulo Vieira Conceição.

Encerrando o projeto, de 2 a 17 de outubro, a Galeria apresenta o módulo Corpo, mostra que parte da obra autobiográfica e sensitiva de Leonilson ao lado de obras de Adalgisa Campos, Amanda Melo da Mota, Lais Myrrha e Maria Laet.

Todos os módulos serão exibidos de forma híbrida, no espaço físico e no Viewing Room da Galeria. O público poderá, inclusive, acompanhar os processos de montagem e desmontagem que ocorrem entre as mostras.

Sobre o curador

Douglas de Freitas (São Paulo 1986) é curador do Instituto Inhotim. Trabalhou de 2011 a 2019 como curador no Museu da Cidade de São Paulo (Secretaria Municipal de Cultura), onde realizou a performance de Maurício Ianês, as instalações de Tatiana Blass, Lucia Koch, Iran do Espírito Santo, Felipe Cohen, Laura Belém, Sara Ramo e Vanderlei Lopes na Capela do Morumbi; as exposições retrospectivas “Guerra do Tempo” de Marilá Dardot; “Arte à Mão Armada” de Carmela Gross; e “Allegro” de Guto Lacaz, na Chácara Lane. Em 2018 realizou a exposição "Morumbi Caxingui Butantã”, com instalações de Cinthia Marcelle, Matheus Rocha Pitta e Marcius Galan, que ocuparam respectivamente a Casa do Bandeirante, a Casa do Sertanista e a Capela do Morumbi. Foi o curador selecionado na Temporada de Projetos do Paço das Artes de 2011; vencedor do Prêmio PROAC Artes Visuais 2014 e 2016; do Edital Amplificadores de Artes Visuais do Recife 2015, com a exposição Em Espera, no Museu Murillo La Greca; e do Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2013, na Sala Nordeste de Artes Visuais, em Recife. Em 2017 organizou o livro monográfico de Carmela Gross pela editora Cobogó.

Posted by Patricia Canetti at 5:04 PM

Pinacoteca de São Paulo divulga programação de 2022

Destaques para mostras de Adriana Varejão; Jonathas de Andrade; Dalton Paula; Lenora de Barros; e a exposição Pelas ruas: vida moderna e diversidade na arte dos Estados Unidos com cerca de 100 obras, dentre elas trabalhos de Edward Hopper

A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, divulga a programação 2022 e examina questões relacionadas à ideia de uma “identidade brasileira” atualizando o debate em um ano marcado por efemérides. A violenta história colonial do Brasil e a recepção e "deglutição" de linguagens e procedimentos originários da arte europeia funcionam como norte para uma programação que dá novo frescor aos debates oriundos da Semana de 22 e do bicentenário da Independência. Ao todo, 11 exposições estão na agenda com inaugurações a partir de março.

Alguns destaques são: a grande mostra panorâmica de Adriana Varejão (26.mar); os trabalhos decoloniais de Jonathas de Andrade (02.abr); obra inédita site-specific de Dalton Paula (27. ago) para o Projeto Octógono, a primeira panorâmica na Pina da artista visual e poeta Lenora de Barros (08.out) e as performances, vídeos, fotografias e instalações que representarão a vida, arte e a religião de Ayrson Heráclito (01.out). No segundo semestre, em parceria com a instituição norte americana Terra Foundation for American Art, o museu apresentará uma importante reflexão inspirada no processo de urbanidade e modernidade que tomou conta do Estados Unidos entre 1893 e 1976 e será uma boa oportunidade para um contraponto às celebrações do centenário do marco da arte moderna no Brasil, acrescentando novas camadas e perspectivas para esse debate.

“O ano de 2022 marca o centenário da Semana de Arte Moderna, bem como o bicentenário da independência brasileira. A Pinacoteca se propõe a abordar ambas as efemérides a partir de uma perspectiva crítica, organizando uma série de exposições que olham para esses eventos como partes de processos mais alargados e continentais”, conclui Jochen Volz, diretor-geral da Pinacoteca de São Paulo.

Edifício da Pinacoteca Luz

Os cerca de 60 trabalhos de diferentes fases e períodos de Adriana Varejão ocuparão 7 salas da Pinacoteca e também o Octógono, espaço central do museu, onde estarão as obras recentes da série Ruínas. A inauguração acontece em 26 de março.

A mostra panorâmica pretende percorrer toda a trajetória de Varejão, iniciada em meados dos anos 80, para que todos possam tomar conhecimento da potência de uma das artistas brasileiras de maior repercussão internacional. A organização expositiva ressaltará como a sua coletânea tem se estruturado, ao longo das últimas três décadas, a partir de uma reflexão sobre a história colonial do Brasil, mas aponta também para uma reflexão continuada sobre a própria pintura, sua materialidade e sua expansão para além do plano bidimensional.

Em continuação ao tradicional Projeto Octógono Arte Contemporânea que comissiona obras site especific para o espaço desde 2003, Dalton Paula apresentará uma obra inédita no segundo semestre de 2022. A inspiração será a história brasileira, as raízes da violência racial e a migração forçada dos africanos durante o período da escravidão, temáticas já elucidadas em seu processo criativo.

Ainda na Pinacoteca Luz, após exitosa parceria em 2016, a instituição Terra Foundation for American Art se une novamente ao museu para a apresentação da mostra Pelas ruas: vida moderna e diversidade na arte dos Estados Unidos (27.ago). Tendo a diversidade como fio condutor, a mostra englobará cerca de 100 obras que articulam questões sociais, de classe e econômicas presentes na vida urbana nos Estados Unidos entre 1893 e 1976. Dentre as obras, estarão trabalhos de Geórgia 0’Keefe, Edward Hopper e Andy Warhol.

O museu também pretende ampliar o olhar dos visitantes sobre o Barroco brasileiro, explorando em uma exposição o legado da pintura no período colonial com obras de diversos estados do país, como Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, entre outros. As temáticas presentes nas pinturas irão dialogar com a produção da artista Adriana Varejão, que estará exposta no mesmo período.

Encerrando a programação na Pinacoteca Luz, a panorâmica sobre a poeta e artista visual Lenora de Barros (São Paulo, 1953). Múltipla em suas produções realizadas em diferentes mídias como vídeo, performance, fotografia e instalação, a exposição irá destacar as questões de gênero trabalhadas em suas concepções nos diferentes momentos da sua carreira.

Audiovisual

Outra novidade da programação 2022 é que a Pina agora terá uma galeria especial dedicada à exibição de vídeos. A estreia ficam por conta de Vostok (2013), de Leticia Ramos, adquirido pelo programa de Patronos da Arte Contemporânea da Pinacoteca de São Paulo, em 2018.

Edifício da Pinacoteca Estação

Em seu tradicional programa de exposições panorâmicas que revisitam a carreira de artistas brasileiros, a Pinacoteca destaca ainda as mostras sobre as produções de Jonathas de Andrade e de Ayrson Heráclito.

Jonathas de Andrade é um artista múltiplo com trabalhos em fotografia, filme, instalação, em que permeiam o imaginário da região nordeste, onde nasceu e atualmente vive. As práticas decoloniais e as críticas sociais e políticas são características de suas obras que poderão ser vistas a partir de 02 de abril.

Já no segundo semestre, a relação entre arte e elementos sagrados será evidente para quem visitar a primeira mostra panorâmica institucional do artista Ayrson Heráclito em São Paulo. Praticante do candomblé, desenvolve, desde a década de 1980, uma pesquisa sobre elementos da cultura yorubá, como a mitologia dos orixás. Além disso, suas obras abordam o racismo e a violência praticada contra a população negra. O processo criativo resulta em um território híbrido a partir das práticas do candomblé e a crítica social, com narrativas fincadas em simbologias e rituais. O conjunto artístico que ocupa o museu, a partir de outubro de 2022, se debruça sobre quatro décadas de trabalhos de Heráclito.

Ainda no mesmo edifício, as exposições Coleções na coleção e Revistas: um projeto moderno. A primeira mostra parte da obra Introdução à História da Arte Brasileira 1960-1990 (2015), de Bruno Faria, pertencente ao acervo da Pinacoteca, uma instalação composta de 168 discos de vinil, cujas capas foram desenhadas por artistas visuais como Hélio Oiticica, Regina Vater, Guto Lacaz, Alex Flemming, entre outros. A partir dessa ideia de uma coleção reunida por um artista, a exposição irá explorar outros trabalhos do acervo do museu que partam desse mesmo princípio.

Já Revistas: um projeto moderno nasce de um conjunto raro de revistas e publicações do acervo bibliográfico da coleção Ivani e Jorge Yunes, como as publicações Klaxon, Estética, Verde, entre outras. O objetivo é detalhar o modernismo a partir dos ensaios, manifestos, ilustrações e projetos gráficos das publicações. Além de deslocar a experiência do olhar para outros suportes, as revistas anunciavam com vigor o tom político e visionário que alcança até os tempos atuais.

PROGRAMAÇÃO 2022

Pinacoteca Luz - Exposições
Adriana Varejão
Período: 26/03/2022 a 1/08/2022
Curadoria: Jochen Volz
1º andar e Octógono

Pelas ruas: vida moderna e diversidade na arte dos Estados Unidos
Período: 27/08/2022 a 2023
Curadoria: Valéria Piccoli e Fernanda Pitta
1º andar

Barroco no Brasil
Período: 14/05/2022 a 12/09/2022
Curadoria: Valéria Piccoli
2º andar

Dalton Paula
Período: 27/08/2022 a 2023
Curadoria: José Augusto Ribeiro

Octógono

Lenora de Barros
Curadoria: Fernanda Pitta
Período: 08.10.2022 a 2023
2° andar

Sala de vídeos – 1º andar
Vostok (2013)
Leticia Ramos
Curadoria: José Augusto Ribeiro
Período: 26/02/2022 a 4/07/2022

Pinacoteca Estação - Exposições

Jonathas de Andrade
Curadoria: Ana Maria Maia
Período: 02/04/2022 a 29/08/2022
4° andar

Ayrson Heráclito
Período: 1/10/2022 a 2023
Curadoria: Ana Maria Maia
4° andar

Coleções na coleção
Curadoria: José Augusto Ribeiro
Período: 26/02/2022 a 15/08/2022
2º andar

Revistas: um projeto moderno
Curadoria: Horrana de Kassia Santoz
Período: 17/09/2022 a 2023
2º andar

Posted by Patricia Canetti at 4:29 PM

Arte Atual: Ana Lira, Helen Salomão e Laís Amaral no Tomie Ohtake, São Paulo

Neste ano de 2021, o Arte Atual – programa do Instituto Tomie Ohtake iniciado em 2013 que visa promover projetos experimentais e novos debates sobre arte contemporânea –, foi reformulado a fim de abarcar uma produção mais plural e com procedências das mais diferentes regiões do país. Esta edição conta com um grupo de fomentadoras que decidiu apoiar a pesquisa de jovens artistas mulheres, promovendo a pesquisa e a difusão de suas produções. Trata-se da Aliança Tomie Ohtake que tem em seu cerne o comprometimento com a cultura e a visibilidade da produção de mulheres, levando adiante o legado da artista Tomie Ohtake e de seu Instituto.

A 9ª edição do Programa Arte Atual, intitulada "Somos aquelas que permeiam o abismo em busca das frestas", com curadoria de Priscyla Gomes, faz alusão a um dos trechos do poema Espreita da artista visual Ana Lira. A escolha do poema é fruto de uma série de conversas entre a curadoria, a artista pernambucana, a fotógrafa baiana Helen Salomão e a carioca Laís Amaral. “O poema aglutina pautas comuns que permeiam os trabalhos dessas artistas, bastante vinculadas com a escrita e a produção poética, e que exploram nas suas articulações, a fotografia, a pintura, os conceitos de vivência e coletividade, a afetividade, a memória e o legado colonial”, destaca a curadora.

Segundo Priscyla Gomes ainda, permear o abismo e encontrar frestas evidencia alguns dos desafios constantes de suas práticas, muitas vezes cerceadas pelos condicionantes e hierarquias impostos pela sociedade patriarcal e visões canônicas da Arte. “As produções contidas na mostra são fruto das potências disruptivas dessas artistas afirmando-se sujeitas dos próprios discursos e de suas histórias”, completa. Os trabalhos apresentados, nas palavras da curadoria, trazem “uma profunda articulação entre corpo, voz, prática, coletividade e ética.”

A mostra também busca refletir como é possível retomar espaços de coletividade no contexto pandêmico. “A ocupação das salas expositivas, após esse longo período de quietude e exílio fadado pelo abismo da pandemia que nos assola, é um chamado coletivo à vida e a novos caminhos. Por intermédio de seus trabalhos, Ana Lira, Helen Salomão e Laís Amaral abrem frestas pulsantes e contundentes para novas perspectivas decoloniais da prática artística.”

ANA LIRA
Caruaru, Pernambuco, 1977. Vive e trabalha em Recife.
Ana é artista visual, fotógrafa, curadora, rádio host, escritora e editora baseada em Recife (PE - Brasil). É especialista em teoria e crítica de cultura. Observa a (in)visibilidade como forma de poder e dedica atenção a dinâmicas envolvendo sensibilidades cotidianas. Sua prática é baseada em processos coletivos e parcerias, tendo trabalhado com eles por mais de duas décadas. Nestas iniciativas dedica-se a fortalecer práticas colaborativas de criação que observam as entrelinhas das relações de poder que afetam nosso processo de comunicação, as articulações do cotidiano e a forma como produzimos conhecimento no mundo. É integrante da coletiva EhCho.org, da Nacional Trovoa e do Carni - Coletivo de Arte Negra e Indígena. Nesta mostra, Ana apresenta os trabalhos Numbra (2018), Território (2021) e Chama (2017-2021). Destaque no seu conjunto, Chama aborda uma experiência dedicada a expressões e a estéticas da diáspora, tanto dos povos negrodescentes, quanto povos originários da América. Mapeando articulações desta diáspora, seja ela na música, dança, poemas e na costura.

HELEN SALOMÃO
Salvador, Bahia, 1994. Vive e trabalha em São Paulo.
Fotógrafa documental, retratista e poetisa, Helen Salomão constrói pontes para o protagonismo negro por meio da fotografia. Iniciou seu percurso na fotografia como autodidata, buscando traduzir sua realidade e seu cotidiano. Sua produção fotográfica é lida, pela artista, como um processo de cura, de modo que os corpos aos quais retrata passam a ter o protagonismo da sua própria história. Tendo como uma de suas investigações a beleza de mulheres e homens pretos, a fim de exaltar esse poder, a artista retrata uma periferia sem sangue - na contramão dos estereótipos que usualmente recaem sobre o cotidiano dessas periferias. Sua produção explora de maneira contundente e primorosa luzes e contrastes, a fim de vibrar a diversidade de tons da pele preta e pluralidade de corpos, principalmente o feminino. Recorrentemente, Helen busca traduzir as diversas formas de afeto por intermédio de suas imagens. Suas imagens trazem uma miríade de corpos que se encontram nos toques mais sutis e deixam expressas também as marcas do tempo em suas peles e feições. A mostra apresenta retratos produzidos entre 2017 a 2021, muitos deles feitos em Salvador, trazendo recorrentemente temas como o feminino, a espiritualidade e a ancestralidade. Helen apresenta também o curta inédito Raízes Mapas em que explora as tranças como símbolo de resistência, sabedoria ancestral e afeto.

LAÍS AMARAL
São Gonçalo, Rio de Janeiro, 1993. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.
Artesã e artista, Laís Amaral é graduada em Serviço Social pela Universidade Federal Fluminense (2017) e co-fundadora do movimento Trovoa. Dedica-se principalmente à pintura e, atualmente, também à produção escultórica. Em sua pesquisa, Laís compara o contexto de desertificações ambientais em territórios brasileiros com o projeto de embranquecimento da população - um projeto ainda amalgamado na estrutura social brasileira, em âmbito político, econômico e cultural. Sua pesquisa incorpora a artesania e a fatura da bijuteria como elementos e práticas de seus processos. Na concepção de Laís, o gesto de pintar é nomeado como um vazar, denominação esta que faz referência aos movimentos da natureza e de “umedecer as formas de existir”. Para esta exposição, Laís apresenta trabalhos recentes, realizados entre 2020 e 2021. O conjunto explicita a relação entre a pintura e a fatura de suas bijuterias, nas quais as incisões na tinta acrílica desenham e modelam o espaço pictórico.

PROGRAMA ARTE ATUAL

Criado pelo Instituto Tomie Ohtake em 2013, o Arte Atual busca alimentar pesquisas artísticas experimentais, para criar possibilidades de aprimorar e enriquecer a pesquisa de cada participante. Para isso conta com a parceria de galerias para a produção das obras, desenvolvidas por meio de diálogos entre a equipe curatorial do Instituto Tomie Ohtake e os artistas convidados. O programa já contabilizou oito exposições: Estranhamente Familiar (2013); Medos Modernos (2014); E se quebrarem as lentes empoeiradas? (2015); Da banalidade (2016); É como Dançar sobre Arquitetura (2017), Fábula, frisson, melancolia (2017), Fratura (2018) e Jamais me olharás lá de onde te vejo (2019).

Posted by Patricia Canetti at 12:53 PM

setembro 17, 2021

Almeida & Dale celebra Luiz Sacilotto em exposição e livro, no Brasil e na Inglaterra

Até dia 23 de outubro Sacilotto – A Vibração da Cor, com curadoria de Denise Mattar e Gabriel Pérez-Barreiro, fica na galeria em São Paulo, com 50 obras produzidas entre 1974 e 2003. Em setembro, o lançamento do livro (Cosac Naify) acontece na SP-Arte, e a mostra abre em Londres, na Cecilia Brunson Projects, com lançamento do livro em inglês na Frieze Master 2021

Luiz Sacilotto (1924-2003) foi um dos signatários do Manifesto Ruptura em 1952, sendo uma das figuras centrais do Concretismo histórico no Brasil. Sempre se manteve fiel aos princípios ordenadores do movimento, e foi considerado por Waldemar Cordeiro como a “viga mestra da arte concreta”, e por Frederico Morais como “o mais concreto dos concretos”. Uma precisão, que, segundo Gabriel Pérez-Barreiro se reveste de outros significados: “Vemos que o artista era obcecado pela perfeição e pela exatidão, e ainda assim podemos presumir que seu intuito não era a precisão técnica como um fim em si, mas antes como ferramenta para estimular uma experiência no subconsciente do observador: uma forma racional de provocar uma resposta irracional.”

No início da década de 1960, Sacilotto interrompeu seu trabalho, desencantado com os caminhos do Concretismo e com o excesso de controle político no país. Retomou a atividade artística em 1974, realizando em 1980 uma retrospectiva no Museu de Arte Moderna de São Paulo, com um trabalho maduro e original sobre o qual disse Décio Pignatari: “o tempo o transformou nele mesmo”.

A mostra Sacilotto – A Vibração da Cor enfoca essa produção do artista, apresentando trabalhos da década de 1970, quando o movimento se tornou o eixo central da sua busca, passando pela vibração da cor em obras das décadas de 1980 e 1990, até a exposição de um impactante conjunto de trabalhos realizados com elementos recortados, produzido na década de 2000, já perto do falecimento de Sacilotto, que ocorreu em 2003.

Na década de 1970, a partir de rotações de signos geométricos serializados, colocados em ordem progressiva ou regressiva, o artista constrói um trabalho pleno de relações, que exploram a ambiguidade espacial e resultam em estruturas de caráter óptico-cinético. Para enfatizar a forma, Sacilotto trabalha apenas com cores básicas – preto, vermelho ou azul, sobre o branco. O processo, decorrente da pesquisa iniciada com guache, se estende para outras técnicas e mantêm as características monocromáticas.

Nos anos 1980, Sacilotto começa a incorporar a cor à sua obra, e faz um verdadeiro mergulho na pesquisa cromática, retornando, de certa forma, à paleta de seu trabalho expressionista da década de 1940. Começa, então, a comprar novos pigmentos e a catalogar os que acumulara ao longo da vida, cria suas próprias tintas e elabora escalas cromáticas para estudar a constituição das cores e as relações entre elas. A minuciosa pesquisa permite que o artista adquira total controle sobre o material e possa obter e repetir exatamente a cor desejada. Ainda testando possibilidades, ele passa a produzir telas pequenas, de 20 × 20 cm, que depois transforma em grandes formatos, com absoluta exatidão, fazendo também o inverso, pequenas obras a partir das grandes.

Para Denise Mattar: “O pleno domínio da forma, aliado ao virtuosismo cromático, permite a Sacilotto realizar de meados de 1980 até 1993 uma produção inteiramente particular. O artista contrapõe cores quentes e frias, e assim aumenta sua intensidade luminosa. Cria profundidades com a alternância cromática de figura e fundo, constrói assimetrias a partir de linhas simétricas alinhadas, ousa trabalhar com semitons e transparências produzindo uma obra que, nas palavras de Enock Sacramento, é ao mesmo tempo “lúcida e lúdica”.

Todas essas facetas estão apresentadas na exposição, incluindo alguns de seus pigmentos e escalas cromáticas, tal como os dispunha, impecavelmente, em seu ateliê. A Almeida & Dale representa o espólio do artista desde 2020 e esta será a primeira grande exposição com obras selecionadas.

LIVRO

Paralelamente à exposição, a Almeida & Dale prepara para lançamento em outubro, durante a realização da SP-Arte, uma publicação reunindo cerca de 250 obras do artista, que integram acervos de instituições internacionais, como MoMA, Coleção Patricia Phelps de Cisneros, The Museum of Fine Arts – Houston, de instituições nacionais, como MAM-SP, MAC- USP, Pinacoteca do Estado de São Paulo, MAM-RJ, Fundação Edson Queiroz, IAC, além de coleções particulares como Hecilda e Sergio Fadel, Gilberto Chateaubriand, e Airton Queiroz. Serão incluídos desenhos, pinturas, esculturas e obras públicas, fazendo o percurso desde o início da carreira do artista até seu falecimento, e a edição é da Cosac Naify.

O livro reúne textos do poeta Augusto de Campos, de Gabriel Pérez-Barreiro, curador da 33ª edição da Bienal Internacional de São Paulo, de Pia Gottschaller, do The Courtauld Institute of Art, Londres e da curadora brasileira, Denise Mattar. Para ampliar a abrangência da publicação os autores tratam de diferentes aspectos da obra do artista: Augusto de Campos conta sua relação com Sacilotto. Denise Mattar traça seu percurso artístico, Pia Gottschaller faz uma análise do processo técnico de Sacilotto e Perez-Barreiro propõe uma leitura do concretismo brasileiro a partir de conceitos de percepção e psicologia visual.

Posted by Patricia Canetti at 12:06 PM

Pierre Verger no Tomie Ohtake, São Paulo

Em parceria realizada entre o Instituto Tomie Ohtake, a Fundação Pierre Verger, a Fundação Bienal de São Paulo e, como parte da rede da 34º Bienal de São Paulo, Pierre Verger: Percursos e Memórias dedica-se a expor as diferentes documentações da trajetória do fotógrafo, durante suas principais viagens.

Por se tratar de um recorte e material inéditos, a dupla de curadores – Priscyla Gomes, curadora do Instituto Tomie Ohtake e Alex Baradel, curador da Fundação Pierre Verger – traz novas leituras à produção desse fotógrafo expoente. Com base numa imersão em seus arquivos, anotações, registros e escritos, a mostra é a primeira a apresentar Pierre Verger como fotógrafo, pesquisador, etnógrafo e líder religioso.

Além de imagens inéditas ou raramente mostradas, visando contextualizar sua produção e relacionando aspectos da vida pessoal do fotógrafo ao contexto histórico a que pertenceu, a mostra trará seus cadernos de viagens, publicações e periódicos nacionais e internacionais, cartas e textos inéditos, negativos e estudos de ampliações, bem como um documentário icônico coproduzido pelo fotógrafo e etnógrafo, totalizando mais de 300 itens em exposição.

Fotógrafo por excelência, Pierre Verger aprendeu o ofício da fotografia aos 30 anos e, ao longo da carreira, a dedicação e minúcia no conhecimento de povos e culturas que lhe interessavam foi tamanha que se alçou à condição de antropólogo e etnógrafo. Iniciou sua obra em 1932, quando decidiu unir a expertise que havia adquirido na fotografia com sua vontade de viajar para conhecer e registrar outras pessoas e lugares; partiu levando como única bagagem uma máquina fotográfica Rolleiflex.

A articulação entre imagem, escritos e uma extensa pesquisa resultou em um panorama vasto, desconhecido do público que, recorrentemente, se aproxima de Verger por intermédio de suas fotografias mais icônicas. Entre 1932 e 1970, foram décadas de viagens ao redor do mundo, passando pela Europa, Ásia, América e Oceania.

Os núcleos pelos quais se divide a exposição propõem-se a contar as diferentes viagens de Verger, utilizando esses percursos para narrar como o artista tornou-se pioneiro em muitas de suas abordagens sobre fotografia, no registro e investigação dos locais aos quais visitava e na sua forma de estabelecer diálogo com as diferentes populações. Cabe especial destaque, o ano de 1946, que marca sua chegada ao Brasil, um trajeto que resultaria numa longa permanência e na descoberta de um universo que mudaria em definitivo sua vida. Sua chegada deu início à sua pesquisa afro-americanista e africanista, que propiciou importantes desdobramentos na sua trajetória. Verger passou a registrar também por escritos as informações coletadas em suas viagens entre o Brasil e a África. É nesse universo que o fotógrafo e etnógrafo concentrou seus estudos, dedicando décadas de sua vida às culturas iorubá e fon, além de suas diásporas religiosas.

PROGRAMAÇÃO

Live de lançamento do livro Fluxo e Refluxo |Companhia das Letras
26 de agosto, às 19h, quinta-feira - por meio do Youtube do Instituto Tomie Ohtake
Lançamento da reedição do livro Fluxo e refluxo, de autoria de Pierre Verger, pesquisa realizada pelo fotógrafo em suas viagens entre a África Ocidental e a Bahia. Contará com a presença da antropóloga Lilia Schwarcz, do historiador João José Reis, do jurista, historiador e diplomata Rubens Ricupero, do artista Ayrson Heráclito, da curadora da exposição Priscyla Gomes e de Angela Luhning, diretora da Fundação Pierre Verger.

Experimentações dentro de casa - Revivendo Culturas
14 de agosto, sábado, às 11h e 21 de outubro, quinta-feira, às 14h
Ao longo de toda exposição o público poderá participar, ainda, de visitas, bate-papos coordenadas pela equipe de educadores do Instituto Tomie Ohtake, como as Experimentações dentro de casa - voltada para a realização de experimentações artísticas, culturais, sensoriais e arquitetônicas a partir de elementos que podem ser encontrados na sua própria casa.
Indicadas para maiores de 10 anos. Capacidade: até 20 pessoas
Inscrições pelo link: https://forms.gle/YDwBKW8pApUVinmSA
Também realizamos agendamento para grupos, durante todo período da exposição
Mais informações pelo e-mail: participacao@institutotomieohtake.org.br

Conversas on-line sobre a exposição
31 de agosto e 26 de outubro, às 19h
As Conversas on-line sobre a exposição, que são bate-papos em torno das obras e pesquisa curatorial, para grupos de até 20 pessoas, e acompanhamento das experimentações on-line, que são textos e reflexões sobre as exposições, compartilhados nos stories do Instagram do Instituto.
Indicadas para maiores de 15 anos. Capacidade: até 20 pessoas
Inscrições pelo link: https://forms.gle/cv9jvLW24asFUFtG9
Também há agendamento para grupos, durante todo período da exposição
Informações pelo e-mail: participacao@institutotomieohtake.org.br

Podcast Amplitudes - Fotografia e religiões de matriz africana
6 de setembro
Lançado sempre na primeira segunda-feira de cada mês, o podcast do Instituto Tomie Ohtake Amplitudes receberá convidados que serão entrevistados pelo educador Pedro Costa, em conversa sobre as relações entre fotografia e religiões de matriz africana.
Disponível nas plataformas de streaming.

Publicação Educativa digital acessível
16 de setembro - lançamento
Publicação on-line, concebida com professoras e professores de diferentes disciplinas e voltada para educadores das redes pública e privada de ensino, agentes comunitários, assistentes sociais, entre outros, será lançada no mês de setembro, visando as reverberações dos temas debatidos na exposição, nas práticas educacionais.

Curso A dimensão do retrato sob uma perspectiva decolonial
20 e 27 de outubro e 3 de novembro, das 19h - 21h
Público: Público geral. 40 vagas
Os encontros serão semanais, com duração de 2h cada, realizados pela plataforma Zoom.
O curso relaciona a obra de Pierre Verger com a do artista paraense Luiz Braga, que também estará com exposição em cartaz no Instituto Tomie Ohtake.
Informações: participacao@institutotomieohtake.org.br

Posted by Patricia Canetti at 10:59 AM

setembro 16, 2021

(de)morar na Referência, Brasília

Em seu primeiro trabalho como curador, Vinícius Brito faz uma incursão ao acervo da galeria e apresenta uma mostra que aborda a imprevisibilidade dos encontros e como os atravessamentos de mundos oferecem novas possibilidades de leituras das obras de arte

De 16 de setembro a 6 de novembro, a Referência Galeria de Arte apresenta a mostra (de)morar, uma coletiva de gravuras produzidas por 15 artistas brasileiros entre os anos 1980 e 2020. A exposição marca a estreia de Vinícius Brito na curadoria, que em seu primeiro trabalho realizou uma pesquisa no acervo da galeria para abordar a experimentação e a exploração das possibilidades que a gravura oferece para além da imagem. Com entrada gratuita e livre para todos os públicos, a visitação da mostra acontece de segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábado das 10h às 15h. A Referência Galeria de Arte fica na 202 Norte, Bloco B Sala 11 – Subsolo, Brasília- DF. Telefone: (55 61) 3963-3501 e Wpp (55 61) 98162-3111.

A mostra (de)morar traz gravuras de Alfredo Volpi, Arcangelo Ianelli, Arthur Piza, Carlos Vergara, Eduardo Sued, Elyeser Szturm, Helena Lopes, Leda Catunda, Lêda Watson, Luiz Dolino, Manabu Mabe, Roberto Burle Marx, Rubem Valentim, Siron Franco e Tomie Ohtake. “Durante a pesquisa de acervo da galeria para organização da exposição, antes mesmo de escolhê-las pelo nome do artista, eu me demorava nas obras, colocando-me sob-risco, sendo atravessado por essas linguagens (daí o nome da exposição). Fui sendo levado por essa narrativa, um fio condutor, não uma mensagem, posto que todos os artistas da mostra se afastam da figuração, apesar de muitos deles possuírem trabalho no que podemos denominar como representação”, diz o curador Vinícius Brito.

O recorte do acervo promove um processo dissonante que esfacela a figuração a partir das obras de artistas brasileiros. Composições artísticas que, apesar de muitas vezes produzidas em épocas e países diferentes, são permeadas de experimentações, sendo a abstração o elemento que talvez mais aponte para uma convergência em suas teorias e diretrizes, além do suporte gravura.

Para construir o corpo da mostra (de)morar, o curador retoma a trajetória da gravura contemporânea Brasileira a partir de instituições como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM Rio, inaugurado em 1950. Mesmo sendo uma instituição recém-inaugurada, foi palco da então mais recente produção artística ao realizar mostras de arte como a abstrato-geométrica. Desde então, a vertente abstrata, como a concreta e neoconcreta, são centrais nos estudos artísticos mundiais, sobretudo no cenário nacional, ocupando seu devido espaço também através de cursos, palestras, exposições, dentro e fora das universidades brasileiras.

Vinícius ressalta que as obras que compõem o acervo da galeria, incluindo as que estão na mostra, promovem um atravessamento cuja mediação é direta, entre a obra e o espectador, permitindo interpretações, sensações mesmo, que cabe apenas a quem se demorar perante ela. A experiência do contato com a obra no contexto de uma exposição, mediada por um processo de curadoria é diferente de ter contato com a obra em uma reserva técnica, por exemplo. “Uma exposição é sempre uma chance de entrar em contato com a obra, de ser reapresentado, promovendo um outro diálogo, exatamente pela inserção nesse novo contexto, nessa outra narrativa”, diz. E completa: “A proposta da mostra não é guiar o visitante por meio de um fio condutor das gravuras que compõem a exposição, mas pô-lo sob-risco. Tecer uma abertura sobre a democratização da arte contemporânea abstrata mediante o suporte gravura, que impõe uma mudança na linguagem, longe de serem projetadas como simples artigos comerciais”.

Visitas mediadas e encontros com o curador

Durante o período da mostra (de)morar, o curador Vinícius Brito realizará visitas mediadas e conversas sobre os temas que cercam a produção de gravuras no Brasil. Os encontros acontecem aos sábados das 11h às 13h. Em setembro, as visitas e conversas acontecem no dia 18. No mês de outubro, será nos dias 2, 16 e 30. E em novembro, acontece no dia 6, último dia da mostra. “A temática é livre e a proposta é que os visitantes se deparem com as obras e, a partir desse encontro, estabelecermos uma conversa sobre a gravura”, afirma o curador. A participação do público nas visitas mediadas e dos encontros com o curador devem ser agendadas pelo telefone (55 61) 3963-3501 ou pelo Wpp (55 61) 98162-3111. Devido à continuidade da pandemia, a lotação máxima da galeria é de 10 (dez) visitantes ao mesmo tempo.

Visibilidade para o Distrito Federal e o Centro-Oeste

Como parte da proposta de ampliar a visibilidade dos profissionais que fazem parte da cadeia produtiva das artes visuais no Distrito Federal e do Centro-Oeste, a Referência Galeria de Arte convidou o curador Vinícius Brito para pensar a mostra coletiva de gravuras que agora abre ao público. A galerista Onice Moraes, sócia da Referência, ressalta a importância de abrir cada vez mais espaço para os novos agentes do sistema da arte. “Esta é uma construção coletiva, em que cada um de nós desempenha um papel importante no desenvolvimento de profissionais e de toda uma cadeia produtiva especializada formada por artistas, iluminadores, montadores, produtores, pintores e também curadores”, ressalta Onice. “Estes últimos, são os responsáveis por apresentar e mediar o diálogo entre instituições e artistas com o público, orientar a formação de coleções privadas e públicas, lançando novas leituras sobre a produção de arte contemporânea. Sendo uma galeria comercial, um dos papéis que a Referência se atribui é de fomentar o trabalho desses profissionais e apresentá-los ao público”, completa.

Sobre o curador

Vinícius Brito (Brasília - 1995) é bacharel em Teoria, Crítica e História da Arte pela Universidade de Brasília - UnB. Produtor cultural e arte-educador, desde 20218, atua na Referência Galeria de Arte na produção de exposições, atendimento ao público e elaboração de projetos. Foi produtor executivo e assistente de coordenação educativa do evento BsB Plano das Artes (2018-2020). Trabalhou como produtor executivo e gestor administrativo do Mercado Mundi 2018, projeto realizado via Lei de Incentivo à Cultura – DF. Atuou como assistente de produção e supervisão de ações educativas do Programa Educativo CCBB DF, na mostra 100 Anos de Athos Bulcão (16/01 a 01/04 de 2018). Estagiou em gerenciamento de equipe, supervisão de ações educativas, desenvolvimento e aplicações de atividades pedagógicas, ambientação e direcionamento estético/visual do Programa Educativo CCBB DF (2016 – 2017) nas exposições Mondrian e o Movimento De Stijl, DIVERSOM, Zeitgeist, Horizontes da América Latina, Los Carpinteros, Cícero Dias: Um Percurso Poético, Erwin Wurm, Entre Nós - MASP, Festival Internacional de Linguagem Eletrônica: DISRUPTIVA, Dragão Floresta Abundante e Museu Banco do Brasil.

Posted by Patricia Canetti at 9:17 AM

Marc Davi no BDMG Cultural, Belo Horizonte

Exposição do artista Marc Davi apresenta uma série de performances e instalações com gestos que discursam sobre corpo, matéria e linguagens. Mostra estreia nesta quinta-feira, 16 de setembro, às 16h, na Galeria de Arte e virtualmente

De 16 de setembro a 15 de outubro, o BDMG Cultural realiza a exposição “Dos que ardem", do artista plástico e performer Marc Davi, na Galeria de Arte e na plataforma virtual mostrasbdmgcultural.org. O artista apresenta uma série de trabalhos performáticos com gestos que discursam sobre corpo, matéria e linguagens.

Ao todo, serão quatro perfomances/instalações apresentadas no BDMG Cultural, durante o período de ocupação da Galeria de Arte. Glory Hole, na tarde de estreia, dia 16 de setembro, às 16h, e em outras duas datas (17/09 e 15/10) ao longo da programação; Ensaio para um corpo (24/9; Camisa Social (01/10) e Da sensação de elasticidade quando se marcha sobre cadáveres (08/10), uma vez cada.

Além de artista plástico pela Escola Guignard da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), cantor erudito e performer, Marc Davi é também formado em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Dessa formação, aproveita, sobretudo, os conhecimentos relacionados à anatomia, manobrados em seus trabalhos performáticos pela relação com o corpo, extrapolando, por vezes, as delimitações formais do humano.

Marina Câmara, curadora da mostra e também professora da UFRGS, defende que "em cada fase de seus processos criativos e em cada trabalho que apresenta, é possível sentir Marc Davi olhando, de modo quase perturbador, bem no fundo dos olhos do desconhecido, sem nos permitir saber se Davi o desafia ou com ele flerta, ou os dois".

A exposição é a terceira do Ciclo de Mostras BDMG Cultural 2021. Um ciclo que nasceu com a seleção pública de projetos em 2020 e se apresenta neste ano, em meio à pandemia. Para Gabriela Moulin, diretora-presidente do BDMG Cultural, essa é uma mostra que se insere perfeitamente ao momento. “O trabalho de performance de Marc Davi revela gestos que lidam com a essência da vida: corpo, matéria e linguagens. Em um tempo em que a vida precisa ser nosso alvo de maior defesa e nossa mais profunda e necessária renovação”, resume.

O Ciclo de Mostras BDMG Cultural 2021 já recebeu, na Galeria de Arte e em plataforma virtual, exposições de Clarice G Lacerda e da dupla Lucimélia Romão e Jessica Lemos. Após a mostra de Marc Davi, a Galeria de Arte vai receber exposição da dupla de artistas Affonso Uchoa e Desali.

Sobre o artista

Marc Davi é formado em Artes Plásticas pela Escola Guignard (UEMG) e Medicina pela Faculdade de Medicina da UFMG. Pós graduado em Artes plásticas e contemporaneidade pela UEMG. Estudou canto lírico com Marilene Gangana, Neyde Ziviane, Sérgio Anders e canto popular na Babaya Casa de Canto. Atualmente, desenvolve sua pesquisa no Estúdio Minotauro e em seu ateliê. Seus trabalhos propõem a in(corpo)ração dos discursos como estratégia de atravessamento diante da falência das linguagens e da ameaça de aniquilamento das subjetividades. Suas performances partem do engajamento corporal como possibilidade última de reinvenção dos sistemas de domínio. Suas esculturas e instalações apontam para o esvaziamento do sistema da Arte e para a proliferação de novas mídias. Idealizador e diretor da plataforma Glory Hole. Artista indicado ao prêmio PIPA de Arte Contemporânea 2020. Vive e trabalha em Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro.

Sobre a curadora

Marina Câmara é professora adjunta da área de História, Teoria e Crítica da arte do Departamento de Artes Visuais do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; pós-doutoranda pelo Departamento de Letras Modernas FFLCH - USP; curadora e crítica independente.

Programação e sinopses das perfomances

Glory Hole (2019-2021) | 30 minutos | Dias 16/09, 17/09 e 15/10, às 16h

Nessa ação o artista propõe uma conjunção entre presença e ausência: conduz corpo e lacuna a coabitarem o mesmo tempo-espaço. O tecido de uma burca, ao recair inteiramente sobre o corpo e o rosto do artista, delimita um único poro de troca. O contato com o mundo se fará através da borda circunscrita de um respiráculo. A mediação através de uma única cavidade coloca a burca numa mesma equivalência de funcionalidade do glory hole: uma cápsula que gesta um furo.

Ensaio para um corpo (2013) | 40 minutos | 24/09 às 16h

Deflagrada pela imagem escultórica que se forma a partir de membros presos ao retirarmos peças de roupas, essa performance é um ato de escavação das camadas que recaem sobre um objeto. Os gestos propõem uma espécie de deshierarquização de matérias numa aparente tentativa de se acessar a real natureza daquilo que nos compõe.

Camisa social (2009) | 20 minutos | 01/10 às 16h

Miniaturizado pelas grandes dimensões de uma vestimenta, Marc Davi coloca em xeque a própria possibilidade de se reconhecer qual roupa de fato o seu corpo sustenta: camisa? camisola? vestido? túnica? manto? Diante dos limites tênues entre as categorias, o que se revela é a coexistência de uma convenção e da natureza fugidia de algo que não é capturado. Essas zonas de transição cintilam a arbitrariedade com a qual o corpo é subjugado pela linguagem.

Da sensação de elasticidade quando se marcha sobre cadáveres (2016-2018) | tempo indefinido | 08/10 às 16h

Ao arrancar camadas da parede, Marc Davi esfola a si e ao espaço da galeria, fazendo confundir sua própria pele com a pele do ambiente - parede e chão. Ao diluir as delimitações do corpo até então classificado de humano, ambiental, arquitetônico, passa a aniquilar as fronteiras de sua nomeação.

Funcionamento da Galeria de Arte

Seguindo os protocolos de segurança do Estado e do município de Belo Horizonte, a Galeria de Arte funcionará às segundas, quintas e sextas-feiras, em horário reduzido, das 10h às 12h e 14h às 17h, com número de visitantes restritos. Para visitação, será necessário a retirada de ingresso gratuito, de acordo com disponibilidade de data e horário, por meio do sympla.com.br

O BDMG Cultural é integrante do Circuito Liberdade, complexo cultural sob gestão da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult) e que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo.

Posted by Patricia Canetti at 8:36 AM

setembro 14, 2021

Antonio Dias no IAC, São Paulo

A exposição Antonio Dias / Arquivo / O lugar do trabalho, aberta no dia 1º de setembro no Instituto de Arte Contemporânea – IAC, integra a rede de parcerias da 34ª Bienal Internacional de São Paulo, acompanha fragmentos e rastros materiais das estratégias, ao mesmo tempo políticas e estéticas, delineadas pelo artista brasileiro Antonio Dias durante a década de 1970. Com curadoria de Gustavo Motta, traz ao público notas, projetos, obras, cadernos, publicações, esboços e recortes – oriundos majoritariamente do arquivo de trabalho de Antonio Dias, recém-confiados ao IAC.

Esses materiais jogam nova luz sobre os procedimentos de reengenharia subversiva da arte efetuados pelo artista – que configuraram intervenções decisivas no debate coletivo da vanguarda artística brasileira do pós-1964, e cujas reverberações críticas aparecem intensificadas no presente. O artista também participa da 34ª Bienal de São Paulo, que poderá ser visitada gratuitamente no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque Ibirapuera, de 4 de setembro a 5 de dezembro de 2021.

Sobre Antonio Dias

Nascido em Campina Grande, Paraíba, em 1944, viveu e trabalhou entre Milão, Itália, e Rio de Janeiro, Brasil, onde faleceu em 2018. Um dos nomes mais importantes da arte contemporânea brasileira contemporânea, iniciou sua carreira na década de 1960. Artista multimídia e professor, suas obras foram apresentadas em mais de uma centena de exposições individuais e coletivas nas mais destacadas instituições do mundo e fazem parte de importantes coleções públicas e privadas: MoMA NY; Daros Latinamerica Collection; Museum Ludwig; MALBA; MAM-SP, Instituto Itaú Cultural, entre inúmeras outras.

Sobre o Curador

Gustavo Motta é crítico e historiador da arte, Mestre e Doutor em Artes Visuais pela USP, com pesquisas sobre arte brasileira (da década de 1960 à atualidade). Editor da revista dazibao – crítica de arte, foi professor de história da arte na UDESC (Florianópolis-SC) e de cursos de Arte Conceitual no SESC-Pompeia.

Sobre o IAC – Instituto de arte Contemporânea

Única instituição no país voltada exclusivamente à preservação de arquivos pessoais de artistas visuais brasileiros, o IAC – Instituto de Arte Contemporânea surgiu em 1997 para a preservação inicial de dois acervos confiados a Raquel Arnaud: Willys de Castro e Sergio Camargo. São 23 anos de credibilidade, incluindo dois Prêmios APCA, em 2006, como melhor iniciativa cultural do ano e em 2021, como melhor atividade cultural na área das artes visuais em 2020. Com sede própria desde 2020, o IAC operou até então por meio de parcerias institucionais com a Universidade de São Paulo (2006-2011) e com o Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (2011-2019).

Se de um lado, com seu potente Núcleo de Documentação e Pesquisa, atende a estudiosos, de outro, o IAC oferece ao público exposições que revelam o processo de trabalho de grandes nomes da arte brasileira, além de cursos, palestras e workshops. Pela interface on-line ainda, pesquisadores de qualquer parte do mundo podem ter acesso ao acervo por meio de seu banco de dados.

Atualmente o acervo conta com mais de 70 mil documentos, dos artistas: Amilcar de Castro, Antonio Dias, Hermelindo Fiaminghi, Iole de Freitas, Ivan Serpa, Lothar Charoux, Luiz Sacilotto, Sergio Camargo, Sérvulo Esmeraldo e Willys de Castro e do arquiteto Jorge Wilheim. Até o final de 2022, o IAC se prepara para receber os acervos de Carmela Gross e Rubem Ludolf.

Sobre a 34ª Bienal

Com curadoria geral de Jacopo Crivelli Visconti, a 34ª Bienal – Faz escuro mas eu canto, iniciada em fevereiro de 2020, vem se desdobrando no espaço e no tempo com programação tanto física quanto on-line, e culminará na mostra coletiva que vai ocupar todo o Pavilhão Ciccillo Matarazzo, Parque Ibirapuera, a partir de setembro de 2021, simultaneamente à realização de dezenas de exposições individuais em instituições parceiras na cidade de São Paulo. De 4 de setembro a 5 de dezembro de 2021. Entrada gratuita.

Posted by Patricia Canetti at 6:41 PM

setembro 13, 2021

Sérvulo Esmeraldo na Pinakotheke São Paulo

A Pinakotheke São Paulo, em colaboração com a Galeria Raquel Arnaud, realiza a exposição Sérvulo Esmeraldo (1929-2017): 90 + 2, dentro das comemorações dos 90 anos do artista iniciada na cidade de Fortaleza em 2019. Com curadoria do especialista em arte contemporânea latino-americana Hans-Michael Herzog, a exposição reunirá aproximadamente 90 obras do artista, abrangendo os anos 1950 a 2000, entre maquetes, pinturas, desenhos, gravuras, esculturas, instalação, e a maior coleção de Excitables exibidos numa única exposição - trabalhos ativados pela eletricidade estática que levam em conta a interação entre o corpo e o objeto.

A mostra obedecerá a uma cronologia, nos conceitos que compõem a sua trajetória de artista. Herzog destaca que o vai-e-vem artístico entre a bidimensionalidade da arte gráfica e do desenho e a tridimensionalidade que abrange e encerra o espaço da plástica escultórica de Sérvulo não é contraditório, mas sim uma consequência inevitável no pensar e agir do artista. “Para ele, a segunda e a terceira dimensões não eram contraditórias, mas grandezas e categorias mutuamente complementares ou até condicionantes, dentro das quais ele se movimentava com agilidade e destreza”.

Em seu texto, o curador indica que o seu interesse não é o aprofundamento nas raízes artísticas brasileiras do artista, nem a relação dele com o neoconcretismo, mas opta inicialmente por inscrever suas obras escultóricas no grande contexto internacional.

Nas palavras de Hans-Michael Herzog, historiador, crítico de arte e o curador desta exposição:

“Sérvulo Esmeraldo faz parte das personalidades artísticas brasileiras absolutamente preeminentes da segunda metade do século 20. O que lhe falta (assim como a tantos de seus colegas brasileiros) é simplesmente o reconhecimento internacional. Eis o que move o desiderato de “colocá-lo no mapa”, à semelhança do que ocorreu também, há nem tanto tempo, com artistas muito festejados como Lygia Clark e Hélio Oiticica. Por fim, grande quantidade de suas obras — as mais importantes — ainda estão disponíveis, melhor dizendo ainda podem ser visitadas in situ.

No início deste século, enquanto percorri toda a América do Sul a fim de escolher obras de arte para a futura coleção Daros Latinamerica, ninguém me chamou a atenção para o trabalho de Sérvulo Esmeraldo. Por que não? Soto, Le Parc, Cruz-Diez e suas galerias dominavam o campo latino-americano da arte contemporânea tornada clássica. O motivo não poderia ser a origem nordestina de Sérvulo; afinal, viajei intensamente todas as regiões do país. Por fim, Mario Cravo Neto e Antonio Dias permaneceram sendo os únicos nomes do nordeste brasileiros que incorporei à coleção.

Creio que o reduzido reconhecimento internacional de Sérvulo Esmeraldo se deva a um curioso fenômeno do mercado de arte especificamente brasileiro: um mercado que opera de maneira bastante hermética e autóctone, com regras próprias e níveis de preço que se mantêm em larga medida estáveis e incontestáveis pelo tempo e espaço. Independentemente das influências do mercado externo e ainda antes da virada do século, uma série de artistas brasileiros de muita qualidade havia se estabelecido no mercado interno brasileiro sem nunca ter estado sob os holofotes internacionais. Sérvulo Esmeraldo foi um deles”.

Sobre Sérvulo Esmeraldo

Escultor, gravador e desenhista, Sérvulo Esmeraldo iniciou-se profissionalmente em Fortaleza, no final dos anos 40, nos ateliês livres da SCAP- Sociedade Cearense de Artes Plásticas. Fixando-se em São Paulo, em 1951, para estudar arquitetura, é atraído pela efervescência da 1ª. Bienal e sua revolução artística-cultural.

Ilustrador no Correio Paulistano, entre 1953 e 1957, desenvolveu em paralelo, de forma vigorosa, xilogravuras de natureza geométrica. Sua exposição realizada no MAM (SP), em 1957, o credenciou para um ano de estudos em Paris, com bolsa do governo francês. Temporada que resultou numa permanência de mais de vinte anos. E no desenvolvimento de uma obra plural e de muitas vertentes.

Em Paris, frequentou os ateliês de Litogravura da École Nationale des Beaux-Arts e de Gravura em Metal de Johnny Friedlaender, dedicando-se largamente a esta última, tendo inclusive feito gravuras a partir de guaches e pinturas para Serge Poliakoff. O esmero nestas obras levou Poliakoff a confiar-lhe, em 1965, a execução de um painel de 1,80 x 9,00 no Hotel Carlton, em Cannes.

Detentor de considerável obra gravada, editado e distribuído por importantes editores europeus, em meados dos anos 60, Esmeraldo estava decidido a não ser gravador em tempo integral. Interessava-lhe por em prática seus projetos cinéticos. Trabalhando em objetos movidos a motores, imãs e eletroímãs, ou manipuláveis, em acrílico ou metal, foi com os Excitables, trabalhos movidos à eletricidade estática, iniciados em 1966, sua contribuição mais original ao cinetismo internacional. O funcionamento destas “máquinas” está ligado a cargas eletrostáticas produzidas por fricção do observador sobre a sua superfície. Datam do mesmo período as esculturas em plexiglass, preto e branco, cujo interesse é a topologia do volume.

Iniciou em 1977 o retorno ao Brasil, trabalhando em projetos de arte pública que incluíam esculturas monumentais na paisagem urbana de Fortaleza, cidade onde fixou atelier em 1979. Foi o idealizador e curador da I e II Exposição Internacional de Esculturas Efêmeras (Fortaleza, 1986 e 1991). Com importantes exposições realizadas e participação em salões, bienais e outras mostras coletivas na Europa e nas Américas, sua obra está representada nos principais museus do país e em coleções públicas e privadas do Brasil e exterior. Em 2011, a Pinacoteca do Estado de São Paulo organizou importante retrospectiva da sua obra. Grandes mostras de sua obra passaram a acontecer a partir de 2006, no Brasil e exterior, em recortes cada vez mais abrangentes. Em tributo aos 90 anos que completaria em 2019 é decretado no Estado do Ceará o Ano Cultural Sérvulo Esmeraldo. É o artista homenageado da Bienal Internacional do Livro do Ceará e é realizado no Crato sua cidade natal o Festival Sérvulo Esmeraldo 90.

LIVRO

Acompanha a exposição, o livro bilíngue (português /inglês) homônimo, “Sérvulo Esmeraldo (1929-2017): 90 + 2” formato 21 x 27cm, com textos críticos, alguns inéditos, imagens e informações sobre as obras (será lançado ao longo da exposição).
Sérvulo Esmeraldo — Reflexões sobre sua obra plástica, – Hans-Michael Herzog
Giuseppe Marchiori, Veneza, abril de 1966;
Guy Weleen, julho de 1967;
Jacques Queralt, julho de 1973;
Fernando Cochiaralle: Entre a linha e o espaço, dezembro de 2002
Depoimento: Sérvulo Esmeraldo sobre Serge Poliakoff
Ensaio fotográfico de Alécio de Andrade
Cronologia atualizada

Posted by Patricia Canetti at 2:16 PM

setembro 9, 2021

Clube de Colecionadores do MAM Rio lança nova edição na ArtRio 2021

Clube de Colecionadores MAM #8: Museu apresenta nova edição em setembro, na ArtRio, e lança programa de participação e relacionamento com benefícios exclusivos e descontos

Conjunto reúne trabalhos de Dalton Paula, Gê Viana, Paulo Nazareth e Rivane Neuenschwander; e edição especial de Thiago Martins de Melo

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) lançará a 8ª edição do Clube de Colecionadores no dia 8 de setembro, em seu estande na feira internacional ArtRio 2021. O novo conjunto apresenta quatro gravuras de Dalton Paula, Gê Viana, Paulo Nazareth e Rivane Neuenschwander, e conta com edição especial de Thiago Martins de Melo. O Clube 8 foi selecionado pela equipe curatorial do MAM Rio em consonância com as linhas temáticas do programa artístico, valorizando práticas engajadas com as questões do presente.

Criado em 2004, o Clube de Colecionadores é uma oportunidade de aquisição de obras exclusivas de artistas visuais brasileiros, com tiragem limitada. A renda arrecadada a partir da venda dos conjuntos é integralmente revertida para os projetos de arte, cultura e educação do MAM Rio. “Há 17 anos, o Clube fomenta o colecionismo, difunde a arte contemporânea e incentiva a produção artística”, afirma Fabio Szwarcwald, diretor executivo do museu.

“Esta edição dialoga com os demais projetos do museu, sendo composta por artistas com inserção no mercado e trajetórias profissionais consolidadas, cujos interesses de pesquisa nos ajudam a pensar as narrativas de museu que queremos”, reflete a curadora Beatriz Lemos.

Em paralelo, a instituição lança o Agente MAM Rio, um programa de participação e relacionamento que visa aproximar público e museu. Fazendo parte, os apoiadores incentivam regularmente os projetos do MAM Rio, bem como recebem benefícios na programação – não só do museu, mas de várias instituições parceiras, como o MASP e o MAM SP.

A adesão é feita através do site (www.mam.rio) e as vantagens incluem convites para aberturas de exposições, visitas sob medida, participação garantida em encontros promovidos pela instituição e descontos (na loja do MAM Rio, em ingressos para a casa de shows Vivo Rio e no estacionamento do museu). Os Agentes MAM Rio também têm direito a 20% de desconto na aquisição do conjunto e/ou da edição especial do Clube de Colecionadores.

O programa apresenta duas categorias: ‘individual’ (R$ 190 a anuidade, ou R$ 95 para estudantes, professores e pessoas com mais de 60 anos) ou ‘dupla’ (R$ 270 por ano), caso o apoiador tenha interesse em estender os benefícios a um(a) acompanhante. Em ambas as categorias é possível fazer uma doação extra e contribuir com as demais ações do museu. O programa inclui, ainda, a opção ‘vale-presente’ que pode ser oferecida a terceiros, proporcionando acesso facilitado e independente ao museu e sua programação, ao longo do ano todo.

“O programa Agente MAM Rio tem como objetivo criar canais que permitam uma maior aproximação às ações e iniciativas do museu, um acompanhamento mais próximo do que fazemos e pensamos, ao mesmo tempo que cria uma estrutura coletiva de apoio,” informa Pablo Lafuente, que compõe a direção artística da instituição em parceria com Keyna Eleison.

Sobre as obras

Clube de Colecionadores #8 (os trabalhos não são vendidos separadamente; R$ 8 mil)

Dalton Paula
Enfia a faca na bananeira, 2017-2021
serigrafia sobre papel Hahnemühle 300 g/m2
43,6 x 100 cm
tiragem 100 + 7 PA

Os trabalhos de Dalton Paula partem da problematização das estruturas sociais no país, articulada à herança deixada por africanos escravizados. Sua atuação no campo artístico vem ganhando grande visibilidade nos últimos anos, contribuindo para o aprofundamento dos estudos afrodiaspóricos e a maior conscientização estrutural do racismo em nossa sociedade. Enfia a faca na bananeira é parte de uma série de pinturas (2017-2021) que, para o Clube de Colecionadores, foi impressa como serigrafia. A obra reúne cenas do cotidiano de trabalho protagonizadas por ferramentas e símbolos de poder, cura e resiliência.

Gê Viana
Sentem para jantar, 2021
série Atualizações traumáticas de Debret impressão em jato de tinta com pigmento natural
de colagem digital sobre papel Hahnemühle
Photo Rag 308 g/m2
29,7 x 42 cm
tiragem 100 + 7 PA

Inspirada pelos acontecimentos da vida familiar maranhense, especialmente no que se refere aos costumes e códigos de heranças afroindígenas, Gê produz colagens a partir de imagens de arquivo e experimentos urbanos em formato lambe-lambe. Sentem para jantar, da série Atualizações traumáticas de Debret, é uma colagem digital que dá continuidade ao processo já em curso de revisões históricas e iconográficas, tendo como base as obras do artista francês Jean-Baptiste Debret para a célebre publicação “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil” (1834-1839), obra que pautou imageticamente o período colonial.

Paulo Nazareth
Leônidas da Silva, 2021
serigrafia sobre papel Pólen 90 g/m2
96 x 66 cm
tiragem 100 + 7 PA

A obra Leônidas da Silva compõe a nova série de serigrafias do artista, que visa difundir imagens de personalidades negras, indígenas e racializadas, fundamentais para a constituição política e cultural brasileira. A composição desses retratos e sua inserção como obra de arte faz referência aos processos de apagamentos históricos tão correntes quando pensamos nas presenças e ausências na narrativa histórica do país.

Rivane Neuenschwander
Trópicos malditos, gozosos e devotos (gravura), 2021
linoleogravura sobre papel Canson Edition 250 g/m2
28 x 38 cm
tiragem 100 + 7 PA

Trópicos malditos, gozosos e devotos (gravura) se trata de uma desdobramento da série de pinturas de mesmo título, realizadas a partir de conversas sobre o medo, a violência sexual e a guerra. Nesta série, Rivane constrói relações sutis e explícitas com as angústias da atualidade e a afirmação de tempo cíclico. A obra é resultado dos primeiros experimentos em xilogravura realizados pela artista.

Edição especial (vendida separadamente a R$ 7 mil):
Thiago Martins de Melo
A cauda, 2021
resina pigmentada
23 x 36 x 19 cm | 4,4 kg
tiragem 30 + 7 PA

A cauda, escultura idealizada especialmente para o Clube de Colecionadores do MAM Rio, discute a relação mística e espiritual entre humanos e animais, tendo referências à cultura tradicional do Brasil, com seus mitos, lendas e ocorrências reais. A obra apresenta uma figura feminilizada, que pode ser lida como uma mulher, sob um animal com feições de felino e cauda de réptil.

Sobre os artistas

Dalton Paula
Brasília, DF, 1982. Vive em Goiânia, GO.
Artista visual, pintor, gravurista e performer. Seus trabalhos apresentam um processo de recriação e de reconstrução de identidades históricas e culturais, por meio do compartilhamento de uma memória comum e da divulgação de conhecimentos legados pelos povos escravizados.
Participa de grandes mostras, como a Feira SP-Arte em 2016, em que vende todos os trabalhos apresentados em exposição solo da Sé Galeria, sua representante. No mesmo ano, recebe o Prêmio Illy Sustain Art, conferido a artistas brasileiros de até 35 anos de idade, com o objetivo de revelar e incentivar novos talentos das artes visuais no país.
Participa da 32ª Bienal de São Paulo – Incerteza Viva, que gera grande repercussão a seu trabalho, pois é a partir dela que Dalton passa a ser artista visual em tempo integral.
Os trabalhos de Dalton Paula partem de sua condição individual de homem negro no presente, articulada à problematização da herança deixada por africanos escravizados. Sua atuação confere significados positivos a essa parte da cultura brasileira, valorizando-a nas cenas artísticas nacional e internacional.

Gê Viana
Santa Luzia, MA, 1986. Vive e trabalha em São Luís, MA.
Fotógrafa e artista visual, graduada em artes visuais pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Na busca por uma expressão artística não linear, usa a fotografia para a criação de fotomontagens, fotos performances e experimentos de intervenção urbana e rural.
Inspirada pelos acontecimentos da vida familiar e seu cotidiano em confronto com a cultura colonizadora hegemônica e seus sistemas de arte e comunicação, Gê produz colagens decoloniais a partir de imagens de arquivo, criando experimentos urbanos em formato lambe-lambe.

Paulo Nazareth
Governador Valadares, MG, 1977. Vive e trabalha em Santa Luzia, Belo Horizonte, MG.

Artista performático. Após estudar entalhe em madeira com o escultor baiano Mestre Orlando (1944-2003), em 2005, licencia-se em desenho e plástica, e torna-se bacharel em desenho e gravura no ano seguinte pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde também estuda linguística entre 2006 e 2010. Trabalha em uma barraca de feira onde vende produtos diversos.
Chama a atenção do circuito nacional e internacional de arte a partir de 2010, quando deixou a comunidade de Palmital, em Belo Horizonte, para participar da feira Miami Basel. Realiza o percurso de Minas Gerais até Miami, EUA, a pé, fotografando-se com cartazes e anúncios ao longo do trajeto na performance Notícias da América (2011-2012). Apresenta na feira a instalação Banana Market, uma perua Kombi repleta de bananas. Recebeu convites para a Bienal de Veneza de 2013 e para a 12ª Bienal de Artes Visuais de Lyon. No Brasil, expõe e recebe o Prêmio MASP de Artes Visuais 2012, na categoria Talento Emergente. Participa de diversos programas de residência na Argentina, Indonésia e Índia, e integra exposições no Brasil, Uruguai, França, Noruega, Alemanha e EUA.

Rivane Neuenschwander
Belo Horizonte, MG, 1967 | Vive e trabalha em São Paulo, SP.
Sua prática artística compreende pintura, fotografia, instalação, objeto, cinema e ações participativas. Foi artista residente no Royal College of Art, em Londres, de 1996 a 1998, onde obteve o título de mestre, e no Iaspis, em Estocolmo, Suécia, em 1999.
Participou de várias exposições em importantes museus e galerias no Brasil e no exterior.
Em 21 de junho de 2010, o jornal The New York Times associou os trabalhos de Neuenschwander, uma das mais celebradas artistas plásticas brasileiras, aos de Lygia Clark e Hélio Oiticica.

Thiago Martins de Melo
São Luís, MA, 1981. Vive e trabalha entre São Luís e São Paulo, SP.

Mestre em Psicologia - Teoria e Pesquisa do Comportamento pela Universidade Federal do Pará (UFPA-PA), é artista visual e trabalha com pintura, escultura, instalação, animação em stop motion e gravura.
Seus trabalhos integram as coleções permanentes do MASP; Pinacoteca do Estado de São Paulo; ARoS Aarhus Kunstmuseum (Aarhus, Dinamarca); Astrup Fearnley Museum of Modern Art (Oslo, Noruega); IAGO - Instituto de Artes Gráficas de Oaxaca (Oaxaca, México); ICA Miami (Miami, EUA); Ilmin Museum of Art, Seul (Coréia do Sul); PAMM - Pérez Art Museum Miami (Miami, EUA); Rubell Museum (Miami, EUA); Servais Family Collection (Bruxelas, Bélgica); Thyssen-Bornemisza Art Contemporary (Viena, Áustria), entre outros.

Sobre o MAM Rio

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), fundado em 1948, está construído no tripé arte-educação-cultura. Seu acervo de cerca de 15 mil obras forma uma das mais importantes coleções de arte moderna e contemporânea da América Latina. O museu realizou inúmeras exposições que marcaram as expressões e linguagens das artes visuais e abrigou múltiplos movimentos artísticos brasileiros.

O MAM Rio é uma instituição cultural constituída como uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos, apoiada por pessoas físicas e empresas, tendo como parceiro estratégico o Instituto Cultural Vale e como patrocinadores master o Grupo PetraGold, a Petrobras e a Ternium.

Em janeiro de 2020, a nova gestão do MAM Rio deu início a um processo de profunda transformação institucional, envolvendo novas ideias, novos fluxos de trabalho e atitudes. As ações buscam coerência com o projeto original do museu, pautado pelo tripé arte-educação-cultura. Um movimento de potencialização das ações já realizadas na instituição, em consonância com seu histórico, e de acolhimento de todos que desfrutaram da efervescência dos diversos espaços do MAM Rio, incluindo públicos que nunca o visitaram

Posted by Patricia Canetti at 2:09 PM