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outubro 26, 2015

Jogando Ben Patterson na Bolsa de Arte, São Paulo

Exposição Jogando com Ben Patterson apresenta trabalhos do artista, um dos fundadores do Grupo Fluxus, e de brasileiros que dialogam com sua obra

A Galeria Bolsa de Arte recebe a exposição Jogando com Ben Patterson, com curadoria de Karin Stempel, de 27 de outubro a 23 de dezembro. Participam também os artistas Guto Lacaz, Paulo Bruscky, Dudi Maia Rosa, Cristina Barroso e Francisco Klinger Carvalho. Com os dois primeiros, o artista realiza performances durante a semana de abertura.

Antes de uma exposição, Jogando com Ben Patterson, coletiva que a sede paulistana da Galeria Bolsa de Arte de Porto Alegre recebe a partir de 27 de outubro, às 19h, é um jogo. Um jogo cheio de humor e vida, jogado entre amigos. Entre eles, o anfitrião Ben Patterson, artista norte-americano radicado na Alemanha e um dos nomes icônicos do grupo Fluxus, uma comunidade artística que conta com mais de meia década de história e com uma rede de artistas que se espalhou ao redor de todo o mundo. Junto a Patterson, importantes nomes da performance, arte postal, pintura e escultura brasileiros, todos amigos e interlocutores do artista: Cristina Barroso, Dudi Maia Rosa, Francisco Klinger Carvalho, Guto Lacaz e Paulo Bruscky.

A responsável pela condução desse jogo é a curadora alemã Karin Stempel, uma das maiores especialistas do mundo em arte latino-americana, curadora duas vezes da representação alemã para a Bienal Internacional de São Paulo e, até 2010, reitora da Academia de Arte de Kassel.

Stempel propõe para essa reunião a apresentação da história da obra de Patterson, mas também, uma estrutura híbrida de contextos geográficos distintos, cronologias fragmentadas, com fendas no espaço e no tempo e um cruzamento geracional. Para isso, além de documentos originais dos chamados concertos apresentados pelo artista (termo que Patterson empregava para os happenings e performances que realizava numa época em que essas manifestações sequer haviam sido catalogadas pelos críticos e historiadores) haverá obras de artistas brasileiros que com ele se apresentaram - se corresponderam, criaram diálogos sobre vida e obra – instâncias que os membros do grupo Fluxus julgavam impossíveis separar. As performances, reunidas em dois dias, acontecem no dia 29/10, dois dias após a abertura, e no dia 31/10, com um dia inteiro dedicado às performances.

Fluxus foi antes um estado de espírito do que um movimento coeso, formado por um grupo de pessoas de diversos países que viviam a música, a poesia e as artes plásticas. “O Fluxus reuniu várias pessoas que pensam, sentem e agem da mesma maneira – amigos. É como um grande barco no qual podemos dar um passeio gostoso”, diz Patterson. O termo, que também deu nome a uma publicação, vem do latim e significa fluxo, movimento, escoamento. Seus integrantes buscavam a quebra de barreiras e convenções, unindo arte e cotidiano, tendo como uma grande influência os dadaístas.

Ben Patterson é um dos membros fundadores do Fluxus. Ele organizou no ano de 1962 junto a George Maciunas - artista que cunharia o nome do grupo - o Wiesbadener Festspiele Neuester Musik, festival na cidade alemã na qual residia e estudava música. Entre os artistas presentes nos concertos de música experimental que integravam o festival estava ninguém menos que John Cage, conhecido pelas composições não-narrativas, que incorporavam os ruídos do meio. Também integravam esse primeiro momento do Fluxus nomes da arte do século XX como Nam June Paik, Robert Filliou, Wolf Vostell, Willem de Ridder, Ben Vautier e Arthur Köpcke.

Na 17ª Bienal de 1983, com curadoria de Walter Zanini, o Fluxus foi um dos grandes destaques, tendo ocupado o térreo do prédio com performances, obras e documentos dos artistas. Ben Patterson, Ben Vautier, Wolf Vostell e Dick Higgins realizaram peças suas e de outros colegas de grupo que, mais uma vez, buscavam novos conceitos de arte, conduzidos pela ideia da participação do público e de que as ações artísticas estão ao alcance de qualquer pessoa.

A exposição na Galeria Bolsa de Arte não se pretende uma retrospectiva do Fluxus, mas terá um caráter amplo. Irá além das obras de Patterson, exibindo uma documentação abrangente de Performances-Fluxus e Filmes-Fluxus que fazem parte das origens do movimento. A mostra será aberta com uma Noite-Fluxus e será seguida, no sábado, de um dia dedicado às apresentações, nas quais Patterson irá executar ao vivo algumas de suas peças mais marcantes, como a performance Carmen, na qual a música da ópera e rosas se combinam– com a participação de artistas amigos, estudantes e do público.

Também estarão presentes trabalhos de séries como “What’s on my Mind?” (O que está na minha mente?), “You Can Observe a Lot just by Watching” (Você pode observar muito apenas contemplando), “Old Fluxus Salame” (O velho salame Fluxus, parte de uma instalação na qual o artista faz um salame de mármore para cada membro do grupo), e a instalação “Museum for the Subconcious” (Museu do Inconsciente), que já foi realizada na Namíbia, em Israel, na Argentina, nos Estados Unidos, em Wiesbaden e em Tóquio.

Entre os artistas amigos, estão Guto Lacaz e Bruscky. Guto ganhou de presente em 1992 uma performance carregada de humor e subversão chamada Lagoa (no original, Pond), um jogo para 8 performers que reagem de acordo com os movimentos de sapos de corda mecânica sobre um tabuleiro. Apresentada no ateliê de Guto, a performance é um elo muito apropriado para a intersecção entre o trabalho dos dois e sua maquete e instruções estarão em exibição na mostra na Bolsa de Arte. Estarão presentes registros de performances e objetos e Guto Lacaz ficará a cargo de alguns happenings na semana de abertura.

Assim como o link estabelecido entre Lacaz e Patterson, todos os demais integrantes da mostra possuem conexões com o artista “anfitrião”. Francisco Klinger, amigo pessoal de Ben, traz em sua obra a improvisação como método de trabalho e, para representar essa ligação entre os trabalhos de ambos, a escultura “Esto hubiera podido haber sido Obstruction, de Man Ray, pero no es, o la solución instantánea hecha en cinco minutos mientras estaba en camino al aeropuerto”, concebida sob essa perspectiva, será apresentada na galeria. Dudi Maia Rosa também apresentará pinturas que dialogam com a exposição e trabalhos que ganhou de presente do artista, um amigo feito há mais de três décadas.

Cristina Barroso, também amiga próxima e interlocutora do artista, irá apresentar trabalhos em que mapas são figuras centrais, dialogando com a performance World Weather, que Ben apresentou em uma coletiva da qual Cristina também fazia parte. Tanto a performance World Weather quanto as dos demais artistas, serão destaques da exposição, seja em vídeos seja em documentos históricos, como projetos e registros. A mostra de vídeos presentes na exposição contabiliza ao todo 24 horas de material audiovisual, a serem exibidos em diversos monitores.

O trabalho de Paulo Bruscky, artista convidado que chegou a se corresponder com outros membros do grupo Fluxus, dialoga diretamente com Patterson no que concerne ao jogo, à lógica e ao acaso combinados para o caráter transgressor da ordem presente em suas obras. Dele, serão exibidas obras como “Homenagem ao Fluxus” (no qual diversas partes correspondentes aos cortes de um bovino recebem nomes dos artistas do grupo), performances e registros delas, como a icônica “O que é Arte, Para que Serve?”, realizada pela primeira vez em 1978 e os vídeos e instalações do Projeto “Pega Varetas”. A instalação “Fogueira de Gelo”, composta de blocos de gelo coloridos e com sabor, anuncia na entrada da galeria a grande festa que se inicia no dia da abertura. O artista também participa das performances da semana de abertura.

Karin Stempell nasceu em Leuna, na Alemanha, em 1952. De 1971 a 1976 estudou licenciatura em história da arte, lieratura alemã moderna e filosofia nas universidade de Marburgo, Frankfurt e Heildelberg. Foi duas vezes curadora da representação alemã para a Bienal de São Paulo, em 1996 junto do artista Karl Emanuel Wolff e, em 2008, junto de Mischa Kuball. Especialista em arte da América Latina, em especial arte brasileira, foi curadora de diversas exposições, como “Quase Nada aus Brasilien”, com obras de Karin Lambrecht, Cassio Vasconcelos, Lia Menna Barreto e Marco Gianotti. Foi co-diretora de um documentário sobre o pintor americano Cy Twombly, premiados em Roterdam e Montreal em 1988. Foi co-curadora para o conceito do edifício do Reichstag (prédio que abriga o parlamento federal da Alemanha). De 2000 a 2010 foi reitora da Escola de Arte de Kassel, na Alemanha e desde 2007 é membro do Conselho da Academia de Belas Artes de Munique.

SOBRE OS ARTISTAS

BEN PATTERSON: Nasceu em Pittsburgh, Pensilvânia, 1934. Artista visual e músico americano, co-fundador do movimento Fluxus nos anos 60 e um dos poucos representantes deste ainda em atividade. Em 1956 fez Bacharelado em Música na University of Michigan. Em 1951 fez um concertosolo de contrabaixo, o qual foi televisionado. Até a década de 1960, era conhecido como integrante de várias orquestras sinfônicas no Canadá, EUA e na Alemanha. Em 1960 mudou-se para Colônia, onde dedicou-se à cena musical contemporânea. Em 1962, Patterson se apresentou em outros lugares além de Colônia, entre estes Viena, Veneza e Paris. Ainda em 1962, junto com George Maciunas, organizou o Wiesbadener Festspiele Neuester Musik - no Museu da Cidade de Wiesbaden, mais tarde conhecido como o primeiro festival Fluxus. Também em 1962 muda-se para Paris, onde publicou entre outros o livro “Methods and Process”. Junto a Robert Filliou apresenta os Poemas de Quebra-Cabeça, na Galeria Filliou. Entre 1963, muda-se para Nova York e se concentra na administração da Orquestra Sinfônica de New Age, na gestão do instituto de relações culturais em Nova York, na gestão da Negro Ensemble Company e na direção da Fundação Pro Música. No ano de 1983 participa da Bienal de São Paulo. Em 1988 Patterson abriu sua primeira exposição individual, An Ordinary Life, composta de assemblages e instalações, na Emily Harvey Gallery, em Nova York, com trabalhos que mantém características do Fluxus. Em 2014 completou 80 anos com homenagens de diversos museus de cidades ao redor do mundo, entre eles Zabreg, Hannover, Berlim, Amsterdam, Tóquio e Chicago.

CRISTINA BARROSO: Nasceu em São Paulo, Brasil. Estudou arte e filosofia, nos EUA. Viveu e trabalhou em São Paulo, San Francisco, Milão e Berlim. Atualmente a artista vive em Stuttgart. Mapas geográficose topografias fotográficas de cidades são a base para cor e textura nos seus trabalhos. Seu envolvimento profissional e de amizade com Ben Patterson se inicia por meio de sua galeria, a Schoppenhauer, que representou por muito tempo ícones do Movimento Fluxus, como Ben Vautier, Daniel Spoerri, e o próprio Patterson.

DUDI MAIA ROSA: Pintor e desenhista, apresentou sua primeira exposição individual em 1967, na Galeria Átrium (São Paulo - SP). Desde então, realizou inúmeras exposições individuais e participou de coletivas importantes como: Panorama da Arte Atual Brasileira, no Museu de Arte Moderna (São Paulo), em 1973, 1986, 1989, 1993; Bienal Internacional de São Paulo, 1987 e 1994; Bienal de Johanesburgo (África do Sul), 1995; Mostra do Redescobrimento: Brasil 500 Anos, no Pavilhão da Bienal de São Paulo, 2000, 5ª Bienal do Mercosul (Porto Alegre, RS), 2005, e Brasiliana: Moderna Contemporânea, no MASP (São Paulo), 2006. Apresentou individuais no Instituto Tomie Ohtake, em 2008; na Galeria Millan, em 2012; e no
Centro Universitário Maria Antônia, em 2013, todas em São Paulo. No iníco dos anos 80, assim como Guto Lacaz, ganhou um presente de Ben Patterson: um desenho, como parte de uma performance.

FRANCISCO KLINGER CARVALHO: Nasceu e Óbidos – PA, 1966. Em 1986 mudou-se para Belém do Pará. Em 1997 obteve bolsa para realizar estudos de pós-graduação na Alemanha. Na Kunstakademie Düsseldorf teve como professor o escultor britânico Tony Cragg. Em 2000 retornou ao Brasil para desenvolver o projeto “Ajuri, a estética utilitária do caboclo amazônico”, trabalho de pesquisa e produção poética que resultou no documentário “Caminhos das Artes”, realizado pela TV CULTURA. Em 2001 retornou para a Alemanha, fixando residência na cidade de Wiesbaden. Em 2003 morou em Porto Alegre – RS e entre 2009 e 2011 trabalhou como professor convidado na Universidad Nacional da Colômbia. Em 2011 regressou novamente a Europa. Atualmente, trabalha e vive entre as cidades de Wiesbaden e São Paulo - BR. Sua relação com Ben Patterson se iniciou através da galeria que o representa, Galerie Hafemann, localizada na cidade de Wiesbaden, berço do movimento Fluxus.

GUTO LACAZ: Nasceu em São Paulo - SP, 1948. É arquiteto formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São José dos Campos e artista plástico. Construiu seu percurso artístico no cruzamento entre arte, ciência numa perspectiva de embate e questionamento do sistema produtivo industrial. Concebe dispositivos que repetem ad infinitum tarefas quixotescas e propõe performances e objetos que beiram o absurdo revelando com humor e ironia a obsessão produtivista da sociedade contemporânea.
Conheceu Ben Patterson na Bienal de 1983 e ficaram amigos.

PAULO BRUSCKY: Nasceu em Recife – PE, 1946. Artista multimídia, poeta. Na década de 1960, iniciou pesquisa no campo da arte conceitual e, a partir de 1970, desenvolveu pesquisas com xerografias. Em 1973, atuou no Movimento Internacional de Arte Postal, sendo um dos pioneiros no Brasil. Organizou duas exposições internacionais de arte postal no Recife nos anos de 1975 e 1976, sendo esta última fechada pelos militares brasileiros. Realizou 30 filmes de artistas e videoarte entre 1979 e 1982, e começou a produzir videoinstalações em 1983. Criou, em 1980, o xerox-filme com base em sequências xerográficas. Com a Bolsa Guggenheim de artes visuais recebida em 1981, residiu por um ano em Nova York. Nesse ano, expõe na sala especial sobre arte postal montada na 16ª Bienal Internacional de São Paulo. Em
2004, seu ateliê é integralmente transferido do Recife para São Paulo, sendo remontado em uma das oito salas especiais da 26ª Bienal Internacional de São Paulo. Paulo Bruscky por muitos anos trocou correspondência com integrantes dos grupos Fluxus e com Guto Lacaz.

Posted by Patricia Canetti at 9:25 PM

outubro 25, 2015

Los Carpinteros na galeria e galpão Fortes Vilaça, São Paulo

AGENDA SP Hoje 27/10 Los Carpinteros @ Fortes Vilaça: 19-21h (galeria) e 21-23h (galpão) http://bit.ly/FV-gal_LosCarpin

Posted by Canal Contemporâneo on Terça, 27 de outubro de 2015

A Galeria Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar El Pueblo Se Equivoca, a nova individual da dupla cubana Los Carpinteros, ocupando seus dois espaços: a Galeria (na Vila Madalena) e o Galpão (na Barra Funda). Os trabalhos dialogam diretamente com temas atuais do Brasil, carregados da crítica político-social e da ironia que marcam toda a obra dos artistas.

No Galpão são apresentados dois trabalhos. A instalação Galletas Dulces é uma linha de montagem que fabrica biscoitos com conceitos extraídos de jornais brasileiros − Corrupção, Reforma Política, Ajuste Fiscal, Olimpíadas, entre outros. O cheiro vindo do forno preenche o ambiente e envolve o espectador, que é convidado a experimentar as bolachas. Constrictora é uma imensa cobra com 16 metros de comprimento. Sua pele é formada por inúmeros broches metálicos de campanhas eleitorais, com as siglas dos principais partidos políticos brasileiros. A metáfora mordaz presente na obra parte de questões locais para tecer um comentário sobre um tema universal, abordando a crise de representatividade política como um todo.

Os trabalhos na Galeria, por sua vez, têm em comum o formalismo plástico, onde as críticas político-sociais aparecem de modo mais sutil. Na série Tijolo de tijolo, Los Carpinteros apresentam peças de cerâmica em que cada unidade é criada com a união de vários outros tijolos, miniaturas da forma maior. Ao transitarem entre as escalas, esses trabalhos apontam para a noção de coletividade, ao mesmo tempo que aludem aos anônimos que trabalham na construção civil. Em Sobres, uma série de envelopes assumem diversas formas, aproximando-se da abstração geométrica. Trata-se de uma reinterpretação poética de um material banal e burocrático: por seu formato irregular, esses envelopes só poderiam conter documentos impossíveis.

Na obra que dá nome à mostra, os artistas apresentam uma maquete de madeira inspirada em prédios estatais, remetendo ao que eles identificam como arquitetura do poder. Em sua fachada, as janelas são letras formando a frase: El Pueblo Se Equivoca [O povo se equivoca]. A afirmação, dúbia e enigmática, paira sobre toda a exposição, provocando o público.

A dupla Los Carpinteros é formada por Marco Castillo e Dagoberto Rodríguez, nascidos em Cuba em 1969 e 1971, respectivamente. Vivem e trabalham entre Madri e Havana. Entre suas exposições individuais, destacam-se: MARCO (Monterrei, 2015); Parasol Unit (Londres, 2015); Faena Arts Center (Buenos Aires, 2012); Silence Your Eyes, Kunstmuseum Thun (Tune, Suíça) e Kunstverein Hannover (Hanôver, Alemanha, 2012); Handwork - Constructing the World, Es Baluard (Palma, Espanha). Sua exposições coletivas incluem participações na Bienal de Havana (2012, 2000 e 1994); na 4ª Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2013); na 51ª Bienal de Veneza (2005); na 25ª Bienal de São Paulo (2002); entre outras. Seus trabalhos figuram em importantes coleções ao redor do mundo como: MoMA (Nova York); MOCA (Los Angeles); CIFO (Miami); Daros (Zurique); Tate Modern (Londres); Reina Sofía (Madri); TBA-21 (Vienna); entre outras.

Posted by Patricia Canetti at 8:04 PM

outubro 21, 2015

34º Panorama da Arte Brasileira do MAM, São Paulo

34º Panorama da Arte Brasileira do MAM tem foco em esculturas pré-históricas e o legado para a arte contemporânea nacional

Os curadores Aracy Amaral e Paulo Miyada propuseram aos artistas Berna Reale, Cao Guimarães, Cildo Meireles, Erika Verzutti, Miguel Rio Branco e Pitágoras Lopes que realizassem trabalhos que dialogassem com peças líticas em pedra polida, esculpidas milhares de anos antes da chegada dos europeus e encontradas no território litorâneo que vai do sudeste do Brasil à costa do Uruguai

Destacar as primeiras manifestações artísticas tridimensionais de que se tem notícia, produzidas entre 4.000 e 1.000 anos A.C., no território que hoje é Brasil e propor uma experimentação sobre como isso pode dialogar com a produção nacional contemporânea. Esse é o mote do 34º Panorama da Arte Brasileira - da pedra da terra daqui, mostra bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo, que fica em cartaz de 3 de outubro a 18 de dezembro, com curadoria de Aracy Amaral, curadoria adjunta de Paulo Miyada e consultoria do arqueólogo prof. André Prous. Para traçar um paralelo entre as esculturas pré-históricas encontradas em uma faixa que se estende no que hoje é o sudeste do Brasil até o Uruguai e propor um diálogo atual, os curadores convidaram Berna Reale, Cao Guimarães, Cildo Meireles, Erika Verzutti, Miguel Rio Branco e Pitágoras Lopes - seis artistas de gerações e regiões diferentes e com pesquisas artísticas contrastantes. Os selecionados produzem trabalhos que conjecturam o Brasil e que são apresentados ao lado das cerca de 60 esculturas líticas em pedra polida exibidas pela primeira vez numa grande exposição, que une o presente e o passado e aguça a discussão sobre a arte nacional.

A ideia dos curadores é trabalhar questões de território, paisagem e passagem do tempo, fazendo com que as esculturas arqueológicas atuem como núcleo condutor da exposição. Os artistas exercem são os interlocutores da ancestralidade ao mostrar a relação estabelecida entre passado e presente por meio das obras elaboradas, exclusivamente, para a mostra e feitas em diferentes suportes como vídeos, esculturas, fotografias, pinturas e instalações. O resultado revela um conteúdo visceral, telúrico e eventual afinidade com os artefatos pré-históricos. “As preciosidades da nossa remota antiguidade são de indiscutível perícia técnica, inventividade formal e coesão estilística e cultural”, explica a curadora Aracy Amaral.

O 34º Panorama da Arte Brasileira - da pedra da terra daqui é uma chance de projetar o horizonte poético e plástico de povos que lidaram com a passagem do tempo de maneira distinta da atitude - ora extrativista, ora desenvolvimentista - que predomina na ocupação do Brasil desde o período colonial até hoje. Segundo estudos, as peças pré-históricas tinham utilidade religiosa e de ritual e foram encontradas em sambaquis (morros artificiais feitos de conchas) edificados há milhares de anos por sucessivas gerações das populações costeiras chamadas de povos sambaquieiros. “Os montes de conchas formam uma poderosa imagem de como construir relações profundas com ideias de ancestralidade e de tempo, mas que, infelizmente, são tratados com indiferença pela maior parte dos pesquisadores e artistas brasileiros, um reflexo da desatenção que temos sobre nossa própria história”, comenta Paulo Miyada.

Sambaquis e povos sambaquieiros - Sambaquis são montes de conchas e valvas de moluscos criados pelo homem e encontrados ao redor do mundo em contextos e dimensões variadas. Os sambaquis foram formados em intervalos que podiam durar mais de mil anos e crescer em altura e extensão, chegando a ser altos como um prédio de seis andares e largos como um quarteirão. Alguns serviam de base para habitação, cemitério ou centro cerimonial, enquanto outros ainda tinham funções múltiplas como habitação, ateliês de trabalho e sítio funerário. Embora pudessem reunir sepultamentos, os sambaquis perdiam referência a pessoas ou momentos específicos para atuar como um monumento à própria ideia de ancestralidade.

No Brasil há concentrações desse tipo de estrutura, com destaque para a faixa de, aproximadamente, mil quilômetros de extensão no litoral sul do país. É a essa região que estão associados os chamados povos sambaquieiros que possuíam raro dom para o trato do material do entorno e que manipulavam pedras com refinamento e precisão. Ao longo de milhares de anos, essa povoação produziu centenas de sambaquis, peças líticas, ferramentas e artefatos, mas sofreu gradual desaparecimento. Antes da chegada dos portugueses, novos grupos indígenas, primeiro os Gês e depois os belicosos tupis-guaranis conquistaram a região da costa, trazendo novos costumes e crenças.

Hoje, sambaquis são preservados como patrimônio arqueológico, mas até algumas décadas atrás eram utilizados como fonte para materiais de construção. Nas desmontagens, objetos, ferramentas, artefatos e sepultamentos foram perdidos. Muitas das peças em exposição foram descobertas em desmontes de fins extrativistas e removidas sem o registro arqueológico adequado. Agora, por lei, apenas escavações arqueológicas organizadas podem intervir nos sambaquis remanescentes. Foram registradas quase 300 esculturas de pedra ou de osso, mas dezenas desapareceram desde meados do século XX. As peças preservadas são conservadas em museus, sendo que as maiores coleções estão nas cidades de Joinville e Florianópolis (SC), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ) e centros de pesquisa em arqueologia.

Exposição - A Grande Sala apresenta dois vetores: o primeiro eixo contempla as cerca de 60 peças líticas exibidas em vitrines posicionadas longitudinalmente pelo espaço expositivo. A maior parte dessas esculturas são de rochas magmáticas, chamadas de diabásios, e que eram produzidas por polimento e lascamento, trabalhadas com ajuda de água e areia e, por vezes, afiadas em pedras abrasivas. As peças provêm de diversas instituições como Museu de Arqueologia e Etnologia da USP; Museu Nacional, da UFRJ; Instituto de Ciências Humanas, da UFPEL; Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville (MASJ); Museu de Arqueologia e Etnologia (MArquE) da UFSC; Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da UFPR; Museu do Homem do Sambaqui, de Florianópolis; além de Div. Museos y Patrimonio Dpto. Cultura e Museo de Arte Precolombino e Indígena (MAPI), ambos do Uruguai.

A outra parte da exposição contempla as obras feitas, exclusivamente, para este Panorama e que são apresentadas numa ordem que remete ao passado distante e vai trazendo, aos poucos, o público de volta para o tempo atual. Introduzindo os visitantes ao universo dos povos sambaquieiros, a primeira obra exibida é a do mineiro Cao Guimarães, que viajou para o litoral de Santa Catarina para verificar os lugares em que antes existiam sambaquis. Sob um viaduto de Florianópolis, Cao encontrou um solo coberto de conchas, ostras e berbigões. Não era um sambaqui envolto pela urbanização, mas um terreno ocupado por trabalhadores que passam o dia separando moluscos das valvas. O artista criou uma fabulação sobre o lugar e a relação com o tempo e a paisagem. As imagens atuais foram articuladas em um vídeo que atravessa tempos distintos do mesmo território somado a material de arquivo de monumentos mexicanos que, juntos, formam o vídeo-ensaio Filme em Anexo, de 15 minutos, que conecta a questão de território e poematiza o espaço e o tempo.

Miguel Rio Branco, conhecido por trabalhar pintura, foto e vídeo de forma sinestésica e por abordar questões do território brasileiro sem se ater a classificações, apresenta a instalação Wishful thinking, que envolve toneladas de pedras, entulho, plantas e televisões. Numa sala fechada e clara, o artista cria uma ruina construída, mas com ares de estufa, que mostra como a natureza quer tomar seu lugar de volta e provoca inquietações sobre o que aconteceria com o planeta com o possível fim da humanidade. Nas TVs são exibidas uma série de fotografias que ilustram fragmentos de cidades envelhecidas, quebradas, cenas de abandono e detritos. O projeto é uma versão imersiva que mostra um caminho a percorrer, abordando pensamentos, memórias e processos de transformação. “Em outras palavras, esta nova obra reforça o caráter enigmático da mostra, trazendo parcelas daquilo que é do território. Neste caso enquadrado como zona de decaimento, sujeira, tensão, relaxamento e, ao mesmo tempo, inexplicável beleza”, explica Miyada.

O carioca Cildo Meireles, um dos nomes mais importantes da arte brasileira e reconhecido internacionalmente por lidar com temas referentes a território, história, política e memória traz uma obra onírica e simbólica. Para a exposição, Cildo realiza Fronteiras Verticais, um dos projetos da série Arte Física, concebido em 1969, quando tinha 21 anos. O trabalho consiste em elevar a altitude do país em alguns centímetros ao utilizar um pequeno fragmento de kimberlito (pedra de valor geológico) no cume do Pico da Neblina, ponto mais alto do Brasil, com 2.994 metros de altitude, localizado no norte do Amazonas próximo à fronteira com a Venezuela. Ao colocar em ação, o artista polemiza noções de território em um projeto de alcance simbólico. Para a realização da obra, o artista contou com a participação de yanomamis, índios detentores do espaço naquela região para a expedição de cerca de duas semanas. Extremamente cuidadoso em zelar pela integridade do local, sagrado para essa etnia, a pequena pedra foi aderida sem agressão ao espaço. O projeto, que foi levado a cabo pelo também artista Edouard Fraipont e assistido por Miguel Escobar, é apresentado em vídeo, acompanhado de estudos, documentos e registros fotográficos da empreitada.

A mais jovem entre os artistas selecionados, a paulistana Erika Verzutti pertence a uma geração mais recente, mas já com reconhecimento da crítica. Escultora, o trabalho de Erika é difícil de definir por ser mais intuitivo, porém repleto de referências, sejam elas históricas, artísticas ou de design. Ao inventar, misturar e embaralhar, a artista cria formas simples possíveis de traçar relação de comparação com os zoólitos pela afinidade morfológica, tamanho e semelhança. A peça-chave para a exposição são os “cemitérios”, obras que ela trabalha ao longo do ano e dão errado ou não são utilizadas. Então, as peças abandonadas são acumuladas e depois reunidas numa só criando um grande trabalho, que possui notável relação com os sambaquis e com símbolos funerários que refletem sobre a passagem do tempo e mostram uma ancestralidade explícita.

Pitágoras Lopes apresenta oito telas em grandes formatos que estão entre o abstrato e o figurativo e misturam manchas, rabiscos e texturas. Pintor que produz com compulsão, Pitágoras passou meses trabalhando para a mostra e utilizando cores arenosas e terrosas, azuis marinhos e traços que fazem pensar em registros rupestres e silhuetas análogas às peças sambaquieiras, além de conchas, mares e morros. O artista goiano tem um trabalho que mistura referências e bebe da água da pintura de rua, do pop e da ilustração, mas sem ser classificado em nenhuma delas. “A produção visual de Pitágoras enreda uma espécie de cosmogonia na qual a observação atenta de um cotidiano marginal converge com a fantasia e com o delírio”, exemplifica Miyada.

Por fim, a paraense Berna Reale, artista comprometida com o presente e com a problemática social do País, apresenta duas obras que finalizam o fluxo da exposição e, ao mesmo tempo, trazem o público de volta para a atualidade. A primeira é o vídeo Habitus que ilustra a corrupção e a violência ao misturar políticos engravatados e vítimas fatais da violência urbana. O segundo trabalho é O Tema da Festa, uma instalação ambientada numa sala fechada e escura que simula uma boate popular, onde o som são sirenes e barulhos típicos de uma viatura policial, a iluminação são as luzes vermelhas e azuis de emergência e as paredes são perfuradas por tiros à queima roupa de diferentes calibres. Para contrastar com o clima tenso e pesado, no centro do inferninho são oferecidos aos visitantes suspiros dispostos em bandejas. “À pergunta “para que pode servir a arte”, a obra de Berna Reale responde sempre: a arte serve para estar junto com os conflitos do seu tempo. Não para resolvê-los, não para ensinar algo sobre eles e nem para apagá-los, mas, ao contrário, para torná-los presentes, visíveis e ásperos, ” finaliza o curador.

A Sala Paulo Figueiredo fica reservada para ser um espaço de aprofundamento do tema proposto pelo 34º Panorama da Arte Brasileira - da pedra da terra daqui. No local, são apresentados alguns zoólitos, acompanhados de ferramentas utilizadas na confecção das peças líticas e que também pertencem aos museus das universidades. No centro da sala, mesas e vitrines apresentam informações sobre o contexto da civilização dos povos sambaquieiros com explicações, perguntas e respostas, mapas e ilustrações. Nas paredes, são exibidos trabalhos anteriores ou recentes dos seis artistas selecionados e que se relacionam, de algum modo, com a mostra na Grande Sala.

OS ARTISTAS

Berna Reale (Belém, PA, 1965)
Com crescente participação em mostras brasileiras e internacionais nos últimos anos, incluindo a mais recente representação brasileira na Bienal de Veneza, Berna distingue-se pelo compromisso constante de refletir os dilemas sociais atuais. Coloca tais conflitos em cena através de performances planejadas para serem filmadas ou fotografadas, com lugares, ações e objetos combinados em imagens inquietantes. A nova instalação remete à festividade das boates populares e à agressividade das ruas das cidades brasileiras. Luzes giram como em uma festa, mas tratam-se de lâmpadas de sirenes, acompanhadas dos sons gravados em viaturas de polícia. O revestimento baleado das paredes e os doces oferecidos reforçam a convergência entre desconforto e participação. Na sala seguinte, a imagem da violência reemerge, agora de dentro de uma fábula fílmica: uma figura trabalha grandes volumes de plástico e os costura, ora para embrulhar os ternos finos dos políticos, ora para armazenar os corpos mortos das vítimas de crimes violentos.

Cao Guimarães (Belo Horizonte, 1965. Vive e trabalha em Belo Horizonte)
Fotógrafo, cineasta e artista, com crescente atuação desde 1980. Em todos esses campos, predominam a atenção ao muito pouco, à quase coisa nenhuma; aos processos de caminhada, percurso e deslocamento como se um “filmador-viajante”; e a atenção às palavras de pessoas tão sábias quanto limítrofes, de andarilhos a eremitas. Os personagens, lugares e acontecimentos que retrata parecem subsistir à parte do pulso modernizante da história. Convidado a visitar os sambaquis do litoral catarinense, se dispôs a criar sua fabulação sobre o que podem ter sido e como a relação com o tempo e a paisagem poderia ser experimentada hoje. Durante a viagem, sob um viaduto de Florianópolis, chamou-lhe a atenção o solo coberto de conchas, ostras e berbigões. Não era um sambaqui envolto pela urbanização recente, mas um terreno ocupado por trabalhadores que passam os dias separando os moluscos das valvas. As imagens atuais desse lugar encontram-se articuladas com filmagens dos sambaquis e outras imagens do arquivo do artista.

Cildo Meireles (Rio de Janeiro, 1948. Vive e trabalha no Rio de Janeiro)
Iniciando como desenhista, já em 1970, Cildo participa de prestigiosa coletiva internacional - Information, no MoMA-NY, com trabalhos conceituais que constituem a contribuição à arte brasileira dos últimos 40 anos. Com trabalhos sensoriais lidando com espaços que implicam articulação corporal dos observadores, a atuação do artista tem sido pautada por vivências e memórias. A preocupação política está igualmente presente na poética, que conta com amplo reconhecimento internacional. Em 1969, aos 21 anos, concebeu a série de desenhos em papel milimetrado que denominou de Arte física, por demandarem deslocamentos e articulação com o espaço geográfico. É um desses projetos - Mutações geográficas: Fronteira vertical - o trabalho apresentado e que consta de uma performance realizada em expedição ao Yaripó (que significa “ponto mais alto” em língua ianomâmi) ou Montanha Sagrada, no Parque Pico da Neblina (AM), elevando em alguns centímetros a altitude máxima do Brasil. Esse projeto, concretizado agora para esta exposição, acha-se documentado em fotos e vídeo apresentados ao lado de outros projetos da série.

Erika Verzutti (São Paulo, 1971. Vive e trabalha em São Paulo)
O trabalho refrata a situação emaranhada das referências que lhe circundam no contexto globalizado atual, em um ateliê tão prolífico quanto onívoro, que absorve volumes e linhas sem preferência por autenticidade, originalidade ou pertencimento. No que expõe no Brasil e em vários outros países, desde 1995, é notável a síntese e coesão das obras, cuja simplicidade remete tanto às formas da natureza, quanto a exemplos da arte moderna abstrata. São curvas abauladas como as que ocorrem por tensão de superfície, quando uma força dilata uma película (como em um ovo) ou exerce abrasão contínua de um material (como em um seixo rolado). Nos “cemitérios”, encontram-se arranjos de fragmentos que interromperam o crescimento em algum ponto e se reúnem como topografia, território e sinal da passagem do tempo. Somados, os cemitérios feitos anualmente acabam representando sucessivos estratos da obra, como breve retrospectiva ao avesso, que ao invés de celebrar obras eleitas, se apega a supostos fracassos.

Miguel Rio Branco (Las Palmas de Gran Canária, Espanha, 1946 – Vive e trabalha no Rio de Janeiro)
As instalações retêm muito da mescla, como diz ele, de “nossa civilização, que até hoje tem essa coisa dramática, degradada, caída, machucada”. Ao mesmo tempo, reúnem de forma expressiva elementos da natureza com beleza surpreendente coexistindo com dejetos da sociedade periférica na qual vivemos desordenadamente. Instalações que aliam sempre o sabor pictórico, raiz da pratica visual, como colagens de seu foco, mesclado à fotografia e ao vídeo. A resultante é sempre uma soma forte de experimentações para o visitante desavisado e aberto. Filho de diplomata, Rio Branco viveu os primeiros anos em vários países europeus e em Nova York, onde se inicia profissionalmente em fotografia. Partindo simultaneamente da pintura, sempre marcante na fotografia, possui vivências múltiplas no Brasil. Sua geração é profundamente marcada por artistas do pop norte-americano, em particular Robert Rauschenberg. Assim, combina pintura com música, fotos/filmes e objetos, com recortes da dramática paisagem humana ou territorial que nos cerca.

Pitágoras Lopes (Goiânia, GO, 1964 – Vive e trabalha em Goiânia)
Desenhista e pintor, realiza experiências em grupos teatrais e performáticos, assim como estuda ciências humanas e aproxima-se de publicações de ciência-ficção. Expõe regularmente em individuais desde 1993 (São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Goiás, Santa Catarina e em feiras de arte como Art Basel e São Paulo). Uma fauna humana e de animais, em composições em que se justapõem e/ou se mesclam pinturas e desenhos projetando igualmente elementos extraterrestres, animais estranhos, com extração cinematográfica evidente, denunciando uma predileção recorrente do artista. Pássaros, flores, e insetos usualmente povoam as obras que projetam uma pintura rápida, compulsiva e extremamente pessoal. Para este evento, mergulhou fundo em pesquisas sobre o universo da arqueologia dos sambaquis e se liberou em atmosferas aquosas, nas quais a poética pictórica desafiou grandes planos espaciais. Desenvolveu uma fantasia rica em temática até então inédita para sua pintura, sem perder a velocidade da expressão emocional que caracteriza a caligrafia obsessiva.

OS CURADORES

Aracy Amaral
Historiadora, crítica, curadora de arte, foi professora titular de História da Arte da FAU-USP. Graduou-se em jornalismo pela PUC-SP (1959). Realizou mestrado em Filosofia na Universidade de São Paulo (1969) e doutorado em Artes na mesma instituição. Os exames de Livre Docência (1983) e de Titular foram realizados na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (1988). Recebeu o John Simon Guggenheim Fellowship e em 2006 ganhou o prêmio Fundação Bunge (antigo prêmio Moinho Santista) pela contribuição à área de Museologia, entre outros. Além de ter organizado diversas exposições importantes, foi coordenadora-geral do Projeto Rumos, do Itaú Cultural (2005-06). Realizou a curadoria da 8ª Bienal do Mercosul e da Trienal do Chile. Integrante do Comitê Internacional de Premiação do Prince ClausFund (Haia, Holanda). Diretora do Museu de Arte Contemporânea da USP (1982-1986) e da Pinacoteca do Estado de São Paulo (1975-1979).

Paulo Miyada (São Paulo, 1985)
Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, foi assistente de curadoria da 29ª Bienal de São Paulo (2010). Desde 2011, coordena o Núcleo de Pesquisa e Curadoria do Instituto Tomie Ohtake e ministra cursos na Escola Entrópica, programa pedagógico da instituição. Integrou a equipe curatorial do Rumos Artes Visuais 2011-2013, programa de mapeamento nacional de artistas promovido pelo Itaú Cultural. Em 2014, com Aracy Amaral e Regina Silveira, curou a edição retrospectiva dos 15 primeiros anos do programa. Em 2014, curou as exposições "A parte que não te pertence, Madrid", na galeria Maisterravalbuena e "A parte que não te pertence, Wiesbaden" - ambas apoiadas em leituras da obra de Joaquim Cardozo. No Instituto Tomie Ohtake, esteve diretamente envolvido na realização de mostras como "Beuys e bem além: Ensinar como arte", "Paulo Bruscky: Banco de Ideias", "V Mostra 3M de Arte Digital: Canções de Amor", "Nelson Felix: Verso", "Estranhamente Familiar", "Medos Modernos", "Cheio de Vazio" e outras, incluindo mostras com diversas abordagens de Tomie Ohtake. Colabora com artistas em publicações independentes, textos sobre exposições e projetos artísticos e produziu três vídeo-ensaios para a edição de 2013 do Festival Videobrasil.

André Prous
Possui graduação em História - Université de Poitiers (1966), mestrado em História Antiga - Université de Poitiers (1968) e doutorado em Pré História - Ecole Pratique desHautesEtudes e Université Paris 1 (1974). Foi professor na USP (1971-75). Atualmente é professor titular aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais e responsável pela MissionArchéologiqueFrançaise no mesmo estado. Estudou a pré-história do litoral meridional do Brasil, a pré-história da região de Lagoa Santa e do vale do Rio Peruaçu (MG). Dirigiu programas de levantamentos e estudo de grafismos em suportes rochosos (rupestre) ou de cerâmica (tupiguarani, marajoara). Dedicou vários trabalhos ao estudo de tecnologias líticas. É autor de vários livros de síntese sobre a pré-história do Brasil (Arqueologia Brasileira; O Brasil antes dos Brasileiros), sobre temas específicos e de numerosos artigos especializados.

Posted by Patricia Canetti at 7:06 PM

Zip’Up: Antonio Lee na Zipper, São Paulo

Primeira individual do artista em São Paulo, “Velocity vs. Viscosity” reúne obras que mostram a pesquisa do artista sobre materiais pictóricos

A materialidade da pintura e os diferentes processos que caracterizam a produção nesta técnica norteiam a primeira individual de Antonio Lee em sua cidade natal. Reunindo um conjunto de aproximadamente dez telas – cinco delas em médio formato e outro grupo de quatro telas menores – Velocity vs. Viscosity ocupa o espaço Zip’Up da Zipper Galeria, destinado a produções mais experimentais e projetos curatoriais inéditos.

O título da exposição faz referência a um processo da física sobre a mecânica dos fluidos e a variação de seus movimentos de acordo com suas viscosidades. O artista parte da mesma ideia para explorar a natureza e a densidade dos materiais pictóricos. Utilizando, por exemplo, óleo, aerógrafo e acrílico em suas pinturas, ele mistura esguichos de tinta quase líquida com partes mais grossas, contrapondo esses diferentes estados. As propriedades físicas da tinta e as sensações provocadas pelo contato com os materiais são algumas das questões exploradas pelo artista.

Com curadoria de Mario Gioia, coordenador do projeto Zip’Up, a individual marca também uma transição na obra de Antonio Lee para uma fase menos figurativa, com elementos e composições mais abstratos. De acordo com o artista, essa mudança surge como uma consequência de sua investigação sobre o fazer pictórico. “Se estivesse fazendo isso na pintura figurativa iria adicionar uma camada de informação nesse processo. Não quero criar um mecanismo de relacionar com o mundo real”, afirma Lee.

Antonio Lee (1981) vive e trabalha em São Paulo, onde é aluno de artes plásticas da FAAP. Trabalha principalmente com pintura e questões históricas referentes a esta técnica. Participou de exposições coletivas como: “44ª Anual de Artes FAAP”; em São Paulo (SP); “SAC 44 Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba 2012 Conhecimento Vivo – Galeria Prestes Maia, São Paulo, SP; Suporte – Espaço Pivô, São Paulo, SP, as três em 2012. Em 2013, foi tema da individual “Memória Dinâmica”, na galeria Luciana Caravello, no Rio de Janeiro. Residências: Pivô Pesquisa, 2015.Coleções: Pinacoteca do Estado, Piracicaba.

Mario Gioia é graduado pela ECA-USP, coordena pelo quarto ano o projeto Zip'Up, na Zipper Galeria. Em 2013, assinou por tal projeto as curadorias das individuais de Ivan Grilo, Layla Motta, Vítor Mizael, Myriam Zini e Camila Soato. No mesmo ano, fez as curadorias da coletiva Ao Sul, Paisagens (Bolsa de Arte de Porto Alegre) e das intervenções/ocupações de Rodolpho Parigi e Vanderlei Lopes na praça Victor Civita/Museu da Sustentabilidade, em SP. Foi repórter e redator de artes e arquitetura no caderno Ilustrada, no jornal Folha de S.Paulo, de 2005 a 2009, e atualmente colabora para diversos veículos, como a revista Select. É coautor de Roberto Mícoli (Bei Editora), Memória Virtual - Geraldo Marcolini (Editora Apicuri) e Bettina Vaz Guimarães (Dardo Editorial, ESP). Faz parte do grupo de críticos do Paço das Artes e é crítico convidado do Programa de Fotografia 2012/2013 e do Programa de Exposições 2014 do CCSP (Centro Cultural São Paulo).

Posted by Patricia Canetti at 10:02 AM

Ateliê Fotô: Constelações, intermitências e alguns rumores na Zipper, São Paulo

Composta por sete artistas que participam dos Grupos de Estudos e Criação em Fotografia do Ateliê Fotô, criado pelo curador Eder Chiodetto em 2011, a mostra Constelações, intermitências e alguns rumores é a nova exposição que a Zipper Galeria apresenta a partir da próxima quinta-feira, dia 22 de outubro. O tema gira em torno da noção de imagens fotográficas que ganham novas narrativas ao serem exibidas em conjunto.

Com curadoria de Eder Chiodetto e Fabiana Bruno, a coletiva reúne séries específicas que se organizam a partir de agrupamentos, sugerindo possibilidades inesgotáveis de leituras e releituras, montagem e remontagem. Integram a exposição os artistas Ana Lucia Mariz, Carolina Krieger, Elaine Pessoa, Marilde Stropp, Marcelo Costa, Natasha Ganme e Sheila Oliveira.

De acordo com os curadores, os trabalhos "fazem alusão a possibilidade de ver as imagens como astros celestiais de um pequeno cosmos, em que o criador e suas criações, por seu campo e fronteiras celestiais, nos permitem imaginar agrupamentos, deslocamentos, fusões, conjunções, a partir das imagens orquestradas por séries, que se transmutam ao estatuto de constelações". Mesmo partindo de premissas distintas, os sete artistas costumam trabalhar a partir de uma matriz criativa comum que se desdobra em uma série de imagens. Consteladas – isto é, organizadas em mosaicos – elas criam novas possibilidades de leituras, às vezes cíclicas, outras vezes sequenciais. "Formar constelações é conjugar, montar e desmontar, um caráter que embasa todo o potencial visual de reflexão, seja pelo campo do experimental, seja pelo relacional, ou associativo inerentes ao seu processo de existir e se expor", afirmam.

SOBRE OS CURADORES

EDER CHIODETTO [São Paulo, SP, 1965] é mestre em Comunicação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo e atua como jornalista, professor, curador e pesquisador de fotografia. Foi repórter-fotográfico, editor e crítico de fotografia no jornal Folha de S.Paulo. Como curador independente realizou mais de 70 exposições no Brasil e no exterior. Chiodetto é também curador do Clube de Colecionadores de Fotografia do MAM-SP desde 2006. É autor do livro O Lugar do Escritor (Cosac Naify) e editor da coleção Fotoportátil (Cosac Naify), entre outros. Em 2013 lançou três novos livros: Geração 00: A Nova Fotografia Brasileira (Edições SESC); Curadoria em fotografia: da pesquisa à exposição (E-book, Prêmio Marc Ferrez/Funarte) e German Lorca (Cosac Naify).

FABIANA BRUNO [Jaguariúna – 1974] é doutora em Multimeios pelo Instituto de Artes da Unicamp, jornalista e pesquisadora de fotografia. Atualmente é pesquisadora vinculada ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da UNICAMP, onde ministra cursos e orienta mestrados e doutorados como professora convidada no Departamento de Antropologia. É professora do curso de Pós-Graduação em Fotografia da FAAP, em São Paulo.

ATELIÊ FOTÔ
Criado em 2011 pelo jornalista e curador Eder Chiodetto, o Ateliê Fotô é um espaço de reflexão e produção dedicado à fotografia contemporânea. Além das atividades de curadoria, edição de livros, leitura de portfólio e consultoria individual para desenvolvimento de projetos autorais em fotografia, Chiodetto coordena quatro Grupos de Estudo e Criação em Fotografia. Voltados para fotógrafos profissionais e amadores avançados que desenvolvem projetos pessoais, os Grupos visam auxiliar no desenvolvimento dos processos criativos dos integrantes por meio da leitura comentada de portfólios, da pesquisa de autores e obras específicas da história da fotografia, além do estudo de teorias acerca dos processos simbólicos que envolvem a trama fotográfica. Os encontros são coordenados por Eder Chiodetto e Fabiana Bruno. Mais informações: http://fotoimagemearte.com.br

SOBRE OS ARTISTAS

ANA LUCIA MARIZ (São Paulo, SP – 1965)
Exposições individuais: “Alma Secreta”, Pinacoteca do Estado (2005, São Paulo); “O que Paulo Reis me ensinou”, Paraty em Foco (Paraty, 2012). Exposições coletivas: “Programa Exposições 2015”, MARP (Ribeirão Preto); “A construção de um Olhar – Fotografia brasileira no acervo da Pinacoteca do Estado de SP”, Centro León (República Dominicana, 2013); “13° Salão da Bahia – MAM Bahia”. Prêmio: 41º Salão de Arte Contemporânea de Santo André; 16ª Coleção Pirelli /MASP de Fotografia.

CAROLINA KRIEGER (Balneário Camboriú/ SC, 1976)
Prêmios: Prêmio Brasil Fotografia - Prêmio Aquisição (2013). Exposições Individuais: O Espelho do Avesso - Lianzhou International Photo Festival - China (2013). Exposições Coletivas: VI Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia – Belém, PA (2015) PHotoEspaña Descubrimientos - Madrid (2014). Residências Artísticas: Ateliê ENA com Eustáquio Neves - Diamantina, MG (2014).

ELAINE PESSOA (São Paulo, SP – 1968)
Exposições coletivas: “Photoespaña”, Biblioteca Nacional de Madrid” (2015), “VI Edição do Diário Contemporâneo na Casa das Onze Janelas” (Belém, 2015), “47.o Salão de Arte contemporânea de Piracicaba” (2015). Prêmios: Prêmio Aquisitivo no Salão de Artes Visuais de Vinhedo; Menção Especial (Prêmio Honorífico) 5ª Bienal Nacional de Gravura – Olho Latino; Menção Honrosa XI Bienal de Miniaturas Gráficas Luisa Palácios.

MARCELO COSTA (São Paulo, 1968)
Formado em Medicina Veterinária pela UNESP-Botucatu (1991) e em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte (2011) e pósgraduado em Fotografia pela FAAP (2013). Principais exposições: “11° Paraty em Foco (2015); “2° Interfoto Itu” (2015), “Contraprova vol.2”, Paço das Artes (São Paulo, 2015); “43° Salão de Arte Contemporânea de Santo André” (2014).

MARILDE STROPP (Ibitinga/SP, 1943)
Principais exposições: “Livro de Artista”, Casa Contemporânea (São Paulo, 2014); “Escenarios de mujer” (Brasil-Argentina-Colômbia-Cuba, 2013); “Paragem Instalação Fotográfica”, Ateliê Aberto (Campinas, SP, 2010).

NATASHA GANME (São Paulo, 1991)
Formada em Fotografia pela escola Panamericana de Artes (2011). Participou da coletiva “Sonho, memória, alucinação” (2012), com curadoria de Eder Chiodetto, e teve sua primeira mostra individual no Fest Imagem de 2015.

SHEILA OLIVEIRA (São Paulo, 1968)
Exposições individuais: “Rastro visto de coisa só ouvida”, Fauna Galeria, (São Paulo, 2014) e “Lanzhou Foto Festival” (China, 2013). Exposições coletivas: “Bienal Internacional Fotográfica Bogotá” (Colômbia, 2015); “Academia Paulista de Fotografia”, DOC Galeria (São Paulo, 2015), entre outras participações em salões e galerias. Recebeu os prêmios Aquisição Casa do Olhar, em 2011 e do Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto, em 2014.

Posted by Patricia Canetti at 9:39 AM

outubro 12, 2015

Vik Muniz no Vale, Vila Velha

100 obras do artista, entre as quais fotos de imagens feitas com sucata, terra, diamantes e até comida, poderão ser vistas pelo público capixaba a partir de 15 de outubro, no Galpão do museu. A exposição se completa com uma sala documental e o lançamento do catálogo. Na sala de exposições temporárias do Museu Vale serão mostrados uma cronologia ilustrada, making of dos trabalhos, livros e catálogos para consulta do público e uma sessão diária às 15h do filme O Lixo extraordinário.

Rostos, cartões postais, figuras mitológicas, pessoas comuns, todos desenhados e detalhados com materiais tão diversos quanto feijão, chocolate, macarronada, diamantes, açúcar, sucata, geleia e manteiga de amendoim se transformam, depois de fotografados, em obras de arte que podem até ser o que parecem, mas nunca só isso.

A mostra chega ao Museu Vale em 15 de outubro de 2015 e fica até 14 de fevereiro de 2016, na esteira de uma turnê de sucesso pela América Latina (atualmente está sendo exibida no Museu da Universidade Três de Fevereiro (MUNTREF), de Buenos Aires).

No Museu Vale, entretanto, chegará acrescida de obras recentes do artista, além das 33 fotografias que compõem Earthworks. Em Earthworks – obra ícone da exposição – as minas da Vale em Carajás e Minas Gerais foram palco da construção, em 2002.

– Um trabalho tão complexo como foi Earthworks, que demandou precisão, empenho de muita gente e uma estrutura incrível de logística. E agora, mais de dez anos depois, é justamente o Museu Vale quem me convida para expor no Espírito Santo – constata Vik Muniz.

– Acho interessante essa rede de recorrências, de interações que multiplicam a arte.

Na vastidão das áreas mineradas a céu aberto, Vik Muniz, em parceria com a Vale do Rio Doce, realizou a série de fotografias. De helicóptero, o artista comandou a operação e fotografou os desenhos feitos com tratores e escavadeiras em grandes áreas de mineração da companhia. Com o GPS, o traçado era sinalizado no terreno, indicando onde as retroescavadeiras deveriam escavar.

As fotografias parecem uma documentação de marcas deixadas por extraterrestres em regiões não urbanas mas com certa ironia em relação aos objetos de uso cotidiano: cabide, lâmpada, tesoura, colher, dado e clipe de metal, entre outros. O trabalho remete às intervenções monumentais em paisagens naturais (Land Art) de artistas como Robert Smithson (1938–1973). Na série, Vik brinca com a percepção do espectador, intercalando fotos de maquetes com outras realizadas no terreno da Vale, ou seja, misturando obras de grande e pequena escalas.

Na mostra, vários trabalhos referenciais do artista marcam presença como: Sugar children (Crianças de açúcar), série de rostos de meninos filhos de operários das usinas açucareiras caribenhas, desenhados com açúcar; imagens de diamantes, que recriam rostos de celebridades, redesenhados com milhares de diamantes; Postcards from nowhere (Cartões-postais de lugar nenhum), que exibe cartões postais, no mínimo, inusitados de várias cidades do mundo. Merece destaque também a série de recriações de obras originais de grandes pintores, como Caravaggio, sempre com o suporte de materiais improváveis.

É um sonho antigo ter Vik Muniz aqui – comemora Ronaldo Barbosa, diretor do Museu Vale e responsável pelo convite ao artista.

– É um artista extremamente atual, com uma obra renovadora e dinâmica, afinada com as tendências mais éticas dentro da arte contemporânea hoje – sintetiza.

Na mira da arte

– Não tem problema usar chocolate, é bom. O ruim é a tinta, porque nunca se sabe direito o que contém – brinca o artista, que abriu os caminhos para uma carreira internacional na arte depois de mudar-se de São Paulo para Nova York. Explica-se: após apartar uma briga de rua, foi alvejado na perna pelo próprio agredido – que, para evitar uma denúncia, ofereceu-lhe uma gorda recompensa em dinheiro.

– Aceitei e resolvi usar o dinheiro para comprar uma passagem de avião e me mandar para Nova York – conta o artista. Uma vez lá, deixou-se envolver de vez com a efervescência cultural da metrópole e descobriu que podia usar de tudo um pouco para materializar seu talento.

Foram 30 anos nos EUA, mas sempre aqui e ali também, trabalhando em vários países. Hoje Vik mora no Rio e se envolve bastante com projetos sociais, como a ONG Spectaculu. Em 2013, inicia com recursos próprios a construção da Escola do Vidigal, que oferece a crianças em fase de alfabetização a oportunidade de aprender arte e tecnologia brincando, por meio de uma metodologia de ensino que é resultado de uma parceria entre Vik Muniz e o Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos.

– É uma ‘Bauhaus’ para criancinhas, brinca com um sorriso muito sério.

Posted by Patricia Canetti at 7:35 PM

Singularidades/Anotações: Rumos Artes Visuais 1998-2013 no Paço Imperial, Rio de Janeiro

Exposição Singularidades/Anotações: Rumos Artes Visuais 1998-2013 chega ao Rio de Janeiro

Mostra no Paço Imperial reúne trabalhos de 35 artistas brasileiros contemplados nos editais do programa do Itaú Cultural por 16 anos. Entre os destaques, obras de Berna Reale, Caio Reisewitz, Laerte Ramos e Rodrigo Braga

Depois de apoiar a produção de mais de mil artistas e pesquisadores de todas as regiões do Brasil, o Itaú Cultural, por meio do Rumos Itaú Cultural, plataforma de fomento do Itaú Cultural à produção artística brasileira, faz uma homenagem aos selecionados desde o primeiro edital até a 16ª edição, quando o programa passou por uma reformulação. O resultado é a mostra Singularidades/Anotações: Rumos Artes Visuais 1998-2013, que estará em cartaz no Paço Imperial de 15 de outubro a 29 de novembro.

Com equipe curatorial formada por Aracy Amaral, Regina Silveira e Paulo Miyada, a exposição, apresentada ano passado em São Paulo, reúne cerca de 50 trabalhos de 35 artistas contemplados de 1998 a 2013 nos editais de Artes Visuais, Arte e Tecnologia, Transmídia e Novas Mídias. O público poderá conferir um conjunto bastante heterogêneo de obras, parte delas inédita, entre pinturas, gravuras, fotografias, instalações, vídeos, performances e projetos interativos. “É uma mostra muito rica em termos de linguagens e abordagens, dispositivos e recursos”, explica Regina Silveira. A expografia é do escritório Álvaro Razuk Arquitetura.

Entre os artistas selecionados estão representantes de todas as regiões do país. “Focamos naqueles que construíram um lugar próprio para a sua obra. A arte contemporânea pode qualquer coisa, é verossímil que tenha qualquer formato. É a trajetória de cada artista que vai delimitar o que o trabalho dele pode ser”, diz Paulo Miyada.

A mostra conta com nomes de carreira internacional já consolidada, como a paraense Berna Reale, que representa o Brasil na Bienal de Veneza deste ano. A artista apresenta a série MMXIII, produzida durante as manifestações de rua de 2013. São cinco fotografias sobre alumínio em que ela aparece vestida com a farda da Tropa de Choque e elementos do cotidiano.

O manauaense Rodrigo Braga, que já expôs em lugares como a Maison Européenne de La Photography, em Paris, mostra fotos da natureza densa do litoral de Pernambuco e do Rio de Janeiro. Já o artista paulistano Laerte Ramos apresenta o trabalho Acesso Negado & Acesso Negrado, série de 46 esculturas de cerâmica (23 brancas e 23 pretas).

Caio Reisewitz, de São Paulo, utiliza fotos que mesclam realidade com subjetividade na obra Autoridade. A paulistana Raquel Kogan apresenta O.lhar (2012), instalação interativa com três câmeras em forma de monóculo dispostas em pedestais pretos de diferentes alturas.

O mineiro João Castilho aposta na videoinstalação Emboscada. Na obra, quatro TVs passam imagens de estradas de terra bucólicas no sertão de Minas, mas a quietude e o silêncio são quebrados por tiros e explosões. O trabalho cria a ilusão de um tiroteio alternando momentos de calma e tensão.

Ver lista de obras.

Graças ao Rumos Itaú Cultural, inúmeros artistas conseguiram divulgar seus trabalhos nacionalmente. “A importância do programa e sua vigência por tantos anos reside sobretudo na acolhida desse projeto por artistas de regiões distantes de grandes centros do Brasil. A aceitação de seus trabalhos traz a possibilidade de sua visibilidade em outras regiões” diz Aracy Amaral.

Rumos Legado

Principal programa de apoio à produção cultural brasileira do Itaú Cultural e uma das plataformas mais longevas de incentivo do país, ao chegar à sua 16ª edição, em 2013, o Rumos Itaú Cultural passou por mudanças estruturais e de conceito, eliminando, entre outras modificações, a divisão de categorias por áreas de expressão. Desde então, podem ser inscritos projetos de todas as áreas de expressão e iniciativas híbridas, sem limitação dos campos de investigação, com grande liberdade para artistas, produtores e pesquisadores definirem as regras de produção e apresentação de seus trabalhos.

A iniciativa estimulou o instituto a buscar o que os contemplados até aquela edição produziram, com a proposta, segundo Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural, de lançar um olhar sobre estes 16 anos de trajetória do programa. Assim, desde 2014, o instituto vem apresentando um recorte da produção realizada pelos artistas selecionados, em um total de 1.130 projetos em Artes Visuais, Arte e Tecnologia, Cinema e Vídeo, Dança, Educação, Jornalismo Cultural, Literatura, Música, Pesquisa Acadêmica e Teatro.

O instituto anunciou no passado 1 de setembro a abertura das inscrições para o edital do Rumos 2015-2106. Seguindo a política das edições anteriores, as inscrições são gratuitas. Neste ano, elas devem ser efetuadas no período de 1 de setembro a 6 de novembro, até as 23h59 (horário de Brasília), exclusivamente no site www.rumositaucultural.org.br. Os projetos começam a ser avaliados logo após o fechamento das inscrições e o trabalho da Comissão de Seleção será concluído até maio de 2016. Os contemplados serão informados por e-mail, no dia 10 daquele mês. Em seguida, o site do Itaú Cultural e os meios de comunicação divulgarão os resultados.

Posted by Patricia Canetti at 6:49 PM

Edgard de Souza na Vermelho, São Paulo

Edgard de Souza justapõe obras que parecem antagônicas em sua produção. Características marcantes em sua obra - a dualidade entre em um espaço íntimo de investigação e um trabalho voltado ao público, e o virtuosismo na produção de suas peças tridimensionais - estão presentes em sua primeira individual na Galeria Vermelho.

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De um lado, Edgard de Souza explicita o seu virtuosismo na construção de esculturas, como nas obras Autofagia II, de 2015, que traz a figura espelhada, uma constante em sua obra; e em Acaso (hélice) e Acaso (Saci), ambas de 2015, aonde o ato de nutrir-se da própria carne (como apontado pelo título da escultura anterior) aparece amplificado. Autofagia II é a maior e mais intrincada escultura em bronze já produzida pelo artista. Os dois corpos que se cruzam, não são mais simétricos, parecem estar em pleno embate aonde apenas um sobreviverá, num amálgama entre lascívia e luta. Do outro lado estão os desenhos da série Rabisco, de 2015, aonde o artista nos mostra o novo território de seu embate de autodevoração. À primeira vista, os desenhos em caneta sobre papel, parecem gatafunhos e garatujas aleatórios e pueris.

São, no entanto, resultado de um procedimento constante na obra do artista, como nos autorretratos em cibachrome de fins dos anos de 1990. As fotografias desse período parecem servir tanto como exploração de seu próprio corpo para o desenvolvimento de suas esculturas, quanto como um nó com a própria obra – mais uma vez a autodevoração.

Esses autorretratos foram editados pelo selo Edições Tijuana em formato de livro de artista, em lançamento simultâneo a abertura da exposição e deflagram as primeiras montagens, em estudos rudimentares, feitas pelo artista utilizando um aparelho de fax para combinar imagens.

De modo parecido ao das fotografias, os Rabiscos registram movimentos de Edgard de Souza. São desenhos feitos durante missões simples: dançar, falar ao telefone, usar as duas mão ao mesmo tempo, usar a caneta até o fim, ser simétrico, evitar a simetria. Cada uma dessas incumbências gera um desenho diferente, seja gráfica ou materialmente, que se impõe sobre o suporte de modo diferente. No entanto são embates e análises de seu corpo, que parece presente em cada um deles. Por vezes, o esforço dispendido na aplicação do corpo sobre o papel é tanto que a pigmentação da tinta se funde com entalhos formados pelo movimento repetitivo e terminam por compor superfícies de características epidérmicas.
Em Restauro, 2011, o artista restaura um pano de chão velho e rasgado em um processo manual de costura, oferecendo vida a um objeto morto. O movimento é contrário aos dos Rabiscos: devolvendo ao pano as sua forma original, porém repleto da habilidade construtiva do artista.

Na série Conforto, desenvolvida entre 2013 e 2015, Edgard desloca almofadas que parecem provindas de cadeiras e que deveriam oferecer aconchego e bem-estar ao status de escultura. As almofadas, além de terem seu lugar e posição desvirtuados, são deformadas em feitio entre conchas seguras e protetoras e formas desajustadas e austeras.

O conforto de Edgard de Souza parece estar nesse terreno entre o controle absoluto do virtuoso e a perda de controle que move sua produção adiante.

A crítica e curadora Lisette Lagnado, escreveu no catálogo da exposição panorâmica do artista na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2004 que “Se tomarmos como paradigma existencial que Edgard de Souza começa a produzir num período marcado pelo ‘medo’, será inevitável constatar um recolhimento para um sítio interno”. Lagnado se refere ao aparecimento da AIDS e o subsequente adoecimento de algumas pessoas que rodeavam o artista na década de 1980. O aparecimento da doença instala um vetor inversamente proporcional ao da efervescência jovem daquele instante. Entram em embate impulsos de selvageria e de abrigo; de racionalidade e barbárie com a mesma intensidade.

Essa duplicidade é vista na produção de Edgard desde suas primeiras esculturas construídas como animais-mobília-anamórficos de fins da década de 1980 e início da década de 1990. Nesse momento, pernas de móveis como criados-mudos e poltronas, elaborados para fins de solidez ou repouso, são encimados por formas orgânicas finalizadas com peles de animais como vacas, zebras ou cobras que formam buracos, falos destorcidos ou lembram cavalos prontos para serem montados. São repouso e saracoteio em um.

Esse duelo é amplificado pelas figuras espelhadas na produção de Edgard de Souza, como no banco Sem título de 1990, nas cadeiras Sem Título, de 1997, no bronze Sem título de 1997 e em Autofagia I, de 2013. Nessas peças, o duplo é igual e parece consumir a si mesmo, como sugerido no título da peça mais recente. Como no processo celular de mesmo nome, as esculturas parecem ingerir-se num processo que envolve morte e vida simultaneamente.


Edgard de Souza juxtaposes artworks that seem contrary in his production. Striking characteristics in his work – the duality between an intimate space of investigation and a work aimed at the public, as well as the virtuosity in the production of his tridimensional pieces – are present in his first solo show at Galeria Vermelho.

On the one hand, Edgard de Souza clearly evidences his virtuosity in the construction of sculptures, such as the works Autofagia II [Autophagia II], 2015, which involves a mirrored figure, a constant in his oeuvre, and Acaso (hélice) [Random (Helix)] and Acaso (Saci) [Random (Saci)], both from 2015, where the act of eating one’s own flesh (as indicated by the title of the aforementioned sculpture, Autofagia) appears amplified. Autofagia II is the largest and most intricate bronze sculpture ever produced by the artist. The two bodies that intercross each other are no longer symmetric; they seem to be engaged in a struggle where only one will survive, in an amalgam between lasciviousness and fighting. On the other hand, in the drawings of the Rabisco [Doodle] series from 2015, the artist shows us a new territory of his self-devouring clash. At first sight, the drawings in ballpoint pen on paper look like random childish scrawls and scribbles.
They are, however, the result of a recurrent procedure in the artist’s work, like the self-portraits in Cibachrome made in the late 1990s. The photographs from that period seem to serve as an exploration of his own body for the development of his sculptures, as well as a knot made with his own work – once again, the self-devouring.

Those self-portraits, published by the Edições Tijuana label in the format of an artist’s book, are being released simultaneously with the opening of the exhibition and provide a look at the artist’s first rudimentary studies in the use of a fax machine to combine images.

Somewhat like the procedure in the photographs, the Rabiscos record movements by Edgard de Souza. They are drawings made during simple challenges: drawing while dancing, while talking on the phone, using two hands at the same time, using the pen until it runs out of ink, being symmetric, avoiding symmetry. Each of these tasks gives rise to a graphically or materially different drawing that is imposed on the paper in a different way. They are nevertheless struggles and analyses of his body, which seems to be present in each of them. Sometimes, the effort expended in the application of the body on the paper is so great that the pigmentation of the ink blends with the grooves made by the repetitive movement and winds up composing surfaces with skinlike characteristics.

In Restauro [Restoration], 2015, the artist restores an old and torn floorcloth, sewing it by hand, giving life to a dead object. The movement is opposite to that of the Rabiscos: returning the cloth to its original form, though steeped in the artist’s constructive skill.

In the Conforto [Comfort] series, produced between 2013 and 2015, Edgard displaces cushions that seem to have come from chairs and which should offer a sense of coziness and well-being to the sculpture. Besides having their positions displaced, the cushions have been deformed to resemble something halfway between safe, protective seashells and stark, disarranged shapes.

Edgard de Souza’s comfort seems to lie in this terrain between absolutely controlled virtuosity and the lack of control that moves his production forward.

In the catalogue of the artist’s retrospective at the Pinacoteca do Estado de São Paulo, in 2004, critic and curator Lisette Lagnado wrote that “If we take as an existential paradigm that Edgard de Souza began to produce in a period marked by ‘fear,’ we will inevitably observe a withdraw to an inner place.” Lagnado is referring to the appearance of AIDS and the subsequent sickness of some people who surrounded the artist in the 1980s. The appearance of the disease offset the young effervescence of that time. A clashing arose between the equally intense drives of wildness and shelter, and between rationality and barbarity.
This dualness has been visible in Edgard’s production since his first sculptures constructed as anamorphic furniture-animals in the late 1980s and early 1990s. In those works, legs of furniture pieces such as bedside tables and armchairs, made for purposes of solidity or rest, are crowned by organic shapes made with the skins of animals such as cows, zebras or snakes that form holes or distorted phalluses, or resemble horses ready to be mounted. They are rest and restlessness rolled into one.

The duel is enlarged by the mirrored figures in Edgard de Souza’s production, like the Sem título bench from 1990, the Sem Título chair from 1997, the Sem título bronze sculpture from 1997, and Autofagia I from 2013. In these pieces, the two elements of the dual are equal and seem to be eating one another, as suggested by the title of the most recent piece. As in the cellular process of the same name, the sculptures seem to be ingesting themselves in a process that involves death and life at one and the same moment.

Posted by Patricia Canetti at 2:42 PM

Cadu na Vermelho, São Paulo

Entre agosto e outubro de 2014, Cadu residiu por dois meses em Hornitos (a exposição), no Chile. A imersão solitária foi viabilizada através de um convite da Plataforma Atacama, projeto independente que visa o desenvolvimento de iniciativas artísticas e culturais em diferentes partes do Chile, tomando como ponto de partida o Deserto do Atacama.

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Durante a residência, Cadu desenvolveu trabalhos que ecoam este período de reclusão e reflexão, debruçando-se sobre discussões que envolvem os relacionamentos entre homem e natureza, solidão e criatividade, sistemas e passagem do tempo.

Hornitos é uma praia localizada entre o Oceano Pacífico e o deserto. A presença permanente e agressiva do sol como o mediador de todos os ciclos da região, foi utilizada como ponto de partida para a construção de duas obras presentes na individual. Em Hemisférios, de 2014, Cadu apresenta 168 folhas de papel vegetal que sofreram queimaduras resultantes de exposições à luz do sol em suas superfícies. Para a elaboração dessa obra, o artista desenvolveu um suporte em que uma lupa era fixada sobre um bloco de folhas de papel vegetal. Os raios solares, potencializados pela lupa, rasgavam seu percurso sobre o bloco. Assim, cada folha de papel vegetal simboliza uma hora desse percurso, e o conjunto completo representa o testemunho gráfico da passagem de uma semana em Hornitos, tanto extensivamente como intensivamente, já que as 24 folhas de cada bloco foram queimadas de modo proporcional à temperatura e intensidade da luz de cada dia.

O mesmo artifício construído para Hemisférios foi utilizado na elaboração de uma sequência de fotografias titulada Trópico de Capricórnio, 2014. O políptico deixa evidente o registro da passagem e da mudança da posição do sol feito sobre uma caixa de areia negra, trinta dias antes do início da primavera.

Os dois trabalhos, apresentados juntos, articulam uma noção de temporalidade ao mesmo tempo alargada e dinâmica da indômita região do Atacama.

O clima atacamenho também é investigado na série Wind Line, de 2014. Em parceria com o artista e designer Marcos Kotlhar, Cadu concebeu uma estrutura que sistematiza leituras do comportamento do vento em forma de desenhos. No aparato, dados colhidos por um anemômetro são interpretados por um software de leitura, que utilizando a velocidade como vetor de deslocamento e a direção dos pontos cardiais como coordenadas, produz comandos que movem uma caneta presa a um suporte numa área de desenho. A duração de cada desenho depende do tipo de investigação gráfica que se pretende observar, podendo estender-se por um período de poucas horas até meses. O que se vê é o registro da volatilidade do comportamento do vento em uma mesma região – mais uma vez um sistema que mira compreender a inconstância da região.

Como em Wind Line, o vento está presente no vídeo Psicopompo. Colaborando com jovens estudantes chilenos, Cadu instalou em uma encosta um conjunto de bandeiras brancas que dançam a mercê de golfadas de ar. O título do vídeo faz referência à palavra grega ‘psychopompós’, junção de ‘psyché’ (alma) e ‘pompós’ (guia). O termo designa um ente cuja função é conduzir a percepção humana em ocasiões de iniciação ou transição. Na mitologia grega, essa função é atribuída a Hermes.

Cadu também registra a sua passagem por Hornitos com um diário e uma série de esculturas. O diário, agora editado em formato de livro de bolso, narra eventos ocorridos durante a residência e intercala situações domésticas e comentários relacionados à criação das obras que surgiram a partir do contexto local. O livro, batizado de Hornitos, fica disponível para ser levado para casa por quem visita a exposição.
As esculturas da série Sambaqui foram produzidas com cascos de caranguejos encontrados e que sofreram a impressão de padrões geométricos através da ação de ácidos. São intervenções lentas e gráficas em suas superfícies que registram o tempo do artista, enquanto ele registrava o tempo de Hornitos.

*Cadu agradece a Plataforma Atacama e a Alexia Tala.


Between August and October 2014, Cadu resided for two months in Hornitos (the exhibition), in Chile. This solitary immersion was made possible by an invitation from the Plataforma Atacama, an independent project aimed at the development of artistic and cultural initiatives in different parts of Chile, taking the Atacama Desert as a basis.

During the residency, Cadu developed artworks which echo that period of reclusion and reflection, focusing on discussions that involve the relationships between man and nature, solitude and creativity, systems and the passage of time.

Hornitos is a beach located between the Pacific Ocean and the desert. The continuous and aggressive presence of the sun as a mediator of all the cycles in the region was used as a starting point for the construction of two works featured in this solo show. In Hemisférios [Hemispheres], 2014, Cadu presents 168 sheets of tracing paper bearing marks burned into their surfaces by intensified sunlight. To make this artwork, the artist developed a support on which a magnifying glass was held still above a stack of sheets of tracing paper. The rays of the sun – made more powerful by the magnifying glass – burned their path on the stack. Thus, each sheet of tracing paper symbolizes an hour of the sun’s path, and the complete set constitutes a graphic record of the passage of one week in Hornitos, both extensively and intensively, since the 24 sheets of each stack were burned in a way that is proportional to the temperature and intensity of the sun on each day.

The same device constructed for Hemisférios was used to produce a sequence of photographs entitled Trópico de Capricórnio, 2014 [Tropic of Capricorn, 2014]. The polyptych presents the record of the passage and changing position of the sun made on a box of black sand, 30 days before the beginning of spring.

Presented together, the two artworks convey a simultaneously enlarged and dynamic notion of temporality in the untamed region of the Atacama Desert.

The climate of the Atacama Desert is also investigated in the series Wind Line, 2014. In partnership with artist and designer Marcos Kotlhar, Cadu conceived a structure that systematizes readings of the behavior of the wind in the form of drawings. In the device, data collected by an anemometer are interpreted by a reading software that treats velocity as a vector of displacement and considers the wind’s cardinal direction to produce commands that move a pen in different directions and distances to make a drawing. The duration of each drawing depends on the intended type of graphic investigation and can last for a period ranging from a few hours to several months. The result is a record of the volatility of the wind’s behavior – once again a system that aims to comprehend the inconstancy of a given region.

As in Wind Line, the wind is likewise present in the video Psicopompo [Psychopomp]. Collaborating with young Chilean students, Cadu installed a set of white flags on a slope in such a way that they dance in accordance with the strength and direction of gusts of air. The title of the video refers to the Greek word psychopompós, a combination of psyché (soul) and pompós (guide). The term denotes a being whose function is to conduct the human perception on occasions of initiation or transition. In Greek mythology, this function is attributed to Hermes.

Cadu also recorded the time he spent in Hornitos by means of a diary and a series of sculptures. The diary, now published in pocketbook format, narrates events that took place during his residency, interspersing domestic situations with commentaries concerning the creation of the works that arose based on the local context. The book, entitled Hornitos, is available to the exhibition attendees to take home with them.
The sculptures of the Sambaqui series were produced with found crab shells, to which the artist applied acid to make geometric patterns. Their surfaces were submitted to slow and graphic interventions that record the artist’s time, while he recorded the time of Hornitos.

* Cadu is grateful to Plataforma Atacama and to Alexia Tala.

Posted by Patricia Canetti at 1:33 PM

Antonio Dias na Multiarte, Fortaleza

A Galeria Multiarte apresenta exposição inédita de Antonio Dias e, na abertura, com a presença do artista, lança livro sobre sua trajetória

A exposição Antonio Dias, Desenhos 1960-2000, que tem o papel como grande protagonista, a intenção foi mostrar o processo criativo de Antonio Dias, uma história de vida do artista.

Para tanto, está dividida em dois segmentos:

O primeiro - um percurso que vai dos anos 1950 ao ano 2000 - reúne 64 obras produzidas nas mais variadas técnicas: gravuras, desenhos, monotipias e pinturas.

- Gravuras e desenhos dos anos 1950, do período em que o artista era aluno do mestre Oswaldo Goeldi (1895-1961), no Rio de Janeiro.

- Pinturas e desenhos dos anos 1960, período em que se afirma como artista. Participa da histórica exposição Opinião 65, um marco da arte contemporânea no Brasil; expõe em Paris e Milão.

- Pinturas e desenhos de 1970, destacando-se uma coleção de desenhos da famosa série: Illustration of art (Ilustração da arte) de 1973. E a exibição, em animação, do livro Some artists do, some not (1974) agora sob o título The meaning of production. Num livro de artista, um comentário um tanto irônico sobre pintura toma a forma de desenho: de um lado, a agulha que perfura a superfície do quadro, questionando a integridade física e metafísica do plano da representação; do outro, a própria costura reduplicando o formato quadrado...

- Pinturas e desenhos dos anos 1980. Aqui, cabe destacar a coleção de pinturas sobre papel artesanal nepalês. O artista viaja por cinco meses para o Nepal em busca de um papel artesanal para a produção do álbum Trama.

- Os anos 1990 e 2000 estão representados por uma pequena coleção de pinturas da série Autonomias, fonte de pesquisa para a sua produção atual.

O segundo segmento, apresenta nove pinturas dos anos 1960 e 1970.

A exibição de tais pinturas permitiráao público conhecer obras que deram origem ao processo criativo de Antonio Dias, exibido na primeira parte desta exposição. A primeira delas é Pequena prostituta de 1962, seguida de seis pinturas sobre papel e duas pinturas de grandes dimensões.

Complementam a mostra o lançamento do livro Antonio Dias que traz uma análise profunda desta coleção por Sérgio Martins, conhecedor da obra do artista; cronologia de autoria de Ileana Pradilla, ilustrada por uma série de registros fotográficos de sua trajetória, alguns deles inéditos, no Rio de Janeiro, em Paris, em Nova York, em Colônia, em Veneza, em Milão e no Nepal e a exibição do documentário Território Liberdade de Roberto Cecato.

Posted by Patricia Canetti at 11:54 AM

outubro 8, 2015

19º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil | Panoramas do Sul: Projetos comissionados

Consolidando seu perfil de experimentação e inovação, o Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil abriu, pela primeira vez, uma convocatória pública para inscrição de projetos a serem comissionados para apresentação em sua 19ª edição. Foram selecionados os seguintes artistas entre as 446 inscrições de projetos feitas por artistas de 71 países: Carlos Monroy (Colômbia), Cristiano Lenhardt (Brasil), Keli-Safia Maksud (Quênia) e Ting-Ting Cheng (Taiwan).

O desenvolvimento dos projetos dos artistas selecionados foi acompanhado pela comissão responsável pela seleção, formada pelos curadores Bernardo José de Souza (Rio Grande do Sul, Brasil/vive e trabalha no Rio de Janeiro), Bitu Cassundé (Ceará, Brasil/vive e trabalha em Fortaleza), João Laia (Lisboa, Portugal/vive e trabalha em Londres) e Júlia Rebouças (Sergipe, Brasil/vive e trabalha em Belo Horizonte), que trabalham sob a curadoria geral de Solange Farkas. Esta iniciativa efetiva o envolvimento dos curadores para além da seleção, promovendo um diálogo direto e contínuo com os artistas no decorrer de seus processos criativos, em uma relação de tempo estendida.

O texto curatorial da exposição Panoramas do Sul | Projetos Comissionados será disponibilizado em breve.

Sobre os projetos selecionados
Carlos Monroy participa com Llorando se foi. O museu da lambada. In memoriam de Francisco "Chico" Oliveira, que relaciona dois fenômenos dos anos 1980 no Brasil: a consagração da lambada e sua incidência na construção da identidade nacional, e o início e exponencial crescimento da imigração boliviana em São Paulo. Superquadra-Sací, filme de Cristiano Lenhardt, cria um encontro entre as origens indígenas nacionais e a “cidade-paisagem”, o cenário urbano, com remissões ao modernismo brasileiro. Mitumba, de Keli-Safia Maksud, pesquisa a relação entre a história do sabão na Inglaterra e a dos tecidos africanos nos Países Baixos na era vitoriana. A artista discute a imagem de higiene racial e a identidade africana a partir dos tecidos percebidos mundialmente como autêntica expressão da África. O projeto The Atlas of Places do not exist , de Ting-Ting Cheng, trata-se de uma biblioteca contendo centenas de livros sobre lugares que não existem, questionando as fronteiras e as definições de realidade.

Posted by Patricia Canetti at 12:31 PM

Lançamento do livro Videobrasil: três décadas de vídeo, arte, encontros e transformações no Galpão VB, São Paulo

Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil revisita 30 anos de sua trajetória em livro

Editado em parceria pela Associação Cultural Videobrasil e Edições Sesc São Paulo, “Videobrasil: três décadas de vídeo, arte, encontros e transformações” entrelaça história do Festival com as transformações ocorridas na arte, no Brasil e no mundo ao longo dos últimos trinta anos

Com organização de Solange Farkas e da jornalista Teté Martinho, coordenadora editorial da Associação Cultural Videobrasil, a trajetória do Festival está presente no livro Videobrasil: três décadas de vídeo, arte, encontros e transformações (Edições Sesc São Paulo / Associação Cultural Videobrasil), que será lançado em 8 de outubro, quinta-feira, a partir de 19h, na nova sede da Associação Cultural Videobrasil, o Galpão_VB, na ocasião da abertura de Panoramas do Sul | Projetos Comissionados, uma das exposições que compõem o 19º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil | Panoramas do Sul.

“O livro desenha um percurso lento e contínuo de ciclos e rupturas que marcam não apenas a trajetória do Festival, mas a inserção do vídeo no mundo das artes, seu diálogo com as outras plataformas”, afirma Solange Farkas. “Ao revisitar as três décadas de história do Festival, da arte, do Brasil e do mundo, o livro nos permite encontrar nosso espaço enquanto instituição promotora das artes e olhar com clareza para os desafios contemporâneos da arte e da política no Eixo Sul”, conclui.

“Tendo optado politicamente por se vincular à produção contemporânea realizada por artistas, curadores e pesquisadores no circuito geopolítico Sul, o Videobrasil interroga-se sobre a legitimação e os cânones da arte ocidental, colocando em foco indivíduos e debates fora do eixo. Trata-se de dar lugar à arte produzida em meio ao desalinho, representado por diferentes situações de opressão política, social e cultural, ausência de liberdade de expressão, desestabilização político-econômica, guerras, pobreza, fome” afirma Danilo Santos de Miranda, Diretor Regional do Sesc São Paulo, no texto de abertura do livro.

Trajetória revista em livro
Tendo como colaboradores o professor e curador Eduardo de Jesus, o curador e crítico de arte Moacir dos Anjos, o jornalista Gabriel Priolli e a jornalista e crítica de arte Paula Alzugaray, que analisam em ensaios os momentos-chave da arte contemporânea a partir das transformações do Festival.

Ao longo de seus 30 anos o Videobrasil revelou talentos do vídeo e das artes visuais, trouxe ao Brasil grandes nomes da videoarte e da arte contemporânea, inseriu as questões do Sul Geopolítico na agenda de debates. De início uma iniciativa local pioneira, voltada para o fomento da linguagem e divulgação do vídeo brasileiro que se transformou em uma plataforma múltipla, centrada na produção artística contemporânea do Sul geopolítico do mundo.

A publicação recupera os principais acontecimentos dos festivais, como a abertura para novas linguagens e o processo de internacionalização, obras de destaque, casos polêmicos, e artistas revelados e destacados a cada edição, em uma releitura crítica de sua própria história.

O conteúdo
A edição, vastamente ilustrada, conta ainda com ensaios que pontuam os momentos-chave do Festival e algumas de suas questões mais importantes de seu contexto original:

Em Mil telas e centenas de canais depois, o jornalista Gabriel Priolli discute, passados trinta anos, o impacto que o vídeo de fato teve nas transformações políticas e de linguagens do país.

Em Tempo, imagem: performance, o professor e curador Eduardo de Jesus escreve sobre a intersecção entre o vídeo e a performance, que revolucionou as artes a partir dos anos 1960, e as performances em vídeo que marcam a arte contemporânea a partir da segunda metade do século 20 – e passam a fazer parte da história do Festival a partir de 1998.

Universos em contenção: o vídeo na arte contemporânea, da curadora, jornalista e crítica de arte Paula Alzugaray, apresenta o vídeo como um símbolo de ruptura dos conceitos tradicionais de arte.

Em O tempo do Sul, o curador e pesquisador Moacir dos Anjos estabelece o eixo Sul Geopolítico como centro das manifestações, linguagens e temáticas da arte e da política nos séculos 20 e 21.

Outras publicações
Este ano, são lançadas, ao todo, cinco publicações, frutos da parceria entre as Edições Sesc São Paulo e a Associação Cultural Videobrasil, com coordenação editorial de Teté Martinho e Solange Farkas. No dia 10 de outubro são lançados no Sesc Pompeia os livros Panoramas do Sul | Artistas Convidados, que reúne referências sobre a obra e o pensamento dos artistas convidados do Festival, e Panoramas do Sul | Leituras | Perspectivas para outras geografias do pensamento, uma compilação de ensaios e manifestos artísticos que apresentam, defendem ou questionam o conceito de Sul geopolítico. Em 25 de novembro ocorre o lançamento da publicação Panoramas do Sul | Obras Selecionadas e Projetos Comissionados, que cataloga e aprofunda a reflexão em torno das 60 obras e projetos que integram as duas exposições. E ainda, é lançado em 25 de novembro, também no Sesc Pompeia, o Caderno Sesc_Videobrasil 11: Alianças de Corpos Vulneráveis, que conta com curadoria do escritor e curador peruano Miguel Angel López, que participou da 31ª Bienal de São Paulo.

O Festival e sua história
“O vídeo é uma ferramenta que surgiu em um momento de questionamento profundo dos suportes, materiais, lugares e formatos da arte. Vinha desafiar um sistema institucional e um mercado que nem sempre apoiam o que é urgente produzir em termos artísticos e discursivos.” A definição da criadora e curadora-geral do Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, Solange Farkas, sintetiza o momento histórico que marca a criação do (então) Festival de Video Brasil, em 1983, período da redemocratização brasileira. “Como suporte da criação artística, o vídeo sustentou o intenso espírito crítico das vanguardas de meados do século 20.” No Brasil, foi um dos meios pelos quais buscou-se contestar o poder estabelecido – a ditadura – e a imagem televisiva, que, então, o simbolizava. Sendo o vídeo o meio, a busca pela inovação e desestruturação da linguagem era sua forma de contestação. O (então) Video Brasil, sua plataforma.

Ao longo de seus 30 anos, celebrados em sua 18ª edição (2013), o Festival derrubou fronteiras nacionais e linguísticas, expandindo-se para o exterior, com foco no Eixo Sul Geopolítico, e para as distintas formas e linguagens artísticas.

Entre 1983 e 1990, o Festival tem caráter documental e de denúncia e ligação estreita com a TV, o desejo de que a produção invadisse os televisores e revolucionasse a sua linguagem. É nesse momento que o Festival revela talentos como Fernando Meirelles, com Garotos do Subúrbio, e Marcelo Tas, com o repórter Ernesto Varella, e o vídeo Caderneta de campo, de José Celso Martinez Correa, sobre a demolição da sede do teatro Oficina pelo Grupo Silvio Santos. O vídeo ganhou o grande prêmio da primeira edição do Festival.

Neste momento, sua trajetória dialoga com a de jovens artistas brasileiros que marcarão sua história, como Eder Santos, Cao Guimaraes e Luiz de Abreu, ganhador do Grande Prêmio da 18ª edição com a performance O Samba do Crioulo Doido.

A década de 1990 é marcada pelo processo de internacionalização do Festival, tendo foco no Sul Geopolítico, de maior experimentação com a linguagem, no uso de suportes como o CD-ROM e concepção de trabalhos interativos e do início da parceria com o Sesc São Paulo, em 1992, fundamental para seu projeto de expansão, diversificação e internacionalização.

“O processo de internacionalização do Festival também se estabelece em diálogo com o momento histórico. Nos anos 1990, vivíamos um período em que os mercados se globalizavam, mas os Estados nacionais do chamado ‘Terceiro Mundo’, mais vítimas do que membros dessa globalização, contestavam a maneira como era feita a derrubada das fronteiras do mundo. O estabelecimento do Eixo Sul dentro da arte e do Festival reflete esse sentimento de época.” Ao longo desse processo, o Festival trouxe ao Brasil obras de grandes nomes da performance, como Marina Abramovic, das artes visuais, como Olafur Eliasson, e da videoarte internacional, Bill Viola, Nam June Park e Peter Greenaway

Com a virada do milênio, a partir de 2001, o Festival se conecta com as artes visuais e se abre para a performance, sendo a 15º edição, de 2007, toda voltada para essa forma de expressão.

Em 2011, o Festival se abre a todas as manifestações artísticas, independentemente do suporte, e na ênfase para os programas de residência e o aprofundamento da relação e das questões do Sul Geopolítico, que continua em processo.

Ficha técnica
Videobrasil: três décadas de vídeo, arte, encontros e transformações
Organização: Teté Martinho e Solange Farkas
Colaboradores: Eduardo de Jesus Gabriel Priolli, Moacir dos Anjos e Paula Alzugaray.
Edições Sesc São Paulo e Associação Cultural Videobrasil
ISBN 978-85-69298-12-0
Páginas: 320 p.
Formato: 18 x 23 cm
Preço: R$ 82,00
Português/ inglês

Posted by Patricia Canetti at 11:53 AM

outubro 6, 2015

Patricia Piccinini no CCBB, São Paulo

A partir do dia 12 de outubro, o prédio do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de São Paulo será tomado pelas estranhas figuras criadas por Patricia Piccinini, um dos grandes destaques da produção contemporânea australiana. Ao mesmo tempo repulsivos e sedutores, os seres concebidos pela artista em seu estúdio de Melbourne – que em muito se assemelha a um espaço de criação de efeitos especiais para o cinema, com seus ateliês de pele, unha ou cabelo – provocam uma imediata e paradoxal resposta do público. Se por um lado suas formas causam asco ou repulsa, sua familiaridade e doçura geram uma empatia quase imediata. Trata-se de um jogo preciso, que encanta não apenas pelo virtuosismo técnico, mas sobretudo porque desperta por meio do sensorial uma série de indagações acerca do mundo contemporâneo, dos efeitos da ciência e dos limites morais e éticos do ser humano.

De que maneira a arte, em parceria com a natureza e a ciência, nos faz entender um pouco mais e melhor sobre nós mesmos? Teria a humanidade consciência de que se isola de forma ingênua e perigosa daquilo a que não está acostumada, destruindo o que lhe é estranho? Conhecemos realmente os efeitos futuros das recentes e profundas manipulações genéticas? O incômodo provocado por esses monstrengos de silicone concebidos por Patricia nos mostra sobre nossos próprios sentimentos, ampliando nossa compreensão sobre questões complexas e delicadas como a imposição de padrões de beleza, o racismo e a xenofobia. Não à toa Patricia Piccinini costuma dizer que seu mundo é mais repleto de perguntas do que de respostas.

“Sou interessada em descobrir o sentido do que é ser humano no âmbito da engenharia genética e da biotecnologia, e como essas tecnologias influenciam a maneira como nos relacionamos com o mundo. O mundo que crio existe em algum lugar entre o que conhecemos e o que está quase sobre nós (a imaginação, ou o futuro). Minhas criaturas, apesar de estranhas e por vezes inquietantes, não são assustadoras. Em vez disso, é a sua vulnerabilidade que muitas vezes vem à tona. Elas pedem que as olhemos além de sua estranheza, nos convidando a aceitá-las. Somos cercados por modificações genéticas escondidas em nossos alimentos e animais, sem ao menos dar conta! Eu não induzo o visitante a pensar qualquer coisa sobre engenharia genética, mas pergunto como eles se sentem frente a essas possibilidades. Trabalho com uma variedade de materiais e linguagens, de esculturas feitas de silicone e fibra de vidro a fotografia e vídeo, passando pelo desenho e a pintura”, resume a artista.

Intitulada de Com-Ciência, a primeira exposição individual de Patricia Piccinini no Brasil – que faz sua estreia em São Paulo mas segue depois para as unidades do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em Brasília e no Rio, faz um amplo apanhado da produção da artista e reúne alguns de seus principais trabalhos. Logo na entrada, no térreo, o espectador se depara com peças icônicas da artista como Big Mother (uma figura agigantada, que se assemelha a uma macaca e amamenta um bebê); The Conforter (uma menina toda coberta de pelos acalenta um pequeno ser, de pele macia e pés fofos como um bebê humano, mas que tem uma boca agigantada e sem olhos –; ou ainda The Observer (2010), um curioso menino que observa o mundo de um ponto de vista privilegiado e perigoso, o alto de uma pilha inclinada de cadeiras. Qualquer metáfora com o percurso que a exposição propõe ao espectador não é mera coincidência.

No subsolo foi criada uma espécie de garagem, na qual estão reunidas uma série de máquinas antropomorfizadas, uma espécie de diluição provocativa entre o inorgânico e o orgânico; no quarto andar estão organismos absolutamente descolados da realidade, como Sphinx. Mas todo o centro cultural será tomado pelas bizarras figuras (esculturas, relevos e desenhos) da artista. Segundo o curador Marcello Dantas, a proposta foi ativar todo o CCBB como sendo o lugar onde esses seres vivem, comem, dormem. “É como se você tivesse entrado nesse circo, nessa casa mal-assombrada”, povoada por criaturas que podem ser completamente abstratas, absolutamente verossimilhantes, misturas biologicamente plausíveis, mesclas de diferentes animais ou mutantes perfeitamente saídos de um filme de ficção científica. Talvez um dos pontos de partida da artista – que considera que suas criações têm cheiro de gengibre – tenham sido os bichos que Patricia, nascida em Serra Leoa em 1965, descobriu ao chegar na Austrália, aos sete anos de idade. Bastaria citar o ornitorrinco ou o canguru para confirmar o importante papel desses animais incomuns no imaginário nacional. Como diz Dantas, “trata-se de um país que tem licença poética para a invenção”.

O caminho é repleto de surpresas e subversões de sentido. Reforçando ainda mais esse universo potente de relações, muitas vezes contraditórias, foi criado um audioguia que permite aos visitantes ir além da percepção visual, ouvindo os sons, as respirações e até a linguagem daquelas criaturas. “A ideia é permitir que se tenha uma ideia da essência desses personagens”, explica Dantas, que concebeu o sistema com a colaboração estreita da artista.

“Trata-se de uma obra sobre a aceitação”, diz o curador sobre o trabalho de Patricia, acrescentando que por isso gostaria que fosse uma exposição popular e que atraísse o público infantil. “As crianças possuem menos pré-conceitos”, define. Um dos grandes atrativos da mostra, o voo de um gigantesco balão na forma de um híbrido entre uma baleia e uma tartaruga, intitulado de Skywhale e originalmente criado para as celebrações do centenário de Canberra em 2013, foi propositalmente agendado para o dia 12 de outubro.

Essa mistura alquímica entre natureza e tecnologia, que flerta tanto com o surrealismo e o hiperrealismo – o que explica a aproximação recorrente feita com o trabalho de outro ilustre artista australiano, o escultor Ron Mueck –, nos faz questionar sobre nossa semelhança e vínculo com esses seres. Seríamos nós monstrengos disfuncionais como eles, ou produziremos algum dia descendentes com esse grau de disfuncionalidade? Afinal, “genética é história da forma de corpo”, sintetiza Dantas, lembrando que nosso código genético é uma espécie de narrativa, de ponto indicativo do nosso passado e do nosso futuro, que carregamos conosco.

Diante de possibilidades terrivelmente ameaçadoras como essa, não seria surpreendente pensar a obra de Patricia como profundamente crítica dos avanços incontrolados da ciência e um tanto desesperançosa. Porém, há na delicadeza dessas figuras e no afeto que elas despertam algo de redentor: “seria uma obra pessimista se esses seres não estivessem repleto de amor”, conclui o curador.

Posted by Patricia Canetti at 8:49 PM

Marcius Galan na Luisa Strina, São Paulo

AGENDA SP Hoje 07/10 às 19h @ Luisa Strina: Beto Shwafaty + Marcius Galan http://bit.ly/L-Strina_M-Galan http://bit.ly/L-Strina_B-Shwafaty

Posted by Canal Contemporâneo on Quarta, 7 de outubro de 2015

A Galeria Luisa Strina tem o prazer de anunciar a 4ª exposição individual do artista Marcius Galan - Planta/Corte.

Marcius Galan ocupa a Sala 1 da galeria com um conjunto de esculturas, objetos e instalações, fazendo uso de elementos tradicionais de escultura, como o ferro e a madeira e reproduzindo elementos retirados da representação gráfica do espaço. Linhas, cantos e espaços de passagem formam desenhos fragmentados que se espalham pelo piso como uma sobreposição do lugar real e de sua representação. Tais elementos, que normalmente seriam empregados para dividir e subdividir plantas arquitetônicas, são então reconstruídos, criando uma nova organização (ou desorganização) no espaço vazio da galeria.

Planta/Corte reúne um conjunto de trabalhos em que o desenho encarna um corpo escultórico e substitui a virtualidade dos elementos da representação pela matéria.

O concreto também está presente remetendo à tradição de seu uso na arquitetura moderna; o material aparece na exposição em pequenos fragmentos seccionados por linhas em escalas desproporcionais.
Em outro grupo de trabalhos, estruturas de ferro em equilíbrio aparentemente instáveis projetam sombras e reflexos. Na realidade, trata-se de delicadas pinturas feitas diretamente na parede e que partem da observação do reflexo da luz em vidros e janelas. Porém, aqui, elas são provenientes de combinações de fontes de luz improváveis ou que não podem ser identificadas no espaço.

Ao sobrepor sistemas e códigos, apresentando novas formas de leitura e de compreensão do espaço, Marcius Galan explora a funcionalidade dos objetos e dos sistemas de representação, e propõe, consequentemente, um questionamento acerca da ideia de precisão – sobretudo no que se refere à representação de lugar, como na cartografia, geometria, arquitetura e design.

Seu trabalho fez parte recentemente de importantes mostras como Site, Specific, Objects, Galerija Gregor Podnar, Berlim, Alemanha (2015); Now? Now!, Biennial of the Americas, Museum of Contemporary Art Denver, EUA (2015); Empty House/Casa Vazia, Luhring Augustine, Nova York, EUA (2015); Spatial Acts: Americas Society Commissions Art, Americas Society, Nova York, EUA (2014); Cruzamentos: Contemporary Art in Brazil, Wexner Center for the Arts, Columbus, EUA (2014); My Third Country, Frankdael, Amsterdã, Holanda (2013); Blind Field, Krannert Art Museum e Kinkead Pavilion, EUA (2013); Planos de fuga: uma exposição em obras, Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo, Brasil (2012); Cisneros Fontanals Art Foundation 2011 Grants Program, Miami, EUA (2011); 8a Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brasil (2011); 29a Bienal de São Paulo, Brasil (2010); Para ser construidos, MUSAC Castilla y León, Espanha (2010); Color into light: Selections from the MFAH Permanent Collection, Museum of Fine Arts Houston, EUA (2008).

Exposições individuais incluem: Diagrama, NC – Arte, Bogotá, Colômbia (2013); Geometric Progression – Marcius Galan Inside the White Cube, White Cube Bermondsey, Londres, Inglaterra (2013).
Coleções privadas e institucionais das quais seu trabalho faz parte incluem: Museu de Arte Moderna de São Paulo (Brasil), Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Brasil), Pinacoteca do Estado de São Paulo (Brasil), Fundação Serralves (Portugal), Zabludowicz Collection (Inglaterra), Museum of Fine Arts Houston (EUA), Cisneros Fontanals Foundation (EUA), MALBA – Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (Argentina), Nicolas Cattelain Collection (Inglaterra), CACI – Centro de Arte Contemporânea Inhotim (Brasil), Coleção Instituto Figueiredo Ferraz (Brasil).

Entre os prêmios e residências, destacam-se: residência na Gasworks, Londres (2013); Prêmio PIPA (2012); residência na School of the Art Institute of Chicago (2005); prêmio residência do Instituto Iberê Camargo (2005); residência na Cité des Arts, Paris (2003).

Posted by Patricia Canetti at 8:01 PM

Beto Shwafaty na Luisa Strina, São Paulo

A Galeria Luisa Strina tem o prazer de anunciar a primeira exposição individual do artista Beto Shwafaty - Contrato de Risco.

Beto Shwafaty é artista e pesquisador. Ele esteve envolvido com práticas coletivas, curatoriais e espaciais desde o início da década de 2000, e como resultado, ele desenvolve uma prática baseada em pesquisas sobre espaços, histórias e visualidades na qual procura conectar formalmente e conceitualmente questões políticas, sociais e culturais convergentes ao campo da arte.

Beto Shwafaty reunirá obras que atuam tanto simbolicamente quanto de modo evocativo sobre diversos aspectos e episódios ligados aos ciclos de exploração do petróleo, assumido como um dos principais ‘lubrificantes’ de narrativas políticas e históricas do último século. Nesse projeto, que vem sendo desenvolvido desde 2009, o artista explora os efeitos, presenças e ecos dos discursos e ações que cercam o universo petrolífero e seus ciclos de existência no país, quando se alastram por diversos tempos e âmbitos da esfera pública, tais como a mídia, a propaganda, o discurso politico, a cartografia e os objetos cotidianos.

Exposições recentes incluem: CFB: 25 Anos, Casa França-Brasil (Rio de Janeiro, 2015); Encruzilhada, Parque Lage (Rio de Janeiro, 2015); 5o Prêmio Sesi Marcantônio Vilaça, MAC Ibirapuera (São Paulo, 2015); Temporada de Projetos do Paço das Artes (São Paulo, 2014); PArC Solo Projects (Lima, 2014); O Artista Como… (São Paulo, 2014); Fundamentos da substância do design: metáforas culturais para projetar um novo futuro, Museu da Cidade – Oca (São Paulo, 2014); P33_Formas Únicas de Continuidade no Espaço [33o Panorama da Arte Brasileira] (São Paulo, 2013); 9a Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2013); Amor e Ódio a Lygia Clark, Zacheta National Gallery (Varsóvia, 2013); Conversations Pieces, NBK (Berlim, 2013); 10a Bienal de Arquitetura de São Paulo (CCSP, 2013); Eternal Tour (São Paulo, 2012); Mitologias, Cité des Arts (Paris, 2011) e MAM (São Paulo, 2013); À sombra do futuro, Instituto Cervantes (São Paulo, 2010).

Seu trabalho faz parte das seguintes coleções públicas: MAR Museu de Arte do Rio, Brasil; Museu Nacional da República, Brasília, Brasil; Paço Imperial- IPHAN, Rio de Janeiro, Brasil; Museu de Arte de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, Brasil; Museu de Arte Contempôranea José Pancetti, Campinas, Brasil; Pinacoteca de Piracicaba, Piracicaba, Brasil; Estampería Quinteña, Quito, Equador; Casa de Las Américas, Havana, Cuba.

Em 2013 Shwafaty publicou ‘A Vida dos Centros’, um foto-livro de docu-ficção em que são abordados alguns fluxos históricos de desenvolvimento urbano em três regiões de São Paulo.

Em 2015 o artista foi selecionado pela Bolsa ICCo/SP-Arte e pelo Prêmio FOCO Bradesco ArtRio que ofereceram, respectivamente, uma residência no segundo semestre na Residency Unlimited (RU), Nova York e outra na Lugar a Dudas, Cali, Colômbia. Ainda em 2015, o artista participa do 19o Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil (São Paulo) e do Festival Internacional de Fotografia de Belo Horizonte.

Posted by Patricia Canetti at 3:25 PM

Rodrigo Braga no Paço das Artes, São Paulo

Árvores derrubadas pelas chuvas e carcaças de carros abandonados dispararam o processo criativo de Abrigo de paisagem / Veículo de passagem, exposição do artista Rodrigo Braga, que o Paço das Artes inaugura no dia 9/10. A curadoria é de Priscila Arantes, diretora artística e curadora da instituição, que pertence à Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.

“O Rodrigo trouxe como proposta a queda das árvores em função das fortes chuvas em São Paulo. Aí surgiu a ideia de criar um trabalho que dialogasse com o contexto da cidade e da mata do Paço das Artes. Depois, começamos as buscas por raízes de árvores já mortas”, afirma Priscila Arantes.

A individual de Rodrigo Braga conta com dois trabalhos inéditos desenvolvidos durante a residência no Paço das Artes e vivência na capital paulista: uma instalação e um vídeo. A instalação é composta por uma raiz de uma árvore urbana e motores de carros em desuso e estará entre projeções do vídeo, que tem como base uma ação performática exercida pelo próprio artista ao longo de dois dias.

Esse trabalho –“híbrido de ação performática e vídeo”-- exigiu do artista muita concentração, envolvimento e esforço físico tanto para carregar portões de ferro, quanto para quebrar galhos de uma árvore. A ação teve início numa tarde de setembro, numa praça localizada numa rotatória da Cidade Universitária, próximo ao Paço das Artes. Rodrigo Braga chega dirigindo um carro antigo (Voyage, azul), com grades de portões de casa demolidas no teto e estaciona o veículo ao lado de uma árvore de médio porte.

Aos poucos descarrega peça por peça e, com cordas, inicia a amarração dessas grades a partir dos galhos da copa até o chão, no sentido de fazer uma espécie de “casa na árvore”. No interior, amarra lonas plásticas para criar o isolamento entre o dentro e o fora e construir uma espécie de “núcleo de aconchego", como define o artista. À noite o abrigo fica pronto, Rodrigo entra e passa a noite.

Ao raiar do dia seguinte, a performance continua: Rodrigo sai do abrigo, entra no carro sozinho, dirigindo-o em direção ao Paço das Artes e depois segue até a Fazenda Serrinha, em Bragança Paulista (125 km de São Paulo). Ao cair do sol, realiza a ação final com outra árvore, construindo um novo “abrigo”.

De acordo com o artista, Abrigo de paisagem/Veículo de passagem reflete uma contradição do homem urbano em relação à zona rural. “O veículo aqui (e na ‘vida real’) é uma espécie de cápsula de passagem entre mundos relativamente próximos, mas tantas vezes antagônicos. A narrativa sugere fluxos bilaterais entre a ideia de campo e cidade. No decorrer de dois dias e duas noites esses limites são ultrapassados e misturados”, diz.

Rodrigo Braga, nascido em Manaus em 1976, logo mudou-se para Recife, onde graduou-se em Artes Plásticas pela UFPE (2002). Atualmente, vive no Rio de Janeiro. Expõe com regularidade desde 1999 e em 2012 participou da 30ª Bienal Internacional de São Paulo. Em 2009, recebe Prêmio Marcantonio Vilaça – Funarte/MinC; em 2010, o Prêmio Marc Ferrez de Fotografia, em 2012, o Prêmio Pipa/MAM-RJ Voto Popular e, em 2013, o Prêmio MASP Talento Emergente. Possui obras em acervos particulares e institucionais no Brasil e no exterior, como MAM-SP, MAM-RJ e Maison Européene de La Photographie - Paris.

Com sua participação na 30ª Bienal de São Paulo em 2012, numa sala especial, Rodrigo Braga consolida-se como uma referência dentro do panorama da arte contemporânea brasileira por sua radical interrogação das dimensões animal e natural da existência humana. A inscrição do corpo próprio em contextos literalmente naturais, em cenas de representação que se desenvolvem em interstícios entre o animal e o humano, o natural e o cultural, e a densidade da matéria e da dimensão simbólica de sua obra fazem dela, por meio da fotografia, do vídeo e da performance, um conjunto capaz de iluminar, a partir da arte, uma das discussões estéticas e políticas mais contundentes e urgentes de nosso tempo, a saber, aquela que interroga as mutações e a perda da centralidade da condição humana.

Priscila Arantes é diretora artística e curadora do Paço das Artes, instituição da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, desde 2007. Entre 2007 e 2011 foi diretora adjunta do MIS (Museu da Imagem e Som). É pós-doutora pela Pennsylvania State University (EUA), doutora em Comunicação e Semiótica pela (PUC/SP), pesquisadora, crítica de arte e professora universitária em cursos de graduação e pós-graduação stricto sensu. Em 2007, é finalista do 48º Prêmio Jabuti pela publicação Arte@Mídia: perspectivas da estética digital (Ed.Senac/Fapesp). Em 2012, foi contemplada com o prêmio da Getty Foundation (USA), para participar da 101ª Conferência Anual da College Art Association (CAA). É autora também de “Reescrituras da Arte contemporânea: história, arquivo e mídia” (Editora Sulina, 2015), entre outros.

Posted by Patricia Canetti at 2:27 PM

outubro 5, 2015

Programa paralelo: Cildo Meireles + Marta Neves + Peter Fischli & David Weiss na França-Brasil, Rio de Janeiro

No período de 8 de outubro a 15 de novembro de 2015, a Casa França-Brasil fará mostras individuais com curadoria de Pablo León de la Barra, diretor da instituição, paralelamente à exposição Barrão - Fora Daqui.

No cofre, estará a obra Camelô (1998), de Cildo Meireles (1948, Rio de Janeiro), uma pequena instalação em que um boneco com cerca de 40 centímetros move os braços como que oferecendo os produtos em duas mesas: mil alfinetes e mil barbatanas.

Na fachada, a artista Marta Neves (1964, Belo Horizonte) inscreve em uma faixa a frase: “Em outubro de 98, Adriano planejou passar o réveillon do milênio em New York. Quando a ocasião chegou, o dólar subiu violentamente e, já que não teve ideia melhor, Adriano foi para Contagem/MG“. O trabalho é fruto de sua pesquisa Não-ideias, iniciada em 2001, e que já ocupou vários espaços, como a 31ª Bienal de São Paulo, em 2014.

CINEMA

Na sala lateral, em loop, será exibido O Percurso das Coisas (“The Way Things Go”, 1987, 29’45), da dupla de artistas suíços Peter Fischli (1952) e David Weiss (1946 –2012). O filme documenta uma reação em cadeia em toda a extensão de uma estrutura precária de cerca de 35 metros de comprimento, constituída de vários objetos cotidianos, como uma improvável máquina de Rube Goldberg (1883-1970), o inventor-cartunista que projetava mecanismos complexos para obter resultados simples. Fogo, água, lei da gravidade bem como a química determinam o ciclo de vida desses objetos e coisas. “Nos remete à ideia de causa e efeito, mecanismo e arte, improbabilidade e precisão”. Visite o site dos artistas.

VÍDEOS

Assista a capturas das obras de Cildo Meireles e do filme de Peter Fischli & David Weiss.

Posted by Patricia Canetti at 1:04 PM

Barrão na França-Brasil, Rio de Janeiro

AGENDA RJ Hoje às 19h @ França-Brasil: Barrão + Programa Paralelo, com Cildo Meireles + Marta Neves + Peter Fischli & David Weiss >>> http://bit.ly/CFB_Barrao http://bit.ly/CFB_Paralelo

Posted by Canal Contemporâneo on Quinta, 8 de outubro de 2015

Na Casa França-Brasil, artista carioca exibe pela primeira vez seu novo trabalho com materiais como gesso e resina. Na exposição monocromática, objetos na cor branca refletem sobre a história do espaço centenário, construído em 1820 para ser a Praça do Comércio da cidade-sede do império, e sobre a sensação de estranhamento e falta de pertencimento no mundo contemporâneo.

Barrão - Fora Daqui, Casa França-Brasil, Rio de Janeiro, RJ - 09/10/2015 a 15/11/2015

A Casa França-Brasil, um espaço da Secretaria de Estado de Cultura administrado pela organização social Oca Lage, apresenta a partir do próximo dia 8 de outubro, e até 15 de novembro de 2015, a exposição “Fora Daqui”, que reúne trabalhos inéditos do artista carioca Barrão, feitos especialmente para o local. Com texto crítico assinado por Felipe Scovino, a exposição inaugura uma nova produção do artista nascido em 1959, que criou perto de 50 obras em gesso e resina na cor branca, moldados de objetos do cotidiano, juntando-os e modificando-os. Esta é a maior exposição individual institucional do artista, que tem uma trajetória de mais de trinta anos. No próximo dia 24 de outubro, um sábado, às 16h, haverá uma conversa pública com Barrão e Felipe Scovino.

No período que transcorreu desde 2013 – quando começou seu projeto de exposição na Casa França-Brasil – até agora, Barrão passou a se interessar em explorar as fronteiras dos objetos e esculturas de uma maneira diversa da usada em seu conhecido trabalho com louça, em que encontrava bibelôs, partia e colava pedaços uns nos outros, criando figuras híbridas. Decidiu usar o gesso, o que alterou seu processo de criação. Fez moldes de objetos cotidianos de diferentes materiais – como vidro, plástico, metal, madeira e até mesmo comida – para criar suas esculturas de formas híbridas, todas com uma aparência uniforme ao final, brancas. Ao mesmo tempo, passou a pensar na exposição como um conjunto de obras, e não na reunião de peças individuais. A função primária do edifício de 1820 – a primeira Praça do Comércio da então cidade-sede do império – lhe sugeriu a ideia de criar uma grande barraca central, aos moldes de uma de feira livre, como uma ideia de abrigo para suas pequenas esculturas, para que ele “pudesse existir ali”, naquele espaço que considerava “muito difícil”.

Para Felipe Scovino, “esta exposição inaugura uma nova fase na obra de Barrão”. Ele destaca ainda que a alusão do artista à Praça do Comércio, e devido ao fato de a Casa França-Brasil ter sido quatro anos mais tarde a primeira Alfândega, porta de entrada de pessoas de vários povos, “se conecta com a atual crise política que envolve os imigrantes na Europa, remetendo à pergunta para onde a humanidade vai caminhar”. “O trabalho do Barrão é trazer a união de diferenças, uma questão presente na contemporaneidade. Este estranhamento do Barrão não é tão distante do mundo atual, do ponto de vista intuitivo, metafórico”, afirma.

SOMOS TODOS IMIGRANTES

Barrão argumenta que “todos nós estamos virando imigrantes”. “Não nos reconhecemos em nossas cidades, em nosso bairro. Isto é mundial, com o ritmo de trabalho, de vida. Não pertencemos mais aos lugares. A saída é encontrar maneiras diferentes para existir e se relacionar, neste processo mecânico em que vivemos”, afirma.

Para ele, o resultado do trabalho lhe pareceu “mais sóbrio”, pois as obras “são mais sintetizadas, menos exageradas” dos que as anteriormente feitas em louças, “que têm muitos pedaços”. E a cor branca “é muito vibrante”.

No uso do gesso, o artista precisou descobrir soluções para unir duas ou mais peças naquele material frágil, e assim construir seus corpos híbridos. Foram meses de trabalho em seu ateliê na antiga fábrica Bhering, e, em um outro galpão, para as esculturas de maior porte, com quase três metros de altura. As esculturas foram feitas a partir de moldes de garrafas de água sanitária, baldes plásticos, aparelhos de som, livros, eletrodomésticos, até alimentos, como o milho. Barrão chama atenção para o fato de que ao serem todos unificados em gesso, os objetos perdem sua função original, e são totalmente deslocados, perdendo ainda sua aparência original, como a transparência, o brilho ou a maleabilidade. “Deixam de funcionar”, destaca.

PERCURSO DA EXPOSIÇÃO

Na barraca que ocupará o centro do grande salão da Casa França-Brasil, as pequenas esculturas estarão dispostas em mesas e prateleiras de vidro, que também se deslocarão para fora da instalação.
Em torno desta instalação, ocupando todo o perímetro, estarão mais quatro conjuntos de obras, todos em gesso ou resina: logo à entrada, o público verá um conjunto de quinze cavalinhos formando um trajeto em ziguezague; ao fundo, uma coluna de 2,80 metros de altura, formada por doze pés de lavatórios empilhados; em uma das laterais, sugerindo um acampamento, garrafas, um rádio com antena formada por um galho, lanternas e ossos; na outra lateral, um pequeno muro demarcando o espaço; sobre uma base de galões de água, hastes com espelhos irão refletir uma peça com uma lâmpada fria; em outro canto, um corpo de cachorro sentado, sem a cabeça, estará ligado a uma coluna de sete vasos e jarros empilhados de 2,80 metros de altura.

SOBRE ARTISTA E CRÍTICO

Barrão, atuante desde 1983, realizou diversas exposições no Brasil e no exterior, como as individuais “Mashups” (2012), no Aldrich Museum, em Ridgefield, EUA; “Natureza Morta, Próximo Futuro” (2010), na Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; e as coletivas “A Mão Negativa” (2015), Escola de Artes Visuais, Parque Lage, Rio de Janeiro, Brasil; “Duplo Olhar, um recorte da Coleção Sergio Carvalho” (2014), Paço das Artes, São Paulo; “Vestígios de Brasilidades”, Centro Cultural Santander, Recife, “Gigante por la Propia Naturaleza”. no Instituto no IVAM (Institute Valencià d'Art Modern), em 2011; “Arte Pará” (2010), Fundação Rômulo Maiorana, Belém do Pará; “Panorama da Arte Brasileira”, MAM SP, São Paulo, Brasil, “Contraditório”, Alcalá, Madri, em 2007.

Felipe Scovino é professor da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi curador de várias exposições, no Brasil e no exterior. Escreveu ensaios sobre arte contemporânea para as revistas Art Review, Dardo Magazine, Flash Art, L’Officiel Art, Third Text, Arte & Ensaios, Concinnitas, Das Artes, Santa Art Magazine, Tatuí e ZUM. Recebeu a Bolsa de Estímulo à Produção Crítica (Minc/Funarte) em 2008. Em 2012 participou como convidado do programa de intercâmbio Young Curators Invitational (YCI) em Paris. Em 2014 foi curador residente no Residency Unlimited em Nova York. Foi professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage entre 2011 e 2013.

Posted by Patricia Canetti at 12:17 PM

outubro 4, 2015

Sidney Amaral na Central, São Paulo

Sidney Amaral apresenta a exposição Identidade na Central Galeria de Arte, com curadoria de Rodrigo Villela. A mostra abre no dia 7 de outubro de 2015, às 19h.

O artista apresentará obras que propõem uma aproximação entre África e Brasil através do eixo comum da violência e da discriminação racial; temas que são tanto históricos quanto atuais. A impossibilidade de rastrear suas origens devido à ausência ou apagamento de registros da escravidão e a alardeada, mas pouco concreta, democracia racial brasileira, são algumas das temáticas abordadas através de imagens. Como parte do processo criativo, Amaral se apropria de fotografias como base documental para suas pinturas. O curador da mostra, Rodrigo Villlela, destaca a intrínseca relação entre a documentação histórica e o trabalho do artista, conectados por meio de precisas escolhas de imagens icônicas e por meio do gesto pictórico, ao imprimir traços contínuos e profundos.

A exposição ficará aberta para visitação gratuita até 05 de dezembro de 2015.

Sidney Amaral (São Paulo, São Paulo, 1973) cursou licenciatura em Artes Plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP, 1988). Estudou pintura acadêmica e fotografia. Em 2012, o artista recebeu o prêmio Funarte de Arte Negra, que culminou na exposição "O banzo, o amor e a cozinha de casa", no Museu Afro Brasil (2015). Em 2014, participou da mostra Histórias Mestiças, no Instituto Tomie Ohtake, com uma obra comissionada pelo curador Adriano Pedrosa, a qual foi adiquirida para o acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Em 2013, participou de uma residência artística no Tamarind Institute (EUA), na qual trabalhou o tema da identidade racial nos Brasil e nos Estados Unidos.

Rodrigo Villela é produtor cultural e editor, formado em letras pela Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), foi um dos curadores da exposição "Alimentário (MAM-RJ, 2014 e Oca-SP, 2015) e cocurador de CRU: comida, transformação e arte" (CCBB Brasília, 2015, com curadoria de Marcello Dantas). É curador da mostra "Paisagem, natureza morta e retrato", de Rosângela Dorazio, na Galeria Rabieh (SP, agosto e setembro, 2015).

Posted by Patricia Canetti at 9:55 PM

Ícaro Lira na Central, São Paulo

A Central Galeria realiza a abertura da mostra Campo Geral, do artista Ícaro Lira, no dia 07 de outubro de 2015, às 19h. O artista apresentará trabalhos que propõem uma reflexão sobre os movimentos migratórios originados pela seca, que começaram no Ceará, no final do século XIX. A curadoria é de Marta Ramos-Yzquierdo.

Nos últimos seis anos, Lira vem analisando as implicações e desdobramentos de atos políticos e históricos através de um trabalho documental, arquivista, arqueológico e de ficção. Suas exposições têm apresentado estruturas similares a pequenos museus nas quais o artista reúne diversos fragmentos da historia brasileira. Para sua mostra na CENTRAL, ele investigou duas rotas migratórias no Ceará, sua terra natal, que marcaram o trânsito de retirantes desde a década de 1840.

A primeira delas, constituía-se por pessoas que haviam abandonado suas terras por conta da estiagem e procuravam comida e trabalho na capital. Eram então percebidas como elementos que incomodavam, depunham contra a imagem de progresso, beleza e modernidade que o estado procurava ostentar em um clima de belle époque. Campos de Concentração foram criados para evitar que elas de fato chegassem à cidade, nos quais ficavam segregadas, sem poder sair, à espera de melhor sorte.

Já a segunda rota era constituída por homens, também fugindo da seca, tentados a buscar um futuro melhor com as promessas de um novo Eldorado no ciclo da borracha da Amazônia.

"As leis e decisões dos governos, além dos poderes oligárquicos e religiosos, converteram esse estado de seca em um laboratório de novas medidas higiénicas, compartimentais, médicas e de controle da população. Os efeitos disto são percebidos e repetidos até hoje.", explica a curadora, Marta Ramos-Yzquierdo.

Com essas premissas, Lira viajou, durante os meses de julho e agosto deste ano, nessas duas direções: de Manaus a Fortaleza, e de Fortaleza a Crato (lugar do campo de concentração mais afastado no sul do sertão cearense).

Ele fez essas viagens que eram vendidas como uma chance de "entrar" no sistema, mas que serviram unicamente para continuar fora das "oportunidades" oferecidas pela modernidade. Durante esses trânsitos, estabeleceu um diálogo continuo com a curadora Marta Ramos-Yzquierdo, para a reflexão sobre as migrações, suas paisagens (física e sociais) e sua construção histórica.

Os documentos, correspondências e peças nascidas durante as viagens serão o núcleo principal da exposição. A união de olhares polissêmicos - os registros e depoimentos durante a viagem, do artista, da curadora e outros convidados - trarão assim um percurso pela historia, memória e vida dessas "inserções que excluem".

Ícaro Lira nasceu em Fortaleza, Ceará, Brasil, 1986. Vive e trabalha em São Paulo-SP. Artista Visual, Editor e Investigador, com pesquisa desenvolvida no âmbito do Documentário Experimental. Estudou Cinema e Vídeo na Casa Amarela-UFC, Fortaleza (CE), Montagem e Edição de Som, pelo Instituto de Cinema Darcy Ribeiro (RJ) e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (RJ) participou dos Programas Fundamentação e Aprofundamento. Em 2013 Recebeu o Prêmio Honra ao Mérito Arte e Patrimônio do IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e em 2014 Participou da 3a Bienal da Bahia com Pesquisa sobre Projetos Populares. Realizou Exposições Individuais no Paço das Artes (SP), Oficina Cultural Oswald de Andrade (SP), Galeria IBEU (RJ), Centro Cultural Banco do Nordeste (Fortaleza-CE) e SESC (Crato-CE). Participou de Residências de Arte no Brasil e na América Latina entre elas do Capacete Entretenimentos (RJ), Terra UNA (MG), Instituto Sacatar (BA), Red Bull Station (SP) e La Ene (Buenos Aires-Argentina). Recentemente foi Indicado ao Prêmio PIPA - | Prêmio IP Capital Partners de Arte - MAM-Rio.

Posted by Patricia Canetti at 8:37 PM

Sérgio Sister na Nara Roesler, São Paulo

AGENDA SP Hoje 06/10 às 19-22h: Sérgio Sister @ Nara Roesler http://bit.ly/N-Roesler-SP_S-Sister >>> o artista paulista...

Posted by Canal Contemporâneo on Terça, 6 de outubro de 2015

Em sua terceira exposição na Galeria Nara Roesler de São Paulo, Sérgio Sister apresenta novos desdobramentos de suas pinturas atuais.

A Galeria Nara Roesler apresenta, a partir de 6 de outubro, Ordem desunida, exposição das variações das pinturas recentes de Sérgio Sister. É a terceira individual do artista paulistano na sede da galeria em SP.

Desta vez, além de novas obras das séries “Caixinhas” e “Pontaletes” – mais presentes desde 2007 - o artista paulista vai mostrar uma grande variedade de pequenas e grandes telas produzidas nos dois últimos anos. E as possibilidades abertas pelos grupos denominados “Tijolinhos” e “Telas com tiras”. Ao todo, são cerca de 40 obras dispostas no espaço original da galeria.

O título da exposição refere-se à aparente falta de unidade e conexão entre os diferentes tipos de trabalhos, pois ora se dirigem a questões mais flagrantemente espaciais, ora refletem preocupações mais consoantes à tradição da pintura. Em todos os casos, contudo, a cor, seja qual for a sua qualidade individual (da mais vulgar à mais elaborada) é o que tende a propor algum sentido às coisas. Mas não é a cor definitiva, única, exclusiva. É a cor que se expande, se alastra e procura sonoridades diferentes.

As “Telas com tiras” são pequenas peças de 30 x 20 cm, sobre cujo fundo monocromático são coladas finas tiras de madeira igualmente de um só tom, de cores diversas, que contracenam com o plano original. Nas laterais, transbordam os restos da primeira cor, contrapondo-se à ordem construtiva do todo.

Os “Tijolinhos verticais” são tubos de alumínio quadrados, na sua aparência industrial ou pintados, juntados em duas ou três partes por um longo parafuso e, depois, pendurados na parede. Às vezes, os tubos são dispostos de tal forma, suspensos pelo fino parafuso, que lembram um pêndulo – como se procurassem acrescentar peso às características espaciais e pictóricas da obra.

As novas “Caixinhas” obedecem aos mesmos princípios das que já vêm sendo mostradas, embora diversas na composição e na coloração. Mais do que descontextualizar um objeto já existente de sua função original, essas obras têm sua estrutura reinventada. É a proposta de sua reconfiguração, com a ampliação do campo da pintura para o espaço, sombra e o ar.

Os três “Pontaletes” da exposição derivam das antigas obras expostas em 2007 no Instituto Tomie Ohtake. Dois deles são formados por tubos de alumínio quadrados (secção de 5cm), cada qual com uma cor, montados como um portal ou uma trave de futebol, com o branco da parede como centro irradiador de um amplo vazio. Os tubos assim compostos surgem como vetor arquitetônico, deixando a pintura e as suas relações se estruturarem pelas bordas e com as sombras. Um exemplar semelhante foi mostrado recentemente na exposição “Space Between”, na Flag Foundation, em Nova York, ao lado de Ellsworth Kelly, Agnes Martin, Andreas Kursky e Roni Horn

As telas grandes se constituem em quatro dípticos monocromáticos mas com superfície internamente contrastada, com forte intensidade luminosa. Cada uma das telas tem suas laterais pintadas com cores que destoam do conteúdo principal, dando-lhe, porém, um sentido de complementaridade. As partes desses dípticos não se juntam. Cada dupla é separada por cerca de três centímetros, inviabilizando assim o que seria uma “ordem unida”.

As telas pequenas, que deram matéria para as pinturas maiores, são apresentadas em grande variedade de formatos e cores. Também nelas, nada é completo, pronto ou definitivo.

Sérgio Sister nasceu em 1948, em São Paulo, onde reside e trabalha. Participou das 9ª e 25ª edições da Bienal de São Paulo, Brasil (1967, 2002). Suas exposições individuais mais recentes: Sérgio Sister, Goyas Contemporary, Baltimore, EUA (2015); Sérgio Sister, Pinacoteca do Estado, São Paulo (2013); A Cor Reunida, Museu Municipal de Arte (MuMA), Curitiba (2013); Pintura com Sombra e Ar, Galerie Emmanuel Hervé, Paris (2013), Josee Bienvenue Gallery, New York, USA (2011); Entre Tanto, Galeria Nara Roesler, São Paulo (2011); Pinturas Face a Face, no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2007). Principais coletivas recentes: Space Between, Flag Art Foundation, New York (2015); Partition Visuelle, Château Monbazillac, França (2015); Man Made, Thomas Park Gallery, Coreia (2014); Extra Ordinaire - Le Bel, Ordinaire, Espace d'Art Contemporain, Billère, France (2014) Charles--‐‑Henri Monvert, Sérgio Sister: A Cor Reunida (Galerie Emmanuel Hervé, Paris (2013); i8, Rejkjavick, Islândia (2013); Provisionals, José Bienvenu Gallery, New York (2014); Los Limites, Galeria Rafael Ortiz, Sevilha, Espanha (2011); Ponto de Equilíbrio, Instituto Tomie Ohtake (2010); Obra Menor, Ateliê 397 (2009); Ao Mesmo Tempo o Nosso Tempo, Museu de Arte Moderna de São Paulo (2006); Correspondências (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil, 2013); O Colecionador de Sonhos (Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, Brasil, 2011).

Posted by Patricia Canetti at 12:51 PM

Prêmio CCBB Contemporâneo: Jaime Lauriano no CCBB, Rio de Janeiro

O artista paulistano Jaime Lauriano, 30 anos, intitula sua primeira individual no Rio de Janeiro com uma das frases atribuídas a Pero Vaz de Caminha, escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, na carta-relato ao rei Dom Manuel, sobre a chegada dos portugueses ao Brasil: Nesta terra, em se plantando, tudo dá. A exposição tem abertura para convidados, terça-feira, 6 de outubro, às 19h30, no CCBB Rio.

Um dos dez contemplados pelo Prêmio CCBB Contemporâneo, o projeto de Lauriano para esta mostra se fundamenta na pesquisa do artista sobre a formação do Estado brasileiro, a partir das violências que este impõe sobre o corpo da sociedade civil, com foco na disputa de terras, entre a iniciativa privada e o Estado e a população. Ele leva em conta não só a violência física, mas também a simbólica, a do discurso, e aí, inclui a mídia.

O artista avalia que a arte contemporânea é uma ferramenta de produção de conteúdo e de crítica, se estende para as áreas de História, Antropologia e Sociologia e potencializa essas relações interdisciplinares para apresentar um olhar artístico contemporâneo sobre o processo de formação do Brasil como nação.

– A disputa de terras foi gestada na primeira invasão dos portugueses e segue até nossos dias. Em momentos de crise intensa, instala-se uma situação de exceção, como no Brasil Colônia, no Brasil Império, na ditadura militar e na ascensão conservadora do Congresso Nacional hoje, argumenta Lauriano.

O trabalho que intitula a exposição é um objeto, no qual uma muda de pau-brasil cresce dentro de uma estufa, até que suas raízes e galhos destruam a estrutura que a contém. Ao romper seu suporte a planta está fadada à destruição, condicionando, assim, sua existência ao aprisionamento.

– A violência imposta pela arquitetura da estufa alude à violência impingida aos povos nativos da Terra Brasilis durante o processo de colonização, compara o artista.

“Nesta terra, em se plantando, tudo dá”

Além da estufa com pau-brasil plantado, a mostra apresenta ainda os seguintes trabalhos inéditos:

– “Calimba”: manchetes de jornal pirografadas e impressas a laser sobre placas de madeira. Todas se referem a pessoas amarradas e espancadas na rua, entre 2013 e 2015. Calimba é o instrumento usado para marcar os escravos com o brasão de seu dono. A palavra só é encontrada em dicionários da diáspora negra;

– “Suplício nº3”: o artista pesquisou em jornais de todo o país os elementos mais usados em ataques a cidadãos por preconceito religioso, principalmente contra as práticas afro-brasileiras – pedras portuguesas, vidros, entulho de construção e peças de madeira, e os reuniu em uma vitrine de museu;

– “Quem não reagiu está vivo” é um conjunto de 11 textos curtos ilustrados, impressos sobre papel, sobre disputa de terras, desde o descobrimento do Brasil até 2015;

– “Ordem e progresso” é um desenho de chão, em que a frase, desenhada com arame incandescente, acende e apaga, acionado por um transformador.

Germano Dushá fecha assim seu texto de apresentação da mostra: “Por meio de operações que inclinam sobre as possíveis relações do período colonial com as gravidades sociais que acometem os dias de hoje, o artista lida com lesões abertas que marcam impetuosamente nosso cotidiano. Podemos, então, com sorte, pensar criticamente a respeiro do que se fez nesta terra e, sobretudo, como se tem contado suas histórias. O que foi que se plantou, e o que foi que deu.

Jaime Lauriano (São Paulo, 1985) vive e trabalha em São Paulo. Graduou-se em Artes pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, em 2010. Entre suas exposições mais recentes, destacam-se as individuais: Autorretrato em Branco sobre Preto, Galeria Leme, São Paulo, 2015; Impedimento, Centro Cultural São Paulo, São Paulo, 2014, e Em Exposição, Sesc Consolação, São Paulo, 2013; e as coletivas: Frente à Euforia, Oficina Cultural Oswald de Andrade, São Paulo, 2015; Tatu: futebol, adversidade e cultura da caatinga, Museu de Arte do Rio (MAR), Rio de Janeiro, 2014; Taipa-Tapume, Galeria Leme, São Paulo, 2014; Espaços Independentes: A Alma É O Segredo Do Negócio, Funarte, São Paulo, 2013; Lauriano tem trabalhos na coleção da Pinacoteca do Estado de São Paulo, e na do do MAR - Museu de Arte do Rio.

Prêmio CCBB Contemporâneo 2015-2016

Em 2014, pela primeira vez, o Banco do Brasil incluiu no edital anual do Centro Cultural Banco do Brasil um prêmio para as artes visuais. É o Prêmio CCBB Contemporâneo, patrocinado pela BB Seguridade, que contemplou 10 projetos de exposição, selecionados entre 1.823 inscritos de todo o país, para ocupar a Sala A do CCBB Rio de Janeiro.

O Prêmio é um desdobramento do projeto Sala A Contemporânea, que surgiu de um desejo da instituição em sedimentar a Sala A como um espaço para a arte contemporânea brasileira. Idealizado pelo CCBB em parceria com o produtor Mauro Saraiva, o projeto Sala A Contemporânea realizou 15 individuais de artistas ascendentes de várias regiões do país entre 2010 e 2013.

A série de dez individuais inéditas, começou com o grupo Chelpa Ferro [Luiz Zerbini, Barrão e Sergio Mekler], seguido das mostras de Fernando Limberger [RS-SP] e Vicente de Mello [SP-RJ]. Depois da de Jaime Lauriano [SP], vêm as de Carla Chaim [SP], Ricardo Villa [SP], Flávia Bertinato [MG-SP], Alan Borges [MG], Ana Hupe [RJ], e Floriano Romano [RJ], até julho de 2016.

Entre 2010 e 2013, o projeto que precedeu o Prêmio, realizou na Sala A Contemporânea exposições de Mariana Manhães, Matheus Rocha Pitta, Ana Holck, Tatiana Blass, Thiago Rocha Pitta, Marilá Dardot, José Rufino, do coletivo Opavivará, Gisela Motta&Leandro Lima, Fernando Lindote, da dupla Daniel Acosta e Daniel Murgel, Cinthia Marcelle, e a coletiva, sob curadoria de Clarissa Diniz.

Posted by Patricia Canetti at 12:03 PM

outubro 3, 2015

Transborda na Triângulo, São Paulo

AGENDA SP Hoje 03/10 às 14-19h @ Triângulo: Transborda, curadoria do artista Yuri Firmeza, com a apresentação da banda cult cearense Verônica Decide Morrer http://bit.ly/CasaTria_Transborda

Posted by Canal Contemporâneo on Sábado, 3 de outubro de 2015

A Casa Triângulo tem o prazer de apresentar, a partir de 03 de outubro de 2015, a exposição coletiva Transborda, que reúne a produção de 10 artistas sobre o universo trans, com objetivo de promover a reflexão sobre a questão da identidade de gênero, um tema cada vez mais atual e importante para a sociedade contemporânea.

A mostra é composta por fotografias, vídeos, pinturas, esculturas e performances, além da apresentação da banda cult cearense Verônica Decide Morrer, na ocasião da abertura.

O conceito da exposição, segundo o curador e artista Yuri Firmeza: "A exposição tem mote conceitual o corpo e as relações que ele inventa como forma de resistência. Um corpo problematizador ético-político de questões urgentes à nós. Um corpo que infere críticas aos saberes-poderes hegemônicos, que produz erosões nas estruturas e modelos heterofalocentricos, ciente do caráter performativo do próprio gênero. Um corpo em festa que transborda e faz transbordar.” (ler texto curatorial)

Um dos destaques da exposição é a vídeo-instalação “Sergio e Simone” (2009/2014), de Virgínia de Medeiros, obra exibida na 31ª Bienal de São Paulo (2014) e premiada no 18º Festival de Arte Contemporânea Videobrasil com o Prêmio de Residência ICCo retrata Simone, uma travesti, que morava numa casa arruinada na Ladeira da Montanha, antiga ligação entre a Cidade Alta e Baixa. Como a maioria dos habitantes desta área, uma das mais degradadas da cidade de Salvador, BA, Simone era usuária de drogas e, cerca de um mês depois da primeira filmagem, ele entra em convulsão por causa de uma overdose de crack, seguida de um delírio místico, no qual acredita ter se encontrado com Deus, um encontro que a teria feito escapar da morte. A partir desse episódio Simone abandona a sua condição de travesti, volta para casa dos pais, retoma o seu nome de batismo Sérgio e, num surto de fanatismo, se considera uma das últimas pessoas envidas por Deus para salvar a humanidade.

Sobre a banda:
Liderado por uma transexual, o show começa com a narração do que está escrito na porta do Inferno segundo Dante, como contraponto à antiga vida dessa travesti, que fora evangélica e hoje convertida ao mundo, a música “Testemunho de Trava” abre o espetáculo, versículos bíblicos são citados fundamentando essa nova vida, e levantando questionamentos sobre como figuras como Verônica, por exemplo, são vistas pela sociedade.

A banda é uma resposta inconformada de um grupo de amigos que ousou questionar seu destino e seu espaço, atacando o preconceito de frente. Verónica Valentino e Jonas Sampaio cantam suas inquietações, desejos e protestos, de um ponto de vista de quem está dentro da diversidade sexual e cultural de sua cidade e de seu país. A energia do Rock’n Roll, a batida frenética e tribal brasileira e o glamour de uma Diva são os ingredientes do espetáculo que mostra a versatilidade da arte cearense contemporânea.O comportamento autêntico da banda, a figura performática de uma travesti, a sexualidade tratada de forma natural… Tudo vem gritar pelo direito à liberdade dessas personagens do mundo real, proporcionando ao público a chance de refletir sobre o ser e o estar em mundo que é tão plural, mas onde a diversidade ainda vive em conflito.

Posted by Patricia Canetti at 10:20 AM

outubro 2, 2015

Martha Ozol em NaCasa, Florianópolis

AGENDA SC Hoje 02/10 às 19h: Martha Ozol em NaCasa http://bit.ly/NaCasa_M-Ozol >>> Após se apropriar de cartazes de...

Posted by Canal Contemporâneo on Sexta, 2 de outubro de 2015

Cartazes de cinema são o ponto de partida do trabalho que Martha Ozol apresenta em Cinema de propaganda, exposição individual da artista em NaCasa Coletivo Artístico, que abrirá no dia 2 de outubro, sexta-feira, às 19h, e vai até 14 de outubro.

Após se apropriar dos cartazes, Martha Ozol procede com o apagamento, não por meio da subtração do que estava impresso sobre eles, mas sim com uma nova configuração visual alcançada através da aplicação de solventes químicos. Na mostra, serão 10 cartazes, dois livros de artista e mais um display de grandes dimensões.

Segundo a artista: “Iniciei meu trabalho interferindo em Catálogos de Moda, com pequeno formato. Passei a usar como suporte o cartaz cinematográfico, peça publicitária comum, efêmera e com valor funcional, cujo objetivo é a divulgação do filme atraindo o público para a sala de exibição. Busca mostrar as emoções supostamente oferecidas em determinada película. Cumprida a finalidade é descartado. Resolvi aproveitá-lo por ser, hoje, material abundante e variado com papel e impressão, na maioria das vezes, de boa qualidade. O trabalho tem o apagamento como um dos investimentos de criação. Neste ato há o deslocamento da matéria (tinta) com a aplicação de líquido diluente. O apagamento é feito em parte ou em toda a extensão do papel tendo como resultado o surgimento de outra imagem ou campo de cor. O modo de fazer é arquitetado enquanto faço. A forma com que o material reage vai me indicando o procedimento do processo. O papel e a tinta se mantêm os mesmos do cartaz inicial. O que muda é a configuração, ou seja, passa a existir de outra maneira”.

Martha Ozol (Martha Maria Ozol) nasceu em Urubici (1947) e vive em Florianópolis. Foi advogada e atualmente é psicóloga. Foi autodidata. Posteriormente teve aulas com Flavia Fernandes, Rubem Oestroem, Paulo Gaiad, Fernando Lindote. Estudou com Charles Whatson Prof. e Coordenador do Curso de Pintura da Escola de Artes Visuais do Parque Lage – RJ. Em seu ateliê, também no RJ, frequentou os Cursos: Procedência e Propriedade e Processo Criativo. Tendo com ele aulas em NY, Alemanha (Documental de Kassel) e Bienais de Veneza em Dynamic Encounters International Art Workshops, visitando os principais museus, galerias, exposições e ateliês com os professores Agnaldo Frederico Carvalho, Denise Gadelha, Fernando Cocchiarale, Jailton Moreira e Irving Sandler crítico, curador e escritor em NY. Participou de exposições no nas Oficinas do Centro Integrado de Cultura, em Florianópolis; no Museu Histórico de São José, no Centro Cultural Brasil-Espanha, em Florianópolis, na Casa da Cidade, em Tubarão, e no Palácio Cruz e Souza, em Florianópolis.

Posted by Patricia Canetti at 9:38 AM