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março 31, 2019

Arte 57 + Casanova na Arte 57, São Paulo

Nosso ponto de partida para a mostra Arte 57 + Casanova são os possíveis encontros entre as obras de artistas que trabalham em ambos os espaços, gerando relações e diálogos induzidos pela proposta de repensar a fotografia fine arts produzida hoje.

Buscamos caminhos em que as obras de artistas de diferentes gerações e países convivam em um mesmo espaço expositivo, por meio das possibilidades temáticas, como a fotografia na paisagem, no retrato, no tempo, na ficção e como ferramenta política.

Um exemplo disso são as imagens de Douglas Gordon, Gilvan Barreto, Michael Wesely e Rosângela Rennó. Na fotografia “Sem título (old nazista)”, 2000, da série vermelha de Rennó, a artista ressignifica imagens de arquivos, criando uma outra narrativa; a seu lado, o Alemão Michael Wesely expõe “Vale do Anhangabaú. 19.18 – 20.07 Uhr, 11.8.2017”, em que usa uma câmera com longa exposição para documentar as manifestações que ocorreram durante o impeachment da ex-presidente Dilma Roussef.

O uso da potência estética da imagem como discurso político também se encontra nos trabalhos “Postcards from Brazil”, 2017, de Gilvan Barreto, que exemplifica diferentes formas de tortura utilizadas durante a ditadura militar brasileira, e “Croque Mort”, 2000, de Douglas Gordon, expressão usada por agentes funerários e em rituais para conferir se o defunto está vivo.

A paisagem é uma das outras vertentes da mostra, representada nas obras de Claudia Jaguaribe e Claudio Edinger. A primeira expõe “Horror Vacui”, 2017, um backlight vermelho disposto no chão da galeria composto por um pot-pourri de imagens de paisagens noturnas de Beijing, mostrando uma China contemporânea e tradicional.

Em “Vista Chinesa”, 2001, Claudio Edinger retrata a paisagem carioca, fotografada com uma câmera analógica de grande formato, vista pelo mirante que leva o mesmo nome, com a marca tradicional de Edinger: o foco seletivo.

Guilherme Ghisoni e Renata Padovan mostram a imprevisibilidade do tempo. Em “Um dia depois do outro”, 2013, a artista registra o nascer e pôr do sol em um lago na Finlândia durante uma residência em 2012, e capta situações randômicas que acontecem na paisagem. Já Ghisoni, na série “O mundo é independente da minha vontade”, 2015, desenvolve um sistema aleatório para trabalhar com técnicas fotográficas como sombra, luz e cor, criando resultados visuais atemporais.

Abelardo Morell, Alice Quaresma e Lina Kim criam ficções por meio de composições cenográficas e situações premeditadas, desenvolvendo novas narrativas. Ao encontro, Betina Samaia, Gustavo Lacerda e Gian Spina, usam do retrato para aludir a personagens e momentos criados dentro da ótica de uma realidade inventada.

Posted by Patricia Canetti at 3:17 PM

Ramonn Vieitez na Amparo 60, Recife

O artista volta a expor na cidade depois de três anos e inaugura a mostra Um lugar calmo para minhas certezas

Na sexta-feira, dia 29 de março, o artista Ramonn Vieitez inaugura a exposição individual Um lugar calmo para minhas certezas, na Galeria Amparo 60, com curadoria de Ton Martins. O vernissage da mostra, primeira do ano realizada na galeria, acontece a partir das 19h. O jovem artista vai apresentar 19 obras, entre pinturas, gravuras e objetos, a grande maioria inéditas na cidade – a última exposição individual de Vieitez no Recife aconteceu em 2016, no Museu do Homem do Nordeste.

Segundo o artista, a produção apresentada em Um lugar calmo para minhas certezas representa o caminho de transformação pelo qual seu trabalho tem passado. O caráter íntimo e confessional segue sendo uma constante, mas o artista parece ter consciência e clareza da transitoriedade de alguns momentos e, para compreendê-los, impregna suas práticas cotidianas de muito simbolismo. “O nome da mostra veio depois de longas conversas com o curador, é uma frase que aparece em um dos trabalhos da Vânia Mignone. A frase foi vista por ambos como contraditória quando posta em comparação com os trabalhos, que falam de certezas e incertezas, de plenitude e de caos, que representa bem a proposta apresentada, uma transitoriedade que representa a experiência de viver”, explica Ramonn.

Neste processo, o artista passou a experimentar outras mídias, além da pintura técnica que o revelou e pela qual mantém um carinho especial. “A pintura sempre me trouxe o conforto da descoberta em seu processo, mas, às vezes, é necessário respirar novos ares, a sensação é basicamente a mesma, mas a mudança do processo traz renovação, se tornando complementos de uma constante pesquisa”, pontua. Entre esses novos experimentos, obras nas quais o artista utiliza cactos cultivados em seu jardim, que recebem nova conotação através de interferências com poliuretano e resina. Um desses cactos vem para o espaço expositivo, disposto em um objeto suspenso, referência às descobertas botânicas do Século XIX. Ainda brincando com o efêmero, a sér ie de gravuras apresentadas por Ramonn utiliza como matriz impressões a jato de tinta sobre papel-alumínio, um suporte incapaz de absorver a matéria, sendo necessário transferi-la para outro corpo.

A atmosfera enigmática e um certo tom melancólico de seus trabalhos seguem tendo uma enorme força, em especial nas pinturas. Nelas, o artista continua a explorar (como em séries anteriores) ambientes misteriosos e fantásticos que abrigam jovens solitários, estáticos, que parecem esperar que algo aconteça ou que parecem viver os instantes após algum acontecimento. “Obras silenciosas que provocam nossos desejos implícitos de sermos distraídos ao observá-las. Assim como o misto de adoração e desejo das fotografias homoeróticas de Alair Gomes, as pinturas de Ramonn demonstram o seu fascínio pela beleza e juventude. Em alguns dos seus trabalhos o artista retrata garotos do seu convívio pessoal ou que acompanha através das redes sociais, que numa expressão moderna podem ser considerados seus "crushes", num ímpeto de aproximação e/ou contemplação afetiva”, escreve o curador Ton Martins, no texto produzido para a mostra, que fica em cartaz até 3 de maio.

Posted by Patricia Canetti at 11:25 AM

Oscar Niemeyer – Territórios da Criação no Tomie Ohtake, São Paulo

Despois de passar pelo Rio de Janeiro, em 2017 (Pinakotheke Cultural) e Brasília (Espaço Marcantonio Vilaça no Tribunal de Contas) a exposição Oscar Niemeyer (1907-2012) – Territórios da Criação, organizada por ocasião dos 110 anos de nascimento do arquiteto, chega ao Instituto Tomie Ohtake com a adição de algumas obras. A curadoria de Marcus Lontra e Max Perlingeiro, além de reunir um conjunto inédito de desenhos, pinturas, esculturas e peças de mobiliário feitos pelo consagrado arquiteto, traz também obras de artistas que trabalharam com ele em seus emblemáticos projetos, como Alfredo Ceschiatti (1918-1989), Alfredo Volpi (1896-1988), Athos Bulcão (1918-2008), Bruno Giorgi (1905-1993), Candido Portinari (1903-1962), Franz Weissmann (1911-2005), Joaquim Tenreiro (1906-1992), Maria Martins (1894-1973), Roberto Burle Marx (1909-1994) e Tomie Ohtake (1913-2015).

Oscar Niemeyer nasceu no Rio de Janeiro em 15 de dezembro de 1907, e morreu na mesma cidade em 5 de dezembro de 2012. “Ao longo de sua vida, Niemeyer produziu intensamente e afirmou-se não apenas como arquiteto, como a primeira referência estética brasileira reconhecida em todo mundo, mas também como artista e intelectual respeitado, atuando em várias frentes do conhecimento humano”, afirma Marcus Lontra.

“Ruínas de Brasília” (1964), duas raras pinturas de Niemeyer – uma delas nunca exposta – se juntam a 25 desenhos inéditos, que retratam com seu inconfundível traço a Igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha, em Belo Horizonte, a Oca e o Parque Ibirapuera, em São Paulo, o Palácio do Planalto, a Catedral de Brasília, o Palácio da Alvorada, o Caminho Niemeyer, em Niterói, e a Bolsa de trabalho, em Bobigny, França, entre outros. A paixão pela figura feminina e suas curvas também estão nos desenhos feitos em sua maioria em caneta hidrográfica sobre papel. Max Perlingeiro lembra que certa vez Niemeyer contou: “Eu tinha 5, 7 anos, e ficava desenhando com o dedo no ar. Minha mãe perguntava: – Menino, o que você está fazendo? Estou desenhando”.

A exposição também dedica um espaço a retratos de Oscar Niemeyer assinadas por grandes fotógrafos: Antonio Guerreiro, Bob Wolfenson, Edu Simões, Evandro Teixeira, Juan Esteves, Luiz Garrido, Marcio Scavone, Nana Moraes, Nani Góis, Orlando Brito, Ricardo Fasanello, Rogerio Reis, Vilma Slomp, Walter Carvalho e Walter Firmo.

DIÁLOGO COM OUTROS ARTISTAS

Para mostra em São Paulo, foi incluída a maquete original do trabalho de Tomie Ohtake realizado para o Auditório do Ibirapuera, uma monumental pincelada vermelha do chão ao teto do grande hall. Há ainda desenhos, pinturas, esculturas e azulejos criados por grandes artistas para projetos arquitetônicos de Niemeyer, e que se tornaram igualmente símbolos desses espaços, como um estudo feito por Volpi em têmpera sobre cartão para a Capela Dom Bosco, em Brasília; um estudo em aquarela e duas provas de azulejos feitos por Portinari para a Igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha; duas esculturas em pequeno formato como estudo para os “Candangos” e outra para “Meteoro”, de Bruno Giorgi, que estão em Brasília em escala monumental.

Da série de mobiliários feitos em colaboração com a filha Anna Maria (1930-2012), produzidos no Brasil e no exterior, estão a “Poltrona Alta”, que integra a coleção criada para o Palácio do Planalto, e a “Espreguiçadeira Rio”, em madeira e palha.

A exposição reunirá ainda uma série de documentos e publicações, mostrando o Niemeyer designer gráfico. Niemeyer criou a revista “Módulo”, na década de 1950, dedicada à arte e à arquitetura, publicada até 1964, e retomada por ele em 1975, quando retornou ao Brasil. “Foi a publicação de maior prestígio no meio artístico e da arquitetura. Os mais renomados artistas e fotógrafos da época colaboraram nas suas páginas”, destaca Perlingeiro.

Na exposição, será exibido continuamente o vídeo “Oscar Niemeyer: a vida é um sopro” (2006, 90’, Gávea Filmes e Pipa Comunicação), de Fabiano Maciel e Sacha, com trilha sonora de João Donato, Berna Ceppas, Kassim e Felipe Poli.

Posted by Patricia Canetti at 9:48 AM

março 30, 2019

Carlos Garaicoa na Luisa Strina, São Paulo

Garaicoa mostra esculturas, desenhos e instalações especialmente produzidos para a individual na Galeria Luisa Strina, com foco na arquitetura modernista e nos paradoxos entre a beleza da paisagem urbana utópica e os esforços e trabalho braçal envolvidos em sua construção (tanto histórica como cotidianamente, no processo de criação do próprio artista).

A exposição Paisajes de trabajo é composta de 4 “mesas de trabalho” em que estão desenhadas plantas de Oscar Niemeyer, de grandes dimensões; estas obras são intituladas Poder, Justiça, Dança e Morte. Em volta desse conjunto, o artista instala desenhos feitos de fios conectados por pregos e réguas antigas, diretamente na parede. Estes aludem também à arquitetura modernista e aos ideais do projeto civilizatório inacabado, sobretudo na América Latina.

Completam a individual novas obras da série Puzzles, iniciada em 2018, em que fotografias da paisagem urbana de Cuba da era pré-socialista (ampliadas sobre peças de quebra-cabeças em tons azulados) dão lugar, em parte da superfície onde o puzzle ruiu, à imagem em preto e branco dos mesmos locais fotografados no dias atuais, instalada como uma segunda camada sob o quebra-cabeça.

Sobre o artista

‘Eu utilizo uma abordagem multidisciplinar para as questões de cultura e política, particularmente cubana, por meio do estudo de arquitetura, urbanismo e história. Meu tema principal e inspiração sempre foi a arquitetura da cidade de Havana e a forma cubana de vida, mas também há muitos paralelos com cidades que visito, que também me inspiram.’

Entre suas exposições individuais recentes, destacam-se: Nada veo, nada digo, nada oigo, UNAICC (Unión Nacional de Arquitectos, Ingenieros de la Construcción de Cuba), Havana, Cuba (2018); Parasol Unit, Londres, Inglaterra (2018); El Palacio de las tres historias, Fondazione Merz, Turim, Itália (2017), e CGAC – Centro Galego de Arte Contemporánea, Santiago de Compostela, Espanha (2018); Yo nunca he sido surrealista hasta el día de hoy, MAAT Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, Lisboa, Portugal (2017); Orden Inconcluso, Museum Villa Stuck, Munique, Alemanha (2016); The Politics and Poetics of Space, The Museum of Contemporary Art, Oslo, Noruega (2015).

Mostras coletivas recentes incluem: Condemned to be Modern, LAMAG Los Angeles Municipal Art Gallery, Los Angeles (2017); Please come back. The World as a Prison?, MAXXI Museo Nazionale Delle Arti del XXI Secolo, Roma, Itália (2017); Cuba: Tatuare La Storia, Padiglione d’Arte Contemporanea (PAC), Milão, Itália (2016); El Tormento y el Éxtasis, Es Baluard, Palma, Espanha (2016); Labor Relations, Wrocław Contemporary Museum, Wrocław, Polônia (2016); Nuevos territorios: laboratorios de diseño, artesanía y arte en Latinoamérica, Museo Amparo, Puebla, México (2016); CUBA LIBRE, Cuba contemporánea desde la visión de Peter Ludwig, Museum Ludwig, Koblenz, Alemanha (2016); Transhumance, beyond human horizon, Centre d’Art de Bruxelles (CAB), Bruxelas, Bélgica (2016); 12a Bienal de Havana, Cuba (2015).

Algumas das coleções de que seus trabalhos fazem parte são: Museo Nacional de Bellas Artes, Havana; The Museum of Fine Arts, Houston; LACMA Los Angeles County Museum, EUA; The Solomon R. Guggenheim Museum, Nova York; Dallas Museum of Art, EUA; MUSAC Museo de Arte Contemporáneo de Castilla y León, Espanha; Centre Pompidou, França; Museo Nacional de Arte Centro de Arte Reina Sofía, Madri; Tate Colleciton Inglaterra; MOCA Museum of Contemporary Art, Los Angeles; MOMA Museum of Modern Art, Nova York.

Posted by Patricia Canetti at 9:37 AM

Jimmie Durham, Cildo Meireles e Pedro Cabrita Reis na Luisa Strina, São Paulo

A galeria Luisa Strina tem o prazer de anunciar a exposição Jimmie Durham, Cildo Meireles e Pedro Cabrita Reis. A mostra contará com obras dos três artistas conceituais de renome internacional que têm em comum trabalhar com materiais simples e itens da vida cotidiana reordenados, a fim de obter um sugestivo poder de associação.

A exposição é organizada em parceria com a galeria Sprovieri, Londres, onde foi apresentada de 2 de outubro a 23 de novembro de 2018.

Pedro Cabrita Reis mostra três novos trabalhos (The Carpenter Suite #6, #7 e #8) realizados especialmente para a ocasião. Sua prática complexa é caracterizada por um discurso filosófico e poético idiossincrático, abrangendo uma grande variedade de meios: pintura, fotografia, desenho e esculturas compostas de materiais industriais e encontrados ao lado de objetos manufaturados. Focado em questões relativas ao espaço e à memória, o equilíbrio entre luz e matéria é expresso no equilíbrio entre arquitetura e imagem e "cria uma realidade por si só, em vez de reproduzi-la" (Pedro Cabrita Reis).

Nas esculturas e instalações de Durham aparece uma mistura de itens encontrados, orgânicos e artificiais (incluindo ossos, peças de plástico, peças de carros e tubos), muitas vezes recompostos para questionar o frágil equilíbrio entre a natureza e a indústria. Os vários elementos coexistem entre si em um embate visual, ao mesmo tempo poético, funky e decadente, construindo camadas de significado ambíguas e potencialmente intermináveis. “Estamos em busca de estruturas de significação: debaixo de uma foto sempre há outra foto” (Jimmie Durham).

Cada peça da exposição abre novas interpretações sobre o mundo e subverte suas regras. Paradigmático é o trabalho de Cildo Meireles, em que muitas vezes a percepção do espectador, ou mesmo sua imaginação, tem um papel ativo capaz de alterá-lo. No backlight Atlas (1995-2006), o artista se retrata - não sem ironia - como uma versão oposta do mito de Atlas. Sorrindo, Meireles está de cabeça para baixo no famoso pedestal do mundo de Piero Manzoni, Base del Mondo. Nas palavras do artista: “Estou interessado na relação paradoxal entre objetos” (Cildo Meireles).

Posted by Patricia Canetti at 9:33 AM

março 29, 2019

Roesler Hotel #29: Reflections on time and space na Nara Roesler, São Paulo

A Galeria Nara Roesler | São Paulo promove a partir do dia 01/04 a mostra Reflections on Space and Time, realizada em parceria com a galeria francesa Kamel Mennour, que traz obras de artistas como: Alicja Kwade, Anish Kapoor, Camille Henrot, François Morellet, Mohamed Bourouissa, Laura Vinci, Lucia Koch entre outros.

A exposição marca a 29ª edição do projeto Roesler Hotel e conta com esculturas, instalações e pinturas que fazem refletir sobre o conceito de espaço e a fugacidade do tempo, interrogam sobre nosso entorno imediato, mas também derivam na auto-reflexão. Os trabalhos que utilizam o recurso de reflexões são o fio condutor da exposição, que também se desdobra para outras técnicas complexas.

O Roesler Hotel é uma iniciativa criada pela galeria em 2002 que promove diálogos entre as comunidades de arte nacionais e internacionais, convidando curadores e artistas para experimentar dentro do espaço da galeria. Desde 1999, Kamel Mennour apresenta uma interessante mistura de artistas consagrados da arte contemporânea e de jovens artistas promissores. Com três endereços em Paris e um em Londres, a galeria trará para São Paulo com exclusividade uma seleção de obras que trazem em comum engajamentos estéticos, sociopolíticos e de identidade.

Um exemplo é a artista polonesa Alicja Kwade. Suas esculturas e instalações concentram-se na subjetividade do tempo e do espaço. Kwade manipula materiais comuns como madeira, vidro e cobre através de processos químicos para explorar a efemeridade do mundo físico. Outro destaque é Camille Henrot, artista francesa autora de aquarelas que desafiam figuras de autoridade e que brincam com o imaginário coletivo.

O consagrado escultor indiano Anish Kapoor terá duas obras integrando a exposição: Mirror (Pagan Gold / Magenta Apple Mix 2) e Split (Oriental Blue to Burple) - criações esféricas que remetem ao reflexo dos espelhos, mas com curvaturas que criam novos formatos e visões, além de cores vivas que cativam o olhar.

Já o artista argelino Mohamed Bourouissa desloca cenas urbanas e personagens marginalizados para cenários e suportes inusitados, como na fotografia Foot Locker e e na série Windows, que traz retratos de homens emoldurados por janelas de carros como esculturas. "Esperamos que essa parceria com a Kamel Mennour resulte em uma troca constante entre os artistas brasileiros e internacionais, fomentando os dois mercados com novos nomes e oportunidades de negócios", afirma Alexandre Roesler, diretor da galeria Nara Roesler.

Artistas participantes: Abraham Palatnik, Alicja Kwade, Anish Kapoor, Ann Veronica Janssens, Artur Lescher, Bruno Dunley, Camille Henrot, Carlito Carvalhosa, Claude Lévêque, Dan Graham, Daniel Buren, Eduardo Navarro, François Morellet, Gina Pane, Hicham Berrada, Julio le Parc, Latifa Echakhch, Laura Vinci, Liam Everett, Lucia Koch, Marco Maggi, Marie Bovo, Mohamed Bourouissa, Not Vital, Paulo Bruscky e Tatiana Trouvé.

Posted by Patricia Canetti at 4:53 PM

Philippe Decrauzat na Nara Roesler, São Paulo

A partir de 1º de abril, a Galeria Nara Roesler | São Paulo recebe uma seleção dos trabalhos do suíço Philippe Decrauzat, o mais novo artista representado pela galeria brasileira. Nascido em 1974, Decrauzat se destaca pela criação de obras em que a abstração geométrica encontra cores vibrantes e forma variados meios de expressão como murais, instalações, filmes e esculturas.

Com curadoria de Matthieu Poirier, a exposição Circulation acontece simultaneamente nos espaços de São Paulo e do Rio de Janeiro da galeria e reúne cerca de trinta obras sobre o princípio comum da circulação. Os trabalhos apresentados abordam criticamente várias correntes históricas: arte concreta, neoconcretismo, arte perceptiva, cinetismo, arte ótica e arte minimalista, que são revisitadas à luz de vários campos culturais, como o cinema, a física ondulatória, a arquitetura modernista, a música drone ou ainda as ciências cognitivas. Ao mover-se no espaço, o corpo do espectador encontra armadilhas para o olhar, levando a uma experiência de percepção e especulação estética que se altera conforme o ângulo da visão e o movimento de cada indivíduo.

Posted by Patricia Canetti at 11:13 AM

março 27, 2019

Ricardo Ribenboim na Raquel Arnaud, São Paulo

A Galeria Raquel Arnaud convidou o artista Ricardo Ribenboim, que neste ano completa os seus 50 anos de carreira, para realizar uma individual no andar superior de seu espaço. São cerca de 20 pinturas inéditas concebidas entre 2018 e 2019 com os mais insólitos materiais: peças descartadas, cera de abelha, madeira, tinta acrílica sobre tela, lona e couro. Ribenboim, além de resignificar a própria trajetória, por meio de particular articulação entre os elementos constrói uma poética contemporânea fundada num mundo em entropia.

Há alguns anos, o artista vem reaproveitando telas, esculturas e materiais utilizados previamente em instalações e exposições, para criar trabalhos novos, programaticamente híbridos, suspensos entre as duas e as três dimensões. Pendurados como estandartes de uma procissão, pendem quadros compostos por restos de tecidos, madeiras e outros elementos previamente utilizados pelo artista.

Há tanto atmosfera mágica, quanto uma meditação sobre a passagem do tempo. O que move o artista nessa pesquisa não é o desejo de atingir um resultado estético ou formal específico, mas, antes disso, a necessidade de recolocar em questão tudo o que ele fez ao longo de uma trajetória de décadas. Ao transformar uma reflexão quase filosófica em atividade física e prática, Ribenboim vivifica o passado e confere novos significados às obras e à sua própria prática.

Ricardo Ribenboim é artista plástico, designer gráfico e produtor cultural. Foi diretor do Itaú Cultural e do Paço das Artes. Como artista participou da Bienal Nacional de São Paulo (1974), da Bienal Brasil Século XX, 1994, da 7ª Bienal de Havana (2000), do Open Air Veneza (2001), além de diversas exposições, como City Canibal, Paço das Artes, São Paulo (1998); Ares e Pensares, SESC, São Paulo (2002), entre outras. Realiza diversas intervenções urbanas no Brasil e no exterior, destacando-se o trabalho Bólides Marinhos, na ECO-92, Rio de Janeiro, e um conjunto de intervenções no Arte Cidade 3. Tem obras nos acervos públicos ArtBA, Buenos Aires; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Museu de Arte Contemporânea da USP, São Paulo e Museum of Modern Art de Miami (Estados Unidos).

Posted by Patricia Canetti at 7:19 PM

Frida Baranek na Raquel Arnaud, São Paulo

Frida Baranek em sua nova individual traz a série inédita Liminaridade. Em 2014, quando inaugurou Mudança de Jogo no mesmo espaço, a artista recorreu à memória de situações e objetos como ponto de partida para o desenvolvimento das obras. Dessa vez, a carioca radicada nos EUA, que frequentemente trabalha questões relacionadas a equilíbrio e desequilíbrio, partiu de uma experiência mais radical e sensorial para a realização das esculturas que apresenta nesta exposição: participou de um voo parabólico que simula a ausência de gravidade ou gravidade zero.

Segundo a artista, o voo trouxe o entendimento sobre como a aceleração é o motor de absolutamente tudo e o fio condutor para a criação de sua poética atual. As cerca de nove esculturas que compõem a série são batizadas com o mesmo nome da mostra e têm o metal como matéria dominante, elemento de presença marcante em toda a sua produção. Frida procurou desenvolver suas liminaridades no interlúdio entre dois estados diferentes, o da intuição e do conhecimento.

As obras nascem como guirlandas produzidas em telas de aço galvanizado ou arame de ferro misturadas com outros materiais - acrílico, madeira e tintas. Compactas no início, as obras vão se desdobrando num processo quase orgânico que envolve curvas e aceleração. “As obras dessa exposição refletem como o espaço é singular, como a incompletude é necessária, como não existe separação entre dentro e fora, como o ato de observar transforma o que é observado, como o caos é onipresente, como o vazio é o todo, mas nem tudo é vazio, como a causalidade é universal e, finalmente, como a matéria ocupa e informa o espaço de que modo se curvar, e o espaço mostra para a matéria como mover-se”, afirma a artista.

Já para o crítico Raphael Fonseca, que assina o texto da mostra, “Gosto de pensar nessas obras também como um convite a rever o caráter divisor e protetor do uso original dessas telas. Vertidas em esculturas expressivas, parece inevitável – à luz dos acontecimentos históricos recentes – olhar suas superfícies e não enxergar também uma dimensão discursiva nelas. Longe de dividir, essas esculturas somam e multiplicam – tanto como formas no espaço, quanto como um convite para que outros olhares percorram suas texturas e pensem sobre os muitos limites que tentam nos impor, mas devemos dobrar e remontar cada um à sua maneira”, afirma.

Frida Baranek nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, em 1961. Ela obteve mestrado em Design Industrial na Central Saint Martins em Londres em 2012 e estudou Arquitetura na Universidade de Santa Úrsula Rio de Janeiro (1984).
De 1978 a 1983, ela começou a desenvolver sua prática de escultura em estúdios no Museu de Arte Moderna e Escola de Artes Visuais, ambos no Rio de Janeiro.

Em 2013, o Museu de arte moderna do Rio de Janeiro fez uma retrospectiva de seu trabalho com a exposição "Confrontos" Seu trabalho foi incluído na Bienal de São Paulo (1989), Bienalle di Venezia - Aperto (1990), MOMA, em Nova York (1993), Maison foi Latine (1995), MAM são Paulo (1995,1988), Museu Ludwig, em Koblenz (2005), além de muitos outros.

A Galeria Raquel Arnaud de São Paulo, que representa a artista desde 1990, colocou suas peças em várias exposições individuais e de grupo. Seu trabalho é parte de muitas coleções públicas e privadas, como a coleção de Patrícia Phelps de Cisneros, em Nova York; O Museu Nacional das mulheres nas artes, em Washington, D.C.; A Fundação LEF, em San Francisco; Museu de arte de Universidade de Washington, em St. Louis; A Fundação de Loumeier, em St. Louis; assim como no "Ministere de La cultura, Fonds National d'Art Contemporain", na França; no Pusan Metropolitan Art Museum, na Coreia do Sul; e, os museus de arte moderna do Rio de Janeiro e de São Paulo. Recentemente o Frost Museum em Miami e o MAR do Rio de Janeiro incluíram suas obras em seus acervos.

Frida viveu e trabalhou no Rio de Janeiro, São Paulo, Paris, Berlim, Londres e Nova York. Atualmente mantém estúdios no Rio de Janeiro e Miami.

Posted by Patricia Canetti at 7:11 PM

Cléo Döbberthin no Pivô, São Paulo

O Pivô tem o prazer de apresentar a exposição Mullet Mignon Milanesa ​da artista Cléo Döbberthin dentro do programa Hello.Again, em que artistas em início de carreira desenvolvem um projeto inédito para o térreo da instituição, promovendo um diálogo contínuo entre a rua do edifício Copan e o espaço do Pivô.

Döbberthin trabalha com esculturas que replicam elementos da arquitetura e intervenções especificamente pensadas para os contextos onde são instaladas. Seu trabalho aborda relações entre a padronização de mobiliários e da arquitetura com questões de gênero e corpo.

Mullet Mignon Milanesa inclui a produção de esculturas e intervenções diretamente na arquitetura do espaço térreo do Pivô. Anteriormente, Döbberthin produziu obras que refletiam conexões entre os espaços público e privado, mas esta é a primeira vez que concebe um projeto instalativo que discute a passagem entre o dentro e o fora do espaço institucional, lidando com o hall de recepção como ambiente, ao mesmo tempo, funcional e ficcional.

O título se refere tanto a trabalhos presentes na mostra, quanto às relações de escala e texturas que compõem a instalação - com muito bom humor a artista se refere às suas intervenções arquitetônicas como Mignon e sugere uma analogia entre a textura do capacho e a dos bifes empanados. Mullet é um capacho que contorna a coluna central do espaço, terminando em uma longa mecha colorida que remete ao pentado popular nos anos 1980. A aliteração de sons no título replica a dinâmica de associações típica da produção da artista, em que objetos, imagens e formas geram uma cadeia aberta de significados.

Dramaqueen (2017) é parte de uma série de esculturas que a artista vem desenvolvendo desde 2017 utilizando plantas vivas. Ela parte de formas baseadas na arquitetura moderna para produzir vasos recobertos com cimento ou materiais utilizados para a fabricação de capachos, como a tradicional fibra de côco. Nestes objetos são plantadas coroas-de-cristo - uma espécie comumente utilizada como cerca viva em casas e prédios - podadas de modo a criar longas formas sinuosas.

Copanzinho (2019) é uma obra inédita especialmente concebida para esta exposição: uma estranha escultura que mimetiza o formato ovalado das colunas do edifício, mas longe das clássicas superfícies brancas que caracterizam as obras de Oscar Niemeyer, Döbberthin reveste a estrutura com concreto pigmentado aplicado de forma irregular, gerando texturas e movimentos disformes. O trabalho é ao mesmo tempo uma mesa onde funciona a recepção do Pivô; uma espécie de banco onde podem sentar-se três pessoas nos recortes aplicados na frente da peça; e também um vaso, na medida em que esta escultura pode ser lida como uma versão agigantada dos projetos anteriores da artista.

Cléo Döbberthin, 1991, vive e trabalha em São Paulo. É graduada em Artes Visuais pela FAAP (2015). Participou das 45º e 46º Anuais de Artes (FAAP, São Paulo, 2013 e 2014), recebendo em ambas o Primeiro Prêmio. Participou das exposições coletivas; Sala (MAB-Centro, São Paulo, 2016), Visite Decorado, Corporação (Projeto IsCream, São Paulo, 2016) e Elza (exposição do grupo Agosto, São Paulo, 2016). Realizou sua primeira exposição individual Puxar portas de empurrar com a interlocução de Ana Mazzei e Bruno Mendonça (Epicentro Jardins, São Paulo, 2017). Em 2018, com Luiza Gottschalk e Daniela Machado, iniciou um projeto experimental e independente na Barra Funda. A primeira exposição do projeto foi Unidos da Barra Funda, que reuniu trabalhos de 22 artistas, em diferentes períodos de carreira. No mesmo ano foi realizado a primeira edição do Residência e diálogo entre artistas (PROAC ICMS) com a artista convidada Ana Mazzei.

Posted by Patricia Canetti at 5:48 PM

Alexandre Estrela no Pivô, São Paulo

O Pivô tem o prazer de apresentar Volta Grande do artista português Alexandre Estrela (1971) e curadoria de Luiza Teixeira de Freitas. Estrela trabalha principalmente com vídeo e fotografia para discutir a relação entre matéria, imagem e percepção. Seus trabalhos apresentam representações da natureza através de diversas tecnologias de reprodução de imagem para discutir os cânones da história da arte, assim como estudos comportamentais, física, acústica entre outras ciências. O projeto do artista no Pivô reunirá trabalhos 6 trabalhos sendo 5 trabalhos inéditos produzidos especificamente no contexto desta exposição.

A relação entre tempo e percepção; história oficial e ficção, memória e matéria estão entre as questões centrais da mostra. O título Volta Grande é o nome de uma cidade no interior do estado de Minas Gerais, onde o artista esteve em residência de pesquisa entre janeiro e fevereiro deste ano. Distante do grande fluxo de informações e acontecimentos dos grandes centros urbanos, um dos poucos destaques na história de Volta Grande é ter sido a cidade onde nasceu e morreu Humberto Mauro (1897-1983), considerado por muitos como o “pai” do cinema brasileiro.

Alexandre Estrela integra uma geração de artistas que explora o legado das experimentações conceituais do vídeo da década de 1970, trabalhando com o desenvolvimento tecnológico desta linguagem em diferentes dispositivos mecânicos e digitais de reprodução de som e imagem, numa pesquisa sobre os limites entre arte e ciência. Seus vídeos, em geral elaborados a partir de cenas da natureza, são projetados em superfícies de madeira, vidro ou MDF com todos os elementos dos dispositivos - projetor, cabos, etc - à mostra, conferindo materialidade e um aspecto imersivo a suas montagens no espaço expositivo.

Água de março (2019), por exemplo, produzido durante sua estadia no Brasil enquadra um pedaço de cedro molhado que seca em tempo real no calor do meio-dia no Rio de Janeiro. O vídeo é projetado sobre uma placa de madeira, borrando os limites entre a representação, o objeto, o real e o ficcional.

Alexandre Estrela, 1971, vive e trabalha em Lisboa. Entre suas exposições individuais recentes estão Lua Cão (with João Maria Gusmão + Pedro Paiva), um projeto iniciado em 2017 pela Galeria Zé Dos Bois em Lisboa que itinerou para a Kunstverein München e foi concluída na La Casa Encendida em Madri em 2018; Knife in the Water, 2018, na galeria Travesía Cuatro, Madri; Ouro Mouro, 2018, no Quetzal Art Centre, Vidigueira, Portugal; Baklite, 2017, no CAV Centro de Artes Visuais, Coimbra, Portugal; Cápsulas de silencio, 2016, dentro do programa Fisuras, no museu Reina Sofia, Madri; Roda Lume, 2016, no Museu de Arte Contemporânea da Antuérpia, M HKA, Bélgica; Meio Concreto, 2013, no Museu Serralves, em Porto, Portugal; Um homem entre quatro paredes, 2013, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil; The Sunspot Circle, 2013, na The Flat Time House, Londres, Reino Unido, entre outras. Também participou de diversas coletivas e bienais, tais como Anozero – Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra, 2017, curadoria Luíza Teixeira da Freitas; L’exposition d’un Rêve, 2017, no Gulbenkian Foundation Paris, ACMI Melbourne e na TATE Modern, um projeto de Mathieu Copeland; Hallucinations, Documenta 14, 2017, Atenas, curadoria Ben Russel, entre outras.

Posted by Patricia Canetti at 5:41 PM

Condo São Paulo: Lisetta Carmi & Amalia Pica na Marilia Razuk, São Paulo

Condo é um projeto colaborativo entre galerias de arte que ocorre anualmente em Londres e Nova York desde 2016. A cada edição vários espaços de arte de uma mesma cidade recebem galerias e artistas internacionais. Na edição deste ano em São Paulo, a Galeria Marilia Razuk recebe as artistas Lisetta Carmi, da Galeria Antoine Levi, de Paris, e Amalia Pica, do Instituto de Vision, de Bogotá.

SOBRE AS ARTISTAS

Lisetta Carmi (Nasceu em Genova, Itália 1924. Vive em Cistenino, Itália)

Expondo pela primeira vez no Brasil, a fotógrafa Lisetta Carmi é uma artista fundamental no cenário artístico Italiano e da fotografia internacional.

Nessa exposição, serão mostradas 6 fotografias de sua série mais notável “I travestiti”, realizada nos anos 60, onde retratou travestis e transexuais na Itália.

Carmi foi a primeira artista a documentar a comunidade LGBTQ italiana. Narrou e humanizou grupos marginalizados em meados do século 20 em sua Itália natal e arredores, ignorando deliberadamente os tabus sociopolíticos. Hoje em dia, à medida que a conversa cultural contemporânea em torno da identidade de gênero se torna cada vez mais complexa, essa série singular tem um impacto ainda mais notável. A honestidade crua de seu olhar tem sido equiparada ao espírito de fotógrafos como Nan Goldin.

Nasceu em 1924 em Gênova, em uma família judaica; aos 95 anos, continua vibrante e afiada. Antes de se tornar fotógrafa, foi uma pianista de grande sucesso; mais tarde, se tornou discípula do guru Babaji Mahavatar Himalaya, a quem conheceu em Jaipur, e que a inspirou a fundar um ashram na Puglia. Embora sua produção fotográfica tenha passado despercebida por várias décadas, ela passou por um renascimento tardio: foi tema de um filme de 2010, exibido no 67º Festival Internacional de Cinema de Veneza, “Lisetta Carmi, un anima in cammino” e suas fotografias foram exibidas em diversas exposições ao redor do mundo.

Amalia Pica (Nasceu em Neuquén, Argentina 1978. Vive e trabalha em Londres, Inglaterra)

A artista argentina, radicada em Londres, explora a metáfora, a comunicação e a participação cívica através de esculturas, instalações, fotografias, projeções e desenhos. Nas obras trazidas para esta exposição, o registro de um momento fugaz de uma cascata de papéis em queda denota a ideia do peso da burocracia, a maneira como a vida pode ser decidida ou definida por apenas um pedaço de papel.

Amalia já expôs individualmente em diversos museus, como Cc Foundation, Shangai (2019), Tate Modern, Londres, (2016) no Museu Tamayo, na Cidade do México (2013), Museum of Contemporary Art em Chicago, (2013), entre outros. Participou de exposições coletivas importantes em museus como Guggenhein, em Nova York, Museu Berardo, Lisboa, The Hammer Museum, Los Angeles, NC Arte, Bogotá.

Posted by Patricia Canetti at 3:27 PM

Julio Plaza e Nelson Leirner na Marilia Razuk, São Paulo

A Galeria Marília Razuk inaugura no dia 30 de março, a exposição Correlações entre variáveis aleatórias: Julio Plaza e Nelson Leirner, que reúne esses grandes nomes da arte brasileira.

Com associações enigmáticas na seleção de 15 obras em confronto e apresentação única, a curadora Inês Raphaelian arrisca estabelecer correlações aleatórias entre o pensamento crítico dos dois artistas. Julio e Nelson são dois nomes fundamentais para a compreensão da arte brasileira. Em destaque a instalação “As Meninas ou Os Meninos”, de Julio Plaza, realizada em 1977 na Galeria Arte Global em São Paulo e agora adaptada ao espaço da Galeria Marília Razuk, faz referência direta a obra de Velazquez de 1956 que abre a discussão sobre o espaço pictórico, o observador e o observado. Julio apresenta com maestria a complexidade do tema em um jogo de imagens fotográficas.

Nelson Leirner, apropriando-se de obras clássicas e personagens da pop|mass culture com inteligência e atitude irônica, traz assuntos recorrentes do mercado e o status quo da arte com as colagens de stickers de personagens infantis sobre o catálogo da Sotheby's ou sobre Mapas Mundi tradicionais. A curadoria traz ainda obras inéditas ao público, cedida de coleção particular, três pinturas dos "neo hexagramas" do 'I Ching Change' de Julio Plaza, referente ao livro do artista de mesmo nome.

Posted by Patricia Canetti at 3:20 PM

Condo São Paulo: Joachim Schmid na Jaqueline Martins, São Paulo

Após bem sucedida primeira edição, realizada em 2018 e tendo apenas a Galeria Jaqueline Martins como espaço expositivo, o projeto Condo retorna a São Paulo em formato mais ambicioso, desta vez apresentando 11 galerias internacionais em 9 diferentes espaços de São Paulo. A abertura ocorrerá nos dias 30 e 31 de Março, das 14 às 18 horas em ambos os dias.

Condo é uma exposição colaborativa de larga escala entre galerias internacionais que ocorre anualmente em Londres e Nova York. As galerias anfitriãs compartilham seus espaços com as galerias visitantes - seja co-curando uma exposição ou dividindo e alocando seus espaços. A iniciativa incentiva o debate e re-avaliação dos modelos expositivos existentes, reunindo recursos e agindo em conjunto para propor um ambiente mais propício para que galerias experimentais consigam expor internacionalmente.

Para a edição deste ano, as seguintes parcerias estão confirmadas:
- Galeria Jaqueline Martins recebe: Gallery P420 (Bolonha) — Até 18 de Maio.
- Galeria Marilia Razuk recebe: Galerie Antoine Levi (Paris) e Instituto de Visión (Bogotá) — Até 27 de Abril.
- Galeria Luciana Brito recebe: Galeria Madragoa (Lisboa) — Até 04 de Maio.
- Galeria Leme AD recebe: Galeria Nuno Centeno (Porto) — Até 04 de Maio.
- Sé Galeria recebe: Proyectos Ultravioleta (Guatemala) e Galeria PM8 (Vigo) — Até 27 de Abril.
- Casa Triângulo recebe: Grimm Gallery  (Amsterdam/Nova York) — Até 18 de Maio.
- Central Galeria recebe: The Sunday Painter (Londres) — Até 18 de Maio.
- Galeria Raquel Arnaud recebe: Mor Charpentier Galerie (Paris) — Até 08 de Junho.
- Galeria Lume recebe: Levy.Delval (Bruxelas) — Até 05 de Maio.

Posted by Patricia Canetti at 2:16 PM

Robert Barry na Jaqueline Martins, São Paulo

Galeria Jaqueline Martins tem orgulho em apresentar Robert Barry, a primeira exposição individual do renomado artista conceitual norte-americano a ser realizada por uma galeria brasileira - Abertura nos dias 30 e 31 de março.

A exposição apresentará instalações compostas por pinturas, filmes super 8mm, textos e trabalhos em papel, todas inéditas no Brasil e desenvolvidas especialmente para a Galeria.

Após um início de carreira em que utilizava pinturas monocromáticas, e sua disposição em conjunto, para realçar as características do espaço expositivo junto ao espectador, Robert Barry (Nova York, 1936) abandonou totalmente a pintura convencional em 1967 e deu início a uma breve série de instalações compostas por fios de nylon transparentes, gases, radiação e energia eletromagnética. Todos materiais invisíveis com os quais o artista se alinhava à busca pela “desmaterialização do objeto” na arte, um dos principais eixos da arte conceitual nos anos 60.

Em 1969, em mais uma mudança radical, Berry abandona esta série de trabalhos invisíveis (convicto de que eles ainda se relacionavam a uma dimensão física e mensurável) e passa a incorporar textos em seus trabalhos, ambicionando uma comunicação mais direta com os espectadores e uma dinâmica em que os próprios pensamentos do público em relação aos textos do artista passam também a se tornar parte do trabalho. Desde então, foi através da linguagem direta e textual, sua potência gráfica e comunicativa que seus trabalhos se desenvolveram e tornaram Barry (ao lado de nomes como Lawrence Weiner, Ed Ruscha, John Baldessari e Mel Bochner) um dos grandes artistas conceituais norte-americanos a trabalhar com as diversas potencialidades do texto escrito.

Em seus mais de 50 anos de carreira, Robert Barry participou de exposições em galerias e instituições por toda a Europa, Estados Unidos e Ásia. Seu trabalho está em renomadas coleções, incluindo o Museu Guggenheim (Nova York), MoMA (Nova York), Stedelijk Museum (Amsterdam), Kunstmuseum Basel (Suiça), Centre Georges Pompidou (Paris), Sammlung Ludwig Collection (Colônia, Alemanha), Museum Of Contemporary Art (Los Angeles), entre outros.

Posted by Patricia Canetti at 1:42 PM

Carlos Vergara na Bolsa de Arte, São Paulo

Carlos Vergara apresenta grandes esculturas, trabalhos em asfalto e sudários em nova exposição na Bolsa de Arte de São Paulo

A Galeria Bolsa de Arte tem o prazer de apresentar, a partir de 30 de março de 2019, a mais recente produção do artista Carlos Vergara, em São Paulo. Vergara apresenta cinco séries de trabalhos baseados em expedições à Serra do Bodoquena, em Mato Grosso do Sul, e em suas viagens pelo mundo. A mostra tem curadoria de Luisa Duarte e conta com visita-guiada da curadora.

Vergara é um artista viajante. Nos últimos anos fez expedições à Serra do Bodoquena, no Mato Grosso do Sul, importante reserva onde os limites da terra virgem e o impulso humano pela ocupação das terras são evidenciados por grandes plantações, mineração e desmatamento. Terra dos índios guerreiros Cadweu que domaram cavalos e lutaram no front brasileiro na Guerra do Paraguai, cujas batalhas foram travadas ali.

O solo desta terra e os pigmentos naturais são elementos primordiais na criação de monotipias de diferentes suportes e tamanhos, que evocam sobre tecidos não apenas as texturas e matérias que se encontravam depositadas ao rés do chão, mas também a possibilidade de algo ainda mais sutil que faça uma ponte com a memória do que se passou por ali. Desta série, são somadas monotipias sobre lenços realizadas em diferentes viagens do artista pelo mundo, como na Capadócia, no Caminho de Santiago de Compostela, em Pompéia, no Cazaquistão, entre outros.

Convidado para desenhar a cenografia da adaptação de “Cobra Norato”, obra central do movimento antropofágico do modernista Raul Bopp (1898-1984), para a celebração dos 100 anos da Semana de Arte Moderna, Vergara decidiu revisitar um trabalho realizado para a representação brasileira na Bienal de Veneza, em 1980, onde apresentou um grande painel de pinturas e esculturas criadas com papel Kraft. Nesta série, o artista revisita sua própria produção e apresenta novas versões das imponentes colunas que se desfolham por meio de cortes precisos feitos com estilete.

A série “Natureza Inventada”, produzida entre 2014 e 2019, se destacam no espaço expositivo da galeria. Recuperando vestígios de uma eventual paisagem, Vergara cria esculturas com peças recortadas de aço corten que se encaixam numa espécie de jogo. Cinco delas em grandes dimensões, com cerca de 250 cm de altura por 120 cm de largura. A robustez do material se converte em corpos de peles suscetíveis às instabilidades do tempo, formando sombras de formas orgânicas e criando tensões entre materialidade e significação.Além de peças em aço inox de pequenas dimensões, com 50 cm de altura.

A exposição se completa com uma série inédita de assemblages criadas com asfalto líquido e parafina. O preto brilhante do material sobre traços de desenhos abstratos são instalados em telas e pintura acrílica.

Para Vergara “... cada trabalho deve ser um objeto único e a história de sua construção ordena sua forma... O trabalho tem que ter vida própria, densidade específica, construído como um ser com corpo, tendo ossos, músculos, nervos, pele e alma”. “Trabalho olhando para fora e para dentro, as idéias determinam o material com que vou desenvolve-las. Daí, múltiplos resultados podem ser obtidos com papel craft, pintura sobre tela, desenhos sobre papel, escultura com aço, monotipias sobre telas grandes ou sobre lenços de bolso como os que uso para tentar captar o inefável que procuro e encontro nas viagens que faço, tentando ver o invisível atrás do visível.”, completa o artista.

Posted by Patricia Canetti at 12:31 PM

Ernesto Neto na Pinacoteca, São Paulo

Primeira retrospectiva de Ernesto Neto na Pinacoteca percorre quase quarenta anos de sua produção

Mostra do artista carioca, que inaugura ano dedicado à relação entre arte e sociedade no museu, reúne 60 trabalhos produzidos a partir da interseção entre arte, espiritualidade e ancestralidade

A Pinacoteca apresenta, de 30 de março a 15 de julho de 2019, a exposição Ernesto Neto: Sopro, que ocupa o Octógono, sete salas do 1º andar e outros espaços da Pina Luz. Com curadoria de Jochen Volz e Valéria Piccoli, diretor e curadora-chefe do museu, respectivamente, a retrospectiva reúne 60 obras de um dos nomes mais proeminentes da escultura contemporânea. Desde o ínicio de sua carreira nos anos 1980, o artista vem produzindo obras que colocam em diálogo o espaço expositivo e as diversas dimensões do espectador.

A partir de uma compreensão singular da herança neoconcreta, Ernesto Neto (Rio de Janeiro, 1964), desdobra suas esculturas iniciais – elaboradas com materiais como meias de poliamida, esferas de isopor e especiarias – em grandes instalações imersivas, que propõem ao espectador um espaço de convívio, pausa e tomada de consciência. Sua prática escultórica engendra-se a partir da tensão de materiais têxteis e de técnicas como o crochê. Essas grandes estruturas lúdicas acolhem ações e rituais que revelam as preocupações atuais do artista: a afirmação do corpo como elemento indissociável da mente e da espiritualidade.

Desde 2013, o artista vem colaborando com os povos da floresta, principalmente a comunidade indígena Huni Kuin, também conhecida como Kaxinawá. A população dessa etnia, com mais de 7.500 pessoas, habita parte do estado do Acre e forma a mais numerosa população indígena do estado. “A turma da floresta tem uma ligação muito mais profunda com a natureza. Inclusive, a palavra natureza, como algo que está fora de nós, seres humanos, nem existe nessa comunidade. Eles não veem essa separação”, conta o artista.

“A convivência com eles me trouxe um entendimento profundo da espiritualidade, desta força de continuidade do ‘corpo-eu’ e do ‘corpo-ambiente’, e também uma base estrutural ‘espiritofilosófica’, além da compreensão de que há muito o que descobrir enquanto humanidade: quem somos? Onde estamos? Para onde vamos?”. O entendimento do planeta como organismo interdependente permeia boa parte das obras de Neto.

Para a mostra na Pinacoteca, o artista concebe novos trabalhos, entre eles, um para o espaço do Octógono, que acolherá oito ações/rituais participativos abertos ao público ao longo do período expositivo. Integra também o conjunto uma obra seminal em sua trajetória: Copulônia (1989). De poliamida e esferas de chumbo, seu título faz referência à “cópula” (termo utilizado pelo artista para caracterizar um tipo de elemento, presente na obra, em que duas partes se penetram) e à “colônia” (seção da obra na qual os elementos se repetem). “Traz a ideia de população, família, corpo coletivo e convivência simbiótica”, define Neto.

“Copulônia marca o momento em que Neto começa a pensar a escultura não mais como um único volume mas como um todo composto de partes. Outras obras icônicas dele integram a seleção, como aquelas que contem especiarias (cravo, açafrão, urucum), as Naves (arquiteturas de tecido em que o visitante é convidado a entrar) e mesmo as mais recentes estruturas habitáveis confeccionadas em crochê. As obras do Neto convocam a participação do visitante e ativam outros sentidos além do olhar”, comenta Piccoli.

A exposição propõe demonstrar como a fisicalidade, o indivíduo e o coletivo sempre estiveram presentes, desde o início, na prática do artista, moldando sua poética. Sua colaboração atual com líderes políticos e espirituais das nações Huni Kuin, cujas contribuições ao artista recebem na mostra uma sala própria, aparece como uma consequência natural de sua pesquisa escultórica. “Neto vem explorando e expandindo os princípios da escultura radicalmente desde o começo de sua trajetória. Gravidade e equilíbrio, solidez e opacidade, textura, cor e luz, simbolismo e abstração ancoram sua prática, num contínuo exercício acerca do corpo individual e coletivo e da construção em comunidade”, observa Jochen Volz.

Esta é também a primeira exposição que propõe traçar seus primeiros experimentos nesse campo através da investigação e da apropriação do espaço expositivo até atingir seu atual engajamento social. Num momento marcado pelo descompasso entre humano e natureza, Neto propõe que a arte seja uma ponte para a reconexão humana com esferas mais sutis. “O artista é uma espécie de pajé. Ele lida com o subjetivo, com o inexplicável, com aquilo que acontece entre o céu e a terra, com o invisível. Desse lugar, consegue trazer coisas”, finaliza Neto.

A mostra é acompanhada de um catálogo e tem patrocínio do Banco Bradesco, Escritório Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr e Quiroga Advogados, Iguatemi São Paulo e Havaianas. Após sua estreia na Pinacoteca, a exposição será recebida pelo Malba - Museu de Arte Latinoamericano de Buenos Aires, Argentina e pelo Centro Cultural Palacio de La Moneda, em Santiago no Chile. Ernesto Neto: Sopro integra a programação de 2019 da Pinacoteca, dedicada à relação entre arte e sociedade. Por meio dela, a instituição propõe examinar as dimensões sociais da prática artística, apresentando exposições que redimensionam a ideia de escultura social, cunhada pelo artista e ativista alemão Joseph Beuys.

Ernesto Neto nasceu em 1964 no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Entre suas exposições individuais recentes, destacam-se: GaiaMotherTree, Zurich Main Station, apresentado pela Fondation Beyeler, (Zurique, Suíça, 2018); Boa, Museum of Contemporary Art Kiasma (Helsinque, Finlândia, 2016); Rui Ni / Voices of the Forest, Kunsten Museum of Modern Art (Aalborg, Dinamarca, 2016); Aru Kuxipa | Sacred Secret, TBA21 (Viena, Áustria, 2015); The Body that Carries Me, Guggenheim Bilbao (Bilbao, Espanha, 2014); Haux Haux, Arp Museum Bahnhof Rolandseck (Remagen, Alemanha, 2014); Hiper Cultura Loucura en el Vertigo del Mundo, Faena Arts Center (Buenos Aires, Argentina, 2012); La Lengua de Ernesto, MARCO (Monterrey, México, 2011) e Antiguo Colegio de San Ildefonso (Cidade do México, 2012); Dengo, MAM (São Paulo, 2010). Destacam-se, ainda, suas participações nas Bienais de Veneza (2017, 2003 e 2001), de Lyon (2017), de Sharjah (2013), de Istambul (2011) e de São Paulo (2010 e 1998). Sua obra está presente em diversas coleções importantes, entre elas: Centre Georges Pompidou (Paris), Inhotim (Brumadinho), Guggenheim (Nova York), MCA (Chicago), MOCA (Los Angeles), MoMA (Nova York), Museo Reina Sofía (Madri), SFMOMA (San Francisco), Tate (Londres) e TBA21 (Viena).

Posted by Patricia Canetti at 11:34 AM

Rivane Neuenschwander na Fortes D'Aloia & Gabriel - Galeria, São Paulo

A Fortes D’Aloia & Gabriel tem o prazer de apresentar O Alienista, a nova exposição de Rivane Neuenschwander na Galeria. A artista mineira exibe obras em escultura, pintura e vídeo permeadas por temas como medo, sexualidade, política e violência. Baseando-se em referências diversas da literatura e da cultura popular, os trabalhos propõem narrativas fragmentadas, “ficções dentro de ficções”, que convocam o público a refletir sobre a irracionalidade reinante do país e do mundo no momento atual.

Desde 2013, Rivane Neuenschwander desenvolve uma ampla pesquisa sobre medos de crianças através de projetos que já passaram por Londres, Dresden, Bogotá, entre outras. Seu interesse pelo tema volta-se tanto para as investigações psicanalíticas sobre o medo e suas variantes (a fobia, a angústia e o pânico), como também pelo medo enquanto afeto fundamental a ser manipulado no âmbito político, o que tem levado à ascensão de governos autoritários em várias partes do mundo. A série Assombrados (2019) é o mais recente desdobramento dessa pesquisa e trata-se de pinturas em tecido de grande formato que empregam as tradicionais técnicas de colchas de retalhos. O ponto de partida da nova série foram as oficinas que precederam a exposição de Rivane no Museu de Arte do Rio (O Nome do Medo, 2017), realizadas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. O trabalho combina os medos nomeados pelas crianças nas oficinas (como bala perdida, fome, estupro) com os desenhos que elas criaram para representar outros temores associados à primeira infância (barata, cobra, fantasma). A artista reinterpreta as ilustrações como silhuetas para então fragmentar texto e imagem através das colchas, signo de conforto e acolhida.

O aspecto onírico ressoa também em O Alienista (2019), a obra que dá título à exposição, composta por cerca de vinte bonecos feitos com tecido, papel machê, garrafas de vidro e outros materiais. Rivane inspira-se no livro homônimo de Machado de Assis, no qual um médico funda um hospício, interna compulsoriamente todos os habitantes da cidade e enfim conclui que ele mesmo deve ser hospitalizado, questionando de vez os limites entre loucura e sanidade. Promovendo a transposição dos personagens para o atual contexto do país, a exposição apresenta os lunáticos através de alegorias de animais ou plantas, sobre pedestais em planos variados. A artista atribui a cada um deles uma alcunha – "O Juiz de Fora", "O Terraplanista", "O Barbeiro" e "A Viúva" são alguns deles – borrando os limites entre ficção e realidade.

Em Trópicos Malditos, Gozosos e Devotos (2018–2019) – título inspirado, por sua vez, no livro Poemas Malditos, Gozosos e Devotos de Hilda Hilst – Rivane faz pinturas sobre madeira que mesclam as clássicas shungas (xilogravuras eróticas japonesas, populares especialmente nos séculos XVII e XVIII) com elementos da literatura de cordel. De maneira semelhante à de O Alienista, a obra aproxima-se da fábula para revelar uma narrativa perversa, permeada pela violência. Seres antropomórficos com falos e vulvas aparecem em meio a um vermelho-sangue, indicando o estupro como prática inaugural da miscigenação do Brasil.

Enredo (2016) é um vídeo em parceria com o neurocientista Sergio Neuenschwander que ocupa a sala do segundo andar da Galeria. Projetado em loop e com duração de 10:01 minutos, o filme indica em sua própria estrutura referências diretas às As Mil e Uma Noites, famosa coletânea de contos populares do Oriente Médio. Na obra de Rivane, confetes de páginas do clássico são lançados sobre inúmeras teias de aranha, desenvolvendo uma narrativa abstrata à medida que a estrutura frágil da teia começa a ruir sob o peso do papel. A aranha surge aos poucos percorrendo o cenário e lidando com a intromissão da palavra. Na trilha sonora, o músico Domenico Lancellotti usa um tamburello para dar o tom de suspense e, ao mesmo tempo, atribuir novas camadas à miscelânea de referências da obra. O instrumento típico italiano é uma espécie de pandeiro usado para tocar a tarantela que, por sua vez, é historicamente associada ao tarantismo: a manifestação de febre e delírio causada pelo veneno da aranha.

Rivane Neuenschwander nasceu em Belo Horizonte, 1967, e atualmente vive e trabalha em São Paulo. Uma das mais consagradas artistas brasileiras de sua geração, possui ampla projeção internacional, com participações em: Bienal de São Paulo (2008, 2006 e 1998), Bienal de Istambul (2011), Bienal de Veneza (2005 e 2003), SITE Santa Fe (1999), entre outras. Sua exposições individuais recentes incluem: Alegoria del Miedo, NC-Arte (Bogotá, 2018); O Nome do Medo, MAR (Rio de Janeiro, 2017); The Name of Fear, Whitechapel Gallery (Londres, 2015); mal-entendidos, MAM-SP (São Paulo, 2014); A Day Like Any Other, New Museum (Nova York, 2010) – exposição itinerante que passou também por Mildred Lane Kemper Art Museum (Saint Louis), Scottsdale Museum of Contemporary Art (Scottsdale) e Irish Museum of Modern Art (Dublin); e At a Certain Distance, Malmö Konsthall (Malmo, 2010). Sua obra está presente em grandes coleções institucionais como: Tate Modern (Londres), Guggenheim (Nova York), MoMA (Nova York), TBA21 (Viena), MACBA (Barcelona), Fundación Jumex (Cidade do México), Inhotim (Brumadinho), MAM-SP (São Paulo), MAM Rio (Rio de Janeiro), entre outras.

Posted by Patricia Canetti at 10:56 AM

março 26, 2019

Condo São Paulo: Guido van der Werve na Triângulo, São Paulo

A galeria Grimm tem o prazer de anunciar sua participação na Condo São Paulo, com a apresentação de três trabalhos em vídeo icônicos do artista holandês Guido van der Werve (1977, Papendrecht), recebidos pela Casa Triângulo. Esta apresentação coincide com uma apresentação solo do trabalho de Van der Werve nos dois espaços da galeria Grimm em Amsterdã.

Guido van der Werve é melhor conhecido por suas performances documentadas em vídeo, nas quais ele leva seu corpo ao limite, testando fisicamente sua tolerância, exaustão e perseverança. Cenas do artista parado de pé no Polo Norte por 24 horas, completando um triatlo de 1500 quilômetros, incendiando a si mesmo ou sendo atropelado por um carro em alta velocidade são exemplos de suas ações extremas, que recebem acompanhamento musical de sua própria autoria. Três filmes sucessivos, centrais em sua obra poética, Nummer twee, just because I’m standing here doesn’t mean I want to (2003), Nummer drie, take step fall (2004) e Nummer vier, I don’t want to get involved in this. I don’t want to be part of this. Talk me out of it. (2005), estarão em exibição na galeria em São Paulo, ao longo da duração da CONDO.

“No filme digital feito em 35mm, Nummer twee [Número dois, 2003], o artista holandês Guido van der Werve fala olhando para a câmera com um olhar jocoso, enquanto uma narrativa interna revela seu tédio “Estou parado aqui, mas não porque quero.”. Numa rua suburbana, ele caminha para trás devagar; mantém seu foco na audiência e não no trânsito e é atropelado. Uma van azul de polícia estaciona, emergem cinco jovens bailarinas que dançam o Concerto de Natal de Corelli, na frente de seu corpo inerte, tudo tendo como pano de fundo os prédios genéricos de um condomínio. Projetado sequencialmente numa grande tela de cinema, Nummer drie [Número três, 2004], e Nummer vier [Número quatro, 2005], continuam no tema: reflexões de um jovial e criativo gênio passando por uma crise existencial. Número Três começa num restaurante chinês conhecido do artista, onde oito jovens dançarinas dançam um minueto ao som de Romeu e Julieta de Prokofiev numa varanda apertada acima de um tableau vivant de clientes ocupados demais com seus pensamentos para perceber o que ocorre. Em seguida, nosso herói anda silenciosamente entre duas janelas do segundo andar, vestido de preto como um ladrão; o único som vem do trânsito que passa rápido logo abaixo. A imagem escurece na medida em que os faróis ficam mais fortes; só podemos concluir que ele esteja provavelmente prestes a pular. Finalmente, uma bailarina angelical dança um Noturno de Chopin rodeada de árvores enevoadas, iluminadas por postes de iluminação; ela não perde a pose quando, comicamente, uma árvore aleatória cai atrás dela. Todas essas justaposições poéticas constroem uma realidade poética atemporal.” –Cathryn Drake para a ArtForum

Sobre o artista

Guido van der Werve nasceu em 1977 em Papendrecht (Holanda). Ele mora e trabalha em Berlin (Alemanha), Amsterdã (Holanda) e Hassi (Finlândia). Van der Werve estudou Design Industrial na Universidade Delft de Tecnologia (Holanda); Arqueologia Clássica na Universidade de Amsterdã (Holanda); Artes Audiovisuais na Academia Gerrit Rietveld em Amsterdã (Holanda); Língua, cultura e literatura russas na Universidade de Amsterdã (Holanda); formou-se na Rijksakademie van Beeldende Kunsten em Amsterdã (Holanda); participou da International Studio & Curatorial Program (ISCP) em Nova Iorque, NY (Estados Unidos); e foi residente na Kunstlerhaus Bethanien, Berlim (Alemanha).

Van der Werve recebeu vários prêmios internacionais, entre eles o Grand Prix (Gouden Kalf) para Melhor Curta Metragem no Festival Holandês de Cinema em Utrecht (2013, Holanda); o Prix International d’Art Contemporain, Fondation Prince Pierre de Mônaco (2010, Mônaco); o Grant to Artists of the Foundation for Contemporary Arts, Nova Iorque, NY (2009, Estados Unidos) e o Volkskrant Beeldende Kunst Prijs (2007, Holanda).

Seu trabalho pode ser encontrado nas coleções de museus e instituições internacionais, tais como o Museum of Modern Art, Nova Iorque, NY (Estados Unidos); o Stedelijk Museum, Amsterdã (Holanda); o Sammlung Goetz, Munique (Alemanha); o Hirshhorn Museum and Sculpture Garden, Washington, DC (Estados Unidos); o Museum Boijmans van Beuningen, Roterdã (Holanda); o Museum Voorlinden, Wassenaar (Holanda); o Dallas Museum of Art, Dallas, Texas (Estados Unidos); o Zabludowicz Collection, Londres (Reino Unido); a Galleria d’Arte Moderna e Contemporanea, Turim (Itália) entre muitos outros.

O trabalho de Guido van der Werve aparece atualmente na exibição Freedom, de curadoria de Hans Den Hartog Jager, no Museum De Fundatie, Zwolle (Holanda). Exibições selecionadas em museus incluem o Museum of Modern Art, Nova Iorque, NY (Estados Unidos); o Stedelijk Museum Amsterdam, Amsterdã (Holanda); o Kunsthalle Basel, Basel (Suíça); o Tel Aviv Art Museum, Tel Aviv (Israel); o Seattle Art Museum, Seattle, Washington (Estados Unidos); o Kyoto City University of Arts Art Gallery, Kyoto (Japão); o Museum of Contemporary Art Taipei, Taipei (Taiwan); o Louisiana Museum of Modern Art, Humlebæk (Dinamarca) e no High Line, Nova Iorque, NY (Estados Unidos).

Futuras exibições incluem Guido van der Werve at Fluentum, Berlim (Alemanha), com uma performance em 28 de Abril de 2019 da Nummer elf, um concerto de Piano-Xadrez em três movimentos (durante o Berlin Art Weekend) e uma exibição solo nos dois espaços da galeria GRIMM em Amsterdã, que começa no dia 22 de Março (2019) com uma recepção inicial na Keizersgracht 241. Além da GRIMM, o artista estará representado pela galeria Luhring Augustine em Nova Iorque (Estados Unidos) e no Brooklin (Estados Unidos) e pela galeria Monitor em Roma (Itália) e Lisboa (Portugal).

Posted by Patricia Canetti at 12:46 PM

Sandra Cinto na Triângulo, São Paulo

Casa Triângulo tem o prazer de apresentar Noturno, sétima exposição individual da artista Sandra Cinto na galeria.

Ao longo de sua trajetória, Sandra Cinto desenvolveu um vocabulário para criar narrativas e paisagens fantásticas nas quais pontes, montanhas, abismos, escadas, balanços, candelabros, céus noturnos, mares turbulentos, cachoeiras e tempestades - traçados diretamente sobre paredes, telas e objetos tridimensionais - evocam uma metáfora da odisseia humana e puxam os limites da linguagem do desenho.

A exposição Noturno apresenta uma instalação com trabalhos inéditos e propõe uma reflexão sobre a obra gráfica da artista traçada mais especificamente a partir de 1998, onde participou da 24a Bienal Internacional de São Paulo.

Na música - linguagem recorrente usada por Sandra Cinto a fim de estabelecer relações com o desenho - o termo Noturno, pode significar uma peça para piano de expressão intimista e contemplativa, neste caso, a artista revisita alguns elementos e os incorpora numa instalação imersiva, monumental porém com caráter introspectivo:

"Em alguns momentos, é preciso rever tudo o que foi feito, para entender o próximo passo...penso que estamos passando por um momento onde precisamos olhar para tudo que fizemos, para refletirmos como queremos construir nosso futuro, decidi fazer um projeto autobiográfico, pensando minha condição de artista, meu desenho é minha voz, é como me reconheço e dialogo com o mundo."

Sandra Cinto [Santo André, Brasil, 1968. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil] realizou, nos últimos anos, exposições individuais no Contemporary Arts Center, Cincinnati e USF Contemporary Art Museum, Tampa, nos EUA e no Centro Atántico de Arte Moderno, Ilhas Canárias, na Espanha. Também participou das mostras coletivas Inequívoco, na Fundación Canaria para el Desarrollo de la Pintura, Ilhas Canárias, na Espanha; Contemporary Brazilian Art from the Museum of Modern Art, Phoenix Art Museum, Phoenix, nos EUA e QUEERMUSEU - Cartografias da diferença na Arte Brasileira, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, no Brasil.

Posted by Patricia Canetti at 11:00 AM

março 25, 2019

Consciência Cibernética [?] Horizonte Quântico no Itaú Cultural, São Paulo

Exposição apresenta obras que se aproximam da consciência cibernética

Em Consciência Cibernética [?] Horizonte Quântico, nove trabalhos de oito artistas da Áustria, Brasil, Estados Unidos, França, Reino Unido, Suíça e Turquia indicam, com olhar artístico, um futuro em que máquinas cibernéticas terão consciência e estabelecerão diálogo com os seres humanos e entre si. Em paralelo, o instituto promove um seminário para debater a arte sob o ponto de vista da inteligência artificial, da computação quântica e da poética.

Das 20h da quarta-feira 27 de março a 19 de maio, o público do Itaú Cultural pode vivenciar um tempo futuro, em que a inteligência humana se mescla à artificial e à computação quântica, em convivência natural. É o que indica a mostra Consciência Cibernética [?] Horizonte Quântico, composta de nove obras assinadas por oito artistas internacionais e do Brasil: o austríaco Thomas Feurstein, a brasileira Rejane Cantoni, o britânico Robin Baumgarten, a francesa Justine Emard, os norte-americanos David Bowen e Lynn Hershman Leeson, os suíços André e Michel Décosterd, que formam a dupla Cod.Act, e o turco Memo Akten. Veja mais

Com conceito elaborado pelo gerente do Núcleo de Inovação do Itaú Cultural, Marcos Cuzziol, pesquisa de Rejane Cantoni e projeto expográfico de Maria Stella Tedesco, em co-autoria com Renata Fernandes – ambas da ST Arquitetura –, a mostra ocupa os três andares do espaço expositivo do instituto em uma demonstração artística digna de ficção científica.

Passeando por estes pisos, o público tanto pode interagir com uma agente da web, artificialmente inteligente, quanto observar uma espécie de cobra píton gigante fechada em si mesma, que se contorce e emite sons. Ele tem a possibilidade, ainda, de mergulhar no mundo interior de uma rede neural artificial, que capta o mundo dos humanos, ou apreciar o concerto de um piano sem pianista, que executa uma partitura a partir da passagem das nuvens naquele exato momento. O visitante também encontra um vídeo performance em que uma robô-mulher aprende a dançar com um homem humano, uma instalação cibernética que simula comportamentos, além de duas criaturas, na forma de lâmpadas cirúrgicas, que observam e debatem este mundo, muitas vezes horrorizadas, e um jogo que apresenta simulações quânticas animadas.

“A inteligência artificial e a computação quântica são duas linhas de tecnologias que se desenvolvem rapidamente”, observa Cuzziol. “Elas vão além da mera ampliação de capacidades humanas, pois uma nos leva a questionar o que é de fato a inteligência, a consciência, e a outra questiona nossa própria realidade”, continua. “Parece inevitável que essas duas tecnologias se encontrem em um futuro próximo, o que torna urgente uma reflexão sobre elas”, completa.

Para dar corpo a esta reflexão, nos dias 28 e 29 (quinta-feira e sexta-feira), o instituto promove na Sala Itaú Cultural o Seminário Consciência Cibernética [?] Horizonte Quântico 2019. Em quatro mesas – duas por dia –, ele reúne especialistas, pesquisadores e artistas brasileiros e internacionais ligados à arte sob o ponto de vista da inteligência artificial, da computação quântica e da poética. Veja mais

A mostra e o seminário se inserem na linha propositiva das bienais Emoção Art.Ficial e das exposições de arte e tecnologia apresentadas pelo Itaú Cultural desde 1997. Em 2017, o instituto apresentou Consciência Cibernética [?], que teve como mote o debate a respeito da evolução das máquinas e de seus avanços em relação ao cérebro humano.

Um passo adiante da última exposição, Consciência Cibernética [?] Horizonte Quântico propõe um olhar artístico para esse dilema, trazendo obras que, em diferentes aspectos, exploram características não muito conhecidas do processamento de dados, digital ou não. São sistemas que aprendem, se auto-estabilizam, desenvolvem soluções não imaginadas por seus criadores, conversam em linguagem natural e fazem escolhas estéticas. Nenhuma das obras apresentadas no instituto têm consciência, mas cada uma delas demonstra características importantes que, em um futuro próximo, podem fazer parte de máquinas cibernéticas conscientes.

A MOSTRA

Cinco obras dividem o piso 1. Agent Ruby, da norte-americana Lynn Hershman Leeson, é dotada de inteligência artificial, tem rosto de mulher, expressões variadas e faz parte, simultaneamente, dos mundos real e virtual em interação com o público. Outra delas é Deep Meditations: A brief history of almost everything in 60 minutes, do turco Memo Akten. Esta obra é um convite para uma meditação e reflexão sobre a vida e a experiência humana subjetiva. Ela abre caminho para o observador explorar o mundo interior de uma rede neural artificial treinada, que capta o mundo real em suas nuances artísticas, a vida, o amor, os rituais de fé.

A obra Learning to see: Gloomy Sunday também é de Akten. Este trabalho explora uma possível interação homem-máquina em colaboração criativa. Trata-se de uma rede neural artificial que olha o mundo real por meio das câmeras e procura dar sentido ao que vê, inspirada pelo córtex visual humano. Ao observar um emaranhado de fios, por exemplo, ela é capaz de transformar o que vê em cenas bucólicas da natureza, reproduzindo cenas oníricas e poéticas.

Ainda neste andar encontra-se a obra Borgy & Bes, do austríaco Thomas Feuerstein. Nela, duas lâmpadas cirúrgicas transformadas em criaturas cibernéticas robóticas se movem, falam, sussurram, discutem entre si. Borgy (de Cyborg) e Bes (de Os Demônios, de F. M. Dostoiévski) discutem dados on-line de redes sociais e feeds de notícias e os executam na linguagem do escritor russo. Elas não interagem com as pessoas, porém questionam e interpretam informações e notícias para ter uma ideia do que é este mundo. A obra, foi produzida pelo laboratório Art&Science de Moscou, Rússia, e tem como parceiro o Kaspersky Lab.

Em Cloud Piano, uma instalação do também norte-americano David Bowen, a música literalmente dá o tom. Há um piano de cauda, mas não há pianista. Em seu lugar, há uma câmera apontada para o céu, que captura em vídeo a imagem das nuvens, e um software personalizado, que usa estas imagens registradas em tempo real, articulado com um dispositivo robótico que pressiona as teclas no piano. É como se as nuvens tocassem essas teclas à medida que se deslocam no céu e mudam de forma para emitir o som.

Descendo para o piso -1, estão a πTon/2 (Pyton), da dupla de suíços Cod.Act (André e Michel Décosterd), Co(AI)xistence, da francesa Justine Emard, e Quantum Garden, do britânico Robin Baumgarten. A primeira, que tem apoio de Faulhaber Drive Systems, é uma instalação sonora de 20min, com intervalos para manutenção. Ela é composta de um anel flexível fechado em si mesmo e acionado por motores de torção localizados dentro de seu corpo. Torcendo-se e virando para si mesmo, πTon se movimenta de maneira natural e imprevisível emitindo um som cuja origem é de clarinete baixo. Como uma cobra, ela se move devagar, suas contrações e dilatações produzem sons sensuais. Quando os movimentos se tornam rápidos, nervosos e brutais, emite um som ácido e agudo.

No vídeo performance Co(AI)xistence, a robô Alter é governada por redes neurais e interage com o artista japonês de dança Mirai Moriyama. Por meio de sons e movimentos, ela aprende a expressão corporal dele e tenta reproduzi-la. A partir do dialogo estabelecido com Alter, o artista realiza uma performance de dança e a provoca. Toda a interação entre os dois foi captada pela autora da obra Justine Emard no vídeo em exibição na mostra.

Quantum Garden é um jogo, uma instalação gráfica de luz interativa, que o artista britânico de jogos Robin Baumgarten desenvolveu em colaboração com uma equipe de físicos quânticos da Universidade de Turku e as escolas de Ciências e de Artes, Design e Arquitetura da Universidade Aalto, ambas da Finlândia, e patrocínio do Centro de Engenharia Quântica (CQE).

Todo o andar -2 é ocupado por QUANTUM, obra da brasileira Rejane Cantoni, uma instalação imersiva e interativa desenvolvida com pesquisa de Marcos Cuzziol, produção da equipe Itaú Cultural, desenvolvimento de software de Kenzo Okamura e Tuany Pinheiro, também integrantes do Núcleo de Inovação do instituto, e design do espaço ST Arquitetura.

Ela é composta de um dispositivo ótico; computadores; software customizado, sensores e sistema de áudio. Tem uma grande estrutura feita de 15 módulos de madeira, alinhados e conectados entre si formando uma armação tubular elipsoidal de 4.15 metros largura x 2.27 metros de altura x 15.24 metros de comprimento.

QUANTUM funciona como um simulador de comportamentos, que permite, dentro de certos limites, uma experiência imersiva e interativa na realidade quântica. Em seu interior, o teto, o piso e uma lateral são espelhados; a outra lateral funciona como tela de projeção, que exibe imagens geradas por computadores. Os espelhos refletem as imagens computacionais e as interações dos usuários. Por meio de sensores infravermelhos, a presença do público gera silhuetas digitais ao ativar mudanças no estado do sistema, nas suas telas de projeção e na dimensão sonora.

ACESSIBILIDADE E CURSO

Como já é recorrente nas atividades promovidas pelo Itaú Cultural, esta exposição contém ferramentas de acessibilidade. Todas as obras são acompanhadas de audiodescrição e de videoguias em Libras, a Língua Brasileira de Sinais. O vídeo para Co(AI)xistence, de Justine Emard, conta com legenda descritiva, além de audiodescrição. Os pisos dos três andares que formam o espaço expositivo é podotátil. Há, também, dois objetos táteis, ambos com textura e material similar. São eles: a obra πTon/2, em escala, e o túnel da obra QUANTUM para a compreensão de sua arquitetura.

Em maio, o instituto promove um curso com noções de física quântica e sobre os conceitos da mostra. De 7 a 10 daquele mês, o curso Consciência Cibernética [?] Horizonte Quântico parte de questões como a forma que a exposição afeta os visitantes e como o tema explorado pode atrevassear o cotidiano das pessoas. São dois módulos de discussão. Um é ministrado pelo doutor em física, pelo Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, Gabriel Guerrer, no qual aborda os limites da física quântica. O outro, se foca nos conceitos da exposição e tem como ministrantes Rejane Cantoni e Marcos Cuzziol. São 70 vagas para as aulas que vão das 19h às 22h, por meio de inscrições, que serão abertas de 15 a 29 de abril.

Posted by Patricia Canetti at 10:10 AM

março 24, 2019

Regina Parra no Anexo Millan, São Paulo

Uma dança imoderada. Uma boca que devora.

A tragédia grega de Eurípides é o ponto de partida para a segunda individual da artista Regina Parra na Galeria Millan. Na mostra, ela apresenta três novas séries de pintura, neons, um trabalho em vídeo e uma performance feita em parceria com a artista Ana Mazzei e com a colaboração de outras nove mulheres.

O título da exposição aparece no singular indicando que o interesse da artista não está no enredo da peça teatral mas, sobretudo, em uma personagem: a bacante.

Indomesticável e desejante, a bacante é também ser político.

Num país onde mulheres são cotidianamente espancadas, violentadas e executadas, a afirmação da potência do corpo feminino pode ser uma possibilidade de escape e resistência. Se assumir corpo-aberto-desejante. Se manter corpo-aberto-desejante, apesar de tudo.

O erotismo como força, coragem e resistência.

Regina Parra, 1984, São Paulo, SP. Vive e trabalha em São Paulo, SP.

Regina Parra dedica-se à pintura, à fotografia e ao vídeo. Sua poética atual estabelece relações entre teatro, corpo e vulnerabilidade feminina.

Nos últimos anos realizou exposições individuais em: Galeria Millan, São Paulo, SP (2016); Pivô, São Paulo, SP (2014); Galeria Effearte, Milão, Itália (2012) entre outras.

Participou de inúmeras coletivas, entre elas, destacam-se BRAZIL, Knife in the Flesh PAC Milano, Milão, Itália, (2018) e 8ª Mostra 3M de Arte no Largo da Batata, (2018) com o neon Eu preciso continuar/Não Posso continuar/Tenho que continuar/ Vou Continuar.

Sua obra, A Grande Chance, foi recentemente incorporada a coleção da Pinacoteca de São Paulo através do programa de Patronos da Arte Contemporânea e está em cartaz no museu até 17 de junho.

Foi premiada pela edital de ocupação da Fábrica de Arte Marcos Amaro, onde recentemente apresentou a exposição Eu Me Levanto.

Em 2018 participou do programa de residências artísticas Residency Unlimited, em Nova York, EUA; em 2012 foi contemplada com o Prêmio de Videoarte da Fundação Joaquim Nabuco e indicada ao Prêmio de Artistas Emergentes, Cisneros Fontanals Art Foundation, Miami, EUA.

Posted by Patricia Canetti at 1:30 PM

William Forsythe no Sesc Pompeia, São Paulo

A primeira mostra no Brasil do coreógrafo e artista visual norte-americano apresenta onze grandes obras, que convidam o público a se mover e dialogam com a arquitetura do edifício projetado por Lina Bo Bardi

Entre os destaques, está o trabalho que ocupará o Galpão com 400 pêndulos, que farão os visitantes se deslocarem de um lado para o outro, desviando dos objetos em movimento, e a obra inédita que levará todos a erguerem suas cabeças e olhar as reluzentes instruções instaladas nas passarelas do conjunto esportivo

Reconhecido mundialmente como um dos mais inventivos coreógrafos em atuação, William Forsythe, norte-americano de 69 anos, foi diretor do Ballet Frankfurt e teve sua própria companhia. Paralelamente à dança, desde o início dos anos 1990, ele vem se dedicando a uma série de trabalhos que extrapolam os palcos: os objetos coreográficos.

Para sua primeira exposição no Brasil, o multiartista representado pela galeria Gagosian escolheu o Sesc Pompeia. Realizada pelo Sesc São Paulo, com curadoria da Forsythe Produções, em colaboração com Veronica Stigger, a mostra William Forsythe: Objetos coreográficos abre na próxima terça-feira, 26 de março, ocupando diferentes espaços da unidade e em diálogo com a arquitetura do edifício projetado por Lina Bo Bardi.

“Em suas exposições pelo mundo, Forsythe costuma pensar seus objetos coreográficos em relação com o espaço da galeria ou museu em que serão instalados. Não foi diferente com o Sesc Pompeia. Tudo foi desenvolvido a partir do projeto singular de Lina Bo Bardi, tendo a preocupação de não interferir em demasia no que a própria arquitetura proporciona”, diz Veronica Stigger.

A mostra reúne onze grandes obras do artista, que unem conceitos das linguagens da dança e artes visuais e propõem a colocação do corpo em movimento a partir de estímulos prévios. “Suas obras não foram criadas para serem contempladas ou apreciadas por suas características estéticas. São objetos concebidos para estimular a ação e a percepção do corpo não coreografado, só adquirindo plena função a partir da interação com o público”, explica a colabora Veronica Stigger.

Com instruções escritas ou faladas, suas instalações e vídeos convocarão os visitantes do Sesc Pompeia a se moverem, como Insustentáveis, São Paulo (2019), desenvolvida especialmente para a exposição. Ao redor do “lago”, na Área de Convivência, um conjunto de painéis suspensos formará um círculo, sem nenhum objeto no centro, apenas uma iluminação mais intensa. Pelos painéis e fones de ouvido, o público receberá orientações para se deslocar neste espaço, como “colocar um pé na frente do outro, enquanto balança os braços em variadas direções”.

Também inédita, Instrução, São Paulo (2019) fará os visitantes erguerem suas cabeças para lerem as quatro frases instaladas nas passarelas do conjunto esportivo. As letras foram confeccionadas em paetê, seguindo a tipologia da unidade Pompeia proposta por Lina Bo Bardi. A frase mais alta, “À mercê do quê?”, estará a mais de 30 metros do chão.

“Obras que já foram exibidas em outros lugares foram reelaboradas para esta mostra, levando em consideração o espaço em que agora estariam”, afirma Stigger. É o caso de Em nenhum lugar e em todos lugares ao mesmo tempo, São Paulo (2015/2019), que ganha nova versão no Galpão. Mais de 400 pêndulos em movimento contínuo serão pendurados na área de 300 m2, fazendo o público se deslocar de um lado ao outro, numa espécie de dança para desviar dos objetos.

Cidade de abstratos (2000) será montada no Hall do Teatro. Um gigante painel de vídeo com câmera acoplada projetará as imagens dos espectadores que estão no local. Seus corpos surgirão distorcidos na tela, em formas alongadas que se movimentarão em espiral. Já Os defensores parte 3 (2009) traz um teleprompter no qual se poderá ler uma espécie de manifestos poéticos contra a inatividade. As frases, que nunca se completam, têm sempre um “nós” como sujeito. “Nós, que não achamos que ficaria assim tão ruim” e “Nós, que não queríamos interferir” são algumas delas.

William Forsythe nasceu em Nova York, em 1949, e reside em Vermont. Atuou em diversas companhias. No Stuttgart Ballet, foi nomeado coreógrafo residente em 1976, permancendo na posição por sete anos. Em 1984, iniciou um mandato de vinte anos como diretor do Ballet Frankfurt, criando em seguida a Forsythe Company, que dirigiu de 2005 a 2015.

Recebeu o prêmio de dança e performance de Nova York, o Bessie (1988, 1998, 2004, 2007), o Prêmio Laurence Olivier, de Londres (1992, 1999, 2009), o título de Commandeur des Arts et Lettres (1999) pelo governo da França, o Leão de Ouro da Bienal de Veneza (2010) e o Grand Prix de la SACD (2016), entre outros.

Seus trabalhos com instalações e vídeos foram apresentados em inúmeros museus e exposições, incluindo a Whitney Biennial (Nova York, 1997), Festival d'Avignon (2005, 2011), Museu do Louvre (Paris, 2006), Pinakothek der Moderne (Munique, 2006), Tate Modern (Londres, 2009), MoMA (Nova York, 2010), MMK - Museu de Arte Moderna (Frankfurt, 2015) e 20ª Bienal de Sydney (2016). Entre outubro de 2018 e fevereiro de 2019, apresentou a exposição “William Forsythe: Choreographic Objects” no Institute of Contemporary Art (ICA) de Boston.

Atualmente é professor de dança e conselheiro artístico do Instituto Coreográfico da University of Southern California Glorya Kaufman School of Dance.

Veronica Stigger, escritora, curadora independente, crítica de arte e professora universitária, nasceu em Porto Alegre, em 1973, e vive em São Paulo.

Doutora em Teoria e Crítica de Arte pela Universidade de São Paulo (USP), é atualmente professora de Pós-Graduação na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP).

Foi curadora de diversas exposições, incluindo “Maria Martins: metamorfoses”, no MAM-SP (2013), vencedora do Grande Prêmio da Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e do Prêmio Maria Eugênia Franco da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), além de “Variações do corpo selvagem: Eduardo Viveiros de Castro, fotógrafo”, no Sesc Ipiranga (2015) e atualmente no Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) em Portugal, e “As durações do rastro: a fotografia de Jordi Burch frente à arquitetura de Álvaro Siza Vieira”, na Fundação Iberê Camargo (2018), em Porto Alegre.

Por seu livro “Opisanie świata” (São Paulo: Cosac Naify: 2013) recebeu os prêmios Machado de Assis, São Paulo (autor estreante acima de 40 anos) e Açorianos (narrativa longa) e “Sul” (34: 2016) conquistou Prêmio Jabuti (contos e crônicas).

Posted by Patricia Canetti at 11:06 AM

Taswir - A fotografia contemporânea árabe no ITO, São Paulo

A mostra Taswir, a fotografia árabe contemporânea reúne pela primeira vez na América do Sul um importante recorte do acervo de fotografia do Institut du Monde Arabe – IMA, de Paris. Os artistas e as obras selecionadas integraram a 2ª Bienal de Fotografia do Mundo Árabe e a exposição Cristãos do Oriente – 2.000 anos de história (IMA), ambas realizadas na capital francesa em 2017 e 2018 respectivamente.

Taswir, a fotografia árabe contemporânea apresentada no Instituto Tomie Ohtake é uma parceria entre o espaço paulistano, a Câmara de Comércio Árabe-brasileira, o Consulado Geral da França em São Paulo e o Instituto do Mundo Árabe. São cerca de 70 trabalhos de 14 artistas oriundos ou atuantes em várias regiões da África, Golfo Arábico e Oriente Médio: Ahmad El-Abi (Egito); Jaber Al Azmeh (Siria); Roger Grasas (Espanha); Laila Hida (Marroco); Rania Matar (Libano); Zied bem Romdhane (Tunisia); Stephan Zaubitzer (França); Tasneem Alsultan (Arábia Saudita); Héla Ammar (Tunisia); Mohamed Abusal (Palestina); Lazare Mohamed Djeddaoui (Siria); Tanya Habjouqa (Jordania), Douraïd Souissi (Tunisia), Michele Borzoní (Itália).

O conjunto das imagens expostas e a diversidade dos artistas, ao invés de reforçarem estereótipos culturais ou se encerrarem em um único tipo de produção, exploram o “taswir” (ato de fotografar) a partir de vasta gama de assuntos e temáticas, desde questões formais e documentais até temas latentes do mundo contemporâneo, como feminismo e identidade de gênero. “Os artistas recuam, no tempo e no espaço, dos tumultos atuais. Eles se distanciam, às vezes fingem que ignoram, mas os fragmentos da realidade – seja social, histórica ou cultural – transpiram em suas imagens. De certa forma, todas essas fotografias são testemunhas dos dias conflituosos em que vivemos”, define Gabriel Bauret, curador da 2ª Bienal.

Ahmad El-Abi
Nasceu no Cairo, Egito, em 1984, onde vive e trabalha atualmente. Apesar de ter estudado medicina, dedica-se a fotografia conceitual e a direção de arte.

Jaber Al Azmeh
Nasceu em Damasco, Síria, em 1973, onde vive e trabalha atualmente. Graduou-se em Belas Artes e desde 2006 leciona na Universidade Internacional de Ciência e Tecnologia em Damasco.

Roger Grasas
Nasceu em Barcelona, Espanha, em 1970. Vive e trabalha em Riyad, Arábia Saudita. Graduou-se em fotografia e filosofia. É mestre em Estética e Teoria da Arte pela UAB.

Laila Hida
Nasceu em Casablanca, Marrocos, em 1983. Vive e trabalha em Marrakesh, Marrocos. Autodidata, é fotógrafa desde 2012 e uma das fundadoras do espaço cultural Le 18 Derb el Ferrane, em Marrakesh.

Rania Matar
Nasceu em Beirute, Líbano, em 1984. Vive e trabalha nos Estados Unidos. Estudou arquitetura e fotografia. Foi premiada com a bolsa Guggenheim em 2018.

Zied ben Romdhane
Nasceu em Túnis, Tunísia, em 1981, onde vive e trabalha atualmente. Começou sua carreira como fotógrafo comercial e em 2011, migrou para o documentário e fotojornalismo.

Stephan Zaubitzer
Nasceu em Munique, Alemanha, 1966. Vive e trabalha em Paris, França. Registra cinemas históricos abandonados, em sua maioria, da margem sul do Mediterrâneo.

Tasneem Alsultan
Nasceu em Tucson, Estados Unidos, em 1985. Vive e trabalha na Arábia Saudita. Criada entre o Reino Unido e a Arábia Saudita, fotografa particularmente para o The New York Times e National Geographic.

Héla Ammar
Nasceu em Túnis, Tunísia, em 1969, onde vive e trabalha. Além de artista, tem um Phd em Direito. É autora do livro Corridors (2014) e co-autora da pesquisa Siliana Syndrome (2013), acerca da pena de morte em seu país.

Mohamed Abusal
Nasceu na Palestina em 1976. Vive e trabalha em Gaza. Membro fundador de Eltiqa, grupo de artistas em atividade desde 2002.

Lazare Mohamed Djeddaoui
Nasceu em Puteax, França, em 1987. Vive em Paris e trabalha sobretudo entre Oriente Médio e o norte da África. Trabalhou para instituições como a UNICEF.

Tanya Habjouqa
Nasceu na Jordânia, em 1975. Vive e trabalha em Jerusalém Oriental. Foi educada nos Estados Unidos. Seu trabalho está em coleções permanentes de coleções como MFA Boston, Institut du Monde Arab, e o Carnegie Museum of Art.

Douraid Souissi
Nasceu em Túnis, Tunísia, em 1970. Vive e trabalha entre França e Tunísia. No contexto da Tunísia pós-revolucionária, faz retratos que evocam desprezo social, espiritualidade e o papel das imagens.

Michele Borzoni
Nasceu em Florença, Itália, em 1979, onde atualmente vive e trabalha. Formado em fotojornalismo e fotografia documental no Centro Internacional de Fotografia de NY, passou de 2011 a 2014 pesquisando sobre comunidades cristãs no Oriente Médio, em países como Egito, Israel, Palestina, Líbano, Iraque, Jordânia e Turquia.

Posted by Patricia Canetti at 10:31 AM

Thiago Martins de Melo na Cavalo, Rio de Janeiro

A Cavalo tem o prazer de apresentar Rasga Mortalha, primeira individual de Thiago Martins de Melo no Rio de Janeiro. Na galeria o artista maranhense apresenta trabalhos inéditos de pintura e escultura além de seu novo filme em animação, o curta-metragem que nomeia a exposição. Feito com mais de mil desenhos em stopmotion, “Rasga Mortalha” parte da lenda da coruja “Suindara” — muito contada no folclore do Norte e Nordeste — para abordar as urgências sociopolíticas do país. Crê-se que o aparecimento de seu vulto branco, seguido do grito selvagem — que lembra o som de um pano sendo rasgado ao meio —, traz consigo o signo da morte. Como vetor metafórico para pensar, e também transcender, uma visão fatalista da história do Brasil, o artista se vale dessa tradição popular para cruzar séculos de acontecimentos públicos com memórias, referências e imaginações pessoais, criando uma narrativa carregada e cortante.

As referências na obra de Martins de Melo partem de sua pesquisa em diversas fontes. Da poesia de Gonçalves Dias ao gesto de Tuíra Kayapó, do messianismo de Glauber Rocha ao conceito de necropolítica cunhado pelo pensador camaronês Achilles Mbembe, da mitologia Tupinambá à atual luta do povo Gamela no Maranhão, da literatura de cordel às guerrilhas armadas nas selvas latino-americanas, o artista constrói panoramas intrincados e simbólicos da América Latina contemporânea. Ao som de tambores e fuzis, gestos marcantes e cores fortes jorram para encenar uma voragem de cenários, personagens e acontecimentos.

Entre a violência material que desnuda a crueza da vida e a ascese espiritual que aponta para o infinito, quilombolas, índios, sertanejos, favelados, homossexuais, transexuais, artistas e todos aqueles que não encontram espaço num projeto único de Estado-nação sofrem as contínuas investidas de massacres genocidas, mas também firmam ponto na força universal das resistências e insurgências, sempre prontas para vir à tona de diferentes formas, em qualquer lugar e a qualquer momento.

Thiago Martins de Melo nasceu em São Luis do Maranhão em 1981, onde vive e trabalha. O artista participou de diversas exposições institucionais, tais como: Queermuseu - Cartografias da diferença na América Latina, Santander Cultural, Porto Alegre (2017); 6° Prêmio Marcantonio Vilaça, MuBE – Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia, São Paulo (2017); Soft Power. Arte Brasil, Kunsthal Kade, Amersfoort (2016); Dakar Biennale, Dakar, (2016); Histórias da Infância, MASP, Museu de Arte de São Paulo, São Paulo (2016); Entre-temps... Brusquement, et ensuite, 12e Biennale de Lyon, Lyon (2013); Imagine Brazil, Astrup Fearnley Museet, Oslo (2013); Convite à Viagem – Rumos Artes Visuais, Paço Imperial, Rio de Janeiro (2012); To be with art is all we ask, Astrup Fearnley Museet, Oslo (2012); Dos Percursos e das Poesias, Museu de Arte Contemporânea do Ceará, Fortaleza (2012). Seu trabalho está presente nas coleções: Astrup Fearnley Museet (Oslo, Noruega), ICA – Miami Institute of Contemporary Art (Miami, EUA), Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM (Rio de Janeiro), Thyssen-Bornemisza Art Contemporary (Viena, Áustria), MAR-Museu de Arte do Rio (Rio de Janeiro), entre outras.

Posted by Patricia Canetti at 10:03 AM

Sonia Guggisberg na Embaixada do Brasil em Atenas, Grécia

“...A pesquisa de Sonia Guggisberg diz respeito ao redesenho de identidades empreendido por milhares de migrantes que deixam a terra natal e se lançam ao mar, sem certezas nem destino...”
Christine Greiner
Curadora

A artista Sonia Guggisberg abre a exposição Silêncios, com curadoria de Christine Greiner (ler texto curatorial), dia 27 de março, na Embaixada do Brasil em Atenas, na Grécia.

A exposição abrigará um conjunto de obras instalativas: Adesivagem nos vidros, fotos e vídeos. Entre eles a instalação “Travessia”, com projeção e som com cantos gravados nos Campos de refugiados e Mapas com os desenhos de seus trajetos percorridos até a Grécia.

Serão exibidos ainda 2 filmes. “Ponto de Encontro” e “Campo Skaramanga”, que traz imagens captadas dentro dos campos de refugiados Kastikas (Ioanninna no norte da Grécia) e Skaramanga (Atenas), e mostra o estado de suspensão que se apresenta dentro dos campos.

Algumas das obras que estarão expostas

Travessia
Loop, 4.43 min. 2017
Video sound installation

Neste projeto de Instalação, imagem e som mostram uma forma de expor a realidade das migrações contemporâneas sobre a Travessia. Trata-se de um trabalho com base documental onde a imagem reproduz o trajeto da Sicília para ilha de Lampedusa. No vídeo, vê-se a projeção de uma escotilha que chacoalha e reproduz o balanço real do barco. Na trilha sonora, músicas trazidas pelos refugiados de seus países de origem são misturadas aos ruídos do barco. Este conjunto de sons e imagem traduzem o transbordamento de uma realidade que não se faz palavras.

Ponto de Encontro
9 minutos. 2017.
Filme

Filmado no centro de Atenas em dezembro de 2015, finalizado em 2017. O filme mostra a cena de um senhor grego tocando e cantando uma música tradicional grega intercalada com o depoimento de um refugiado afegão que descreve, em plena exaustão, como está sua vida após a travessia e o fechamento da fronteira.

Campo Skaramanga
9”32’ minutos. 2017.
Filme

Com imagens captadas dentro dos campos de refugiados Kastikas (Ioanninna no norte da Grécia) e Skaramanga (Atenas), este filme mostra o estado de suspensão que se apresenta dentro dos campos. Em locais afastados dos centros urbanos e mantidos com fundos da União Européia, os refugiados se encontram confinados em containers ou barracas. Vivem o luto de suas famílias, a falta de suas casas e amigos, a ausência de nacionalidade e de documentos, a escassez financeira e a impossibilidade de um horizonte novo a curto prazo. O filme mostra pessoas contando sobre seus sonhos e desenhando seus trajetos de onde vieram. Falam de suas experiências e apontam para onde desejam ir. As cenas são captadas com som direto e intercaladas com músicas trazidas de seus países de origem.

Sonia Guggisberg é suíço brasileira, nascida em São Paulo em 1964. Doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP – Bolsa Fapesp) e Mestre em Artes pela Universidade Federal de Campinas ( Unicamp- Bolsa Capes). Guggisberg atua como artista, videomaker e pesquisadora participando de mostras coletivas e Individuais, palestras e workshops no Brasil e em outros países desde a década de 90. Hoje se dedica ao projeto de pesquisa: Subsolo urbano e social em São Paulo apresentando questões sobre o redesenhar da cidade e de suas identidades. Seus trabalhos são em fotografia, site specific, instalação em vídeo e som, e documentário experimental. Já realizou 16 exposições individuais e, além do Brasil, seus trabalhos já foram exibidos nos EUA, na Alemanha, México, Colômbia, Espanha e França. Possui obras nas no acervo do Museu Lasar Segal, Museu de Arte Contemporânea de SP, SESC, Pinacoteca, Museu da cidade de São Paulo e Instituto Figueiredo Ferraz entre outros. Em 2015 a artista ganhou o Prêmio Brasil de Fotografia (Porto Seguro): Ensaios, desenvolve o projeto coletivo Sistemas Ecos, vive e trabalha em São Paulo.

Christine Greiner é professora livre-docente em Comunicação e Artes pela PUC-SP e pesquisadora de produtividade cientifica nível 2 no CNPq. Ensina no Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica, onde coordena o Centro de Estudos Orientais; e no curso de Comunicação das Artes do Corpo. Desde 1998, tem realizado estágios de pesquisa e pós-doutorados em universidades no Japão, nos Estados Unidos e na França, com apoio da Fundação Japão, do Centro Nichibunken e Capes/Fullbright, entre outras. Desde 2003, dirige a coleção Leituras do Corpo na editora Annablume e é autora dos livros Fabulações do corpo japonês e seus microativismos (2017), Leituras do Corpo no Japão (2015), O Corpo em Crise (2010) e O Corpo, pistas para estudos indisciplinares (2005), entre outros. Foi curadora das exposições Primeira Pessoa (2006, Itaú Cultural), em parceria com Agnaldo Farias; Tokyogaqui, um Japão Imaginado (2008, Sesc-Paulista), Revolta da Carne (2009, Sesc-Consolação) e Hosoe, corpos de imagens (2010, Sesc-Consolação) em parceria com Ricardo Muniz Fernandes, entre outras. Os temas principais de sua pesquisa são microativismos, artes e filosofia do corpo.

Posted by Patricia Canetti at 9:11 AM

março 20, 2019

A Casa do Parque: São Paulo ganha nova casa de cultura em frente ao Parque Villa-Lobos

Programação de abertura inclui exposição de arte contemporânea, debates sobre colecionismo e outras atividades

A Casa do Parque é uma nova casa paulistana de cultura, idealizada pela colecionadora Regina Pinho de Almeida. Com abertura marcada para 23 de março, quando acontecerá o vernissage da exposição Tensão relações cordiais, com curadoria do crítico de arte Tadeu Chiarelli, A Casa do Parque oferece uma programação cultural e de cursos de alta qualidade, com exposições de arte, oficinas, palestras, ciclos de debates e projetos especiais em torno de arte, cultura e conhecimento.

A Casa do Parque está localizada em frente ao Parque Villa-Lobos. A coordenação da programação cultural, que ao longo do ano realizará eventos fora da Casa do Parque, como o Festival Literário do Parque Villa-Lobos, é do editor Paulo Werneck.

Programação de abertura

Para a abertura ao público, marcada para o fim de semana de 23 e 24 de março, a equipe da Casa do Parque preparou uma exposição, um ciclo de debates sobre colecionismo de arte contemporânea e jornadas abertas de dança e comida & cultura, temas que estão presentes na programação de cursos da Casa do Parque. Todos esses eventos são gratuitos.

Exposição de arte contemporânea

O crítico Tadeu Chiarelli foi convidado a inaugurar a Galeria do Parque com a mostra Tensão relações cordiais, um recorte muito pessoal da coleção de Regina Pinho de Almeida.

O título da exposição evoca os diversos tensionamentos intrínsecos a uma coleção de arte e ao gesto do colecionador, desde aqueles que se produzem entre as obras, ao serem dispostas lado a lado, até as tensões próprias da sociabilidade do mundo da arte e das instituições, que se dão entre curadores e colecionadores, artistas e gestores, público e instituições, vida privada e interesse público.

Tensão relações cordiais apresenta obras de 42 artistas. O projeto expográfico do arquiteto Pedro Mendes da Rocha transforma a Galeria do Parque em uma "caverna" que joga luz de forma dramática sobre cada obra individualmente.

A ênfase está menos no conjunto ou na suposta temática comum às obras e mais nos atritos e conexões inesperadas que se criam entre trabalhos aparentemente sem relação entre si. Algumas obras, diz o curador, convidam a um mergulho em sua espacialidade; outras como que nos repelem para fora de seus limites.

A Galeria do Parque será ocupada por outros projetos em 2019: está prevista para o segundo semestre uma mostra da artista plástica paulistana Edith Derdyk. As exposições têm um serviço educativo gratuito, voltado a visitas de escolas de toda a cidade, que se dedicará a sensibilizar o público para experiência artística, estimulando aspectos sócio-emocionais em públicos de diferentes idades e trazendo referências para professores e arte-educadores.

Ciclo de debates

O ciclo de debates Dinâmicas do Colecionismo de Arte Contemporânea, que tem início em 25 de março, na Casa do Parque, é fruto de uma pesquisa de fôlego desenvolvida por Nei Vargas da Rosa na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e realizada com uma bolsa concedida pelo Instituto de Cultura Contemporânea (ICCo). Vargas fez um raio-X de todas as artes e ofícios ligados ao colecionismo de arte contemporânea.

Com 30 convidados e cinco dias de debates, sempre a partir das 18h, o ciclo reunirá expoentes de instituições de arte brasileiras, colecionadores, representantes de museus e fundações públicos e particulares, advogados, especialistas em seguro, em estratégias de financiamento, galeristas, editores, advisers e outros profissionais.

Esse panorama do que há de melhor no colecionismo de arte contemporânea no Brasil revela um setor dinâmico, altamente profissionalizado, relevante para a cultura e para a economia criativa do país.

Programação de cursos

Além da programação cultural, A Casa do Parque oferece uma programação de cursos elaborada pelo artista plástico e educador Claudio Cretti. Mesclando artes, botânica, dança, design, arquitetura e cozinha, a programação foi concebida para fazer pensar com a cabeça e o corpo inteiro, ao combinar, num mesmo curso, técnicas artesanais, saberes tradicionais e abordagens inovadoras sobre a experiência artística. O público alvo são pessoas não especializadas, interessadas em desenvolver trabalhos manuais que despertem reflexões, mobilizando o corpo e o intelecto.

A programação de cursos terá início em abril. Em 23 e 24 março, para celebrar a abertura dos trabalhos, A Casa do Parque vai promover uma jornada aberta com dois desses cursos programados.

As professoras Uxa Xavier, do projeto Dançando Juntos, e Priscila Vieira e Ariela Doctors, do projeto Comida & Cultura, vão dar as boas-vindas ao público do bairro e frequentadores do parque com atividades gratuitas, abertas a todos, durante um fim de semana.

A Casa do Parque

Idealizada e fundada por Regina Pinho de Almeida, A Casa do Parque representa um novo passo na atuação de uma família presente no mundo das artes e da cultura que remonta à Semana de Arte Moderna, em 1922, que teve entre seus participantes o poeta Tácito de Almeida.

O Instituto de Cultura Contemporâneo (ICCo), fundado por Regina Pinho de Almeida em 2010, realizou exposições de arte e poesia, como REVER, sobre a vida e a obra de Augusto de Campos, no Sesc Pompeia, e a edição fac-similar da revista modernista Klaxon, marco da literatura brasileira, lançada originalmente em 1922.

Com A Casa do Parque, o ICCo abre sua sede ao público e expande sua atuação institucional para a arte educação, o pensamento e o debate multidisciplinar.

Como chegar

A Casa do Parque está localizada em frente ao Parque Villa-Lobos, na Zona Oeste de São Paulo, no bairro de City Boaçava.

A melhor forma de chegar é a pé, se você estiver no Parque Villa-Lobos, ou de bicicleta, pela ciclovia que vai da avenida Faria Lima, passa pelo Largo de Pinheiros e pela Praça Panamericana, terminando no parque.

Outra forma esperta de chegar é de táxi ou transporte público – além das linhas de ônibus que passam em frente à Casa, é possível chegar de trem, pela linha Estação Villa-Lobos Jaguaré.

Pedimos que evite ao máximo vir de carro, pois A Casa do Parque não tem estacionamento nem possui serviço de valet.

Posted by Patricia Canetti at 11:29 AM

Lançamento da Plataforma eXtremidades no MAM, São Paulo

O Grupo de Pesquisa Extremidades: redes audiovisuais, cinema, performance e arte contemporânea, coordenado por Christine Mello, e integrante da Linha de Pesquisa Regimes de Sentido nos Processos Comunicacionais do Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica da PUC-SP realiza o lançamento de sua plataforma digital, www.extremidades.art.

23 de março de 2019, sábado, a partir das 17h

Museu de Arte Moderna de São Paulo
Av. Pedro Álvares Cabral s/n portão 3, Parque Ibirapuera, São Paulo, SP
Entrada gratuita, estacionamento no local (Zona Azul: R$ 5,00 por 2h), acesso para pessoas com deficiência

Com arquitetura do site e linguagem visual de João Simões, programação de Andrei Thomaz, produção de Fernanda Oliveira e Paula Squaiella, a plataforma digital foi planejada em conjunto com pesquisadores, curadores e artistas. O evento pretende lançar o site eXtremidades, bem como os processos para seu desenvolvimento e execução. A plataforma traz uma série de experimentos críticos das redes audiovisuais, do cinema, da performance e da arte contemporânea, que buscam falar de práticas em crise, atravessadas por procedimentos de desconstrução, contaminação e compartilhamento.

Na ocasião, além do lançamento do site, estão previstas a exibição do filme BR_RIP de Carlos Eduardo Nogueira e de vídeos do coletivo Quarta Pessoa do Singular, performances de Dudu Tsuda, Lucas Lespier e Juliana Garzillo, assim como experimentos em 360º de Felipe Neves. Está prevista também a divulgação da primeira edição da Coleção Extremidades: experimentos críticos, publicada pela Editora Estação das Letras e Cores, organizada por Christine Mello, que reúne uma série de ensaios que evidenciam as linguagens limítrofes e em transformação no campo das artes e práticas midiáticas.

Programação:

17h: Abertura e debate

18h: Exibição de filme e vídeos

19h: Experimentos em 360º, performances e coquetel

Sobre o Grupo de Pesquisa Extremidades: redes audiovisuais, cinema, performance e arte contemporânea: Coordenado por Christine Mello, o Grupo de Pesquisa Extremidades faz parte da Linha de Pesquisa Regimes de Sentido nos Processos Comunicacionais do Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica da PUC-SP. O grupo desenvolve atividades abertas ao público e reuniões quinzenais de pesquisa relacionados às novas estéticas, práticas sociais e modelos de produção artísticos e multimídia, revertidas em produção acadêmica, curatorial e artística. Os membros do grupo têm participado de congressos e residências no Brasil e no exterior e publicado os resultados de seus estudos, sob a forma de livros, capítulos de livros e artigos.

Sobre o Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica da PUC-SP: Criado em 1970 o Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PEPGCOS/PUC-SP) é um dos mais antigos na área de Comunicação no Brasil. Em sua longa trajetória de 45 anos, o programa tem registrado repercussões na sociedade civil, em termos de impacto intelectual, cultural e artístico. Seu objeto de estudo são os processos comunicativos que se realizam através de mediações codificadas, tecnológicas ou não, estabelecendo dinâmicas culturais e interativas individuais, coletivas ou massivas. Nesses processos, a Comunicação encontra na Semiótica um indispensável arcabouço teórico e metodológico de interpretação científica.

Posted by Patricia Canetti at 11:03 AM

Alemanha recebe a exposição O Poder da Multiplicação promovida pelo Goethe-Institut Porto Alegre

Coletiva com 14 artistas contemporâneos brasileiros e alemães lança catálogo com debate entre o curador da mostra Gregor Jansen e Andreas Schalhorn (curador de arte moderna e contemporânea do Kupferstichkabinett Berlim)

Depois de passar pelo MARGS - Museu de Arte do Rio Grande do Sul em 2018, a exposição O Poder da Multiplicação | Die Macht der Vervielfältigung segue agora para o Leipziger Baumwollspinnerei, em Leipzig, na Alemanha. Promovida pelo Goethe-Institut Porto Alegre, a mostra apresenta mais de 80 obras, entre gravuras, vídeos, instalações, street art, fotografias e obras em 3D e realidade aumentada, de 14 artistas contemporâneos brasileiros e alemães - como Carlos Vergara, Hanna Hennenkemper, Helena Kanaan, Ottjörg A.C., Regina Silveira, Vera Chaves Barcellos, Thomas Kilpper e Xadalu. A exposição pode ser visitada de 28 de fevereiro a 23 de março, com entrada franca.

No dia 1º de março será realizada uma visita guiada com o curador da exposição, Gregor Jansen, e artistas. A estimativa é que pelo menos 12 dos 14 artistas da exposição estejam presentes na visita.

No encerramento da exposição, dia 23 de março, das 15h às 17h, acontece o lançamento do catálogo O Poder da Multiplicação | Die Macht der Vervielfältigung, no âmbito da Feira do Livro de Leipzig. Na ocasião, o curador Gregor Jansen participa de um debate com Andreas Schalhorn (curador de arte moderna e contemporânea do Kupferstichkabinett Berlim), com mediação de Ludwig Seyfarth (historiador de arte e jornalista, curador da Fundação KAi 10 / Arthema em Düsseldorf). Em edição colorida e bilíngue (português-alemão), o catálogo de 264 páginas já foi lançado no Brasil pela editora Estação Liberdade e será distribuído na Alemanha pela editora Kerber.

Trinta anos após o surgimento dos meios digitais - que tornaram naturais o acesso à informação e à reprodução (Copy & Paste) -, as questões a respeito da arte reprodutível em larga escala voltam a ser discutidas. Segundo Gregor Jansen, reproduções, tiragens múltiplas ou cópias são instrumentos de comunicação contra o conceito autoritário de originalidade. Elas servem à propagação em massa, inclusive de propaganda dos mais variados matizes. A base para essa discussão tem suas raízes no século XV, quando surgiram as primeiras problematizações a respeito do original e as suas reproduções, e quando a tipografia, a xilogravura e a gravura produziram cópias pela primeira vez. Os 14 artistas contemporâneos do Rio Grande do Sul e da Alemanha presentes na mostra refletem sobre o que isso significa para a arte e qual o seu papel social na era digital, e lidam com essas questões de maneiras muito diversas.

A exposição traz, ainda, uma sessão especial, intitulada O jornal como obra de arte. São edições especiais dos jornais diários alemães Süddeutsche Zeitung, Frankfurter Allgemeine Zeitung e Die Welt, criadas por artistas como Anselm Kiefer, Jenny Holzer, Sigmar Polke, Gerhard Richter, Georg Baselitz.

A mostra faz parte de um amplo projeto desenvolvido pelo Goethe-Institut Porto Alegre no campo da arte impressa, que inclui website, catálogo, videogame e uma série atividades paralelas, como debates e visitas mediadas.

O projeto O Poder da Multiplicação é realizado pelo Goethe-Institut Porto Alegre com a colaboração de parceiros locais e da Europa, como MARGS - Museu de Arte do Rio Grande do Sul, UFRGS - Instituto de Artes, Pinacoteca Barão de Santo Ângelo, Museu do Trabalho, Associação Cultural Vila Flores e Leipziger Baumwollspinnerei.

A edição da exposição no MARGS ganhou o XII Prêmio Açorianos de Artes Plásticas, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, na categoria Melhor Exposição Coletiva de 2018.

Posted by Patricia Canetti at 9:45 AM

março 19, 2019

Atelier 17 e a Gravura Moderna nas Américas no MAC USP, São Paulo

O Museu de Arte Contemporânea da USP e a Terra Foundation for American Art (EUA) apresentam a exposição Atelier 17 e a Gravura Moderna nas Américas, reunindo 56 obras em gravura do MAC USP e de três instituições norte-americanas (a própia Terra Foundation, o Brooklyn Museum e o Art Institute of Chicago). Realizadas entre 1910 e 1960, período marcado por uma onda de inovação e experimentação na gravura, as obras ilustram o vasto elenco de possibilidades técnicas e visuais, métodos, processos e materiais do campo expandido da gravura moderna. A ideia da mostra partiu da pesquisa de dissertação de mestrado de Carolina Rossetti de Toledo, que assina a curadoria ao lado de Ana Gonçalves Magalhães e Peter John Brownlee, sobre um grupo de 25 gravuras norte-americanas da coleção do MAC USP, doadas por Nelson Rockfeller ao antigo MAM-SP em 1951, e que pela primeira vez serão apresentadas ao público em seu conjunto.

O Atelier 17 foi um estúdio coletivo dirigido por artistas e fundado pelo britânico Stanley William Hayter, que inicialmente se estabeleceu em Paris e se mudou para Nova York após a invasão da França pela Alemanha em 1940. Hayter promovia um vigoroso ambiente de colaboração e seu estúdio tornou-se altamente influente, atraindo a atenção de muitos artistas internacionais, entre os quais brasileiros como Lívio Abramo e Geraldo de Barros, cujos trabalhos estão na exposição ao lado de seus pares norte-americanos. O estúdio de Hayter chamou a atenção pela estrutura não convencional que implantou, trocando a relação mestre-aluno por um espaço para experimentação de novas técnicas e métodos inovadores de gravura. O Atelier 17 configurou-se como um centro para artistas com diferentes formações e de diversos países. “Enquanto alguns artistas desenvolveram no estúdio um trabalho breve, mas influente, outros mantiveram uma colaboração de longo prazo”, apontam os curadores.

John Ferren e artistas mais jovens, como Jackson Pollock e Louise Nevelson, frequentaram o Atelier 17, além de outros nomes como Minna Citron, Sue Fuller e Ann Ryan, reforçando a presença significativa de mulheres no estúdio. Para os curadores, “a história do Atelier 17 - e sua contribuição para a elevação do status da gravura como um meio valorizado para a expressão criativa das ideias e estética modernistas - oferece novas perspectivas contemporâneas que nos permitem reavaliar as formas de promover e produzir arte hoje”. Além da exposição, o Museu promove a Conferência Internacional Atelier 17 - a Gravura no Brasil e nos Estados Unidos: 1900 a 1950 (11 e 12 de abril) e o mini-curso As Mulheres do Atelier 17 (15 a 18 de abril), com a curadora independente norte-americana Christina Weyl.

Posted by Patricia Canetti at 12:07 PM

Paulo Bruscky na Carbono, São Paulo

O artista pernambucano Paulo Bruscky apresenta na mostra Di Paulos: retrospectiva de um artista múltiplo, arquivista de um Banco de ideias e que não pede permissão, com curadoria de Galciani Neves, uma seleção de trabalhos múltiplos e peças gráficas como publicações, cartazes, anúncios, obras conceituais, gravuras, fotografias, objetos e panfletos produzidos ao longo de seus mais de 50 anos de carreira.

O título da mostra foi retirado de uma obra do artista de 1978, composta por uma cartela de botões com linhas, em que constam as palavras Di Paulos. Essa pluralidade se relaciona com sua trajetória e os inúmeros procedimentos de criação que já experimentou. "Nesta exposição, o público poderá ver os muitos Paulos que existem em mim", conta o artista.

Na exposição retrospectiva, serão exibidos trabalhos de categorização híbrida e que acontecem, conceitualmente, entre a poesia visual, a performance e intervenções no espaço urbano. São trabalhos que já ocorreram em circuitos artísticos alternativos, como os classificados dos jornais, via correio ou em locais destinados a anúncios comerciais em espaços públicos, como também foram distribuídos a transeuntes, promovendo conexões entre arte e cotidiano.

Toda essa diversidade de experimentações gráficas, tanto do ponto de vista das técnicas de produção (fotocópia, impressão digital, carimbo etc) quanto de seus modos de circulação, desafia os sistemas políticos, artísticos e culturais e coloca em questão, com sua efemeridade e multiplicidade, o estatuto de unicidade e originalidade da arte.

Assim, o público poderá ver trabalhos que reelaboram o lugar de fruição da arte e subvertem o entendimento do gesto do artista como constitutivo de um projeto artístico, já que solicitam a participação do público, dos transeuntes, do leitor e se infiltram na cidade, no cotidiano, nos processos mais íntimos de percepção. Humor, acaso, política, ironia, denúncia e informação são a tônica desses trabalhos que reafirmam a frase do artista: “Arte é feita para circular”.

Paulo Bruscky, Recife, 1949 - Vive e trabalha em Recife, Brasil. Pioneiro na utilização de mídias contemporâneas, como a arte postal, audioarte, videoarte e xerografia no Brasil, Paulo Bruscky é um dos maiores artistas conceituais na arte brasileira.

Bruscky tem participado de diversas exposições no Brasil e no exterior, incluindo inúmeras bienais, como as 16ª, 20ª, 26ª e 29ª edições da Bienal de São Paulo (1981, 1989, 2004 e 2010) e a 10ª Bienal de La Habana, Cuba (2009), entre outras. Individuais recentes incluem: Paulo Bruscky, Galeria Nara Roesler, São Paulo, Brasil, e Nova York, EUA, ambas em 2017; PaLarva - Poesia Visual e Sonora, Caixa Econômica Federal, Recife, Brasil, 2016-17; Paulo Bruscky: Artist Books and Films, 1970-2013, The Mistake Room, Los Angeles, EUA, 2015, Another Space, Nova York, EUA, 2015, e Galeria Nara Roesler, São Paulo, Brasil, 2014; Paulo Bruscky, Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), São Paulo, Brasil, 2014; Paulo Bruscky: Art Is Our Last Hope, Phoenix Art Museum, Phoenix, EUA, 2014, e The Bronx Museum, Nova York, EUA, 2013. Coletivas recentes incluem: “L'oeil écoute”, projeto no Centre Georges Pompidou, Paris, França, 2017-18; 9ª Fuso - Festival Anual de Vídeo Arte Internacional de Lisboa, Lisboa, Portugal, 2017, na qual foi o homenageado da edição; 57ª La Biennale di Venezia - Viva Arte Viva, Veneza, Itália, 2017; e Xerografia: Copyart Brazil, 1970-1990s, University Galleries, University of San Diego, San Diego, EUA, 2017, parte do II Pacific Standart Time: LA/LA. Possui obras em importantes coleções institucionais, como: Museu d’Art Contemporani de Barcelona, Barcelona, Espanha; Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), São Paulo, Brasil; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), São Paulo, Brasil; Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil; Solomon R. Guggenheim Museum, Nova York, EUA; Stedelijk Museum, Amsterdam, Holanda; Tate Gallery, Londres, RU; The Museum of Modern Art (MoMA), Nova York, EUA; entre outros.

Ao longo de sua carreira, foi contemplado com diversos prêmios. Em 2009, foi anistiado e recebeu o título de Cavaleiro da Ordem do Mérito Cultural, maior honraria do governo brasileiro, e, em 2011, foi homenageado com o prêmio hors concours de arte e tecnologia do Instituto Sergio Motta.

Iniciando sua trajetória na década de 1960, Bruscky vai manter contato próximo e corresponder-se com o grupo Fluxus e Gutai, dos quais possui o maior acervo da América Latina. Desde suas primeiras incursões artísticas, afirma-se como artista conceitual e, durante os anos 1970, carregará sua obra com intenso conteúdo político como forma de protesto ao sistema ditatorial brasileiro. Homenageia também, em seus trabalhos, artistas como John Cage e Duchamp, e, em performance de 1978, pergunta aos seus espectadores “O que é arte, para que serve?”, e reforça esse tipo de questionamento em outros trabalhos como Confirmado: é arte ou É a arte reversível?.

Paulo Bruscky foi responsável por renovar a cena artística nacional dos anos 1970 e por inserir na arte brasileira outros tipos de mídias como xerox, fax, carimbo, artdoor, entre outras. O artista desenvolve, através do uso de palavras e intertextualidade, um trabalho carregado de significado. Através da arte correio ele pôde burlar a censura durante os anos 1970 dentro do Movimento Internacional de Arte Correio. As questões de original e cópia, muito presentes na arte contemporânea, também se tornam visíveis em trabalhos como Arte com firma reconhecida. Nos anos 1970, Bruscky também faz experimentações relacionadas ao corpo e novas tecnologias, inclusive da área médica, como o conjunto de obras Meu cérebro desenha assim, Sentimentos: Um poema feito com o coração, Autum Radium Retratum, entre outros. Seu pioneirismo também está inserido na fotolinguagem dos anos 1970, através de séries como Alto retrato, Dados biográficos, O eu comigo, AlimentAção e MinoPaulo.

Posted by Patricia Canetti at 11:24 AM

Artur Lescher na Pina Estação, São Paulo

A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, apresenta, de 23 de março a 24 de junho de 2019, a exposição Artur Lescher: Suspensão, que ocupa o 4º andar da Pina Estação. Com curadoria de Camila Bechelany, a retrospectiva pontua os momentos mais importantes da trajetória do artista reunindo um conjunto de cerca de 120 trabalhos, incluindo instalações, esculturas, maquetes e cadernos de desenho. A mostra propõe evidenciar como, desde o início da carreira, Lescher tem testado a aplicação das noções de gravidade, a partir da engenharia e da matemática, na construção de uma poética particular.

A obra escultórica de Artur Lescher (São Paulo, 1962) começou a chamar a atenção da crítica após sua participação na 19ª Bienal de São Paulo, em 1987. Desde então, o artista tem explorado a relação com o espaço expositivo em que se apresenta, caracterizando-se por intervir de maneira sutil nesse ambiente, de modo a fornecer ao observador alguma memória daquele lugar. Nesse sentido, seus interesses vão desde o modelismo até a astrologia, passando pela matemática, pela arquitetura e pela mitologia. Para a exposição na Pinacoteca, seus mais de 30 anos de pesquisa foram divididos em três eixos/salas: (1) Narrativas líquidas, que trata das potencialidades e dos desafios dos materiais; (2) Suspensão, sobre a verticalidade na escultura; e (3) Engenharia da memória, que apresenta a investigação do artista em direção à uma reescrita e construção imaginária da cidade.

No eixo Narrativas líquidas, constam esculturas que oferecem um contraponto à imagem orgânica da natureza. As obras da série Rios (2004-2019), por exemplo, assemelham-se a cachoeiras e cursos de rios, e, mesmo tendo sido construídas com materiais sólidos ou brutos como feltro, papel, madeira, aço e pedra, ainda assim evocam transparência e fluidez. “O material não é utilizado como suporte, ele desafia a forma e explora a realidade espacial, seja pelo equilíbrio, seja pela massa que carrega ou ainda pela sua resistência”, define a curadora.

Para conceber suas obras, o artista parte sempre do desenho à mão livre ou de uma maquete, para, em seguida, escolher o material. Posteriormente, este é trabalhado por meio de procedimentos semi-industriais – como solda, polimento e galvanização – para finalmente suspender a obra, arrematando assim as tensões do trabalho. Os projetos que utilizam a gravidade para experimentar o volume no espaço e os pêndulos estão reunidos no eixo Suspensão. “Ali podemos ver o desafio do peso, a resistência do material e a relação com o espaço público e a posição do espectador, questões caras ao artista”, resume Bechelany.

“A verticalidade das peças sugere a tentativa de atingir outro mundo, de escapar, de viajar. Os pêndulos também se relacionam a um imaginário cosmogônico ou um interesse pela leitura do céu. Cada obra é como um ponto de referência e o conjunto de pêndulos atua como um mapa imaginário do céu sobre nossas cabeças”, explica a curadora. A elegância do desenho e a perfeição executiva de Lescher, que explora, sobretudo, a dualidade peso-leveza, apontam para um fértil diálogo com tradições da escultura brasileira, notadamente com a obra de Waltercio Caldas. “Em Lescher são o empirismo e a percepção que comandam e justificam as proporções e as escalas nas quais as obras são desenhadas e desenham o espaço”, completa ela.

Para o escritor Juliano Garcia Pessanha, que assina texto para o catálogo da mostra, “adentrar o silêncio das paisagens incomuns de Lescher é expor-se a um chamado de elevação, pois as formas e as geometrias criadas por ele remetem ao alto e a um jogo de conexões com o que está em cima. Sua coragem está em reivindicar o acima quando todos parecem disputar a raiz e o embaixo”.

Por fim, a última sala, dedicada à construção de realidades imaginadas e a relação com o espaço urbano sob o eixo Engenharia da memória traz, como preâmbulo, cerca de 50 maquetes e cadernos de estudos. Estes são exibidos pela primeira vez ao público e visam constituir uma leitura aprofundada e inédita do processo de trabalho de Lescher. Ainda no mesmo espaço, é exibida a instalação Nostalgia do engenheiro (2014), uma homenagem a Giorgio De Chirico formada por 16 objetos em metal e madeira sobre uma base que se refere aos espaços metafísicos imaginados pelo artista italiano em suas pinturas.

CATÁLOGO

Artur Lescher: Suspensão é complementada com um catálogo que inclui uma entrevista conduzida por Lilian Tone, na qual o artista revisa a própria carreira. A edição conta com imagens de obras da mostra, além de outras obras de referência documental. Apresentadas nesta exposição pela primeira vez ao público, as maquetes e os cadernos de estudos que ilustram o método de trabalho do artista, também compõem o livro, que possui textos de Camila Bechelany, curadora da mostra, e Juliano Pessanha.

AÇÃO EDUCATIVA

O Núcleo de Ação Educativa (NAE) da Pinacoteca oferece formação e material especial para professores, além de um recurso educativo à disposição dos visitantes na entrada da exposição. Sábados, domingos e feriados, das 10h30 e 14h30, na Pina Estação. Grupo de até 20 pessoas. Não é necessária inscrição, apenas apresentar-se na recepção do museu. As visitas educativas durante os dias de semana acontecem de 30 de março a 24 de junho, e podem ser agendadas pelos números (11) 3324-0943 e (11) 3324-0944.

SOBRE ARTUR LESCHER

Artur Lescher nasceu em São Paulo, Brasil, em 1962, onde vive e trabalha. Participou das 19ª e 25ª edições da Bienal Internacional de Arte de São Paulo, São Paulo/SP, Brasil (1987 e 2002), e da 5ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre/RS, Brasil (2005). Expôs em diversas coletivas na América Latina, na Europa e nos Estados Unidos, além de duas mostras individuais, a primeira no Instituto Tomie Ohtake (ITO), São Paulo/ SP, Brasil (2006), e a segunda no Palais d’Iéna, Paris, França (2017).

Posted by Patricia Canetti at 10:37 AM

Alfredo Volpi e Bruno Giorgi na Pinakotheke, São Paulo

Foram dez anos de pesquisas para construir uma exposição sobre a amizade entre dois grandes mestres da arte brasileira do século XX. Estética da Amizade, que será exibida na Pinakotheke São Paulo, procura pontuar com memórias e produção artística os 50 anos de estreita convivência entre – Alfredo Volpi (Lucca, Itália, 1896 - São Paulo, Brasil, 1988) e Bruno Giorgi (São Paulo, 1905 - Rio de Janeiro, 1993).

A mostra reúne cerca de 100 obras – a maioria apresentada ao público pela primeira vez –, entre pinturas, desenhos e esculturas provenientes, da Coleção Leontina e Bruno Giorgi e colecionadores particulares. Os trabalhos são entremeados por fotografias, documentos, depoimentos e gravações com saborosas narrativas sobre esta amizade que perdurou de 1936 até a morte de Volpi em 1988.

No raro conjunto de numerosas pinturas de Volpi, esculturas, desenhos e telas de Giorgi, sobrepõem-se as obras surgidas de relações de amizades ou familiares, como os retratos de Mira Engelhardt e Gilda Vieira, feitos por Volpi, além de Judith, sua mulher, retratada por ele, e um desenho dedicado à sua única aluna Lore Koch; o retrato de Leontina Giorgi, as joias/esculturas projetadas por Giorgi; nus femininos assinados pelos dois artistas; retrato de Giorgi por Volpi e as cabeças de Volpi e Mario de Andrade esculpidas por Giorgi; as interpretações discordantes do poema Balada de Santa Maria Egipcíaca de Manuel Bandeira, que ambos fizeram em pintura; e até uma série de trabalhos concebidos na convivência da dupla. Há também as maquetes das obras de Brasília, quando os afrescos de Alfredo Volpi e as esculturas de Bruno Giorgi sublinharam a arquitetura de Oscar Niemeyer.

A exposição revela como o pintor, que se mudou com a família para o Brasil com apenas um ano de idade, e o escultor, ambos originários da mesma região italiana, a Toscana, compartilharam a fraterna relação e o saber artístico com igual intensidade. Não foram poucas as vezes que, com um esboço debaixo do braço, Volpi saiu de São Paulo e foi ao Rio de Janeiro discutir uma pintura com o amigo. Leontina, a quarta e última mulher de Giorgi, que muito contribuiu para a realização desta exposição, disponibilizando obras e arquivo, testemunhou muitas das longas conversas ou silêncios que os dois amigos gostavam de dividir. Ao mesmo tempo foram artistas que puderam comemorar juntos e reciprocamente virtuosas trajetórias: ambos participaram de prestigiosas exposições nacionais e internacionais, entre as quais em edições, às vezes coincidentes, da Bienal de Veneza e de São Paulo, além de conquistar vários prêmios no Brasil no exterior.

O projeto foi possível graças ao empenho dos curadores da exposição Max Perlingeiro e Pedro Mastrobuono, Leontina Ribeiro Giorgi, Instituto Volpi de Arte Moderna e à equipe da Pinakotheke. Com os arquivos do marido, Leontina, a viúva de Giorgi, gravou longas entrevistas, rememorando fatos históricos e pessoais, muitos dos quais presenciados por ela. Nas suas pesquisas, Pedro, que é filho de Marco Antonio Mastrobuono, um dos primeiros colecionadores e amigo pessoal de Volpi, teve a oportunidade de encontrar informações preciosas, sobretudo entrevistas de Bruno Giorgi em Brasília, onde o pintor ítalo-brasileiro era constantemente mencionado.

Durante a exposição será lançada a publicação Estética da Amizade – Alfredo Volpi e Bruno Giorgi que, além do material da mostra, contém textos de David Léo Levisky, Rodrigo Naves e Mario de Andrade e dos curadores Max Perlingeiro e Pedro Mastrobuono, os quais destacam as personalidades que conviveram com a dupla, como Mário Schenberg, Lasar Segall, Sergio Milliet, e apresentam uma inédita biografia em ordem cronológica entrelaçada dos dois artistas, na qual é possível constatar como arte e amizade pulsavam em particular sintonia.

Posted by Patricia Canetti at 10:06 AM

março 16, 2019

Bate-papo com Fabio Cypriano no lançamento do livro Pina Bausch no Sesc Vila Mariana, São Paulo

Há momentos em que a arte revoluciona a linguagem, sintetiza diferentes suportes e formas de expressão, e atravessa o tempo. Como apresenta o pesquisador do Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política da PUC-SP, Miguel Chaia, nesta obra o autor Fabio Cypriano desvela a arte de Pina Bausch, expondo os meandros do processo criativo da artista e interpretando minuciosamente o esforço individual e coletivo para a produção da coreografia tendo como base o Brasil − Água.

A peça foi criada a partir de viagens da companhia Tanztheater Wuppertal – fundada pela coreógrafa Pina Bausch – a São Paulo e Salvador, em 2000.

Para a realização deste livro, também foi essencial a parceria com o fotógrafo belga Maarten Vanden Abeele, que acompanhava regularmente a companhia e podia apresentar imagens de praticamente todas as criações. Pina Bausch faz parte do acervo doado pela Cosac Naify à SESI-SP Editora.

PINA BAUSCH

Sua última produção estreou no dia 12 de junho de 2009 e, pouco mais de duas semanas depois, no dia 30 de junho, Pina Bausch morreu, aos 68 anos, surpreendendo o mundo da arte.

Ao contrário de outros coreógrafos que planejam como suas companhias devem ser encerradas, Pina não deixou testamento. Mas não foi necessário. Passados quase dez anos, o Tanztheater Wuppertal, que ela dirigia desde 1973, segue vivo. O agora Tanztheater Wuppertal Pina Bausch apresenta-se com temporadas regulares nos mesmos teatros onde sempre esteve presente em Wuppertal, Paris, Londres e Nova York, além de outras cidades de forma mais esporádica, como São Paulo, Tóquio e Atenas, entre tantas outras.

FUNDAÇÃO E FILME

Em 2009, o filho da coreógrafa, Salomon, criou a Fundação Pina Bausch, sediada em Wuppertal. A instituição dirige desde a organização do arquivo das 53 peças criadas por Pina até a montagem de exposições com o acervo de figurinos, cenários, fotos e outros elementos.

Grande figura da dança alemã no século XX, Pina não foi vista apenas nos palcos. Em 2011, Wim Wenders lançou Pina Bausch, que se tornou um fenômeno nos cinemas, tendo até mesmo concorrido ao Oscar.

SOBRE O AUTOR

Fabio Cypriano é crítico de arte e professor no departamento de Jornalismo da PUC-SP. Fez seu doutorado sobre Pina Bausch com parte da pesquisa realizada em Berlim, entre 1997 e 2000, na Humboldt-Universität. Em 2017, concluiu pós-doutorado, na USP, com o tema A Elite Paulista e a Bienal de São Paulo. Em 2016, foi co-organizador de Histórias das Exposições, Casos Exemplares (Educ); em 2018, organizou Histórias das Exposições, Debates Urgentes (Estação das Letras e Cores).

SOBRE O FOTÓGRAFO

Maarten Vanden Abeele nasceu em 1970 em Bruxelas e foi criado em Antuérpia. Desde 1993, vivendo entre a Bélgica e a França, dedica-se à fotografia e a viajar pelo mundo, realizando reportagens e trabalhos autorais sobre os grandes teatros europeus e japoneses. É autor de Pina Bausch (Éditions Plume, 1996) e coautor de Jan Fabre (Actes Sud, 2005), entre outros.

FICHA TÉCNICA

Título: Pina Bausch
Autor: Fabio Cypriano
Fotógrafo: Maarten Vanden Abeele
Coedição: SESI-SP Editora e Edições SESC São Paulo
Páginas: 176
Preço: R$ 120,00

LANÇAMENTO EM CAMPINAS

Data: 14 de março, quinta-feira
Horário: 19h30
Local: SESC Campinas (Rua Dom José I, 270/333)
Evento: Debate com Fabio Cypriano, Morena Nascimento e Sayô Pereira sobre Pina Bausch. Mediação de Dani Scopin

LANÇAMENTO EM SÃO PAULO

Data: 20 de março, quarta-feira
Horário: 20h
Local: SESC Vila Mariana (R. Pelotas, 141 - São Paulo)
Evento: Bate-papo com Fabio Cypriano

SOBRE A SESI-SP EDITORA

Em poucos anos de vida, a SESI-SP Editora já acumula mais de 60 prêmios das mais renomadas instituições. São onze Prêmios Jabuti, três HQ Mix (Melhor Livro do Ano 2014 e Melhor Editora 2017), entre muitos outros. Em 2018, o livro Infâncias – Aqui e Além Mar recebeu o prêmio de Livro do Ano pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), além de mais de 30 livros do catálogo terem recebido o Selo de Altamente Recomendável da instituição durante os últimos anos. A Editora recebeu também o Selo Cátedra 10 da Unesco por três livros, entre outras premiações, no ano passado. Fundada em 2011, a SESI-SP Editora tem mais de mil livros em catálogo, sendo referência na edição de HQs nacionais e europeias. Em 2016, recebeu da Cosac Naify a doação de 900 obras, que serão editadas no decorrer dos próximos anos. Conheça nossas publicações no site: www.sesispeditora.com.br.

SOBRE AS EDIÇÕES SESC SÃO PAULO

Pautadas pelo conceito de educação permanente e acesso à cultura, as Edições SESC São Paulo publicam livros em diversas áreas do conhecimento. Em diálogo com a programação do SESC, a Editora apresenta um catálogo variado, voltado à preservação e à difusão de conteúdos sobre os múltiplos aspectos da contemporaneidade. Além dos títulos impressos, que estão disponíveis nas Lojas SESC, na livraria virtual do Portal do SESC e nas livrarias físicas e virtuais, as Edições SESC vêm convertendo seu catálogo em e-books, que podem ser adquiridos em lojas virtuais como Livraria Cultura, Livraria Saraiva e Amazon, e em aplicativos do Brasil e do mundo como Google Play e Apple Store.

Posted by Patricia Canetti at 12:25 PM

Auguste Rodin no Instituto CPFL, Campinas

Acervo completo de Auguste Rodin da Pinacoteca será exibido, pela primeira vez, ao público do interior paulista

Mostra é organizada em parceria com o Instituto CPFL e levará o mais representativo conjunto do escultor francês para Campinas e, em seguida, para Botucatu

A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e o Instituto CPFL apresentam, de 20 de março a 29 de junho de 2019, pela primeira vez ao público do interior paulista, Figura e modernidade: Rodin no acervo da Pinacoteca de São Paulo, que reúne a coleção completa da Pinacoteca referente ao artista francês. Com curadoria de Valéria Piccoli, curadora-chefe do museu, o conjunto de 10 esculturas originais e 76 fotografias documentais da vida do artista será exibido gratuitamente no Instituto CPFL, em Campinas e, em seguida, no Fórum das Artes, em Botucatu, novo espaço cultural reformado pelo Governo de São Paulo.

A Pinacoteca é o único museu no Brasil a possuir um acervo representativo deste artista, o que faz dessa itinerância uma iniciativa de grande interesse para o público dos museus e espaços culturais do interior do estado. Reafirma também o próprio papel da instituição enquanto equipamento do Estado. “A exposição oferece ao público paulista uma oportunidade única de conhecer um grupo de obras de um artista que é, reconhecidamente, um precursor da escultura moderna. A Pinacoteca cumpre cada vez mais, por meio desta iniciativa, sua missão de promover a experiência do público com a arte, estimular a criatividade e a construção do conhecimento para além de sua sede na cidade de São Paulo”, resume o diretor-geral do museu, Jochen Volz.

Sobre a coleção atual do museu, Valéria Piccoli comenta que “trata-se de fundições recentes de obras clássicas do artista, realizadas sob supervisão do museu francês”. Fazem parte também da coleção da Pinacoteca um conjunto de 76 fotografias em que o artista aparece trabalhando em seu ateliê, acompanhado de modelos de suas esculturas ou mesmo de amigos e mecenas. “Esse material é constituído de fac-símiles de itens dos arquivos do Musée Rodin e ajudam a compor um percurso cronológico pela vida do artista, mostrando outros artistas e intelectuais que ele admirava e com quem se relacionava. Mais curioso é que algumas dessas fotos revelam como Rodin utilizava a fotografia no processo de composição de suas esculturas ”, completa ela.

A parceria entre o Instituto CPFL e a Pinacoteca se iniciou em 2012, quando ambos organizaram, na sede da segunda, a exposição Gênese e Celebração, com coleção de peças tradicionais africanas. Em 2013, foi a vez da mostra 100 de anos Arte Paulista, que aconteceu na sede do Instituto CPFL, em Campinas, e apresentou ao público 50 obras de artistas atuantes entre 1912 e 2012, como Di Cavalcanti, Portinari, Pancetti e Tomie Ohtake.

“Para nós, é um imenso prazer voltar a trabalhar com a Pinacoteca, uma instituição centenária, a exemplo da CPFL Energia, em um país onde tal longevidade não é a tradição”, comenta Mário Mazzilli, diretor-superintendente do Instituto CPFL.

A relação da Pinacoteca com o escultor Auguste Rodin (1840-1917) se iniciou em 1995, no contexto das exposições Rodin: Esculturas e Rodin e a Fotografia, realizadas em parceria com o Museu Rodin, de Paris. As mostras receberam, juntas, mais de 183 mil pessoas e marcaram também o início das exposições internacionais de grande porte na instituição.

Naquele ano, o museu conseguiu, graças à campanha de doação junto ao público, adquirir A Musa Trágica (1890-92). Em seguida, seria a vez de O Gênio do Repouso Eterno (1899-1902), doada ao museu pelo Shopping Center Iguatemi no mesmo ano. Trata-se da 11ª cópia disponível no mundo e considerada uma das mais monumentais do artista, com cerca de dois metros de altura e 500 quilos. Até o ano de 2005, o museu incorporaria ainda mais oito esculturas: Torso masculino do Beijo (c. 1886), Torso do filho de Ugolino (1882), Bacanal (1880-1990), Musa de Whistler - Estudo para o monumento "Tipo C” (c. 1905-1906), Torso da Sombra (1880), Toalete de Vênus e Andrômeda (c.1890-1987), A sacerdotisa (c. 1899-1995) e Homem que caminha sobre coluna (1877-1990).

Em 2001, a Pinacoteca organizou mais duas mostras dedicadas ao escultor: Auguste Rodin: esculturas e fotografias e a espetacular A Porta do Inferno, que recebeu mais de 300 mil visitantes. O título da última faz referência a uma obra monumental, considerada uma das mais icônicas na carreira de Rodin, que, de certa forma, revela a “admiração do artista pela arquitetura gótica, a Renascença italiana e o poder do qual o artista dotou o corpo humano”, segundo a conservadora-chefe do Museu Rodin, Antoinette Le Normand-Romain. Aquela foi a primeira vez que a obra foi exibida na América Latina. Além da Porta, a Pinacoteca apresentou ainda 43 esculturas em bronze, 25 desenhos e 10 fotografias.

De 3 de agosto a 15 de dezembro, a exposição Figura e modernidade: Rodin no acervo da Pinacoteca de São Paulo será recebida pelo Fórum das Artes, que marca também a inauguração deste novo espaço cultural no interior paulista. Localizado na cidade de Botucatu, terá um andar inteiro para a Pinacoteca e abrigará também o museu municipal Itajaí Martins.

AÇÃO EDUCATIVA

As duas exposições contarão com recursos educativos, desenvolvidos pelo NAE – Núcleo de Ação Educativa da Pinacoteca, para uso autônomo, que estimulam a participação do público de todas as idades, criando novas relações com as obras. Também serão realizados dois encontros de formação para professores, um em cada município. Monitores estarão no local para atender o público, e o agendamento de visitas pode ser feito por e-mail monitoriainstitutocpfl@gmail.com ou pelo telefone (19 3757 8000).

Posted by Patricia Canetti at 11:33 AM

Cobogó lança livro de Iole de Freitas no Rio de Janeiro e São Paulo

Iole de Freitas – corpo/espaço apresenta estudos, desenhos e textos da artista elaborados durante seu processo criativo ao longo de 40 anos de carreira

Iole de Freitas – corpo/espaço apresenta um panorama da obra e da linguagem da artista, ao longo de 40 anos, em imagens, textos e outros materiais que antecedem ou acompanham o processo da criação de suas obras. São eles estudos, esquemas, esboços, anotações e desenhos. O livro, que conta patrocínio do Icatu Seguros, será lançado pela Editora Cobogó no dia 20 de fevereiro na Livraria da Travessa de Ipanema às 19h. Em São Paulo, o livro será lançado no dia 20 de março, na Galeria Raquel Arnaud, que representa a artista, onde acontecerá uma conversa da artista com Paulo Venancio Filho. “O trabalho de Iole de Freitas surge numa época de eventos radicais e conturbados afetando várias esferas da vida e da sociedade modernas e em novo centro artístico europeu: a Milão dos anos 1970. Naquele momento histórico, surgem práticas heterodoxas, inovadoras, experimentais que vão caracterizar a arte contemporânea. Nada está proibido, tudo é permitido. É um contexto estimulante ao qual Iole responde, se integra e é aí uma participante efetiva dessa renovação artística de vanguarda europeia, escreveu Paulo Venancio Filho, em ensaio inédito para o livro.

Para a construção do livro, Iole mergulhou em seu acervo pessoal, hoje depositado no arquivo do Instituto de Arte Contemporânea (IAC), em São Paulo. Dentre os materiais, mais de dez mil peças produzidas entre 1972 e 2018, em que estão presentes o interesse primordial pelo corpo e a reinvenção do espaço. “Sempre tive a preocupação de acompanhar e registrar em fotografias as obras de escala grande”, diz a artista. Juntamente com Paulo Venancio Filho e a designer Rara Dias, sua filha, o passo seguinte foi costurar imagens e textos de maneira que o livro tivesse fluidez na passagem de um momento a outro da carreira da artista.

Além dos ensaios de Venancio, e da curadora Elisa Byington, escritos especialmente para o livro, a publicação traz textos históricos de Lucy Lippard, Sônia Salzstein e Paulo Sergio Duarte, escritos na época em que cada trabalho foi realizado. “Com esse livro, passo a ter uma possibilidade reflexiva sobre o meu trabalho que nunca tive, e desenvolver um raciocínio contínuo. Posso voltar a um momento anterior, que não existe mais, com a contundência dos textos e das imagens”, explica a artista. “Descubro coisas novas a partir do olhar do outro e isso me ajuda a seguir adiante em novos trabalhos”, completa.

Iole de Freitas nasce em 1945, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Com seis anos, muda-se para o Rio de Janeiro, onde inicia sua formação em dança contemporânea. Estuda na Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). A partir de 1970, vive por oito anos em Milão, Itália, onde trabalha como designer no Corporate Image Studio, da Olivetti, sob a orientação do arquiteto Hans Von Klier, entre 1970 e 1971. Passa a desenvolver e expor seu trabalho em artes plásticas a partir de 1973. Entre as exposições individuais destacam-se: 9a Bienal de Paris (1975); 15a Bienal de Arte de São Paulo (1981); exposição itinerante Cartographies (1993), em Nova York, Ottawa, Winnepeg, Bogotá, Caracas e Madri; a individual O corpo da escultura: a obra de Iole de Freitas, curada por Paulo Venancio Filho, no Museu de Arte Moderna de São Paulo e no Paço Imperial do Rio de Janeiro (1997); e a 5a Bienal do Mercosul (2005), em Porto Alegre. Em 2007, Iole foi convidada a desenvolver um projeto inédito para a Documenta 12, de Kassel, na Alemanha. Em 2017, participou da exposição Modos de ver o Brasil: Itaú Cultural 30 anos, em São Paulo.

Posted by Patricia Canetti at 11:12 AM

Chico Tabibuia na Estação, São Paulo

Com curadoria de Thais Rivitti, esta exposição é uma oportunidade rara de se ver reunido um conjunto numeroso de obras de Chico Tabibuia, cuja produção celebrada vinda de mãos não eruditas, foi uma das pioneiras a habitar a cena da arte contemporânea atraída por críticos como Frederico Morais, Maria Alice Milliet e Emmanoel Araujo.

As esculturas de Francisco Moraes da Silva (1936-2007), nascido em Aldeia Velha, no município de Silva Jardim, mas registrado em Casemiro de Abreu, também no Rio de Janeiro, surpreendem pela força de suas representações. Frequentemente são configurações de imagens arquetípicas, que fundem o masculino e o feminino, cujos padrões fálicos, principalmente em seus Exus, imprimem a presença explícita de Eros. O tema da entidade teve origem ao artista frequentar um terreiro de Umbanda, dos 13 aos 17 anos, mas foi a partir de 1986, já como integrante da Assembleia de Deus, que viria a representá-la em suas várias faces e com grande frequência.

Tabibuia encontra seus exus, sacis, pretas velhas e animais embutidos na natureza, nos troncos e raízes de árvore. Da madeira maciça, sem encaixes, com raros acréscimos, nascem seus seres imaginários. Segundo Rivitti, o que o artista faz é menos inventá-los e mais encontrá-los, um modo análogo a um médium, numa sessão de umbanda, quando recebe um Exu. “ Ao contrário do escultor moderno, Tabibuia revela o que já habita a sua matéria, os limites formais de suas obras estão dados a priori.”

A curadora destaca que as esculturas de Tabibuia chamam a atenção pelo erotismo e ao mesmo tempo aludem ao sagrado. “Não é apenas o falo das imagens que aponta vetorialmente para a frente ou para baixo, mas as esculturas, monolíticas e aprumadas como um todo apresentam a mesma rigidez do membro ereto. Somava-se a isso a certeza de que estamos diante de objetos de culto. Havia algo na presença dessas obras que, mesmo no interior do cubo branco da galeria, me falava do contexto religioso”, escreva Rivitti.

Ao se debruçar sobre a obra do artista, a curadora destaca que o desafio do trabalho de Tabibuia e de outros artistas neste momento atual do mundo da arte que parece querer dissolver fronteiras é de grandes proporções. “É necessário recusar categorias estanques e incluir o que já foi visto como “arte popular” nas exposições de museus de arte contemporânea. Mas, para isso, é preciso repensar como as obras de Tabibuia operam (e como podem estar) dentro de museus e galerias. Necessário também recolocar a importância – para aqueles que vão conviver com seu trabalho – de se aproximarem do pensamento de matriz africana e indígena, pois tudo isso está em jogo e é relevante para sua compreensão de mundo. Há muito a ser feito, mas foi dada a partida para essa iniciação”, conclui.

Posted by Patricia Canetti at 10:24 AM

março 15, 2019

Diego Castro + Marcelo Masagão no Maria Antonia, São Paulo

Maquinaria, de Marcelo Masagão, explora os diferentes suportes de exibição da imagem, e Enfoque, de Diego Castro, a crítica à mídia por meio da cor

O Centro Universitário Maria Antonia inaugura, no dia 21 de março, a partir das 19 horas, duas exposições com entrada gratuita. O público pode conferir as exposições de terça a domingo, e feriados, das 10 às 18 horas.

Maquinaria, de Marcelo Masagão, é composta por imagens exibidas em dois suportes desenvolvidos pelo artista. “Desde 2016, me dedico à fotografia, em especial aos suportes de exibição de imagens. A Foto Escultura Moebius reúne em um só objeto dois tipos de circularidades: da Banda de Moebius e a das fotos panorâmicas. Já o Foto-Livro-Papiro recupera uma experiência milenar de visualização de livros: o papiro”, explica Masagão.

Nesta exposição, as obras avançam para além do espaço expositivo do edifício Joaquim Nabuco e ocupam também a Praça Sem Nome do centro cultural. “Tenho o interesse de deslocar as obras para outros ambientes diferentes do museu: prédios, praças, árvores, água e o vento podem ser singulares ambientes para a exibição de imagens.”

Giselle Beiguelman, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e curadora de Maquinaria, enfatiza que “o que está em jogo na exposição são formas de ver o mundo e de estar na cidade. Não é possível visitá-la apenas com os olhos. É preciso que se mobilize o corpo na sua integralidade”.

Já Diego Castro traz a exposição Enfoque, que aborda os percursos da informação na mídia por meio do tratamento e inserção de cores nas imagens. Segundo o artista, o trabalho se inicia no arquivamento sistemático de materiais encontrados nos meios impressos e digitais de comunicação.O critério seletivo é guiado pela repetição e o contexto no qual se veicula a informação. “As imagens de manifestações e conflitos -como objetos associados à noção de autoridade nos meios de comunicação, por exemplo-, são reduzidos a um contraste cromático vibrante, mas identificáveis como ícones familiares por sua presença constante como imagem nos dias atuais”, descreve.

Diego Castro é bacharel no curso de Artes Plásticas pela Faculdade Santa Marcelina e mestre em Poéticas Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Inicia sua trajetória artística com a apropriação das imagens, com intuito de descaracterizar o seu significado e os meios onde essas estão inseridas. A manipulação visa explorar a espacialidade, a cor e a repetição.

Pesquisador de imagens, Marcelo Masagão estudou Psicologia e História. Criador da TV CUBO e Rádio XILIK (1985), é coautor do livro Rádios Livres, A Reforma Agrária no Ar (Brasiliense, 1986). Realizou exposições como artista plástico, entre elas Adote um Satélite (1989) e VideoBrasil no MIS (Museu da Imagem e do Som) de São Paulo. Criador e curador do Festival do Minuto (1991- 20…). Realizou filmes de curta e longa metragem, entre eles Nós que Aqui Estamos por Vós Esperamos (1999), Um Pouco Mais um Pouco Menos (2001) e Ato, Atalho e Vento (2015). Desde 2016 se dedica à fotografia.

SERVIÇO

Abertura – 21 de março, quinta-feira, das 19 às 22 horas
Maquinaria - até 18 de agosto
Enfoque - até 23 de junho
Centro Universitário Maria Antonia - Edifício Joaquim Nabuco
Rua Maria Antonia 258, Vila Buarque,São Paulo, SP

Posted by Patricia Canetti at 5:59 PM

Rodrigo Zeferino inaugura a Léo Bahia na Casa Tutti, Vitória

“O Grande Vizinho” com abertura em 19 de março, poderá ser visitada até 18 de maio de 2019

Esta será a primeira exposição da Léo Bahia Arte Contemporânea, galeria de arte que tem sua origem na Galeria Casa Tutti.

A mudança do nome resgata a trajetória de seu diretor que, desde 2001, atuou no mercado de arte de Belo Horizonte, tendo realizado inúmeras mostras individuais (Marta Neves, Cinthia Marcelle, Lais Myrrha, dentre outras) e coletivas, além de ter participado de feiras de arte no Brasil e no exterior (São Paulo, Buenos Aires (Argentina), Miami (USA), Nova York (USA), Londres (Inglaterra), Madrid (Espanha), Lisboa (Portugal e Basel (Suiça).

O título da exposição - O Grande Vizinho - faz referência à famosa novela de George Orwell. Na sociedade distópica, descrita pelo autor inglês no livro “1984”, todos os cidadãos são constantemente seguidos pelos olhos onipresentes do Grande Irmão, figura autoritária que representa o poder no enredo.

A série fotográfica apresentada ganhou visibilidade nacional, após receber o Prêmio FCW de Arte 2016/2017, oferecido pela Fundação Conrado Wessel, de São Paulo e discute a relação de uma cidade que cresce em função e ao redor de uma usina siderúrgica (Rodrigo é de Ipatinga, cidade do interior de Minas Gerais, onde está implantada a USIMINAS).

O fotógrafo relata que, com a publicação das primeiras fotografias de “O Grande Vizinho” na imprensa e o seu compartilhamento nas redes sociais, em 2017, passou a receber feedbacks dos moradores de Ipatinga e de outras cidades siderúrgicas, com suas impressões sobre o trabalho.

“A maioria das pessoas que residem na região convivem diariamente com um horizonte ocupado por chaminés, gasômetros e torres, e com o tempo, o olhar se anestesia, até que tudo isso se torna comum. Este retorno me estimulou a voltar o meu olhar para dentro da usina e fazer minha própria leitura do interior de uma empresa deste porte”.

Zeferino destaca que objetiva apresentar uma visão descontruída dos ambientes.

“Muitas vezes, descontextualizo a cena e ressignifico os elementos presentes, seja pela manipulação da luz, pelo recorte ou pelos recursos que a fotografia permite. Tento transformar as grandes estruturas, como panelas de aço líquido, tubulações ou altos-fornos, em criaturas autônomas, pouco reconhecíveis, mas estranhamente belas”.

Assim, evidencia a função onipresença da siderúrgica, transformando, às vezes, os habitantes da cidade, em personagens fantasmas das cenas retratadas.

O objetivo deste trabalho não é o simples registro fotográfico, mas a discutição do papel que a indústria tem na cidade e de como seus habitantes aparecem secundários nesta realidade.

Sem dúvida nenhuma é uma exposição política e questionadora da dependência econômica e social que toda a cidade mantém em relação ao poderio da empresa.

Em 2013, com o início do agravamento da crise econômica brasileira, a siderúrgica chegou a desligar um de seus altos fornos e demitiu vários funcionários, provocando um aumento no índice de desemprego da região, no fechamento de vários estabelecimentos comerciais de Ipatinga, diminuição da arrecadação pelo município e, por consequência, do investimento público e no aumento da criminalidade.

Outra questão discutida se refere aos danos ambientais. Se em Ipatinga, Minas Gerais, existe a questão da extração do minério de ferro, com seu desmatamento, com todo o processo de tratamento deste minério e a criação de suas temerosas barragens, em Vitória convivemos com o “pó preto” que é emitido pelo porto de Tubarão.

Sobre a mostra em Vitória o artista pondera que se Ipatinga tem a USIMINAS, Vitória tem a Vale do Rio Doce e, por isso, acredita na linguagem universal deste trabalho.

A curadoria da exposição é do fotógrafo Pedro David (ler texto curatorial).

Esta exposição já foi exibida em várias cidades do Brasil (Ipatinga, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília) e participou, também, da Mostra de Fotografia de Tiradentes\MG.

Posted by Patricia Canetti at 5:28 PM

No Papel na Mul.ti.plo, Rio de Janeiro

Quatro artistas resgatam o papel como protagonista de diversas técnicas em exposição na Mul.ti.plo, a partir de 19 de março

A arte de Célia Euvaldo, Elizabeth Jobim, Ester Grinspum e Renata Tassinari assinalam, cada uma a seu modo, a imensa relevância do papel para a arte contemporânea na exposição No papel, que a Mul.ti.plo Espaço Arte, no Leblon, abre no dia 19 de março. Não há uma temática que permeie a mostra: cerca de 20 obras ocupam as duas salas da galeria, tendo como único critério a diversidade e extensão do uso do papel. Para muito além do suporte, há em comum entre os trabalhos das quatro artistas apenas o fato de que, como num poema, existe uma densidade e uma economia de elementos.

“São obras que fazem da incompletude, da falta e do vazio, uma nova força. Que propõem uma indagação e fazem pensar”, afirma Maneco Müller, sócio da Mul.ti.plo.

A busca pela subjetividade e a relação entre espaços e vazios são questões importantes na produção artística de Ester Grinspum, que apresenta pinturas a óleo sobre papel recentes e inéditos, de 2017: “A Ester dá o tom dessa incompletude. São obras de uma única pincelada. É como se só o primeiro passo fosse desvelado”, destaca Maneco.

Ester define as obras como exercícios de desenho, pequenas formas construídas com pincéis usados para a caligrafia japonesa. “A forma circular está sempre muito presente no meu trabalho e esses desenhos também são círculos, ou quase círculos, que me remetem à perspectiva circular do tempo, cíclica”, diz ela.

Partindo da observação de pequenas pedras, os desenhos de Elizabeth Jobim apresentados na exposição foram produzidos em acrílica e nanquim sobre papel, entre 2000 e 2004. “Eles trazem minha percepção das formas, dos ângulos e do espaço e são feitos de várias partes que são colocadas justapostas. Eu desenhava na parede com uma técnica aguada, por isso têm escorridos”.

Para Maneco, a potência desses trabalhos da artista consiste justamente em, neste ambiente aguado que constrói e faz fluir, propor uma espécie de negociação, por vezes tensa, com o acaso. “Elizabeth tem um gesto muito vivo, muito presente, mas nestes trabalhos, ela incorpora o imprevisto. A tinta escorre pelo papel e se transforma em arte. As obras têm essa sabedoria”, comenta Maneco.

Com desenhos mostrados pela primeira vez, feitos com nanquim sobre papel chinês entre 1988 e 2011, Célia Euvaldo trabalha com superfícies mais opacas, monocromáticas, nas quais se vê a presença do corpo e da textura, com pinceladas largas ora na horizontal, ora na vertical, criando um padrão desconcertante.

“São pinceladas de cerca de 30 cm, às vezes bem cheias, outras com pouca tinta. São faixas em que sempre tive a ideia de passar a energia do gesto. O traço oscila, derrapa, a tinta respinga, e vou acatando o imprevisto, inclusive a reação do papel, que às vezes enruga, contrai, e assim não é só um fundo, mas um elemento com um papel ativo”, diz Célia. “São obras de pinceladas únicas e, portanto, de um risco imenso, especialmente porque são trabalhos de grandes entregas”, acrescenta Maneco.

Nos trabalhos de Renata Tassinari se veem planos geometrizados por cores, resultado de uma pesquisa que a artista paulistana faz desde 2003. Inéditos também, os desenhos foram produzidos em 2018 com óleo e grafite sobre papel. Foi a partir das pinturas que já fazia sobre placas acrílicas e sobre madeira que Renata começou a pensar o trabalho com o papel.

“A paleta cromática dos desenhos tem muito a ver com a das minhas pinturas, inclusive a fresta branca, que é o respiro da obra, o risco por onde corre o ar”, conta Renata. A cor é, sem dúvida, o eixo de gravidade dos trabalhos, e cada cor se afirma por si, como persona única e autônoma, comenta Maneco: “Existe uma insubordinação das cores, Renata demonstra o seu absoluto domínio ao colocar lado a lado cores improváveis, que muitas vezes têm uma convivência nada pacífica, mas como tudo é estruturado e bonito”.

A exposição fica em cartaz até 4 de maio, de segunda a sexta, das 10h às 18h30 e sábados, de 10h às 14h, com entrada franca.

Sobre Célia Euvaldo
Célia Euvaldo (começou a expor em meados da década de 1980). Suas primeiras exposições individuais foram na Galeria Macunaíma (Funarte, Rio de Janeiro, 1988), no Museu de Arte Contemporânea (São Paulo, 1989) e no Centro Cultural São Paulo (1989). Ainda em 1989 ano ganhou o I Prêmio no Salão Nacional de Artes Plásticas da Funarte. Desde então tem exposto regularmente em mostras individuais e coletivas em galerias e instituições. Participou, notadamente, da 7ª Bienal Internacional de Pintura de Cuenca, Equador (2001) e da 5ª Bienal do Mercosul (2005). Realizou exposições individuais, entre outros, no Paço Imperial (Rio de Janeiro, 1995, 1999 e 2015/16), na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2006), no Centro Cultural Maria Antonia (São Paulo, 2003 e 2010), no Museu de Gravura da Cidade de Curitiba (2011) e no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, 2013). Em 2016, participou da mostra coletiva Cut, Folded, Pressed & Other Actions na David Zwirner Gallery, em Nova York. Em 2017 realizou exposições individuais no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e Ribeirão Preto, e, em 2018 na Galeria Raquel Arnaud em São Paulo.

Sobre Elizabeth Jobim
Desenhista, pintora, gravadora. Realiza estudos de desenho e pintura com Anna Bella Geiger (1933), Aluísio Carvão (1920-2001) e Eduardo Sued (1925), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), entre 1981 e 1985. Cursa comunicação visual na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ), a partir de 1981. Nessa universidade, entre 1988 e 1989, faz curso de especialização em História da Arte e da Arquitetura no Brasil. Entre 1990 e 1992, faz mestrado em Belas Artes na School of Visual Arts, em Nova York. A partir de 1994, leciona no Ateliê de Desenho e Pintura da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV/Parque Lage), no Rio de Janeiro. Entre suas mais importantes exposições, estão Blocos (2013), no MAM do Rio de Janeiro, Em Azul (2010), na Estação Pinacoteca de São Paulo, e Endless Lines (2008), na Lehman College Art Gallery, em Nova York. Participa da coletiva Art in Brazil (1950-2011), no festival Europalia, em 2011, em Bruxelas, e da 5ª Bienal do Mercosul, em 2005.

Sobre Ester Grinspum
Formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo, fez sua primeira exposição individual na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 1981, e a seguir no Museu de Arte Contemporânea (USP) e na Galeria Funarte Macunaíma no Rio de Janeiro, em 1983. A partir de então, fez várias exposições individuais no Brasil e exterior, entre elas na Galeria Paulo Figueiredo (SP); na Galerie Lil'Orsay, Paris; na Galeria Marilia Razuk (SP); no Paço Imperial do Rio de Janeiro; no Musée de Langres, Paris; na Pinacoteca do Estado de São Paulo e na Galeria Transversal e no Instituto Tomie Ohtake. Participou de inúmeras exposições coletivas, como Como vai você, Geração 80?; Bienal Latino-Americana de Arte Sobre Papel, em Buenos Aires, 1986; I e II Bienal de Havana, 1984 e 1986; XX Bienal Internacional de São Paulo, 1989; Tabula Rasa, Bienna, Suíça, 1991; UltraModern – The Art of Contemporary Brazil, Washington, 1993; Bienal Brasil Século XX, 1994; Selections Brazil, Drawing Center, Nova Iorque, 1995; I Bienal do Mercosul, 1996; Stedelijk Museum, Schiedam, Holanda, 1996; Escultura Urbana, Alger, 2003; ARCOMadrid, Solo Project, 2012. Foi contemplada com a Bolsa de Trabalho European Ceramic Work Centre em s'Hertogenbosch, Holanda, em 1995; a Bolsa Virtuose e de Residência na Cité des Arts, em Paris, em 1997 e 1998; e a Bolsa Vitae de Artes, em 2002, entre outras. Possui trabalhos em coleções como Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brooklyn Museum (Nova Iorque), Fonds National d'Art Contemporain (França) e Coleção Patricia Phelps de Cisneros.


Sobre Renata Tassinari
Formada em Artes Plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) em 1980, onde foi aluna de grandes mestres como Carlos Fajardo e Dudi Maia Rosa, Renata Tassinari inicia sua produção com pinturas que mesclam elementos figurativos à gestualidade característica da pintura da Geração 80. A figuração vai lentamente desaparecendo e dá vez a uma pesquisa marcante de cor, que se transforma na marca de seus trabalhos. A artista, porém, não dissocia cor e matéria - Tassinari repensa ambas a partir da relação com o suporte e também ao agregar à superfície da tela elementos díspares (como papelão e madeira) e diferentes técnicas. A artista tem dezenas de mostras individuais e coletivas em seu histórico, incluindo a retrospectiva no Instituto Tomie Ohtake, SP, em 2015 e mostras solo no MAM RJ, MAM SP e Paço Imperial.

Posted by Patricia Canetti at 4:35 PM

O Tempo Mata - Imagem em movimento na Julia Stoschek Collection no Sesc Avenida Paulista, São Paulo

Exposição no Sesc Avenida Paulista, em parceria com Julia Stoschek Collection, reúne raro conjunto de filmes e vídeos produzidos por nomes consagrados, entre os quais Douglas Gordon, Rachel Rose, Chris Burden, Monica Bonvicini e Jack Smith

O espaço Arte I, localizado no 5º andar da Unidade, exibe obras selecionadas de uma das mais importantes coleções globais de arte temporal iniciada em 2007 pela colecionadora que lhe dá nome e sediada em Berlim e Dusseldorf, na Alemanha. Com curadoria de Rodrigo Moura, a exposição e uma programação integrada de exibições reúnem trabalhos de 17 artistas, em filmes e vídeos, cobrindo mais de seis décadas de produção audiovisual, um panorama dos mais representativos desde que o suporte se insere como linguagem contundente no circuito da arte contemporânea. A mostra O Tempo Mata - Imagem em movimento na Julia Stoschek Collection, com abertura para o público no dia 21 de março, terá duração de três meses.

Raça, cultura visual, identidade de gênero, o papel de artistas na sociedade e a circulação de imagens nos meios de comunicação são os temas que percorrem os trabalhos. Desta última questão surgiu o título da exposição, “O Tempo Mata” (Time Kills), extraído de uma das frases veiculadas por Chris Burden (Boston, 1946 – Canyon, EUA, 2015), em um de seus vídeos (1973-1977) que fazem parte de uma série de inserções comerciais criadas pelo artista e transmitidas em canais de televisão aberta, segundo ele para quebrar a hegemonia das emissoras e ao mesmo tempo fazer com que a arte alcançasse um público maior que o das instituições. Como aponta o curador, trata-se de um truísmo, uma frase que declara uma verdade incontestável, o tempo mata simplesmente porque ele passa, mas ainda assim ela serve para ativar outros sentidos no contexto da exposição. “Time-based art termo traduzido livremente aqui como ‘arte temporal’ são os trabalhos de arte produzidos em vídeo, filme, áudio ou tecnologias computadorizadas e que se apresentam ao espectador no tempo, tendo como dimensão principal a duração, e não o espaço”.

A autorrepresentação e a ficcionalização da vida aparecem em diversas obras e, segundo Moura, agem como possível fio condutor, unindo trabalhos da exposição, assim como a apropriação, a coleção e a montagem a partir de imagens de outras fontes. “Esses são dois possíveis enquadramentos temáticos que perpassam a mostra, servindo como polos conceituais úteis para navegá-la, mas que não esgotam as possibilidades de leitura das obras apresentadas e das relações entre elas”, ressalta.

Na primeira parte da exposição, três salas do quinto andar apresentam três grandes instalações imersivas dos artistas Arthur Jafa (Tupelo, EUA, 1960 – vive em Los Angeles), Rachel Rose (Nova York, 1986 – vive em Nova York) e Monica Bonvicini (Veneza, 1965 – vive em Berlim).

Jafa, segundo o curador, compõe uma colagem épica em torno da visualidade da cultura afro-estadunidense. O artista tem no cinema a origem de sua prática, já tendo colaborado como diretor de fotografia com os cineastas Spike Lee e Stanley Kubrick. Em APEX, 2013, compara a sua obra a um projeto utópico, relacionado ao Monumento a Terceira Internacional, de Tatlin, que nunca foi construído. Rose, artista que participou da 32ª Bienal Internacional de São Paulo, em Palisades in Palisades (Palisades em Palisades), 2014, visita seguidamente o parque Palisades, em Nova Jersey, fundado no século 19, como locação para o seu vídeo, onde desvela diferentes aspectos de sua história geológica e social. Bonvicini cria uma dupla projeção coreografada que articula noções como gênero e nostalgia em Destroy She Said (Destruir, diz ela), 1998 cujo título se refere ao filme e ao livro homônimo da escritora francesa Marguerite Duras.

Em torno desses espaços, nas áreas de circulação, outras obras estabelecem novas relações entre si. “Dois registros de performance dos anos 1970, de Eleanor Antin (Nova York, 1935 – vive em San Diego) e Hannah Wilke (Nova York, 1940 – Houston, 1993), ambos tendo a face das artistas como palco para acontecimentos complexos, são apresentados de frente um para o outro, num jogo de espelhamento”, explica Moura. Em The King (O Rei), 1972, Antin, tendo o feminismo como a sua principal interlocução, busca uma possível identidade masculina ao se transvestir usando uma barba, enquanto Wilke, em Gestures (Gestos), 1974, ao manipular seu próprio rosto, o transforma em matéria escultórica.

Em outras duas salas, artistas investigam o potencial de suas próprias imagens como fonte para a criação de suas obras. Em Lovely Andrea, (Amável Andrea), 2007, de Hito Steyerl (Munique, 1966 – vive em Berlim), obra comissionada pela documenta 12, o que parecia um ensaio autobiográfico, torna-se pretexto para uma série de associações inesperadas e abruptas entre imagens, dados e referências. Assim como Rachel Rose, Steyerl também participou da 32ª Bienal de São Paulo. Já Ryan Gander (Chester, 1976 – vive em Londres e Sufflolk) em seu Portrait of a Colour-Blind Artist Obscured by Flowers (Retrato de um artista daltônico obscurecido por flores), 2016, esconde atrás de aparente simplicidade um complexo jogo conceitual com a história da arte, o que envolve deslocá-la e repensá-la a partir de uma perspectiva lúdica e cáustica.

Por sua vez, as obras de Ulay (Solingen, Alemanha, 1943 - vive em Amsterdã) There is a Criminal Touch to Art, (Há um toque criminoso na arte), 1975–76, e de Lutz Bacher (vive em Nova York) James Dean, 1986 / 2014, tratam, respectivamente, de quadros roubados e fotografias apropriadas, dando novas conotações para ícones da história da arte e da cultura de massa.

No sexto andar, o curador explica que as projeções de Douglas Gordon (Glascow, Escócia, 1966 – Vive em Berlim) New Colour Empire (Novo Empire Cor), 2006–2010, e de Cyprien Gaillard (Paris, 1980 – vive em Berlim e Nova York), KOE, 2015, são apresentadas numa espécie de díptico, fazendo referência à paisagem de arquiteturas corporativas do entorno do edifício e revisitando o papel narcísico das imagens na construção dos ícones urbanos. Finalmente o vídeo Büsi, 2001, da dupla suíça Fischli & Weiss (Fischli, 1952, Weiss, 1946, ambos nascidos em Zurique) encerra as obras do circuito expositivo.

Completam O Tempo Mata quatro exibições públicas no térreo (Praça). São apresentações comentadas por críticos e curadores de filmes assinados pelos norte-americanos Barbara Hammer, nascida na Califórnia em 1939, pioneira do cinema queer; Charles Atlas, que ao chegar a Nova York, em 1970, desenvolveu com Merce Cunningham nova linguagem em filmes de dança e performances; Dan Graham, notabilizado por obras marcantes em torno da função social da arquitetura; e Jack Smith, falecido em 1989, um dos pioneiros do cinema underground.

Como programação integrada à exposição, o Sesc Avenida Paulista também realizará o curso “História da Videoarte”, com o artista Luiz Roque, que terá início em abril, e, em maio, a diretora de cinema Fernanda Pessoa ministra curso prático “Arqueologia de Imagens”, sobre como construir narrativas visuais a partir de arquivos imagéticos.

PROGRAMAÇÃO DE EXIBIÇÕES
Praça (térreo), 20h30

26/03
DAN GRAHAM
Sessão comentada por Tiago Mesquita, crítico de arte e pesquisador
Rock My Religion, 1982–84 [Rock minha religião]

23/04
CHARLES ATLAS
Sessão comentada por Luiz Roque, artista visual
Hail the New Puritan,1985–86 [Salve o novo puritano]

28/05
BARBARA HAMMER
Sessão comentada por Fernanda Brenner, curadora
I Was / I Am, 1973 [Eu era / eu sou]
X, 1975
Double Strength, 1978 [Força dupla]
Sanctus, 1990

11/06
JACK SMITH
Sessão comentada por Patrícia Mourão, crítica, curadora e pesquisadora de cinema
Scotch Tape, 1959–1962 [Fita adesiva]
Jungle Island, 1967 [Ilha da Selva]
Overstimulated, 1959–1963 [Superestimulado]
Song for Rent, 1969 [Música para alugar]
Flaming Creatures, 1962–1963 [Criaturas flamejantes]
Hot Air Specialists, d. 1980 [Especialistas em ar quente]

Sobre Julia Stoschek Collection

Esta parceria com o Sesc São Paulo é a primeira da Julia Stoschek Collection com outra instituição cuja exposição é formada exclusivamente por um recorte de seu acervo no Brasil. A coleção com mais de 850 obras de 255 artistas de todo o mundo está sediada em Dusseldorf, onde foi fundada em 2002, e em Berlim, desde 2007. Seu foco é reunir, conservar e exibir obras de arte baseadas no tempo: vídeo, cinema, instalações de imagens em movimento de canais simples e múltiplos, ambientes multimídia, performance, som e realidade virtual. Fotografia, escultura e pintura complementam esse enfoque da arte baseado no tempo.

As obras da coleção vêm sendo exibidas em grandes mostras individuais e coletivas e os espaços da Julia Stoschek Collection em Düsseldorf e em Berlim são abertos ao público nos fins de semana e mediante hora marcada. Um amplo conjunto de programas públicos englobando itinerâncias, performances, projeções, palestras, publicações, encontros com artistas e oficinas, promove a interação entre visitantes e acadêmicos.

Sobre Rodrigo Moura - Curador

Rodrigo Moura é curador, editor e crítico de arte, ocupando atualmente o cargo de curador adjunto de arte brasileira no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP). Seus projetos recentes de exposições incluem Djanira: a memória de seu povo (MASP, 2019), Mauro Restiffe: Álbum (Pinacoteca do Estado, 2017), Quem tem medo de Teresinha Soares? (MASP, 2017) e Doubles, Dobros, Pliegues, Pares, Twins, Mitades (The Warehouse, Dallas, 2017). Atuou como curador e diretor do Instituto Inhotim (Minas Gerais, Brasil) entre 2004 e 2015.

Posted by Patricia Canetti at 2:33 PM

Sergio Rodrigues na Luciana Caravello, Rio de Janeiro

Criado na década de 1960 pelo designer Sergio Rodrigues (1927-2014), objeto será reeditado em edição inédita e limitada, que será apresentada em instalação lúdica

No dia 21 de março, Luciana Caravello Arte Contemporânea inaugura a exposição O espelho Dragãozinho, com uma série inédita de 30 espelhos do designer Sergio Rodrigues (1927-2014), criados originalmente na década de 1960, para a Oca, loja/galeria que movimentou a cena cultural carioca. Com curadoria de Afonso Luz, as obras serão apresentadas a partir de uma instalação que provoca de forma lúdica a reflexão sobre a construção/desconstrução de uma autoimagem, tema abordado por Sergio Rodrigues em texto de época sobre o trabalho.

Os espelhos, que medem 45cm de diâmetro, são confeccionados em seis madeiras nobres: jacarandá, mogno, conduru, peroba do campo, peroba rosa e imbuia, editados pela Sergio Rodrigues Atelier. Cada uma dessas madeiras possui uma tonalidade distinta – avermelhada, castanha e marrom escuro – tornando cada conjunto diferente. Até as obras feitas com a mesma madeira são distintas entre si, pois os veios variam, tornando cada peça única. Um exemplar de época, feito em jacarandá, também estará exposto.

O nome da obra remete ao espelho da casa da infância de Sergio Rodrigues, no bairro do Flamengo, um espelho retangular que possuía um dragão entalhado em madeira no topo e que é descrito por ele no texto publicado na edição de número 49 da revista Senhor, em 1963. Diferentemente do espelho de sua infância, o Dragãozinho criado por ele na década de 1960 possui o formato arredondado, com uma moldura em madeira, lembrando os porta-retratos que eram pendurados nas paredes das casas de antigamente, com fotos dos membros da família.

O curador Afonso Luz, em texto que acompanha a exposição, faz uma analogia entre o momento atual em que vivemos, das selfies, com os espelhos. “Na nossa sociedade de massas, na sua versão 3.0 do pós-pós-modernismo desse novo milênio, talvez o espelho tenha se tornado apenas um objeto da história da arte, como tantos outros dispositivos de imagem que nos capturavam a existência, como a própria pintura fizera na modernidade. Vivemos todos mergulhados no momento atual, em uma nova revolução sensível, no qual a moldura dos telefones celulares com sua superfície de cristal líquido nos registra em tempo real em microcâmeras, o que gera a revelação imediata de quem somos, onde estamos e como nos vestimos para a vida, a fim de instaurar o espelhamento cotidiano da sociedade numa cultura de selfie”.


A exposição contará, ainda, com um conjunto documental pertencente ao Instituto Sergio Rodrigues, que mostrará um pouco do universo do artista para a criação desta obra. Em uma mesa-vitrine criada pelo próprio Sergio estarão o catálogo original da Oca, com o croqui do espelho, a revista Senhor, com o texto “O espelho do Dragãozinho”, escrito por ele, e o próprio dragão em madeira, que compunha o espelho de sua infância.

SOBRE O ARTISTA
Sergio Rodrigues (1927–2014) é um mestre para produção cultural brasileira de tantas maneiras que até se confunde com o próprio Brasil, com Brasília, com o Rio de Janeiro e com o nosso reconhecimento internacional. Criou mais de 1.200 peças, muitas das quais tornaram-se ícones de nossa maneira de viver, como a poltrona Mole. Durante toda a vida, Sergio Rodrigues seguiu criando e transformando suas inquietações nesse mobiliário que é deliciosamente nosso, sempre de forma bem humorada, dando nomes inusitados aos seus objetos, “Chifruda”, “Vronka”, “Xibô”, quase como se fossem personagens afetivos de nossa história comum nestes trópicos. Essa obra de coerência única é mais do que reveladora de nossa cultura, é a própria cultura traduzida em elementos da mobília e da habitação.

SERGIO RODRIGUES ATELIER
Moveis e objetos inéditos do designer Sergio Rodrigues integram a coleção Sergio Rodrigues Atelier, marca dedicada a resgatar o modo de ver e viver a vida do mestre do design brasileiro e a fabricação de peças singulares do seu acervo. Todo o mobiliário Sergio Rodrigues Atelier é fabricado em madeira maciça a partir de técnicas construtivas da marcenaria tradicional. Formões, spokeshavers e plainas são ferramentas manuais presentes nas bancadas de quem se dedica aos encaixes e aos detalhes originais dos projetos do mestre. Fazer com alma é a essência da marca que tem como propósito inspirar as pessoas a viver experiências, histórias e sensações.

Posted by Patricia Canetti at 1:08 PM

Marcelo Solá na Luciana Caravello, Rio de Janeiro

Com mais de 20 anos de trajetória, artista goiano apresentará obras inéditas que tratam da história do desenho

Marcelo Solá, Luciana Caravello Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, RJ - 22/03/2019 a 13/04/2019

O artista goiano Marcelo Solá ocupará todo o espaço térreo da Luciana Caravello Arte Contemporânea, em Ipanema, a partir do dia 21 de março, com cerca de 20 desenhos inéditos, produzidos este ano. As obras são feitas em técnica mista e dão continuidade a uma pesquisa que o artista vem desenvolvendo há alguns anos sobre a história do desenho, com influências que vêm desde os tempos das cavernas, com a pintura rupestre, até os tempos atuais, com o grafite.

Os trabalhos de Marcelo Solá misturam muitas referências e têm muita influência da rua, não só do grafite, como também dos cartazes de propaganda. “Tem a ver com os muros das grandes cidades, com os cartazes nos muros, que vão se desgastando com o tempo e ao serem molhados pela chuva”, diz o artista.

Os desenhos são feitos em diversos formatos, com tamanhos que variam entre 2mX2m e 80x100. As obras são feitas com aquarela, tinta a óleo, lápis, spray. “Esses novos trabalhos trazem uma mistura de cores e de materiais, como aquarela com tinta a óleo, uma à base de água, outra à base de óleo, que são coisas que não se misturam, mas que tem dado um resultado bem interessante”, conta o artista.

Além disso, nesses novos trabalhos, a serigrafia, que o artista vinha utilizando de forma mais tímida, está mais evidente e ganha mais importância dentro da obra. Primeiro, o artista pensa em um desenho e o transforma em serigrafia. “A serigrafia é usada como base e vou trabalhando em cima dela, que em alguns momentos, quase desaparece, mas continua ali”, conta Marcelo Solá.

As frases criadas pelo artista, que também já estavam presentes em trabalhos anteriores, ganham mais destaque nessas obras aos serem feitas com carimbo. “As frases te sugam para dentro do desenho e te levam para outras possibilidades de leitura”, afirma o artista.

Marcelo Solá (Goiânia, 1971. Vive e trabalha em Goiânia) é um assíduo desenhista e se comunica principalmente através desta linguagem. Com mais de 20 anos de trajetória, já participou de importantes exposições no Instituto Tomie Ohtake, na Funarte, nos Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro e de São Paulo, no Centro Cultural São Paulo, no Festival de Cultura da Bélgica, na 25ª Bienal de São Paulo e no Drawing Center (Nova York). Recebeu diversos prêmios, como a “Bolsa de Apoio a Pesquisa e Criação Artística”, da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro e duas vezes o “Prêmio Projéteis de Arte Contemporânea”, da Funarte. Além disso, ainda participou de residências artísticas no Brasil e no exterior, como nos Estados Unidos, Canadá e Holanda.

Posted by Patricia Canetti at 12:59 PM

março 13, 2019

Liuba + Claudia Jaguaribe na Marcelo Guarnieri, São Paulo

A Galeria Marcelo Guarnieri apresenta na sua sede de São Paulo a segunda exposição individual da artista búlgara radicada brasileira Liuba. A sala será ocupada por uma plataforma de blocos de concreto que servirá de base para as esculturas, posicionadas em diferentes níveis de altura, seguindo um projeto expositivo concebido pela artista. Além das esculturas, serão apresentados desenhos e relevos de parede, todos eles produzidos entre as décadas de 1960 e 1980.

Liuba (1923, Sófia - Bulgaria, 2005, São Paulo - SP), chegou no Brasil em 1949 já para estabelecer um ateliê em São Paulo, onde viviam seus pais desde o ano anterior. Durante a década de 1950, a artista transitou por diversos países da Europa, das Américas e do Norte Africano, como Egito, Algéria, Tunísia e México. A possibilidade de conhecer tantas culturas diferentes e de ter ateliês tanto no Brasil como na França, permitiu a Liuba estar em contato com discussões diversas que afetaram diretamente o seu trabalho. Formou-se na École de Beaux Arts de Genebra e trabalhou por cinco anos com a renomada escultora da Escola de Paris Germaine Richier. A partir de 1954 o trabalho de Liuba começa a se mover em direção a um "formalismo biomórfico", segundo o crítico de arte norte-americano Sam Hunter. Tais contorções apontariam para uma tendência do meio do século XX rumo à abstração, enquanto suas formas animalísticas afirmariam uma herança Jungiana, pensamento tão importante dentro dos círculos artísticos frequentados por ela. "Ave Composta", "Plant Form", "The Wing" e "In Flight" são alguns dos títulos de suas criaturas, que em arranjos totêmicos, nos remetem a formas animais, vegetais e até humanas. "Para mim eles são animais. Mas não consigo explicar de onde eles vêm – deve ser do meu subconsciente.", especulava Liuba.

Em 1965, dentro das comemorações do IV Centenário do Rio de Janeiro, Liuba apresentou um conjunto de esculturas na área externa do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, naquela que seria sua primeira mostra individual em um museu. As esculturas de Liuba foram dispostas sobre blocos de concreto ao ar livre e dialogavam com o projeto paisagístico de Burle-Marx e com o projeto arquitetônico e urbanístico de Affonso Eduardo Reidy. "Tenho estado particularmente interessada na ligação entre escultura e arquitetura", declarou Liuba naquele ano.

De 1958 até o ano de sua morte, Liuba trabalhou entre seus ateliês de São Paulo e Paris, vivendo alternadamente realidades distintas em um mundo ainda pouco conectado nas distâncias. Sua obra "na beira da abstração", como definiu Sam Hunter, talvez seja um pouco como foi sua vida, criando e "trocando" as raízes de muitos lás e cás.

Na sala 2 da Galeria Marcelo Guarnieri, em Encontro com Liuba, Claudia Jaguaribe apresenta uma instalação formada por fotografias feitas por ela nos ateliês de Liuba em Paris e em São Paulo. As imagens são compostas por recortes, colagens e interferências serigráficas, propondo um diálogo entre as operações que Liuba desenvolvia no espaço tridimensional e as desenvolvidas por Jaguaribe no bidimensional. Em seu trabalho, Claudia Jaguaribe também questiona a natureza da fotografia, expandindo seus modos de existência, seja em vídeos, objetos, instalações, livros ou até mesmo na internet.

Claudia Jaguaribe (Rio de janeiro, 1955) nasceu na mesma década que Liuba chegou ao Brasil, mas só "encontrou" com a artista em uma de suas estadias em Paris. Jaguaribe, que já vinha investigando a relação entre natureza e cultura por meio da fotografia, tinha muitas razões para se encantar por aquele jardim habitado por criaturas de bronze. Além da óbvia correspondência que se estabelecia entre as esculturas e a vegetação ao redor, o envolvimento que teve Liuba com o projeto modernista e sua motivação pela dimensão pública da arte já lhe renderia alguma pesquisa. As esculturas de Liuba não ocupam apenas salas de museus, reservas técnicas ou jardins particulares, elas também podem ser encontradas em jardins públicos, como o Jardim da Luz em São Paulo ou o Jardim Tino-Rossi em Paris, no Musée de la sculpture en plein air.

Claudia Jaguaribe já registrou em suas fotografias resultados diversos dessa difícil relação entre a humanidade e a natureza, seja do interior de apartamentos, das ruas de grandes centros urbanos ou em áreas de preservação ambiental. A participação humana, aliás, não se restringe à presença do corpo humano, mas abrange tudo aquilo que é de sua criação: seus objetos, construções, resíduos e intervenções. Desse modo, a arquitetura, dentro da produção de Jaguaribe, ganha uma importância semelhante à natureza: trata-se da paisagem, daquilo que se vê, mas que também se habita.

Um encontro com Liuba por Claudia Jaguaribe

Ao conhecer a obra de Liuba durante uma visita ao seu ateliê, em Paris, fiquei encantada com as múltiplas dimensões de seu trabalho. Ao voltar a São Paulo, resolvi logo fotografar seu acervo, desta vez no ateliê nessa cidade. Liuba faz parte de uma geração de artistas europeus que, emigrados pós-guerra, atuaram a partir dos anos 50 e 60, fundando o modernismo e exercendo grande influência na arte brasileira. Assim, ao fotografar suas obras, proponho a revisão de questões atuais e passadas sobre a herança modernista na arte.

Desde aquele primeiro encontro com Liuba entendi seu desejo de expansão do processo artístico; senti uma grande identificação com a tridimensionalidade das obras, com a necessidade de sair do plano, de ocupar o espaço e, também, com o seu flerte com a abstração da bidimensionalidade. Mas, ao estar em contato com seu trabalho, senti sobretudo a mesma busca por uma representação que extrapola o real.

Os pontos de contato entre mim e Liuba se descortinaram aos poucos, e então pude perceber que, com o seu estilo eclético, ela busca encontrar a modernidade, e eu a forma que expresse o contemporâneo. Percebi por meio dos animais, das formas e das figuras de Liuba, equivalências que ressoam no nosso cotidiano ao carregar o passado e o futuro de modo incerto. As fotografias resultantes deste encontro mostram seres híbridos, mutantes, que retratam a nossa condição de migrantes que transitam por diferentes nações, de estados de ser e de sexualidades. A carga dramática dessas formas escultóricas inseridas em imagens de hoje acentuam a universalidade das tensões presentes e a dimensão política da nossa condição humana.

Sobre Liuba (1923 - 2005)

Liuba desenvolveu em seu trabalho uma pesquisa atenciosa sobre o repertório formal dos mundos animal e vegetal e de culturas ancestrais, especialmente as sul-americanas. De 1944 a 1949 estudou com a escultora francesa Germaine Richier, primeiro na Suíça e depois em Paris, onde passou a viver e trabalhar. Em 1949 estabeleceu seu ateliê em São Paulo, mas foi só a partir de 1958 que decidiu viver entre São Paulo e Paris. Participou ativamente do circuito de arte brasileiro, sendo premiada na VII Bienal de São Paulo, em 1963 e integrando também as VIII, IX e XIII edições. Entre as décadas de 1970 e 1980 fez parte de seis edições do Panorama da Arte Brasileira realizado pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo. Suas peças evidenciam uma lógica construtiva por meio da articulação entre cheios e vazios, contornos e ritmos, linhas e forças, explorando formas angulosas e enérgicas. O bestiário que construiu ao longo de sua produção carrega um sentido não somente mágico, como também trágico. O grande interesse que tinha a artista pela aproximação de suas esculturas à arquitetura pôde ser reconhecido em 1965, com sua individual no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Seus "animais" foram dispostos nos jardins do museu, de modo que pudessem dialogar tanto com o prédio, quanto com a área verde, "retornando", enfim àquele que parecia ser o seu habitat natural.

Suas obras integram importantes coleções públicas internacionais como a do Fond National d’Art Contemporain de Paris, do Museu de Saint-Paul de Vence na França, do Kunsthalle de Nuremberg na Alemanha, do Hakone Open Air Museum no Japão e do Musée de La Sculpture en Plein Air de La Ville de Paris; e integram também importantes coleções públicas nacionais como a do Museu de Arte Moderna de São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Coleção da Bienal de São Paulo e do Museu do Artista Brasileiro em Brasília, DF.

Sobre Claudia Jaguaribe (1955)

Formada em história da arte, artes plásticas e fotografia pela Boston University (EUA), participa de exposições nos principais museus e galerias do Brasil e no exterior desde 1990. Claudia Jaguaribe desenvolve uma pesquisa que explora a ideia de perspectiva e ponto de vista não só no assunto escolhido ou na maneira de fazer – em Entrevistas, por exemplo, série de fotografias produzidas a partir de conversas e visitas a casas de moradores de diversos bairros e classes sociais da cidade de São Paulo, onde são retratados junto às vistas de suas janelas –, mas também na maneira de exibir – em No Jardim de Lina, sua mais recente exposição na Casa de Vidro, em que dispõe as fotografias que fez do jardim, impressas em superfícies translúcidas, à frente dos grandes vidros que separam o interior da casa ao seu exterior, compondo uma cena de imagens sobrepostas.

Seus trabalhos estão em diversos museus e coleções brasileiras e internacionais tais como Museu de Arte Moderna, São Paulo; Inhotim, Brumadinho; Itaú Cultural, São Paulo; Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro; Victoria and Albert Museum, Londres; Maison Européene de la Photographie, Paris; Instituto Ítalo Latino Americano, Roma entre outros. Tem treze livros publicados e reconhecidos pela singularidade da integração fotográfica e projeto gráfico. Em parceria com Iatã Cannabrava e Claudi Carreras fundou, em 2013, a editora de fotolivros Editora Madalena, especializada em fotolivros.

Posted by Patricia Canetti at 1:05 PM

Acervo em Movimento no MARGS, Porto Alegre

Um experimento de curadoria compartilhada entre as equipes do MARGS

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli (MARGS) tem a honra de convidar para abertura da exposição que marca a estreia da nova direção do museu. A mostra coletiva intitulada Acervo em Movimento: um experimento de curadoria compartilhada entre as equipes do MARGS, ocorre dia 16 de março (sábado), às 11h, nas Pinacotecas do MARGS.

A visitação segue até 21 de julho, sempre com entrada gratuita,de terças a domingos, das 10h às 19h. Visitas mediadas podem ser agendadas por e-mail.

No mesmo dia acontece a cerimônia de posse do diretor Francisco Dalcol a ser realizada no sábado, às 10h30min. Estão previstas na solenidade as presenças do governador do Estado, Eduardo Leite, e da secretária de Estado da Cultura, Beatriz Araújo.

Antes, na quinta-feira, dia 14/3/2019, às 10h30min, será realizada coletiva de imprensa para anunciar planos e linhas de ação para o MARGS a jornalistas e meios de comunicação, seguida de visitação à exposição de estreia.

Acervo em Movimento é uma ampla exposição baseada no acervo do museu, ocupando as três galerias das Pinacotecas, o espaço mais nobre do MARGS. O projeto expositivo consiste em um exercício experimental de curadoria com as equipes do museu, que atuarão no desenvolvimento da mostra em regime compartilhado. A exposição inaugura com uma seleção de obras do acervo, passando até julho por alterações quase mensais com entradas e saídas de outras obras. Cada uma dessa “viradas” será conduzida por integrantes dos Núcleos de Curadoria, Acervo, Educativo, Documentação e Pesquisa, e Restauro e Conservação.

Com essa estratégia de substituições de obras, Acervo em Movimento busca oferecer uma exposição viva e dinâmica. Na configuração de estreia proposta pelo diretor-curador, traz a público obras de nomes relevantes da arte brasileira, como Di Cavalcanti, Portinari, Tarsila do Amaral, Volpi, Guignard e Lygia Pape. Há também obras de nomes referenciais entre artistas gaúchos, como Carlos Scliar, Tenius, Alice Brueggemann, Elaine Tedesco, Gisela Waetge, Lia Menna Barreto, Mário Röhnelt e Carlos Pasquetti.

Essa seleção e sua configuração expográfica não seguem ordenações de estilo, origem ou período. Como uma exposição não cronológica e desenvolvida segundo o conceito de montagem, o projeto explora diálogos e confrontos a partir de articulações de vizinhança e rebatimento entre as obras no espaço expositivo, propondo assim relações novas, inusitadas e provisórias de ordem conceitual, histórica, política, formal e mesmo afetiva.

Acervo em Movimento constitui um primeiro experimento curatorial voltado ao acervo, o qual se quer permanente na política de exibição do MARGS nesta gestão, passando a ocupar diferentes salas do museu depois desta estreia nas Pinacotecas.

Datas de alterações na exposição

16.03 – Abertura com seleção de obras pelo Diretor-Curador (Duração de 23 dias)
08.04 – Obras escolhidas pelo Núcleo de Curadoria (Duração de 27 dias)
06.05 – Obras escolhidas pelo Núcleo Educativo (Duração de 27 dias)
03.06 – Obras escolhidas pelo Núcleo de Acervo (Duração de 27 dias)
01.07 – Obras escolhidas pelo Núcleo de Documentação e Restauro (Duração de 20 dias)
21.07 – Obras escolhidas pelo Encerramento da exposição

Posted by Patricia Canetti at 11:46 AM

Iván Argote na Vermelho, São Paulo

Em seu novo filme, La Plaza del Chafleo, 2019, Iván Argote propõe uma praça pública imaginária que seria batizada em homenagem ao verbo “chaflear”, que é, também, um verbo imaginário, um neologismo. Argote propõe esse novo verbo como um monumento para essa praça, um verbo definido pela maneira como as pessoas usam o lugar; por exemplo, se as pessoas vierem para se beijar, “chaflear” significaria “beijar”, se as pessoas vierem protestar, “chaflear” significaria “protestar”. O filme especula sobre o que poderia ser “chaflear”, e levanta diferentes questões sobre como usamos simbolicamente e fisicamente os espaços públicos.

Através dessa especulação, La Plaza del Chafleo faz alguns saltos no tempo e no espaço: parte de sua narrativa acontece em um estúdio de gravação - em um tipo de jardim reconstituído - onde ações com partes de corpos e objetos acontecem. Outro ato acontece em uma praça pública em Douala, Camarões, e analisa a maneira com a qual a palavra "Camarões" perdeu seu sentido entre diferentes períodos de colonização por diferentes nações e línguas. Em outro momento, o filme registra uma intervenção feita em um espaço público de Buenos Aires. Na capital Argentina, Argote promoveu o reabastecimento de uma fonte pública esvaziada conhecida como Fonte da Poesia. O monumento havia sido abandonado pelo governo há oito anos, depois de servir como ponto de encontro para leitura de poesias. Durante sua ação, Argote preencheu a fonte com 15.000 litros de água e retomou sua funcionalidade. La Plaza del Chafleo também registra um protesto infantil que emerge de uma oficina ministrada por Argote no museu MALBA (BsAs). Essa natureza elástica do filme faz dele uma ferramenta para o debate de ideias sobre os espaços públicos e para promover intervenções e experiências colaborativas.

Sobre o artista

Iván Argote nasceu em Bogotá, em 1983. Vive e trabalha em Paris, França. Argote já teve seu trabalho exposto em instituições e exposições internacionais como Desert X (Palm Springs, EUA, 2019), Sharjah Film Platform (Sharjah, Emirados Árabes, 2019), Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires [MALBA] (Buenos Aires, Argentina, 2018-2019), Museo de Arte Moderno de Bogotá [MAMBO] (Bogotá, Colômbia, 2017), Triennale d’Art Publique (Douala, camarões, 2017), Bienalsur (Buenos Aires, Argentina, 2017), Saatchi Gallery (Londres, Reino Unido, 2017), Future Generation Art Prize (Kiev, Ucrânia// Veneza, Itália, 2017), Centre Pompidou (Paris, França, 2016) e XXX Bienal de São Paulo (São Paulo, 2012), .

Sua obra está presente em importantes coleções como Saatchi Gallery (Londres), MACBA: Museu d’Art Contemporani de Barcelona (Barcelona), CNAP Centre national des arts plastiques (Paris), FNAC Fonds national d’art contemporain – Paris – France [Paris] e Cisneros Fontanals Art Foundation [CIFO] (Miami).

Argote também já foi contemplado com prêmios reconhecidos mundialmente como: Future Generation Art Prize (nomination), PinchukArtCentre, 2017; Grant CIFO, Cisneros Fontanals Foundation, 2015; Audi Talents Art Contemporain et Design, 2013; Prize Sam Art Projects, 2011.

Posted by Patricia Canetti at 11:09 AM

Marcelo Cidade na Vermelho, São Paulo

Em sua sétima exposição individual na Vermelho, Marcelo Cidade propõe um contraponto a sua última proposição para a galeria. Se em 2016, em Nulo ou em branco, um dos seus principais temas de pesquisa era a ‘Arquitetura social’ - aquela comprometida com a vida humana, que visa uma conexão maior com a realidade de cada um e com o espaço em que se vive – em Dívidas, divisores e dividendos seu foco se direciona à ‘Arquitetura hostil’ em dois conjuntos de trabalhos inéditos.

O termo ‘Arquitetura hostil’ foi cunhado por Ben Quinn, em reportagem de 2014 no jornal britânico The Guardian. O texto “Anti-homeless spikes are part of a wider phenomenon of ‘hostile Architecture’” (Os espetos anti-desvalidos são parte de um fenômeno mais amplo de ‘arquitetura hostil’") disserta sobre como novos recursos de design influenciam o uso dos centros urbanos, em uma tentativa de excluir a população pobre, promovendo uma ocupação higienizada das cidades.

Em ‘Escala disciplinar’, 2019, Marcelo Cidade utiliza os espetos anti-desvalidos como parte de uma pesquisa tipológica sobre os métodos da ‘Arquitetura hostil’. Partindo da estatura média do brasileiro, Cidade organiza uma coleção desses dispositivos com referência aos tradicionais cortes (ou vistas) apresentados em projetos arquitetônicos: vista frontal, vista lateral e detalhe. Ao unir a linguagem de projeto à escala humana, Cidade devolve ao humano a disfunção ocasionada por dispositivos da ‘Arquitetura hostil’, como afirmou o artista em um texto sobre a série, “Tenho percebido o uso desses elementos em diversas cidades, e me intriga cada vez mais essa dualidade entre função e disfunção no proposito principal da arquitetura, gerando a exclusão do corpo humano em relação ao espaço dito público.”

Outra maneira de entender o olhar do progresso sobre a arquitetura veio quando o prédio modernista onde o artista mora teve sua prumada hidráulica substituída. Todo o canal ferroso embutido em vigas para controlar o escoamento de esgoto foi arrancado a marretadas da estrutura do edifício para ser substituído por canos considerados mais modernos, feitos em pvc. Ao contrário do que ocorre em parte das edificações europeias, as prumadas no Brasil – e em especial na arquitetura modernista, que, via de regra, evita adornos ou elementos suplementares em seus desenhos puristas – ficam camufladas na arquitetura, causando uma grande produção de resíduos e gastos quando algum tipo de reparo nesses elementos se faz necessário.

Marcelo Cidade colecionou os pedaços de canos ferrosos e os apresenta agora em ‘Refluxo estrutural’, 2019, em um exercício comparativo com os teoricamente mais avançados canos de pvc. Sobre uma estrutura de blocos de concreto, Cidade contrapõe os dois materiais aparentemente mal-ajambrados. Um olhar atento, no entanto, percebe os trincos feitos pelas marretas nos canos de ferro cuidadosamente reproduzidos nos canos de pvc. É esse gesto, que recorre a uma série de procedimentos tradicionais das artes, como a frottage (usada para transferir as marcas do ferro ao pvc) e ao entalhe (utilizado na reprodução em si), que chama a atenção ao paralelismo proposto pela obra.

Se o material ferroso já foi considerado o mais eficiente em determinado período da história, hoje suas desvantagens são claras. Contudo, os modernos canos de pvc não parecem um grande salto qualitativo quando se pensa no desenvolvimento sustentável de uma rede de saneamento eficiente. Embora o uso desse material apresente vantagens como a baixa condutividade elétrica, baixo peso comparativo, facilidade de manuseio, pouca acumulação de detritos e o baixo custo de aquisição, suas desvantagens são conhecidas desde o início do seu uso: baixa resistência térmica e mecânica, eliminação de fumaça e gases tóxicos e a falta de informações sobre seu desempenho sob uso prolongado. No mais, o pvc é um derivado do petróleo e os malefícios desse material são amplamente conhecidos. Além das diversas neurotoxinas presentes no material, de suas propriedades inflamáveis e da poluição gerada por sua extração e processamento, o custo humano relacionado aos combustíveis fosseis é alto, já que, por sua ampla capacidade de produção de bens e riquezas, são objeto de inúmeras guerras e confrontos políticos. Assim, podemos entender um conflito estrutural inerente às construções que abitamos e aos dispositivos que devem conduzir um dos elementos mais essenciais ao homem, a água.

Sobre o artista

Marcelo Cidade nasceu em São Paulo, em 1979. Vive e trabalha em São Paulo. Cidade já teve seu trabalho exposto em instituições e exposições internacionais como Fundação Serralves (Porto, Portugal, 2018), Palais de Tokyo (Paris, França, 2018), Museum of Contemporary Art Detroit [MOCAD] (Detrit, EUA, 2017), Museu de Arte de São Paulo [MASP] (São Paulo, Brasil, 2017), Museum Beelden aan Zee (Den Haag, Holanda, 2016), Bronx Museum (Nova York, EUA, 2015), Wexner Center for the Arts (Columbus, EUA, 2014), 8ª Bienal do Mercosul (Porto Alegre, Brasil, 2011), Trienal de Arquitectura de Lisboa (Lisboa, Portugal, 2010), XIV International Sculpture Biennale of Carrara (Carrara, Itália, 2010) e 27° Bienal de São Paulo (São Paulo, Brasil, 2006).

Sua obra está presente em importantes coleções como Phoenix Art Museum (EUA), Fundação Serralves (Portugal), Tate Modern (UK) Kadist Art Foundation (França), Museo Tamayo Arte Contemporaneo (México) e Bronx Museum (EUA).

Posted by Patricia Canetti at 11:05 AM

Sergej Jensen na Carpintaria, Rio de Janeiro

A Carpintaria tem o prazer de anunciar a terceira exposição individual do artista dinamarquês Sergej Jensen no Brasil. Sete anos após sua última exposição na Galeria Fortes Vilaça, São Paulo, o artista apresenta um conjunto de trabalhos inéditos que reafirmam seu interesse pelo uso de tecidos como suporte principal para sua prática pictórica, iniciada nos anos 2000.

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Em sua obra, Jensen subverte o vocabulário tradicional da pintura ao empregar tecidos como linho, juta e seda como base para suas telas. O artista apropria-se dos mais variados tipos têxteis, explorando o contraste entre materiais de alta e baixa qualidade ao desconstruí-los e costurá-los, em um processo que resulta em composições abstratas de extrema sutileza. Sobre elas, Jensen utiliza materiais como tinta acrílica e folhas de ouro, evocando um uso quase acidental, fortuito, destes materiais, ao destacar texturas, tramas e enredos dos tecidos.

O artista aborda a superfície enquanto um campo de construção – e desconstrução – em que manchas, imperfeições e borrões por vezes aludem a mapas e paisagens, cartografias poéticas que jogam com luz e opacidade. Há também uma manipulação do processo da pintura em si: ora a tinta é aplicada indiretamente no tecido, por trás dele; ora a tela é encarada como um espaço negativo, sobre a qual o artista utiliza compostos químicos para subtrair a cor original, deixando que o próprio material revele suas peculiaridades e atributos.

Neste novo grupo de obras, o artista adiciona ao seu repertório técnico usual novos procedimentos como a impressão em UV, técnica que consiste no uso de radiação ultravioleta para atingir uma impressão de alta precisão em superfícies variadas. À primeira vista, a utilização de um artifício digital parece contradizer os métodos mais analógicos e manuais que guiaram a produção de Jensen até aqui. Estas escolhas, no entanto, revelam um esgarçamento do vocabulário visual do artista, cuja relação com a abstração por vezes esbarra na representação, revelando indícios figurativos, como em Ivory Crab (2018).

Isto torna-se ainda mais evidente em trabalhos em que materiais como platina, folhas de ouro e cristais de diamante emprestam extravagante e silenciosa eletricidade às suas composições. São obras que convidam o espectador a uma desaceleração do olhar na medida em que revelam temporalidade e frequências próprias, estimulando o espectador a decifrar as minúcias de um processo oblíquo de pintura. Assim, Jensen dribla o uso convencional de materiais e procedimentos típicos do suporte, revelando uma prática artística de alto rigor visual, amplamente reconhecida no circuito internacional da arte contemporânea.

Sergej Jensen (Maglegaard, Dinamarca, 1973) vive e trabalha em Nova York. Suas exposições individuais recentes incluem: Staatliche Kunsthalle (Baden-Baden, 2017), Statens Museum for Kunst (Copenhagen, 2016), e Berlinische Galerie (Berlim, 2013). Em 2011, teve sua primeira mostra panorâmica em um museu americano, MoMA PS1 (Nova York). Seu trabalho está presente nas coleções: MoMA (Nova York), Guggenheim Museum (Nova York), Tate Modern (Londres), Fondation Beyeler (Basel), Hammer Museum (Los Angeles), MOCA (Los Angeles), Centre Pompidou (Paris), entre outras.


Carpintaria is pleased to announce Sergej Jensen’s third solo exhibition in Brazil. Seven years after his last show at Fortes Vilaça, São Paulo, the Danish artist presents a new body of work, which restates his interest in using textiles as a starting point in his painterly practice, initiated in the early 2000s.

Jensen subverts the traditional painting vocabulary by employing textiles such as linen, burlap and silk as support in his pieces. Moreover, the artist appropriates all kinds of textiles, and explores the contrast between high and low quality materials, whistle deconstructing and sewing them together. Extremely subtle abstract compositions emerge in the process. Jensen applies paints and gold leaf over the textiles, evoking an almost accidental, fortuitous use of the former, simultaneously highlighting textures, wefts and entanglements of the latter.

The artist approaches the surface as a construction – and deconstruction – site in which stains, imperfections and blots may at times allude to maps and landscapes. Poetic cartographies play with light and opacity. Furthermore, he carries out a manipulation of the painting process itself: paint in either applied indirectly to the support, from behind; or the support is seen as a negative space over which the artist employs chemical compounds to subtract its original color, allowing the material to reveal its peculiarities and attributes.

In the pieces created for this show, the artist added new procedures to his usual technical repertoire, for instance, UV printing – a technique that uses UV radiation to achieve high-precision printing on a wide range of surfaces. At first sight, the use of a digital artifice seems to contradict the mostly analogical and manual methods that have guided Jensen’s production thus far. However, such choices reveal a fraying in the artist’s visual vocabulary, whose rapport with abstraction at times stumbles upon representation, uncovering figurative traces, as in Ivory Crab (2018).

This is more apparent in works where fine materials such as platinum, gold leaf and diamond crystals lend extravagant and silent electricity to the compositions. These pieces unfold in a temporality and frequency of their own, inviting the viewer to slowdown and decipher details of an oblique painting process. In short, Jensen’s work challenges painting’s methods, materials and canons, and offers a defiant, rigorous and elegant interpretation of what can be done in the field today.

Sergej Jensen (born 1973, Maglegaard, Denmark) lives and works in New York. Recent solo shows include: Staatliche Kunsthalle Baden-Baden, Baden-Baden (2017); Statens Museum of Kunst, Copenhagen (2016); and Berlinische Galerie, Berlin (2013). In 2011 he had his first American museum survey at MoMA P.S.1, New York. His work is part of the following collections: Museum of Modern Art, New York; Guggenheim Museum, New York; Tate Modern, London; Fondation Beyeler, Basel; Hammer Museum, Los Angeles; Museum of Contemporary Art, Los Angeles; and Centre Georges Pompidou, Paris.

Posted by Patricia Canetti at 9:33 AM

março 10, 2019

Ecos do Atlântico Sul no Pivô, São Paulo

Em parceria com o Pivô, o Goethe-Institut apresenta a coletiva Ecos do Atlântico Sul com a participação dos artistas Akinbode Akinbiyi, Ana Hupe, Anita Ekman, Antonio Társis, Ayrson Heráclito, Camila Sposati, Carol Barreto, Cássio Bomfim, Emeka Ogboh, Falke Pisano, Isaac Julien, Jonathan Dotse, Jota Mombaça, Sarojini Lewis, Tatewaki Nio, Yolanda Chois e curadoria de Ines Linke e Uriel Bezerra. A exposição é parte do programa Pivô Recebe, em que projetos concebidos previamente por artistas, curadores ou produtores culturais são co-produzidos e acolhidos nos espaços do Pivô.

Em sua segunda itinerância, a exposição coletiva que originalmente integrou a programação da conferência homônima organizada pelo Goethe-Institut em Salvador (2018), e, posteriormente o Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro (2018), reúne vídeos, fotografias, esculturas sonoras, cartazes, objetos, e performances de um grupo internacional de 16 artistas que, por meio de seus trabalhos, comentam as relações complexas entre os países e as comunidades que compõem o Atlântico Sul. Cada artista criou uma espécie de "história alternativa" que desafia a historiografia oficial da região, examinando trocas, investigando relações, diluindo localizações geográficas e destacando suas ressonâncias no tempo presente. As perspectivas individuais, implícitas em imagens, sonoridades, documentos, vestígios, instrumentos e peças, ecoam as narrativas coloniais e pós-coloniais, as diásporas, migrações globais e processos transculturais.

Akinbode Akinbiyi (1946) participa com uma série de seis imagens do trabalho Passageways, Involuntary Narratives and the Sound of Crowded Spaces (2015-2017) exibido pela primeira vez em 2017 na Documenta 14 em Atenas e Kassel. A sequência de imagens produzidas em Kassel, Lagos e Osogbo é exibida em uma grade com a qual o artista cria uma cadência visual, concebida especificamente para esta exposição.

A artista Ana Hupe (1983), parte de uma ampla pesquisa sobre racismo, feminismo e migração. A artista espelha fragmentos da história de Romana da Conceição, que se muda de Salvador a Lagos em 1900, e Okwei Odili, que se muda de Lagos a Salvador, em 2018.

À Flor da Terra é uma continuidade da performance Tupi Valongo. Cemitério dos Pretos Novos e Velhos Índios, realizada pela artista Anita Ekman (1985) em Salvador, na conferência Ecos do atlântico Sul (Goethe Institut Salvador). A nova performance conta com a participação do Grupo Dyroa Báya e Anani Sanouvi. Através de rituais fúnebres africanos e indígenas, a artista propõe um olhar para o protagonismo histórico feminino, a partir do maior cemitério de africanos fora da África: o sítio arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos no Rio de Janeiro.

Trabuco (2015) é um trabalho realizado por Antônio Társis (1995) que discute a violência praticada contra corpos negros. O artista coleciona e transforma vestígios dos conflitos armados que atestam a repressão histórica e cotidiana da polícia e do Estado.

Ayrson Heráclito (1968) participa com o vídeo díptico O Sacudimento: a reunião das Margens Atlânticas (2015), exibido na 57ª Bienal de Veneza em 2017. Neste trabalho, o artista exibe duas gravações de rituais de limpeza dos espíritos oriundos do período da escravidão realizadas em ações performáticas na Maison des Esclaves, na ilha de Gorée, Senegal e na Casa da Torre de Garcia d'Ávila, em Mata de São João, Bahia.

Camila Sposati (1972) e Falke Pisano deslocam questões de música, dança, história e arqueologia para o universo da arte. Elas revelam olhares sobre imagens coloniais e mostram como instrumentos e tradições musicais presentes em gravuras afetam nossas relações e ações atuais.

Carol Barreto participa com a obra Coleção Asè (2016), que investiga a relação entre moda e ancestralidade negra-feminina. O trabalho, apresentado inicialmente como performance colaborativa, que nasce da rica tradição têxtil do Nordeste, é empregado como ferramenta de luta antirracista.

A partir das experiências com a obra Salve Exú Motoboy (2016-2018), que envolve moda, fotografia, vídeos e performance de rua onde a figura contemporânea do motoboy é cruzada com os arquétipos de religiões de matrizes africanas, Cássio Bomfim (1984) propõe uma performance participativa com o acervo de sua coleção em que apresenta as possibilidades de “incorporação imagética”.

Na instalação sonora Lugares Comerciais (2016), Emeka Ogboh (1977) combina gravações de sons capturados em diferentes mercados dentro e nos arredores de Lagos, importando a soundscape da vibrante metrópole africana, capital econômica, comercial e cultural da Nigéria para a Bahia. Na Praça do Cacau, estes sons se transformam em um concerto ao ar livre, permeando e cruzando as sonoridades da cidade de São Paulo.

Isaac Julien (1960) cria uma linguagem visual que dialoga com elementos documentais do cinema. Em “Territories”, ele explora as relações de gênero, raça e sexualidade que atravessam o cotidiano do negro na Grã-Bretanha dos anos 1980.

Jonathan Dotse (1988), artista AfroCyberPunk, apresenta Pandora (2015-2018), um curta-metragem experimental apresentado em 360 graus e gravado em Accra, Tema e Aburi em Gana. O antigo mito grego de Pandora é re-imaginado em um contexto africano e recontado através das possibilidades da realidade virtual. A narrativa nos leva a um passeio que desloca tempos e lugares, levantando questões sobre o uso e acesso às tecnologias.

Jota Mombaça (1991) trabalha com práticas performáticas que abordam questões de violência, resiliência, necropolítica, entre outras. A peça exposta resulta de uma performance realizada em Salvador que consiste numa ação duracional, na qual manufatura as facas artesanais.

Sarojini Lewis (1984) apresenta o vídeo Procurando Madame Jeanette (2018), inspirado na pimenta Madame Jeanette, comumente consumida no Caribe, cujo nome foi dado a partir da fama de uma famosa prostituta brasileira. Poderia Madame Jeanette ter emigrado de Salvador para o Caribe quando do início do trabalho escravo na Bahia?

Tatewaki Nio (1971) apresenta uma seleçāo de quatro fotografias de uma nova série intitulada As Pegadas dos Retornados (2017), produzida em Lagos, Nigéria. Nela, o artista investe um olhar sobre edificações como igrejas, conjuntos habitacionais e prédios comerciais da cidade, cuja autoria é de ex-escravizados do Brasil colonial que retornaram a Lagos.

Yolanda Chois (1987) trabalha com redes de comunicação e visualidades alternativas. Sua pesquisa, realizada em rede interinstitucional no Sul global, lida com o contexto de migração contemporânea e os efeitos das narrativas coloniais. A série de cartazes intitulados Cayendo a la Periferia/ Dinámicas de la Migración (2018) foi criada a partir de conversas com seus colaboradores.

Os trabalhos que integram a exposição, cada um a sua maneira, participam do processo da (des/re)construção de histórias capazes de transformar nossa percepção acerca dos desenvolvimentos sociais, políticos, econômicos e culturais da região do Atlântico Sul, contribuindo para a revisão das dicotomias presentes nas narrativas históricas oficiais, para a democratização e a para os esforços de descolonização das relações entre as nações do Atlântico Sul.

Posted by Patricia Canetti at 2:52 PM

Sérvulo Esmeraldo no IAC / MuBA, São Paulo

O IAC – Instituto de Arte Contemporânea – e o MUBA – Museu Belas Artes de São Paulo apresentam a exposição Sérvulo Esmeraldo: Linguagens múltiplas. Nascido no Crato, Ceará, o artista completaria 90 anos em 27 de fevereiro de 2019. Tendo vivido em Paris entre 1957 e o final dos anos 1970, a mostra apresenta os processos desenvolvidos pelo artista durante esse período e destaca distintas facetas criativas de Sérvulo Esmeraldo. Tais pesquisas o levaram à experimentação em vários suportes como a gravura, o desenho, a pintura, a escultura e objetos de natureza criativa e inventiva. Das investigações amplamente aprimoradas com meios e técnicas, Sérvulo produziu o conceito dos ‘excitables’ por meio dos quais a necessária participação do público “aciona” a obra colocando tais trabalhos no âmbito da arte cinética. A exposição tem curadoria de Vinícius Marangon, membro do Grupo Experimental de Curadoria do IAC criado e coordenado por Marilúcia Bottallo. Nela serão apresentados projetos, maquetes, desenhos, esculturas, esboços, pinturas, gravuras e matrizes que darão ao público do IAC a oportunidade de conhecer um pouco mais Esmeraldo, um artista inquieto, pesquisador, original e fundamental para a compreensão da arte produzida no período.

Sobre a curadoria

O Grupo Experimental de Curadoria foi criado com a intenção de permitir que os colaboradores do Instituto de Arte Contemporânea, que convivem com as coleções no seu dia-a-dia, possam contribuir com um olhar pessoal buscando revelar aspectos inusitados e estimulando novos olhares sobre os arquivos de artistas. Gerar conhecimento a partir das coleções e fundos abrigados no IAC é parte da missão institucional. O Grupo Experimental de Curadoria pretende colaborar com tal tarefa por meio de um Programa que estimula um olhar amplo sobre as coleções e sobre o próprio processo de gestão de coleções. Marilúcia Bottallo é museóloga e coordenadora do Núcleo de Documentação e Pesquisa do IAC. Vinícius Marangon é pesquisador e membro do GEC desde sua criação. O IAC, por meio do GEC já apresentou ao público as seguintes mostras: Construtivos no IAC; Hermelindo Fiaminghi: Pensamentos Compostos; e Luis Sacilotto: Formas em Movimento, essa última, em parceria com a Casa do Olhar Luis Sacilotto de Santo André.

Sobre o IAC

O Instituto de Arte Contemporânea – IAC, entidade cultural sem fins lucrativos, foi criado com a finalidade principal de preservar documentos e difundir a obra de artistas brasileiros de tendência construtiva. Os arquivos destes artistas, entre eles Willys de Castro, Sérgio Camargo, Amilcar de Castro (em parceria com o Instituto Amilcar de Castro) Sérvulo Esmeraldo, Luis Sacilotto, Lothar Charoux, Hermelindo Fiaminghi e Iole de Freitas têm na instituição um espaço próprio para a exposição e pesquisa com documentação arquivística, bibliográfica e museológica, armazenada em banco de dados específico. Os acervos têm finalidade de pesquisa e divulgação da obra dos artistas por meio do trabalho com seus documentos preparatórios (cartas, agendas, esboços etc.). Assim, podem ser usados em exposições internas ou cedidos a outras instituições, em publicações, em estudos acadêmicos e quaisquer outros usos de caráter cultural e/ou acadêmico.

O IAC pesquisa, coleta, organiza e disponibiliza quaisquer fontes de informação sobre os artistas relacionados em seu acervo e, através de uma interface online, permite que pesquisadores de qualquer parte do mundo acessem seu banco de dados. Promover ações educativas e intercâmbios culturais com museus e instituições com a mesma linguagem em outros países também estão entre os objetivos da instituição. Desde julho de 2011, o IAC mantém parceria institucional com o Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, na Vila Mariana e ocupa o 1º andar da Unidade II.

Posted by Patricia Canetti at 2:25 PM

março 8, 2019

Angelo Venosa na UERJ, Rio de Janeiro

No dia 14 de março, na Galeria Candido Portinari, estréia a exposição Decompor.Compor, do artista Angelo Venosa. Angelo fez sua formação em design pela Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi/UERJ). A exposição abre a programação de 2019 das Galerias da UERJ e marca o retorno à instituição que o artista frequentou nos anos 70.

O escultor preparou a instalação Decompor.Compor especialmente para a Galeria Candido Portinari. Dela fazem parte o vídeo Ghabaah (floresta, em árabe), de 2011, que repensa e problematiza a ideia de floresta em seus sentidos conceituais e simbólicos; e as esculturas Negra, de 2014, e Sem título, um estranho diálogo de objetos de grandes dimensões posicionados no meio da sala.

O catálogo da exposição contará com imagens das obras, texto crítico dos curadores Analu Cunha e Marcelo Campos e dos bolsistas da Coordenadoria de Exposições (Coexpa) do Departamento Cultural da UERJ.

Posted by Patricia Canetti at 3:28 PM

março 7, 2019

A vida não é só a praticidade das coisas na Silvia Cintra + Box 4, Rio de Janeiro

Inaugura dia 14 de março a mostra A vida não é só a praticidade das coisas com curadoria de Juliana Cintra e Omar Salomão. A exposição tem como ponto de partida a palavra e a proposta é criar no espaço da galeria uma grande conversa entre as obras, como se todas essas vozes participassem de uma única narrativa.

32 artistas ocupam o salão com fotografias, desenhos, cartoon, poesia, pintura e objetos. A seleção começa com grandes nomes como Amilcar de Castro, Antonio Dias, Rubens Gershman e Leonilson e vai até artistas bem jovens como Luiza Crosman e Jonas Arrabal.

Segundo Omar Salomão, um dos curadores e também artista presente na mostra, “Em uma época em que o futuro boia sobre a lama e o horizonte parece sumir na neblina da ignorância, tentamos aqui abrir, mais do que fechar sentidos, para que o pensamento brilhe.”

Artistas participantes: Alexandre Vogler, Ana Carolina Fernandes, Amilcar de Castro, Ana Maria Tavares, Andre Dahmer, Antonio Manuel, Anna Costa e Silva, Antonio Dias, Arjan Martins, Arnaldo Antunes, Cabelo, Fernando de La Roque, Fernando Laszlo, Guga Ferraz, Gustavo Speridião, Jonas Arrabal, José Damasceno, Laercio Redondo, Laura Belém, Leonilson, Luciano Figueiredo, Luiz Ernesto, Luiza Crosman, Mariana Manhães, Mira Schendel, Omar Salomão, Pedro Rocha, Rodrigo Linares, Rodrigo Matheus, Rubens Gerchman, Wally Salomão, Vanderlei Lopes, Yhuri Cruz.

Posted by Patricia Canetti at 3:50 PM

março 5, 2019

Novidades na programação do Instituto Ling, Porto Alegre

A partir do dia 14 de março, o Instituto Ling, em Porto Alegre/RS, lança a programação do primeiro semestre de 2019, com novidades na agenda: Cine Sentidos, Clube de Leitura, Café no Ling e Empreendedorismo 360º estão entre os novos projetos culturais e educativos

Artes Visuais - Exposição do artista Daniel Senise

A exposição do artista carioca Daniel Senise, com curadoria de Daniela Name, será inaugurada no início de abril. A mostra pensada para o Instituto Ling é um conjunto de cinco pinturas de grande formato que retratam salões de museus ao redor do mundo e cinco aquarelas que reproduzem os desenhos dos pisos de madeira de importantes instituições culturais. Ainda em 2019, estão previstas exposições dos artistas Sergio Sister e Romy Pocztaruk.

Empreendedorismo 360º

Dedicado a quem quer criar a sua startup ou já criou, o programa Empreendedorismo 360° é composto por diferentes módulos, voltados a temas específicos da criação ou da gestão do negócio. Cada módulo conta com a expertise de um especialista no tema, além da participação de um empreendedor convidado, para dividir com os participantes a sua experiência. Serão quatro módulos, que podem ser cursados de maneira independente, a partir de abril. O programa será lançado no dia 27 de março, com a palestra Perspectivas econômicas do novo governo: o que esperar para 2019. Nesta palestra, o economista, professor e consultor econômico Marcelo Portugal faz uma avaliação dos primeiros meses do novo governo e tenta projetar possíveis cenários econômicos para o ano de 2019. Com foco na avaliação de questões macroeconômicas, Marcelo analisa os pontos centrais que desafiam a equipe do atual presidente, como as reformas da previdência e fiscal, a alta taxa de desemprego, as complexidades burocráticas e o baixo nível de confiança dos investidores.

Café no Ling

Os jornalistas Tania Carvalho e Ivan Mattos comandam o Café no Ling - uma série de encontros mensais gratuitos com escritores, músicos, cineastas, psicanalistas e outros convidados para uma roda de conversa. No primeiro encontro, que acontece no dia 15 de março, o Café no Ling recebe a escritora Letícia Wierzchowiski para conversar sobre a história do Rio Grande do Sul, a Casa das Sete Mulheres, Anita & Garibaldi e outros temas.

Clube de Leitura

A programação do Clube de Leitura é composta por encontros mensais dedicados à leitura e à discussão de romances referenciais na literatura mundial. O projeto estreia no dia 25 de março, com a jornalista Claudia Laitano comentando a obra prima de Marcel Proust, Em Busca do Tempo Perdido.

Cine Sentidos

Realizado em parceria com a curadoria de cinema independente LORA, o projeto Cine Sentidos é uma programação composta de exibição de filmes independentes nacionais e internacionais acompanhados de uma experiência sensorial que irá trabalhar os cinco sentidos: tato, visão, audição, paladar e olfato. Cada experiência conta com um convidado que irá explorar a vivência sensorial por meio de intervenções com o público. O primeiro evento é o Cine Pausa - uma experiência de reenergização coletiva através da metodologia Body Talk, facilitada pela sutilizadora corporal Carina Sehn, a partir da exibição do filme Corpo e Alma (2017), de Ildikó Enyedi. O Cine Pausa será realizado no dia 30 de março.

Programação musical

A programação de música do Instituto Ling, com curadoria de Carlos Branco, tem se caracterizado como uma das principais alternativas para se ter acesso à música erudita, ao jazz e à música instrumental brasileira em Porto Alegre. Os projetos vêm atraindo um público crescente e se solidificando também como uma das principais atrações culturais da cidade, com ingressos acessíveis.

A primeira atração do ano é um encontro entre o Choro e a flauta tradicional japonesa, com o internacionalmente reconhecido maestro Laércio de Freitas e o flautista Shen Ribeiro, que se apresentam no dia 14 de março. Ainda em março, no dia 28, o Instituto Ling traz o Sexteto Gaúcho, lançando seu disco de estreia, Bicho Solto, e apresentando a sonoridade tradicional dos conjuntos brasileiros de choro.

Oficina de Choro

Em 2019, o Instituto Ling passa a abrigar o projeto de educação musical Oficina de Choro, que está com inscrições abertas para as aulas do primeiro semestre: Acompanhamento de samba-choro, Solo de Choro, Novos Chorões (para iniciantes), Harmonia e Composição de choro, Choro Novo! e Canto Popular. Podem participar músicos de diversos instrumentos - como violão, cavaquinho, bandolim, pandeiro, sopros e teclas - e teoria musical, além de canto e prática de conjunto com formação de grupos.

As aulas são gratuitas e a ficha de inscrição, horários e pré-requisitos podem ser acessados pelo site www.oficinadechoro.com.br até o dia 15 de março. As vagas são limitadas e os interessados são submetidos a um processo de seleção, de acordo com o nível de conhecimento musical e preenchimento das vagas. As aulas terão início em 16 de março.

Clique aqui para ver a agenda completa dos próximos meses.

Posted by Patricia Canetti at 12:07 PM

Lançamento Jornal de Borda #06 na Casa do Povo, São Paulo

Para a edição foram realizadas uma pesquisa nos principais arquivos públicos das culturas e memórias das esquerdas no Brasil, México e Argentina e uma campanha financiamento coletivo que possibilitou os custos gráficos serem cobertos

A Casa do Povo recebe o lançamento do sexto número do Jornal de Borda no dia 09 de março de 2019 [sábado], às 16h. Sob o tema "Fronteiras e Encruzilhadas", o Jornal de Borda #06 possui 48 páginas e 40 participantes, entre artistas, pesquisadores, militantes e historiadores do Brasil, Argentina, México, Itália e Nicaragua, além de dois fac-símiles de periódicos editados por mulheres anarquistas nos anos 1920 no Brasil e na Argentina (O Nosso Jornal e Nuestra Tribuna). Na ocasião, haverá um bate-papo com algumas das pessoas colaboradoras da edição. A tiragem é de 5 mil exemplares, e essa edição será vendida por R$ 15 com o intuito de cobrir os custo de pesquisa, edição e distribuição latino-americana.

Jornal de Borda é um periódico de arte contemporânea concebido e editado [em português e espanhol] há seis anos, pela artista Fernanda Grigolin, com projeto gráfico de Lila Botter e publicação/distribuição da Tenda de Livros.

Sobre a edição #06

O formato do Jornal Borda mudou para 43 x 28 cm [formato germânico], crescendo na altura [anteriormente era no formato tablóide - 24 x 30 cm]. Fronteiras e Encruzilhadas não foi apenas um mote de produção. Além das pessoas convidadas terem sido instigadas a produzir trabalhos inéditos ou a revirar suas produções, olhando trechos de Glória Anzaldúa, "Como domar uma língua selvagem", 2009, e de Maria Lacerda de Moura "A mulher é uma degenerada", 2018; as fronteiras e encruzilhadas se deram fisicamente no periódico o qual se divide em três publicações de fato, isso foi um estudo realizado intencionalmente por Fernanda Grigolin.

O ritmo da edição é conduzido pelos fac-símiles, pelas cores preto e vermelho e sua simbologia dentro do anarquismo e por ser as cores de Exu, aquele que comunica e possui a paciência e pelo trabalho de intervenção da artista visual Edith Derdyk nas dobras de 16 páginas.

As linhas, que se espaçam e se contraem ao longo de dezesseis páginas e oito passagens, pulsam ao avizinharem-se com outros trabalhos que falam das localidades geográficas e fronteiriças (com Fran Favero e Ingrid Hernandez), dos corpos e saberes artísticos e urgentes LGBTQ+ (Nathanael Araújo e Lívia Auler), do plágio como elemento estético (Valeria Mata), da justaposição de paisagens (Rafaela Jemmene), da urgência indígena (Jaider Esbell, Denilson Baniwa, Paula Berbert, Daniel Dinato e Beatriz Lemos), do feminismo negro e interseccional (Beatriz Lemos e Cecilia Floresta), da língua que são várias (Ana Gagliardo), da história de vida de mulheres (Adriana Caló e Bia Varanis), da rebeldia e da resistência feminista autônoma na Nicarágua (Paula Monterrey com Marlen Chow Cruz) e de Exú (Adrea Mendes e Andrea D’Amato).

A capa faz referência as mulheres biografadas para a edição, em sua maioria anarquistas, e as greves conduzidas por mulheres anarquistas no século passado (iniciando e terminando imageticamente com mulheres e famílias em suas casas: Huelga de Inquilinos na Argentina, em 1907, e Huelga dos Inquilinos no México, em 1922).

Os fac-símiles são dois jornais editados por mulheres anarquistas nos anos 1920: O Nosso Jornal (edição única de 1923) e o número três de Nuestra Tribuna (1922). Eles cruzam o jornal mas podem ser retirados e olhados em sua integridade. Algo próximo ao que foi feito na quarta edição, quando foi editado o fac-símile de "A Plebe" que veio na quarta edição do Borda.

Anarquia

Para a realização dos fac-símiles três pesquisadoras de anarquismo foram chamadas como parceiras da proposta: Laura Cordero, integrante do Cedinci/Argentina e especialista em Nuestra Tribuna; Lucia Parra, integrante do Centro de Cultura Social e com textos e livro sobre o movimento anarquista do início do século XX; e, por fim, Samanta Colhado Mendes, que investiga as mulheres anarquistas na Primeira República e nos apresentou O Nosso Jornal. O Nosso Jornal foi restaurado pelo Arquivo Edgard Leuenroth (AEL – IFCH/Unicamp) e Nuestra Tribuna foi pesquisado no Centro de Documentación e Investigación de la Cultura de Izquierdas (CeDInCI – Universidad Nacional de San Martín), porém tivemos a felicidade de descobrir que Arquivo Edgard Leuenroth (AEL – IFCH/Unicamp) é o único arquivo a ter uma cópia física de um dos números do periódico e por isso optamos por trazer o número 03 na íntegra. Além de AEL e CeDinCi, o CEDEM/Unesp e a Casa del Ahuizote – Cidade do México e Cinemateca Brasileira são fontes de documentos e imagens da edição de páginas do Borda.

As edições fac-símiles são cruzadas por participações de pessoas que se debruçam seriamente na pesquisa sobre o anarquismo e os anarquistas. A edição conta também com a participação de Angela Roberti, Elena Schembri, Flor Pastorella, Ingrid Ladeira, Ivanna Margarucci, Las Piteadas, Nayeli Morqueto Estrada e Thiago Lemos, que possuem estudo sobre o tema e foram convidadas para escreverem biografias ou trazerem seus trabalhos artísticos sobre mulheres que pesquisam.

O escritor e artista Pepe Rojo apresenta algo da pesquisa coletiva sobre as ações magonistas, realizadas há mais de cem anos na fronteira californiana do México com os Estados Unidos. A artista anarcotransfeminista Bruna Kury está com sua pesquisa sobre a fronteira do corpo, e os artistas Abraham Ávila, Priscila Costa Oliveira com Cyntia Werner e Raquel Stolf dialogam em seus trabalhos com questões como fim das fronteiras, apoio mútuo e horizontalidade. Maria Lacerda de Moura também se presentifica mais uma vez com a tradução ao espanhol de sua biografia e o projeto de respostas a ela, Vamos mais longe, desenhado por Laura Daviña com vozes de Carolina Ressurreição, Flor Pastorella, Itzell Sánchez Martínez, Liana Alice, Roxo e Negro Publicações.

Serviço

o quê: lançamento do nº 6 do Jornal de Borda
equipe editorial: Fernanda Grigolin, Lila Botter, Omar Porto, Valeria Mata, Karina Francis Urban e Ieda Lebensztayn
bate papo: com idealizadora Fernanda Grigolin e colaboradores, a partir das 16h
quando: 9 de março de 2019, às 16h [sábado]
onde: Casa do Povo
rua três rios, 252 - bom retiro - são paulo
estação tiradentes > linha 1 azul metrô [5 minutos andando]
tel: 11 3227-4015
valor do jornal: R$ 15 por unidade
site: https://tendadelivros.org/jornaldeborda/
insta: @jornaldeborda
face: /jornaldeborda

Posted by Patricia Canetti at 10:39 AM

33ª Bienal de São Paulo - Afinidades Afetivas no Palácio das Artes, Belo Horizonte

O recorte de uma das mostras de arte mais relevantes do mundo chega, mais uma vez, ao complexo cultural do Palácio das Artes. A Fundação Clóvis Salgado, em parceria com a Fundação Bienal, recebe itinerância da 33ª Bienal de São Paulo. Neste ano, todas as galerias de artes visuais da Fundação Clóvis Salgado e o Cine Humberto Mauro receberão obras de 15 artistas em suportes variados que integraram a edição 2018 da Bienal. Entre eles, estão trabalhos de Waltercio Caldas, Tamar Guimarães, Alejandro Corujera, Roderick, Sofia Borges, Sara Ramo e Maria Laet.

Com o título Afinidades Afetivas, a mostra parte de compatibilidades artísticas e culturais entre os envolvidos, ressaltando a justaposição das obras no centro do processo curatorial. Desse modo, o Pavilhão Bienal recebeu doze projetos individuais selecionados pelo curador-geral Gabriel Pérez-Barreiro e sete mostras coletivas organizadas por artistas-curadores convidados.

“A itinerância da Bienal de São Paulo exerce um importante papel de democratização da arte, por ser uma das principais plataformas do segmento no mundo, a sua circulação promove a ampliação do público e as reflexões de uma linguagem profusa e diversa. Pela quinta vez, a FCS recebe a itinerância da Bienal consolidando a parceria entre as duas Instituições. ‘Afinidades Afetivas’ chega a Belo Horizonte ocupando todas as galerias do Palácio das Artes e também o Cine Humberto Mauro, esse feito de trazer a ocupação da Bienal para o cinema nos permite ampliar ainda mais as linguagens artísticas propostas pela curadoria’’, explica Uiara Azevedo, gerente de Artes Visuais da Fundação Clóvis Salgado.

Responsável pela curadoria das itinerâncias, o crítico italiano Jacopo Crivelli explica que essas mostras foram concebidas como novas experiências em relação ao projeto original, de maneira que não replicassem literalmente o que foi visto no Pavilhão. “As ‘narrativas’ propostas por cada uma das exposições itinerantes são parciais e pessoais e não têm a ambição de resumir os assuntos abordados pelos artistas e pelas obras da 33ª Bienal, mas sim buscar outras relações, outras afinidades afetivas, e manter-se assim mais fiel às suas ideias centrais”, conta Jacopo. “Exatamente como na exposição original, o convite à atenção está feito, cabe agora a cada visitante observar e desenhar sua própria exposição”

Além de ampliar a circulação das obras de arte que fizeram parte da Bienal, o programa de itinerâncias possibilita novas relações entre os visitantes e a obra. Um exemplo é a instalação de madeira Te doy una esfera de luz dorada (2018), do argentino Alejandro Corujeira, que propõe o caminhar como uma manifestação do desenho, considerada por ele semente de qualquer atividade artística. Na expografia da Grande Galeria do Palácio das Artes, a obra, junto dos desenhos do artista, recebe um destaque diferenciado em relação ao Pavilhão em São Paulo, proporcionando maior contato entre o público e a instalação.

Com ampla participação de artistas latinos e brasileiros, outros destaques do recorte da Bienal são os trabalhos de Waltercio Caldas, artista-curador da Bienal conhecido por produzir, com esculturas, circunstâncias espaciais, além de usar a palavra como elemento escultórico, como em Not Now (2014). As cinco obras da artista-curadora Sofia Borges também se destacam ao lidar com a tragédia a partir de uma pesquisa sobre a mitologia, a existência e a impossibilidade de uni-la ao significado.

Já a mineira Tamar Guimarães vai ocupar o Cine Humberto Mauro uma vez por semana com Ensaio (2018), obra audiovisual filmada no próprio Pavilhão da Bienal e que traz reflexões sobre o racismo e misoginia. Desnudando a própria organização cultural, a trama mostra Isa, uma jovem diretora negra convidada por uma instituição de arte contemporânea para sugerir um projeto, ao que ela responde propondo uma adaptação de Memórias Póstumas de Brás Cubas.

A artista conta que o interesse pelo formato do ensaio vem da tensão entre repetição e diferença, do estado de espera e a potência da renovação pelas mudanças internas de relações entre as partes. “Procurava um texto para um ensaio a ser filmado, e queria trabalhar com algo que falasse de um modo de ser e estar no Brasil. Memórias Póstumas, de Machado de Assis, me cativou muito porque há um ceticismo em relação ao progresso e uma leitura crítica afiada sobre a sociedade brasileira”, conta a artista. No elenco de não-atores está, também, o curador-geral da 33ª Bienal Gabriel Pérez-Barreiro.

É a segunda vez que a Itinerância da Bienal se estende ao espaço do Cine Humberto Mauro, construindo uma ponte com as galerias do Palácio das Artes. “Trazer a ocupação da mostra para o Cinema nos permite ampliar ainda mais as linguagens artísticas propostas pela curadoria, possibilitando um trânsito do público do cinema para as galerias”, observa Uiara.

Um convite à atenção do público – O cuidado com a atenção orientou o programa curatorial da mostra, e foi com o objetivo de criar espaços favoráveis à desaceleração, observação, reflexão do público e compartilhamento de experiências que a Fundação Bienal vem desenvolvendo ações educativas em parceria com o Centro de Formação Artística e Tecnológica – Cefart. No período expositivo da itinerância, os professores do Cefart e outros multiplicadores artistas vão oferecer atividades como palestras, visitas guiadas e processos exploratórios de produção e apreciação artística desenvolvidos para potencializar a experiência estética dos diversos públicos. Segundo Lucas Amorim, coordenador da Escola de Artes Visuais do Cefart, essas ações são de extrema importância para a formação de público não só para o recorte da Bienal ou das artes visuais, mas também para todos os corpos artísticos e espaços culturais da Fundação Clóvis Salgado.

Posted by Patricia Canetti at 10:03 AM

março 4, 2019

Janaina Mello Landini na Zipper, São Paulo

Uma corda com 20 metros de comprimento, 30 centímetros de diâmetro e 120 kg de massa fica suspensa no salão principal da Zipper. Ambas as extremidades se desmembram gradualmente da trama principal até que suas espessuras mínimas se agarrem às paredes do espaço expositivo, sustentando a instalação. Em remissão aos eixos cartesianos, três linhas riscadas na parede da galeria inserem o trabalho no planos do espaço mapeado e terreno do controle. Assim a artista Janaina Mello Landini projeta sua terceira individual na Zipper, aberta a partir do dia 9 de março. Com curadoria de Taisa Palhares, a exposição Aqui, agora. apresenta site-specific e trabalhos em tela da série Ciclotrama.

Ciclotrama é um neologismo da artista para designar a pesquisa que desenvolve desde 2010. A partir de um desenho espacial, ela experimenta tensão a física entre os fios e a distribuição das cargas recebidas para tocar em temas como interconectividade e interdependência. A passagem e a fixação do tempo é outro interesse de Janaina, que busca impregnar no trabalho as longas horas dedicadas aos atos de tramar e desmembrar, estabelecendo uma relação com a prática artesanal. “Conceitualmente, uma Ciclotrama é uma seção de um ciclo contínuo e binário, uma estrutura esquemática com característica hierárquica, composta de partes interdependentes. Como ato, é uma longa ação de dividir o todo e suas partes, até que sua unidade mínima fique aparente e sustente todo o sistema como um conjunto”, pontua a artista.

Sua produção transita entre diferentes escalas – do espaço público aos objetos. O andar superior da galeria ficou reservado aos trabalhos em tela da artista. Nestes, Janaina tomou como ponto de partida linhas imaginárias (paralelos e meridianos) de projeções cartográficas planisféricas, cilíndricas e cônicas. Desconsiderado os territórios que originalmente ocupavam as representações, a artista cria ocupações neste espaço imaginado com cordas que se prendem às telas e se desenrolam pelo espaço expositivo. “A Ciclotrama é um ato imprevisível e intuitivo. Como metáfora, ele representa o fluxo e acaba por determinar uma zona. A ideia nesta série de trabalhos é criar ilhas e regiões em uma relação entre a corda e o espaço cartográfico”, afirma a artista.

Janaina Mello Landini (São Gotardo, MG, 1974), mineira radicada em São Paulo, agrega seu conhecimento sobre a arquitetura, a física e a matemática e sua percepção sobre o tempo para desenvolver obras que transitam por diversas escalas. Sua pesquisa tem resultado nas séries "Ciclotramas", feitas com cordas que se desmembram em espessuras mínimas, e “Labirintos Rizomáticos”, obras em cetim que resultam na construção de perspectivas multifocais, anulando a construção tradicional. Principais exposições individuais: Aglomeração. Galerie Virginie Louvet, Paris (2018); Ciclotrama, Museu da República, Rio de Janeiro (2016); "Ciclotrama 27 (medusa)", Galeria Macca, Cagliari, 2015; "Ciclotramas", Galerie Virginie Louvet, Paris, 2015; "Ciclotrama 20 (onda)", Zipper Galeria, São Paulo, 2015; "Paisagens", Galeria Desvio. Belo Horizonte, 2011; "Ciclotrama", Espaço, Belo Horizonte, 2010. Principais exposições coletivas: “Sea of Desire”, Foundation Carmignac, Ilha de Porquerolles, França (2018); “Monumental”, Marina da Gloria, Rio de Janeiro (2018); "Double Je", Palais de Tokyo, Paris, 2016; "Vértice", Centro Cultural dos Correios, Brasília, 2015; The Fine Art Laboratory, Universidade de Arte de Musashino, Tokyo, 2015; "Art for Florence Design Week – 5.0 Edition", Florença, 2014. Coleções institucionais: Foundation Carmignac (França), The BIC Collection (França).

Taisa Palhares é professora de Estética no Departamento de Filosofia da Universidade Estadual de Campinas (IFCH/Unicamp). Possui graduação (1997), mestrado (2001) e doutorado em Filosofia (2011) pela Universidade de São Paulo (USP). Realiza estudos nas áreas de estética e artes visuais, com ênfase na pesquisa sobre a fundamentação da obra de arte desde a Modernidade. De 2003 a 2015, foi pesquisadora e curadora da Pinacoteca do Estado de São Paulo, sendo responsável pelo projeto de exposição retrospectiva "Mira Schendel" (2013/2014), em parceria com a Tate Modern. É autora do livro "Aura: a crise da arte em Walter Benjamin" (Fapesp/ ed. Barracuda, 2006). Desde 2000, atua como crítica de arte, e foi uma das idealizadoras e co-editoras da revista independente de arte e crítica "Número" (2003-2010).

Posted by Patricia Canetti at 12:05 PM

março 1, 2019

Daisy Xavier na Galeria A2 + Mul.ti.plo, Petrópolis

O mês de dezembro de 2014 marcou a inauguração da galeria A2. Na época com uma relevante exposição da artista Daisy Xavier. Passados mais de 5 anos, a galeria A2 + Mul.ti.plo volta a mostrar trabalhos da artista em uma nova exposição.

São aproximadamente 20 obras em formatos, suportes e materiais diversos das séries “O último Azul” (2012); “Pequenas Gravidades” (2016), “Porque não somos naturais” (2016) e desenhos mais recentes da série “O agudo das coisas” (2018).

Essas obras parecem ter em si um lugar para acolher o imponderável, um olhar ali se ilumina como se tudo o que se passa a sua volta não lhe fosse alheio. Por isso mesmo há uma recusa – de um jeito ou outro – desses trabalhos em aderir a pasmaceira turística da cultura digitalizada dos dias que correm, diz Maneco Muller sócio da galeria.

Maneco também afirma que gosta muito da ideia da Ligia Canongia sobre a rede "pela fragilidade de suas tramas, e pelos vazios que assume..." em outro momento a crítica de arte reforça essa ideia ao afiançar: "... telas envolvidas por uma rede de fios metálicos que se movimentam como ondas líquidas sobre o plano, projetando sombras...”.

No dia 2 de março às 19h, também será lançado no Vale das Videiras, o novo livro da artista intitulado "Horizontes de Eventos". Trata-se de uma esmerada edição que contém uma exímia apresentação do curador Franklin Pedroso e um denso texto crítico de Lígia Canongia. A artista estará presente para os autógrafos e a boa conversa sobre arte.

Sobre a artista

Daisy Xavier, 1952. Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil. As imagens de forte carga poética presentes nas obras de Daisy Xavier discutem o corpo como o lugar de zonas permeáveis. Nos vídeos, fotos, instalações, pinturas e desenhos, a água e a rede são apresentadas como elementos recorrentes que criam campos intercambiáveis, em constante mutação.

No Paço Imperial no Rio de Janeiro, realiza em 2017 a mostra intitulada “Pequenas Gravidades”, um panorama de sua trajetória com mais de 70 obras. Em 2015, apresenta a exposição “Três Tempos“ na Galeria A2 - Vale das Videiras – Rio de Janeiro, Brasil; 2013 “Arqueologia da Perda” na Galeria Eduardo Fernandes – São Paulo, Brasil; 2012 “Arqueologia da Perda” na Galeria Anita Schwartz – Rio de Janeiro, Brasil; em 2011 realiza a exposição “Último Azul” no Museu de Arte Moderna – Rio de Janeiro, Brasil e a mostra individual “Para medir um mar” na Galeria Eduardo Fernandes – São Paulo, Brasil. Entre as exposições coletivas, algumas que se destacam: em 2017 “A Natureza Muda de Lugar” na Galeria Eduardo Fernandes – São Paulo, Brasil, 2016 “Hiato” – na SIM Galeria, Curitiba/ Paraná e “Plural” – Galeria Eduardo Fernandes - São Paulo em 2015.

Participa da V Bienal do Mercosul em 2005 e em mostras no Museu de Arte Moderna-RJ, Galeria Florência Loewenthal (Chile), Instituto Tomie Ohtake (SP), Galeria da Funarte (RJ), Galerias do IBEU (RJ), Parque Lage (RJ), Caixa Econônica (RJ), Sesc Pinheiros (SP), LOKAL 30 (Varsóvia, Polônia), Centro Cultural Telemar (RJ), Oi Futuro (RJ), Itaú Cultural (SP), CCBB-RJ, Centro Cultural Recoleta (Buenos Aires), MAM-Salvador, Museu Nacional de Belas Artes (RJ) e no Centro Cultural CEMIG (MG).

Daisy Xavier é formada em Psicologia e Psicanálise. Estudou História da Arte com Paulo Sergio Duarte, pintura com João Magalhães, pintura com Milton Machado e Daniel Senise. Apresentou sua primeira individual no Centro Cultural Brasil-Colômbia em Bogotá em 1992, e foi indicada ao renomado Prêmio Pipa de arte contemporânea em 2010.

Posted by Patricia Canetti at 2:44 PM

Alexandre Arrechea na Nara Roesler NY, São Paulo

Galeria Nara Roesler | Nova York tem o prazer de apresentar Corners, uma exposição com trabalhos inéditos de Alexandre Arrechea. Composta por obras em papel, papelão e tapeçaria, a mostra dá continuidade à série homônima do artista, a qual "nasceu de um desejo de criar uma semelhança visual com Havana", segundo o próprio artista. Em foto-montagens cuidadosamente construídas a partir das fachadas da cidade, Arrechea cria imagens que se referem a representações de rostos, especialmente aqueles presentes em máscaras tribais. A mostra será a segunda individual do artista na Galeria e o primeiro em sua filial em Nova York.

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O trabalho de Arrechea emprega metáforas visuais para temas sociais, como desigualdade, privação de direitos culturais e a disputada posição da arte em uma sociedade global movida pela mídia. Como Lowery Stokes Sims observa, ele “usou consistentemente formas e motivos arquitetônicos para transmitir estados emocionais e políticos”. Como muitos artistas de sua geração, Arrechea manipula símbolos e materiais de maneira ambivalente, fazendo com que o espectador se afaste sem um ponto de vista específico sobre o trabalho. Em Corners, o artista procura uma “fusão entre mundos excludentes” criando colagens feitas a partir de um grupo de fotografias de esquinas dos edifícios de Havana; locais de encontro conhecidos no tecido urbano. Em alguns casos, as esquinas de lugares anônimos são colocadas sobre aquelas com uma profunda ressonância histórica. Sobrepondo imagens, levando em conta simetria, proporção, texturas, luz e sombras; os vários fragmentos de construção são reordenados em uma nova coexistência e identidade.

Sobre a série, Arrechea afirma: “Cada retrato se torna uma forma de 'engenharia social'. As esquinas de escolas, teatros, postos de gasolina, mercados e delegacias de polícia são forçados a obedecer a novas lealdades. Há esquinas que falam, esquinas que observam, que escutam, riem e permanecem em silêncio. Com a passagem do tempo e da maturidade, esses retratos se tornaram complicados a ponto de serem mapas que zombam da ordem da existência e dão lugar a novas suposições. Cada retrato é uma celebração da singularidade da esquina e seu potencial simbólico, onde a cor e os diversos acabamentos superficiais são os principais protagonistas ”.


Galeria Nara Roesler | New York is pleased to present Corners, an exhibition of new works by Alexandre Arrechea. Comprising works on paper, board and tapestry, it continues the artist’s eponymous series, which he says “was born of a desire to create a visual likeness of Havana”. In carefully constructed photo-collages of the city’s facades, Arrechea creates images that refer to representations of faces, especially those in tribal masks. This will be the artist’s second solo with the Gallery and first at its New York location.

Arrechea’s work employs visual metaphors for social themes of inequality, cultural disenfranchisement, and the disputed position of art in a global, media-driven society. As Lowery Stokes Sims observes, he has “consistently used architectural forms and motifs to convey emotional and political states”. Like many artists of his generation, he manipulates symbols and materials in an ambivalent manner, causing the viewer to walk away without a specific point of view about the work. In Corners Arrechea seeks a “merging between excluding worlds” creating collages made from a group of photographs of the corners of Havana buildings; known gathering places in the urban fabric. In some instances, the corners of anonymous places are layered on top of those with a deep historic resonance. Superimposing one image over the other, taking symmetry, proportion, textures, light and shadows into account; the various building fragments are re-ordered into a new co-existence and identity.

Remarking on the series, Arrechea sates: “Each portrait becomes a form of ‘social engineering.’ The corners of schools, theaters, gas stations, markets, and police stations are forced into obedience of new loyalties. There are corners that talk, corners that observe, ones that listen, laugh, and remain silent. With the passage of time and maturity these portraits have become complicated to the point where they are maps that mock the order of existence and give way to new assumptions. Each portrait is a celebration of the singularity of the corner and its symbolic potential, where color and diverse surface finishes are the primary protagonists.”

Posted by Patricia Canetti at 12:51 PM