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setembro 30, 2018

8ª Mostra 3M de Arte no Largo da Batata, São Paulo

Mostra 3M de Arte chega à 8ª edição e firma-se como um dos principais eventos de democratização do acesso à arte do país

Com o intuito de democratizar o acesso à arte, impulsionar a produção artística nacional e gerar reflexões sobre temas contemporâneos relevantes, a 8ª Mostra 3M de Arte ocupa o Largo da Batata, no bairro de Pinheiros, na capital paulista, até 14 de outubro, com patrocínio da 3M via lei de incentivo à cultura. Esta edição apresenta obras inéditas, todas comissionadas pelo projeto, dos artistas Eduardo Coimbra, Estela Sokol, Grupo Inteiro, o duo Rafael Cotait e Marcos Muzi, Raquel Kogan e da selecionada por edital Regina Parra.

Com idealização e curadoria da produtora cultural Elo3, empresa que realiza o evento desde sua primeira edição, a mostra alia uma proposta inovadora de interação do público em geral com a arte e proporciona total liberdade criativa na concepção das obras, que utilizam o espaço público como ambiente de expressão. “Neste ano, os trabalhos permeiam a ideia da arte apontando para uma convivência baseada no respeito e na fruição do espaço público enquanto ativador de sentidos e consciência cidadã”, explica Fernanda Del Guerra, sócia e diretora da Elo3.

Totalmente gratuito, o evento vai ao encontro do propósito dessa política pública de fomento e distribuição de arte e cultura, visando justamente refletir sobre tolerância, interação social e transformação do espaço público em espaço de convivência. Já o Largo da Batata, localizado na zona oeste da capital, pertence a uma área revitalizada que integra o esforço da sociedade civil para transformar a cidade em um espaço de convívio e ocupação por parte da população. Com circulação diária de aproximadamente 150 mil pessoas, o espaço, que recebe a mostra pelo segundo ano consecutivo, tornou-se um símbolo de resistência pública abrigando ocupações, manifestações políticas, blocos de Carnaval e atividades de lazer e entretenimento cotidiano de paulistanos de todas as idades e classes sociais.

Dentro desta linha ideológica, a instalação “Parque”, do artista Eduardo Coimbra, prevê a criação de um espaço de lazer para uso comunitário dos frequentadores e passantes do Largo da Batata, com uma grande extensão de piso em pedra e concreto. Na obra, um plano de grama é um símbolo da paisagem natural domesticada. É um elemento vivo que oferece conforto tátil e térmico, sendo suporte para brincadeiras, exercícios físicos, piqueniques e repouso. A criação de Coimbra proporciona uma experiência aos usuários que suaviza a sensação de aridez do solo urbano construído e oferece ao público o contato com um gramado visualmente infinito instalado sobre o piso da praça.

O projeto ocupa uma área de 80 m² com a construção de um ambiente imersivo de 60 cm de altura, com paredes internas cobertas de espelhos, e o piso coberto com grama sintética. Os limites externos da construção são definidos por duas linhas de degraus em toda sua volta, que dão acesso ao espaço interior. A visão ilusória do plano infinito e da materialidade da grama se sobrepõe à realidade concreta da praça. Desta forma, o visitante é convidado a entrar no campo gramado e ali usufruir o ambiente infinito deste “parque”. Para o passante externo, o plano verde infinito parece atravessar o espaço da praça – sobre, dentro ou sob o nível do chão. Há uma superposição de paisagens que confunde a visão dos espectadores. “Parque” expõe duas realidades, o espaço construído e o imaginado, que apresentam seus extremos entre natureza e artifício. A construção dessas realidades, e o uso que fazemos dos espaços a elas associados, é o nosso sentimento de pertencer ao mundo – um misto de percepção, racionalidade e desejo.

Uma instalação composta por uma fonte de água constitui o projeto “Metro Cúbico” d´O Grupo Inteiro. Formado pelos artistas Carol Tonetti, Cláudio Bueno, Ligia Nobre e Vitor Cesar, o grupo busca manter diálogos públicos através de suas proposições estético-políticas.

A obra criada para a Mostra 3M de Arte resgata a ideia da disponibilidade da água como bem público, enquanto revela uma espécie de contradição da água como commodity, como mercadoria e como especulação, como um fator que influência em decisões políticas. Assim, a obra debate a água como assunto político na cidade, abordando oferta versus escassez, mercadoria versus bem público.

“Metro Cúbico” reflete sobre a condição histórica de ter água acessível em praça pública. Abastecido por caminhão pipa (serão utilizados cerca de 2 mil litros a cada cinco dias de exposição), o projeto, que propõe um ponto de convivência social, com seu entorno que possibilita sentar-se ou fazer manobras de skate, também inspira a relação da interação social com os monumentos (a instalação atinge 3,5 metros de altura em seu ponto mais alto), o imaginário político e estético da cidade e a memória afetiva social.

Já a artista Raquel Kogan integra em seu trabalho os múltiplos usos e sonoridades do Largo da Batata para criar “Falante”, uma instalação interativa sonora com o espaço público por meio de um grande telefone sem fio. Feito de tubos de aço, a obra não só transmite som de uma extremidade à outra, mas também o amplifica através de megafones a todos que estiverem passando por perto. "Falante é uma obra quieta e muda que só funciona se alguém falar com ela, propagando esta onda sonora tanto pelos canos como ao espaço público pelos megafones. A obra ganha significado a partir da interação do público com ela", conta Raquel.

Com “Miração”, os artistas Marcos Muzi e Rafael Cotait convidam o público a repensar o olhar sobre a sociedade (o coletivo), o outro (compartilhado com outra pessoa) e nós mesmos (individual) por meio de uma instalação em três pilares. “O projeto pretende estimular uma reflexão sobre a autoimagem, essa busca por selfies, que pode esconder ao invés de revelar.”, analisa Muzi. A dupla atua em parceria há quase uma década criando obras de interatividade com elementos de ilusão ótica, estereoscopia (imagens tridimensionais) e anamorfose (imagens distorcidas vistas a partir de um ângulo ou reflexos em espelhos que se reconstituem).

Em MIRA-NOS, símbolos, imagens e informações transformam-se, fundem-se e modificam-se quando observados a partir de pontos de vista diferentes. Os “caleidoscubos” (cubos de acrílico, elementos de imagem e lâmpadas de LED vistos a partir de espelhos) entregam sensações ao observador de acordo com seu movimento. Aqui, a compreensão do coletivo dá-se de forma individual, pois cada ponto de vista, cada luz específica, traz uma informação diferente.

Já em MIRO-TE, o observador é estimulado a olhar-se no espelho e a resposta é uma surpresa. Como experiência individual, MIRO-ME é um periscópio composto de quatro espelhos no qual o espectador observa-se em um espelho mas sua imagem refletida não é a esperada. “O ganho dessa experiência está na surpresa, no inesperado, no susto”, avalia o artista.

Um muro branco de 12 metros de comprimento e um pequeno triângulo, ambos de concreto, são justapostos em “Contraforte”, trabalho que Estela Sokol apresenta nesta edição da Mostra 3M de Arte. Com nome emprestado do vocabulário da arquitetura e combinando com seu significado, a obra se constrói por aquilo que se faz apenas estruturalmente necessário - duas formas que, juntas, se mantém em pé - e propõem diálogo com a praça pelo mínimo, pelo que pode haver de silencioso ali, espelhando medidas e faturas de outras formas e objetos vizinhos, indicando semelhanças e repetições de eixos e presenças.

No entanto, diferente dos contrafortes da história, o que este protege é uma pequena superfície triangular pintada de amarelo luminoso, uma ideia de cor-luz, que revelará diferentes nuances de acordo com os deslocamento do sol e do espectador. Em diálogo aberto com a cidade, o trabalho assim como um muro, estão silenciosamente sujeitos a intervenções que possam se dar durante sua estada no local.

A selecionada do Edital

Com uma mensagem de resistência que se evidencia na escuridão, Regina Parra, a grande vencedora do edital da 8ª Mostra 3M de Arte, assina a obra “É Preciso Continuar”, baseada no livro de Samuel Beckett “O Inominável”. O projeto é constituído por um letreiro luminoso colorido de grandes dimensões que manifesta a ideia da artista de que “se entendermos que a sociedade é construída e imaginada, também podemos acreditar que ela pode ser reconstruída e reimaginada”.

Mestre em Teoria e Crítica da Arte pela Faculdade Santa Marcelina e bacharel em Artes Visuais pela Faap, a artista realizou exposições individuais na Galeria Millan (SP), Pivô (SP), Centro Cultural São Paulo, Galeria Leme (SP), Fundação Joaquim Nabuco (PE) e Paço das Artes (SP), além de diversas coletivas nacionais e internacionais. Sua obra faz parte do acervo de instituições como Pinacoteca de São Paulo, Instituto Figueiredo Ferraz e VideoBrasil.

Em um momento de transformações urbanas e digitais dentro da sociedade, a Mostra 3M de Arte compreende a importância de estar em espaços democráticos para a exibição e interação do público com a arte como um agente de diversidade e modificação do espaço social. A oportunidade de ter uma obra exposta na mostra consiste na valorização artística do trabalho pertencente a um projeto já estabelecido que é realizado há oito anos e já apresentou renomados artistas nacionais e internacionais, como Guto Lacaz, Giselle Beiguelman, Paulo Bruscky, Nicola Constantino e Bill Viola.

Ao apresentar a Mostra, a 3M também promove a cultura e a arte, importantes instrumentos para a transformação social do nosso país, além de incentivar a promoção de uma arte disruptiva e de vanguarda. Depois de sete edições, com um público visitante de mais de 200 mil pessoas, a Mostra celebra seu segundo ano no Largo da Batata, o que democratiza ainda mais a arte e a aproxima do cotidiano das pessoas. O evento visa inspirar a todos que passarem por esta grandiosa instalação a céu aberto, promovendo uma reflexão diferente sobre o espaço público, sobre a arte e suas vertentes. “A Mostra visa inspirar a todos que passarem por estas grandiosas instalações a céu aberto, promovendo uma reflexão diferente sobre o espaço público, sobre a arte e suas vertentes.”, destaca Luiz Serafim, head de Marketing Corporativo da 3M.

O evento conta ainda com o espaço container.art - que nesta edição da mostra está configurado como um estúdio de arte - oferece oficinas gratuitas destinadas ao público com temas conectados a ciência e arte, coordenadas pela arte educadora Vera Barros, todos os dias, das 8h às 20h.

Vera implantou o Departamento Educativo do Museu de Arte Moderna de São Paulo – o Educativo MAM – São Paulo, entre 1997 e 2005, colaborou como consultora para a Escola São Paulo na conceituação e produção de sua programação em 2007 e desenhou e executou projetos educativos, formação de equipes para instituições culturais e museus, formação de professores, seminários e palestras sobre arte educação, além de pesquisa, elaboração de textos e projetos gráficos em várias cidades do Brasil e nos Estados Unidos.

Além das oficinas, Vera coordena as visitas guiadas e as informações sobre as obras, artistas e oficinas do container.art, que estarão presentes no site da mostra em um catálogo digital, disponível a partir da abertura. Na grade de atividades, destaque para as oficinas "Máscaras Faciais", "Jornalista por um Dia", "O Outro no Espelho" e "Telefone de Lata".

Posted by Patricia Canetti at 8:29 AM

Evandro Prado no Memorial da América Latina, São Paulo

Memorial da América Latina recebe pinturas e esculturas que discutem a crise política brasileira

Mostra integra programação do “VII Fórum Permanente Arte e cultura da América Latina”

O Pavilhão da Criatividade, do Memoria da América Latina, tem o prazer de receber a partir 28 de setembro a exposição O Muro: Alvorada e Confronto, do artista Evandro Prado. Tendo a imponente arquitetura de Brasília como eixo central de discussão, a exposição busca refletir sobre a atual crise política brasileira.

Avanços e retrocessos, sonho e realidade, nesta exposição Prado nos apresenta uma Brasília em reconstrução, com tapumes e obras inacabadas, lançando questionamentos acerca da recente história democrática do Brasil. A mostra é composta por 10 pinturas à óleo de grande formato e seis esculturas de estruturas arquitetônicas criadas em madeira, tendo como destaque uma grande réplica da icônica coluna do Palácio do Alvorada, reconstituída de pau-a-pique.

A mostra de curta duração, faz parte da programação do “VII Fórum Permanente Arte e cultura da América Latina”que tem como proposta pensar nos muros que erguem barreiras, mas que também nos transportam a outros mundos possíveis, que desconstroem imaginários.

O Fórum e a abertura da Exposição “Muro : Alvorada e Confronto” acontecem em 27 de setembro, às 19h, para convidados. Nos dias 28 e 29, das 9h30 até às 19h, acontecem mesas-redondas, debates e uma oficina de crítica de arte, além de apresentações de música, dança e performances.

A curadora da mostra, Mariza Bertoli, ressalta:

“O artista mostra a alma de Brasília com suas belas formas esvaziadas do sonho da sua concepção, recortadas sob um céu denso, pesado, consistente como uma lona de circo. Ali onde se desempenha o papel da democracia não há mais povo, nem nação. A democracia é só uma palavra, mas os invólucros dos poderes corrompidos, rotos, remendados permanecem altivos como se estivessem vestidos de gala para a grande festa liberal. Juscelino Kubitschek, o presidente pé-de-valsa, que ousou realizar o prognóstico da primeira república, ficou perplexo, paralisado sobre o monumento. Da concepção original, do traço bailarino do nosso arquiteto maior, o artista revela os esqueletos frágeis, as escoras e as muletas, através das suas esculturas maquetes. A capital cantada em verso e prosa, nos repentes e na bossa–nova, construída pelo braço dos candangos, para desbravar o Brasil profundo, desconhecido e acolher uma democracia autêntica para todos os seus filhos de todas as cores, agora é um fantasma.”

Posted by Patricia Canetti at 7:55 AM

setembro 29, 2018

Alexandre DaCosta no Mamam, Recife

Objetos, cores, palavras, signos: a poesia-visual de Alexandre DaCosta ganha destaque na Mostra que será inaugurada dia 20 de setembro no Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães

Advindo da Geração 80, Alexandre Dacosta, artista visual, cineasta, compositor, músico, ator e poeta, apresenta pela primeira vez seu trabalho na cidade do Recife, em exposição individual no MAMAM – Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães. Autopoese reúne obras visuais diversas do artista, que vale-se do humor e da crítica nas suas produções.

Uma mostra que abarca todos os andares do Museu, reunindo dezoito anos de atividade do artista com a linguagem poética-visual. São poemas-objeto, poesias gráficas e vídeos que fazem parte de seus livros autopoese, lançado em forma de E-Book pela editora Lacre em 2018, [tecnopoética] (e Editora 7 Letras em 2011) e do Livro-CD ADJETOS - com dezoito canções para esculturas (Editora 7 Letras 2011).

São 60 obras tridimensionais e 12 vídeos poéticos-experimentais de curta duração que serão exibidos numa das salas do museu. Na exposição, realizada sob a curadoria de Joana D’Arc, o público poderá conferir os diversos materiais usados pelo artista: “Rãdiografia”, uma caixa de luz de médico com o raio-x de uma rã com o poema: “a rã coaxa ao rés do brejo parco/acha que chá de sumiço é mergulho no charco” - “Furor”, um alvo de tiro de 70 centímetros de diâmetro em que as letras que formam, Furor e Fulgor, aparecem como tiros - “Atrorretrato”, um porta-retrato digital com 16 fotos 3 X 4 do artista de várias épocas, que se sucedem com versos, formando um poema-confissão: “se meu atro dentro incomoda/a sombra do outro me acomoda. “Vi...Aturas?”, uma traseira de carro com a frase composta de diversas letras de marcas automotivas: “Toda Via Atura Milhas e Marcas de Supérfluas Viaturas” - “Cérebro”, uma caixa com 20 chaves diferentes, uma para cada região da nossa massa encefálica - “Lubrificalma”, um recipiente de plástico, cujo produto interno quando ingerido limpa e renova a alma, dizem os dois rótulos aplicados.

Também as poesias gráficas de Alexandre estarão ampliadas em chapas de PVC, com textos inseridos em diagramas, fluxogramas e em divertidos desenhos técnicos de aparelhos eletrônicos e maquinários diversos, bem como, placas antigas de preço com letras aplicadas, utilizadas em padarias e botequins, e pequenas placas de aviso inusitadas e desorientadoras estarão distribuídas por todo o espaço do Museu.

No setor educativo do MAMAM, um tablet estará disponível para o público acionar o E-Book Autopoese e o álbum Antimatéria com 13 canções do artista lançado no ano passado. E Fragmentos da “Rádio Varejo” serão ouvidos junto com os vídeos da exposição - arte sonora que Dacosta está gravando desde 2016, que já conta com 2 horas ininterruptas de áudio-poemas, canções, textos e sons experimentais.

Na inauguração desta exposição serão apresentadas ao vivo a série Participatura - Metodologia do Espontâneo, composições musicais de Alexandre Dacosta, cujas partituras-vídeo são projetadas para os músicos interpretarem a escritura visual-musical ao vivo. Serão tocadas 2 “canções insinuativas”: "Em Raios Fúlgidos“ para trombone e "Bolor" para fagote com os músicos pernambucanos. Essas duas peças já foram executadas em concertos no Rio de Janeiro e Montevideo / Uruguai.

Alexandre escreve na introdução do seu E-book: “Alguns poemas-objeto não comportam textos, frases, palavras, apenas uma estranha fisionomia, que à primeira vista, pode deixar o expectorante espectador em sentido de interrogação. A chave está no título, que deflagra a fagulha da ignição e liga a engrenagem do motor de uma forma diversa do olhar. (...) “Página a página, com a materialidade física dos poemas-objeto e a impalpabilidade das poesias gráficas, procuro criar um vínculo intrapessoal de incursão do leitor em um espaço cósmico cômico onde o requintado adorno do humor se insere de maneira a particularizar o campo focal: vista aérea de um amplo mapa que representa um autoterritório, um autoplaneta, um autouniverso, uma área útil de sensível exploração filosófica do pensamento”.

O poeta e crítico de arte Ferreira Gullar definiu o trabalho de Alexandre Dacosta em edição do jornal A Folha de São Paulo em 6 de janeiro de 2013: “São criações de gratificante originalidade, em que o artista mescla objetos, cores, palavras e signos visuais, postos todos a serviço de um senso de humor que explora o nonsense. Ao contrário de outros artistas que tentam impor-se pelo gigantismo das obras, Alexandre inventa pequenos objetos, à vezes ‘máquinas inúteis’, à La Picabia. (...) Ele define seus objetos como “inutensílios capazes de deslocar a percepção para uma invertida reflexão do cotidiano”. Trata-se de uma das manifestações mais inteligentes e criativas dentre as que vi ultimamente nesse gênero de arte”.

“Alexandre Dacosta é personagem fundamental no redesenho da imagem do artista na arte brasileira pós-80, em sua demarcação consciente de uma performatividade dessa imagem (talento pós-mídia): provoca, pois, uma recepção pública mais complexa e desestabilizadora, ao promover ações em campos, gêneros e áreas contíguas – para ele, não há sentido advogar por qualquer adjetolândia artificial e falsamente consagradora, já que também atuar como artista requererá, sempre, a encenação em camadas de um jogo intenso, próximo do fogo” - Ricardo Basbaum - artista visual e escritor.

Alexandre Dacosta (Rio de Janeiro - 1959). Professor do Curso Fundamentação e de Práticas Artísticas Contemporâneas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage / RJ (2011-2016). Realizou 18 exposições individuais, RJ/SP e Montevideo - Uruguay, e mais de 100 coletivas no Brasil e no exterior. Recebeu 2 prêmios de pintura: IBEU (1985) e Secretária de Cultura no XVIII Salão de Belo Horizonte MG (1986). Em 1981 cria com Ricardo Basbaum a “Dupla Especializada” e dois anos depois o Grupo 6 Mãos, com Basbaum e Barrão. Integra o Grupo 8 Pés, que vestidos de garçons, fazem intervenções em vernissages. Como cantor, músico e compositor produziu o álbum “Antimatéria” (2017) com 13 canções autorais que estão nas plataformas digitais de música e o CD Livro ADJETOS (2011) com 18 canções para esculturas/objetos, além de fazer trilhas sonoras para filmes e peças de teatro. Criou com sua mulher Lucília de Assis a dupla performática de cantores e compositores “Claymara Borges e Heurico Fidélis" e gravou os CDs "Cascata de Sucessos/1992 Leblon Records e “Pirata Ao Vivo”/2003. Como diretor e roteirista produziu 14 filmes de curta-metragem - 6 ficções, 3 documentários, 5 experimentais - tendo ganho 11 prêmios em festivais - e está editando seu primeiro longa metragem, o documentário “A Sobrancelha é o Bigode do Olho” sobre o jornalista Aparício Torelly, o Barão de Itararé. Como ator, protagonizou 5 longas, 1 média e 8 curtas metragem, participando de mais de 40 filmes, 17 peças de teatro e musicais, diversos seriados, minisséries e novelas. Como poeta lançou em 2011 o livro [tecnopoética ] Editora 7 Letras, desde 2015 produz arte sonora com a “Rádio Varejo” e com Alexandre Guarnieri cria em 2012 o espetáculo vídeo-poético-musical [versos alexandrinos]. Participa também de revistas, antologias, saraus e colabora com áudios de poesias em programas de rádio.

Posted by Patricia Canetti at 10:38 AM

Mãe Preta na Funarte, São Paulo

Idealizada pelas artistas visuais Isabel Löfgren e Patricia Gouvêa, a mostra reúne vídeos, fotografias, instalações e contará com performance de Glauce Pimenta Rosa e Jessica Castro na abertura, oficina com Jarid Arraes e lançamento de catálogo com textos de Lilia Moritz Schwarcz, Martina Ahlert, Qiana Mestrich, Temi Odumosu, Alex Castro e Júlio César Medeiros da Silva Pereira

As conhecidas imagens das amas-de-leite negras, registradas desde meados do século 19 ao início do século 20, são o ponto de partida da pesquisa das artistas Isabel Löfgren e Patricia Gouvêa para a realização da exposição “Mãe Preta”, que recebeu o Prêmio Funarte Conexão Circulação Artes Visuais de 2016. Após grande sucesso de público e crítica no Rio de Janeiro, em 2016, quando foi exibida na Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea (dentro do Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos, na capital fluminense), com cerca de 2 mil visitantes, e também em Belo Horizonte,em 2017, no Palácio das Artes, a exposição chega a São Paulo, na Galeria Mario Schenberg, da Funarte. A abertura ocorre em 4 de outubro e seguirá em cartaz até 25 de novembro, reunindo fotografias, vídeos, instalações, performance e literatura.

O projeto surgiu de uma pesquisa artística de Isabel e Patricia, iniciada em 2015, que busca, visto que é um trabalho em constante progressão, traçar os elos e as ressonâncias entre a condição social da maternidade durante a escravidão por meio de releituras de imagens e arquivos do período, o desaparecimento da história escravocrata na malha urbana das cidades brasileiras e as vozes de mulheres e mães negras na contemporaneidade. O intuito da mostra é discutir a questão da memória da escravidão e o legado da mulher negra na formação da sociedade brasileira dentro da história visual do país.

“A exposição objetiva contrapor a representação romantizada das “mães pretas” e da maternidade em arquivos históricos do período escravocrata ao protagonismo real e crescente exercido pelas mães negras de hoje. Iniciamos este projeto dentro de um contexto histórico com as escavações arqueológicas e a memorialização da escravidão da região portuária do Rio de Janeiro nos últimos anos. À medida que foram se revelando diversos achados, começamos a buscar elementos que se articulassem com o papel da mulher negra – focando na sua função dupla como mãe de seus próprios filhos e como amas-de-leite de crianças brancas – na formação social da cidade. Essas vidas, marcadas pelo terror da separação e mesmo morte de seus filhos em prol da criação dos filhos de outrem, deixaram marcas indeléveis como uma das grandes injustiças da história do Brasil e de toda a sociedade escravocrata. Com a exposição propomos como reflexão as lacunas históricas em relação ao papel fundamental da maternidade tal como exercido pela mulher negra na nossa história urbana, social e visual, buscando pontos de inflexão com as lutas na sociedade contemporânea”, afirma Isabel.

Inédita em São Paulo, a exposição - que ainda seguirá para São Luís, no Maranhão, em dezembro – inclui o lançamento de um catálogo com contribuições de nomes nacionais e internacionais, como a antropóloga e curadora-adjunta para histórias e narrativas no Masp, Lilia Moritz Schwarcz (USP); a antropóloga e pesquisadora Martina Ahlert (UFMA); o escritor Alex Castro; o historiador e diretor do Núcleo de Estudos e Pesquisa do Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos, Júlio César Medeiros da Silva Pereira (UFF); a historiadora da arte, educadora criativa e curadora britânico-nigeriana Temi Odumosu (Universidade. de Malmö - Suécia); e a fotógrafa, escritora e professora do ICP-Bard (EUA), a norte-americana Qiana Mestrich.

Um dos pontos altos da exposição é a vídeo-instalação “Modos de Fala e Escuta” (com 27 minutos de duração), que reúne o depoimento de sete mães negras sobre maternidade, racismo, memória, ancestralidade, violência e lutas cotidianas. Nesse sentido, outro destaque da mostra é a obra “Mural das Heroínas”, com 20 retratos de líderes negras, desde Luísa Mahin, Tereza de Benguela e Nzinga de Angola às feministas Lélia Gonzalez e Beatriz do Nascimento, além de figuras políticas como Laudelina de Campos e Marielle Franco, entre outras, que simbolizam as conquistas sociais, a luta, a resistência, a voz e o lugar histórico da mulher negra no Brasil.

A exposição também conta, ainda, com a minibiblioteca Mãe Preta, que conta com publicações de autoras negras contemporânea se uma seção voltada para a literatura infanto-juvenil com títulos sobre protagonismo negro para consulta do público.

Dividida em oito séries, “Mãe Preta” apresenta instalações, colagens e intervenções em gravuras e fotografias, que, reunidas, propõem uma reinvenção poética da iconografia relacionada às mães pretas dentro de uma linguagem contemporânea tendo como ponto de partida imagens fotográficas do acervo do Instituto Moreira Salles, do Rio de Janeiro, e releituras de livros com gravuras de Jean-Baptiste Debret, Johan Moritz Rugendas e outros artistas. Isabel e Patricia criaram intervenções nessas imagens com objetos óticos, como lupas e lentes, que destacam a complexidade das relações das amas-de-leite com as crianças brancas de seus senhores e das mulheres escravizadas e seus próprios filhos dentro de contextos domésticos, urbanos e rurais.

“De tão conhecidas, estas imagens são vistas de forma superficial e contribuem para um olhar normalizado sobre a vida dessas mulheres que desempenharam um papel fundamental na formação da sociedade brasileira, mas que não revelam as histórias de violência sofridas por elas. Os trabalhos propõem uma nova forma de olhar essas imagens, de modo que a figura materna apareça no primeiro plano e não apenas como um detalhe da vida cotidiana e familiar nos tempos da escravidão”, explica Patricia.

Nesse sentido, marcas naturais do tempo em reproduções de negativos de Marc Ferrez e outros fotógrafos do século 19 são aproveitadas para simbolizar cicatrizes expostas em composições fotográficas em substituição a cópias perfeitas. A dupla também levantou, em jornais de época, anúncios sobre o aluguel de amas-de-leite, assim como artigos em publicações abolicionistas denunciando escândalos e abusos diretamente relacionados à questão das amas-de-leite no século 19, sobre os quais também intervêm com diversos objetos.

Para esta edição, as artistas fizeram uma imersão nos contextos específicos de São Paulo e São Luís, para onde a exposição viajará após a etapa paulistana. Na capital paulista, as artistas seguiram o debate sobre o apagamento da história negra da cidade e, no Maranhão, realizaram entrevistas com lideranças femininas dos Quilombos Santa Rosa dos Pretos e Santa Joana, que resultaram em obras inéditas que serão apreciadas pelo público.

A abertura da exposição em São Paulo, em 4 de outubro, contará com uma performance da carioca Jessica Castro (professora de Dança Educação, pesquisadora do Jongo, intérprete do movimento da dança afro-brasileira, artista de rua e militante do movimento negro) e da maranhense radicada no Rio de Janeiro, Glauce Pimenta Rosa (cantora, artista, gestora criativa de projetos culturais de arte e educação e ativista negra feminista), que também são protagonistas da vídeo instalação. Em 6 de outubro, às 11h, haverá visita guiada e bate-papo com Isabel e Patricia.

O catálogo da exposição será lançado em 10 de novembro, na Galeria Funarte, em São Paulo. Na ocasião, haverá uma oficina gratuita com a escritora, poetisa e cordelista Jarid Arraes, cearense radicada em São Paulo e autora da coletânea “Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis”, lançado pela Pólen Livros em 2017.

Posted by Patricia Canetti at 10:20 AM

Cobogó lança livro de Katia Maciel no Rio de Janeiro e São Paulo

Editora Cobogó publica trajetória da artista e poetisa carioca Katia Maciel: O livro traz imagens e textos sobre obras que mesclam cinema, poesia e sujeito

A publicação será lançada no Rio de Janeiro e em São Paulo. Na Livraria da Travessa Ipanema (Rua Visconde de Pirajá, 572), em 2 de outubro, ás 19 horas, e na Zipper Galeria (Rua Estados Unidos, 1494), em 11 de outubro, também às 19 horas.

A publicação Katia Maciel traz um panorama da trajetória da artista e poeta carioca, que realiza filmes, vídeos e instalações para tratar de temas ligados a códigos amorosos e seus clichês, e da relação da natureza com a poesia. São mais de 150 imagens de diferentes obras, organizadas por temas e acompanhadas de uma descrição poética feita pela própria artista, além de 18 textos de curadores, pesquisadores e críticos de arte sobre o trabalho de Katia, entre eles, Alberto Saraiva, Ismar Tirelli Neto, Guy Brett, Raymond Bellour, Paula Alzugaray, Simone Osthoff, Ricardo Basbaum e Rogerio Luz.

Publicado pela Editora Cobogó, o livro – em português e inglês – tem como ponto de partida a exposição Ebulição, realizada em 2018 no Oi Futuro Flamengo, e integra a coleção Arte e Tecnologia da instituição.

A influência do cinema é uma característica forte no trabalho de Katia. Em suas criações, o cinema surge em novos formatos e interações com o espectador. É dela o termo “transcinema”, cunhado dentro de um programa de teoria e prática, em que a imagem procede ações performáticas, resultando em documentários, videoperformance e instalações interativas. “Katia Maciel está marcada pela vigência plena de um cinema que desafia seus limites no âmbito da interatividade. Entretanto, ela opta (...) por outro caminho no qual o cinema intercepta outras linguagens, como o vídeo e a poesia”, escreve o curador Alberto Saraiva. Em Um, nenhum e cem mil, por exemplo, um documentário apresenta dois rostos ativados pelo visitante, travando diálogos aleatórios, com palavras vazias e frases clichês, para discutir o nonsense das relações amorosas.

A poesia de Katia também está numa sequência de objetos-poema, que usa como suporte o espelho e o vidro, em que o reflexo do observador é incorporado ao trabalho. Isso pode ser notado em obras como Círculo vicioso, quando as duas palavras impressas em torno do objeto circular no nível do chão giram a partir do gesto do espectador, que se vê aprisionado na imagem em movimento. “Toda ação emana comoção / comova-se / faca na água é ebulição”, escreve Katia, no poema “Ebulição”.

Katia Maciel nasceu no Rio de Janeiro, em 1963. É artista, cineasta e poeta, pesquisadora do CNPq e professora da Escola da Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro desde 1994. Realiza filmes, vídeos, instalações e escreve poemas. Em 2001, fez pós-doutorado em artes interativas na Universidade de Wales, na Inglaterra. Publicou livros como Zun (poemas, 2012), Transcinemas (2009) e A arte da desaparição: Jean Baudrillard (1997). Participou de exposições no Brasil, na Colômbia, no Equador, no Chile, na Argentina, no México, nos Estados Unidos, na Inglaterra, na França, na Espanha, na Alemanha, na Lituânia, na Suécia e na China. Recebeu diversos prêmios, como Prêmio da Caixa Cultural Brasília (2011), Funarte de Estímulo à Criação Artística em Artes Visuais (2010), Rumos Itaucultural (2009), Sérgio Motta (2005) e Petrobras Mídias digitais (2003).

Título: Katia Maciel
Artista: Katia Maciel
Organizador: Douglas de Freitas
Textos: Alberto Saraiva, Ismar Tirelli Neto, Guy Brett, Raymond Bellour, Paula Alzugaray, Simone Osthoff, Ricardo Basbaum e Rogerio Luz, entre outros.
Idioma: Bilíngue – Português / Inglês
Número de páginas: 340
Editora: Cobogó
ISBN: 978-85-5591-052-4
Encadernação: Brochura
Formato: 19x25 cm
Ano de edição: 2018
Preço de capa: R$ 80,00

Posted by Patricia Canetti at 9:50 AM

setembro 24, 2018

Cesar Oiticica Filho no MAM, Rio de Janeiro

O artista, cineasta e fotógrafo mostra uma série de vídeos, fotografias, videoinstalações, realidade virtual e obras interativas como desdobramento de sua pesquisa sobre o fim da fotografia na era digital.

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro inaugura no próximo dia 1º de setembro de 2018, das 15h às 18h, a exposição Metaimagens, com aproximadamente quinze trabalhos inéditos de Cesar Oiticica Filho, desdobramento de sua investigação poética sobre o fim da fotografia na era digital. Nesta mostra, o artista associa a destruição parcial de seu trabalho e equipamento em 2009 ─ ocorrida no incêndio do Projeto Hélio Oiticica, de que é curador ─ à substituição da imagem fotográfica pela digital, abordada nos diferentes núcleos que formam a exposição.

“Há dez anos eu já estava discutindo do fim da fotografia, e com o incêndio, objetiva e literalmente, isso ocorreu”, comenta o artista. As fotos “derretidas” viraram “outra coisa”. A exposição traz outra reflexão, a de que a digitalização da fotografia cria sua transformação em “imagem”, “manipulada e banal, onde perde a credibilidade”.

Em trabalhos anteriores, Cesar Oiticica Filho havia experimentado a mídia fotográfica colorida “até o esgotamento das possibilidades e do material, cortando a emulsão com a luz, usando feixes de luz muito fortes como laser e lanternas de alta potência direto no papel fotográfico”.

Nesses novos trabalhos, o artista articula – a partir da destruição pelo fogo do seu próprio trabalho e equipamento – a transformação da fotografia em imagem digital e os desdobramentos desse meio em pintura, cinema, realidade virtual e objetos, onde ganha materialidade. “Essa vocação transmidiática do artista permitiu o atravessamento generalizado dos diversos campos em que a produção visual era segmentada em áreas autônomas (como vídeo, fotografia, filme, publicações e pinturas)”, acentua o curador Fernando Cocchiarale.

A obra central da exposição, “Núcleo Metaimagético” (2018), é uma grande instalação composta por uma série de lâmpadas cercadas por dezenas de imagens dos negativos e cópias danificadas pelo fogo, “formando em torno da luz um núcleo que representa o final da imagem fotográfica e o início de uma série de possibilidades, mostradas nas demais obras da exposição”, comenta o artista.

Outro grupo de trabalhos é o constituído pela série “Metaimagem” (2018), com quatro impressões em tela das fotos danificadas pelo incêndio, que ganham intervenções de pintura sobre as partes derretidas, e têm dimensões de 82cm x 51,5cm cada uma.

TRILOGIA “BRASIL 2016”
Na parte direita do foyer, que dá para o Pão de Açúcar, o público verá a trilogia “Brasil 2016” (2016), um conjunto de três jarros de vidro, os transobjetos, com aproximadamente 20cm de diâmetro e 30cm de altura cada um, em que o artista discute as questões do país de forma poética. “Talvez sejam as obras de significado mais óbvio na exposição”, observa ele. O primeiro contém uma porção de grãos de feijão contornada por grãos de arroz. O segundo traz uma vela de gel acesa sobre água, e o terceiro dois óleos de diferentes densidades e cores, de soja e de dendê, disputam o espaço.

Na parede do fundo do foyer, serão projetadas as obras mais próximas do cinema, animação e vídeo, como o filme performance “É Tudo Verdade” (2003), originalmente em Super 8 depois transferido para digital, “Para os seus olhos somente” (2018, 8’), e “A Dança da Luz” (2003), um filme in progress, feito a partir da primeira versão da obra “Caixa de Dança”, apresentada na exposição individual "A Dança da Luz", no Museu Nacional de Belas Artes, em 2003..

REALIDADE VIRTUAL

Explorando a técnica da realidade virtual, “que coloca a pessoa dentro da imagem”, Cesar Oiticica Filho propõe em “Rolezinho” (2017, filme 360º, com smartphone, óculos de realidade virtual e headphones) um “delírio deambulatório” como os de Hélio Oiticica (1937-1980), em um alucinante deslocamento por skate pelas ruas de Nova York.

No final do percurso expositivo, o artista propõe o visitante a “parar, fechar os olhos e se deitar para se voltar ao corpo, ao aqui e agora, despertando outros sentidos adormecidos pela enxurrada de imagens recebidas”. Isto poderá ser feito na instalação sensorial “SolAr” (2018), em que uma lâmpada de luz forte age simultaneamente a um ventilador, de modo a ativar a sensação de frio/calor, como um “antídoto para não ser engolido pela ditadura da imagem, que nos chegam em grande volume diariamente”.

NOS PILOTIS DO MAM

Em meados de setembro, serão inauguradas duas outras obras interativas nos pilotis do MAM:

• “Caixa de Dança 1” (2002), em que dois macacões cobertos por LEDs estarão à disposição do público para serem vestidos. Uma câmera digital captará os movimentos do expectador participante, que depois receberá por email as imagens.

• “Caixa de Danca 5.0” (2018), uma grande instalação composta por quatro telas translúcidas dispostas como paredes de um cubo, com 6 metros de face, em algodão muito fino, onde são projetadas imagens, vistas tanto do lado de fora como de dentro. Dessa forma, as imagens em movimento estão em sentido de fuga quando vistas do lado interno, e são convergentes, do outro lado, como que atingindo o espectador que está fora do cubo, criando a sensação de contração/expansão, dependendo do ponto de vista. O espectador poderá também dançar, ao som da música que integra a obra.

CINEMATECA DO MAM

Na Cinemateca do MAM será apresentado ao longo da exposição o filme “Hélio Oiticica” (2012), com 94’, dirigido e produzido por Cesar Oiticica Filho, premiado no Festival de Berlim em 2013 pela Fédération Internationale de la Presse Cinématographique (FIPRESCI), e pelo Caligari (pela inovação da linguagem cinematográfica), sendo o primeiro brasileiro a receber esta premiação. Ainda em 2013, o filme recebeu o Prêmio Especial do Júri no Festival do Livro e do filme de Arte em Perpignam, França.

SOBRE CESAR OITICICA FILHO (1968, Rio de Janeiro, RJ)

Nascido no Rio, foi criado em Manaus até os 18 anos, quando voltou à cidade natal. Retornou diversas vezes a Manaus, e fixou definitivamente residência no Rio em 1997, quando assumiu a curadoria do Projeto Hélio Oiticica. Formou-se em Comunicação Social em 1992, pela Faculdade da Cidade, e cursou cinema na New York Film Academy, em Londres, em 2007. Aos treze anos fez o seu primeiro curso de fotografia em Manaus. Aos dezesseis anos de idade integrava o catálogo da 1ª Fotonorte, mostra nacional feita pela FUNARTE com os principais fotógrafos da região norte do país. Sua primeira exposição individual foi no Teatro Amazonas, em Manaus em 1996. Trabalha com cinema, e arte contemporânea. Inventou uma nova técnica que transita entre a pintura e a fotografia, apresentada em 2003 na exposição "A Dança da Luz", no Museu Nacional de Belas Artes. É há 17 anos curador do Projeto Hélio Oiticica. Entre seus principais trabalhos estão as curadorias de “Rhodislandia”, na OM_Art, no Jóquei Clube de Rio de Janeiro, em 2018, e de “José Oiticica Filho”, junto com Carlo Cirenza, no MIS de São Paulo, em 2016. Em 2015 participou da XII Bienal de Havana, e em 2014 de “Brasil x Brasil”, no Museu de Artes Aplicadas, em Frankfurt, Alemanha. Em 2013, participou da Bienal de Moving Image B3, em Frankfurt, Alemanha, onde ministra uma master class. Em 2011 realiza o filme “Museu é o Mundo” (Brasil, 2011, 12’), um making off da exposição “Museu é o Mundo”, de que foi curador, junto com Fernando Cocchiarale, uma retrospectiva de Hélio Oiticica, que percorreu em 2010 quatro cidades no Brasil e ganhou o Prêmio APCA. Em 2011 também mostra seus trabalhos inéditos em “Quântica”, no Centro Cultural da Justiça Federal, Rio de Janeiro. Em 2008, faz o curta “Invenção da Cor” (Brasil, 2008, 7’), sobre o “Penetrável Magic Square 5”, de Hélio Oiticica, no Instituto Cultural Inhotim, em Minas Gerais. Em 2007 realiza a ação “É Tudo Verdade”, com Carlo Cirenza, no Rio de Janeiro, saindo ao mar com uma jangada que traz impressa na vela a imagem de Pelé. No mesmo ano, cursa cinema na New York Film Academy, em Londres. Em 2006, participa do Arte Pará, selecionado por Paulo Herkenhoff, com o trabalho “Pintura Quântica”. Em 2005 foi apontado pela revista “Photo” francesa como uma das revelações da nova geração de fotógrafos brasileiros, com o trabalho “Mulheres luz”.

Posted by Patricia Canetti at 6:06 PM

Coletiva de acervo na Luciana Caravello, Rio de Janeiro

Luciana Caravello Arte Contemporânea expõe seu acervo e participa da ArtRio

Coletiva apresentará cerca de 40 obras, dentre pinturas, desenhos, esculturas e instalações, de todos os artistas representados pela galeria

Luciana Caravello Arte Contemporânea apresenta, a partir do dia 19 de setembro, exposição coletiva com obras de seu acervo. A mostra terá cerca de 40 trabalho, dentre pinturas, desenhos, esculturas e instalações, dos 30 artistas representados pela galeria: Adrianna Eu, Afonso Tostes, Alan Fontes, Alexandre Mazza, Alexandre Sequeira, Almandrade, Ana Linnemann, Armando Queiroz, Bruno Miguel, Carolina Ponte, Claudio Alvarez, Daniel Escobar, Daniel Lannes, Eduardo Kac, Eliane Prolik, Fernando Lindote, Gê Orthof, Gisele Camargo, Güler Ates, Igor Vidor, Ivan Grilo, Jeanete Musatti, João Louro, Lucas Simões, Marcelo Solá, Marina Perez Simão, Nazareno, Paula Trope, Pedro Varela e Ricardo Villa.

Entre as obras apresentadas estarão esculturas da série "Borda e Alegria", de Igor Vidor, composições feitas a partir de armações de pipas, vazadas, e seus respectivos padrões geométricos desenvolvidos em papéis de seda. A série faz parte de um levantamento sobre o desenvolvimento de padrões geométricos por artesãos e produtores de pipas. Além de ser um objeto lúdico e tradicional, as pipas originais trabalham a complexidade de construção dos padrões geométricos em sua confecção, independentemente de qualquer padrão já postulado pela história das vanguardas brasileiras.

Os origamis da série "Articulando Princípios", de Ricardo Villa, também estarão na mostra. Dobrados a partir de cédulas de dinheiro e textos de economia política, de pensadores como Marx, Smith, Malthus e Mises, procuram demonstrar o esforço da linguagem em construir pontos de vista sobre o processo de socialização da natureza. Transformando o pensamento econômico em um corpo consumível, o trabalho indaga sobre o estado das coisas nesse mundo de produção, consumo e “democracia”.

A instalação “Estudo para fábrica de vidros” (2017/2018), de Ivan Grilo, também fará parte da exposição. Composta por impressões em papel algodão, gravação em vidro, prateleira em ferro, garrafas de vidro, areia e óleo de dendê, é baseado na história de um barão rude, desumano com seus escravos. Segundo a história, um deles, na tentativa de se livrar dos chicotes, inocentemente untou o corpo com óleo e rolou na areia branca da praia, cobrindo o corpo todinho de sílica branca. De encontro ao seu feitor disse com todas as letras que livrasse seu pai dos castigos, pois a partir daquele momento era um homem branco e merecia mandar em si próprio. A natureza se manifestou ao ver tanto sofrimento, que fez florescer lírios do brejo com suas flores como as areias da praia que havia untado aquele corpo.

ARTRIO
Pelo oitavo ano consecutivo, Luciana Caravello Arte Contemporânea participa da ArtRio, um dos principais eventos de arte da América Latina. No stand da galeria, no setor “Panorama”, que reúne as galerias já estabelecidas no circuito internacional de arte, estarão obras dos artistas representados, incluindo pinturas, desenhos e esculturas. A galeria também estará presente no programa SOLO, com uma instalação da artista Adrianna Eu, e no programa MIRA, que reúne videoarte, com uma obra do artista Igor Vidor.

Posted by Patricia Canetti at 9:32 AM

setembro 22, 2018

Miguel Rio Branco na Silvia Cintra + Box 4, Rio de Janeiro

Miguel Rio Branco, um dos maiores nomes da fotografia e da arte contemporânea brasileira, inaugura no dia 27 de setembro a mostra Através do olhar dourado na galeria. Ao contrário das duas últimas exposições do artista na galeria, quando a mulher foi o tema central, agora os trabalhos não tem a presença da figura humana.

Entre dípticos, trípticos e polípticos - montados por Miguel como um quebra-cabeça de fotografias de diferentes momentos e lugares – a exposição se constrói como um exercício poético de não temas, apenas uma viagem do olhar do artista sobre paisagens, detalhes arquitetônicos, cavalos, uma roda gigante desativada, restos de coisas e relíquias.

Conhecido por obras de forte cunho social e político, como as séries Maciel, realizada no Pelourinho no final dos anos 70 e Santa Rosa numa academia de boxe carioca nos anos 90, a mostra na galeria Silvia Cintra é uma boa oportunidade do público conhecer um lado mais lírico da obra de Miguel Rio Branco.

SOBRE MIGUEL RIO BRANCO

Nascido em 1946, filho de diplomata, bisneto do barão do Rio Branco e neto do caricaturista J. Carlos, Miguel Rio Branco ganhou em 2010, um pavilhão no centro de arte contemporânea de Inhotim (MG). Espaço que considera a mais instigante proposta de comunhão arte e natureza.

Hoje é de um dos artistas nacionais com maior projeção no exterior, com um currículo repleto de exposições em espaços de grande prestígio, como as suas individuais Out of Nowhere, no Groninger Museu, na Holanda (2006),Gritos Surdos nos encontros de Fotografia de Arles (2005), Plaisir La Douleur, na Maison Européenne de La Photographie, em Paris (2005) e no Kulturhuset de Stockholm. No Brasil realizou recentemente a mostra individual “Nada levarei quando morrer” no MASP (2017) e “Wishfull Thinking” na Oi Futuro (2108). Atualmente está em cartaz também na 33º Bienal de São Paulo.

Posted by Patricia Canetti at 4:44 PM

Julio Le Parc na Nara Roesler, Rio de Janeiro

Com a presença do consagrado nome da arte cinética mundial, a Galeria Nara Roesler | Rio de Janeiro inaugura Julio Le Parc: obras recentes, em homenagem aos 90 anos do artista, a serem completados dia 23 de setembro. A exposição traz pinturas inéditas da série Alchimie, uma escultura da série Torsion (2004), um móbile da série Continuel, e Alchimie Virtuel, com tecnologia que permite ao espectador adentrar o universo do artista. A obra, em realidade virtual, atualiza a questão da virtualidade que Le Parc vem explorando há mais de 50 anos, como nas pinturas Réels et virtuels / serie Surface noir et blanc (anos 50), Volume Virtuel (anos 70), e nas esculturas Cercle Virtuel (anos 60). Por antecipar essa discussão, Le Parc tornou-se reconhecidamente um visionário que sempre acreditou no poder libertário que a arte tem em despertar nossas faculdades perceptivas.

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“Retomar contato com as obras e as ideias de Le Parc quando ele completa seus 90 anos é uma oportunidade de reativar essa crença no papel emancipatório da arte – hoje sem o dogmatismo que regia suas ideias iniciais junto ao grupo de arte cinética – e a esperança de que ela seja portadora de uma oportunidade de transformação”, escreve Rodrigo Moura, em seu texto para a exposição.

As “alquimias” atuais, em acrílica sobre tela, são trabalhos em grande escala, concebidos a partir de vários estágios de desenhos e de pinturas menores que se expandem em composições modificadas progressivamente. “Em algumas pinturas vemos um grande centro preto que, circulado por uma sobreposição de cores agrupadas e sobrepostas, parece atomizado, o que provoca um efeito simultaneamente desorientador e hipnótico”, diz Le Parc. A série Alchimie foi iniciada em 1988, em forma de pequenos esboços surgidos a partir de observações fortuitas do artista e que, aos poucos, foram concretizadas. “Aqui Le Parc está mais uma vez interessado na ideia de permutação cromática e de refração da luz na superfície, criando possibilidades de vibração a partir de planos sobrepostos, círculos concêntricos, espirais e fitas de Moebius”, afirma Moura. O crítico também destaca “a capacidade de evocação ambiental, como se cada tela fosse um corpo espacial com profundidade e luminosidade próprios, reativando o dilema olho/corpo, um antigo problema colocado pela obra de Le Parc”.

Em Torsion, o artista reafirma essa persistência em uma experimentação contínua, em que cada novo conjunto de obras tem suas raízes no que já desenvolveu. A série de esculturas às quais o artista se dedica desde o fim da década de 1990, está ligada ao espírito dos primeiros relevos, especialmente dos "volumes virtuais" desenvolvidos nos anos de 70. A contundente presença do aço inox, esse material de superfície acetinada, permite múltiplas mudanças devido a sua maneira de atrair a luz. Para Rodrigo Moura, a questão que se coloca de forma mais evidente é a da incidência da luz do ambiente sobre os filetes de aço inoxidável. “Evoca-se uma dimensão de duração à medida que nos deslocamos em torno delas, como se fossem micro espelhos imperfeitos ou fragmentos de labirintos. Por isso, quanto mais extensão, maiores as possibilidades”.

Julio Le Parc (n. 1928, Mendoza, Argentina) vive e trabalha em Cachan, na França. O artista apresenta ao espectador uma visão divertida e desmistificada da arte e sociedade por meio de suas pinturas, esculturas e instalações perceptualmente ilusórias. Le Parc faz interagir cor, luz, sombra e movimento de modo que as formas aparentem movimento, estruturas sólidas se desmaterializem, e a própria luz pareça plástico. Como co-fundador do Groupe de Recherche d’Art Visuel (GRAV), trabalhou para romper os limites na arte e a participação de espectadores contribuiu diretamente com suas famosas esculturas cinéticas e ambientes de luz.

A partir de 1960, no entanto, começou a desenvolver uma série de obras distintas que utilizavam a luz “leitosa”: esses objetos, geralmente construídos com uma fonte lateral de luz branca que era refletida e quebrada por superfícies metálicas polidas, combinavam um alto grau de intensidade com uma expressão sutil de movimento contínuo.

As obras de Le Parc foram tema de inúmeras exposições individuais na Europa, América Latina e Estados Unidos, em instituições como o Pérez Art Museum, Miami, EUA (2016); Museum der Kulturen Basel, Basel, Suíça (2015); Bildmuseet, Umea, Suécia (2015); Malba, Buenos Aires, Argentina (2014); Palais de Tokyo, Paris, França (2013); Biblioteca Luiz Angel Arango, Bogotá, Colômbia, (2007); Laboratorio Arte Alameda, Cidade do México, México (2006); Castello di Boldeniga, Brescia, itália (2004) entre outras. O artista também fez parte de diversas exposições coletivas e bienais como: a Bienal Internacional de Curitiba, Curitiba, Brasil (2015); Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brasil (1999); Bienal de Havana, Havana, Cuba (1984); Bienal de São Paulo (1967), a Bienal de Veneza em 1966 (quando recebeu o Prêmio) e a polêmica exposição do MoMA, The Responsive Eye (1965). Como ato de protesto contra o regime militar repressivo no Brasil, ele se juntou a artistas no boicote da Bienal de São Paulo em 1969 e publicou um catálogo alternativo de Contrabienal em 1971. As obras coletivas posteriores de Le Parc incluem a participação em movimentos antifascistas no Chile, El Salvador e Nicarágua. Recentemente, Le Parc tem sido objeto de grandes retrospectivas, como Form into action no Pérez Art Museum, Miami, EUA (2016), Julio Le Parc na Serpentine Gallery, Londres, Reino Unido (2014); Le Parc: Lumière no MALBA, Buenos Aires, Argentina (2014); Soleil froid no Palais de Tokyo, Paris, França (2013); Le Parc lumière na Casa Daros, Rio de Janeiro, Brasil (2013); e da exposição Dynamo no Grand Palais, Paris, França (2013).


With the presence of the world-renowned name of kinetic art, on September 25 Galeria Nara Roesler | Rio de Janeiro is inaugurating Julio Le Parc: obras recentes [Julio Le Parc: Recent Works] in honor of the artist’s 90th birthday (September 23). Accompanied by a text by Rodrigo Moura, the exhibition features new paintings from the Alchimie series, a sculpture from the Torsion (2004) series, a mobile from the Continuel series, and Alchimie Virtuel, with technology that allows the spectator to enter the artist’s universe. This work, in virtual reality, updates the question of virtuality that Le Parc has been exploring for more than 50 years, including in the paintings Réels et virtuels / series Surface noir et blanc (1950s), Volume Virtuel (1970s), and the sculptures Cercle Virtuel (1960s). By anticipating this discussion, Le Parc became widely recognized as a visionary.

“Resuming contact with Le Parc’s works and ideas as he turns 90 years old is an opportunity for reactivating this belief in the emancipatory role of art – today without the dogmatism that ruled his initial ideas from within the kinetic art group – in the hope that it brings an opportunity for transformation”, writes Rodrigo Moura, in the text he wrote for exhibition.

The current “alchemies,” in acrylic on canvas, are large-scale works, conceived based on various stages of drawings and smaller paintings that are expanded in progressively modified compositions. “In some paintings we see a large black center which, surrounded by an overlapping of grouped and overlaid colors, appears atomized, giving rise to a simultaneously disorienting and hypnotic effect,” says Le Parc. The Alchimie series was begun in 1988, in the form of small sketches that arose based on chance observations by the artist, which were gradually realized. “These “alchemies” are part of my living adventure, expressed in my work as an experimental artist,” Le Parc says.

In Torsion, the artist reaffirms this persistence in a continuous experimentation, in which each new set of artworks is rooted in what has been previously developed. The series of sculptures – which in monumental sizes occupy public spaces of countries such as Mexico, Portugal and the United States – is linked to the spirit of his first reliefs, especially the “virtual volumes” developed in the 1970s. Even though the artworks in the Torsion series are not virtual, but real with the striking presence of stainless steel, this material, by its satiny surface, allows multiple changes due to the way it attracts light. The investigation of the effects of light on the surface of bodies in movement can also be seen through the hypnotic effect of his mobiles, represented in the exhibition by the specimen Continuel Mobile Miroir (2017).

Julio Le Parc (b. 1928, Mendoza, Argentina) lives and works in Cachan, France. The artist presents the spectator with a fun and demystified view of art and society through his perceptually illusory paintings, sculptures and installations. Le Parc makes color, light, shadow and movement interact in a way that makes the shapes seem to move, solid structures to dematerialize, and light itself to appear plastic. As a cofounder of the Groupe de Recherche d’Art Visuel (GRAV), he worked to break the limits in art, and the participation of spectators directly contributed to his famous kinetic sculptures and light environments.

From the 1960s onward, however, he began to develop a series of different works that used “milky” light: these objects, generally constructed with a lateral source of white light that was reflected and broken up by polished metal surfaces, combined a high degree of intensity with a subtle expression of continuous movement.

Le Parc’s works have been the theme of countless solo shows in Europe, Latin America and United States, in institutions such as Pérez Art Museum, Miami, USA (2016); Museum der Kulturen Basel, Basel, Switzerland (2015); Bildmuseet, Umea, Sweden (2015); Malba, Buenos Aires, Argentina (2014); Palais de Tokyo, Paris, France (2013); Biblioteca Luiz Angel Arango, Bogotá, Colombia, (2007); Laboratorio Arte Alameda, Mexico City, Mexico (2006); Castello di Boldeniga, Brescia, Italy (2004), and others. The artist has also participated in various group shows and biennials such as: the Bienal Internacional de Curitiba, Curitiba, Brazil (2015); the Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brazil (1999); the Bienal de Havana, Havana, Cuba (1984); the Bienal de São Paulo (1967), the Biennale di Venezia in 1966 (when he received the Prize) and the controversial exhibition at MoMA, The Responsive Eye (1965). As an act of protest against the repressive military regime in Brazil, he joined artists in the boycott of the 1969 Bienal de São Paulo and published an alternative catalog Contrabienal in 1971. Le Parc’s later collective works include the participation in anti-fascist movements in Chile, El Salvador and Nicaragua. Recently, Le Parc has been the object of large retrospectives, such as Form into Action at Pérez Art Museum, Miami, USA (2016), Julio Le Parc at Serpentine Gallery, London, United Kingdom (2014); Le Parc: Lumière at MALBA, Buenos Aires, Argentina (2014); Soleil froid at Palais de Tokyo, Paris, France (2013); Le Parc lumière at Casa Daros, Rio de Janeiro, Brazil (2013); and the exhibition Dynamo at the Grand Palais, Paris, France (2013).

Posted by Patricia Canetti at 3:55 PM

setembro 18, 2018

Talitha Rossi na Laura Alvim, Rio de Janeiro

Na maior exposição de sua trajetória, artista multimídia apresentará cerca de 40 obras recentes e inéditas sobre o amor

No dia 25 de setembro, a Casa de Cultura Laura Alvim, um espaço da Secretaria de Estado de Cultura/FUNARJ, inaugura Só de amor, só do amor, a maior exposição da trajetória da artista plástica Talitha Rossi, que ocupará todo o espaço expositivo do centro cultural, em uma área total de 120m2. Com curadoria de Isabel Sanson Portella, serão apresentados cerca de 40 trabalhos recentes e inéditos, dentre instalações, esculturas e fotografias, que falam sobre o amor, tema que sempre esteve presente nas obras da artista, mas que ganha mais intensidade nesta exposição.

“Talitha Rossi, numa coletiva de si mesma, apresenta obras que, acima de tudo, celebram o amor. Amor a flor da pele, que transborda, que rasga o corpo expondo órgãos e fluidos numa corrente continua. A intensidade é a da vida, mas a delicadeza é a marca presente em cada detalhe”, afirma a curadora Isabel Sanson Portella.

Para criar as obras, Talitha Rossi usa materiais diversos, como brinquedos, ossos de animais, bordados, retalhos, tecidos, fios exóticos, cristais brutos, peles, escamas, conchas, entre outros. Trabalha com texturas, brilhos, cores, adorna as esculturas, além de emprestar o próprio corpo para foto-performances. “São sentimentos produzidos em série que se transformaram em objetos, que comunicam sobre mim e tantas mulheres”, ressalta a artista.

A mostra falará de todo o tipo de amor, criando um circuito que passa pelas diversas fases do sentimento. Na primeira sala, estará o amor carnal, com obras em vermelho, que tratam do fetiche, do sexo, da traição, do desafeto e também da autossabotagem. “Se o vermelho do sangue escorre é para lavar, como num rito de passagem, magoas e desafetos, e assim despertar o amor. Cada objeto escolhido trás uma memória, muitas vezes de solidão, mas sempre com a coragem da busca”, afirma a curadora. Nesta sala, predomina o vermelho forte, vibrante, presente em tecidos com texturas, brilhos e pedras, como na obra "Tua omissão mentia, meu amor sentia" (2018), feita com bordado de pedraria sobre retalhos vermelhos. Ali também estarão grandes emaranhados de novelos de lã, que compõem instalações, esculturas e foto-performances. Talitha Rossi usa os fios do novelo de lã como uma metáfora dos relacionamentos atuais, muitas vezes “embolados ou soltos por um fio”.

A segunda sala será minimalista, com poucas esculturas, em tons de branco e pérola, em harmonia com o chão de mármore da Casa de Cultura Laura Alvim. “As obras deste espaço falam sobre a cura, sobre o silêncio, a busca pelo amor-próprio, a paz e a delicadeza que o autoconhecimento e a maturidade trazem com o tempo”, conta a artista. As esculturas desta sala são feitas com tecidos que remetem ao conforto, ao aconchego, como o veludo. Há também plumas e penas sintéticas, que tem a intenção de dar leveza, tratando da questão dos ciclos, de mudança de plumagem, do renascer renovado.

Na terceira e última sala, as obras em tons de rosa claro tratam do homem pós-moderno, “que quer ser leve, mas não se livra dos tantos pesos da existência”. As obras “Ovulação", “Fecundação” e "Está tudo dentro", produzidas este ano, trazem pedras preciosas misturadas a pérolas e bordados em tons rosados, que refletem sobre a feminilidade e a continuação da raça humana. Nesta mesma sala, estará a série "Extinção" (2017), que traz ossos bordados de animais mortos, questionando a exploração animal e a extinção da vida na Terra. “Talitha expõe o mais íntimo do ser. Vai fundo, até os ossos, espreme as entranhas, troca de pele e empresta o próprio corpo para falar de amor, só do amor”, ressalta a curadora.

SOBRE A ARTISTA

Talitha Rossi (Resende, 1987. Vive e trabalha no Rio de Janeiro) é uma artista plural e desenvolve sua obra a partir de uma poética própria, que questiona o posicionamento da geração Y perante questões femininas e midiáticas. Performance, fotografia, vídeo, instalações e objetos, são seus suportes de escolha, que abrigam este universo, por meio de um olhar delicado e pungente. Autodidata, a artista exerce sua prática na experimentação, e aprende a lidar com a materialidade em seu próprio fazer artístico. A artista começou no mundo das artes há 12 anos, fazendo intervenções urbanas. De lá para cá, seu trabalho amadureceu e ganhou o mundo. A artista já expôs em coletivas em Londres, na Frameless Gallery e na The Gallery, e foi destaque do ArtRua, evento paralelo à ArtRio, dedicado à arte urbana. Além disso, tem trabalhos urbanos em Berlim, NY, Paris, Londres, Amsterdãm, Lisboa e Cracóvia.

Entre seus projetos futuros, está a participação na Pinta Miami Brazilian Section, importante feira de arte latino-americana, em Miami, que será realizada de 5 a 9 de dezembro deste ano. Além disso, Talitha Rossi é uma das organizadoras – junto com as artistas Maria Antônia Souza e Paula Bohm – da primeira edição do Circuito das Artes de São Conrado, que vai acontecer no dia 22 de setembro, reunindo artistas dos bairros de São Conrado, Rocinha, Vidigal e Joá.

SOBRE A CURADORA

Isabel Sanson Portella é Doutora e Mestre em História e Critica da Arte pela Escola de Belas Artes Universidade Federal do Rio de Janeiro (EBA/UFRJ); Especialista em História e Critica da Arte do Brasil pela Pontifícia Universidade Católica/PUC-Rio. Desde 1992 atua em museus desenvolvendo projetos e ações em preservação e conservação. Trabalha no Museu da República desde 2006, onde é curadora da Galeria do Lago – espaço de Arte Contemporânea do Museu.

Posted by Patricia Canetti at 12:16 PM

Flavio-Shiró na Pinakotheke Cultural, Rio de Janeiro

Nos seus 90 anos, o pintor ganha exposição panorâmica, acompanhada de livro com texto de Paulo Herkenhoff

A Pinakotheke Cultural Rio de Janeiro apresenta de 25 de setembro a 17 de novembro de 2018 a exposição Flavio-Shiró, que comemora os 90 anos do celebrado artista, nascido em 1928, em Sapporo, Hokkaido, Japão, que chegou ao Brasil aos quatro anos. Desde 1953 vive e trabalha em Paris, mas mantém estreita ligação com o Brasil. A exposição reúne 44 pinturas sobre tela e papel, desenhos, fotografias, além de objetos, todos de sua coleção particular, percorrendo sua trajetória desde os anos 1940 aos dias atuais. A abertura para convidados será no dia 24 de setembro de 2018, às 19h. A mostra “Flavio-Shiró” esteve em uma versão menor na Pinakotheke em São Paulo, nos meses de julho e agosto deste ano.

A exposição será acompanhada de um esmerado livro, “Flavio-Shiró” (Edições Pinakotheke), com formato de 21 x 27 cm, 216 páginas, texto de Paulo Herkenhoff, imagens de obras, e uma cronologia do artista. Haverá ainda a exibição de filmes em curta-metragem sobre o artista, dirigidos por seu neto, Adam Tanaka, e Margaux Fitoussi. A produção executiva da exposição é de Josué Tanaka, filho do artista.

Esta é uma rara oportunidade de o público fazer uma imersão na obra de Shiró, pintor oriundo de três universos distintos – nasceu no Japão, cresceu no Brasil e há mais de seis décadas divide seu ateliê entre Paris e Rio de Janeiro. “Trata-se de um artista polivalente e internacional, mas talvez coubesse melhor designá-lo como transcultural, pois a obra propõe a convivência do intercâmbio Ocidente/Oriente, Norte/Sul ou Sapporo/Tomé-Açu/Paris”, escreve Herkenhoff.

A mostra traça um panorama da obra do pintor, desde o figurativismo até o princípio de sua vida em Paris, em 1953, a transição para o abstracionismo informal, até a retomada da figuração, sempre tendo o gesto como expressão basilar. Sua relação com o cinema também está presente nas pinturas “Bonheur” (1965), que retrata a cineasta e sua amiga Agnes Varda, e “Madadayo” (2007), em alusão ao filme homônimo de Akira Kurosawa (1910–1998), e ainda “Contos da Lua Vaga” (2014), mesmo nome de um célebre filme de
Kenji Mizoguchi (1898 – 1956).

As telas “Matéria III” e “Camargue”, da década de 1950, presentes na exposição, estiveram também no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1959, quando Shiró ainda assinava Flavio S. Tanaka. “Um quadro de Shiró explodia como a convulsão da matéria do mundo na liberação daquilo que pareciam forças do caos; a massa pictórica incorpora-se em enervação, e a pintura é uma carnalidade vibrátil”, destaca o crítico em seu texto.

HUMANISMO X GUERRA

Shiró faz questão de destacar que tem “uma raiz forte ligada ao expressionismo”, suas “raízes emocionais”. “Gosto das ideias humanistas”, explica, observando que sua pintura “sempre faz alusão a alguma coisa”, e não é abstrata, “é mais do que um prazer estético”. Herkenhoff assinala que a obra de Shiró, já desde meados de 1950, traz uma “dimensão cultural-antropológica do signo da pintura”, e que é, entre os artistas brasileiros, o que traz “a agenda internacional mais consistente em relação a problemas globais de guerra atômica, do papel do Estado e do desastre ecológico”. Na década de 1960, escreve o crítico, a obra de Flavio-Shiró”não discute apenas a guerra do Vietnã, mas toda guerra”.

Em meados dos anos 1970, “Flavio-Shiró sintetizou sua múltipla herança cultural e condensa seu imaginário em questões que explorará em profundidade nas décadas seguintes. Pintar incluirá ativar a memória produtiva da fantasmática e deixá-la emergir perturbadora ao plano do visível. Sua memória da infância se dividiu entre Sapporo no Japão (até 1932) e a vida ribeirinha às margens do Tomé-Açu no baixo Amazonas (1932 a 1939)”. Hoje em dia, ele “evoca os contos aterrorizantes japoneses que sua mãe lhe contava para apaziguar o medo infantil antes de dormir”, do mesmo modo que Louise Bourgeois produzia uma arte da recordação das cantigas de ninar de sua mãe” . “Essa dimensão do simbólico está ao lado das conquistas do artista e ressurge como força atuante na invenção da arte da maturidade avançada como pulsão de vida”, comenta o crítico.

Na década de 1990, a sua pintura reacende em nova chave cromática e se desprega da relação entre pincelada e desenho. “Paradoxalmente, este estágio barroco de sua pintura não tem a presença de monstros e fantasmagorias, como pode ter acontecido nas décadas anteriores”, afirma o crítico.

Por sua vez, no século 21, “o tema que anima os meus trabalhos continua evoluindo ao mesmo imaginário através de uma visão transfiguradora e poética”, diz o artista. Paulo Herkenhoff comenta que “a isto podemos chamar de arte como projeto de vida. Prossegue em sua trajetória e se depura como pintor sintético e denso. Seu imaginário pulsa pleno com o vigor da matéria e se move por vontade de experimentar ideias e por curiosidade técnica. Algumas questões plásticas têm envolvido a mente inquieta de Shiró: objetos; invenções; experiências com a xilogravura e a nova inflexão em sua pintura, com formas audaciosas”.

Artista presente e premiado em salões e bienais, com destaque para o Prêmio Internacional de Pintura na Bienal de Paris de 1961, Flavio-Shiró vem expondo seu trabalho em individuais e coletivas no Brasil e em países como França, Japão, Estados Unidos, Reino Unido, Bélgica e Itália. O artista já ganhou retrospectivas no Japão – Museu Hara, em 1993 –, e no Brasil, no MAM Rio de Janeiro, em 1993, no MASP, em 1994, no MAC Niterói, em 1998; e no Instituto Tomie Ohtake, em 2008.

SÁBADOS NA PINAKOTHEKE

Em torno da exposição “Flavio-Shiró”, a Pinakotheke Cultural realizará ao longo de alguns sábados, das 11h às 13h, atividades gratuitas para crianças em seu jardim, ou, em caso de chuva, no espaço expositivo.

Posted by Patricia Canetti at 11:47 AM

setembro 17, 2018

Antonio Dias no MAM, Rio de Janeiro

A exposição presta uma homenagem ao grande artista falecido recentemente, reunindo cerca de 60 trabalhos pertencentes aos acervos do Museu – a coleção própria e a de Gilberto Chateaubriand, em comodato na instituição desde 1993.

O MAM Rio inaugura no próximo dia 22 de setembro de 2018, a partir das 15h, a exposição Antonio Dias – O ilusionista, uma homenagem ao grande artista Antonio Dias (1944-2018), falecido recentemente. Com curadoria de Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, a mostra reúne perto de 60 obras do artista que integram o acervo do Museu de Arte Moderna, pertencentes à coleção própria e à de Gilberto Chateaubriand, em comodato na instituição desde 1993. O público poderá ver o percurso do artista nas décadas de 1960, 70 e 80, em trabalhos feitos em diversos suportes e materiais. Completam a exposição um conjunto de retratos do artista feitos por Angelo de Aquino (1945-2007), Carlos Vergara (1941), Ivan Cardoso (1952), Pablo di Giulio (1957), Roberto Magalhães (1940).

“Antonio Dias é um dos mais relevantes artistas brasileiros contemporâneos”, destacam os curadores no texto que acompanha a exposição. Eles explicam que a exposição não buscou “qualquer mediação que não aquela do sequenciamento visual e das relações objetivadas na montagem”, que “confronta o visitante de maneira direta com a maioria as obras”. Dos trabalhos expostos, doze não estão datados.

Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes assinalam que desde o início de sua trajetória, Antonio Dias “encontrou no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro uma instituição sintonizada com as questões que contribuíram de modo decisivo para a renovação da produção artística brasileira”. “Definitivamente não é possível contar nossa história sem falar de Antonio Dias, assim como nossas coleções não teriam a mesma força sem as quase 60 obras do artista que delas fazem parte e que agora podem ser vistas pelo público do Museu”, afirmam.

A seguir, uma minibiografia do artista, em texto dos curadores.

Nascido em Campina Grande, na Paraíba, Antonio Dias mudou-se para o Rio de Janeiro em 1958, aos 14 anos de idade. No Rio, trabalhou como desenhista, ilustrador e artista gráfico, e frequentou as aulas de Oswaldo Goeldi (1895-1961) no Atelier Livre de Gravura da Escola Nacional de Belas Artes – período em que conheceu artistas ligados ao neoconcretismo carioca, com os quais estabeleceu contato.

RECONHECIMENTO NO BRASIL E NO EXTERIOR

Foi, no entanto, a sua participação em exposições como “Opinião 65” e “Propostas 65” ─ que reuniram em 1965 no MAM Rio e na FAAP, em São Paulo, tanto artistas brasileiros como de outros países; e a Bienal de Paris, em 1969, que despontou com destaque o jovem Dias, tanto nacional quanto internacionalmente. Os jovens integrantes dessas mostras tinham em comum o desejo de ultrapassar as poéticas abstrato-concretas em nome da aproximação da realidade social e política dos anos 1960. Tal tendência já estava em curso desde o final da década de 1950 quando ocorreu a reorientação mundial do foco nas sintaxes formais do abstracionismo, para as possibilidades semânticas sinalizadas pela volta a uma nova figuração. Nessas seis décadas de intensa atividade produtiva, em que viveu em Paris, Milão, Berlim, Colônia e no Rio de Janeiro, Antonio tornou-se uma referência inequívoca da arte contemporânea brasileira, e internacional.

Dias nunca parou de produzir ativa e renovadoramente uma obra cujo valor e importância podem ser resumidos com base neste escrito de Giulio Argan: “uma obra é vista como obra de arte quando tem importância na história da arte e contribuiu para a formação e desenvolvimento de uma cultura artística. Enfim: o juízo que reconhece a qualidade artística de uma obra, dela também reconhece a historicidade”.

Posted by Patricia Canetti at 4:55 PM

setembro 16, 2018

Alfredo Volpi e Ione Saldanha na Ipanema, Rio de Janeiro

A mostra homenageia o grande artista ítalo-brasileiro em seus trinta anos de morte, e cria um diálogo com a artista gaúcha radicada no Rio, em mais de 80 obras no total, que revelam as semelhanças na pintura de ambos.

A Galeria de Arte Ipanema apresenta, a partir do próximo dia 24 de setembro, às 19h, a exposição Alfredo Volpi e Ione Saldanha: o frescor da luminosidade, que homenageia o grande artista Alfredo Volpi (1896-1988) em seus trinta anos de morte, reunindo 66 obras suas em diálogo com outros 20 trabalhos de Ione Saldanha (1919 – 2001), com curadoria de Paulo Venancio Filho. Na abertura da exposição, será lançado um livro-catálogo editado pela Barléu, com texto do curador e imagens do fotógrafo Rômulo Fialdini. As obras que compõem “Alfredo Volpi e Ione Saldanha: o frescor da luminosidade” pertencem a importantes acervos privados no Brasil, como o do Instituto Volpi.

Foi de Volpi a primeira obra adquirida pela Galeria de Arte Ipanema, em 1965, ano em que foi criada. Além de representado pelo espaço de arte, Volpi foi pelas décadas seguintes amigo próximo da família responsável pela galeria. Ao longo de sua história, a galeria sempre realizou mostras com obras do artista, em especial as individuais em 1974, 1979, 1999 e 2003. Luiz Sève lembra que uma de suas “obrigações” quando viajava para a Europa era trazer para Volpi não somente os tubos de tinta que ele usava, como o queijo italiano pecorino, sua paixão, difícil de encontrar no Brasil.

Nesta mostra agora, a ideia é aproximar o universo de Volpi com o de Ione Saldanha. “Volpi é o inventor da alegria na pintura brasileira. A mesma que se encontra nos bambus de Ione”, afirma Paulo Venancio Filho, que aponta muitas semelhanças entre os dois artistas. "A simplicidade rítmica de porta e janela das casas modestas, de casarões e sobrados se transferiram para a pintura de ambos. (...) Absorvem não só a geometrização arquitetural, também as cores, simples, claras, timidamente puras, caracterizam essa pintura na margem do construtivismo brasileiro, nem concretista, nem neoconcretista estrito”. “Não é só a desconsideração dos fatos e da cor local que caracteriza desde seu início a pintura de Volpi, em Ione é também ausente o elemento literário, narrativo, alegórico. Todos esses elementos tão sugestivos ambos vão desconsiderar, ignorar, e propor um espaço de construção, um ambiente real e abstrato, vivo. Para isso contribui a lírica contida, não derramada, antirretórica que um e outra manifestam. Ambos falam pouco, numa sintaxe de poucos elementos, direta, resultado de uma aquisição rigorosa e econômica dos meios pictóricos próprios”.

“As ’bandeirinhas’ de Volpi e o bambu de Ione têm conexões próximas”, salienta o curador. Para ele, as “bandeirinhas” de Volpi e o bambu de Ione têm conexões próximas. “A ‘bandeirinha’ é uma forma, o bambu um objeto, mas a bandeirinha é também um objeto e o bambu uma forma. A proximidade e afastamento, a correlação entre forma e objeto é o que desperta o interesse”. “Ninguém tinha pintado antes num bambu, mas ele estava lá e Ione o encontrou. E se transformou em uma ‘tela’ cilíndrica, um objeto pictórico. O bambu não tem lados, frente e verso, é uma superfície contínua, circular. E há ainda uma conexão plástica entre a verticalidade natural dos bambus e os mastros de Volpi, as tão frequentes diagonais que atravessam as telas de alto a baixo”, destaca.

PEQUENA CRONOLOGIA DE VOLPI E IONE

Volpi nasceu em Lucca, Itália, em 1896. Ione em 1919, em Alegrete, Rio Grande do Sul. Uma diferença de 23 anos os separa. É pouco provável que tenham se conhecido pessoalmente. Que um tenha visto a pintura do outro é bastante possível. Estiveram juntos em algumas exposições. Viveram vidas bastante diferentes; Volpi no Cambuci, bairro então operário de São Paulo, Ione, no Rio de Janeiro, diante do mar do Leblon, onde morava. São os anos 1950 do século passado que os aproximam; os anos dominantes da abstração e das tendências construtivas, embora, nem um nem outro sejam por estas, estritamente, caracterizados. E é isso que os distingue e indica a discreta afinidade entre os dois. Anteriormente, Volpi, em Itanhaém, litoral de São Paulo, e Iole, em Ouro Preto, tinham dado atenção à singeleza esquemática da arquitetura urbana popular brasileira. Fizeram viagens importantes para a Europa praticamente na mesma época, Ione, pela segunda vez, em 1949, Volpi pela primeira em 1950. Estiveram juntos na II Bienal de São Paulo em 1953. Volpi teve sua primeira grande retrospectiva em 1957, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, apresentada por Mário Pedrosa. Em 1956 e 1957 é convidado a participar das Exposições Nacionais de Arte Concreta e mantém contato com artistas e poetas do grupo concreto. Nos anos 1960 e 1970 retorna a elementos pictóricos anteriores como as fachadas e as bandeirinhas. A primeira importante individual de Ione foi também realizada no MAM do Rio de Janeiro em 1959. A partir de 1966, abandona a pintura em tela e inicia os bambus, ripas e carretéis. Ambos participaram ainda de outras Bienais de São Paulo, exposições coletivas e individuais em museus e galerias. Alfredo Volpi faleceu em 1988, com 92 anos, e Ione Saldanha em 2001.

Posted by Patricia Canetti at 6:41 PM

Rodrigo Andrade na Mul.ti.plo, Rio de Janeiro

Referência da geração neoexpressionista, há 20 anos sem expor no Rio, o artista retorna às gravuras, com paisagens e figuras abstratas, em exposição na Mul.ti.plo

Um dos grandes pintores da geração neoexpressionista dos anos 80, integrante do histórico grupo Casa 7, Rodrigo Andrade retorna às suas origens e faz uma exposição de gravuras, na Mul.ti.plo Espaço Arte, no Leblon, de 20 de setembro a 27 de outubro. A exposição Rodrigo Andrade – Gravuras 2010 -2018 se organiza em torno de dois eixos principais: as paisagens e as figuras abstratas. As gravuras, em metal, são produzidas com as técnicas de água forte, água tinta, ponta seca e morsura aberta. Para o espectador, ele avisa: espere por intensidade e por uma grande variação de caminhos trilhados nesses 25 trabalhos que serão apresentados.

Rodrigo iniciou sua carreira artística com gravuras em metal, quando tinha entre 15 e 20 anos. Foi nessa época que participou de sua primeira exposição, uma coletiva, que acabou sendo a única de gravuras até hoje. O retorno às gravuras começou a acontecer em 2010, quando Rodrigo fez uma residência artística na Fundação Iberê Camargo e voltou a se entusiasmar com a técnica. Conhecido por sua capacidade de mudar radicalmente o rumo de sua produção, em busca de novos caminhos de pesquisa, a partir daí, Rodrigo revela uma face totalmente diferente da que mostrou na Bienal de São Paulo de 2010, quando expôs paisagens naturalistas feitas a partir de fotografias.

Para a exposição na galeria carioca – depois de mais de 20 anos sem expor no Rio –, Rodrigo leva, por exemplo, uma série produzida em 2015 para a Paragon Contemporary Editions, de Londres (“Mato, Onda e Abstrato”), e outra, que está sendo produzida atualmente, inspirada em arabescos (“Criaturas Decorativas”), dentre outras feitas isoladamente, que incluem tanto paisagens quanto figuras abstratas. Nessa nova fase, o artista usa muita cor, diferentemente de seus trabalhos anteriores.

“Essa série, produzida principalmente com a técnica da morsura aberta, que ganha um relevo similar ao da tinta que exploro nas minhas pinturas, surgiu de uma curtição minha com desenhos de arabescos. As figuras, a princípio abstratas, pelas suas formas orgânicas, começaram a se assemelhar com coisas, animais: peixe, morcego, partes do corpo humano. Por isso estou chamando de “Criaturas Decorativas”. E é também um desdobramento da exposição “Duas cavernas”, que fiz ano passado. Da mesma forma, as gravuras estão baseadas na estrutura do par: são sempre quatro elementos que se formam a partir de duas duplas”, retomando assim o que havia nas minhas pinturas abstratas em bloco de cor produzidas entre 1999 e 2009”, explica o artista, que acaba de fazer uma retrospectiva de sua obra na Pinacoteca de São Paulo, com a exposição “Rodrigo Andrade: Pintura e Matéria (1983-2014)”.

Rodrigo de Castro Andrade (São Paulo, SP, 1962). Pintor, gravador, artista gráfico. Inicia sua formação em gravura no ateliê de Sérgio Fingermann em São Paulo, em 1977. Integra, entre 1982 e 1985, o grupo Casa 7. Em 1985, participa da 18ª Bienal Internacional de São Paulo. A partir de 1986, realiza diversas exposições individuais e participa de inúmeras exposições coletivas no Brasil e exterior. Possui trabalhos nas principais coleções públicas e privadas do país. Em 2004, recebe a Bolsa Vitae de Artes Plásticas. Em 2000, inicia uma série de intervenções pictóricas em espaços públicos como “Lanches Alvorada” em 2001, num bar no centro de São Paulo, e “Paredes da Caixa”, em 2006. Em 2008 lança, pela editora Cosac Naify, livro reunindo sua obra desde 1983. Em 2010, realiza a obra “Óleo sobre”, uma intervenção em oito salas do acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo, e participa da Bienal de São Paulo com a série “Matéria noturna”. Em 2014, lança o livro “Resistência da matéria” pela editora Cobogó. Em 2017, faz a exposição “Duas Cavernas” na galeria Millan, em São Paulo, expondo obras abstratas e figurativas ao mesmo tempo pela primeira vez. Em 2017 e 2018, a Pinacoteca de São Paulo apresenta a retrospectiva de sua obra, “Rodrigo Andrade: Pintura e Matéria (1983-2014)”.

Posted by Patricia Canetti at 6:15 PM

Matheus Rocha Pitta no BNDES, Rio de Janeiro

O Espaço Cultural BNDES e Rosa Melo Produções Artísticas abrem ao público, no Rio de Janeiro, a nova exposição de Matheus Rocha Pitta, Caminho da Pedra, com inauguração na sexta (21/9) a partir das 18h. A mostra tem curadoria de Luísa Duarte e articula quatro diferentes obras da trajetória recente do artista em uma única e inédita instalação, pensada especialmente para o espaço da Galeria BNDES.

Os trabalhos, datados de 2014 a 2018, são construídos em um agenciamento no qual a poesia nasce do encontro com uma realidade hostil, assim como no poema de Carlos Drummond de Andrade, que batiza a exposição. O artista realiza aqui uma operação poética na qual instaura uma subversão fina: faz do encontro com o obstáculo um acontecimento capaz de gerar afetos outros que não o imobilismo, ou melhor, entende o imobilismo (a petrificação), a incapacidade de agir, como uma potência. As quatro obras – Ao Vencedor as Batatas (2016), Sopa de Pedra (2014), Leite de Pedra (2018), e Primeira Pedra (2015) – surgem dispostas no chão da galeria, sob uma luz fria e baixa, como que convocando uma aproximação cuidadosa, permeada pelo silêncio, na contramão de uma atenção dispersa tão comum na atualidade.

No conjunto de trabalhos, o tênue equilíbrio entre peso e delicadeza é constante e cuidadosamente perseguido. “Esse é o caminho da pedra: conseguir responder aos impedimentos com delicadeza”, diz Rocha Pitta. Em julho deste ano, a comunidade da Maré participou do projeto escultórico “Leite de Pedra”, em um processo de colaboração no qual mais de mil litros de leite foram trocados por pedras com população local. Acomodadas nas embalagens de leite e preenchidas com cimento, as pedras formam os tijolos da escultura exposta no BNDES. “Tirar leite de pedra é uma expressão popular que significa fazer algo impossível. De uma certa forma, traduz o famoso dito de Hélio Oiticica: da adversidade vivemos. ‘Leite de Pedra’ pretende fazer tal adversidade visível”, pontua o artista.

O programa educativo da exposição Caminho da Pedra é coordenado por Débora Oelsner Lopes em parceria com as arte-educadoras Mariane Rodrigues e Pamela Carvalho, da ONG Redes da Maré. Em cartaz até o dia 30/11, a mostra tem entrada franca.

O ARTISTA

Mineiro, radicado no Rio de Janeiro há 20 anos, Matheus Rocha Pitta sedimentou interesses e estratégias que permitem identificar, em uma obra que se adensa a cada novo trabalho, enunciado crítico sobre os gestos que regem a vida comum. O artista remove os gestos de seu fundo biográfico e os apresenta como atos estéticos com uma dimensão histórica. Através do uso de fotografias, vídeos, esculturas e instalações, Rocha Pitta constrói seu próprio repertório de gestos, ativados diretamente com o público de suas exposições. Sem apelar para enunciados discursivos de disciplinas que tomam os gestos de troca como objeto de investigação (economia, filosofia, política), Rocha Pitta articula objetos e imagens que inventa para gerar conhecimento que não cabe nesses campos de estudo, mas que assumem implicações éticas de grande alcance.

Posted by Patricia Canetti at 5:20 PM

Apropriações, Variações e Neopalimpsestos na FVCB, Viamão

No dia 22 de setembro de 2018, a partir das 11h, a Fundação Vera Chaves Barcellos inaugura a exposição coletiva Apropriações, Variações e Neopalimpsestos, com curadoria de sua equipe, que reúne trabalhos de mais de 30 artistas, entre brasileiros e estrangeiros, pertencentes ao acervo artístico da FVCB. A mostra conta também com obras dos artistas Ismael Monticelli, Romy Pocztaruk, Virginia de Medeiros e do Coletivo Slavs and Tatars, especialmente convidados para a exposição. No mesmo dia, teremos o primeiro encontro do Curso de Formação Continuada em Artes, com visita mediada à exposição oferecida aos professores e educadores inscritos (às 10h).

Utilizando como ponto de partida o procedimento de apropriação artística e a partir de uma nova perspectiva, a mostra é uma continuidade da exposição A Condição Básica, apresentada no primeiro semestre desse ano.

Integram a nova mostra: fotografias, vídeos, serigrafias, livros de artista, obras gráficas e objetos, além de pinturas, esculturas e colagens que problematizam a questão da apropriação no universo das artes visuais na contemporaneidade. Entendemos a apropriação em arte como o ato de apropriar-se de imagens ou de objetos, dando-lhes novas funções e alterando as suas possibilidades de significação. Essa maneira de operar continua em expansão no século XXI, quando os artistas apropriam-se com ainda mais ímpeto e criatividade, utilizando-se das novas tecnologias disponíveis.

Como os antigos pergaminhos, que eram raspados pelos escribas para reutilizá-los, revitalizá-los e ressignificá-los, as obras apresentadas na exposição são o que poderíamos nomear Neopalimpsestos. Arte enquanto ressonância de contextos socioculturais, que, mesmo separados pelo tempo, possuem ligações entre si, desvendadas pelo recorrente fazer dos artistas visuais. Nesse sentido, as apropriações, as variações e os neopalimpsestos, re-raspados incessantemente durante a longa história da cultura, estabelecem uma continuidade transtemporal que tem assegurado a vitalidade da arte. Geopolítica, economia, comunicação, literatura, história da arte e a memória são alguns dos disparadores para a exposição Apropriações, Variações e Neopalimpsestos.

Acompanhando a abertura, acontecerá o lançamento de dois catálogos de exposições que ocorreram anteriormente na Fundação Vera Chaves Barcellos: (2017/02) e A Condição Básica (2018/01). Amplamente ilustradas, as publicações apresentam os textos curatoriais em português e em inglês. Distribuição gratuita. A curadoria da exposição Aã foi do duo de artistas Ío e a da exposição A Condição Básica foi da equipe da Fundação.

Para o evento a FVCB disponibilizará transporte gratuito em dois horários: às 11h e às 14h, com saídas em frente ao Theatro São Pedro, Centro Histórico de Porto Alegre. Inscrição prévia: info@fvcb.com, 51-3228-1445 e 51-98102-1059.

Posted by Patricia Canetti at 3:27 PM

AVAF - assume vivid astro focus na Triângulo, São Paulo

AVAF apresenta novas direções em exposição na Casa Triângulo

A Casa Triângulo tem o prazer de apresentar, a partir de 22 de setembro, a exposição aquele vestígio assim…feérico, do AVAF – assume vivid astro focus. A mostra reúne um grupo de 17 pinturas de grande formato (tinta acrílica sobre chapas duplex de papel Kraft ondulado). Juntamente com esses trabalhos avaf exibe 6 tapeçarias “dançantes” (produzidos no Peru com lã de alpaca tingida). Essas “alfombras” estarão suspendidas no teto da galeria por braços robóticos giratórios que os fazem “dançar”. avaf mostrou tapetes “dançantes” pela primeira vez em 2017 na sua individual no museu MATE em Lima, Peru (ver vídeo).

Esses trabalhos apontam uma nova direção na carreira de quase 20 anos do AVAF. Eles sinalizam um foco mais preciso na utilização da cor não só como linguagem universal e elemento de unificação entre as pessoas (como AVAF tem usado desde o início da sua produção) mas também como um dispositivo de concentração e difusão de energia.

O imaginário presente nas obras dessa exposição provém da remixagem de um papel de parede específico do avaf chamado “rickminessences” (2008). Essa prática habitual do AVAF de canabalizar seu próprio trabalho resultou aqui na “descoberta” de novas paisagens antes invisíveis e transformadas então em pinturas e tapeçarias.

No processo de execução das pinturas, AVAF “descasca” camadas de papelão rígido para revelar texturas que constituem a estrutura deste suporte. Demãos “base” de tinta fluorescente são então aplicadas logo antes das camadas de tinta acrílica finais. Vestígios fluorescentes são visíveis através da textura ondulada das pinturas como se houvesse uma “luz” emanando por detrás das pinturas.

“aquele vestígio assim..feérico” é também resultado de uma fase mais “íntima”, mais individual do AVAF, centrada na prática de Eli Sudbrack, membro fundador. Em sua fase menos “coletiva” Sudbrack tem progresssivamente se dedicado mais à pintura - a primeira exposição de pinturas do avaf aconteceu em 2013, alisabel viril apagão fenomenalna própria Casa Triângulo.

Mas como uma das crenças centrais das atividades criativas do AVAF é a ideia de “consciente coletivo”, de que jamais estamos absolutamente sós na nossa criação, que estamos sempre de alguma forma influenciados por outros com que temos intimidade emocional ou profissional, Sudbrack apresentará também uma segunda instalação com pinturas dos artistas Nadja Abt, Thiago Barbalho, Gilson Rodrigues e Ricardo Alves (que trabalham como assistentes de estúdio do avaf) e Camila Rocha (que foi sua aluna na FAAP no final dos anos 90).

Por fim, AVAF mostrará pela primeira vez o programa de video avalanches vulcões asteróides furacões - uma compilação de mais de 60 videos (por volta de 2hrs de duração) feitos entre 2003 e 2016 pelo próprio avaf com câmera de celular documentando exposições, aberturas, performances e também momentos mais íntimos e de inspiração.

Paralela à exposição na Galeria Casa Triângulo avaf estará montando uma mostra retrospectiva de seus efêmeros (máscaras, convites, posters, flyers, etc), colaborações com moda (Amapô, Comme des Garçons, Marc Jacobs, Melissa, etc), capas de disco (Ladytron, Honey Dijon, etc), tapetes, etc no espaço VIVA Projects de Cecília Tanure e Camilla Barella. Em colaboração com o Viva, avaf estará lançando um grupo de novas edições entre elas: mancebo, ladrilho hidráulico, boneco biruta, lambe, tattoos descartáveis, e máscara. A mostra no Viva Projects abre em conjunto com a exposição na Galeria Casa Triângulo no dia 22/09 (e permanece até o dia 22/12).

Na ocasião, o AVAF lançará um livro de artista através da Familia Editions (fundada pela diretora de arte, Maria Lago) - uma compilação de mais de 80 frases com as iniciais AVAF em diferentes línguas.

AVAF também é um dos quatro finalistas do Prêmio Pipa 2018, em cartaz no MAM RJ.

Posted by Patricia Canetti at 3:05 PM

setembro 13, 2018

Existência Numérica no Oi Futuro Flamengo, Rio de Janeiro

A arte de tornar visível em segundos uma gigantesca quantidade de dados, buscando dar ao público maior transparência e compreensão do complexo mundo a nossa volta, será mostrada de maneira inédita em várias obras, muitas interativas, dinâmicas ou em tempo real. Fluxo migratório, mobilidade urbana nos sistemas de bicicletas de aluguel em Nova York, Londres e Rio, investimentos em ciência e tecnologia feitos no Brasil nos últimos anos, são alguns dos temas abordados por sete artistas brasileiros e estrangeiros que estão na vanguarda da visualização de dados, área emergente da ciência da computação.

O Oi Futuro apresenta a exposição inédita Existência Numérica, a partir de 18 de setembro para o público, com obras de sete artistas brasileiros e estrangeiros que têm em comum o número como matéria-prima. Idealizada por Barbara Castro e Luiz Ludwig, com curadoria de Doris Kosminsky, a mostra traz obras interativas, dinâmicas e em tempo real, voltadas para a visualização de dados, área emergente da ciência da computação. Os trabalhos de Pedro Miguel Cruz (Portugal), Till Nagel & Christopher Pietsch (Alemanha), Alice Bodanzky, Barbara Castro, Doris Kosminsky & Claudio Esperança e Luiz Ludwig (Brasil) ocuparão as galerias do 4º e 5º níveis do Oi Futuro no Flamengo. Fluxo migratório – nos EUA e no Estado do Rio de Janeiro –; mobilidade urbana nos sistemas de bicicletas de aluguel em Nova York, Londres e Rio –; investimentos em ciência e tecnologia feitos no Brasil nos últimos anos; a experiência estética como função vital; o que o circuito da arte fala na internet sobre obras de artistas visuais; e o universo dos nomes brasileiros, são alguns temas abordados em projeções, que ocupam até uma parede inteira, videoinstalações, escultura de luz, entre outras. A abertura para convidados será no dia 17 de setembro, às 19h.

A escrita do código para gerar a obra de visualização de dados, o seu processo de programação, é parte integrante do trabalho do artista, que é dinâmico, podendo levar a patamares que ele sequer previu inicialmente. De maneira diferente da arte computacional – como video mapping, por exemplo – a visualização de dados investiga o dado em si, chegando ao seu âmago, o número. A monumental massa de dados existente na atualidade é decodificada então a partir de sua estrutura mais essencial, a numérica, tornando compreensível para o público em rápido tempo assuntos que demandariam longas pesquisas.

Proporcionar maior consciência ao público sobre os assuntos complexos em que estamos imersos no mundo contemporâneo, e buscar uma expressão estética para poder visualizar a gigantesca massa de dados sobre determinado assunto, são discussões da mostra. “O universo de dados produzidos e compartilhados no mundo é equivalente à produção diária de 380 milhões horas de vídeo em qualidade DVD”, destaca Doris Kosminsky. “A história dos números é quase tão longa quanto a história da humanidade, e agora eles avançam de modo exponencial, e estão também no campo da arte, como se para confirmar a sua supremacia no século 21”, afirma.

No exterior, congressos de visualização de dados reúnem até mil participantes, mas aqui no Brasil ainda são poucos os pesquisadores em visualização de dados. Luiz Ludwig acentua que “esta é uma das primeiras, se não a primeira, mostra sobre o assunto no Brasil”. Ele lembra que o Centre Pompidou, em Paris, realizou recentemente (15 junho a 27 de agosto) uma grande exposição a respeito, “Coder le monde” (“Codificar o mundo”). “Podemos dizer então que ‘Existência Numérica’ está no estado da arte”, brinca.

Barbara Castro observa que a visualização é um campo que está diluindo fronteiras, e congrega especialistas de saberes diversos, oriundos de áreas muito técnicas da ciência da computação em direção à arte, ou no percurso inverso. Ela observa que “há níveis diferentes de legibilidade na área da visualização de dados”. Isto poderá ser visto na exposição, onde convivem diferentes abordagens, desde as mais abstratas às mais diretas, mas sempre com uma preocupação estética.

SIMPÓSIO, OFICINA, LIVRO-CATÁLOGO

Ao longo da exposição haverá eventos como um simpósio, no próximo dia 19 de setembro, uma oficina em outubro e lançamento do livro-catálogo bilíngue (port/ingl), com textos de importantes pesquisadores brasileiros e estrangeiros, em novembro.

OBRAS NA EXPOSIÇÃO

Pedro Miguel Cruz (1985, Viseu, Portugal) terá quatro trabalhos em “Existência Numérica”:
• “O declínio dos impérios” (2010, 3’41), vídeo
Simulação computacional que retrata a expansão e o declínio dos quatro maiores impérios marítimos durante os séculos XIX e XX: Inglaterra, França, Espanha e Portugal. Os impérios são retratados como bolhas que colidem, sugerindo competição, e se desintegram, sugerindo dissolução. O tamanho de cada bolha corresponde à área territorial de cada império ou país. A simulação resulta numa animação que dramatiza de forma lúdica o declínio desses impérios num curto espaço de tempo. https://vimeo.com/11506746

• “Vasos sanguíneos de Lisboa” (2013, 2’20), vídeo
Lisboa é representada como um conjunto de vasos sanguíneos interligados com problemas de circulação. Cada estrada é um vaso que engrossa de acordo com o volume de circulação na respectiva estrada. O sistema comporta-se como um cartograma dinâmico, em que as distâncias encurtam quando as velocidades são mais altas, e se alongam quando as velocidades são mais lentas. Desta forma a cidade comprime-se de madrugada e distende-se durante as horas de trânsito mais intenso. A cidade aparece pulsando como um coração. http://pmcruz.com/information-visualization/lisbons-blood-vessels

• “Dendrocronologia de imigração” (2018), vídeo e duas impressões fotográficas
A obra faz uma abordagem poética da imigração, principalmente a existente nos EUA de 1830 a 2015, mas também, especialmente para a exposição, da migração recebida no Estado do Rio de Janeiro, oriunda de outras cidades brasileiras. A imigração de um estado/país é representada por anéis de crescimento em árvores. Os anéis de crescimento anuais das árvores refletem condições ambientais variáveis e essas formas, não são círculos nem elipses perfeitas. Como os países, as árvores podem ter centenas, até milhares de anos de idade. As células crescem lentamente, e o padrão de crescimento influencia a forma do tronco. Assim como essas células deixam uma marca informativa na árvore, os imigrantes que chegam também contribuem para a forma do país. Estes anéis de imigração expandem-se durante os anos em que certos fatores de acolhimento são predominantes, assim como tendem a permanecer esguios nos anos de guerra ou depressões econômicas. https://vimeo.com/276140430

• “Uma sociedade ego-altruísta” (2018), vídeo
Simulação de vida artificial criada como reflexão sobre a dualidade das nossas personalidades. Existem dois tipos de agentes na simulação: egoístas e altruístas. Eles absorvem energia e agrupam-se em organismos complexos que evoluem para se adaptarem ao ambiente, mostrando como uma sociedade pode prosperar através de interação simbiótica entre os extremos egoísta e altruísta. Esta obra é um contraponto ao individualismo utópico apresentado no "A Nascente", de Ayn Rand (1905–1982).
https://vimeo.com/285760963

Urban Complexity Lab – Till Nagel (1975, Alemanha) e Christopher Pietsch (1986, Alemanha):
• “City Flows” (2015-2018, aproximadamente 5’, em três telas), vídeo
Três telas mostram o fluxo do sistema de compartilhamento de bicicletas em Nova York, Londres e Rio de Janeiro (com dados cedidos pelo sistema Tembici), possibilitando a comparação de sua extensão e dinâmica, como também as similaridades e diferenças nesses sistemas. Com essas visualizações, se pretende compreender o pulso da mobilidade urbana, e criar retratos da cidade definidos por suas dinâmicas momentâneas. A obra busca ainda investigar novas maneiras de ajudar os cidadãos a terem consciência de um complexo fenômeno urbano, que é relevante para a sua experiência diária da cidade. Seguindo a ideia central de guiar os visitantes desde o interesse à percepção, os autores planejaram uma visualização da cidade que gradualmente se aprofunda e se detalha. O espectador verá três modos de tela, todos eles com a visualização de bicicletas alugadas, mas enfocando diferentes níveis de espacialidade e temporalidade desta mobilidade. A vista panorâmica da cidade agrega todas as trajetórias de compartilhamento de viagens de bicicletas em um determinado dia na cidade respectiva, e anima os percursos das ciclovias em um determinado tempo. Em outra visualização, são mostradas apenas as viagens “de” e “para” de uma determinada estação, permitindo a distinção entre as partidas e as chegadas. Uma múltipla e menor visualização mostra padrões espaço/tempo de três estações, cada uma com uma vista expandida separando chegadas e partidas, em viagens vespertinas/noturnas.

Alice Bodanzky (1982, Rio de Janeiro)
• “O Apagar das Luzes” (2018, criada especialmente para a exposição), escultura de luz
Os investimentos feitos pelo governo em Ciência e Tecnologia (C&T) nos últimos 18 anos, a partir dos dados disponíveis no site oficial do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, são materializados em uma escultura luminosa. Para se projetar a forma física da instalação a artista usou algumas referências: pilhas de moeda, imagem comumente associada a investimento e valores; luz/luminária, como símbolo de novas ideias e conhecimento, inovação; e reflexos e sombras, como expressão do alcance e a propagação desses conceitos. O objetivo é provocar uma experiência estético-sensorial, que seja não apenas informativa, mas que permita ao visitante refletir sobre as implicações desses dados para as gerações atuais e futuras. A base de dados é a tabela que resume o dispêndio nacional em C&T, em valores correntes por atividade, de 2000 a 2015. Os valores relativos aos três últimos anos ainda não foram publicados e estão sendo coletados em outras fontes. Através do design computacional e da fabricação digital foi gerado um sistema-material performativo capaz de “traduzir” os dados coletados em aspectos formais definidores do design da instalação. Os dados determinam a área de cada camada / ano. Quanto maior o investimento maior será a área. A forma da área remete ao formato das moedas. E a sequência dos anos dispostos verticalmente em camadas faz referência quase literal ao empilhamento de moedas. Os dados definem também as aberturas em cada camada da luminária, determinando assim a quantidade de luz que passa. Quanto mais luz, maior foi o investimento naquela área, naquele ano. E, portanto, há maior reflexão da luz pelo espaço simbolizando o alcance do investimento no ano presente e seu impacto futuro.

Barbara Castro (1988, Rio de Janeiro)
• “Disritmia” (2018, criada especialmente para a exposição), instalação interativa, com visualização dinâmica de dados
A instalação interativa cria uma visualização abstrata e dinâmica alimentada por dados de impulsos vitais da artista; de fenômenos naturais do planeta coletados a partir de estações científicas; e pela interação do visitante. Durante todo o período da exposição, a artista usará um relógio digital que captará os dados de seu pulso, enviados constantemente para a sua obra: uma grande projeção com um sistema de partículas em movimento, de acordo com os dados recebidos. O trabalho dá continuidade a sua pesquisa, tema de seu doutorado, sobre a experiência estética ser uma função vital, necessária, que abrange a conectividade, para além de seu viés tecnológico. Para ela, a vida se estabelece em uma diversidade de relações, que podem se retroalimentar, e a noção de instinto de sobrevivência humano não pode ser vista somente pelo aspecto competitivo da seleção natural. “Saciar as necessidades vitais não é suficiente para a sensação de se estar vivo. Precisamos de vitalidade, que é alimentada nessas conexões estabelecidas pela experiência estética”, afirma. Outra reflexão contida no trabalho é o questionamento do termo “antropoceno”: “estamos preocupados com o planeta ou apenas reafirmando nossa individualidade, nosso domínio?”, indaga.

Luiz Ludwig (1988, Rio de Janeiro)
• “Discurso do Artista” (2018, criada especialmente para a exposição), computador e impressora
A obra, desdobramento da pesquisa do artista focada em scraping, raspagem de dados, investiga o que o circuito da arte fala na internet sobre obras de artistas visuais. O trabalho será on time, ou seja, o público verá o computador coletando os dados na hora. Uma impressora vai imprimir os dados a cada vez que o robô – a ferramenta de busca e coleta de dados – trouxer uma informação nova. Inicialmente a busca vai seguir alguns artistas, galerias de arte, curadores e críticos para dar o input necessário, mas o programa vai se desdobrando por si, buscando outras pessoas, e ampliando a pesquisa. A obra não emitirá juízo de valor, apenas mostrará os dados. Tanto o computador como o espectador poderão encontrar padrões nesta pesquisa. “É uma obra em aberto”, destaca o artista.

Doris Kosminsky (1960, Salvador) e Claudio Esperança (1958, Rio de Janeiro, Brasil)
• Redes de Nós (2018, criada especialmente para a exposição), vídeo dinâmico
A obra discute o lugar do indivíduo na internet, a falta de controle em relação à privacidade, o que nos diferencia e o que nos iguala, o que é verdade sobre nós, e o que não é. Pensamos ser únicos, mas quantos serão como nós? O que nos liga uns aos outros? A obra parte da visualização dos prenomes dos brasileiros nascidos a partir de 1930, obtidos de uma base de dados do IBGE. Quanto maior a frequência de um determinado nome, maior será o seu tamanho. Esses nomes estarão em movimento, formando um "rio de nomes" que “escorre” pela parede. O visitante poderá buscar seu próprio nome na obra, e incluir uma foto sua, captada na hora por uma câmera. Eventualmente, uma busca na internet trará uma associação inesperada. “A arte eletrônica tem este aspecto um pouco lúdico”, assinala Doris.

MINIBIO PARTICIPANTES

Alice Bodanzky é designer, cenógrafa e artista. Tem como foco de sua investigação a convergência entre computação e materialidade. Trabalha na interseção entre arte, ciência e tecnologia, buscando através do design paramétrico e da fabricação digital integrar a fluidez computacional no desenvolvimento de produtos e de ambientes. Formada em Design (ESDI / UERJ) e em Cenografia (UNI-RIO), fez mestrado na Holanda em Media Technology (Leiden University), e atualmente é doutoranda no laboratório NEXT (PUC Rio). Passou por empresas como YDreams Brasil, Mediamatic (Amsterdam) e ART+- COM (Berlim) e por centros de pesquisa, incluindo Hyperbody/TUDelft e Visgraf/ IMPA. Apresentou trabalhos em conferências internacionais da área, tais como SIGGRAPH, CAe, CHI Sparks e TEI. Recebeu o prêmio Most Creative Design na Microsoft Research Faculty Summit 2005 pelo projeto “Saudade” e menção honrosa no Red Dot Design Award 2015 pelo “Mater”.

Barbara Castro (1988) é artista pesquisadora e designer. Atualmente é doutoranda em Artes Visuais na Escola de Belas Artes da UFRJ, mesma instituição em que defendeu seu mestrado em 2013 em parceria com o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). Além disso, atuou como motion designer na TV Globo. Sua pesquisa e produção artística já foram apresentadas na França, Dinamarca e no Brasil em locais como Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu Nacional da República, em Brasília, Instituto Inhotim, em Minas, entre outros. Seus trabalhos já foram citados em revistas acadêmicas e eventos internacionais como “Siggraph Asia”, na China, na conferência “Human Behavior Understanding”, na Espanha, e na revista australiana “International Journal of Multimedia and Ubiquitous Engineering”. Em 2015, fundou, junto com Luiz Ludwig, o estúdio Ambos&& que une design e arte.

Doris Kosminsky é professora associada da Universidade Federal do Rio de Janeiro onde atua no Curso de Comunicação Visual Design, no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (Linha Poéticas Interdisciplinares - PPGAV) e no Programa de Pós-Graduação em Design (PPGD) da Escola de Belas Artes da UFRJ, onde também coordena o Laboratório da Visualidade e Visualização - LabVis / EBA-UFRJ (labvis.eba.ufrj.br). Possui graduação em Desenho Industrial pela ESDI-UERJ (1982), mestrado (2003) e doutorado (2008) em Design pela PUC Rio com Menção Honrosa no Prêmio Capes de Tese de 2009. Recentemente, concluiu estágio pós-doutoral sênior na Universidade de Calgary, Canadá (2018), como pesquisadora visitante. Trabalhou como editora de arte no jornalismo da TV Globo e lecionou em cursos de especialização no SENAI-CETIQT e na PUC Rio. Desde 2010 tem concentrado suas pesquisas na área de visualização de dados, através da publicação de artigos, cursos e orientações, e da colaboração no desenvolvimento de visualizações sobre dados de energia para o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID (https://www.iadb.org/eic) e para o National Energy Board do Canadá – NEB (Exploring Canada’s Energy Future: https://bit.ly/2uhRSQM; Pipeline Incidents: https://bit.ly/2Aq3cv0; Import / Export: http://bit.ly/2Jf5nLg).

Luiz Ludwig (1988) é designer e professor. Mestre em Design Gráfico pela universidade Maryland Institute College of Art (MICA), em Baltimore, Estados Unidos (2001-2013) – tendo como orientadora a premiada Ellen Lupton, curadora de design contemporâneo do Cooper-Hewitt, National Design Museum, em Nova York – atualmente é professor na PUC Rio no curso de Design. Em 2011 recebeu Menção Honrosa na competição “Visualizing Marathon”, em Nova York. Recentemente foi responsável pelo design interativo da exposição “Visões na Coleção Ludwig”, no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo, e pelo design expográfico da mesma exposição no CCBB do Rio de Janeiro e no CCBB de Belo Horizonte. Com alguns de seus trabalhos interativos, Luiz foi citado em livros e publicações especializadas, como “Type on Screen: A critical guide for designers, writers, developers, & students”, e na revista francesa “Étapes: design graphique & culture visuelle”. Em 2015, fundou, junto com Barbara Castro, o estúdio Ambos&& que une design, arte e tecnologia para projetos culturais e educativos.

Pedro Miguel Cruz (1985) é um designer de visualizações de dados que explora novas metáforas na comunicação de informação. É doutorado em Ciência e Tecnologia da Informação pela Universidade de Coimbra e é atualmente Professor Adjunto na Northeastern University, em Boston, onde dá aulas no Mestrado em Design de Informação e Visualização. Anteriormente, foi professor convidado na Universidade de Coimbra onde dava aulas na interseção do design com a tecnologia. Foi também estudante de doutorado no MIT Senseable City Lab nas cidades de Cambridge e Cingapura. O seu trabalho esteve presente em várias exposições, como a Bienal de Design de Londres, a Bienal Ibero-Americana de Design, o Consumer Electronics Show em Las Vegas, a exposição “Talk to Me”, no MoMA de Nova York, e no festival de animação computadorizada da SIGGRAPH. Seus trabalhos também apareceram em vários livros e revistas especializadas, como a “Fast Company” e a “Wired”. Em 2013, Pedro foi nomeado como um dos dez designers de informação mais influentes do mundo pelo jornal italiano “Corriere della Sera”.

Urban Complexity Lab (Laboratório de Complexidade Urbana) realiza projetos relacionados à visualização de dados urbanos e culturais. Seus projetos enfocam o uso de big data de cidades inteligentes e buscam criar métodos inovadores de visualização interativa para compreensão de dados complexos. O laboratório faz parte do Departamento de Design e da Universidade de Ciências Aplicadas de Potsdam (FH Potsdam). O Laboratório de Complexidade Urbana é um espaço de pesquisa entre o Departamento de Design e o Instituto de Estudo Aplicados para Futuros Urbanos, e é parcialmente apoiado pela cooperação HERE.

Posted by Patricia Canetti at 10:56 AM

setembro 12, 2018

Guga Ferraz na Artur Fidalgo, Rio de Janeiro

Em sua primeira individual na Artur Fidalgo galeria, Guga Ferraz (Rio de Janeiro, 1974) apresenta uma série de obras inéditas, entre desenhos e esculturas realizadas de 2014 para cá. Com o título de Alegoria - Mula sem cabeça ou a cidade que casou com o Bispo, a exposição elege como ponto de partida a mítica lenda da mula, presente no imaginário de diferentes culturas, e adapta sua narrativa ao contexto político do Rio de Janeiro, cidade onde vive e trabalha.

Em cerca de duas décadas de produção, o artista explora a cidade e o tecido urbano em obras cujos desdobramentos tomam a forma de performances, instalações, esculturas, desenhos, fotografias e interferências diretas no espaço da urbe. A vivência da cidade - e mais especificamente, da rua - apresenta-se como elemento fundamental para compreender o corpo de sua obra, cujas influências também são diretamente atravessadas pela cultura do skate e por sua formação inicial em arquitetura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Seus trabalhos frequentemente ativam a memória do espaço urbano e alteram suas dinâmicas. É o caso de “Até onde o mar vinha. Até onde o Rio ia” (2010), em que Guga demarca uma linha de 200 metros de sal grosso no Centro da cidade, aludindo ao ponto geográfico que a água do mar atingia antes das diversas reformas urbanas que sucederam-se no desenrolar do século XX, no Rio de Janeiro. No corpo de sua obra, a cidade revela-se não apenas objeto ou personagem, mas também sujeito central, ativo.

Como um cronista de seu tempo, o artista explora as complexidades das dinâmicas urbanas do Rio de Janeiro, questionando o status político da cidade, tanto nas contradições da gestão do atual prefeito Marcelo Crivella quanto dentro do contexto da intervenção das Forças Armadas em curso na capital carioca. Na presente exposição, o artista lança mão de uma narrativa mítica para refletir sobre tópicos como a institucionalização do estado de guerra e a estetização da violência, em meio ao turbulento cenário da cidade e do país. Sua alegoria refere-se, assim, tanto a uma tentativa de leitura metafórica de seu tempo quanto a dimensão carnavalesca do termo, em que o carnaval revela-se como resposta, escapismo ou rebeldia diante do espírito de época atual.

Posted by Patricia Canetti at 6:36 PM

Raul Mourão na Lurixs, Rio de Janeiro

A Lurixs: Arte Contemporânea convida para a abertura de seta balanço janela, de Raul Mourão, com curadoria e texto de Eucanaã Ferraz, que acontecerá na quinta-feira, dia 20 de setembro a partir das 18h.

De volta ao Rio, ainda mantendo ateliê em Nova Iorque, o artista realiza sua sétima exposição individual na Lurixs, a primeira no novo endereço no Leblon. A mostra ocupa a galeria térrea com três obras, realizadas em três diferentes linguagens – fotografia, escultura e pintura:

• a fotografia Setaderua / Joaquim Selva (225x150 cm) é um registro realizado em 2017 do mural feito pelo artista em frente a seu ateliê na Rua Joaquim Silva um ano antes, quando a cidade do Rio sediava os Jogos Olímpicos em 2016.

• a escultura é um grande balanço em aço corten, e dá prosseguimento às pesquisas do artista no campo das esculturas cinéticas;

• a pintura, medindo 200 x 400 cm, retorna a série das Janelas, protagonistas na exposição Fenestra (Lurixs, 2015), em escala, ainda não experimentada pelo artista.

Segundo o curador, promoveu-se um “estranho jogo de proporções”, no qual as três obras – seta balanço janela – “parecem desproporcionais em relação ao espaço”. Em vez de um retrato realista da cidade, buscou-se antes criar uma sensação: “a de que a cidade entrou pela galeria sem fazer a concessão de se miniaturizar”.

Três outros trabalhos, também inéditos, estão expostos em espaços que gravitam em torno da sala principal. Resultados de pesquisas recentes do artista, são pequenas esculturas, baseadas no uso restrito de recursos materiais: aço, tijolo, vidro, pedra. Para Eucanaã Ferraz, a elegância expressiva dessa obras “faz lembrar a economia de um haicai; a geometria austera e serena remete a Volpi; a humildade formalmente rigorosa reporta-nos à poesia de Manuel Bandeira”.

Ao usar a parede lateral da fachada para uma pequena obra, artista e curador propõem o avesso do que ocorre na sala principal. Assim, onde haveria lugar para uma grande escultura, um trabalho diminuto deixa livre o deck de entrada, integrando a rua, a calçada e a entrada da galeria. Segundo Eucanaã Ferraz, “trata-se de uma operação urbanística, sem dúvida, singela mas plena de sugestões, em total coerência com a obra de Raul Mourão, sempre atento à cidade e à sua ocupação espacial e simbólica”.

Na noite de abertura, a fachada da galeria servirá de tela para a projeção de um vídeo realizado pelo artista, compreendendo uma colagem de outros vídeos, projetos, desenhos, esculturas, etc, uma espécie de fluxo ininterrupto das pesquisas que desembocara m na exposição.

Durante o período da mostra, a galeria, aos sábados, promoverá conversas, debates, lançamentos e outras atividades organizadas por Raul e Eucanaã.

Raul Mourão é artista plástico, nasceu no Rio de Janeiro em 24 de agosto de 1967. Estudou na Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage e expõe seu trabalho desde 1991. Sua obra abrange a produção de desenhos, gravuras, pinturas, esculturas, vídeos, fotografias, textos, instalações e perfomances. Atualmente, vive e trabalha entre Nova York e Rio de Janeiro.

Construídas com diversos materiais, suas peças transitam entre dois campos opostos: o ficcional e o documental. De um lado, estão as criações puras, concebidas a partir da fantasia; do outro, estão as obras nascidas das observações do real – a cidade, o futebol, a política ou os botequins.

Nos anos 1980, Mourão faz os primeiros registros fotográficos de um elemento urbano que seria mote de sua pesquisa nas décadas seguintes: as grades usadas para proteção, segurança e isolamento em ruas do Rio de Janeiro. Dos registros, surge a série Grades, sobre a paisagem urbana, que desemboca em trabalhos até os dias atuais.

Nos anos 2000, sua pesquisa toma novo caminho, o das esculturas cinéticas. Mourão passa a criar estruturas que podem ser acionadas pelo toque do espectador. As obras são exibidas nas exposições individuais: V ocê está aqui, no Museu Brasileiro de Escultura, São Paulo; Please Touch, no B ronx Museum, Nova York; Tração Animal, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; MOTO e Cuidado Quente, na Galeria Nara Roesler, São Paulo; Homenagem ao Cubo e Chão, Parede e Gente, na Lurixs Arte Contemporânea, Rio de Jane iro; Movimento Repouso, na Galeria Roberto Alban, Salvador; Processo, no Studi o X, Rio de Janeiro; Toque Devagar, na Praça Tiradentes, Rio de Janeiro. Os trabalhos também integraram as coletivas Vancouver Bienalle; Artistas comprometidos? Talvez, na Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; All the best artists are my friends (Part 1), no MANA Contemporary, Nova Jersey; From the Margin to The Edge, Sommerset House, Londres; Projetos (in)Provados, na Caixa Cultural, Rio d e Janeiro; Ponto de Equilíbrio, no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo; Mostra Parale la 2010, no Liceu de Artes e Ofícios, São Paulo; e Travessias, no Centro de Arte Bel a Maré, Rio de Janeiro.

Como curador e produtor, Mourão organizou exposições individuais de Fernanda Gomes, Cabelo, Tatiana Grinberg, Brigida Baltar e João Modé, e as coletivas Do Clube para a Praça (Jacaranda, Rio de Janeiro), Travessias 2 (G alpão Bela Maré, Rio de Janeiro), Love’s House (Hotel Love’s House, Rio de Janeiro) e Outra Coisa (Museu da Vale, Vila Velha). Como editor participou da criação das revistas O Carioca, Item e Jacarandá. Com Eduardo Coimbra, Luiza Mello e Ricardo Basbaum, criou e dirigiu a galeria e produtora AGORA, que funcionou na Lapa, Rio de Janeiro, entre 2000 e 2002.

Lançou os livros ARTEBRA (Casa da Palavra, 2005), MOV (Automati ca, 2011) e Volume 1 (Automatica, 2015).

Eucanaã Ferraz é poeta e professor de Literatura Brasileira na UFRJ. Publicou entre outros, Sentimental, ganhador do Prêmio Portugal Telecom de Melhor livro de poesia de 2012. Seus livros de poemas, oito ao todo, foram reunidos em 2016 em um único volume pela casa da Moeda/Imprensa Nacional de Lisboa. Também escreve poesia para crianças, e seu último livro, Cada coisa, de 2016, recebeu o prêmio de Melhor Livro de Poesia pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Organizou, entre outros, dois livros de Caetano Veloso, Letra só (2003) e O mundo não é chato (2005). Entre suas curadorias, destaque para:

Fayga Ilustradora
– Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro
26 de março a 15 de maio de 2011
– Museu Lasar Segall, São Paulo
12 de novembro de 2011 a 19 de fevereiro de 2012

Poesia Marginal – Palavra e Livro
– Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro
9 de agosto de 2013 a 10 de novembro de 2013

Meus Caros Amigos – Augusto Boal – Cartas do Exílio
– Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro
4 de junho a 21 de agosto de 2016
– Museu do Aljube, Lisboa
25 de abril a 31 de outubro de 2017

Chichico Alkmim, fotógrafo
– Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro
13 de maio a 31 de outubro de 2017
– Instituto Moreira Salles, São Paulo
23 de janeiro a 15 de abril de 2018

O Pipoqueiro da Esquina
– Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro
31 de outubro de 2017 a 28 de janeiro de 2018

Monolux, Vicente de Mello
– Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
17 de março de 2018 a 30 de setembro de 2018

Posted by Patricia Canetti at 6:11 PM

Com o ar pesado demais para respirar na Athena, Rio de Janeiro

Galerias Athena e Athena Contemporânea se juntam e passam a ocupar casarão de 500m2 em Botafogo

Exposição de abertura, com curadoria de Lisette Lagnado, apresenta obras produzidas sob impacto da crise política que divide o país, em diálogo com trabalhos históricos de nomes consagrados da arte brasileira

Com trajetórias reconhecidas no mercado de arte, a Athena Contemporânea e a Athena Galeria de Arte decidem se juntar, constituindo agora a Galeria Athena, que passará a funcionar em casarão de 1938, no bairro de Botafogo, com 500 m² de área total. A fim de abrigar mostras de grandes proporções, foi erguida uma construção moderna no terreno contíguo, de linhas minimalistas, dotada de 140m² e pé direito de 6,5m. O casarão – totalmente preservado e restaurado – oferece ainda uma sala de 50 m2 para projetos especiais.

Para celebrar essa fusão entre as linhas de atuação moderna e contemporânea, será inaugurada a exposição Com o ar pesado demais para respirar, com curadoria de Lisette Lagnado, que reúne os doze artistas representados pela galeria. O perfil do time atual se caracteriza por integrantes com 10 anos de carreira (em torno de seus 37): André Griffo, Débora Bolsoni, Frederico Filippi, Iza Tarasewicz, Joana César, Lais Myrrha, Laura Belém, Matheus Rocha Pitta, Raquel Versieux, Rodrigo Bivar, Vanderlei Lopes e Yuri Firmeza.

Após visita aos ateliês, Lagnado se preocupou em adicionar obras históricas, escolhidas a dedo, que funcionam como lastros, permitindo adensar e ampliar o debate sobre a produção brasileira dos últimos cinquenta anos. A exposição reúne cerca de 40 obras, dentre pinturas, desenhos, esculturas, vídeos e instalações, a maioria inédita. Foram desenhadas “constelações formais e conceituais” com: Franz Weissmann (1911-2005), Hélio Melo (1926-2001), Leticia Parente (1930 - 1991), Rubens Gerchman (1942 - 2008), Antonio Dias (1944 - 2018), Leonilson (1957-1993), Anna Bella Geiger (1933), Antonio Manuel (1947), Artur Barrio (1945) e Iole de Freitas (1945).

“COM O AR PESADO DEMAIS PRA RESPIRAR”

O título “Com o ar pesado demais pra respirar” é inspirado em obra homônima de Frederico Filippi. Dada sua formação em aviação, o artista extraiu desse repertório o termo “estol”, que designa a perda de sustentação do avião, o momento em que “sufoca”: “sobe, sobe, sobe, até que não pode mais e começa a descer e involuntariamente abaixa o nariz”, conta.

A curadora se baseou na descrição dessa queda como uma alegoria que retrata a falta de expectativas com as eleições presidenciais e o colapso social do país, marcado por incertezas em relação ao futuro. A obra em si é de 2015, composta por chapas de aço galvanizadas cobertas por tinta preta, que misturam substâncias como óleo, carvão, spray e pedaços de papel cobrindo inscrições arranhadas, que remetem a resíduos de civilizações.

Lagnado explica como construiu o eixo narrativo: “Procurei dar um depoimento da atmosfera dos últimos meses no Brasil usando como recorte os artistas de uma galeria relativamente jovem. Perguntei a cada um como o noticiário tem atingido seu cotidiano, sua forma de pensamento e de ação. A classe artística parece uníssona em falar de golpe parlamentar, mas será que essa consciência se traduz na produção de linguagem, como vimos nos anos 1960-70? Recebi relatos desencontrados, que variavam da pane de expressão, do vazio, à falta de concentração, indo além da demonstração de empatia e solidariedade com a gravidade do momento. Afinal, esses artistas viveram sua maioridade quando o país teve um governo de esquerda, que assumiu a redução da miséria e da fome por meio de programas de políticas públicas. E agora?”

MÍDIA, VIOLÊNCIA, CORPO VIVIDO

A manipulação de imagens e manchetes de jornais é um dos procedimentos recorrentes que Lagnado identificou para estabelecer pontos de convergência com os anos 1960-70: apesar das décadas que separam os Flans de Antonio Manuel, o conteúdo ideológico da mídia impressa é um material irresistível entre os artistas que assistiram, em tempo real, às cenas dos capítulos que levaram à prisão do ex-presidente Lula. A série de colagens de Lais Myrrha reescreve a crise política vivida no país propondo um processo de cura [Reparação de danos]; apoiado na prática da pintura, André Griffo testemunha a onipresença do noticiário no cotidiano das pessoas, da televisão ao jornal. [O Golpe, a prisão e outras manobras incompatíveis com a democracia (2018)]

Outra peça emblemática da exposição é um exemplar das Trouxas ensanguentadas (1970) de Artur Barrio, em que o artista enrolou dejetos e material orgânico simulando corpos jogados em terrenos baldios pela ditadura militar. Lagnado traça uma correspondência com as fotografias da série Brasil (2013), de Matheus Rocha Pitta, em que pedaços de carne são misturados à terra vermelha de Brasília, retomando o significado da palavra “brasil” como “lugar de brasas”. Para a ocasião, o artista exibe imagens da série Galeria dos vencedores (2018), desdobramento de uma cartografia de gestos de sobrevivência e do trabalho realizado a partir da frase de Machado de Assis, “Ao vencedor as batatas”.

A história da entrega de um milhão de hectares da Amazônia para a produção de látex necessária à indústria automobilística de Henry Ford, no final dos anos 1920, resultou no transplante artificial de uma cidade nos moldes estadunidense, às margens do rio Tapajós. A atual pesquisa de Yuri Firmeza sobre as ruinas de Fordlândia é mostrada ao lado de uma pequena pintura de Hélio Melo, autodidata, seringueiro e ativista, que se dedicou a denunciar o processo de dilapidação dos recursos naturais da floresta. A questão dos povos originários é o assunto do vídeo que realizou com Igor Vidor, Brô MC’s, nome do primeiro grupo indígena de rap no Brasil (Aldeia Jaguapirú Bororó, Dourados, MS). Os cantos buscam divulgar as lutas, misturando o idioma guarani com português.

Uma linha transversal aproxima as esculturas recentes de Vanderlei Lopes [Projeto (tentativa e erro)], que aludem a papéis enrugados, com os bordados geométricos de Leonilson. “Um empresta valor aos outro”, justifica Lagnado. “Assim como Vanderlei Lopes olhou Leonilson, este por sua vez olhava Franz Weissmann. O Neoconcretismo continua operando na produção contemporânea, mas suas referências migraram de sentido. É importante trazer aqui os golpes sobre o plano da série Amassados (1967), de Weissmann, e a figuração pop de Gerchman para acrescentar uma descarga de violência à tendência para a sublimação que marcou os anos 1990.”

O terceiro tópico desenvolvido na exposição é o de “corpo vivido”, que atravessa as obras de Raquel Versieux (com um trocadilho cômico-tenso entre “erosão/ereção”) e de Joana César. Na prática dessa última, a produção foi se avolumando dentro do quarto e precisou sair para as ruas. De certo modo, os distúrbios mentais continuam rondando tanto desenhos que “nascem da barriga”, feitos com o ar de um secador de cabelo dirigido sobre uma gota de tinta, comos os retratos videográficos que mostram a artista roendo as unhas para arrancar de si um estereotipo feminino. A fim de contemplar a visceralidade de processos psíquicos mais subjetivos, a curadoria acrescentou gravuras de Anna Bella Geiger do final dos anos 1960 e o vídeo magistral de Letícia Parente, Marca Registrada (1975), em que a artista costura na planta dos pés a expressão “Made in Brasil”.

Mas os conflitos políticos não configuram imperativos explícitos para todos os artistas.

A crise, para o artista Rodrigo Bivar, teve um desfecho radical quando suas pinturas se tornaram abstratas: “Desde 2016, as figuras sumiram. Não houve transição, foi abrupto. Pintar gente branca na praia parecia um passatempo burguês.”

Laura Belém está representada com o luminoso Desesperato (em homenagem ao filme de Sergio Bernardes, de 1968).

Eu não quero mais isso (2018) de Débora Bolsoni leva o atual estado de depressão para um caminho mais construtivo, trazendo o conteúdo gráfico de resistência da vanguarda russa.

Já Iza Tarasewicz vem elaborando esculturas abstratas a partir de combinações algorítmicas de jogadas de xadrez. A movimentação estratégica que rege um jogo de guerra engendra uma trama de nós que a artista resgata de práticas artesanais na confecção de tapetes.

Para articular esse último grupo, uma tela preta do recém-falecido Antonio Dias, The Secret Life (1970), permite imaginar a complexidade de ser simultaneamente um artista e um sujeito político em períodos conturbados.

SOBRE A NOVA GALERIA

A Galeria Athena une as experiências da Athena Contemporânea e da Athena Galeria de Arte, dois reconhecidos espaços de arte na cidade do Rio de Janeiro. A nova galeria ocupa uma área total de 500 m², com cerca de 200m² de área expositiva, no coração de Botafogo, com fácil acesso e próxima a centros de arte, como a Casa de Rui Barbosa e a Casa Firjan. O novo espaço permitirá a realização de exposições e projetos maiores, palestras, cursos, visitas guiadas às exposições, dentro e fora da galeria, e visita a ateliês. Além de um espaço expositivo, a galeria se posiciona como um local de pesquisa, de aprofundamento conceitual e de trocas artísticas, assumindo parcerias institucionais e com a comunidade, buscando a difusão e o fomento da arte contemporânea.
“Estamos muito orgulhosos e empolgados com o novo espaço que iremos ocupar. Queremos contribuir e interagir com a arte contemporânea brasileira, exibindo nossos artistas representados e um programa exclusivo de exposições, para fortalecer nosso compromisso com uma das cidades mais dinâmicas em relação às artes, que é o Rio de Janeiro”, afirmam Eduardo e Filipe Masini, sócios da galeria.

SOBRE A CURADORA

Lisette Lagnado (Congo, 1961. Vive e trabalha entre o Rio de Janeiro e São Paulo) é crítica de arte e doutora em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP). Foi diretora e curadora da Escola de Artes Visuais do Parque Lage entre 2014 e 2017. Dentre suas curadorias mais recentes destacam-se: “Cabelo - Luz com Trevas” (2018), na Galeria BNDES, no Rio de Janeiro; “Os afogados, os sobreviventes e o arquiteto” (2017), na 9ª edição da Video Art International Festival FUSO, em Lisboa; “O Nome do Medo”, de Rivane Neuenschwander, em colaboração com o designer de moda Guto Carvalhoneto (2016), no Museu de Arte do Rio (MAR), no Rio de Janeiro; 33º Panorama da Arte Brasileira (2013), no Museu de Arte Moderna de São Paulo; “Desvíos de la deriva. Experiencias, travesías y morfologías” (2010), com a curadora María Berrios, no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madri; 27a Bienal de São Paulo - “Como Viver Junto” (2005-2006); “Fim de romance. Christine Meisner e Olivier Menanteau” (2005), em colaboração com Corinne Diserens, na Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo), Fundação Joaquim Nabuco (Recife), Musée des beaux-arts de Nantes (France).

Posted by Patricia Canetti at 2:36 PM

Zip’Up: Celina Portella na Zipper, São Paulo

Pensar a imagem nos limites de sua materialidade e como um instrumento de mediação do real tem sido um dos temas centrais no trabalho de Celina Portella. Utilizando o próprio corpo como objeto de experimentações no espaço, a artista combina práticas quase artesanais em vídeos, fotografias ou foto-objetos que desafiam características de cada suporte e a percepção por parte do observador.

Na produção mais recente que compõe sua individual Subtrações no projeto Zip'Up, Celina apresenta um conjunto de trabalhos nos quais mistura também processos pictóricos sobre as fotografias. Nas séries exibidas em Subtrações, uma densa camada de tinta negra parece invadir as imagens, interferindo em sua representação.

Em “Fotonovela da Opressão”, por exemplo, a artista cria uma sequência de fotos nas quais sua imagem vai aos poucos sendo eliminada por uma mancha que invade os quadros cada vez em uma proporção maior. Já na obra “Em Contraste”, ela se retrata interagindo com a pintura negra que se estende pela parede, como em um embate entre sua própria representação e um apagamento quase inevitável.

O desenho de estruturas geométricas básicas como círculos, quadrados e triângulos também são recorrentes nesses trabalhos, como na série em que a artista é vista dentro de uma esfera ou ao redor de outros objetos eliminados da fotografia posteriormente pela camada pictórica. De forte caráter formal, as imagens dialogam com uma produção experimental na fotografia e processos pioneiros dos movimentos suprematistas e dadaísta do início do século 20.

Com curadoria de Nathalia Lavigne, “Subtrações” fica em cartaz de 20 de setembro a 20 de outubro.

Idealizado em 2011, um ano após a criação da Zipper Galeria, o programa Zip’Up é um projeto experimental voltado para receber novos artistas, nomes emergentes ainda não representados por galerias paulistanas. O objetivo é manter a abertura a variadas investigações e abordagens, além de possibilitar a troca de experiência entre artistas, curadores independentes e o público, dando visibilidade a talentos em iminência ou amadurecimento. Em um processo permanente, a Zipper recebe, seleciona, orienta e sedia projetos expositivos, que, ao longo dos últimos seis anos, somam mais de quarenta exposições e cerca de 60 artistas e 20 curadores que ocuparam a sala superior da galeria.

Sobre a artista

Celina Portella (Rio de Janeiro) vive atualmente em São Paulo. Estudou design na PUC-Rio e se formou em artes plásticas na Université Paris VIII. Suas obras dialogam com a arquitetura, o cinema e a performance, caracterizando-se especialmente por um questionamento sobre a representação do corpo e sua relação com o espaço. Recebeu indicação ao prêmio da Bolsa ICCO/sp-arte (2016), ao prêmio de aquisição EFG Bank & ArtNexus na SP Arte (2015) e ao prêmio Pipa (2013 e 2017). Foi premiada na XX Bienal Internacional de Artes Visuales de Santa Cruz na Bolívia (2016) e no II Concurso de Videoarte da Fundação Joaquim Nabuco em Recife (2008). Participou da residência na Bag Factory Artists' Studios na África do Sul (2018), no Centre international d'accueil et d'échanges des Récollets em Paris (2009), da residência LABMIS, do Museu da imagem e do Som em São Paulo (2010), na Galeria Kiosko em Santa Cruz de La Sierra na Bolívia (2009), entre outras. Entre as participações em mostras coletivas, destacam-se a Frestas Trienal de Artes no Sesc Sorocaba (2017), São Paulo; Dublê de Corpo (2016), na Galeria Carbono; Esboço para uma coreografia (2014), na Galeria Central; Verbo na Galeria Vermelho, III Mostra Do Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo (2012). Como bailarina e co-criadora trabalhou com os coreógrafos Lia Rodrigues e João Saldanha.

Sobre a curadora

Nathalia Lavigne (Rio de Janeiro, RJ) é pesquisadora, crítica de arte e curadora. Doutoranda no programa de pós-graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, onde desenvolve uma pesquisa sobre colecionismo digital e imagens de obra de arte no Instagram, é mestre em Teoria Crítica e Estudos Culturais pela Birkbeck, University of London. Escreve para publicações como Artforum, Contemporary And, Folha de São Paulo, entre outras. É uma das responsáveis pela programação do projeto Zip'Up, na Zipper Galeria, desde 2017. Foi uma das pesquisadoras do projeto “Observatório do Sul”, plataforma de discussões promovida em 2015 pelo Sesc São Paulo, Goethe-Institut e Associação Cultural Videobrasil. Como curadora, realizou as exposições "Imagem-Movimento" (Zipper Galeria, 2016); "(I)Matérico Presente - Felipe Seixas" (Zipper Galeria, 2017); "Algorab - Rodrigo Linhares" (Galeria Adelina, 2017); "Apagamento - Renato Castanhari" (Galeria Sancovsky, 2017), entre outras.

Posted by Patricia Canetti at 12:56 PM

Delson Uchôa na Zipper, São Paulo

Estabelecer um diálogo com o próprio trabalho por meio de reencontros com sua produção anterior é um dos processos característicos na obra de Delson Uchôa. “A pintura é uma conversa para o olho que sabe ouvir”, afirma o artista, que de tempos em tempos volta-se para um determinado trabalho iniciado anos antes, ativando-o novamente. Em Autofagia, Corrupio no Olhar, sua segunda exposição na Zipper, o conjunto de seis pinturas em grande formato foi desenvolvido com distintos intervalos de tempo ao longo de quatro décadas, dos anos 1980 até hoje.

A obra “Quaradouro” é uma das que melhor expressa a ideia de autofagia, como o artista passou a chamar tal processo. O título da tela remete ao local exposto ao sol para “quarar” (secar) a roupa; no centro da obra, está uma pintura realizada em 1989 sobre um cueiro, cercado por pregadores de roupa. Em outros três momentos (1998, 2003 e 2018) Delson fez apagamentos, acréscimos e alargamentos da pintura a partir da figuração central do trabalho. “Eu não abandono nada em minha produção. Esses trabalhos são a pura expressão de como me alimento de mim mesmo, em um processo autofágico”, comenta.

O termo tem origem na medicina, área de formação do artista que exerce grande influência na lógica de seu trabalho, e se refere a um mecanismo de regeneração natural em células do corpo. Adaptada para sua prática pictórica, a autofagia se materializa em pinturas de muitas camadas, indicando um vasto hibridismo cultural e memórias de distintos períodos.

Nas obras reunidas nesta seleção, é possível identificar alguns pontos de partida do artista: padrões, formas geométricas e tonalidades recorrentes na produção de Delson nos anos 1980. A variedade de materiais também está presente – lona, lá, algodão, camurça, madeira, plástico e metal mesclam-se à pintura acrílica como testemunhos de um arquivo objetual reunido pelo artista.

A atitude de desenvolver novos trabalhos a partir do resgate do passado representa, paradoxalmente, uma reiteração de seu próprio presente. “Não existe, para mim, um ponto final nas obras. Eu refaço, recomponho, amplio. É um processo muito singular, de reencontro. Enquanto os trabalhos estiverem ao meu alcance, não me privo de revisitá-los”, afirma.

“Autofagia, Corrupio no Olhar” inaugura no dia 20 de setembro e fica em cartaz até 20 de outubro.

Delson Uchôa (Maceió, Brasil, 1956) é um dos principais artistas contemporâneos representativo da chamada “Geração 80”. Com uma extensa trajetória de exposições – como bienais de Veneza, São Paulo, Havana e Cairo –, tem obras em coleções como Inhotim (Brumadinho, Brasil), Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Brasil), Museu de Arte Moderna de São Paulo (Brasil), Pinacoteca do Estado de São Paulo (Brasil), Vogt Collection (Berlim, Alemanha) e York Stack Collection (Berlim, Alemanha). Embora tenha incursões mais recentes nos universos performance e da fotografia, sua técnica de referência são pintura em telas de grandes dimensões e suportes como resina, lona e couro, explorando a multiplicidade de camadas e o uso de cores vibrantes.

Posted by Patricia Canetti at 12:52 PM

setembro 11, 2018

Leilão para a Casa Nem na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro

No dia 13 de setembro, quinta-feira, às 19h, a Escola de Artes Visuais do Parque Lage vai promover um leilão de arte para arrecadar fundos para sustentabilidade da Casa Nem. A instituição carioca é um espaço de acolhimento e passagem para pessoas transgêneras, travestis e LGBTIs, vítimas de expulsão familiar, exclusão social e preconceito. O leilão está sendo organizado em parceria entre os grupos Transrevolução e Corpos Visíveis, o movimento Nú vem Nem e o Núcleo de Ação Educativa da EAV Parque Lage, durante a temporada da exposição Queermuseu no Rio.

As obras que integram o leilão foram doadas por mais de 33 artistas e coletivos. Muitos trabalhos refletem uma estética queer e vários artistas LGBTIs se mobilizaram por acreditarem que a Casa Nem é um projeto social fundamental.

Será leiloado também um exemplar original da revista Travestis Internacional, de 1995, em que Indianare Siqueira, ativista e idealizadora da Casa Nem, é capa e posa nua. O leilão será realizado durante a mostra Queermuseu, mas os lances poderão ser feitos também por telefone e por email, antes do dia 1º de setembro.

Mais sobre a Casa Nem

A Casa Nem é uma iniciativa sócio-cultural sem fins lucrativo, idealizado pela ativista e militante da causa trans Indianare Siqueira, e resiste de forma independente há mais de três anos, com a colaboração e trabalho voluntário de professores, produtores culturais, artistas e militantes de movimentos sociais. Na casa, acontece o projeto PreparaNem, curso preparatório para o ENEM e pré-vestibular, responsável pela inclusão de transexuais e travestis em universidades e no mercado formal de trabalho. Além do pré-vestibular, são oferecidos cursos de corte e costura, maquiagem e cabeleireiro, idiomas e capacitação audiovisual. A CasaNem encontra-se hoje num esforço de regularização e formalização, e a continuidade do projeto está ameaçada pelas dificuldades relativas à manutenção do espaço. Além do leilão, há uma campanha de financiamento coletivo online, Nú vem Nem, sendo organizada com a mesma finalidade.

Relação de artistas confirmados até o momento

Adriana Varejão
Adriano Costa
Ana Matheus Abbade
AVAF
Beth Guedes
Carol Valansi
Enrica Bernardelli
Ernesto Neto
Evelym Gutierrez
Fernando Codeço
Filipe Espindola
Guerreiro do Divino Amor
Hevelin Costa
Indianare Siqueira
Jonas Van
Kleper Reis
Laerte Coutinho
Laura Lima
Lyz Parayzo
Marcelo Gandhi
Marcos Chaves
Maria Nepomuceno
Mari Scarambone
Matheus Rocha Pitta
Maxwell Alexandre
Michelle Mattiuzzi
Mil M2 & Adina Secretan
Opavivará
Pedro Magalhães
Sabrina
Simone Rodrigues
Vera Fischer
Victor Arruda
Vivian Cacuri

Serviço

Leilão em prol da CasaNem
Quinta-feira, 13 de setembro de 2018, às 19h
Escola de Artes Visuais do Parque Lage - Salão nobre
Rua Jardim Botânico 414, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ

Lances por whatsapp: 21-98101-0254
Lances por email e contato: movimentonuvemnem@gmail.com
Vakinha Nú vem NEM

Posted by Patricia Canetti at 11:49 AM

Quem não luta tá morto - arte democracia utopia no MAR, Rio de Janeiro

O Museu de Arte do Rio – MAR, sob gestão do Instituto Odeon, abre ao público Quem não luta tá morto – arte democracia utopia. Assinada por Moacir dos Anjos – um dos mais importantes curadores do país, com passagens pelas Bienais de São Paulo e Veneza – a exposição faz parte do programa curatorial para os cinco anos da instituição e reunirá mais de 60 obras de diversos suportes. O MAR é um centro atento às questões importantes para a sociedade brasileira, um lugar de reflexão e debate para temas como direito à habitação, violência urbana e contra a mulher, racismo e questões de gênero, entre outros.

“O pensamento utópico é essencialmente político. Ele enuncia e anuncia desigualdades muitas vezes fundantes de um contexto social específico. Confronta um conjunto de dispositivos institucionais e subjetivos mantenedores de uma situação onde o acesso a direitos vale somente para poucos e proclama a ideia de um mundo outro, organizado de forma mais paritária e justa. A condição para o exercício do pensamento utópico é, por consequência, a existência da democracia”, explica Moacir dos Anjos.

Sem ter pretensão de apresentar um panorama conclusivo, a mostra traz exemplos do pensamento utópico que marca a arte brasileira recente. Para apontar uma continuidade dos danos sofridos por parte da população, trabalhos artísticos realizados em momentos passados estarão também presentes na exposição. Ao lado deles, farão parte ainda da mostra propostas e ações realizadas por grupos comunitários, associações e outras articulações da sociedade civil que visam a construção de estruturas de atuação política e social.

“Quem não luta tá morto – arte democracia utopia” terá sete trabalhos comissionados, como o de Virginia de Medeiros, que dá nome à mostra. Os coletivos Amò e #cóleraalegria, assim como Graziela Kunsch, Raphael Escobar, Traplev e Jota Mombaça completam o time de artistas que criaram trabalhos para a exposição, que traz ainda nomes consagrados como Anna Maria Maiolino, Claudia Andujar, Paulo Bruscky, Cildo Merieles, entre outros.

O debate, porém, não ficará restrito às galerias do museu. Para colocar em prática o projeto de expandir o diálogo, os arquitetos do Estúdio Chão criaram estruturas lúdicas que convidam o público a acessar os pilotis por cima do muro de vidro. No espaço aberto do museu, módulos de madeira se transformarão em arquibancadas para formar a Arena, onde acontecerão encontros, bate-papo com artistas e atividades da Escola do Olhar. Além disso, haverá uma convocatória para que coletivos ocupem o espaço com suas atividades.

Posted by Patricia Canetti at 11:17 AM

setembro 6, 2018

Claudia Hamerski na Mamute, Porto Alegre

No dia 14 de setembro, às 19h, a Galeria de Arte Mamute inaugura a exposição Entre Fissuras, da artista representada Claudia Hamerski. A mostra com curadoria da Profa. Dra. Elaine Tedesco (ler texto curatorial) reúne trabalhos inéditos produzidos em 2018 - desenhos em grandes dimensões, objetos, e uma ação performance que será desenvolvida pela artista no dia da abertura, às 16h, na Mamute.

A exposição “Entre” Fissuras” é composta de trabalhos que dão sequência a pesquisa poética da artista, iniciada em 2013 acerca da paisagem urbana, especificamente à questões ligadas a insubordinação de elementos vegetais ínfimos que insistem em resistir e propagar-se pelos ambientes mais inóspitos e inesperados de nossa teia urbana. Assim essas pequenas plantas, por muitos consideradas ervas daninhas ou inço, vão rompendo o concreto e instalando-se inadvertidamente no cinza do concreto, trazendo um vislumbre da vida que há por baixo da camada de cimento. Além das questões conceituais que movem o olhar da artista existe um desejo de trazer pela via do desenho essa imagem de potência, resistência e resiliência que as pequenas vegetações são capazes de suscitar.

Claudia Hamerski (1980, Seberi RS), vive e trabalha em Porto Alegre RS. É artista Visual, doutoranda em Artes Visuais (PPGAV/UFRGS, 2018), Mestra em Artes Visuais, (PPGAV/UFRGS, 2014). Possui Especialização em Pedagogia da Arte pelo PPGEdu / Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2012), Graduação em Artes Visuais Bacharel em História Teoria e Crítica de Arte pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2010) e Graduação em Artes Visuais Bacharel em Desenho pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2006). Atualmente desenvolve sua pesquisa artística em Poéticas Visuais na linha de pesquisa Desdobramentos da imagem. Faz parte do grupo de pesquisa Processos Híbridos na Arte Contemporânea com diretório junto ao CNPq. Tem experiência na área de Artes e Educação, com ênfase em Artes Visuais Desenho e História Teoria e Crítica de Arte, atuando principalmente nos seguintes temas: paisagem, processo de criação, desenho, fotografia, escala, ampliação, repetição e na educação com mediação, formação de mediadores e professores, ensino da arte em espaços não-formais. Sua produção atual está concentrada nos processos de deslocamento pela cidade, relação entre fotografia e desenho, alteração de escalas, relações de localização e a insubordinação da paisagem ao arquitetonicamente instituído, e imbricações no processo criativo em desenho.

Elaine Tedesco, doutora em Poéticas Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2009). Artista plástica com produção em fotografia, instalação e videoperformance. É professor adjunto no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atua junto ao Departamento de Artes Visuais na área de fotografia e no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais. Desenvolve os projetos de pesquisa Procedimentos de contato: desdobramentos da fotografia em imagem numérica na arte da atualidade e Videoarte: o audiovisual sem destino. Participa dos grupos de pesquisa: Processos Híbridos na Arte Contemporânea e Arte & Design. Coordenou o Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRGS na gestão 2015-2017 e faz parte do Conselho Consultivo da Fundação Vera Chaves Barcellos.

Posted by Patricia Canetti at 4:16 PM

Elvis Almeida na dotART, Belo Horizonte

Grandes pinturas coloridas dispostas ao lado de outras de pequenas dimensões ensaiam uma espécie de cadência musical personalizada. Assim é a exposição do artista Elvis Almeida, Revelação durante o nascimento de uma gota, com curadoria de Efrain Almeida e Wilson Lazaro. A abertura está programada para 15 de setembro na dotART galeria, com lançamento do catálogo.

Idealizada especialmente para o espaço, a mostra teve uma temporada prévia no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, de 28 de junho a 26 de agosto. O recorte traz uma série de 21 obras inéditas, construídas em suportes como papéis, madeiras e lonas, e que exibem cenas limítrofes entre figuras e abstrações, com repetições de círculos, pontos, linhas e listras. São imagens que geram incertezas, atemporais, mas com um que de tecnológico, distante do nosso tempo.

“É interessante pensar a produção de Elvis Almeida no contexto atual. Ele, diferente de muitos da mesma geração, que optam por uma produção afinada com meios ‘não tradicionais’, marca uma posição distinta, não só por eleger a pintura como seu meio expressivo, mas também por criar procedimentos pictóricos, escala cromática e imagens que o distanciam esteticamente dos seus pares, mesmo os pintores”, observa o curador Wilson Lazaro, diretor artístico da dotART.

A partir de uma metodologia pessoal, e sem trabalhar com referências reais ou imaginárias, o artista articula formas, cores e gestos de maneira singular e dinâmica, em constante tensão. As obras têm apelo sensorial e alegre, apesar das formas geométricas, e não trazem soluções a priori. “Eu me esforço em ser fiel ao traduzir poeticamente as dúvidas que vão surgindo em meu próprio caminho, no percurso entre a vida e o fazer artístico, deixando em segundo plano questões como a repercussão ou a visibilidade que minha pintura possa ter ou não ter”, expressa Elvis Cavalcante, reconhecendo que não busca controlar o tipo de sensações que sua pintura possa provocar.

O curador Wilson Lazaro aponta o caminho suspeito de origem dessas imagens. “Elas guardam proximidades com o grafite ou com a linguagem dos quadrinhos e com as imagens oriundas da mídia de massa”, presume Lazaro. A proposta fica mais clara ao se conhecer a história do artista e de seu ambiente de trabalho. Elvis Almeida nasceu na Zona Norte do Rio de Janeiro, filho de uma família de nordestinos, e integra a primeira geração da família que cursou faculdade – a Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde se formou em Gravura.

Coerentemente, o artista fixou seu ateliê em Ramos, na Zona Norte, ao lado da linha do trem, onde divide espaço com amigos de infância, também do universo das artes, do grafite, da tatuagem e da música. “Fico bem feliz em ver tanta gente extremamente jovem e plural – periférica, negra, feminista, libertária, não binária – interessada por arte e por fazer arte. É algo muito animador”, expressa Elvis.

Ao terminar a faculdade, Elvis Almeida se tornou assistente do artista plástico Luiz Zerbini. Foi ele que o nomeou como “o melhor pintor do Brasil”, ao fim da exposição individual “Certezas para dobrar”, na galeria Mercedes Viegas, no Rio, no fim de 2016. O elogio foi feito inicialmente no Facebook, mas reverberou na imprensa e chamou a atenção da crítica e de instituições, inclusive, internacionais. Em 2017, Elvis cravou duas mostras individuais – “O cotidiano das estruturas familiares”, no Oi Futuro Flamengo, no Rio; e “Ponta Seca Torta / Faca Cega”, no Galpão Fortes D'ALoia & Gabriel (antiga galeria Fortes Vilaça), em São Paulo –, além de participar de três coletivas, no Sesc Pompeia, em São Paulo; na C.galeria e na Caixa Cultural, ambas no Rio.

“Existem muitas cascas na pintura esperando para serem quebradas, tenho pressa, mas preciso tomar cuidado para não acelerar. Fora da pintura ainda existe um campo enorme para ser explorado! A diversão está apenas começando!”, promete o artista.

Elvis Almeida nasceu em 1985 no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Graduou-se em Gravura na UFRJ, em 2013, e frequentou cursos de Serigrafia na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e de História da Arte na ONG Redes da Maré, todos no Rio de Janeiro. Suas exposições individuais incluem: “Revelação durante o nascimento de uma gota”, pensada para a dotART galeria, mas exposta inicialmente no Paço Imperial (Rio de Janeiro, 2018); “Ponta Seca Torta / Faca Cega”, no Galpão Fortes D’Loia & Gabriel (São Paulo, 2017); “O cotidiano das estruturas familiares”, no Oi Futuro Flamengo (Rio de Janeiro, 2017); “Certezas para dobrar”, na Mercedes Viegas Arte Contemporânea (Rio de Janeiro, 2016); “Uma cidade de xapisco dividida por um muro de cau”, na Amarelonegro Arte Contemporânea (Rio de Janeiro, 2010).

Entre as coletivas, destacam-se: o 20º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, no Sesc Pompeia (São Paulo, 2017); “Pintura”, na Caixa Cultural (Rio de Janeiro, 2017); “Um desassossego”, na Galeria Estação (São Paulo, 2016); “Oito artistas”, na Mendes Wood DM (São Paulo, 2016); “Gramática urbana”, no Centro de Arte Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 2012); “Arte Pará”, na Fundação Romulo Maiorana (Belém, 2011); “Reality reimagined”, na Modified Arts (Phoenix, 2010) e VI Bienal Internacional de Arte da Bolívia (La Paz, 2009).

Posted by Patricia Canetti at 3:03 PM

Paul Ramírez Jonas na Nara Roesler NY, EUA

A Galeria Nara Roesler | New York tem o prazer de apresentar Paul Ramírez Jonas: Give and Take, terceira individual do artista na Galeria e sua primeira na filial em Nova York. Nos últimos cinco anos, Ramírez Jonas tem se dedicado exclusivamente a novos projetos públicos participativos. Neste retorno ao formato expositivo, o artista apresentará desenhos intimistas e subjetivos, além de objetos de pequenas dimensões criados simultaneamente a seus projetos públicos.

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Durante os últimos vinte e cinco anos, Ramírez Jonas criou desde instalações públicas em grande escala e esculturas monumentais até desenhos, performances e vídeos. Em sua prática, o artista busca questionar as definições de arte e público, incentivando a participação e a interação dos espectadores em diferentes espaços públicos. Seu projeto Key to the City, realizado em 2010 para a Creative Time, por exemplo, contou com 20.000 participantes, utilizando uma chave como veículo de investigação de contratos sociais relacionados à confiança, ao acesso e ao pertencimento.

Em Alternative Facts apresentada na Art Basel de 2018, foram criados 500 desenhos colaborativos com base em mentiras compartilhadas pelo público, que são transformadas em verdade ao serem autenticadas pelo artista. Múltiplos baseados em objetos cotidianos, como moedas, chaves ou palavras do público também são temas recorrentes, permitindo ao artista questionar conceitos de valor, circulação, rituais e comportamentos sociais.

A série de desenhos apresentadas em Give and Take é composta por registros de sistemas abstratos de equivalências e taxas de câmbio. Os diagramas correlacionam elementos diversos, de moedas a botões, bem como as digitais do próprio artista e as palavras “give” [dar] e “take” [tomar], criando expressões idiomáticas em forma de moeda. Além de registrar transações, essas obras lidam com a passagem do tempo, já que moedas nacionais vêm e vão em ciclos semelhantes aos lunares. Esses desenhos compartilham da linguagem formal dos projetos públicos de Ramírez Jonas: concentram-se nos pequenos gestos, marcas e objetos que utilizamos em nossas trocas, bem como nas formas que empregamos para determinar valores, guardar registros e armazenar relatos materiais e imateriais.

Nascido na Califórnia (1965) e criado em Honduras, Paul Ramírez Jonas vive, trabalha e leciona em Nova York. Em 2017, foi tema da mostra Half Truths, no New Museum em Nova York, e da retrospectiva Atlas, Plural, Monumental, no Contemporary Arts Museum em Houston. Ramírez Jonas já realizou exposições individuais em instituições como a Pinacoteca do Estado, São Paulo, Brasil (2011); Aldrich Contemporary Art Museum, Ridgefield, CT (2008); Blanton Museum of Art, Austin, Texas (2007–8); Ikon Gallery em Birmingham, Reino Unido e Cornerhouse, Manchester, Reino Unido (2004). Em 2010, seu projeto Key to the City foi apresentado pela Creative Time, em colaboração com a Cidade de Nova York. Em 2016, seu projeto Public Trust foi apresentado pela Now and There, em Boston. Ramírez Jonas participou da primeira Bienal de Joanesburgo (1995); da primeira Bienal de Seul (2000); da sexta Bienal de Xangai (2006); da 28ª Bienal de São Paulo (2008); da 53ª Bienal de Veneza (2009); e da sétima Bienal do Mercosul em Porto Alegre, Brasil (2015). Sua obra está representada em coleções permanentes no mundo todo, incluindo: Albright-Knox Art Gallery, Buffalo; Blanton Museum, Austin; Bronx Museum, Nova York; Guggenheim Museum, Nova York; Itaú Cultural, São Paulo; Malmö Konstmuseum, Malmö; New Museum, Nova York; e Pérez Art Museum, Miami.


Galeria Nara Roesler | New York is pleased to present Paul Ramírez Jonas: Give and Take, the artist’s third solo exhibition with the Gallery and first at its New York location. For the past five years Ramírez Jonas has exclusively focused on new public participatory projects. This return to the exhibition format will feature intimate and subjective drawings and small objects that have been made concurrently with the artist’s public projects.

Over the last twenty-five years Ramírez Jonas has created works that range from large-scale public installations and monumental sculptures to intimate drawings, performances and videos. Through his practice he seeks to challenge the definitions of art and the public and to engineer active audience participation and exchange in a variety of public spaces. His 2010 Creative Time project, Key to the City, for example, involved 20,000 participants and centered around a key as a vehicle for exploring social contracts pertaining to trust, access, and belonging. Meanwhile his presentation of “Alternative Facts” at Art Basel 2018, focused on co-creating 500 drawings based on individual lies told by the public and transformed into truths by the artist. Multiples based on everyday objects such as coins and keys or the public’s own words, also are a reoccurring motif allowing the artist to question notions of value, circulation and societal rituals or behaviors.

Ramírez Jonas’ latest series of drawings take the form of ledgers, charting abstract systems of equivalences and exchange rates. The artist links various elements in these diagrams; from pennies to buttons, his own finger prints, and the words “give” and “take” to complete coin-shaped idioms. In addition to their accounting of transactions, the works also address the passage of time, as currency waxes and wanes in lunar-like cycles. These drawings share a formal language with Ramírez Jonas’ public projects. They focus on the small gestures, marks and objects that we use for exchange; and the forms we use to determine value, to keep records and keep both material and immaterial accounts.

Born in California (1965) and raised in Honduras, Paul Ramírez Jonas currently lives, works, and teaches in New York. In 2017 the artist was the subject of Half Truths at the New Museum, New York, and Atlas, Plural, Monumental, a career survey exhibition at Contemporary Arts Museum Houston. He has had solo exhibitions at institutions including Pinacoteca do Estado, São Paulo, Brazil (2011); the Aldrich Contemporary Art Museum, Ridgefield, CT (2008); the Blanton Museum of Art, Austin, (2007–8); and Ikon Gallery Birmingham, UK and Cornerhouse, Manchester, UK (2004). In 2010, his project Key to the City was presented by Creative Time in cooperation with the City of New York. In 2016, his project Public Trust was presented by Now and There in Boston. He participated in the first Johannesburg Biennale (1995); the first Seoul Biennial (2000); the sixth Shanghai Biennial (2006); the twenty-eighth São Paulo Biennial (2008); the fifty-third Venice Biennial (2009); and the seventh Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brazil (2015). His work is represented in permanent collections worldwide, including the Albright-Knox Art Gallery, Buffalo; Blanton Museum, Austin; Bronx Museum, New York; Guggenheim Museum, New York; Itaú Cultural, São Paulo; Malmö Konstmuseum, Malmö; New Museum, New York; and the Pérez Art Museum, Miami.

Posted by Patricia Canetti at 1:07 PM

Rodrigo Braga na Anita Schwartz, Rio de Janeiro

Artista mostra trabalhos feitos especialmente para esta sua grande individual, a primeira na galeria

A Anita Schwartz Galeria vai inaugurar em 12 de setembro próximo a exposição Os olhos cheios de terra, uma grande individual do Rodrigo Braga, com trabalhos feitos especialmente para esta ocasião. A obra central, e que dá nome à exposição, é uma instalação que ocupará o grande salão térreo do edifício de três andares no Baixo Gávea, com desenhos, serigrafias, objetos, vídeo e fotografias. No segundo andar estarão fotografias resultantes de uma imersão do artista na galeria, em que realizou durante uma semana ações corporais, registradas também em vídeo.

O ponto de partida para este processo tem início nas pesquisas feitas por Rodrigo Braga a partir de 2014 sobre o solo e subsolo do nordeste brasileiro, no atual sertão que outrora foi mar. Em 2015, Rodrigo Braga esteve na França, onde visitou pedreiras de rochas calcárias datadas de aproximadamente 55 milhões de anos, utilizadas comumente em edificações nas cidades francesas ao longo da história. Como primeiro resultado dessa pesquisa, ele realizou, em 2016, no Palais de Tokyo, em Paris, a monumental instalação "Mar Interior", a céu aberto, composta por toneladas de pedras brutas e fósseis marinhos. De volta ao Brasil, fez viagens ao sertão do Cariri, sul do Ceará, visitando e trabalhando em pedreiras também com alta incidência de fósseis de animais e vegetais marinhos, assim como grandes jazidas de gipsita, uma espécie de “fossilização” de sal de antigas bacias marinhas, estimadas em cerca de 110 milhões de anos.

Mais recentemente, o artista tem se interessado por outras formas de registros ancestrais de vida no desenvolvimento do planeta, como o carvão mineral e a petrificação de vegetais – tanto aquáticos como florestas pré-históricas. Deslocados de seu uso, seja na geração de energia seja na construção de casas, os combustíveis fósseis e as rochas calcárias interessam ao artista por seu vasto campo simbólico.

Um elemento que Rodrigo Braga retoma, depois de longo tempo, é o corpo. A ação corporal está presente em toda a exposição. Desde os registros de sua performance solitária, até o uso de seu próprio sangue – extraído apropriadamente por um enfermeiro – em desenhos, o corpo é um dos elementos de ligação dos trabalhos.

A convite do compositor Ronaldo Bastos, Rodrigo Braga ouviu “Trastevere”, canção feita em parceria com Milton Nascimento, que integrou o álbum “Minas” (1975). A música, experimental, “aberta e desconstruída, como os experimentos de John Cage, se quebra e se interrompe”, destaca Rodrigo Braga. Ele conta que a composição tinha tudo a ver com seu trabalho atual, com a presença humana, corpórea, depois de muito tempo dedicado às paisagens e elementos naturais. “A letra fala dos sentidos – visão, audição – ou da falta deles. E, apesar de ter sido composta na década de 1970, é extremamente atual, também no âmbito político, em que o ser humano está fragmentado, perdendo as certezas, se evanescendo”.

INSTALAÇÃO “OS OLHOS CHEIOS DE TERRA”
A instalação que ocupará todo o grande espaço expositivo térreo da galeria abrangerá desenhos gestuais a carvão, giz e lápis/bastão sanguínea, e serigrafias sobre lona crua – que circundará as paredes do espaço –, três fotografias em grande formato, um vídeo, e uma série de elementos e núcleos compostos por minerais em bruto. Há uma predominância da oposição preto x branco, extremos opostos, presente tanto nos minerais – gipsita, gesso, cal (branco), carvão mineral e carvão vegetal (preto) – como na letra de “Transtevere”, impressa na lona crua em branco, com algumas palavras destacadas em preto: cego, calado, ouvindo, surdo, mudo, falava e ouvia. Em meio a essa oposição estará o vermelho, contido no sangue presente nos desenhos, e a figura humana, de maneira evidente ou não.

SOBRE RODRIGO BRAGA
Nascido em Manaus em 1976, Rodrigo Braga se mudou ainda criança para o Recife, onde se graduou em Artes Plásticas pela Universidade Federal de Pernambuco (2002). Atualmente vive no Rio de Janeiro. Expõe com regularidade desde 1999. Em 2012, participou da 30ª Bienal Internacional de São Paulo e, em 2016, realizou uma exposição individual no Palais de Tokyo, em Paris. Em 2009, recebeu o Prêmio Marcantonio Vilaça – Funarte/MinC; em 2010, o Prêmio Marc Ferrez de Fotografia; em 2012, o Prêmio Pipa/MAM Rio Voto Popular; em 2013, o Prêmio MASP Talento Emergente. Possui obras em acervos particulares e institucionais no Brasil e no exterior, como MAM SP, MAM Rio e Maison Européene de La Photographie, em Paris.

Posted by Patricia Canetti at 12:04 PM

José Patrício no Museu Mineiro, Belo Horizonte

O pernambucano José Patrício traz a Belo Horizonte sua nova exposição, Precisão e Acaso. Com curadoria de Felipe Scovino, a mostra reúne um conjunto de cerca de 40 obras produzidas nos últimos sete anos, além de trabalhos do início de sua carreira nunca antes exibidos. A inauguração acontece na quinta (13/9), a partir das 19h, e todos são bem-vindos.

Com uma produção marcada pelo lúdico, Patrício utiliza materiais diversos, desde botões, peças de quebra-cabeças e dados, passando por alfinetes, fios de eletricidade e de telefonia. A partir de componentes frequentemente fadados a desaparecer, alinhava ressignificados: “Trata-se da apropriação de elementos modulares encontrados na vida cotidiana. Interessam-me na medida em que contribuem para compor as obras a partir da acumulação, deslocamento das funções originais e inserção no contexto da arte”, diz o artista.

Para Felipe Scovino, Precisão e Acaso pode ser compreendida como uma espécie de antologia: “A mostra traz ao público as fases mais recentes da produção do artista; o seu interesse por novos materiais; suas pesquisas cromáticas e cinéticas. Estão entre as características centrais de sua obra a ampliação do termo construtivo, o caráter lúdico e participativo e a ideia de coleção ou arquivo de materiais cada vez mais difíceis de serem encontrados”, explica o curador.

Os conceitos de diferença e repetição conduzem os trabalhos realizados nos últimos anos, nos quais Patrício cria estruturas fixas que se tornam passíveis de variação formal a partir dos elementos que as compõem e das inúmeras possibilidades de configuração. Para criá-las, o artista partiu de regras e métodos adotados com precisão a fim de atingir um resultado final desconhecido. Precisão e Acaso resume o caminho entre esses dois pólos aparentemente antagônicos: “O trabalho se faz pela qualidade em ser dinâmico, veloz e mutante. A obra é, portanto, um acontecimento em que estamos constantemente envolvidos por escolhas, caminhos, formas e cores que induzem movimentos, traços, rumos e territórios”, diz Scovino.

José Patrício nasceu no Recife, em 1960. Estudou ciências sociais na Universidade Federal de Pernambuco e é Mestre em Artes Visuais pela mesma instituição. Já expôs em países como Alemanha, França, Estados Unidos e Cuba, entre outros. Seus trabalhos integram coleções de instituições como Fondation Cartier pour L’Art Contemporain(Paris), Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Recife), Museu de Arte de Brasília, Coleção Marcantonio Vilaça, Museu de Arte Moderna (Rio de Janeiro), Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo) e Washington Convention Center (EUA).

Posted by Patricia Canetti at 10:02 AM

Hilal Sami Hilal na Cassia Bomeny, Rio de Janeiro

No dia 12 de setembro, Cassia Bomeny Galeria inaugura a exposição Fora da Palavra, com obras inéditas de Hilal Sami Hilal, artista capixaba, de ascendência síria, que já fez exposições em importantes instituições no Rio de Janeiro, como MAM Rio e Museu da Chácara do Céu. Com curadoria de Vanda Klabin (ler texto curatorial), serão apresentadas cerca de 20 obras, produzidas este ano, dentre trabalhos feitos em cobre oxidado e corroído e em papel artesanal pigmentado.

A exposição tem o conto “A Terceira Margem do Rio” (1962), de Guimarães Rosa (1908-1967), como ponto de partida. Ele conta a história de um pai que abandona a família para viver em uma canoa. Hilal, que já desenvolve desde 2007 uma pesquisa sobre a ausência paterna, criou os trabalhos desta exposição baseando-se no conto. “A memória afetiva acompanha a obra. O conto fala de abandono, culpa, luto, melancolia, delírio, perdão...”, diz o artista. “Hilal rompe com os aspectos descritivos e narrativos, pois a obra não tem mais relação com a representação, contempla uma transposição caligráfica focada no texto, agora em oxidação metálica. Junta uma palavra com a outra, uma materialidade da equivalência do pensar, verdadeiros signos linguísticos, que geram nova visualidade gráfica palpável, perceptível, que brota em vigorosas partículas e, ao mesmo tempo, intensifica o vazio”, afirma a curadora Vanda Klabin.

No centro da exposição, pendurado no teto, haverá o grande painel de 2mX3m, composto por 24 placas de cobre vazadas. Como há uma transparência, será possível ver através da obra, tornando o público parte do trabalho. Essa grande peça foi criada a partir dos estudos das obras da exposição, que foram passados para o computador, trabalhados digitalmente e impressos em chapas de cobre, que depois foram corroídas. “Nesse trabalho está todo o estudo, tudo o que pensei sobre o conto: pensamentos, frases, desenhos, mostra o momento visceral do trabalho em construção“, conta.

Nas paredes, estarão obras feitas em cobre, com corrosão e oxidação. “Acelero o processo de oxidação com materiais químicos”, explica o artista. Algumas obras possuem a cor do metal corroído, outras um azul intenso; em algumas, as tramas são mais fechadas, há camadas, sobreposições de materiais, em outras, as tramas são mais abertas, mais transparentes e delicadas, como é o caso de uma que traz o desenho semelhante a um mapa vazado no meio da trama de cobre. Um outro exemplo é a obra da série Bastidor, que mede 1mX1m, e intensifica o espaço, o vazio.

Este trabalho representa uma síntese do conto. É marcado com um objeto em ouro 18k. O “Livro Nuvem“ da série Atlas é feito artesanalmente pelo próprio artista, em papel de algodão com pigmentos, medindo 1mx 2m. A obra é composta por cerca de 60 imagens lembrando o céu e o mar. "Acho a paisagem fundamental presença para esta mostra, preciso desta geografia para construir um imaginário espacial e temporal", afirma.

Haverá ainda, um trabalho feito em polietileno de alto impacto reciclado, com pintura em grafite. A obra da série “Deslocamentos“ é dividida em quatro módulos, trazendo o tema da separação. “Na presença da obra cria-se um delírio, uma vertigem, que tem muito a ver com o conto em questão”, diz o artista.

O nome da exposição, “Fora da Palavra”, foi tirado de um dos versos da música “Terceira Margem do Rio”, de Caetano Veloso e Milton Nascimento, que é baseada no conto de Guimarães Rosa. “A palavra está presente nas obras, mas existe mais do que isso, existe algo que não se diz, há a interpretação de cada um, o que cada um vai ver, de que forma aquilo vai tocar cada pessoa. O que a arte traz está fora da palavra, é o que te captura, o que te toca”, como diz a música "fora da palavra, quanto mais dentro aflora" afirma o artista.

O trabalho de Hilal Sami Hilal transita entre o fazer manual , técnicas milenares e a tecnologia moderna para criar suas peças.

SOBRE O ARTISTA

Capixaba de origem síria, Hilal Sami Hilal (Vitória, 1952) iniciou-se, nos anos 1970, no desenho e aquarela para depois decidir se aprofundar em técnicas japonesas de confecção do papel. A partir daí, com uma viagem ao Japão, sua pesquisa intensificou-se, resultando numa segunda viagem a esse país no final dos anos 1980. Cruzando influências culturais entre o Oriente e o Ocidente, entre a tradição moderna ocidental e a antiga arte islâmica, surgiram suas “rendas”. Confeccionadas com um material exclusivo, criado com celulose retirada de trapos de algodão e misturada com pigmentos, resina e pó de ferro e de alumínio, as rendas privilegiam a força gestual do artista, que assim constrói a tela a partir de linhas que se cruzam, de cores que se revelam na mistura dos materiais e da sensação de ausência gerada pelos espaços em branco. O trabalho, colocado a curta distância da parede, beneficia-se das sombras projetadas, criando um rendilhado virtual.

Posted by Patricia Canetti at 9:23 AM

setembro 5, 2018

O Poder da Multiplicação no MARGS, Porto Alegre

Mostra coletiva com 14 artistas contemporâneos brasileiros e alemães trata da linguagem e das técnicas de reprodução na arte, da gravura à era digital. Exposição faz parte de amplo projeto realizado pelo Goethe-Institut, em Porto Alegre (Brasil) e Leipzig (Alemanha)

No dia 11 de setembro, terça-feira, às 19h, será inaugurada a exposição O Poder da Multiplicação, no MARGS – Museu de Arte do Rio Grande do Sul. A mostra apresenta mais de 80 obras, entre gravuras, vídeos, instalações, street art, fotografias e obras em 3D e realidade aumentada, de 14 artistas contemporâneos brasileiros e alemães – como Carlos Vergara, Hanna Hennenkemper, Helena Kanaan, Ottjörg A.C., Regina Silveira, Vera Chaves Barcellos, Thomas Kilpper e Xadalu. A exposição fica em cartaz até o dia 11 de novembro, com entrada franca.

Na programação de abertura estão previstas diversas atividades com entrada franca, como a apresentação do grupo de canto e dança Nhamandu – integrado por 20 crianças da aldeia indígena Pindó Mirim, de Viamão. O artista Xadalu vai criar serigrafias durante o evento, que serão distribuídas ao público. A artista Helena Kanaan apresentará a performance Ritidomas, que explora suas obras vestíveis de látex e terá a participação dos performers Augustē, Bela Leindecker, Maria Galant e Sandro Aliprandini.

No dia seguinte, 12 de setembro, a programação começa às 10h, com uma visita mediada pelo curador da exposição e diretor do Kunsthalle Düsseldorf, Gregor Jansen. Às 11h, o artista alemão Ottjörg A.C. e o programa Educativo do MARGS promovem uma visita mediada a obras da intervenção Marca Urbana, na Praça da Alfândega. À noite, 19h30, será realizado um bate-papo no Goethe-Institut, com Gregor Jansen e os consultores curatoriais Paulo Gomes e Francisco Dalcol. Na ocasião, Xadalu dará início à sua intervenção no muro do Goethe-Institut. Confira os detalhes de toda a programação abaixo.

Trinta anos após o surgimento dos meios digitais – que tornaram naturais o acesso à informação e à reprodução (Copy & Paste) –, as questões a respeito da arte reprodutível em larga escala voltam a ser discutidas. Segundo o curador Gregor Jansen, reproduções, tiragens múltiplas ou cópias são instrumentos de comunicação contra o conceito autoritário de originalidade. (Ler texto do curador.)Elas servem à propagação em massa, inclusive de propaganda dos mais variados matizes. A base para essa discussão tem suas raízes no século XV, quando surgiram as primeiras problematizações a respeito do original e as suas reproduções, e quando a tipografia, a xilogravura e a gravura produziram cópias pela primeira vez. Os 14 artistas contemporâneos do Rio Grande do Sul e da Alemanha presentes na mostra refletem sobre o que isso significa para a arte e qual o seu papel social na era digital, e lidam com essas questões de maneiras muito diversas.

A exposição traz, ainda, uma sessão especial, intitulada O jornal como obra de arte. São edições especiais dos jornais diários alemães Süddeutsche Zeitung, Frankfurter Allgemeine Zeitung e Die Welt, criadas por artistas como Anselm Kiefer, Jenny Holzer, Sigmar Polke, Gerhard Richter, Georg Baselitz.

Em 2019, a mostra será apresentada no Leipziger Baumwollspinnerei, em Leipzig/Alemanha, onde permanecerá em cartaz de 28 de fevereiro a 24 de março.

A exposição faz parte de um amplo projeto desenvolvido pelo Goethe-Institut Porto Alegre no campo da arte impressa, que inclui website, catálogo, videogame e uma série atividades paralelas, como debates e visitas mediadas.

Programação de abertura

11 de setembro, terça-feira

MARGS | 19h – entrada franca
Abertura da exposição O Poder da Multiplicação com:
Performance Ritidomas, de Helena Kanaan, com os performers performers Augustē, Bela Leindecker, Maria Galant e Sandro Aliprandini
Criação e distribuição de serigrafias com Xadalu e Guaranis
Apresentação do Grupo de Canto e Dança Nhamandu da aldeia indígena Pindo Mirim (Viamão)

12 de setembro, quarta-feira

MARGS | 10h
Visita mediada pela exposição O Poder da Multiplicação
Mediação: Gregor Jansen, curador da exposição e diretor do Kunsthalle Düsseldorf
*Com tradução consecutiva

MARGS | 11h
Visita mediada pela intervenção urbana Marca Urbana
Mediação: artista Ottjörg A.C. e Educativo do MARGS
Encontro em frente ao MARGS
Atividade para público em geral
*Em caso de chuva a atividade será cancelada

Goethe-Institut | 19h30
Bate-papo sobre a exposição com o curador Gregor Jansen e com os consultores curatoriais Paulo Gomes e Francisco Dalcol
*Com tradução simultânea
Lançamento da intervenção do artista Xadalu no muro do Goethe-Institut

Saiba mais sobre o projeto

O projeto O Poder da Multiplicação - Arte reprodutível na América do Sul e na Alemanha: do pré-digital ao pós-digital ou da gravura, passando pelo xerox, até o 3D é uma contribuição artístico-teórica à reflexão sobre a questão da reprodução hoje em dia.

Além da exposição que será realizada no Brasil e na Alemanha, o projeto conta com um website, atividades paralelas (como visitas guiadas e debates), catálogo e um videogame, desenvolvido por um grupo de pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

O site www.aura-remastered.art oferece a possibilidade de um aprofundamento no assunto e na análise das obras exibidas por meio de ensaios, entrevistas, fotos, vídeos, biografias dos artistas e calendários de atividades. Os ensaios são escritos por especialistas no tema: os textos de Paulo Gomes e Andreas Schalhorn tratam da importância da gravura no Rio Grande do Sul e na Alemanha, enquanto Francisco Dalcol e Marcio Seligmann reiteram a importância do famoso ensaio de Walter Benjamin sobre a reprodutibilidade técnica na arte nos dias de hoje.

Aberto ao diálogo interativo com a exposição, o jogo Aura Remastered – cujo lançamento está previsto para o dia 16 de outubro – coloca em discussão a importância da cópia como forma de acesso à cultura e à arte em nosso cotidiano. Ele permite, também, por via da simulação e da metáfora, a experimentação das diferentes técnicas de reprodução em gravura ou arte impressa e o modo como afetam a cultura e a sociedade. O jogo foi criado por uma equipe coordenada pela professora do Instituto de Artes da UFRGS, Paula Mastroberti.

Antes da exposição no MARGS, foram realizadas exposições e oficinas, além de um concurso nacional de arte impressa e a criação de uma rede sul-americana de ateliês de gravura.

O projeto é realizado pelo Goethe-Institut Porto Alegre com a colaboração de parceiros locais e da Europa, como MARGS – Museu de Arte do Rio Grande do Sul, UFRGS – Instituto de Artes, Pinacoteca Barão de Santo Ângelo, Museu do Trabalho, Associação Cultural Vila Flores e Leipziger Baumwollspinnerei.

A edição da exposição no MARGS ganhou o XII Prêmio Açorianos de Artes Plásticas, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, na categoria Melhor Exposição Coletiva de 2018.

Artistas participantes

Carlos Vergara
Nasceu em Santa Maria, Rio Grande do Sul, em 1941. É gravador, fotógrafo, escultor e pintor, sendo conhecido como um dos principais representantes do movimento artístico da Nova Figuração no Brasil, constituído no final dos anos 1960. Após essa experiência com o figurativismo, a produção de Vergara constituiu-se por intensas investigações pictóricas, além de diversas obras desenvolvidas para projetos arquitetônicos. Expôs em diversas bienais, como Bienal de São Paulo, Bienal do Mercosul e Bienal de Veneza, tendo sido contemplado com diversos prêmios, como o Prêmio ABCA Clarival do Prado Valladares, o Prêmio Cultura do Estado do Rio de Janeiro, o Prêmio ABCA Mario Pedroso e o Prêmio Henrique Mindlin (IAB/RJ), entre outros.

Flavya Mutran
É paraense e atua no campo da arte e comunicação desde 1989. Já trabalhou como fotojornalista, laboratorista e editora de imagens para assessorias de comunicação pública e privada, estando ligada também a projetos individuais e coletivos em arte e educação. Com formação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Pará (UFPA), é mestre e doutora em Artes Visuais pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com pesquisas sobre arquivos fotográficos e compartilhamentos de imagens via web. É atualmente professora auxiliar do Departamento de Design e Expressão Gráfica na Escola de Arquitetura da UFRGS.

Hanna Hennenkemper
A artista nasceu em 1974 em Flensburg e atualmente vive e trabalha em Berlim. Estudou Desenho e Arte impressa em Kiel, com o Prof. E. Thieme, e na weißensee kunsthochschule berlin (Escola Superior de Artes Weiβensee, em Berlim), com o Prof. H. Schimansky. Desde 2006, vem lecionando desenho e arte impressa contemporânea na weißensee kunsthochschule berlin, na Escola Superior de Artes do Burg Giebichenstein, em Halle an der Saale, e na hslu, Escola Superior de Lucerna/Suíça. Em 2010, conquistou uma cátedra de professora visitante de desenho e arte impressa contemporânea na weißensee kunsthochschule berlin. Recebeu em 2012 uma bolsa da Edvard-Munch-Haus/Warnemünde, em 2014 obteve fomento para residência artística na Künstlerhaus de Munique e em 2017 para residência artística em Porto Alegre/Brasil. Sua obra foi distinguida em 2010 com o Prêmio Dr. Herbert Zapp para arte jovem e, em 2012, com o Prêmio Christine Perthen da Berlinische Galerie.

Helena Kanaan
Artista visual, com investigações em Gravura Contemporânea e Procedimentos Híbridos da Arte Impressa. Docente na área de Arte Impressa no Instituto de Artes Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Doutora e mestre em Poéticas Visuais pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRGS/Universidade Politécnica de Valencia, na Espanha. Especialização pela Scuola d'Arte Grafica Il Bisonte em Florença, na Italia. Professora no Centro de Artes UFPel (1991/2013) na linha de Poéticas Visuais, onde coordenou o projeto de pesquisa e extensão Grupo Gravadores de Rua. Na UFRGS, coordena o grupo de extensão Núcleo de Arte Impressa e o Grupo de Pesquisa Práticas Críticas da Gravura à Arte Impressa. No CNPq, é líder do Grupo de Pesquisa Expressões do Múltiplo: imagens e meios reprodutivos de criação. Participou de exibições individuais e coletivas tanto no Brasil quanto em outros países (Argentina, Espanha, Polônia, Coreia do Sul, Itália).

Hélio Fervenza
Artista plástico, doutor em Artes Plásticas pela Université de Paris I Panthéon-Sorbonne, professor do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pesquisador do CNPq. Participou de diversas exposições, como Bienal de Veneza (Itália), Bienal de São Paulo (sala retrospectiva 1990-2012), Bienal de Yakutsk – BY14 (Rússia), Bienal do Mercosul (Porto Alegre), Museu da Gravura (Curitiba), Museu Victor Meirelles (Florianópolis), Bienal de Amsterdã (Holanda), Instituto Itaú Cultural (São Paulo), Fundación DANAE (Espanha), Musée des Beaux-Arts de Verviers (Bélgica), Grand Palais (França).

Marcelo Chardosim
Nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 1989. Graduando em artes visuais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente desenvolve o projeto Abrigo do Sol em Alvorada (RS). Em 2017, participou da coletiva Salta d’água: dimensões críticas da paisagem, no Instituto de Artes da UFRGS. Em 2016, participou da residência colaborativa na Escola de Samba Unidos da Vila Isabel, em Viamão (RS). Participou do projeto Grude, com uma série de lambes distribuídos em todas as capitais do Brasil. Em 2015, participou do Programa Perdidos no Espaço Público, do III Encontro de Universidades e Cidades. Atuou em cinco exposições individuais e inúmeras coletivas entre as instituições Museu de Arqueologia e Etnografia de Santa Catarina, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MAC-RS), Museu de Artes do Rio Grande do Sul Ado Malagoli (MARGS), Usina do Gasômetro, Memorial dos Direitos Humanos do Mercosul, entre outras.

Olaf Holzapfel
Olaf Holzapfel interessa-se pelas relações entre cidade e campo, materialidade e informação, analógico e digital. Seu trabalho desdobra-se em complexos de obras. Esses perduram muitas vezes por diversos anos, confluindo em exposições com diferentes mídias (instalação, filme, texto, fotografia e pintura). Para o projeto Housing in Amplitude, em parceria com Sebastian Preece, ele empreendeu, entre 2013 e 2016, viagens pela Patagônia (www.housinginamplitude.net). Resultado do projeto foi o filme Latitude 40, sobre a história da demarcação de fronteira entre Argentina e Chile em 2017. Desde 2009, o artista confecciona imagens têxteis tecidas a partir do chaguar, uma fibra vegetal local, em cooperação com a tribo indígena dos wichis, do Chaco argentino. A obra Temporäres Haus (Casa temporária) foi exposta em diversos museus da América do Sul e na Bienal de Veneza 2011. Olaf Holzapfel integrou a documenta 14, em Atenas e Kassel.

Ottjorg A.C.
7813 AEC - Europa castra um touro.
1547 - É introduzida na Inglaterra a marcação do rosto a ferro quente para seus próprios cidadãos identificados como vagabundos.
1706 - Uma torre em construção no prédio da casa da moeda de Berlim, que simbolizaria o poder do rei Frederico I da Prússia, desaba sobre o solo pantanoso de Berlim, matando alguns operários.
1958 - Óvulo e espermatozoide de uma família de camponeses da região do Kraichgau e de uma família pomerana de capitães de navios combinam-se, dando origem a Ottjörg.
1989 - Ottjörg presencia a debelação do movimento por democracia nas ruas de Pequim e assiste, a partir da Academia das Artes/Berlim Oriental, junto ao Portão de Brandemburgo, a queda do muro de Berlim.
1993 - Estudos em Viena e Leningrado/S. Petersburgo; conclusão do curso de Artes na Escola Superior de Artes de Berlim com distinção.
2004 a 2007 - Temporadas como professor visitante na China; experiências com técnicas chinesas de impressão.
2004 a 2021 – Encontros fecundos com gaúchas/os.

Rafael Pagatini
Nasceu em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, em 1985. Artista, pesquisador e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), doutorando em Artes Visuais na Universidade de Campinas (Unicamp). Seu trabalho parte da gravura e da fotografia sob uma perspectiva política e crítica da sociedade contemporânea através da investigação das relações entre arte e memória social. Realizou exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior: Columbia University (Nova York, 2018); 20º Festival Vídeo Brasil (São Paulo, 2017); Paço das Artes (São Paulo, 2016); Rumos Itaú Cultural (São Paulo, 2013). Recebeu o Prêmio Energisa Artes Visuais, a Bolsa Estímulo à Produção em Artes Visuais (FUNARTE), a Bolsa Iberê Camargo – Ateliê de Gravura e o V Prêmio Açorianos de Artes Plásticas. Vive e trabalha em Vitória (ES).

Regina Silveira
Nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 1939. Vive e trabalha em São Paulo. É mestre e doutora pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), com extensa carreira docente. Foi bolsista da Guggenheim Foundation, da Pollock-Krasner Foundation e da Fulbright Foundation. Desde os anos 1960, tem realizado inúmeras exposições individuais e participado de coletivas selecionadas no Brasil e no exterior. Foi artista convidada da Trienal de Setouchi, Japão (2016); das Bienais de Havana (1986, 1998, 2015); da Médiations Biennale Poznan (2012); das Bienais do Mercosul (2001, 2011); da Bienal de Taipei (2006) e das bienais de São Paulo (1981, 1983, 1998). Recebeu diversos prêmios, como o Prêmio MASP (2013), o Prêmio ABCA (2012), o Prêmio Fundação Bunge (2009) e o Prêmio Bravo Prime (2007). Suas obras estão presentes em diversas coleções, assim como museus nacionais e internacionais.

Thomas Kilpper
Nasceu em Stuttgart, Alemanha, em 1956. Vive e trabalha em Berlim. Estudou Belas Artes nas Academias de Nuremberg, Dusseldorf e Frankfurt am Main (Städelschule). É conhecido internacionalmente por suas xilogravuras em grande escala e intervenções críticas. Suas obras estão em coleções púbicas, como a da Tate Gallery (Londres), do Museu de Arte Moderna (Frankfurt), da South London Gallery (Londres) e do Kupferstichkabinett (Berlim), entre outras. Desde 2014, é professor da Faculdade de Artes, Música e Design na Universidade de Bergen (Noruega). Alguns de seus projetos recentes incluem Contemporary Footprints, Museu Nacional Oslo (Noruega 2015), “Não pense na crise – lute!” (Porto Alegre, Brasil, 2016), “Um farol para Lampedusa!” (Paris, França), Dresden e Kassel (Alemanha, 2016-2017) e “Traços de guerra” na Pinakothek of Moderne (Munique, 2017).

Tim Berresheim
Artista plástico nascido em Heinsberg em 1975. Desde 2002, produz pinturas sobre painéis com o auxílio do computador. Suas imagens, realizadas na forma de fotografias, serigrafias ou impressões de computador, apresentam cenários que se projetam no espaço tridimensional e ilusionista. Desde 2005, o aspecto da multidimensionalidade também passa a adquirir relevância para Berresheim. Por meio de distorções óticas dentro de complexas representações, a legibilidade da imagem é submetida a permanentes alterações e, assim, a ideia de um ponto de vista definitivo ou de uma perspectiva central é posta em questão. Últimas exposições individuais: Harry Rag – Gallery Belmacz, Londres (UK), Smashin´ Time II – Kunst Raum Riehen, Riehen (CH) und Suspension of Disbelief – Neuer Aachener Kunstverein, Aachen (D), em 2018.

Vera Chaves Barcellos
Nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 1938. Nos anos 1960, atua como gravadora e, na década de 1970, passa a utilizar a fotografia em seu trabalho. Em 1975, com bolsa do British Council, estuda técnicas gráficas e fotografia no Croydon College em Londres. Em 1976, participa da Bienal de Veneza com o trabalho Testarte. Participou do Grupo Nervo Óptico (1976-1978), do Espaço N.O. (1979-1982) e da Galeria Obra Aberta (1999-2002). Em 2005, instituiu a Fundação Vera Chaves Barcellos, dedicada à arte contemporânea. Participou de quatro Bienais de São Paulo. Exposições individuais recentes: Imagens em Migração (MASP, São Paulo, 2009), Per gli Ucelli (Octógono, Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2010); Enigmas (Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, 2015) e Vera Chaves Barcellos – fotografias, manipulações e apropriações, Paço Imperial (2017), ambas no Rio de Janeiro.

Xadalu
Nasceu em Alegrete, Rio Grande do Sul, em 1985. Vive e trabalha em Porto Alegre. O personagem Xadalu surge pela primeira vez em 2004, como uma forma de manifestação artística, trazendo luz ao tema da destruição da cultura indígena. Ele está presente em mais de 60 países, atingindo quatro continentes, fazendo parte de um cenário mundial da arte urbana contemporânea, participando de exposições e diversos festivais de arte, com obras em acervos de museus do Rio Grande do Sul, sempre com foco na informação e conscientização dos temas abordados. Dione Martins tem fortalecido sua relação com comunidades indígenas do estado do Rio Grande do Sul, sempre buscando formas de contribuição e apoio aos moradores das aldeias. O artista também está atento às demandas dos bairros periféricos, ministrando cursos e oficinas em escolas e comunidades.

Posted by Patricia Canetti at 7:50 PM

setembro 4, 2018

Agnieszka Kurant na fachada da Fortes D’Aloia & Gabriel, São Paulo

Parte de uma longa investigação sobre inteligência coletiva na natureza e na cultura, a obra The End of Signature de Agnieszka Kurant é apresentada como um letreiro néon na fachada da Fortes D’Aloia & Gabriel em São Paulo, onde ficará por cerca de seis meses. O projeto especial antecipa a próxima exposição da artista polonesa na Galeria, marcada para 2019.

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A obra aborda a substituição da autoria individual por formas híbridas e coletivas, assim como o declínio da escrita manual e sua substituição pelos meios digitais de comunicação. Para realizar este trabalho, a artista coleta assinaturas de membros de várias comunidades para então agregá-las através de um software que ela desenvolveu com um programador. Ao desenvolver essas assinaturas coletivas para comunidades e movimentos sociais, Kurant explora o poder crescente do capital social, cujo valor agregado pode ser calculado por algoritmos.

A mais recente iteração deste trabalho – cujas assinaturas foram coletadas na Fortes D’Aloia & Gabriel e no Pivô, ambos em São Paulo – foi desenvolvida em meio ao atual momento de intensa polarização política e busca representar a identidade coletiva dos movimentos de protesto no Brasil que lutam por justiça, liberdade e igualdade. Versões anteriores de The End of Signature já foram exibidas no Museu Solomon R. Guggenheim de Nova York (2015) e no Museu de Arte de Cleveland durante a FRONT International: Cleveland Triennial for Contemporary Art (2018), entre outros.


Part of a long research on collective intelligence in nature and culture, Agnieszka Kurant's The End of Signature is presented as a neon sign on the façade of Fortes D'Aloia & Gabriel in São Paulo, where it will remain for about six months. The special project anticipates the next exhibition by the Polish artist at Galeria, scheduled for 2019.

The piece addresses the substitution of individual authorship with hybrid, collective forms, as well as the decline of manual writing and its replacement by digital means of communication. To make this work, the artist collects signatures from members of various communities and aggregates them into a single inscription using software that she developed with a computer programmer. By developing these collective signatures for communities and social movements, Kurant explores the rising power of social capital, the aggregated value of which can be algorithmically calculated.

For the most recent iteration of this piece, at this moment of intense political polarization, Kurant collected signatures at Fortes D'Aloia & Gabriel and Pivô, both in São Paulo, seeking to represent the collective identity of the Brazilian nationwide protest movement, fighting for justice, freedom and equality. Previous versions of The End of Signature have already been exhibited at the Solomon R. Guggenheim Museum in New York (2015) and at the Cleveland Museum of Art during FRONT International: Cleveland Triennial for Contemporary Art (2018), among others.

Posted by Patricia Canetti at 8:51 PM

33ª Bienal de São Paulo - Afinidades afetivas

Sob o título Afinidades afetivas, 33ª Bienal abre em 7 de setembro e privilegia questões sobre a atenção, a experiência do público e dos artistas participantes

Modelo alternativo ao de temática única traz doze projetos individuais selecionados pelo curador-geral Gabriel Pérez-Barreiro e sete mostras coletivas organizadas por artistas-curadores convidados


De 7 de setembro a 9 de dezembro de 2018, a 33ª Bienal de São Paulo – Afinidades afetivas vai privilegiar a experiência individual do espectador. O título escolhido pelo curador-geral Gabriel Pérez-Barreiro – apontado pela Fundação Bienal de São Paulo para conceber a mostra – remete ao romance de Johann Wolfgang von Goethe Afinidades eletivas (1809) e à tese “Da natureza afetiva da forma na obra de arte” (1949), de Mário Pedrosa. (ler texto curatorial)

O título não pretende direcionar a exposição tematicamente, mas caracteriza sua organização a partir de afinidades artísticas e culturais entre os envolvidos. Presença e atenção são as premissas dessa edição, numa reação a um mundo de verdades prontas, no qual a fragmentação da informação e a dificuldade de concentração levam à alienação e à passividade.

Para esta edição, ao lado dos doze projetos individuais eleitos por Pérez-Barreiro, o curador-geral convidou sete artistas-curadores para conceber mostras coletivas com total liberdade na escolha dos artistas e seleção das obras – a única estipulação foi que incluíssem trabalhos de sua própria autoria.

Proposições curatoriais concebidas pelos artistas-curadores

Alejandro Cesarco | Aos nossos pais
A partir de seu interesse em questões como repetição, narrativa e tradução, Alejandro Cesarco (Uruguai/EUA, 1975) realiza Aos nossos pais, que “propõe questionamentos acerca de como o passado (a história) ao mesmo tempo possibilita e frustra potencialidades e de como ele pode ser reescrito pelo trabalho do artista, gerador de diferenças a partir de repetições”, explica. Além de Cesarco, participam da mostra artistas de três diferentes gerações, entre os quais Sturtevant (EUA, 1924 – França, 2014), Louise Lawler (EUA, 1947) e Cameron Rowland (EUA, 1988).

Antonio Ballester Moreno | sentido/comum
Antonio Ballester Moreno (Espanha, 1977) aborda sua curadoria na 33ª Bienal como forma de contextualizar um universo baseado na relação íntima entre biologia e cultura, com referências à história da abstração e sua interação com natureza, pedagogia e espiritualidade. Dentre os participantes, encontram-se o filósofo e pedagogo Friedrich Fröbel (Alemanha, 1782-1852) e Rafael Sánchez-Mateos Paniagua (Espanha, 1979), que contribuiu também com a publicação educativa Convite à atenção.

Claudia Fontes | O pássaro lento
Para sua exposição intitulada O pássaro lento​, Claudia Fontes (Argentina, 1964) parte de um livro fictício homônimo cujo conteúdo é desconhecido. Fontes e os artistas convidados apresentam trabalhos que ativam as aproximações entre artes visuais, literatura e tradução através de experiências que propõem uma temporalidade expandida. Todos os participantes, à exceção de Roderick Hietbrink, desenvolvem obras comissionadas.

Mamma Andersson | Stargazer II
Para sua exposição, Stargazer II, Mamma Andersson (Suécia, 1962) reúne um grupo de artistas que inspiram sua produção como pintora. “Estou interessada em artistas que trabalham com a melancolia e a introspecção como um modo de vida e uma forma de sobrevivência”, afirma Andersson. A seleção inclui Henry Darger (EUA, 1892-1973) e Dick Bengtsson (Suécia, 19361989); e artistas contemporâneos como a cineasta Gunvor Nelson (Suécia, 1931) e Åke Hodell (Suécia, 1919-2000), entre outros.

Sofia Borges | A infinita história das coisas ou o fim da tragédia do um
A curadoria de Sofia Borges (Brasil, 1984), A infinita história das coisas ou o fim da tragédia do um​, parte de uma leitura sobre a tragédia para investigar os limites da representação e da impossibilidade da linguagem enquanto instrumento de mediação do real. Em seu projeto expositivo, a seleção de obras específicas é acompanhada por trabalhos comissionados. Uma das particularidades da proposta é sua ativação por um programa de experimentações ao longo da Bienal, realizados por artistas convidados que podem ou não ter obras permanentemente instaladas na exposição.

Waltercio Caldas | Os aparecimentos
Waltercio Caldas (Brasil, 1946) projeta um espaço em que obras de artistas de períodos variados são confrontadas com trabalhos de sua autoria. “Visto que a produção de um artista trata de inúmeras questões que variam ao longo do tempo, escolhi obras que desviam do que mais se conhece de cada um deles e se destacam por seu valor e especificidade.” A partir de uma visão desafiadora do artista sobre sua própria obra e de enfrentamentos muitas vezes inusitados — como entre trabalhos de Victor Hugo (França, 1802-1885), Jorge Oteiza (Espanha, 1908-2003) e Vicente do Rego Monteiro (Brasil, 1899-1970) — abrem-se novas possibilidades de leitura.

Wura-Natasha Ogunji | sempre, nunca
Para seu projeto expositivo, composto exclusivamente por obras comissionadas, Wura-Natasha Ogunji (EUA/Nigéria, 1970) convidou cinco artistas de diferentes origens e nacionalidades para criar, assim como ela, novos trabalhos em um processo curatorial colaborativo e horizontal. “Suas investigações criativas abrangem do íntimo (corpo, memória, gesto) ao épico (história, país, cosmos)”, explica Ogunji. Em sempre/nunca, as seis artistas apresentam novos trabalhos que exploram o espaço e o lugar em relação ao corpo, à história e à arquitetura. “Desenvolvidos em um diálogo aberto entre artistas, seus projetos individuais e práticas entrecruzam ideias e questões sobre coragem, liberdade e experimentação, aspectos centrais do processo artístico”, complementa.

Doze projetos individuais selecionados por Gabriel Pérez-Barreiro

Entre os doze projetos individuais escolhidos pelo curador-geral, três deles são homenagens póstumas a Aníbal López (1964-2014, Guatemala), Feliciano Centurión (Paraguai, 1962 – Argentina, 1996) e Lucia Nogueira (Brasil, 1950 – Reino Unido, 1998). “Eu queria artistas que fossem históricos, mas ao mesmo tempo não consagrados. Trazê-los à Bienal é uma forma de resgatá-los do desaparecimento da história da arte e mostrá-los para as novas gerações”, diz Pérez-Barreiro. Para o curador, a realização dessas exposições também significa uma contribuição expressiva da Fundação Bienal na pesquisa, catalogação e recuperação desses acervos.

Aníbal López, também conhecido por A-1 53167, o número de sua cédula de identidade, foi um dos precursores da performance em seu país. Sua obra, que inclui vídeo, performance, live act e intervenções urbanas, entre outras formas de expressão, tem forte caráter político e se volta para questões de disputas entre fronteiras nacionais, culturas indígenas, abusos militares e até do mercado de arte. Compõem a mostra registros em vídeo e fotografias de ações efêmeras, realizadas como forma de protesto à objetificação e fetichização da arte.

O universo queer é abordado com delicadeza por Feliciano Centurión, que deixou seu país natal, o Paraguai, para radicar-se na Argentina, onde se tornou expoente da chamada geração “Rojas” (primeiros artistas a expor na galeria do Centro Cultural Rector Ricardo Rojas, da Universidad de Buenos Aires) até ser vitimado por complicações decorrentes da AIDS, aos 34 anos. Descendente de uma família de bordadeiras, o artista se apropria de práticas artesanais como linguagem para expressar elementos de sua história pessoal.

Ainda pouco conhecida no Brasil, a goiana Lucia Nogueira é uma figura essencial para compreender a arte britânica de seu tempo e desenvolveu uma carreira internacionalmente reconhecida. Suas esculturas e instalações, foco da individual incluída na 33ª Bienal, subvertem o utilitarismo de objetos com um humor sutil, tanto pela associação inusitada entre elementos quanto pelo jogo semântico constantemente presente em seus títulos, criando uma atmosfera de estranheza e poesia.

Projetos individuais de outros nove artistas, dos quais oito foram especialmente comissionados, completam a seleção de Pérez-Barreiro. Do grupo, o único a exibir um corpo de trabalho histórico é Siron Franco (Goiás Velho, Brasil, 1950), com a série de pinturas Césio/Rua 57. Nela, Franco eterniza a impressão de horror e isolamento causada pelo acidente radioativo acontecido em 1987 no Bairro Popular, em Goiânia, com o elemento Césio 137.

Os oito artistas com projetos comissionados têm em comum o desenvolvimento de trabalhos que não se encaixam numa estrutura temática. “São pesquisas complexas que funcionam individualmente e não precisam de um contexto adicional para que o espectador se relacione com os trabalhos”, explica Pérez-Barreiro.

O portenho Alejandro Corujeira (Argentina, 1961) possui uma concepção formal leve e fluida, que parece querer captar o movimento da natureza. Ele terá esculturas e pinturas apresentadas na mostra. Denise Milan (Brasil, 1954) cria esculturas e instalações com grandes pedras e cristais. Na 33ª Bienal, a artista exibirá uma grande instalação inédita a partir desses elementos.

O cotidiano serve de inspiração às obras de Maria Laet (Brasil, 1982), que exibirá um novo vídeo na 33 a Bienal, e de Vânia Mignone (Brasil, 1967), que trará pinturas inéditas que ressoam o aspecto lírico da música popular brasileira. Nelson Felix (Brasil, 1954) mostrará uma nova obra composta de três momentos. Os dois primeiros (ausentes no espaço expositivo da Bienal) são uma ação física no continente americano que catalisa o projeto e uma peça subsequente que sintetiza o trabalho como um todo, situada em um espaço público na cidade de São Paulo. O terceiro momento, exibido no Pavilhão da Bienal, compreende uma série de esculturas concebidas pelo artista como uma canção para o projeto.

As pesquisas de Bruno Moreschi (Brasil, 1982) e Luiza Crosman (Brasil, 1987) se relacionam com a corrente da crítica institucional e fogem de suportes artísticos tradicionais. “Com esses artistas teremos, dentro da exposição, um olhar crítico sobre como a arte funciona, é exibida e justificada”, afirma Pérez-Barreiro. Moreschi propõe, com seu projeto, um convite para pensar sobre a Bienal de uma maneira não tradicional através de um arquivo de experiências não oficiais, composto por uma série de documentos resultantes de ações desencadeadas por ele. Crosman, por sua vez, atua sobre práticas que são constitutivas da Bienal, mas que, a seu ver, não requerem ser imutáveis. Colaborações com Zazie Edições, Pedro Moraes e Negalê Jones aparecem não apenas como forma de conectar diversas pessoas em um projeto, mas como forma de maximizar seus efeitos, abordando, portanto, o conceito de escala.

Partindo de uma abordagem pessoal e poética, Tamar Guimarães (Brasil, 1967), que une uma abordagem crítica sobre as instituições a preocupações poéticas e narrativas, apresentará um novo vídeo produzido a partir de uma leitura de Memórias póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis, realizada em colaboração com atores profissionais e não profissionais e adaptada ao contexto institucional e à história da Fundação Bienal.

Programação pública

Um programa de encontros, palestras, performances e ativações de obra acontecem nos espaços da 33ª Bienal com periodicidade semanal. Para saber mais, acesse 33.bienal.org.br/agenda

Às quintas-feiras, o programa Des/re/organizações afetivas, organizado pela consultora Marília Loureiro, parte das investigações curatoriais para trazer encontros com instituições, grupos e iniciativas que efetuaram mudanças significativas em seus sistemas originais.

Em novembro, o simpósio Práticas de atenção, concebido por Stephanie Hessler e D. Graham Burnett, reúne conversas, oficinas e performances em torno de um dos temas centrais da 33ª Bienal.

Adicionalmente, os artistas Wura-Natasha Ogunji, Nicole Vlado, Lhola Amira, Tal Isaac Hadad e Luiza Crosman terão performances e ativações de suas obras distribuídas em eventos no espaço, e os artistas Bruno Moreschi e Rafael Sánchez-Mateos Paniágua têm ativações em plataformas online.

Cartaz e publicação educativa

Para conceber o cartaz desta edição, Raul Loureiro utilizou a reprodução da obra Formas expressivas (1932), de Hans (Jean) Arp, uma pintura com madeira em relevo, acompanhada por elementos tipográficos.

A 33ª Bienal apresenta ainda sua publicação educativa, elaborada pela equipe da Fundação Bienal com consultoria de Lilian L’Abbate Kelian e Helena Freire Weffort. Sob o título Convite à atenção, o material propõe atividades distintas, que podem ser realizadas individualmente ou em grupos, e que convidam a vivenciar a arte. A peça, com colagens inéditas feitas pelo artista-curador Antonio Ballester Moreno propõe um conjunto de experiências cujo uso não está restrito à 33ª Bienal, mas a diversas obras e contextos. A versão impressa será entregue aos alunos que visitarem a mostra, mas o público em geral pode acessar sua versão online, disponível no site bienal.org.br e no aplicativo da 33ª edição.

Antes e durante toda a Bienal, o programa educativo promove uma série de encontros entre os funcionários do Parque Ibirapuera interessados em participar das dinâmicas propostas no material educativo. Com essa iniciativa, a Fundação Bienal visa ampliar o alcance de público e fortalecer as relações com seu entorno.

Plataformas digitais – Spotify e aplicativo mobile

Em 2018, a Bienal aumenta sua inserção em plataformas digitais:

O tradicional site bienal.org.br está redirecionado para o hotsite da 33ª edição.

O audioguia audio33.bienal.org.br traz cerca de 50 faixas em que os artistas da 33ª Bienal utilizam o som e as narrativas como extensão de suas práticas. As transcrições e traduções dos áudios estão disponíveis abaixo dos players.

A plataforma de streaming Spotify fez parceria inédita com a instituição e também disponibiliza o conteúdo do audioguia como podcast, a ser acessado pelos celulares dos visitantes. Além disso, playlists de seleções musicais feitas pelos artistas participantes podem ser escutadas na plataforma.

No webapp app33.bienal.org.br, o usuário encontra os conteúdos da exposição, além de uma versão digital e jogável da publicação educativa Convite à atenção (que propõe quatro etapas de exercícios de atenção) e de atividades especialmente desenvolvidas para esse suporte.

Expografia

A expografia da 33ª Bienal, concebida pelo arquiteto Alvaro Razuk, prevê a criação de áreas livres para descanso e reflexão entre as diferentes proposições expositivas, em consonância com a proposta de Pérez-Barreiro de criação de espaços favoráveis a desacelerar, observar e compartilhar experiências.

Publicações

O projeto editorial da 33ª Bienal serve como uma plataforma que expande a atuação dos artistas da mostra, uma vez que permite aos mesmos explorarem o formato de livro de artista como complementar à exposição. O catálogo da 33ª Bienal reúne um conjunto de dezenove publicações, no formato de brochuras e pôsteres, desenvolvidas em colaboração com a equipe da Fundação Bienal e a consultora editorial Fabiana Werneck.

Com previsão de lançamento e circulação para o final de setembro, uma publicação complementar apresenta registros fotográficos da exposição, um ensaio visual do fotógrafo Mauro Restiffe, textos e entrevistas. Na peça, os artistas-curadores comentam o desenvolvimento de suas seleções para a edição e como seus próprios trabalhos responderam à proposta.

Residências artísticas

Por meio da parceria com o Programa Residência Artística FAAP, estabelecida a partir da 27ª Bienal (2006) e renovada a cada edição, cinco artistas da 33ª Bienal estiveram em residência em São Paulo para desenvolver seus projetos na mostra: Lhola Amira (África do Sul, 1984), Luiza Crosman (Brasil, 1987), Mame-Diarra Niang (França, 1982), Tal Isaac Hadad (França, 1976) e Tamar Guimarães (Brasil, 1967).

Posted by Patricia Canetti at 8:10 PM

setembro 2, 2018

AI-5 50 anos - Ainda não terminou de acabar no Tomie Ohtake, São Paulo

“Para que pode servir uma instituição de arte em um país como o Brasil, hoje, em 2018? Embora isso não chegue diretamente ao olhar dos visitantes, essa é uma pergunta que as equipes do Instituto Tomie Ohtake enfrentam cotidianamente, no trato com as responsabilidades intrínsecas aos trabalhos desenvolvidos. As respostas para isso são muitas e uma delas passa pela revisão contínua da história da arte dentro da história mais ampla da sociedade, acreditando que tanto uma quanto a outra podem aparecer de forma renovada quando colocadas em tensão”.

A partir dessa reflexão, assinalada pelo Instituto Tomie Ohtake, nasce AI-5 50 ANOS – Ainda não terminou de acabar, exposição que busca discutir os custos da retirada de direitos democráticos para o imaginário cultural do País, em resposta aos 50 anos do Ato Institucional No. 5, marco do agravamento do totalitarismo da ditadura civil-militar brasileira (1964-1985).

Conforme o curador Paulo Miyada, a pesquisa tem como núcleo a produção de artes visuais do período, com obras, ideias e iniciativas que nasceram em tensão com a interdição da própria opinião política, que chegou a ser virtualmente criminalizada pelas práticas de censura e repressão. Em alguns casos, as obras reunidas foram proibidas, destruídas ou subsistiram ocultas; em outros, sua circulação foi seriamente contida e seus modos de expressão passaram por codificações e táticas de resistência.

Como uma exposição-ensaio, AI-5 50 ANOS – Ainda não terminou de acabar propõe um percurso que passa por diversos estágios de restrição dos direitos democráticos e destaca múltiplas atitudes de contestação, grito e reflexão. Há também espaço para textos e documentos de contextualização, além de algumas obras comissionadas de artistas mais jovens, que conheceram o período por meio da história.

Segundo Miyada, uma das contribuições que a arte pode oferecer mesmo durante os arcos mais sombrios da história humana é a sua capacidade de ampliar o campo do que pode ser dito e sentido frente aos limites e interdições da linguagem. “Com isso em mente, é possível considerar que esta mostra não é apenas um memorial de silenciamentos e perdas, mas também de reinvenções e resistências, com apelos que se endereçaram à sociedade de então e continuam em aberto para os cidadãos de hoje”, completa o curador.

A exposição está dividida em seis núcleos:

1. Censura no período da ditadura civil-militar frente a frente com a emergência da ideia de “opinião” na produção artística entre 1964-1968. Apresenta exemplos de engajamento crítico das vanguardas artísticas e o acirramento gradual de mecanismos de silenciamento que fizeram um arco desde casos de censura moral até ataques explícitos à liberdade de expressão e crítica.
Destaques desse núcleo: Textos de Hélio Oiticica e obras de Cybele Varela e Carlos Vergara, fotografias de Evandro Teixeira e projeto não realizado de Carmela Gross.

2. Criminalização da própria opinião após o AI-5 e transformação das tendências artísticas que, com o acirramento das estratégias de repressão, alcançaram seu ponto de máxima tensão entre 1968 e 1970. Discute como artistas que integraram ativamente a transformação da arte brasileira na segunda metade da década de 1960 produziram obras limítrofes, radicais e de contestação, muitas vezes de perto (ou de dentro) de episódios de prisão, exílio, tortura e coerção.
Destaques desse núcleo: Depoimento de Gilberto Gil, obras e depoimentos de Claudio Tozzi e Carlos ZIlio, depoimento de José Carlos Dias, obras de Antonio Henrique Amaral e Anna Bella Geiger, obras e caderno inédito de Antonio Dias.

3. Produção da chamada “geração de guerrilha”, que ganhou espaço na arte brasileira entre 1969 e 1970 e constantemente emulou em seus processos criativos táticas de infiltração, resistência e indistinção típicos de movimentos de guerrilha urbana. Trata-se, também, de uma produção que buscou ocupar espaços nas bordas ou fora do circuito artístico institucional, além de reagir a tentativas de censura e/ou enquadramento formal de suas proposições.
Destaques desse núcleo: Obras de Antonio Manuel, Artur Barrio e Cildo Meireles. Contraposições e contrastes: Carlos Pasquetti, Regina Vater e Nelson Leirner.

4. Arte na década de 1970 e recursos de busca de liberdade e crítica em um país autoritário. Levantamento de caminhos apesar dos interditos, que passaram pelo teor libidinoso e lúdico da produção chamada de “marginal”; pela formação de circuitos subterrâneos de distribuição, como cineclubes e redes de arte correio; e por experimentação de modelos linguísticos com alto grau de codificação e desenvolvimento conceitual.
Destaques desse núcleo: Obras de Wlademir Dias-Pino, Paulo Bruscky, Regina Silveira, Regina Vater e filmes de José Agrippino de Paula e Ivan Cardoso.

5. Críticas ao desenvolvimentismo do ideal de país promovido pela ditadura. Seleção de obras que apontam para a resistência ao otimismo nacionalista impulsionado pela retórica de ocupação da Amazônia, megalomaníaco e inconsequente com reflexões ecológicas e os direitos das populações indígenas.
Destaques desse núcleo: Obras e livros de Claudia Andujar, obra de Cildo Meireles e filme de Jorge Bodanzky.

6. Reflexão sobre a crise institucional que alcançou o processo de “abertura democrática”, aplicado ao caso das instituições artísticas, a exemplo de tantas outras áreas, não passaram por um processo cuidadoso e amplo de reconstrução e revisão de suas premissas com o final da ditadura na década de 1980.

Os assuntos em destaque são proposições provocativas para o campo artístico, todas interrompidas ou descontinuadas: a criação do Museu da Solidariedade no Chile, por Mario Pedrosa; a proposição do Museu das Origens após o incêndio do Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro, também por Mario Pedrosa; e o Encontro de Críticos de Arte da América Latina, organizado por Aracy Amaral com o intuito de rediscutir as premissas da Bienal de São Paulo.

Posted by Patricia Canetti at 1:11 PM

Siron Franco na Marcelo Guarnieri, São Paulo

A exposição Em nome de Deus reúne 13 obras que evocam a questão das disputas religiosas e das simbologias elaboradas a partir delas. Siron Franco explora a representação do corpo humano em imagens estilhaçadas ou espectrais que nos dão acesso à relação paradoxal entre a sacralidade e a violência.

A formação religiosa que teve quando criança lhe permitiu ver de dentro e refletir sobre tais questões durante toda sua produção artística, mas a vandalização de algumas de suas obras públicas nos últimos anos o fizeram pensar sobre elas a partir de outra perspectiva. O artista preparou para essa exposição um ensaio que é composto não só por pinturas, mas também por objetos, caso do bezerro de "Esqueleto do Bezerro de Ouro", um dos muitos bichos que já habitaram suas telas e que agora reaparece em seu corpo real. A obra faz referência ao mito do Bezerro de Ouro, ídolo confeccionado por Aarão a fim de suprir a ausência de seu irmão Moisés que havia subido o monte Sinai para receber os mandamentos de Deus. À pedido do povo, ansioso por uma liderança que os guiasse, Aarão produziu tal escultura com as jóias das mulheres, contrariando os princípios bíblicos que condenavam a idolatria. As jóias simbolizariam o ego, o pedido do povo foi interpretado como uma idolatria a si mesmos, um deus que servisse ao seu bel-prazer. Na linguagem corrente, a expressão "bezerro de ouro" tornou-se sinônimo de um falso ídolo, ou de um falso "deus" por exemplo, simbolicamente, o dinheiro. Coberto por folhas de ouro, a representação do Bezerro na obra de Siron agora é dada por seu esqueleto e ainda que seja associado à morte ou infortúnio, ganha ares de divindade e beleza.

As relações ambíguas entre forma e conteúdo se estendem, alcançando também suas pinturas. A imagem do corpo humano é uma frequente, embora nunca revelado em sua totalidade. Fazendo uso de sobreposições de camadas de tinta, de formas e de pinceladas variadas, Franco nos permite acessar apenas fragmentos, corpos desmembrados ou sufocados, visíveis apenas por frestas. Silhuetas, sombras e múmias compõem um universo que nos remete ao Egito Antigo, já o uso do spray e de certos grafismos nos trazem de volta ao tempo presente, remetendo às pichações. Do aglomerado de tinta de algumas telas, brotam rostos - ora perturbados, ora inexpressivos -, traços vigorosos que lembram arranhões ou cordas para amarrar. A representação do corpo vai além da figuração e pode ser observada também nos gestos que o próprio artista emprega em sua prática, evidentes na superfície pastosa da pintura. Nem tudo pode ser visto a olho nu ou nem mesmo nos é permitido ser visto: máximas do discurso sacro que na obra de Siron Franco adquirem um sentido filosófico.

Esse jogo de revelar e ocultar associado ao vocabulário utilizado por Siron Franco nos leva a pensar sobre a poderosa relação que a humanidade construiu com o sagrado e com a adoração, nem totalmente divina e nem totalmente infernal, complexa e enigmática.

Siron Franco nasceu em 1947 na cidade de Goiás Velho, no estado de Goiás. Atualmente vive e trabalha na cidade de Goiânia.

Sua produção é reconhecida desde a década de 1970, tendo participado ao longo de sua carreira de exposições em importantes museus nacionais e internacionais como MASP, MAM-RJ, MAM-SP, Pinacoteca do Estado de São Paulo, The Metropolitan Museum of Art e The Bronx Museum of the Arts nos Estados Unidos e Nagoya City Art Museum no Japão. Participou da 2ª Bienal de Havana, de diversas edições do Panorama da Arte Brasileira do MAM-SP e da Bienal Internacional de São Paulo, sendo premiado na 13ª edição.

Seus trabalhos resultam de uma relação intensa com a matéria, facilmente observável nas generosas camadas de tinta a óleo que utiliza em suas pinturas, ou na diversidade de materiais brutos que escolhe para compor suas esculturas ou instalações, tal qual o concreto, aço, chumbo, mármore e resina. Essa intensidade ganha ares dramáticos nos corpos ou fragmentos de corpos que retrata com frequência, sejam corpos de bichos, de gente, de santos, mortos ou vivos. O ar soturno do universo que criou ao longo de seus cinquenta anos de atividade incorpora a sátira e o absurdo para abordar questões políticas e sociais, como a relação violenta e desequilibrada que o homem possui com a natureza e com a sua própria humanidade.

Este ano, Siron Franco participa da 33ª Bienal de São Paulo. No ano passado participou das exposições Siron Franco em 38 obras: 1974-2017, na Biblioteca Mário de Andrade, Attenzione Fragile, na Embaixada do Brasil em Roma e Caution Fragile, na Embaixada do Brasil em Londres.

Posted by Patricia Canetti at 12:42 PM

Patricio Farías na Bolsa de Arte, São Paulo

Através de materiais e simbologia, Patricio Farías explora a possibilidade imagética dos objetos

A galeria Bolsa de Arte tem o prazer de apresentar, a partir de 3 de setembro, às 17h, Desauras e Outras Coisas de Patricio Farías, primeira individual do artista chileno radicado no Brasil, em São Paulo. A exposição é composta por esculturas, instalações, maquetes, objetos e montagens fotográficas, abrangendo sua produção artística dos anos 1980 até a atualidade.

Na ocasião da abertura, ocorre lançamento do livro que recapitula a trajetória do artista. Organizado pelo poeta e crítico espanhol Adolfo Montejo Navas, a publicação editada pela Iluminuras tem 368 páginas e capa dura, ricamente ilustrada com imagens e textos críticos sobre sua produção.

Escultor, desenhista, gravador e professor, Patricio Farías (1940) faz parte de uma geração de artistas que, na década de 1970, incorporou novas linguagens à arte contemporânea latino-americana, ampliando os temas e suportes de sua produção. Ele mudou-se para o Brasil em 1981, fugindo da ditadura militar chilena, onde mantinha atividades ligadas ao movimento de esquerda. Morou em São Paulo mas fixou residência em Porto Alegre, onde começou a concentrar-se na produção escultural.

Nesta sua primeira individual na cidade, a curadoria selecionou um panorama bastante abrangente de sua extensa produção. Utilizando-se de técnicas artesanais administradas com maestria em um processo construtivo muito particular, o artista transforma materiais como madeira, tecido, e metais, como chumbo e ferro, em formas extremamente criativas, resultando em experiências visuais que flertam com os símbolos, com a linguagem, algumas com componentes de ironia e humor.

Destaques de sua mais recente produção, os maquinários alados são de enorme fascínio visual. Caracterizados pela robustez, leveza e flexibilidade que nos faz lembrar dos visionários artefatos de Leonardo da Vinci, estruturas híbridas com asas imponentes são criadas para fazer do desejo de voar um gesto quase possível.

Muitos de seus objetos também explicitam referências duchampianas, valorizando jogos de linguagens e humor, problematizando a representação visual e os hábitos perceptivos do espectador. Existem nesses trabalhos uma atitude crítica face aos códigos visuais da sociedade de consumo e à inserção da arte nessa lógica. Outro grande destaque da exposição é a grandiosa instalação “Grande Vidro”, obra de Duchamp revisitada pelas mãos de Farías em três dimensões. A obra já foi exibida no atrium do MARGS, em 2012, e será remontada nesta mostra.

A provocação direta e a transposição dos limites perceptivos na obra de Farías parece mediar o lúdico e o conceitual, o humor e a crítica, a fantasia e a realidade, ativando novas possibilidades conceituais e expressivas na arte contemporânea.

Posted by Patricia Canetti at 10:04 AM

Bárbara Wagner & Benjamin de Burca na Fortes D'Aloia & Gabriel - Galeria, São Paulo

A Fortes D’Aloia & Gabriel tem o prazer de apresentar RISE, a primeira exposição de Bárbara Wagner & Benjamin de Burca na Galeria, exibindo a mais recente colaboração em filme da dupla. Comissionado pelo AGYU (Art Gallery of York University, Toronto), o trabalho investiga o universo musical de um grupo de jovens poetas, rappers e cantores que se reúnem semanalmente em um centro comunitário em Scarborough, periferia de Toronto, no Canadá.

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RISE – sigla que designa “Reaching Intelligent Souls Everywhere” – é um movimento criado pelo poeta canadense Randell Adjei em torno da prática do spoken-word que desde 2012 promove encontros onde poesia e música são usadas para compartilhar histórias e experiências pessoais. Seis anos após sua fundação, RISE transformou-se em uma plataforma expandida de arte que encoraja a iniciação de torontonianos no campo das artes performáticas a partir do conceito de edutainment – misto de education e entertainment. O movimento é formado por fatias historicamente marginalizadas da população da cidade, em sua maioria jovens da primeira geração de ascendência africana e caribenha nascida no Canadá.

No filme, Bárbara Wagner & Benjamin de Burca lançam um olhar sobre estes artistas cuja poética subverte os códigos e signos usuais da indústria norte-americana do rap e do hip hop como a glorificação do crime e da objetificação do corpo feminino. Em seu lugar, entram em cena as narrativas do próprio elenco – todo material textual e musical é de autoria desses personagens – que exaltam valores como o amor, o trabalho e a justiça. A performance diante da câmera acontece em uma estação de metrô, parte de uma linha recém inaugurada que permaneceu em obras por cerca de 20 anos. As novas galerias subterrâneas de Toronto simbolizam a conexão do centro da cidade com zonas periféricas como a de Scarbourough, revelando a dimensão alegórica de sua escolha como cenário.

No corpo de suas obras, Bárbara e Benjamin desenvolvem uma prática colaborativa em que as decisões são tomadas bilateralmente entre a dupla e seus retratados. Seus filmes tomam a forma de musicais que desafiam as convenções de gênero à medida em que as dimensões ficcionais e documentais tornam-se híbridas para instaurar um terceiro território de linguagem. Como em uma hip hopera em quatro atos, RISE emprega ritmo e poesia como catalisadores de um complexo contexto diaspórico e multicultural.

Bárbara Wagner (Brasília, 1980) e Benjamin de Burca (Munique, 1975) vivem no Recife, onde trabalham em colaboração desde 2011. Entre as individuais recentes da dupla, destacam-se: Bárbara Wagner & Benjamin de Burca, AGYU (Toronto, 2018); e Aspirations, MOCAD (Detroit, 2017). Entre as coletivas, destaque para a participação em: FRONT International - Cleveland Triennial (Cleveland, 2018); Corpo a Corpo, IMS (São Paulo, 2017, e Rio de Janeiro, 2018); Berlinale Shorts (Berlim, 2017 e 2018); Panorama de Arte Brasileira (São Paulo, 2017 e 2013); Prêmio PIPA, MAM (Rio de Janeiro, 2017); Skulptur Projekte (Münster, 2017); Bienal de São Paulo (2016); Histórias da Infância, MASP (São Paulo, 2017); 36. EVA International (Limerick, 2014); Biennale Arts Actuels (Reunião, 2013); Suas obras estão presente em diversas coleções importantes, entre as quais: MASP (São Paulo), MAM (São Paulo), Museum Het Domein (Sittard, Holanda), CIFO (Miami, EUA), entre outras.


Fortes D'Aloia & Gabriel is pleased to present RISE, the first exhibition by Bárbara Wagner & Benjamin de Burca at Galeria, showing the most recent film collaboration from the duo. Commissioned by AGYU (Art Gallery of York University, Toronto), the piece investigates the musical universe of a community of young poets, rappers, and singers who meet weekly at a community center in Scarborough, on the outskirts of Toronto, Canada.

RISE – acronym for “Reaching Intelligent Souls Everywhere” – is a movement created by the Canadian poet Randell Adjei around the practice of spoken-word, which since 2012 organizes meetings where poetry and music are used to share stories and personal experiences. Six years after its founding, RISE has become an expanded art platform that encourages the introduction of Torontonians to the field of performing arts through the concept of edutainment – a mix of education and entertainment. The movement is made up of historically marginalized slices of the city's population, which are comprised mainly of young people from the first generation of African and Caribbean descendants born in Canada.

In the film, Bárbara Wagner & Benjamin de Burca direct their gaze towards this new generation of artists whose poetics subvert the usual codes and signs of the American rap and hip-hop industry, such as the glorification of crime and objectification of the female body. In exchange, the narratives of the film's cast come into play – all textual and musical material of the film was created by the characters –, highlighting values such as love, work, and justice. The performance for the camera takes place in a subway station, part of a newly inaugurated line that has undergone building work for about 20 years. Toronto's new underground galleries symbolize the connection between the city center and its outskirts, such as Scarborough, thus revealing the allegorical dimension of choosing them as a setting.

In their body of works, Bárbara and Benjamin develop a collaborative practice in which decisions are taken bilaterally between the duo and the ones they portray. Their films take the form of musicals that defy conventional notions of genre insofar as the fictional and documentary dimensions become hybrid in order to establish a third language-territory. As in a hip hopera in four acts, RISE employs rhythm and poetry as catalysts of a complex diasporic and multicultural context.

Bárbara Wagner (Brasília, 1980) and Benjamin de Burca (Munich, 1975) live in Recife, where they collaborate since 2011. Among the duo's solo shows are: Bárbara Wagner & Benjamin de Burca, AGYU (Toronto, 2018); and Aspirations, MOCAD (Detroit, 2017). Among their group shows, the highlights are: FRONT International - Cleveland Triennial (Cleveland, 2018); Corpo a Corpo, IMS (São Paulo, 2017, and Rio de Janeiro, 2018); Berlinale Shorts (Berlin, 2017 and 2018); Panorama de Arte Brasileira (São Paulo, 2017 and 2013); PIPA Awards, MAM (Rio de Janeiro, 2017); Skulptur Projekte (Münster, 2017); Bienal de Arte de São Paulo (2016); Histórias da Infância, MASP (São Paulo, 2017); 36. EVA International (Limerick, 2014); Biennale Arts Actuels (Réunion, 2013). Their works are part of several important collections, among them: MASP (São Paulo), MAM (São Paulo), Museum Het Domein (Sittard, Holland), CIFO (Miami, USA), among others.

Posted by Patricia Canetti at 7:38 AM