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fevereiro 5, 2017

A Terceira Mão na Fortes D’Aloia & Gabriel, São Paulo

Temos o prazer de apresentar A Terceira Mão, exposição coletiva sob curadoria de Erika Verzutti que abre a programação 2017 da Fortes D’Aloia & Gabriel. A mostra reúne um conjunto de pinturas que têm em comum a tridimensionalidade e o uso de objetos em sua superfície. Essa questão, recorrente na pintura contemporânea, também permeia a obra da própria artista, que cada vez mais trabalha esculturas que migram para a parede.

[scroll down for English version]

A “terceira mão” do título alude a um ritual de finalização, onde penas, dedos, ovos, sangue, cabelos, cigarro e dinheiro são adicionados no momento final de produção da obra. É também uma citação enviesada do processo descrito por Philip Guston1, no qual uma presença externa (divina?) interfere nas decisões do artista. Diferentemente dos objetos adicionados para encorpar telas expressionistas abstratas, estes trabalhos demonstram outras motivações, não exclusivas à pintura, mas relacionadas ao atual “estado da imagem”.

A leitura de imagem na contemporaneidade está permeada de percepções híbridas e imateriais, e se dá através de telas de computadores e telefones, em combinações de emojis e caracteres. Mas diferentemente do engajamento analítico da arte pós-internet, que se utiliza dessa mesma linguagem, essas obras relacionam-se de forma oposta e abraçam a riqueza e os desafios da visualidade com suas abordagens intuitivas. São trabalhos que permitem uma maior discussão sobre a diversidade das mídias, além dos papéis da arte, do artista e do espectador dos dias atuais.

A pintura Adriano, 2015, de Pedro Caetano, traz uma face caolha colorida como nas histórias em quadrinhos, apontando um cigarro aceso para fora da tela. Com uma linguagem similar, Divine Tree, 2015, de Matthew Lutz-Kinoy, apresenta uma orgia de macacos em grande proporção no teto da galeria, forçando o espectador a desviar o olhar para adentrar no mundo extraordinário dos protagonistas. Já Daniel Rios Rodriguez e Gokula Stoffel exploram a materialidade em seus trabalhos. Enquanto Rodriguez reúne objetos de origem natural e sintética em New Walk, 2015/2016, numa combinação abstrata de cores sóbrias e quentes, Stoffel na obra Véu, 2016, aborda a intimidade e aos laços afetivos através de uma composição formada por uma trança de cabelos sintéticos, uma peça de tear e um lençol branco usado por um casal durante dez anos.

Gabriel Lima, Francesco João Scavarda e Adriana Varejão trabalham técnicas clássicas em suas pinturas. Lima utiliza tinta óleo e acrílica para compor a tela Untitled, 2017, que lembra um cenário espacial, mas logo nos traz de volta com as sete peças de dominós coladas em sua superfície. O guache é usado por Scavarda em Untitled, 2017, para retratar talhas remendadas por fitas adesivas, sugerindo lesões em um mar cinza infinito. Quadro Ferido, 1992, obra histórica de Varejão, traz um ferimento exposto diretamente na representação pictórica de uma narrativa colonial.

A artista alemã Isa Genzken mostra Geldbild X, 2014, uma tela com notas e moedas coladas, numa tentativa de desassociá-las de sua função primária para exaltar matéria, forma e iconologia. Diferentemente de Genzken, Daniel Sinsel incorpora materiais orgânicos como sementes ou peles de animais em composições que perpassam a superfície bidimensional da tela. Em Untitled, 2012, quatro dedos extrapolam os limites da tela, ao passo que em Untitled, 2013, sementes de castanhas não conseguem sobrepor as tramas.

Os trabalhos de Daniel Albuquerque e Erika Verzutti representam a própria tela e trazem o relevo como mídia. Em Untitled, 2016, Albuquerque pinta diretamente na parede com tinta spray verde e vermelho, que é sobreposta por uma peça manufaturada em tricô de cores terrosas, alterando a percepção das cores. Verzutti, em Paisagem com Ovos, 2017, utiliza um material clássico como o bronze para situar ovos de codorna na parte inferior transformando a sua superfície.

1 Conversations with Philip Guston. Filme dirigido por Michael Blackwood, encontrado aqui.


We are pleased to present The Third Hand, a group show curated by Erika Verzutti, opening the 2017 programming at Fortes D’Aloia & Gabriel. The exhibition brings together a set of paintings that commonly share tri-dimensionality and the use of objects on their surface. This issue, recurrent in contemporary painting, also pervades the work of the artist herself, who has been progressively working with sculptures that migrate to the wall.

The exhibition title “the third hand” is an allusion to a finalizing ritual, in which feathers, fingers, eggs, blood, hair, cigarette and money are added at the end of the work production. It is also a skewed reference to a process described by Philip Guston1, in which an external presence (a divine one?) interferes in the artist´s decisions. Unlike those objects added to embody abstract expressionist canvases, these pieces denote distinct motivations, not exclusive to painting, but related to the current “state of the image”.

Image reading in our contemporary time is permeated with both hybrid and immaterial perceptions, and it comes about through computers and phones screens, through combinations of emojis and characters. But differently from the analytical engagement of the post-internet art, which makes use of such languages, these pieces establish a connection in an opposite manner, embracing the richness and challenges of the visual with their intuitive approaches. They are pieces that allow a greater discussion on media diversity, as well as the roles of the art, the artist, and the viewer of the present time.

The painting Adriano, 2015, by Pedro Caetano, shows a colorful one-eyed face as in comic strips, sticking a lit cigarette out of the canvas. With a similar language, Matthew Lutz-Kinov´s Divine Tree, 2015, portrays a large-scale orgy of monkeys on the gallery ceiling, compelling the viewer to deflect the eye to enter the extraordinary world of the protagonists. Daniel Rios Rodriguez and Gokula Stoffel, in turn, explore the materiality in their works. Rodriguez gathers together natural and synthetic objects in New Walk, 2015/2016, in an abstract combination of somber and warm colors, whereas Stoffel in Véu [Veil], 2016, approaches intimacy and emotional ties through a composition formed by a braid of synthetic hair, a piece of a weaver´s loom and a white sheet used by a couple for ten years.

Gabriel Lima, Francesco João Scavarda and Adriana Varejão apply classic techniques in their paintings. Lima uses oil and acrylic paint to compose Untitled, 2017, which resembles an outer space scene, but it immediately brings us back with the seven pieces of dominoes glued on its surface. Gouache is used by Scavarda in Untitled, 2017, to portray carvings patched with adhesive tape, suggesting lesions on an infinite gray sea. Quadro Ferido, 1992, a historic work by Varejão, brings an injury exposed directly in the pictorial representation of a colonial narrative.

The German artist Isa Genzken shows Geldbild X, 2014, a piece composed of bills and coins glued together in an attempt to dissociate these from their primary function to exalt matter, form and iconology. Unlike Genzken, Daniel Sinsel incorporates organic material such as seeds or animal skin in compositions that surpass the two-dimensional surface of the canvas. In Untitled, 2012, four fingers extrapolate the edges of the canvas, whereas in Untitled, 2013, nut seeds can not superpose the texture.

The works from Daniel de Albuquerque and Erika Verzutti represent the canvas itself, bringing relief as media. In Untitled, 2016, Albuquerque paints directly on the wall using green and red spray paint, overlaid by an earthy-colored knitted piece, thus altering the color perception. Verzutti, uses in Paisagem com Ovos [Landscape with Eggs], 2017, a classic material such as bronze to place quail eggs at the bottom of the piece, transforming its surface.

[1] Conversations with Philip Guston. Film directed by Michael Blackwood, available here.

Posted by Patricia Canetti at 4:59 PM