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abril 27, 2021

O tempo é agora, tempo de espera por Laura Belém

O tempo é agora, tempo de espera

LAURA BELÉM

O que o passado, o presente e o futuro compartilham é um substrato, uma base de atemporalidade. A linguagem da arte pictórica, por ser estática, é a linguagem dessa atemporalidade. Mas o que ela aborda – ao contrário da geometria – é o sensual, o particular e o efêmero. [1]
John Berger
O trabalho de arte deve possibilitar o contato com o desconhecido e consigo mesmo, com nossas próprias questões e com a imaginação. [2]
Cao Guimarães

Na praça onde moro, bandos de maritacas cantam em algazarra, celebrando o início e o fim de cada dia. O céu de outono vai aos poucos revelando um azul mais profundo que o do verão, apesar do calor que paira no ar, turvando-o, e dos rumores da chuva que ainda não caiu. A cidade é menos ruidosa que São Paulo, e ao escalar a Serra do Curral, a 1.300 metros de altitude do nível do mar, ouvem-se menos ruídos ainda, o que dá a impressão de que o tempo está em suspensão.

[scroll down for English version]

Desde o começo dos anos 2000, venho trabalhando com uma série de linguagens, incluindo a instalação, a escultura, o desenho, a colagem, a fotografia, o som e o vídeo. Os materiais e técnicas variam de acordo com a intenção e o conceito de cada projeto. Minha prática é guiada pela observação, experimentação, e diálogo com entorno, o que com frequência leva a trabalhos que podemos chamar de ‘context responsive’. O trabalho nasce dessa mescla do mundo exterior com o mundo interior – sentimentos, sensações, e uma ponte entre o visível e o invisível. Por outro lado, intenciono sensibilizar um aumento da consciência do que está ao nosso redor, da forma como nos relacionamos com o mundo, e da minha própria consciência.

Comecei com uma pequena colina, um pouco acima e ao norte de um campo onde eu estava juntando palha. Nesta colina havia três pereiras negligenciadas, duas plenamente verdes e uma acinzentada, sem folhas e morta.

Atrás delas, o céu azul com grandes nuvens brancas.
Esse pequeno canto da paisagem – que até então eu nunca tinha reparado – me chamou a atenção e me encantou. Encantou-me como um rosto que vemos passando por nós na rua, desconhecido, e até mesmo esquecível, mas por algum motivo encantador, ao sugerir uma vida que está sendo vivida. [3]
John Berger

Os trabalhos reunidos nesta exposição foram produzidos entre 2017 e 2020, e o seu suporte é o papel. Há também um vídeo que traz uma folha de papel sendo perfurada por um incenso. Todos eles dialogam com a natureza, o tempo, a transiência, e um espaço entre as coisas. A natureza não é uma temática em si em minha poética, mas uma ponte com o mundo, e por isso considero que os trabalhos são criados a partir da natureza, em diálogo com ela, e não sobre ela.

Qual o lugar essas obras ocupam na minha criação? A fotografia, o desenho, a colagem, a monotipia, e mesmo o vídeo em questão, são como notas silenciosas num papel. Esses trabalhos não são da esfera do espetáculo, não revelam tudo, mas sugerem histórias e relações com o mundo. São motivados por algo que me atravessou, por uma impressão que ficou no canto do olhar, ou por sentimentos que pedem para ser revisitados.

Colhi uma folha de todas as espécies diferentes nesse pequeno jardim e as montei na superfície de um papel.
Uma infinidade de formas se tornou visível em ‘formas do jardim’. [4]
Herman de Vries

A superfície do papel e o frame do vídeo são muito diferentes do espaço real e tridimensional. Compor nesses planos é sempre uma incógnita, um pouco como um exercício experimental. O movimento presente em algumas composições (ainda que sejam estáticas) quase sempre começa fora do atelier, com caminhadas que colocam o corpo e o olhar em movimento e instigam a percepção do espaço, a coleta de elementos, e a criação de novas narrativas. Não é um exercício de representação, mas de deslocamento e de relação com as coisas. Esses trabalhos não partem de um roteiro prévio, e por isso mesmo são potencializados pelo acaso.

Vivências com a dança contemporânea, com a improvisação do movimento e jam sessions com bailarinos, músicos e outros artistas durante os anos 1990 criaram impressões que até hoje influenciam não apenas a minha percepção espacial, mas também o meu olhar e processo de criação - a experimentação e a improvisação são desde então solos férteis em minha poética.

Em meu trabalho, me preocupo em não repetir algo já feito. Minhas declarações são sempre anti- estilísticas. A repetição forçada de um estilo leva à destruição da arte. [5]
Jannis Kounellis

O tempo é agora não descarta a memória do passado, presente em nosso âmago e na formação da sociedade, e nem tão pouco o sonho por um futuro melhor. Mas afirma a potência do instante, do momento, e lembra o pulso e a efemeridade da vida. Tempo de espera indica a importância da pausa. A pausa que guarda outra dimensão temporal e é necessária para se adentrar o silêncio do desenho, da linha que dança, da textura monocromática, do rastro negro, da luz que penetra, da forma informe que dialoga com o ponto, e do conjunto que gera outro movimento.

Tudo se transformava. As três pereiras, a colina, o outro lado do vale, os campos de colheita, as florestas. As montanhas ficavam mais altas, cada árvore e os campos, mais próximos.

Tudo o que era visível se aproximava de mim. Melhor, tudo se aproximava do lugar onde eu havia estado, pois eu já não estava mais ali. [6]
John Berger

De fato, Steve Paxton e Nancy Smith se preocuparam com a sinergia do movimento ao criarem a modalidade de dança. Eles promoveram um aumento da consciência da energia ki ou chi entre os bailarinos, pois essa seria a base para que os corpos se movimentassem com leveza entre si e não se machucassem ao se chocar. Eles consideraram o momentum, a dimensão da presença e a consciência do movimento, o toque e a improvisação, como vias alternativas à normalização e como caminhos para o auto-conhecimento.

As reflexões sobre o tempo, a natureza, o movimento e a existência sempre me acompanharam e estiveram presentes em meus trabalhos. E ainda que os trabalhos aqui reunidos derivem dessa fonte de inspiração comum, isso não ocorre de uma forma racional ou deliberada. Cada um deles é motivado por situações distintas, e o que eles comungam é uma relação entre o campo estrutural e o sensível. Não cabe explicá-los individualmente, pois isso poderia encerrá-los num só ponto de vista, roubando-lhes o seu frescor e mistério. Além disso, acredito que o trabalho de arte não carece de justificativas. O que talvez caiba é passear por alguns de seus elementos.

A arte não é definível. Toda definição sobre ela é uma limitação. mas, para mim, tem a ver com a formulação da consciência ou com o processo de me tornar consciente. [7]
Herman de Vries

As cascas douradas que naturalmente se desprendem do tronco da árvore ‘sete-casacas’ são finas como um pergaminho e motivam composições com confetes verdes e pretos no trabalho “Transmutação” (2018). Nessas colagens, as cascas foram rasgadas à mão, pele a pele. Os confetes flutuam ou dançam em contrapeso com cada uma das formas marrom-douradas, encontrando apoios em seus corpos, como na dança do contato-improvisação.

Nos desenhos da série “Sopro” (2018), essa dança sugere um espaço mais caótico, instável, ou em desconstrução. A fuligem da cidade, a casca de bambu que repousava no chão do parque. O elementos se entrecruzam, deixam rastro, se chocam e se esvaem. Uma paisagem em sobressalto, um corpo em moção, lanças, montanhas e cumes que perderam a sua estabilidade.

Andar por aí e ao acaso encontrar uma casca de palmeira que se soltou; ela agora ganha outro sopro de vida ao cruzar a superfície de água verde-azulada na fotografia “Travessia” (2020). As folhas amarelas da cerejeira almejam o fluxo de ar na vidraça e comunicam o dentro e o fora em “Catavento” (2020) – um samurai em ataque, a asa da borboleta que encontramos no caminho, um deus que dança, um anjo exterminador, sua saliva, um jogo. Espaços de passagem e de transição, a potência do banal, do ordinário e do divino nas coisas.

Antes de serem cortados, os fícus centenários sempre me abraçavam quando eu passava por ali. A luz do sol lhes ativava um verde brilhante. O que restou foram troncos decapitados e que não voltaram a brotar. Essa cena dolorosa, a impotência diante desse ato brutal e a tentativa de uma cura simbólica motivaram a série “Reconstrução” (2017). Sobre imagens P & B impressas, compus com as pedras e cristais, e então fotografei novamente. A foto da foto: o procedimento é analógico e se aproxima ao da colagem dadá e surrealista. Cada pedra guarda a sua tridimensionalidade na imagem final impressa, o que me conduz a um pensamento sobre a escultura. Visito Kassel em 2002 com um antigo amor: conversamos em torno dos 7.000 carvalhos do Beuys, que ele ajudou a plantar, e dos basaltos que acompanham cada uma das árvores. Na avenida em Belo Horizonte, curiosamente uma pedra também se assenta ao lado de cada árvore.

Voa a folha áspera do Cerrado e, coberta por minério de ferro preto, deixa o seu rastro no papel Sumie amarelado. O peso do minério de ferro contrapõe-se à leveza do papel e nele imprime uma marca. As formas de papel carbono, amassadas e rasgadas à mão, pontuam essa escritura. “Entreato” (2020), como o título indica, sugere um intervalo, estado de suspensão, ou matéria que se desvanece e que se transforma.

A mesma sinergia que existe entre os corpos que dançam pode existir entre as três mãos do vídeo “Entre as estrelas e seus olhos” (2018). A folha do papel agora flutua contra o firmamento azul. O dia se veste de noite, o fogo queima o papel, tudo o que nos separa e nos aproxima das estrelas, a folha cai como um véu.

As citações neste texto ressoam com o meu pensamento e poética; são como duetos numa existência efêmera. As referências vêm do mundo real, do som do trovão, do canto dos pássaros que por hora cessou, da poeira do minério, do farfalhar das folhas, do apito das cigarras e do barulho dos carros, da incerteza das coisas, da impressão que ficou de uma notícia de jornal, de uma anedota, da imaginação, do sonho, da dança silenciosa, e de tudo o que eu não sei.

Laura Belém

Citações
1. Once in a painting. In: BERGER, John. And our faces, my heart, brief as photos. New York: Pantheon Books, 1984. P. 28.
2. Cao Guimarães, em vídeo-conferência realizada em agosto de 2020.
3. Once in a lifetime. In: BERGER, John. And our faces, my heart, brief as photos. New York: Pantheon Books, 1984. P. 29.
4. Herman de vries, ‘the world we live in is a revelation’. In: Documents of Contemporary Art: Nature. London: Whitechapel
Gallery, Massachusetts: The MIT Press, 2012. P. 163.
5. Depoimento de Jannis Kounellis, visto em a sua exposição individual na Fondazione Prada, em Veneza, em junho de 2019.
6. Once in a lifetime. In: BERGER, John. And our faces, my heart, brief as photos. New York: Pantheon Books, 1984. P. 29.
7. Herman de Vries, ‘the world we live in is a revelation’. In: Documents of Contemporary Art: Nature. London: Whitechapel
Gallery, Massachusetts: The MIT Press, 2012. P. 164.


Time is now, time of waiting

LAURA BELÉM

What the past, the present and the future share is a substratum, a ground of timelessness. The language of pictorial art, because it is static, is the language of such timelessness. Yet what it speaks about – unlike geometry – is the sensuous, the particular, and the ephemeral. [1]
John Berger
The work of art should allow contact with the unknown and with oneself, with our own questions and with the imagination. [2]
Cao Guimarães

In the square in front of my home, flocks of scaly-headed parrots sing lustily, celebrating the beginning and end of each day. The autumn sky slowly reveals a deeper blue than that of summer, despite the heat that hangs in the air and turns it hazy, and the rumors of rain yet to fall. The city is quieter than Sao Paulo, and when climbing the Serra do Curral hills, 1,300 meters above sea level, even less noise can be heard, giving the impression of time suspended.

Since the early 2000s, I have been working in a variety of media, including installation, sculpture, drawing, collage, photography, sound and video. The materials and techniques vary in accordance with the aim and concept of each project. My practice is guided by observation, experimentation, and dialogue with the surroundings, which often lead to works we might call ‘context responsive’. The work is born from this mixture of the outside and the inside world – feelings, sensations, and a bridge between the visible and the invisible. At the same time, I seek to raise awareness of what is around us, of the way we relate to the world, and of my own conscience.

I started with a small hillock, a little above and to the north of a field where I was raking hay. On this hillock were three neglected pear trees, two in full leaf and one with its grey wood, leafless and dead.
Behind them, the blue sky with large white clouds.
This small corner of the landscape – which I had never particularly noticed before – caught my eye and pleased me. Pleased me like a particular face one may see passing in the street, unknown, even unremarkable, but for some reason pleasing because of what it suggests of a life being lived.[3]
John Berger

The works gathered in this exhibition were created between 2017 and 2020, using the medium of paper. The show also includes a video that features a sheet of paper pierced by an incense stick. They all dialogue with nature, time, transience, and a space in between things. Nature is not a theme in itself in my poetics, but a bridge with the world, which is why I consider the works to be created from nature, in dialogue with it, and not about it.

What place do these works occupy within my creative practice? Photography, drawing, collage, monotype, and even the video in question, are like silent notes on paper. These works do not come from the realm of the spectacle, they do not reveal everything, but suggest stories and relationships with the world. They are motivated by something that passed through me, an impression that lingered in the corner of the eye, or by feelings that ask to be revisited.

I collected from all the dierent species in this little garden one leaf and mounted them on the surface of paper. A multitude of forms became visible in ‘forms from the garden’.[4]
Herman de Vries

The surface of the paper and the frame of the video are very dierent from the real and three-dimensional space. Composing in a flat space is always an unknown process, a little like an experimental exercise. The movement present in some compositions (despite being static) almost always begins outside the studio, with walks that place the body and the gaze in motion and instigate the perception of space, the collection of elements, and the creation of new narratives. It is not an exercise in representation, but in displacement and in relation to things. These works do not start from a preconceived script, and for that very reason they are given power by chance.

Experiences with contemporary dance, with the improvisation of movement and jam sessions with dancers, musicians and other artists in the 1990s, created impressions that even today influence not only my spatial perception, but also my gaze and creative process – experimentation and improvisation have been fertile grounds in my poetics ever since.

In my work, I am concerned about not repeating something already done. My statements are always anti-stylistic.The forced repetition of a style leads to the destruction of art.[5]
Jannis Kounellis

Time is now does not reject the memory of the past, present at our core and in the formation of our society, and not even the dream of a better future. But it arms the power of the instant, of the moment, and recalls the pulse and ephemerality of life. Time of waiting indicates the importance of the pause. The pause that contains anothertemporal dimension and is essential for entering the silence of the drawing, of the dancing line, of the monochromatic texture, of the black trace, of the light that penetrates, of the shape that dialogues with the point, and of the set of works that generate another movement.

Everything was shifting. The three pear trees, their hillock, the other side of the valley, the harvest fields, the forests. The mountains were higher, every tree and fields nearer.
Everything visible approached me. Rather, everything approached the place I had been, for I was no longer in that place.[6]
John Berger

Indeed, Steve Paxton and Nancy Smith were interested in the synergy of movement when they created the modality of dance. They encouraged a greater awareness of ki or chi energy among the dancers, which would become the basis through which their bodies moved easily amongst each other, and how injury was avoided upon impact. They considered momentum, the dimension of presence and awareness of movement, touch and improvisation, as alternatives to standardization and as paths to self-knowledge.

Reflections on time, nature, movement and existence have always followed me and been present in my work. And while the works gathered here emerge from this common source of inspiration, this process does not occur in a rational or deliberate manner. Each one of them is motivated by dierent situations, and what they share is a relationship between the structural field and that of the senses. Explaining them individually could reduce them to a single point of view, robbing them of their freshness and mystery. In addition, I believe that artworks require no such justification. One possible approach is to take a journey through some of their elements.

Art is not definable. every definition of it is a limitation. But for me it has to do with the formulation of consciousness or with the process of becoming conscious. [7]
Herman de Vries

The golden bark that naturally works itself loose from the trunk of the 'sete-casacas', or “seven coats”, tree is as thin as parchment and is the motivation behind the compositions with green and black confetti in “Transmutation” (2018). In these collages, the bark was torn by hand, skin by skin. Confetti floats or dances in balance with each of the golden-brown shapes, finding shelves in their bodies, as in contact-improvisation dance.

In the drawings of the series “Breath” (2018), this dance suggests a more chaotic, unstable, or deconstructed space. The grime of the city, the bamboo bark that lies on the ground in the park. The elements intertwine, leave a trail, collide and fade away. A landscape in turmoil, a body in motion, lances, mountains and ridges that have become unstable.

Walk around, by chance you’ll come across a palm bark that has come loose; now it gains a fresh breath of life as it crosses the blue-green surface of the water in the photograph “Crossing” (2020). The yellow leaves of the cherry tree seek the flow of air through the window and communicate with both indoors and outdoors in “Wind Vane” (2020) - a samurai on the attack, the wing of the butterfly that we come across on our way, a dancing god, an exterminating angel, your saliva, a game. Spaces of passage and transition, the power of the banal, the ordinary and the divine in everyday things.

Before being cut down, the 100-year-old Ficus trees always embraced me as I walked beneath them. The sunlight turned them a brilliant green. Left behind are decapitated trunks that never grew again. This painful scene, the impotence when faced with this act of brutality and an attempt at a symbolic cure motivated the series “Reconstruction” (2017). I composed these with stones and crystals upon printed black and white images, and photographed them again. A photo of the photo: the procedure is analogue and comes close to that of a Dadaist or Surrealist collage. Each stone retains its three-dimensionality in the final printed image, which leads me to thoughts of sculpture. I visit Kassel in 2002 with an old lover: we talk amidst Beuys’s 7,000 Oaks, which he helped to plant, and around the basalts that accompany each tree. On the avenue in Belo Horizonte, curiously, a stone also sits next to each tree.

The rough Cerrado leaf flies and, covered with black iron ore, leaves its trail on the yellow Sumi-e paper. The weight of the iron ore contrasts with the lightness of the paper and prints a mark upon it. The shapes made from carbon paper, crumpled and torn by hand, punctuate this writing. “Entr'acte” (2020), as the title indicates, suggests an interval, state of suspension, or matter that fades and is transformed.The same synergy that exists between the dancing bodies can exist between the three hands in the video “Between The Stars and Your Eyes” (2018). The leaf of paper now floats against the blue sky. Day is dressed as night, fire burns the paper, everything that separates us and brings us closer to the stars, the leaf falls like a veil.

The quotes in this text resonate with my thoughts and poetics; they are like duets in an ephemeral existence. The references come from the real world, from the sound of thunder, from the singing of birds that for now has ceased, from the dust from the ore, the rustle of leaves, the whistle of cicadas and the noise of cars, the uncertainty of things, the impression that remains from a news story, an anecdote, the imagination, a dream, a silent dance, and everything I do not know.

Laura Belém

Quotes
1. Once in a painting. In: BERGER, John. And our faces, my heart, brief as photos. New York: Pantheon Books, 1984. P. 28.
2. Cao Guimarães, in a video-conference in August 2020.
3. Once in a lifetime. In: BERGER, John. And our faces, my heart, brief as photos. New York: Pantheon Books, 1984. P. 29.
4. Herman de vries, ‘the world we live in is a revelation’. In: Documents of Contemporary Art: Nature. London: Whitechapel
Gallery, Massachusetts: The MIT Press, 2012. P. 163.
5. Statement by Jannis Kounellis, seen in his solo exhibition at the Fondazione Prada, in Venice, in June 2019.
6. Once in a lifetime. In: BERGER, John. And our faces, my heart, brief as photos. New York: Pantheon Books, 1984. P. 29.
7. Herman de vries, ‘the world we live in is a revelation’. In: Documents of Contemporary Art: Nature. London: Whitechapel
Gallery, Massachusetts: The MIT Press, 2012. P. 164.

Posted by Patricia Canetti at 1:05 PM