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março 13, 2020

COMUNICADO IMPORTANTE: Fechamentos e adiamentos em função da pandemia de Covid-19

Conforme formos recebendo os comunicados, este post será atualizado com as informações sobre eventos adiados e locais fechados temporariamente.

Eventos adiados e cancelados

34ª Bienal de São Paulo é adiada para 3 de outubro de 2020 - ler comunicado
Auditório Ibirapuera - todos os eventos cancelados
Campo Expandido, de Luiz Zerbini, no Oi Futuro, Rio de Janeiro
Escombros, peles, resíduos, de Jeane Terra, na Simone Cadinelli, Rio de Janeiro
Marcius Galan e Muntadas na Luisa Strina, São Paulo
SP-Arte 2020 é suspensa - ler comunicado oficial

Locais temporariamente fechados e/ou com alterações no atendimento

O governo do Estado do Rio de Janeiro decretou o fechamento de teatros, cinemas, museus e casas de show e outros espaços culturais onde haja aglomeração de pessoas por 15 dias, a partir desta sexta-feira, 13/03.

O governo do Estado de São Paulo anunciou em 15/03 o fechamento de museus, bibliotecas e centros culturais a partir de terça-feira (17) por 30 dias.

ESPÍRITO SANTO

Matias Brotas Arte Contemporânea - trabalho remoto, com visita mediante agendamento

MINAS GERAIS

IMS Poços - funciona também com restrição de acesso de público (até 50 pessoas por ambiente ao mesmo tempo)

PARANÁ

Galeria Ybakatu - trabalho remoto, com visita mediante agendamento

RIO DE JANEIRO

A Gentil Carioca - trabalho remoto, com visita mediante agendamento
Anita Schwartz Galeria de Arte - trabalho remoto, com visita mediante agendamento
Carpintaria - fechamento temporário mas conectados no modo usual, via email, celulares e redes sociais
EAV Parque Lage - suspensão temporária das atividades: acompanhe aqui
Galeria Athena - trabalho remoto, com visita mediante agendamento
Galeria Mercedes Viegas - trabalho remoto, com visita mediante agendamento
IMS Rio - fechamento por prazo indeterminado
Instituto Casa Roberto Marinho - fechado por tempo indeterminado
Lurixs Arte Contemporânea - trabalho remoto, com visita mediante agendamento
MAM Rio - fechado por tempo indeterminado
Silvia Cintra + Box4 - trabalho remoto, com visita mediante agendamento

SÃO PAULO

Carbono Galeria - fechada por tempo indeterminado
Casa Triângulo - fechada por tempo indeterminado
CCSP - programação cancelada por tempo indeterminado
FAMA Museu - fechado por tempo indeterminado
Fortes D'Aloia & Gabriel - fechamento temporário mas conectados no modo usual, via email, celulares e redes sociais
Galeria Estação - trabalho remoto, com visita mediante agendamento
Galeria Jaqueline Martins - trabalho remoto, com visita mediante agendamento
Galeria Leme - trabalho remoto, com visita mediante agendamento
Galeria Luisa Strina - trabalho remoto, com visita mediante agendamento
Galeria Marcelo Guarnieri São Paulo e Ribeirão Preto - trabalho remoto, com visita mediante agendamento
Galeria Marilia Razuk - trabalho remoto, com visita mediante agendamento
Galeria Nara Roesler - trabalho remoto, com visita mediante agendamento
Galeria Vermelho - trabalho remoto, com visita mediante agendamento
IMS Paulista funciona em horário normal durante o fim de semana, com restrição de acesso de público (até 50 pessoas por ambiente ao mesmo tempo), válida também para o restaurante Balaio. Todas as sessões de cinema estão canceladas.
Instituto Itaú Cultural - fechamento a partir de 17/03, acompanhe a produção de podcasts, cursos de EAD e vídeos no site e redes sociais
Instituto Tomie Ohtake - fechado por tempo indeterminado
Janaina Torres Galeria - trabalho remoto, com visita mediante agendamento
Luciana Brito Galeria - trabalho remoto, com visita mediante agendamento
MAB FAAP e Teatro FAAP - fechado por 30 dias a partir do dia 17/03
MASP - fechamento a partir de 17/03
Paço das Artes - fechado por 30 dias a partir do dia 17/03
Zipper Galeria - trabalho remoto, com visita mediante agendamento

Posted by Patricia Canetti at 2:57 PM

Ricardo Siri na Janaina Torres, São Paulo

Organismo: sopro e expressão, na individual de Ricardo Siri. Artista sonoro e visual transforma impasse e imobilidade contemporâneos em obras de expressividade radical

Hélio Oiticica queria que a obra de arte nascesse “apenas de um toque na matéria”, a partir de um sopro que a transforma em expressão – “um sopro interior, de plenitude cósmica”.

A plenos pulmões se manifesta a produção recente de Ricardo Siri, artista carioca que inaugura a individual "Organismo", dia 19 de março, na Janaina Torres Galeria, em São Paulo.

Matéria e expressão ganham, com a mostra, uma plenitude inaudita no trabalho do artista. Nas obras de Organismo – esculturas, assemblages e um “ninho habitável”, feito de galhos de árvore, barro e som -, ecoam os gestos e registros do viver e do fazer artístico de Siri, em consonância e tensão com o momento da arte e do mundo atual. Siri sintetiza, em Organismo, uma trajetória singular na arte contemporânea brasileira. Artista sonoro e visual, cujo trabalho transita entre a escultura, performance, instalação, fotografia e vídeo, sua produção estética incorpora uma atuação premiada no universo musical, com cinco CDs lançados e trabalhos com nomes como Sivuca, Hermeto Pascoal e Roberto Menescal.

Acessar o Online Viewing Room

A partir do habitat, uma casa/ateliê em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, Siri se depara com o seu ambiente: folhagens, instrumentos, galinhas, abelhas, barro, ruídos, pássaros, o depósito, o jardim.

Percebe à sua volta, para além da matéria, a conexão “cósmica” com o universo e a urgência do agora; e produz obras como War, uma colmeia/tela na qual a solda do artista molda um mapa-múndi em cera queimada, criando um alerta de pertinência reveladora.

Já em Música Concreta, duas metades de um trompete são unidas, ou separadas, por um bloco de concreto. Em Música Barroca, é o barro que une/divide o instrumento musical. Em ambos os casos, o fluxo sonoro interrompido pela matéria gera outro, imaterial.

Em Colmeia, aglutina trompetes e trompas, que executam uma sinfonia a partir do silêncio e produzem timbres imaginados, que pairam no ar. O mesmo efeito, em que ultrapassa a fronteira do plástico e do sonoro, Siri obtém em Casulo 2, obra feita a partir da junção de uma concha do mar (da qual, como os polinésios, extrai sonoridade em suas performances) e a extremidade de um trompete.

Siri confere, assim, voz e potência a materiais como barro, conchas ou a cera de abelhas que, não por acaso, são registros da fratura, se não do colapso, do modelo insustentável de desenvolvimento atual.

Organismo apresenta um todo, composto de paradoxos e opostos comunicantes: som e silêncio; lar e universo; matéria e manifesto; cultura e natureza; aconchego e desconforto; o eu e o outro. Elementos e experiências que, certamente, encontram-se diante do impasse e da imobilidade contemporâneos, que o toque de Siri transforma em expressividade radical.

Sobre Ricardo Siri

Nasceu em 1974, no Rio de Janeiro (RJ), onde vive e trabalha. Percussionista por formação, graduou-se pela Los Angeles Music Academy, nos Estados Unidos, e aprofundou seus estudos de percussão indiana e africana na Sangeet World Music School (Pasadena/CA). Em 2011, é convidado pelo Comitê Olímpico de Londres para residir e produzir trabalhos no projeto Olímpico – Rio London Ocupation no Battersea Art Center, em Londres. Em 2013, foi convidado para a residência artística na Cité International des Arts, em Paris (França).

Realizou as individuais “Interfaces” (Galeria Portas Vilaseca, RJ 2019), “Habitáveis” (Centro Municipal Helio Oiticica, RJ, 2017), “Escalas Variáveis” (Galeria Mezanino, 2016), “Oroboro” (Espaço Movimento Contemporâneo Brasileiro, RJ) e “Distorções”, (Galeria Amarelo Negro, 2010). Entre as coletivas, destacam-se “Canção Enigmática” (MAM, RJ, 2019), “Monument in miniatura” (Nova York, 2018), “Das Virgens em Cardumes e da Cor das Auras” (Museu Bispo do Rosário, RJ, 2016); “Je Ma pele Siri” (Casa França Brasil, RJ, 2014); “Paisagem Sonora” (Casa Daros, RJ, 2014); “Liana Ampliathum” (Parque Lage, RJ, 2014); “Blank Page” (Victoria and Albert Museum, Londres, 2012). Realizou performances sonoras na “Nuit de la Philosophie” (UNESCO, Paris, 2018); Portikus (Frankfurt, 2013), NBK-Gallery (Berlim, 2013) e Museu Marino Marini (Florença, Itália, 2013), entre outras.

Posted by Patricia Canetti at 12:46 PM

Histórias da dança: Hélio Oiticica no Masp, São Paulo

Exposição abre o ciclo Histórias da Dança e apresenta relação entre a produção do artista carioca e a dança, a música, o ritmo e a cultura popular brasileira

No mês que marca quarenta anos da morte de Hélio Oiticica (1937-1980), um dos mais importantes nomes da arte brasileira, o Museu de Arte de São Paulo realiza, pela primeira vez, uma exposição individual do artista. Com curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP, e Tomás Toledo, curador-chefe, Hélio Oiticica: a dança na minha experiência fica em cartaz entre 20 de março e 7 de junho.

A exposição é uma parceria com o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), que receberá a mostra entre 4 de julho e 4 de outubro, e inaugura o ciclo “Histórias da dança”, que norteia a programação do MASP em 2020. Simultaneamente, o museu abre também Trisha Brown: coreografar a vida, sobre uma das coreógrafas e bailarinas mais influentes do século 20.

Inspirada pela produção de caráter experimental e inovador de Oiticica, a mostra traça um panorama da trajetória do artista, reunindo 126 trabalhos relacionados ao ritmo, à música e à cultura popular. “Meu interesse pela dança, pelo ritmo, no meu caso particular pelo samba, me veio de uma necessidade vital de desintelectualização, de desinibição intelectual, da necessidade de uma livre expressão”, escreveu Oiticica no texto “A dança na minha experiência”, de 1965, que inspirou o nome da exposição.

Hélio Oiticica: a dança na minha experiência apresentará uma ampla seleção de Parangolés, incluindo cópias de exposições que poderão ser usadas pelo público. Além disso, outros trabalhos serão reunidos sob a perspectiva da dança e do ritmo, apresentando uma trajetória que culminará no Parangolé, compondo uma espécie de genealogia deste trabalho radical com a apresentação de obras das séries Metaesquemas, Relevos espaciais, Núcleos e Bólides.

Nesta mostra serão exibidos trabalhos dos períodos de investigações geométricas, rítmicas e cromáticas, cada núcleo da exposição representando uma série do artista. Metaesquemas contará com cerca de 60 trabalhos, ilustrações em guache sobre papel cartão, que exploram formas e cores e resultam de seu envolvimento com o concretismo; Relevos espaciais, que dão a impressão de serem dobraduras expandidas, tem a ver, entre outras questões, com a materialização da cor; Núcleos, esculturas de proporções maiores e interativas, Penetráveis, instalações manipuláveis, e Bólides, nos quais Oiticica explora questões como a cor, a solidez, o vazio, o peso e a transparência.

O foco principal da mostra será a seleção de Parangolés, obras de Oiticica que possuem maior conexão com a dança e que demonstram a estreita relação que ele desenvolveu com a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira e com o samba durante sua vida. Os Parangolés são, segundo o artista, anti-obras de arte. Capas, faixas e bandeiras construídas com tecidos coloridos, às vezes com sentenças de natureza política ou poética, os Parangolés podem ser usados, transportados ou dançados pelo espectador que se torna participante, suporte e também intérprete do trabalho. Treze deles, aliás, serão reproduzidos para que os visitantes possam vesti-los, além de um Penetrável e três Bólides que também poderão ser experenciados.

Serão exibidos também três filmes de Ivan Cardoso: “H.O.”, “Heliorama” e “Helioframes”, este último produzido junto com Oiticica.

Nascido no Rio de Janeiro em 1937, Hélio Oiticica iniciou seus estudos no MAM Rio com Ivan Serpa, em 1954. A princípio, suas obras dialogavam com as experiências concretistas da época. O artista participou do Grupo Frente, entre 1955 e 1956, e foi um dos fundadores do Grupo Neoconcreto, em 1959. A partir daí, Oiticica estabeleceu o corpo como motor de sua obra, que se abriu também para o contexto da rua e do cotidiano, apontando para uma relação entre arte e vida. Para ele, o espectador era, na verdade, um participador colocado para circular e vivenciar o espaço, deixando de lado a postura contemplativa diante da obra de arte. Nesse período, o artista criou alguns de seus trabalhos mais importantes, como os Bilaterais, Relevos Espaciais, Núcleos, Penetráveis e Bólides.

Em 1964, Oiticica passou a frequentar a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, no Rio de Janeiro, onde se tornou passista – um divisor de águas na vida e na obra do artista. A atividade o fez aprofundar suas reflexões sobre experiências estéticas para além das artes visuais, bem como das artes plásticas tradicionais, incorporando relações corporais e sensíveis ao seu trabalho através da dança e do ritmo.

Em 1965, Oiticica participou da exposição Opinião 65, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, considerada um marco na história da arte brasileira. Foi a primeira vez que ele apresentou os Parangolés. As capas foram usadas pelo artista e por sambistas e instrumentistas da Mangueira, que chegaram ao MAM Rio em uma espécie de “procissão-festiva”. Impedidos de entrar, realizaram a “obra festa” na parte externa do museu. Dois anos depois, em 1967, Oiticica voltou ao MAM Rio na exposição “Nova Objetividade Brasileira” e apresentou o penetrável Tropicália cujo percurso, segundo o artista, lembrava muito as caminhadas pelo morro. Experimental e crítica, a obra inspirou o nome do disco de Caetano Veloso e Gilberto Gil de 1968 e do importante movimento artístico e cultural liderado pelos baianos.

Naquele mesmo ano, no período mais duro da ditadura militar no Brasil, Caetano exibiu a bandeira “Seja marginal seja herói”, de autoria de Oiticica, em um show na boate Sucata, no Rio de Janeiro. A bandeira foi apreendida e o espetáculo interditado pela Polícia Federal. Em 1969, o artista teve sua primeira inserção internacional: uma exposição individual Whitechapel experience na Galeria Whitechapel em Londres, com curadoria do crítico Guy Brett. Nos anos seguintes ele expôs também no Museu de Arte Moderna de Nova York, na Rhode Island University e no evento coletivo Latin American Fair of Opinion, na Saint Clement’s Church de Nova York.

Na década de 1970, Hélio Oiticica viveu a maior parte do tempo em Nova York, onde foi bolsista da Fundação Guggenheim. Nesse período, fez experiências com filmes em super-8 e dezenas de projetos ambientais, como as Cosmococas, em parceria com Neville D’Almeida. Essas criações faziam parte do que o artista chamou de “quasi-cinema”, levando o corpo a uma situação de imersão na imagem. Oiticica retornou ao Brasil em 1978, quando dedicou-se a alguns eventos coletivos e exposições. O artista morreu em março de 1980 após sofrer um acidente vascular cerebral.

Em 1992 foi realizada uma retrospectiva no Witte de With Center for Contemporary Art, em Rotterdã (Holanda), que itinerou por Paris, Barcelona, Lisboa, Mineápolis e Rio de Janeiro. A mostra foi um marco na consolidação do nome de Oiticica como um dos nomes brasileiros de maior projeção internacional nas artes visuais, tornando-se quase como uma chave obrigatória de leitura e legitimação da arte brasileira, pela crítica, o mercado e os artistas.

CATÁLOGO

Editado pelos curadores Adriano Pedrosa e Tomás Toledo, o catálogo ilustrado terá ensaios Adrian Anagnost, André Lepecki, Cristina Ricupero, Evan Moffitt, Fernanda Lopes, Fernando Cocchiarale, Sergio Delgado Moya, Tania Rivera e Vivian Crockett, além de Pedrosa e Toledo. A publicação inclui ainda nota biográfica de Fernanda Lopes e um extenso material documental, entre fotografias e escritos do artista, que tinha o hábito de registrar suas reflexões sobre a arte e sua produção.

Posted by Patricia Canetti at 8:24 AM

Histórias da dança: Trisha Brown no Masp, São Paulo

Primeira mostra individual da coreógrafa e dançarina norte-americana no Brasil inaugura o ciclo Histórias da Dança e reunirá cerca de 160 trabalhos incluindo fotos, desenhos e vídeos

Uma das coreógrafas e dançarinas mais influentes do século 20, Trisha Brown (1936-2017) ganhará sua primeira exposição individual no Brasil entre 20 de março e 7 de junho. Trisha Brown: coreografar a vida inaugura o ciclo temático do Museu de Arte de São Paulo de 2020, que girará em torno das “Histórias da dança”. No mesmo dia, o museu abre Hélio Oiticica: a dança na minha experiência, que também fica em cartaz até 7 de junho. Com curadoria de André Mesquita, a mostra incluirá cerca de 160 trabalhos, entre desenhos, diagramas, fotos, vídeos e filmes no 1º andar do MASP.

“Dançar é sequenciar e expressar movimentos. Coreografar é projetar a dança, ou seja, organizar essa sequência. Trisha fazia anotações e inúmeros desenhos para sistematizar os gestos do corpo. Com o tempo, ela passou a aproximar a dança ao cotidiano incorporando movimentos corriqueiros, como andar e vestir, em seus trabalhos”, explica Mesquita – daí o título da exposição.

A mostra será dividida em oito núcleos pensados a partir do vocabulário e dos ciclos de trabalho de Trisha: Corpo democrático, Contra a gravidade, Transmitir os gestos, Acumulações, Diagrama em movimento, Impulso contraditório, Máquinas de dança, Desenhar, performar. Trisha Brown: coreografar a vida busca apontar as complexas relações entre dança e artes visuais, exibindo em simultâneo os desenhos com as imagens de suas coreografias. Estarão reunidos trabalhos fundamentais no percurso da artista e que enfatizam o aspecto inovador de sua produção.

Trisha é o nome artístico de Patricia Ann Brown, nascida em Aberdeen, nos Estados Unidos. O contato com a natureza permitiu que ela, na infância, explorasse florestas, praticasse esportes e pescasse com o pai (anos mais tarde, algumas de suas coreografias, como Falling Duet I, de 1968, e Spiral, de 1974, se assemelharão a jogos e brincadeiras).

Ainda em Aberdeen, nos anos 1940, começou a fazer aulas de balé, sapateado, jazz e danças acrobáticas e, em 1954, iniciou sua graduação em dança no Mills College em Oakland, Califórnia. Trisha teve aulas de dança africana com Ruth Beckford (1925-2019) na Universidade da Califórnia, em Berkeley, e com Louis Horst (1884-1964) no Connecticut College, em New London, um dos principais nomes da composição coreográfica na dança moderna.

Recém-graduada, em 1958, mudou-se para Portland (Oregon) para dar aulas. Lá, fundou o departamento de dança no Reed College, no qual permaneceu até 1960. Já nos primeiros meses, o método convencional de ensino tinha se esgotado, e ela passou então a se dedicar ao ensino da improvisação. Um divisor de águas em sua carreira, a “improvisação memorizada” tornou-se uma de suas técnicas fundamentais e marca distintiva na década de 1970.

Brown fez parte de uma geração de artistas que, liderados por Anna Halprin (1920), contribuiu, por exemplo, para introdução de corpos não habituais na dança, criação de peças como manifestos políticos realizados nas ruas, utilização da improvisação como prática e ferramenta compositiva, utilização da fala e da voz como parte da dança e criação de peças para lugares não tradicionais.

Em 1961, ela mudou-se para Nova York e lá formou o Judson Dance Theater (1962-1964). Com os integrantes, compartilhava uma visão de dança expandida, na qual cabiam gestos cotidianos como andar, correr, cozinhar etc. Essa visão mais ampla possibilitou, ainda, a dança para além do teatro: ele foi substituído por ruas, telhados, fachadas de prédios, estacionamentos, parques e árvores.

Foi no cenário urbano de Nova York que Trisha apresentou uma de suas coreografias mais icônicas, Woman Walking Down a Ladder, em 1973, na qual desce verticalmente por uma escada no topo de um edifício. Já em Floor of the Forest, da mesma década, a dança consiste em vestir e desvestir roupas amarradas em uma grade a mais de um metro do chão –obra que será ativada semanalmente na exposição do MASP.

Outros trabalhos importantes como Acumulation (1971), em que, por meio da repetição, movimentos vão sendo adicionados até formarem uma coreografia completa, e Water Motor (1978), dança sem coreografia, baseada em memória e improviso, também estarão presentes na mostra.

Contrariando o esforço físico inerente a elas, as coreografias de Brown têm em comum transmitir sensações de naturalidade. Mesmo dentro do teatro, Trisha colocava os padrões em cheque. Em If you couldn’t see me (1994), por exemplo, a coreografia é dançada de costas para a plateia, fazendo com que a parede no fundo do palco desapareça ou se abra.

Seu processo de pesquisa criou também um método arquivístico em termos de organização, classificação e agrupamento –os detalhes das coreografias foram registrados em anotações, cadernos e diários durante anos, ou desenvolvidos como desenhos e diagramas.

“Com mais de uma centena de coreografias, diretora de óperas, como L’Orfeo, de Claudio Monteverdi [1567-1643], realizada em 1998, e uma obra visual que relaciona dança com desenhos de tamanhos variados, partituras, anotações e diagramas, o trabalho de Trisha Brown construiu uma narrativa única na maneira de organizar e representar os movimentos do corpo”, diz Mesquita.

Trisha aposentou-se em 2008, mas continuou a coreografar para a Trisha Brown Dance Company (TBDC) até 2011. A companhia continua atuante e foi essencial para a produção desta exposição.

Catálogo

Organizado por André Mesquita, a publicação (com versões em português e inglês) reúne dois textos inéditos, de David M. Sperling e Susan Rosenberg, que discutem as contribuições fundamentais de Brown para a dança e as artes visuais. Textos de Babette Mangolte, uma conversa entre Trisha Brown e Yvonne Rainer e nota biográfica de Adriana Banana também integram o catálogo.

Posted by Patricia Canetti at 8:17 AM

José Bechara na Marilia Razuk, São Paulo

Nos lançamos no desafio de exibir virtualmente a exposição individual Modos de Condenar Certezas do artista carioca José Bechara. Planejada para inaugurar em março de 2020, a exposição já estava pronta quando teve que ser postergada devido à quarentena imposta pela pandemia do Covid-19.

Acessar o Online Viewing Room

Neste novo formato apresentamos um percurso em vídeo dentro da galeria, com locução do próprio artista, fotos de vistas e detalhes de todas as obras presentes na exposição, além de uma parceria inédita com a curadora Clarissa Diniz, que assina o texto crítico.

É com muita alegria que convidamos todos a visitar virtualmente o conjunto de 11 obras recentes do artista, dentre pinturas de grande formato e uma escultura. Com uma pesquisa cromática mais luminosa, José Bechara constrói espaços geométricos que se deslocam entre rigor formal e ocorrências randômicas.

Se aprofundando em seu caráter experimental e na utilização diversificada de métodos e materiais, o artista permite novas experiências no campo pictórico, revelando tons e tramas, trazendo espaços elaborados a partir de campos que oscilam entre fronteiras para revelar uma construção que se esforça para emergir no plano.

A exposição reúne um conjunto de pinturas nas quais a tradição geométrica, que usualmente afirma um mundo ideal, cede lugar a uma crise de certezas e elogia as imperfeições desse mesmo mundo constituído por dúvidas, receios e falhas, reflexo da atualidade, que se move oscilante, colidindo em seus arranjos sociais.

Material de imprensa realizado por Analu Araujo

Posted by Patricia Canetti at 7:47 AM

março 11, 2020

Editora Madalena lança livro de André Penteado na Lovely House, São Paulo

Editora Madalena lança terceiro livro da série Rastros, Traços e Vestígios, com o fotógrafo André Penteado. Depois de Cabanagem e Missão Francesa, Farroupilha propõe um olhar atual sobre a revolução no Rio Grande do Sul.

14 de março de 2020, sábado, das 15h às 20h

Lovely House
Rua Augusta 2.690 - Galeria Ouro Fino, São Paulo, SP

Uma investigação fotográfica sobre acontecimentos históricos que nos foram ensinados sem o embasamento de imagens. Essa é a premissa do longo projeto realizado pela Editora Madalena em parceria com o fotógrafo André Penteado. A ideia é refletir sobre fatos que ocorreram antes da invenção da fotografia ou da sua chegada. No total serão cinco livros: “Cabanagem” (2015), “Missão Francesa” (2017) - este “Farroupilha” (2020), a ser lançado no próximo dia 14 de março - “Descobrimento” e “Independência”, ambos ainda em processo. “Estimulamos uma reflexão sobre a formação da subjetividade brasileira a partir de um diálogo possível entre passado e presente, através das imagens”, diz Iatã Cannabrava, editor da Madalena. “É um livro importante que apresentam um questionamento sobre as relações de poder na nação brasileira”, completa.

Para construir o fotolivro “Farroupilha”, Penteado viajou por três anos pelo estado do Rio Grande do Sul buscando imagens que pudessem representar toda a complexidade dos desdobramentos que esse fato histórico causou no presente. Para isso, fotografou os mais diversos temas como: o Acampamento Farroupilha e seus visitantes, o desfile do 20 de setembro, atores de uma peça de teatro sobre a Revolução, monumentos à Revolução, campos de batalhas, incluindo o de Porongos, onde ocorreu o massacre dos Lanceiros Negros, a Cidade Cenográfica de Santa Fé, ativistas que revisitam a história dos Lanceiros Negros, os cavalos da divisão montada da Brigada Militar e o Palácio Farroupilha.

O livro se configurou numa sequência de inventários, que de tempos em tempos são “contaminados” por imagens uns dos outros. A narrativa passeia pelos locais fotografados construindo uma rede de consequências que mistura homenagens com a realidade da vida presente.

As fotografias do livro são acompanhadas por textos do historiador gaúcho Jocelito Zalla, do acadêmico Ronaldo Entler e do próprio artista. “O projeto nasceu do meu interesse nas manifestações que aconteciam e do desejo em investigar outros momentos históricos em que o povo brasileiro se rebelou contra o poder estabelecido”, diz Penteado.

A série

André Penteado parte da ideia de que há um paralelo possível entre o trabalho do fotógrafo e o do historiador: se tanto a fotografia quanto a historiografia nascem da realidade, é possível dizer que ambas são resultado de decisões ideológicas daqueles que as realizam. Sendo assim, a fotografia do presente pode ser um instrumento pertinente para reflexão sobre o processo de criação de narrativas históricas e para a investigação do passado.

Rastros, Traços e Vestígios não objetiva ser um projeto documental, mas propor a discussão de questões como: o que é um documento? Como certas narrativas históricas são perpetuadas? Como o passado ainda ecoa no presente?

Todo o projeto até aqui foi financiado pela Lei Rounaet, com patrocínio de Tempo Assist e Wiz, e apoio da Zipper Galeria, Fama – Fábrica de Arte Marcos Amaro.

Posted by Patricia Canetti at 7:27 PM

7 X Artistas - Novas Pinceladas na dotArt, Belo Horizonte

A dotART galeria dá início à programação 2020 com três exposições e o lançamento de um livro, ressaltando artistas e obras contemporâneas. A partir do dia 14 de março, entra em cartaz a coletiva 7 X Artistas – Novas Pinceladas, em que os pintores participantes são personagens do livro homônimo a ser lançado e distribuído gratuitamente na ocasião de abertura. O público poderá apreciar, ainda, a mostra individual Reinventando Paisagens, de Laura Villarosa, e a exposição coletiva 7 Etnógrafos, ambas com curadoia do artista Efraim Almeida.

Todas as obras expostas, mesmo que em mostras diferentes, permitem que o visitante conheça um pouco da produção artística brasileira atual. Todos os autores das telas são brasileiros, mas com estilos e técnicas muito distintos, mostrando a pluralidade e versatilidade da arte contemporânea. O lançamento, que acontece no dia 14, das 11h às 16h, conta com presença de alguns dos artistas cujas obras estão expostas.

7 X ARTISTAS – NOVAS PINCELADAS

A exposição coletiva 7 X artistas- Novas Pinceladas reúne novas obras dos artistas brasileiros Alvaro Seixas, Daniel Lannes Elvis Almeida, Felipe Fernandes, Gilson Rodrigues, Livia Moura e Maria Fernanda Lucena. As obras variam entre instalações, pinturas, composições de materiais, colagens e, sobretudo, mostram o olhar atual do artista plástico brasileiro.

O livro de mesmo nome da exposição, organizado por Wilson Lázaro, será lançado e distribuído na galeria, também no dia 14 de março. O leitor encontra nuances da trajetória dos artistas, com textos de Marcelo Campos, Cesar Kiraly e Efrain Almeida. Além disso, há trechos de perguntas e respostas, detalhes sobre processo criativo e registros de diversas obras.

Vale ressaltar que embora os artistas citados no livro sejam os mesmos da mostra, as obras expostas não se encontram no título por terem sido criadas em momento posterior da organização da publicação.

“Sete estilos, sete registros de um pouco da trajetória da pintura contemporânea, focando os artistas, seus processos e obras. Mais do que nunca, em tempos de efemeridade de redes sociais, parece ser necessário fixar a história em um produto que possa refletir a produção de artistas que estão construindo a arte brasileira do século XXI” diz Wilson Lazaro, organizador do livro.

Sobre os artistas

Daniel Lannes nasceu em Niterói e coleciona exposições individuais e coletivas, bem como indicações a prêmios. Foi ganhador do Prêmio Novíssimos do Salão de Arte IBEU em 2010 e ganhou a bolsa de residência artística no The Idyllwild Arts Program Painting’s Edge, California, EUA, 2008 e Bolsa de estudos na State University of New York em 2004.

O mineiro Gilson Rodrigues se dedica a pintura e suas interseções com outras linguagens como o vídeo e a instalação. Com um trabalho diretamente ligado à história da representação, a produção de Gilson Rodrigues cria diálogos entre a tradição da pintura de paisagem e utensílios domésticos.

Em grande parte de sua produção, Alvaro Seixas explora as possibilidades da pintura na contemporaneidade, tendo como pontos de partida as ideias de abstração, apropriação e ecletismo. Nas pinturas apresentadas desta individual, o artista se vale de densas camadas de tinta à óleo que muitas vezes transbordam da superfície da tela, para conferir aos trabalhos certa dimensão escultórica.

Lívia Moura retira a obra de arte da parede, a fim de expandi-la no espaço, causando um “curto-circuito” no ambiente através de extensões emancipativas onde a arte se derrama na vida. A artista usa a programação estética da própria cultura para recuperar materiais e situações, a fim de usá-los num discurso imediatamente social, por vezes erótico, atraente e luminoso.

Formada em Indumentária e Design de Moda, Maria Fernanda Lucena começou a trabalhar com as linguagens mais específicas do desenho e da pintura. Questões como memória, afeto e a passagem do tempo tornaram-se temas centrais de suas obras quando passou a introduzir em suas pinturas, objetos pessoais de diversas origens. Usa costura, pintura e colagem de elementos de épocas, materiais e mídias distintas na tentativa de criar um universo novo para os olhos e a imaginação.

Desde 2008, Felipe Fernandes desenvolve em seu atelier um trabalho que busca a harmonia entre o gráfico e o pictórico, valorizando a espontaneidade e a livre associação em seu processo criativo.

Já Elvis Almeida nasceu no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Graduou-se em Gravura na UFRJ, em 2013, e frequentou cursos de Serigrafia na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e de História da Arte na ONG Redes da Maré, todos no Rio de Janeiro. Já realizou dezenas de exposições coletivas e individuais.

Posted by Patricia Canetti at 12:24 PM

Laura Villarosa na dotArt, Belo Horizonte

A dotART galeria dá início à programação 2020 com três exposições e o lançamento de um livro, ressaltando artistas e obras contemporâneas. A partir do dia 14 de março, entra em cartaz a coletiva 7 X Artistas – Novas Pinceladas, em que os pintores participantes são personagens do livro homônimo a ser lançado e distribuído gratuitamente na ocasião de abertura. O público poderá apreciar, ainda, a mostra individual Reinventando Paisagens, de Laura Villarosa, e a exposição coletiva 7 Etnógrafos, ambas com curadoia do artista Efraim Almeida.

Todas as obras expostas, mesmo que em mostras diferentes, permitem que o visitante conheça um pouco da produção artística brasileira atual. Todos os autores das telas são brasileiros, mas com estilos e técnicas muito distintos, mostrando a pluralidade e versatilidade da arte contemporânea. O lançamento, que acontece no dia 14, das 11h às 16h, conta com presença de alguns dos artistas cujas obras estão expostas.

REINVENTANDO PAISAGENS

A artista Laura Villarosa vem sendo considerada uma revelação, chamando a atenção pela sutileza e técnicas manuais. 18 de suas obras estão na exposição individual inédita Reinventando Paisagens, que fica em cartaz na Galeria 2 da dotART.

Com curadoria de Efrain Almeida, a mostra trata a paisagem sob uma nova abordagem. A artista identifica a paisagem como algo que só se vê por partes, de modo fragmentado. Desse modo, surge a dúvida sobre o que se está vendo e também a necessidade de reunir as partes para criar uma nova realidade.

As telas, que misturam pintura com tinta acrílica e bordados sobre linho, trazem narrativas variadas. São paisagens físicas, naturais, psíquicas, reais, da memória ou inventadas, sempre sobrepostas. O visitante verá materiais destruídos e reconstruídos em imagens que se modificam a partir da interpretação da artista plástica.

Laura Villarosa vive e trabalha em Niterói. Sua formação artística começa na infância, tendo realizado cursos livres de desenho e pintura em São Paulo, Roma e na EAV do Parque Lage. Tem como repertório a apropriação de objetos, a pintura, a cor e técnicas artesanais como meios para construir narrativas sobre paisagens, tempo, e as ambiguidades da alma humana. Profissionalizou-se na moda e seu trabalho incorpora também o repertório do universo têxtil.

Posted by Patricia Canetti at 12:22 PM

7 Etnógrafos na dotArt, Belo Horizonte

A dotART galeria dá início à programação 2020 com três exposições e o lançamento de um livro, ressaltando artistas e obras contemporâneas. A partir do dia 14 de março, entra em cartaz a coletiva 7 X Artistas – Novas Pinceladas, em que os pintores participantes são personagens do livro homônimo a ser lançado e distribuído gratuitamente na ocasião de abertura. O público poderá apreciar, ainda, a mostra individual Reinventando Paisagens, de Laura Villarosa, e a exposição coletiva 7 Etnógrafos, ambas com curadoia do artista Efraim Almeida.

Todas as obras expostas, mesmo que em mostras diferentes, permitem que o visitante conheça um pouco da produção artística brasileira atual. Todos os autores das telas são brasileiros, mas com estilos e técnicas muito distintos, mostrando a pluralidade e versatilidade da arte contemporânea. O lançamento, que acontece no dia 14, das 11h às 16h, conta com presença de alguns dos artistas cujas obras estão expostas.

7 ETNÓGRAFOS

Na galeria 1, estreia a mostra coletiva inédita 7 Etnógrafos, com novas obras dos artistas Igor Nunes, Reitchel Komch, Vanessa Rocha, Cláudia Lyrio, Ana Tereza Prado Lopes, Katia Politzer e Danielle Cukierman.

Com curadoria de Efrain Almeida, que acompanha o trabalho realizado por eles há dois anos, a mostra faz uma releitura artística do significado de etnografia, comum na antropologia. Na ciência, esse é o método utilizado para estudar povos e civilizações.

Nesse caso, os artistas observaram sua própria vida, numa espécie de etnografia pessoal. “Cada peça criada vai ao encontro da própria história do artista. Eles levaram em consideração o contexto existencial, a biografia, experiências e suas histórias, expressando isso pinturas, instalações e composições”, explica o curador.

Cada trabalho é uma atitude diferente baseado na ideia de etnografia. Igor Nunes, por exemplo, carrega consigo toda a bagagem de sua experiência com o grafite e traz para suas obras o retrato de grafiteiros parceiros. O artista, inclusive, utiliza um caderno de pesquisa de campo em seu dia a dia.

As obras apresentadas por Reitchel Komch buscam conectar com a mitologia africana, com Iroko e as árvores sagradas. Já Ana Tereza Prado Lopes incorpora os relevos arquitetônicos às suas obras, fazendo com que os espaços em que convive diariamente sejam transpostos às telas.

Relacionamentos diversos são retratados por Vanessa Rocha em aquarelas em formatos de postais, congelando-os em momentos sem monotonia e sem o desgaste do tempo. Cláudia Lyrio transforma visitas a museus de história natural em registros de pássaros, dando um novo sentido a eles.

Katia Politzer conecta as mulheres da sua família. Misturando tecidos que carregam memória afetiva, fotos e bordados que entrelaçam as relações. A utilização de linhas e tecidos também é visto no trabalho da artista Danielle Cukierman, que apropria sinalizações cotidianas que geram confusão de informação e dá um novo significado em tecido e bordado.

Posted by Patricia Canetti at 12:18 PM

Tarsila do Amaral na Fama, Itu

Com curadoria de Aracy Amaral e Regina Teixeira de Barros, exposição reúne 203 obras que estavam guardadas por mais de cinco décadas da vista do público

FAMA Museu adia abertura em função da pandemia de Covid-19

Tarsila do Amaral (1886-1973) tinha o hábito de carregar consigo cadernos de anotações para desenhar. Com o lápis sobre um pedaço de papel, eternizava em desenhos as paisagens por quais passava. Os esboços e estudos ajudavam na formação de seu pensamento artístico e, por vezes, serviam de base para sua obra pictórica, vertente mais conhecida e pela qual é aclamada. Um conjunto raro composto por 203 destes desenhos será exibido na mostra Estudos e Anotações, em cartaz a partir de 14 de março, na Fábrica de Arte Marcos Amaro - FAMA Museu, instituição sediada em Itu, cidade vizinha de Capivari, onde nasceu a artista.

Longe da vista do público há mais de cinco décadas, engavetados em uma coleção privada, os desenhos foram exibidos uma única vez, em 1969, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em exposição organizada pela crítica e historiadora de arte Aracy Amaral, que agora assina a curadoria da atual mostra ao lado da pesquisadora Regina Teixeira de Barros.

Ao chegarem ao acervo da FAMA, com danos ocasionados pelo tempo e pela falta de cuidados museológicos, as obras foram submetidas a um minucioso processo de restauração. "Essa coleção, praticamente desconhecida, tem um valor inestimável para memória da cultura brasileira e vem contribuir, de forma efetiva e criteriosa, como ferramenta pedagógica da instituição para a formação de crianças e jovens estudantes que serão, no futuro próximo, o público de arte", diz Ricardo Resende, curador do museu.

Produzidas entre 1910 e 1940, as obras registram as várias fases da artista e apresenta temas recorrentes em sua linguagem, como as vistas de viagens que ela fez pelo Brasil afora, desde as bucólicas cidades históricas mineiras, até suas andanças pela Europa e passagem pelo deserto do Egito. "O conjunto nos comunica não só as diversas etapas do trabalho de Tarsila, mas também as inúmeras atividades às quais estão relacionados seus desenhos: estudos, academias, esboços de futuras obras, paisagens urbanas ou rurais, registros de viagens, projetos de figurinos para balé, esboços de ilustrações para livros, cenas interioranas pós-década de 1940", explica Aracy Amaral.

São trabalhos feitos com o exímio e rigor que a artista absorveu das aulas com Pedro Alexandrino (1856-1952), pintor acadêmico, formado no esmero da escola francesa, que considerava o desenho a base fundamental da boa pintura. Foi com ele, inclusive, que Tarsila adquiriu o hábito de carregar cadernos de anotações e a preservar o traço das pinturas por meio do decalque. "O costume de levar consigo cadernos de bolso coincidia com as recomendações das academias, que sugeriam que os aprendizes tivessem sempre um deles à mão para anotar, de forma ligeira e sintética, as cenas e os objetos que chamassem atenção", conta Regina Teixeira de Barros.

Após a iniciação sistemática em São Paulo com Alexandrino, Tarsila vai a Paris, onde residiu de 1920 a 1922. Na capital francesa, ela estudou na renomada Académie Julian, na qual deu continuidade aos estudos de cunho acadêmico e, depois, com a pintora Emile Renard, com estudos mais soltos e vigorosos.

"Um intervalo se faz aí, embora tenha tido, ainda em 1922, uma primeira presença no Salon des Artistes Français em Paris. Voltando a São Paulo nesse efervescente ano de 1922, e nesse período, conhece modernistas que já se reuniam para discussões sobre arte", relata Aracy Amaral.

Tarsila, que já conhecia Anita Malfatti, é apresentada aos artistas, escritores e intelectuais que haviam participado da Semana de Arte Moderna, como Mário de Andrade (1893-1945), Menotti Del Picchia (1892-1988) e Oswald de Andrade (1890-1954). O contato com os jovens modernistas impulsiona a artista a buscar novos horizontes para sua obra e, ao regressar a Paris, entre 1922 e 1923, a fim de ampliar e modernizar seu repertório plástico, ela procura orientação de mestres cubistas como André Lhote (1885-1962), Albert Gleizes (1881-1953) e Fernand Léger (1881-1955).

Com Lhote, Tarsila continuou a exercitar o desenho de nus, mas desta vez geometrizando o contorno das figuras. Com Gleizes, troca o corpo humano por formas retangulares e desenvolve uma série de composições que, segundo Aracy Amaral, constituíram uma ginástica de depuração, equilíbrio, construção e simplificação.

De Léger, ela absorve a teoria dos contrastes plásticos, que consistia no agrupamento de valores contrários, como superfícies planas opostas a superfícies modeladas, personagens em volumes opostas às fachadas planas das casas, fumaças em volumes modelados opostas a superfícies arquitetônicas vivas, tons puros planos opostos a tons cinzas modelados ou inversamente. Na exposição, figuram alguns destes estudos e esboços, a exemplo de Mulher de máscara (1925), Saci e três estudos de bichos (1925), e Beatriz lendo IV (1945).

Posted by Patricia Canetti at 8:54 AM

março 10, 2020

Teresa Viana no MARP, Ribeirão Preto

Pensamentos Pictóricos é resultado do projeto de Teresa Viana contemplado pela FUNARTE - Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça, em sua 9ª edição, que consiste em viabilizar esta mostra no MARP - Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi e na doação de duas de suas obras à instituição.

Além das peças doadas, uma pintura encáustica e óleo sobre tela (2014) e um trabalho em lã de carneiro – feltragem – (2019), a exposição reúne mais duas pinturas do mesmo período e um conjunto de seis pequenas telas (2016), todas na mesma técnica, e duas séries de feltragem: uma composta por dez trabalhos, apresentada na coletiva Another Gesture, na A.I.R. Gallery, em Nova Iorque (2017), e outra com oito trabalhos (2018).

Exibidas pela primeira vez no Brasil, as feltragens decorrem do procedimento têxtil milenar utilizado pelos povos nômades da Ásia. “Assim busco resgatar um modus operandi ancestral ligado a outro espaço-tempo para questionar os processos perceptuais na contemporaneidade”, diz a artista. Estas obras foram ainda anteriormente reunidas e exibidas nos Estados Unidos, Spring Open Studio do ISCP, em 2019, quando a artista foi contemplada pela segunda vez com a bolsa da The Pollock-Krasner Foundation, para dar continuidade à sua pesquisa durante um ano e fazer uma residência artística no International Studio & Curatorial Program (ISCP), em Nova Iorque.

Já em sua pintura, Viana investiga a possibilidade de expandir a experiência do pensamento. Sua produção pictórica emerge na profusão de sensações sinestésicas que se organizam como “pensamento tátil”. Ao utilizar a cera como aglutinante dos pigmentos (encáustica), suas pinturas adquirem volume e caracterizarem-se por uma tridimensionalidade escultórica em cores vibrantes que extrapolam a superfície. Embora o seu meio principal seja a pintura, a artista trabalha também com desenho sobre papel e digital, colagens e, a partir de 2017, com a feltragem.

Teresa Viana (Rio de Janeiro-RJ, 1960 | Vive e trabalha em São Paulo - SP) estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro e mudou-se para São Paulo em 1992. É considerada uma artista dos anos 90, cuja obra tem ocupado lugar próprio na produção contemporânea brasileira. Além das já citadas exposições Spring Open Studio do ISCP, NY, 2019; Another Gesture, A.I.R. Galeria, NY, EUA, 2017, participou de: O MAC USP no século XXI: a era dos artistas, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, 2017; Library of Love, Cincinnati Contemporary Art Center, EUA, 2017; O Estado da Arte, Instituto Figueiredo Ferraz, RP, SP, 2016/2017; Elas: Mulheres Artistas no Acervo do MAB. Museu de Arte Brasileira, Fundação Armando Álvares Penteado, SP, 2016; Centro Cultural São Paulo, 2015/16; Museu de Arte de Ribeirão Preto, SP, 2012; Galeria Virgílio, SP, 2009; Espaço Cultural Sergio Porto, RJ, e Paço das Artes de São Paulo, 2005; Centro Universitário Maria Antônia da USP, SP, 2002; Galeria Baró-Senna, SP, 2001; Panorama da Arte Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo, MAM SP, 1999, MAC Niterói, RJ MAC Ceará, CE e MAM Recife, PE, 2000; Pintura dos anos 90, MAM SP, 2000; 9º Festival de Estúdio Aberto, Festival de Arte e Cultura Contemporânea, Buenos Aires, 2006, entre outras. Mais informações: www.teresaviana.com.br

Posted by Patricia Canetti at 12:14 PM

Wanda Pimentel no MAM, Rio de Janeiro

MAM Rio abre exposição em homenagem à artista carioca, aluna do abstrato Ivan Serpa, conhecida por retratar elementos do cotidiano e o universo feminino, nos anos 1960 e 1970, em diálogo com a arte pop

No dia 14 de março (sábado), o MAM Rio abrirá mostra de Wanda Pimentel (1943-2019) com pinturas, serigrafias, objetos e desenhos, que integram o acervo do museu. A exposição em homenagem à artista, falecida em dezembro do ano passado, tem curadoria de Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes.

Wanda iniciou seus estudos com Ivan Serpa, em 1964, no Bloco Escola do MAM Rio. Ao longo de sua carreira, participou de mais de 20 coletivas no museu, onde realizou uma individual em 2004.

A exposição - que fica em cartaz até 24 de maio - reúne 19 obras da pintora, das quase 30 que integram o acervo do museu carioca, revelando ao público aspectos importantes de sua produção. Além de dois trabalhos da série ‘Bueiro’, que foge à usual representação do espaço doméstico, a mostra exibe um conjunto da série ‘Envolvimento’, a mais importante da artista, que a caracteriza como um dos nomes fundamentais para a nova figuração brasileira da década de 1960. São pinturas de cores fortes, com tratamento mecânico e impessoal da imagem.

Nos espaços domésticos que WP constrói, a presença humana é indicada frequentemente por detalhes de corpos femininos, quase ausentes do quadro. Suas qualidades pictóricas, além da atualidade de questões como a presença/ausência feminina, apontam para uma notável convergência com questões atuais da arte contemporânea, como a discussão sobre a presença das minorias. De tal atualidade talvez decorra a recente, e merecida, reavaliação de seu trabalho.

Posted by Patricia Canetti at 10:18 AM

Irmãos Campana no MAM, Rio de Janeiro

A maior exposição já dedicada a trajetória de 35 anos da dupla reúne peças criadas ao longo das últimas décadas, além de trabalhos inéditos

A ocupação 35 Revoluções dos irmãos Fernando e Humberto Campana no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM RIO), a ser inaugurada no próximo dia 14 de março, é a maior exposição já feita pela dupla em seus 35 anos de trajetória. Reunindo projetos inéditos e instalações, concebidos especialmente para o espaço, e uma ampla seleção de peças de design e esculturas desenvolvidas ao longo das últimas décadas, a mostra pretende desafiar o público com uma montagem ousada, imersiva e provocadora. A exposição não apenas celebra a longevidade da dupla como reafirma a importância do MAM para o design. A instituição abrigou por vários anos o Instituto de Desenho Industrial e reforça esse papel histórico ao estimular a convergência entre as mais diversas formas de expressão visual.

A mostra é realizada em parceria com Natura Ekos, marca que é referência em conservação da sociobiodiversidade amazônica ao estabelecer laços com comunidades extrativistas da região. “O apoio à exposição é um marco inicial para uma ampla parceria, graças a nossas vocações comuns”, explica Andrea Alvares, vice-presidente de Marca, Inovação, Sustentabilidade e Internacionalização da Natura. “A arte gera forte conexão emocional e a união aos Irmãos Campana materializa o poder transformador que há na conexão do homem com a potência da natureza”, afirma.

Na exposição, aproximadamente 1,8 mil metros quadrados do segundo andar do prédio icônico de Affonso Eduardo Reidy serão tomados pela arte irreverente, desafiadora e criativa dos Campana. Numa espécie de caos criativo, os dois designers conceberam um ambiente imersivo, formado por um conjunto de grandes instalações e por um amplo conjunto de peças selecionadas para a mostra, nas quais se sobressaem questões marcantes em sua produção como a capacidade de integrar referências artesanais e industriais, uma profunda ousadia formal e material, um intenso flerte com o surrealismo e uma acentuada preocupação ambiental. O planejamento e organização do projeto são da Pinakotheke Cultural, empresa comandada por Max Perlingeiro.

A definição dos diferentes núcleos e confluências é bastante subjetiva e decorre de uma leitura ao mesmo tempo afetiva e conceitual proposta pela curadora italiana Francesca Alfano Miglietti. A ensaísta realiza uma aproximação entre a obra dos Campana e a ideia de “escultura social”, desenvolvida por Joseph Beuys. “Arte e design, para os irmãos Campana, não é um conceito exclusivamente de museu, mas uma concepção estética revolucionária onde a arte se torna uma prática comum, portanto, capaz de melhorar o relacionamento do homem com o mundo”, conclui ela.

Logo na entrada, o visitante encontrará uma enorme parede de cobogós. São cerca de 1,6 mil tijolos terracota vazados que têm como elemento de repetição uma mão aberta, sinal ao mesmo tempo de alerta e saudação. A estrutura, que remete às paredes de elementos vazados típicos da arquitetura vernacular nordestina, já de início pontua um dos aspectos centrais da obra da dupla: sua capacidade de incorporar e reinventar elementos típicos da cultura brasileira. Outras intervenções de caráter fortemente cenográfico se espalham pela grande sala. Há o gigantesco painel intitulado Pele, estrutura substancialmente orgânica que combina painéis de madeira, argila expandida e tela de galinheiro e que deriva de um desejo de criar novas formas e estruturas para projetos de paisagismo; ZigZag (um mosaico de estruturas na forma de gotas, em diferentes tamanhos, recobertos de fios de um intenso verde limão, e que recobre o teto do espaço expositivo); e uma sala de audiovisual forrada de tecido dourado com sedutores pufes negros, para exibir a história dessa parceria. Neste espaço, o visitante terá a oportunidade de viver uma experiência sinestésica. Como cheiros aguçam lembranças e ampliam a experiência sensorial, a fragrância de Natura Ekos Alma complementa a instalação.

Mas o efeito cênico, feito em colaboração com a Spectaculu Escola de Arte e Tecnologia, ONG criada por Gringo Cardia e Marisa Orth no Rio de Janeiro, não se limita à entrada, paredes e telhado. Pontuando e dando ritmo a esse enorme espaço estão mais de uma centena de elevadas torres, recobertas de palha de piaçava. Funcionando como troncos de uma estranha floresta, em uma clara alusão à questão ambiental, essas estruturas – que foram mostradas, em menor escala, em 2019, na Casa de Vidro de Lina Bo Bardi, em São Paulo – sugerem caminhos, permitem aproximações do público com os núcleos poéticos que organizam a exposição.

Sem hierarquias ou cronologias, estarão em diálogo na mostra desde as antológicas Cadeira Vermelha (1998) e a Poltrona Favela (2003), até trabalhos mais recentes como a série Hibridismo, a Poltrona Sade e algumas investigações de caráter mais coletivo – como as luminárias intituladas Retratos Iluminados –, desenvolvidas através do Instituto Campana, instituição criada em 2009 pelos irmãos para resgatar técnicas artesanais e promover a inclusão social por meio de programas sociais e educativos.

Experimentação e ousadia são elementos-chave no trabalho dos irmãos. Na maioria das vezes é o material que dita o caminho. O interesse é dar forma, sentido e função, a coisas simples, rejeitadas do cotidiano. Elementos descartados como isopor, plástico bolha ou as palhinhas de cadeiras antigas tornam-se, nas mãos desses designers artistas, elementos nobres. “São como falsos brilhantes”, brinca Humberto, demonstrando assim a importância de não deixar nenhum material ser tragado por sua banalidade.

“Depois de 35 anos, não sei se sou designer ou artista, não me preocupo mais se a peça tem funcionalidade ou não”, acrescenta ele. Sobre o trabalho longevo da dupla, ele completa: “Trabalhamos bem juntos, um instiga, provoca o outro”. O irmão Fernando também valoriza essa curiosa combinação, diz que muitas vezes “um pensa e o outro completa”, num processo em que sintonia e diversidade se alternam. “Desde a infância, ele queria ser índio, eu astronauta”, brinca. Uma parceria tão longa não é algo simples, mas Humberto destaca a importância de que ambos, neste longo período, procuraram desenvolver suas expressões individuais, criando trabalhos pessoais, que também estarão presentes na exposição.

Para Fernando, a principal conquista deles foi mostrar que o Brasil não é apenas aquele dos clichês, do samba, futebol e folclore.“Conseguimos levar a excelência do artesanal, o fatto a mano brasileiro à indústria italiana”. Conhecidos internacionalmente por sua obra no campo do design, com parcerias importantes com marcas de renome como Edra, Alessi e Louis Vuitton, presença constante nos grandes eventos e exposições do design mundial e com trabalhos nas principais coleções e museus do mundo, abriram um espaço que até então parecia fechado aos criadores brasileiros.

A mostra também conta ainda com patrocínio de Carpenters Workshop Gallery, Firma Casa e Friedman Benda e apoio das empresas Divina Terra, Fink e Tokio Marine Seguradora.

SOBRE O ESTUDIO CAMPANA

Em 1984, os irmãos Fernando (1961) e Humberto (1953) Campana criaram, em São Paulo, o Estudio Campana, que se tornou reconhecido pelo design de mobiliário e por criação de peças intrigantes - como as cadeiras Vermelha e Favela. Posteriormente, o estúdio expandiu seu repertório para as áreas de arquitetura, paisagismo, cenografia e moda, entre outras.

Atualmente, os irmãos Campana figuram na lista dos arquitetos mais icônicos do mundo da Interni (2018). Em 2015 e 2014 a Wallpaper os classificou, respectivamente, entre os 100 mais importantes e 200 maiores profissionais do design. Em 2013, foram listados pela revista Forbes entre as 100 personalidades brasileiras mais influentes.

Em 2012, Fernando e Humberto Campana foram selecionados para o Prêmio Comité Colbert, em Paris; homenageados pela Design Week de Pequim; receberam a Ordem do Mérito Cultural, em Brasília, e foram condecorados com a Ordre des Arts et des Lettres pelo Ministério da Cultura da França, além de eleitos Designers do Ano pela Maison & Objet de Paris. Em 2008, receberam o prêmio Design Miami/ Designer of the Year Award.

As peças Campana fazem parte de coleções permanentes de renomadas instituições culturais como MoMa de Nova York; Centre Georges Pompidou e Musée des Arts Décoratifs, Paris; Vitra Design Museum, Weil am Rhein; Design Museum de Londres,Philadelphia Museum of Art, Pinakothek Der Moderne Munich, Musée des Beaux-Arts de Montréal, Tokyo Museum of Contemporary Art, Fundação Edson Queiroz, Recife, e no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

SOBRE O INSTITUTO CAMPANA

Fundado em 2009, a missão do Instituto Campana é preservar o legado dos Irmãos Campana, utilizando o design como ferramenta de transformação através de programas sociais e educativos. A Associação Civil de direito privado sem fins lucrativos realiza esse objetivo por meio de parcerias e acordos de cooperação com instituições estrangeiras e nacionais, empresas, organizações e entidades públicas e privadas.

Um dos principais atributos do trabalho dos Irmãos Campana é a inspiração pelas técnicas artesanais tradicionais de diferentes partes do Brasil e ao redor do mundo. Foi precisamente a proximidade com as diferentes realidades que deram o impulso inicial para a criação de uma organização com três principais áreas de trabalho: o resgate de técnicas artesanais, o desenvolvimento da inclusão social e preservação da obra dos irmãos para futuras gerações.

SOBRE O MAM RIO

Fundado em 1948, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – uma sociedade civil sem fins lucrativos – logo se tornou uma das poucas instituições culturais do país em que as vanguardas brasileiras do pós-guerra encontraram estímulo para florescer. Em 70 anos de história, dezenas de eventos e exposições seminais da arte moderna e contemporânea brasileira ocorreram no MAM Rio. A instituição tem um dos mais importantes acervos de arte moderna e contemporânea da América Latina, reunindo três grandes coleções, que somam mais de 16 mil obras, o que reflete sua trajetória interessada não só pela história da arte, em especial da arte brasileira, mas também na jovem produção contemporânea. Foi no MAM que surgiu o embrião da Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), e onde Karl Heinz Bergmiller (1928) criou o Instituto de Desenho Industrial, de grande importância para a área. Em 2016, o MAM criou a curadoria de design, a cargo de Tulio Mariante.

Posted by Patricia Canetti at 9:25 AM

março 9, 2020

Nuestra América na Luisa Strina, São Paulo

Para encerrar a trilogia de mostras em homenagem aos 45 anos da Galeria Luisa Strina, completados em dezembro de 2019, a galeria inaugura em março a exposição Nuestra América. Dedicada à história recente do espaço, cobre o período de meados dos 2000 até o fim da década de 2010, anos em que Luisa Strina se dedica a estreitar os laços entre o meio artístico brasileiro e aquele dos demais países latino-americanos. Em 2006, havia dois artistas latinos de fora do Brasil no time da galeria: o cubano Carlos Garaicoa e o argentino Jorge Macchi; em 2012, já eram 15 artistas representados.

A exposição toma emprestado o título de um ensaio do intelectual cubano José Martí, que continua atual 130 anos depois de sua publicação. Um dos textos fundantes do pensamento contra-hegemônico do Sul geopolítico, Nuestra América é considerado um paradigma teórico pelo sociólogo Boaventura de Souza Santos, que identifica nele o “potencial emancipatório da cultura social e política de grupos cuja vida cotidiana é intensificada pela necessidade de transformar estratégias de sobrevivência em fontes de inovação, de criatividade, de transgressão e de subversão”.

Os artistas de hoje da AL valem-se da transformação de materiais como uma ferramenta estratégica. Da adversidade vivemos, já afirmava Hélio Oiticica sobre a condição latina de resistência a partir da precariedade. Segundo Maria Quiroga, diretora da Luisa Strina: “A geração 2000 na Colômbia, por exemplo, é a primeira a não se sentir na obrigação de tematizar a violência; e um caminho que os artistas encontram é utilizar o papel como suporte para fazer desde desenhos até obras escultóricas; é um material acessível, prático, mas dele os artistas vão fazer usos muito originais”.

A percepção de que havia espaço para trabalhar a arte de argentinos, colombianos, venezuelanos, costa-riquenhos em São Paulo coincide com a emergência nestes países de uma geração que começa a explorar outros caminhos na produção contemporânea. A diretora destaca ainda a permeabilidade dos artistas de países vizinhos em relação à cultura e arte brasileiras: “Aconteceu por parte dos artistas com que viemos a trabalhar um grande fascínio com a arquitetura, o design e a paisagem daqui. E as coleções foram se abrindo para estabelecer diálogos entre as obras de brasileiros e a destes novos artistas que souberam ver e refletir de novas maneiras sobre o País.”

Nuestra América reúne obras dos artistas Alessandro Balteo-Yazbeck, Alfredo Jaar, Bernardo Ortiz, Beto Shwafaty, Carlos Garaicoa, Clarissa Tossin, Eduardo Basualdo, Federico Herrero, Gabriel Sierra, Jorge Macchi, Juan Araujo, Magdalena Jitrik, Marcellvs L., Mateo López, Matias Duville, Nicolás Paris, Pablo Accinelli, Pedro Motta, Pedro Reyes e Thiago Honório.

Artistas da galeria comentam a relação de sua pesquisa com o Brasil:

“Meu relacionamento com o Brasil começa em 2006 com a Bienal de São Paulo, Como Viver Juntos, da qual participei como membro da Taller Popular de Serigrafía, a convite de Lisette Lagnado e sua equipe, e esse foi realmente o começo do meu relacionamento com o Brasil, pois meu trabalho foi sempre muito bem recebido desde então. Assim, nas obras que mostramos ao longo das 4 exposições na galeria, o impacto do Brasil que conheci em 2006, tanto na Bienal quanto na exposição que aconteceu simultaneamente no Museu de Arte Moderna, a reconstrução da Iª Exposição Nacional de Arte Concreta em São Paulo, de 1956, tudo isso ficou implícito nos meus trabalhos seguintes, nos quais me reafirmei na abstração, deixando entrar o animismo, a mistura cultural que alimenta a cultura sul-americana e na qual desenvolvemos nossa identidade.” [Magdalena Jitrik]

“Em 2002, participei da Bienal da Fortaleza, com curadoria de Philippe Van Cauteren, que em 2011 organizou minha retrospectiva no SMAK, em Ghent, Bélgica. Em Fortaleza, conheci Rodrigo Moura e Carlos Garaicoa. Na bienal, mostrei uma obra chamada Fuegos de Artificio, uma instalação com lâmpadas e pregos. Moura gostou dessa peça porque, anos depois, foi adquirida por Inhotim. Essa história parece um jogo de espelhos, mas se você observar as pessoas e os países envolvidos, só poderá pensar na fluidez das relações humanas e artísticas. E isso continuará a acontecer apesar de tudo.” [Jorge Macchi]

“No meu caso, o papel da galeria foi fundamental. Graças à minha segunda exposição na galeria, surgiu o interesse de me convidarem para a Bienal de São Paulo de 2012. Em relação à influência da arte brasileira, no meu caso, novamente, acho que há dois momentos, o anterior à experiência de morar em São Paulo e o posterior. Antes de morar aqui, diria que a influência era atraente, algo difícil de se esquivar ou medir e, talvez, quando fui morar em SP, tive que lutar contra isso e ter outro tipo de influência, de convivência, alerta, de ir e vir pela cidade e pelo circuito artístico. Acho que a minha exposição em Inhotim encerrou um belo primeiro ciclo, para passar para outro. A terceira individual na galeria mostra essa transformação, me parece.” [Pablo Accinelli]

“Agradeço pelo convite para comentar a minha relação com o Brasil e o contexto político desses dois regimes que infelizmente hoje unem a Venezuela e o Brasil, resultado de negligência e corrupção da classe política em nossas histórias. Fiquei, portanto, muito empolgado mas neste momento não quero fazer um relato histórico que muitas pessoas já conhecem, nem me interessa falar de mim, mas sim aproveitar a oportunidade para demonstrar meu descontentamento e o amor que me une ao Brasil, à galeria, aos arquitetos e à liberdade que deve ser defendida sempre.” [Juan Araujo]

“A influência ou o conhecimento da arte brasileira no meu caso remonta há 20 anos, quando estudamos Tunga, Cildo, Oiticica e Lygia Clark na Universidade de Caracas. Até me lembro da visita de Paulo Herkenhoff, que nos contou sobre eles e o manifesto antropofágico. Voltei a encontrá-lo em Nova York, em uma exposição de que participei em 2000. Em 2009, Adriano Pedrosa me convidou para participar do Panorama e de uma residência na FAAP, e então Luisa decidiu me representar. Eu sempre tive em mente o contexto da exposição e a maneira como o meu trabalho pode ser recebido no Brasil.” [Alessandro Balteo-Yazbeck]

“Em 2009, estava trabalhando em uma série de grandes desenhos em carvão, e foi com ela que ocorreu a primeira ponte entre o meu estúdio em Buenos Aires e São Paulo, precisamente na galeria, que foi muito importante, pois minha pesquisa ganhou um novo ar. Em 2010, fiz uma exposição com esses desenhos em grande escala, chamada Este fue otro lugar, todos eram paisagens mentais influenciadas pelo mundo ao nosso redor, mas filtradas por um descampado mental. Lembro-me de chegar a SP várias vezes pela rodovia, desde o aeroporto, e ter a sensação de estar em uma lacuna entre realidade e ficção. Essas e outras impressões foram se acumulando no meu inconsciente e deram origem a obras esculturais nas quais acredito que há muito desse mood paulista.” [Matias Duville]

Posted by Patricia Canetti at 3:36 PM

Inauguração nova sede do IAC, São Paulo

Com a inauguração interrompida pela pandemia, a nova sede do IAC recebe o público a partir do dia 13 de outubro

Seguindo todos os protocolos exigidos para abertura de centros culturais - controle de número de visitantes, medição de temperatura, percurso único, tapetes sanitizantes e fornecimento de máscara e álcool em gel, o Instituto de Arte Contemporânea abre as suas portas com a exposição Luzes da Memória.

Para celebrar o encerramento do ano e da exposição, o IAC promove um encontro entre as artistas Carmela Gross e Iole de Freitas, com mediação dos curadores da mostra Marilucia Bottallo e Ricardo Resende. O evento acontecerá no dia 9 de dezembro, quarta-feira, às 19h no canal do Instituto de Arte Contemporânea no YouTube.

Na confluência das avenidas Dr. Arnaldo e Paulista, importante eixo cultural da cidade de São Paulo, em um prédio de quatro andares integralmente reformado, está instalada a nova sede do IAC, finalmente própria, depois de mais de 20 anos de atuação em espaços cedidos por comodatos de curta duração.

A única instituição no país voltada exclusivamente à preservação de arquivos pessoais de artistas e arquitetos modernos e contemporâneos brasileiros passou a contar com espaços especialmente desenhados e tecnicamente equipados para processar, tratar e proteger seus hoje 13 acervos, agora com capacidade para receber muitos outros. A nova sede dispõe ainda de duas áreas de exposição, um auditório, sala de atendimento a pesquisadores, e estão previstos uma loja/livraria e um café.

Para ficar independente das exigências de outros comodatos, Raquel Arnaud, presidente e fundadora da instituição, optou por uma sede definitiva, viabilizada com recursos próprios. Com projeto de reforma assinado por Felippe Crescenti, o novo espaço atinge a área total do prédio, 900m2. Um leilão realizado em agosto de 2019, com peças oferecidas pelos artistas, garantiu as despesas finais, como transporte das obras, aquisição de mobiliário de reserva técnica para os acervos, ar condicionado, sistema de segurança, telefonia, internet, entre outras.

“Luzes da Memória”, exposição inaugural

Com curadoria do crítico Ricardo Resende e de Marilúcia Bottallo, museóloga e diretora técnica do IAC, a exposição para comemorar a abertura da nova sede apresenta projetos inéditos de artistas que em 2019/2020 passaram a confiar seus arquivos ao Instituto de Arte Contemporânea – Carmela Gross, Antonio Dias, Ivan Serpa, Jorge Wilheim e Rubem Ludolf –, além de obras de dois artistas integrados anteriormente ao acervo, Iole de Freitas e Sérvulo Esmeraldo. A exposição montada e interrompida pela pandemia, ganhou formato em vídeo, que pode ser acessado pelo canal do Instituto de Arte Contemporânea no Youtube.

Luzes da Memória reúne projetos em várias linguagens, como a utópica proposta de reurbanização do Boulevard Augusta (1973), não realizado, proposto pelo arquiteto Jorge Wilheim, ou cartas reveladoras como a de Nise da Silveira no arquivo de Ivan Serpa, em que a médica comenta sobre o trabalho do artista. Em nova obra escultórica, Pele: um corpo para memória (2019/2020), Iole de Freitas projeta o seu filme em super 8, Roteiro Cego (1972/2020), enquanto a máscara do senador Sam Ervin, responsável pelo Watergate, obra de Antonio Dias, pode ser experimentada pelo visitante. Por sua vez, Carmela Gross, a segunda mulher a entrar para o IAC, pinta de dourado as escadarias do prédio, emanando luz dourada para dentro do novo espaço, e Rubem Ludolf um dos artistas fundamentais do construtivismo brasileiro, pouco visto em São Paulo, tem um projeto de pintura reproduzido na parede e algumas de suas serigrafias reunidas que expressam o seu pensamento gráfico e construtivo.

Sérvulo Esmeraldo completa a exposição com uma instalação de luz prismática nunca antes apresentada em São Paulo. Na obra feita de plástico translúcido, água e corda sobrepostos e suspensos, os reflexos produzidos transformam o subsolo do prédio em uma fonte de raios de luz e cor: prismas que preenchem as sombras do lugar.

“O IAC nasceu para ser das mais instigantes e respeitadas instituições culturais do país. Tem a missão de guardar, preservar e disseminar os arquivos de artistas. Aquele material precioso que não se sabe muitas vezes como proceder ou para as famílias herdeiras dos legados, que destino dar para as “coisas” que ficam esquecidas e guardadas em pastas e gavetas nos ateliês dos artistas. Guarda-se de tudo nesses arquivos, o que importa e até o que não importa de uma obra artística. Pensando nisso, fomos buscar projetos curiosos não realizados ou aqueles projetos realizados e pouco vistos que ficaram guardados nas tais gavetas da memória”. (Ricardo Resende, curador e Conselheiro Curatorial do IAC).

Sobre o IAC

O IAC – Instituto de Arte Contemporânea surgiu em 1997 para a preservação inicial de dois acervos confiados a Raquel Arnaud: Willys de Castro e Sergio Camargo. Foram 23 anos de credibilidade, incluindo o Prêmio APCA, em 2006, como melhor iniciativa cultural do ano. Antes desta sede própria, operou por meio de parcerias institucionais com a Universidade de São Paulo (2006-2011) e com o Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (2011-2019).

Se de um lado, com seu potente Núcleo de Documentação e Pesquisa, atende a estudiosos, de outro, o IAC oferece ao público exposições que revelam o processo de trabalho de grandes nomes da arte brasileira, além de cursos, palestras e workshops. Pela interface online ainda, pesquisadores de qualquer parte do mundo podem ter acesso ao seu banco de dados.

Até 2019 o acervo contava com 50 mil documentos aproximadamente, dos artistas Amilcar de Castro, Hermelindo Fiaminghi, Iole de Freitas, Ivan Serpa, Lothar Charoux, Luiz Sacilotto, Sergio Camargo, Sérvulo Esmeraldo e Willys de Castro. Agora, no novo espaço, já estão em vias de processamento mais cinco arquivos documentais: dos artistas Antonio Dias, Carmela Gross, Ivan Serpa, Rubem Ludolf e do arquiteto, Jorge Wilheim.

Como resultado das pesquisas produzidas a partir do acervo do instituto foi lançado Encontros Fundamentais – IAC 20 anos, em maio de 2020, editado em parceria com a editora UBU, com projeto gráfico de Elaine Ramos. Concebido e organizado pelo curador Jacopo Crivelli Visconti, o livro reúne textos inéditos dos críticos Alberto Salvadori, Aleca Le Blanc, Carla Zaccagnini e Michael Asbury, além de Raquel Arnaud, Marilúcia Bottallo e do próprio Crivelli Visconti.

Outro lançamento do IAC em 2020 foi mis piedras – Sergio Camargo – ateliês 1950 ____1990, para celebrar os 90 anos do artista (Rio de Janeiro, RJ, 1930 - idem, 1990). O livro reúne imagens fotográficas, estudos, poemas e excertos sobre o pensamento plástico do artista e sobre sua prática de ateliê. Nesses espaços, Sergio Camargo criava e meditava sobre sua obra e sobre arte. Com vários ateliês no Rio de Janeiro, em Paris e em Massa, Itália, em distintos períodos, as imagens do livro testemunham suas pesquisas e inquietações conceituais e pragmáticas. Com formação na Sorbonne em filosofia e na École Pratique des Hautes Études em sociologia da arte, o livro apresenta uma faceta do artista que, por meio da prática do ateliê, consegue fundir seus interesses em um processo único e em gestos profundamente meditados.

mis piedras – Sergio Camargo – ateliês 1950 ____1990 tem projeto gráfico do artista Carlos Nunes, que também assina a concepção e organização juntamente com Marilúcia Bottallo e David Forell. (Para adquirir as publicações do IAC acessar: contato@iacbrasil.org.br ou os telefones +55 11 3129-4898 e 3129-4973)

Exposição Luzes da Memória: de 13 de outubro de 2020 – Até 20 de dezembro, de terça a domingo, das 11h às 17h, ingresso grátis pelo Sympla, grupo de cinco pessoas por circuito de 45 minutos.

Funcionamento do IAC para pesquisadores: de terça a sexta-feira, das 10h às 16h, mediante agendamento: Sympla (5 grupos por dia, sendo às 11h, às 13h, às 14h, às 15h, às 16h) a venda será liberada no sábado dia 10/10.

Posted by Patricia Canetti at 8:56 AM

março 8, 2020

Milton Kurtz na Ecarta, Porto Alegre

Mostra de Milton Kurtz marca a abertura da programação para 2020 e integra a terceira edição do projeto Seleção Ecarta

Para reconhecer nomes expressivos da arte contemporânea brasileira, a Galeria Ecarta promove, na quinta-feira (12), a abertura do projeto Seleção Ecarta para homenagear Milton Kurtz (in memoriam). O artista teve um papel provocativo permeado pela indústria cinematográfica e por retratos do cotidiano. A curadoria é dos pesquisadores Nicolas Beidacki e Walter Karwatzki e reúne 30 desenhos e pinturas.

A trajetória artística de Kurtz é comprometida com a leitura da própria identidade brasileira. “Os regionalismos, as marcas de uma cultura centralizada na figura masculina e as nuances entre ser americano e americanizado compõem um mosaico estético e político, que é antes de tudo, uma assinatura de resistência”, analisam os curadores.

A mostra é o primeiro projeto expositivo do ano e faz parte da Seleção Ecarta, iniciativa que chega na terceira edição reunindo em torno do artista olhares variados, por meio da produção textual de pesquisadores, críticos e curadores convidados. A intenção é expandir a visão e democratizar o conhecimento sobre as obras em questão, aportando múltiplas e novas narrativas.

Nesta edição de Seleção Ecarta, 20 nomes entre jovens artistas, curadores e estudiosos do tema, discorrem sobre os trabalhos escolhidos para aproximar ainda mais o público da atmosfera densa, libidinosa e provocativa que Kurtz imprime. Os escritos de Carolina Haedrich, Celma Paese, Chico Soll, Cristiano Goldschmidt, Cristina Barros, Diego Groisman, Diego Hasse, Diones Camargo, Felipe Caldas, Guilherme Fuentes, Henrique Menezes, João de Ricardo, Laura Cattani, Marina Roncatto, Mel Ferrari, Nina Sanmartin, Renata Voss, Roger Lerina, Ulisses Carrilho e Vitor Necchi traçam, além de uma singularidade, um panorama diverso que reside no contato entre espectador e obra.

Os textos críticos tornam-se, assim, uma marca do projeto de memória que a Ecarta realiza no ano que completa 15 anos. De acordo com o coordenador da galeria André Venzon, é uma ação curatorial, mas, sobretudo, uma prática educativa que aproxima os distintos públicos do vasto universo que a arte se propõe a ser.

A abertura acontece a partir das 19h na Ecarta (Av. João Pessoa, 943). A visitação tem entrada gratuita e encerra em 19 de abril.

Um pouco mais sobre o artista, os curadores e o local

Milton Kurtz (Santa Maria/1951 - Porto Alegre/1996) – graduado em Arquitetura pela Ufrgs, em 1977. O artista realizou sua primeira exposição na galeria Tina Presser, na capital gaúcha, em 1983. Fez parte do Grupo KVHR, entre 1978 e 1980, e do Espaço No, de 79 a 82. Sua obra versátil e plural percorreu o Brasil, além de Cuba, Estados Unidos e Uruguai.

Nicolas Beidacki - dramaturgo, artista visual e Conselheiro de Cultura do Rio Grande do Sul. É graduado em Teatro pela Universidade Federal de Pelotas.

Walter Karwatzki - artista visual, escritor, professor e doutor em Processos e Manifestações Culturais pela universidade Feevale.

Galeria Ecarta - está completando 15 anos e é um dos cinco projetos da Fundação Ecarta. O espaço recebe, em média, seis exposições anuais e promove itinerâncias, laboratórios de curadoria, residência artística e montagem, entre outras atividades próprias e em parceria com instituições em âmbito local, regional e nacional. A coordenação é do artista, curador e gestor cultural, André Venzon.

Posted by Patricia Canetti at 9:48 AM