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outubro 10, 2020
Como habitar o presente? Ato 3 na Simone Cadinelli, Rio de Janeiro
Pela primeira vez, desde que começou a pandemia, a galeria irá abrir ao público. De julho a setembro foram realizadas exposições na vitrine voltada para a rua, replicadas no site, enquanto a galeria permanecia fechada. Agora, seguindo todos os protocolos no combate ao Covid-19, a galeria começa uma nova etapa, reunindo obras de 21 artistas que poderão ser vistas pessoalmente pelo público, na mostra que é o terceiro e último desdobramento da reflexão iniciada em julho: “Como habitar o presente?”
Simone Cadinelli Arte Contemporânea, irá inaugurar, a partir do próximo dia 13 de outubro, o terceiro e último “ato” da exposição “Como habitar o presente?”, realizada em sua vitrine e virtualmente, no site, em dois momentos anteriores, entre julho e setembro. Desta vez, o “Ato 3 – Antecipar o futuro” irá ocupar, com obras de 21 artistas, toda a galeria, que será, pela primeira vez aberta ao público desde o anúncio da pandemia. A curadora Érika Nascimento comenta que, “após sete meses em que a galeria esteve fechada, esta exposição marca ao mesmo tempo este momento de reabertura e a finalização desta reflexão tríplice temporal, com obras de 21 artistas em diferentes suportes e linguagens, como fotografia, vídeo, instalação, pintura e objetos”.
O público poderá ver ainda pessoalmente os 29 vídeos dos 27 artistas que fizeram parte do Ato 1 e do Ato 2, exibidos de julho a setembro na vitrine da galeria e em seu site. Os vídeos integrarão o Ato 3, que assim engloba os três momentos, somando, ao todo, 62 obras. A exposição também poderá ser vista no site da galeria, agora como um tour virtual 3D (viewing room).
A curadora Érika Nascimento explica que este terceiro ato “a princípio habitaria o lugar de uma expectativa para um presente-futuro, e agora reforça o momento em que desejamos: antecipar o futuro, estabelecer rupturas, utopias e compartilhar sonhos”.
Em “Como habitar o presente? Ato 3 – Antecipar o futuro”, o público verá os trabalhos dos artistas Agrade Camíz (Rio), Agrippina R. Manhattan (São Gonçalo, Estado do Rio), Caroline Valansi (Rio), Claudio Tobinaga (Rio), Denilson Baniwa (Mariuá, Amazonas), Efe Godoy (Sete Lagoas, Minas), Fernanda Sattamini (Rio), Fernando Brum (Rio), Franklin Cassaro (Rio), Gilson Plano (Goiânia), Isabela Sá Roriz (Rio), Jimson Vilela (Rio, vive em São Paulo), Leandra Espírito Santo (Rio, vive em São Paulo), Márcia Falcão (Cabo Frio, Estado do Rio), Pedro Carneiro (Rio), Rafael Adorján (Rio), Simone Cupello (Niterói, Rio de Janeiro), Stella Margarita (Treinta y Três Uruguai, radicada no Rio), Virgínia Di Lauro (Barra do Choça, Bahia, vive e trabalha em Porto Alegre), Vitória Cribb (Rio) e Yhuri Cruz (Rio).
CUIDADOS CONTRA O COVID
Para garantir o conforto e a segurança do público, a galeria vai seguir todos os protocolos no combate ao Covid-19:aferição de temperatura, tapetes sanitizantes, uso obrigatório de máscaras de proteção, álcool em gel, além de restrição ao número de visitantes, que será de no máximo três pessoas por visita.
DESTAQUES DA EXPOSIÇÃO
Logo na entrada da exposição estará um letreiro luminoso da artista Leandra Espírito Santo com a frase “Eu só existo na terceira pessoa”. O final do percurso igualmente é sinalizado por outra frase: “Antes de cairmos, nos tornaremos o sol”, de Agrippina R. Manhattan. A curadora salienta que essas obras “abrem passagem para o questionamento sobre o nosso lugar de existência a partir de um ‘outro’, e também sobre o limiar para um abismo de nossa própria existência”.
“Ato 3 – Antecipar o futuro” traz a pintura inédita de Claudio Tobinaga “Akatombo-type 93” (2020), avião de guerra japonês nomeado a partir de uma canção tradicional de ninar, que descreve o voo de uma libélula vermelha, comum naquele país. O artista trabalha sobre a memória da família, “em meio ao caos ocasionado por um mundo em guerra”.
Na instalação “Lanterninhas Red Light, Sempre um Bom Filme” (2016), Caroline Valansi reúne objetos de sua pesquisa sobre o universo de cinemas e filmes pornográficos, e discute a lanterna, que ao mesmo tempo “ajudava os espectadores a encontrarem seus lugares, direcionava seus fachos de luz também aos que se comportassem indevidamente”. “É um buraco de fechadura, por onde podemos assistir, no escurinho, todas as formas de prazer que nos são tolhidas aos olhos e à luz da rua”.
Fernando Brum investiga em suas pinturas “a dinâmica da paisagem”. Em “Alvorada” (2020), e nas duas “Sem título” (2020), da série “Matéria”, em óleo sobre linho, e “Neblina” (2018), acrílica sobre tela, o artista conta que, “ao invés de apresentar uma realidade factual, uma ilusão é fabricada para conjurar os reinos da nossa imaginação”.
No conjunto “Limite” (2020), de Gilson Plano, objetos de latão e couro estão dobrados e suspensos por uma pequena lança de ferro cravada na parede. “É uma possibilidade de pensar a ideia de limites que se cruzam”, explica. “O trabalho lida com a materialidade da pele cortada e cravejada pelo metal como reflexão de um corpo diante de seus limites”.
A problemática feminina vista através de experiências pessoais, tendo o Rio de Janeiro como cenário, “ora belo e poético, ora violento e assustador”, é um tema presente no trabalho de Márcia Falcão, que na pintura “Tô com medo de tiro” (2020), em óleo sobre tela, discute o fato de que “quando se ouve tiros, não é claro de onde vêm e nem o motivo dos disparos”. “Embora a personagem esteja protegida pela coluna e barreira de caquinhos, tão comuns nos subúrbios cariocas, sua mente já foi perfurada pela arma de fogo e os brinquedos se misturam a ratos em confronto”, conta.
VITRINE: ESPAÇO DE EXPERIMENTAÇÕES ARTÍSTICAS
“Durante a pandemia, a vitrine da galeria foi utilizada como recurso para levar arte às pessoas que passavam pela rua Aníbal de Mendonça, em Ipanema. Entendemos que ela é um espaço importante da galeria, e a partir dessa mostra será utilizada para experimentações dos artistas”, destaca Simone Cadinelli. Durante o “Ato 3”, a vitrine será ativada, em três momentos diferentes, pelos artistas Pedro Carneiro, Virgínia Di Lauro e Franklin Cassaro, com duração de um mês cada.
QUESTÕES RACIAIS, CONFLITOS, ILUSÃO
As relações humanas e raciais em conflito nos espaços urbanos estão presentes na pesquisa desenvolvida por Pedro Carneiro. A pintura “Laços Afetivos” (2019), tinta acrílica e jet dourado sobre tela, “ilustra o encontro de duas mulheres negras, sem mostrar seus rostos, cada uma olhando para lados opostos”. “Passado e futuro são ligados por um laço que cobre suas cabeças, ori. A ligação então nasce da ideia de um encontro afetivo entre elas”, diz.
O conjunto de duas fotografias – “Desdidática 1 e 5” (2018), impressão fine art sobre papel algodão Canson Edition Etching 310g – foi realizado por Rafael Adorján a partir “da descoberta de uma caixa repleta de antigos diapositivos”. “Resolvi intervir radicalmente no material, proveniente de um programa imagético-pedagógico adotado em salas de aula brasileiras no século passado”.
Simone Cupello investiga a “peculiaridade da matéria fotográfica ao mesmo tempo em que relaciona a produção de memória à temporalidade dos elementos naturais”. No objeto “Ásperos (fotos de palavras e outras)” (2019), casca de fotografias apropriadas, “sua forma e textura modular sugerem o ‘recorte’ de um corpo maior”. “As fotografias são vistas com crueza, película e papel. Enquanto imagens incompletas, se confundem e escapam ao menor movimento dos olhos”.
Na pintura “Entretanto” (2019), acrílica, óleo e carvão sobre tela, de Stella Margarita, “corpos, movimentos, figuras sem face definida, em ângulos, cortes e enquadramentos inusitados flutuam em espaço e tempo incertos como se desprovidos de chão e horizonte”, aponta a crítica Marisa Flórido.
No segundo andar da galeria estará o vídeo “@ilusão”, feito digitalmente e narrado por Vitória Cribb, que nos leva a “um looping de reflexão sobre os estados de êxtase, ânsia e solidão que nos acometem continuamente ao interagirmos com o outro e com o algoritmo”. As falas da artista pontuam expressões como “ciclicidade no consumo dos conteúdos digitais” e discutem uma “hierarquização sociovirtual”.
Érika Nascimento observa que “ao longo desses três ‘Atos’ (‘1 – É tudo nevoeiro codificado’, ‘2 – Estamos aqui’ e ‘3 – Antecipar o futuro’), reunimos 45 artistas nesta exposição-projeto”. “Nesta tríade, buscamos criar estratégias de vivenciar o presente”, afirma.
DESCRIÇÃO DAS OBRAS, PELOS ARTISTAS
Agrade Camíz
“Habitacional l” (2019) – Instalação; látex, acrílica, pastel seco e spray sobre tela (78x79cm), portão de ferro sobre madeira (72x97cm)
“Portão baixo onde me debruço, conveniente, retorno ao primeiro chão, portas fechadas para o acesso, entretanto crio minhas próprias entradas e reformo o próprio eu/casa. Existência e reexistência. A pintura, uma manifestação estimada no mundo da arte, é um simples tapete de entrada, mal nomeado no passado como capacho, chamo agora ‘Habitacional l’”.
Agrade Camíz cresceu no conjunto habitacional IAPC, localizado às margens da favela do Jacaré na zona norte carioca. Produz intervenções na rua há nove anos, pintando murais, grafitis, passando inicialmente pela pichação. Atualmente desenvolve sua pesquisa a partir da estética do subúrbio do Rio de Janeiro utilizando expressões, formas e signos da cultura local e da habitação popular, como a incorporação de grades (estruturas de proteção) em alguns trabalhos e a grafia da palavra em si.
Agrippina R. Manhattan
“Sem medo de cair quando a aposta é voar (homenagem a Lorenza)”, série “O jardim das Serpentes” (2019) – Instalação; painel de LED, dimensões variáveis; 70 x 20cm.
“Esta é uma das partes da instalação ‘O jardim das serpentes’ que desenvolvi. Cenário de uma festa passa batido e mata um desavisado. Se fosse uma cobra teria te mordido. Esse é bicha de árvore e se cria no escuro iluminando a noite. Ser que aprendeu a produzir a própria luz avisa que eventualmente o dia vem. O sol nasce assim como nascemos. Nesse meio ao pico voamos sabendo que vamos cair. Sabe e repete que mais uma vez de novo ela vira. Se chama Lorenza porque com Lorenza Bottner aprendi como pôr em palavras como é ser vista pelos olhos de outros”.
Artista, professora e travesti, Agrippina R. nasceu e foi criada em São Gonçalo, Rio de Janeiro, e tem o seu trabalho como parte de uma profunda preocupação sobre tudo aquilo que restringe a liberdade. Escolheu seu nome e inventou a si mesma, “como a escolha de um título para um trabalho ou encontrando a tradução do que senti em poesia”.
Caroline Valansi
“Lanterninhas Red Light, Sempre um Bom Filme” (2016) – Objeto; impressão a laser em papel 90 gramas, parafina, alumínio, luz de LED e controle remoto;
15 x 15 x 15 cm
“É uma instalação composta por uma série de objetos inspirados nas lanterninhas das antigas salas de cinema. Um espectador caminhante, um voyer desses espaços que, na penumbra, convidam ao amor e ao sexo. Apontando sua lanterna para os caminhos escuros esse vaga-lume ajudava os espectadores a encontrarem seus lugares, mas seus fachos de luz também eram direcionados aos que se comportassem indevidamente. ‘Lanterninha red light’ é um buraco de fechadura, por onde podemos assistir, no escurinho, todas as formas de prazer que nos são tolhidas aos olhos e à luz da rua”.
Caroline Valansi é artista visual, professora e trabalha com saúde mental. Sua produção artística transita entre a palavra, o espaço e a ficção. Suas obras sempre foram enraizadas em seu forte interesse em traços coletivos e histórias íntimas. Caroline utiliza materiais familiares em sua pesquisa: fotos de salas de cinemas, velhos filmes pornográficos, imagens encontradas da internet e suas próprias fotografias, colagens e desenhos e, juntos, somam uma ampla exploração de representações da sexualidade feminina contemporânea.
Claudio Tobinaga
“Akatombo-type 93” (2020)– Pintura; óleo e acrílica sobre tela; 190 x140 cm
“Akatombo, libélula vermelha, é uma canção de dormir infantil japonesa, composta por Kosaku Yamada, em 1927, com letra de um poema escrito por RofūMiki em 1921. É uma descrição nostálgica do voo da libélula vermelha japonesa. Este mesmo nome, acrescido de ‘type 93’, foi dado para um avião de guerra japonês.”
Formado na Escola de Música (UFRJ), frequentou diversos cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Suas pinturas apresentam corpos e símbolos da cultura de local e de massa em diferentes contextos, fragmentados e justapostos. Suas principais referências permeiam as influências dos fluxos migratórios ocorridos entre o Japão e o Brasil. Como neto de imigrantes japoneses, suas produções dialogam com imagens de seriados japoneses de Tokusatsu, composições da publicidade e revistas japonesas e de imigrantes. Nesse sentido, suas pinturas, nos apresentam uma identidade fragmentada, uma colagem de referências: um glitch cultural.
Denilson Baniwa
“O Agro Mata” (2018)–Pintura; acrílica sobre tela; 200 x 160 cm
“A monocultura do agronegócio é situada junto a outros frutos do colonialismo, que também tentam exterminar a diversidade para afirmar uma só espécie, um só Deus, uma só língua. O deserto verde de um campo de soja aparece como uma ‘terra envenenada com odor de morte’. Só mesmo um golpe publicitário conseguiria fazer o agronegócio (latifúndio modernizado, o que há de mais velho no Brasil) se passar por pop.
Denilson Baniwa, 36 anos, nasceu em Mariuá, no Rio Negro, Amazonas. Sua trajetória como artista se inicia a partir das referências culturais de seu povo já na infância. Na juventude, o artista começa sua luta pelos direitos dos povos indígenas e transita pelo universo não-indígena apreendendo referenciais que fortaleceriam o palco dessa resistência. É um artista “antropófago” pois se apropria de linguagens ocidentais para descolonizá-las em sua obra. Em sua trajetória contemporânea, ele se consolida como referência, rompendo paradigmas e abrindo caminhos ao protagonismo dos indígenas no território nacional.
Efe Godoy – Vídeo. “Ser flor, ser híbrida” (2020)
Cenas coletadas dentro de casa/ateliê e de rede social
“Ser Flor, ser amor, emanar presença híbrida através de múltiplas plataformas. Efe vem colocando sua imagem em jogo dentro de vários apps/plataformas, redes sociais, de maneira a se comunicar com o mundo e ir descobrindo mais sobre sua própria história em curso. Efe está em transição. Criar tem a ver com viver, conviver, conviver, conviver.”
Aos sete anos de idade Efe Godoy recebeu uma leitura de mãos que lhe abriu os olhos para perceber que teria uma trajetória artística em curso (nada é por acaso). Desde então soube que iria desenhar seu caminho fora de sua natural cidade de Sete Lagoas, Minas. Hoje ele vive e trabalha em Belo Horizonte. Passeou pela Escola Guignard UEMG e continua sua formação através de vivências em residências no Brasil e exterior. De uma maneira simples tenta interferir na vida das pessoas com a reverberação da palavra afeto.
Fernanda Sattamini – Conjunto de três instalações. “Sem título (2020)”; 1 e 2:algodão cru, linha e madeira, dimensões variáveis; 3: algodão cru, linha, massa corrida e tinta, 23 x 23cm.
“O conjunto de obras em costura e tecido se faz através de um gesto construído com o rigor das costuras, ação pulsante que resulta de um fazer manual. A atitude sobre a matéria fica mais forte do que a corporeidade em si, onde microdobraduras que resultam desse fazer, pelo amassamento causado pelo ato de costurar, criam uma presença forte como desenho, como superfície corpórea.O trabalho é límpido. A tela crua do algodão colabora, a rugosidade é ativa e resulta em uma presença afirmativa. As amarrações e repuxamentos criam um planejamento presente de uma maneira forte, escultórica, questionando a fisicalidade da matéria”.
A pesquisa da artista aborda questões acerca da memória e solidão.Tomando como ponto de partida imagens apropriadas e suas próprias fotografias e anotações, a artista explora em sua produção processos experimentais e alternativos, transitando entre fotografia, gravura e objetos. Fernanda Sattamini é graduada em Publicidade e Marketing pela PUC-Rio, e completou seus estudos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Ateliê da Imagem e Escola sem Sítio, no Rio de Janeiro.
Fernando Brum – Pinturas – “Alvorada” (2020) e “Sem título” (2020), da série “Matéria”,óleo sobre linho, 43 x 53 cm; “Sem título” (2020), série “Matéria”, óleo sobre linho, 40 x 50cm; “Neblina” (2018), acrílica sobre tela, 40 x 50 cm
Suas pinturas estabelecem um elo entre a realidade da cena e aquela imaginada por seu espectador. Os trabalhos se concentram em questões concretas que determinam nossa existência. A pesquisa feita no campo pictórico está relacionada com sua observação do cotidiano. Ele investiga a dinâmica da paisagem, ao explorar este conceito de maneira fragmentada. Ao invés de apresentar uma realidade factual, uma ilusão é fabricada para conjurar os reinos da nossa imaginação. Toma a vida cotidiana como assunto enquanto comenta a percepção da estranheza dos elementos retratados.
Fez cursos de pintura na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, e participou de exposições individuais, coletivas e feiras, no Brasil e no exterior. Em 2015 e 2016 participou da Art Lima no Peru com a Galeria TAC. Expôs trabalho também na feira de arte contemporânea em Boca Ratón em Miami, EUA. Em 2017 fez uma exposição no Rio com curadoria de Isabel Sanson Portella, no espaço Hostel Contemporâneo, mesmo ano em de sua individual na Galeria TAC em Lima, Peru.Em 2019 fez uma residência artística em Berlim, seguida de individual na Galeria coGalleries, no Mitte, centro de Berlim. Nesse mesmo ano fez uma outra exposição individual na Galeria Z42 no Rio de Janeiro, com curadoria de Fernando Cocchiarale.
Franklin Cassaro– Instalação na vitrine
Franklin Cassaro cria objetos que se modificam e estão em constante evolução. Ele investiga diferentes possibilidades de autossustentação da escultura sem quaisquer outros recursos que não os de sua materialidade. Elementos como o ar e o vento são fundamentais em muitos de seus trabalhos. Sua obra possui influências de Lygia Clark. Sua trajetória, iniciada na década de 1980, abrange diversas exposições individuais e coletivas.
Gilson Plano – Conjunto de três objetos, em ferro, latão e couro – Peça I: “Limite” (2020), 40x25cm; Peça II:“Limite” (2020), 34x40cm; Peça III: 52x30cm.
Os objetos são dobrados e suspensos por uma pequena lança de ferro cravada na parede. Uma possibilidade de pensar a ideia de limites que se cruzam, o trabalho lida com a materialidade da pele cortada e cravejada pelo metal como reflexão de um corpo diante de seus limites.
Artista visual e educador, nasceu em Goiânia, é mestrando em processos artísticos contemporâneos pelo PPGARTES/UERJ (2019-2021). Desenvolve trabalhos e pesquisa a partir da intersecção entre performance, fotografia, vídeo, objeto e escultura, investigando o imaginário sobre o meu corpo preto e sua historicidade, acompanhadas da ideia de peso, processos de encantamento e ficção histórica.
Isabela Sá Roriz– Objeto –“Flácida” (2018), elastômero e vidro, 100cm x 80cm x 7cm.
Pensando o corpo enquanto membrana e fluxo, e a borda entre corpo e espaço como uma película o tempo todo permeável, que os mantêm em constante troca, podemos cogitar que portamos o espaço no corpo, na carne. E assim, se habitamos geometrias e vivemos boa parte de nossas vidas nela, trazemos a geometria na carne. Então, busco neste trabalho uma estranha dessemelhança, uma conjunção de heterogêneos, uma geometria mole, uma rigidez flácida, uma fragilidade ameaçadora.
Isabela Sá Roriz é artista visual, mestre em Linguagens Visuais pela UFRJ. Seus trabalhos trazem à tona toda a sutileza e a impermanência das relações que nos constituem, e que nos rodeiam. Trazem a “afirmação” de que nós e tudo o que nos co-habita é instável, e que estruturas são sistemas de equilíbrios frágeis e inconstantes. Pois, corpos e espaços são como processos produtores de conhecimento e, ao mesmo tempo, processos indetermináveis.
Jimson Vilela – Vídeo, em looping – “O último movimento (2010), um canal, sem som.
Neste vídeo estudo aspectos da ideia de metamorfose presentes na palavra saudade, tendo como anteparo a imagem capturada de uma libélula sob a parede de meu ateliê, e a imagem das ondas do mar, projetada textualmente. A escolha pelo looping, nesse caso, reitera a uma espiral abismática espelhada pela imagem, também projetada textualmente, das pequenas conchas.
Doutor em Poéticas Visuais (ECA/USP, 2020), Jimson Vilela atua como artista visual desde 2008 e tem a palavra, a linguagem e a gramática como parte da sua poética artística, assim como seus suportes: o livro e o papel. Possui trabalhos em coleções públicas como MAC Niterói, MAMRJ, MARRJ e Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Leandra Espírito Santo – Painel de LED – “Terceira Pessoa” (2019) – Letreiro com a frase "Só existo em terceira pessoa" em movimento
A instalação incorpora os locais de passagem em sua configuração. Dispositivo de publicidade e promoção que, usado fora de seu contexto de venda e informação, acaba por tensionar as relações entre espaço privado, espaço público e espaço publicitário, retomando os espaços de redes sociais que têm características similares.
Leandra Espírito Santo é doutora em Artes Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA/USP, SP). Nascida no interior do Rio de Janeiro, atualmente, vive e trabalha em São Paulo. Começou sua produção artística em 2010 e desenvolve trabalhos híbridos a partir de meios como performance, vídeo, fotografia e linguagens tridimensionais.
Márcia Falcão – Pintura – “Tô com medo de tiro” (2020), óleo sobre tela|26x60cm
Um dos temas recorrentes em seus trabalhos tem sido a problemática feminina vista através de experiências pessoais, tendo o Rio de Janeiro como cenário, ora belo e poético, ora violento e assustador. O título revela o que a personagem em primeiro plano está vivenciando. Quando se ouve tiros, não é claro de onde vêm e nem o motivo dos disparos. Partindo de elementos alegóricos para a proteção, e a imaginação do que estaria acontecendo para haver tal som violento, é reforçada a ideia de que, embora a personagem esteja protegida pela coluna e barreira de caquinhos, tão comuns nos subúrbios cariocas, sua mente já foi perfurada pela arma de fogo e os brinquedos se misturam a ratos em confronto.
Passeando pelo grotesco, a artista assume a linguagem figurativa como meio para transmitir críticas à contemporaneidade. Para além disto, Márcia se apropria de imagens iconográficas da história da arte, buscando romper com as figurações canônicas,trazendo-as à contemporaneidade, de forma com que, na maioria das vezes, esses ícones se adequem às identidades gráficas e alegorias do subúrbio. Márcia Falcão é graduada em Pintura em 2010 pela UFRJ.
Pedro Carneiro– Pintura – “Laços Afetivos” (2019), tinta acrílica e jet dourado sobre tela, 165 x 190 cm
Em “Laços Afetivos” eu ilustro o encontro de duas mulheres negras, sem mostrar seus rostos, cada uma olhando para lados opostos. Passado e futuro são ligados por um laço que cobre suas cabeças, ori. A ligação então nasce da ideia de um encontro afetivo entre elas. Lembro de ter visto a imagem de duas mulheres cobertas e ligadas por um véu. Tinha visto em alguma rede social, e a composição não saía da minha cabeça. Desenhei a imagem repetidas vezes em cadernos e folhas soltas de papel. A imagem foi crescendo como um ápice musical, o desenho tomava a tela. Meu corpo se tornou presente, como modelo invisível da pose das mãos e de como os joelhos deveriam se comportar, remixando a figura guardada na minha memória.
As relações humanas e raciais em conflito nos espaços urbanos estão presentes na pesquisa desenvolvida pelo artista. É através de pinturas, intervenções territoriais e espaciais, desenhos e light design que seus trabalhos constroem uma imagem em reflexo a histórias reais/irreais, tendo como ponto de partida o reencontro com sua ancestralidade, buscando o seu entendimento como indivíduo negro na sociedade atual. Revela-se a dicotomia, muitas vezes invisibilizada pelo silêncio que é imposto à população negra, fazendo-os esquecer de suas alegrias e do seu axé. Os trabalhos surgem da ruptura e do confrontamento do artista com os impactos visuais e sonoros. É através de signos da cultura pop mescladas com imagens da herança diaspórica afro-latina que Pedro Carneiro compõe sua obra.
Rafael Adorján – Conjunto de duas fotografias – “Desdidática 1 e 5” (2018), impressão fine art sobre papel algodão CansonEditionEtching 310g, 75 x 50 cm
"Desdidática" foi realizada a partir da descoberta de uma caixa repleta de antigos diapositivos. Resolvi intervir radicalmente no material, proveniente de um programa imagético-pedagógico adotado em salas de aula brasileiras no século passado. Com o objetivo de criar novas narrativas, reconfiguro essa memória não vivenciada, que subverte as lições que os diapositivos originalmente preconizavam.
Artista, fotógrafo e professor da rede pública municipal de ensino da cidade do Rio de Janeiro. Em atividade desde 2006, seu campo de pesquisa artística é voltado para experimentações no terreno da imagem, com ênfase na criação de publicações como foto livros e livros-objetos, e uma práxis poética baseadas em elementos do cotidiano e da cultura de massa. Proposições são desenvolvidas como desdobramentos de sua linguagem, em narrativas criadas a partir de jornadas que abrangem períodos de imersão em lugares específicos, mas também de possibilidades para além do campo da fotografia. Seus trabalhos integram importantes coleções institucionais tais como MAM Rio, MAR e IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional).
Simone Cupello – Objeto – “Ásperos (fotos de palavras e outras)” (2019), casca de fotografias apropriadas, 40 x 107 x 20 cm
No trabalho, fotografias são vistas com crueza, película e papel, enquanto imagens incompletas se confundem e escapam ao menor movimento dos olhos. Sua forma e textura modular sugerem o “recorte” de um corpo maior. Como outras obras da artista, esta investiga a peculiaridade da matéria fotográfica ao mesmo tempo que relaciona a produção de memória à temporalidade dos elementos naturais.
Simone Cupello vive e trabalha no Rio de Janeiro. Pesquisa imagens em campo ampliado. O uso pouco convencional de fotografias apropriadas aponta para onde seu trabalho se desenvolve: a materialidade da imagem e, junto a ela, a questões antagônicas, inerentes ao histórico das fotos, como tecnologia e afetos, presença e virtualidade, exibição e privacidade, memória e esquecimento. Suas obras são instalações/esculturas que ao serem esculpidas assumem formas orgânicas semelhantes às da natureza que, ao mesmo tempo que remetem ao que é palpável e físico, trazem à tona o alegórico, a forma forjada da paisagem.
Stella Margarita – Pintura – “Entretanto” (2019), acrílica, óleo e carvão sobre tela, 145x 145 cm
“Corpos, movimentos, figuras sem face definida, em ângulos, cortes e enquadramentos inusitados flutuam em espaço e tempo incertos como se desprovidos de chão e horizonte, como suspensos em perplexidade e indagações...” (Marisa Flórido)
Entrou em contato com a pintura em 2006 na cidade de Caracas, Venezuela. De 2010 a 2016 passou frequentar a Escola de Artes Visuais Parque Lage no Rio de Janeiro, participando de diversos cursos de pintura, desenho e teorias da arte. Suas pinturas de corpos anônimos próximos da escala real são marcadas pelas sutilezas e tensões das relações humanas.
Virgínia di Lauro – Instalação na vitrine
Barra da Choça, BA, 1989. Vive e trabalha em Porto Alegre, RS
Desde 2011 reside em Porto Alegre, onde cursa o bacharel em Artes Visuais, pela UFRGS, tendo transitado pelo curso de Design de Moda e História da Arte. A partir do corpo, incluindo o próprio, a poesia, a memória, os sonhos, processos internos, desenvolve suas produções nos mais diversos suportes como vídeos, fotografias, gifs e pinturas.
Em 2018 realizou a exposição individual “Tramas no Vazio” no Instituto Estadual de Artes Visuais. Em 2019 participou da exposição coletiva, Artistas Mulheres Tensões e Reminiscências, na Pinacoteca Rubem Berta, Porto Alegre, RS, com curadoria das Mulheres no Acervo. Em 2020 participou da residência artística “Caminhos para uma Imagem”, no Rio de Janeiro, com o artista Frederico Arêde, e frequentou o curso Creativity Master Class com Charles Watson na Escola de Artes Visuais (EAV), Parque Lage
Vitória Cribb – Vídeo – “@ilusão” (2020), animação CGI 3D, áudio, 080 x 1920 full HD
Na obra @ ilusão a repetição imagética guia a reflexão sobre os estados de êxtase, ânsia, estresse, cansaço e solidão que nos acometem continuamente ao interagirmos com o outro e com o algoritmo, aquele que determina nossa posição hierárquica no meio digital através das curvas de engajamento. Face a acontecimentos durante a primeira semana de junho de 2020, a artista encara dois extremos da repetição em nossa sociedade. Traçando um paralelo entre a repetição da violência, em uma sociedade moldada pelo racismo, e a sua investigação sobre os loopingsde conteúdo ao qual somos expostos diariamente em meio à precoce sociabilização virtual e o racismo algorítmico.
Nascida em 1996, filha de pai haitiano e mãe brasileira, criada no bairro de Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro, Vitória Cribbé estudante na ESDI/UERJ, designer de novas mídias e artista interdisciplinar que explora a convergência entre a imaterialidade das novas mídias com as mídias físicas e táteis. A artista busca trazer a multidisciplinaridade em suas séries artísticas investigando o comportamento das novas tecnologias visuais e seus desdobramentos.
Yhuri Cruz– Objeto – “Cripta n°4 – Trair a linguagem, emancipar movimentos (2018-2020), granito com gravação a jato de areia e pintura, 80 x 15 cm
A série de criptas imaginadas por Yhuri Cruz são posicionadas no chão, sempre diante de portais, corredores, passagens. As frases gravadas no granito são mensagens da terra, do tempo, do que há abaixo do chão e buscam anunciar novos ambientes. Nesta obra, “nº4”, a frase é uma elaboração do próprio artista como uma das definições de “Pretofagia”, ensaio dramático e cosmopolítica artística que guia a pesquisa de Cruz.
Yhuri Cruz é artista visual e escritor, nascido em Olaria, subúrbio do Rio de Janeiro, oriundo de família de matriz africana. Graduado em Ciência Política (UniRio) e pós-graduado em jornalismo cultural (UERJ), seu trabalho consiste em promover a intersecção entre sua herança ética e estética familiar, a crítica decolonial e esferas privilegiadas e transgressoras do campo artístico. Desenvolve sua prática a partir de criações textuais e visuais envolvendo inovações narrativas entrelaçadas com sua cosmogonia familiar (relacionada a Umbanda), proposições instalativas e performativas – que o artista chama de cenas.
Artur Barrio e Galeria Millan na Frieze Masters 2020
Para a Frieze Masters 2020, a Galeria Millan apresenta uma seleção de obras de Artur Barrio. Nascido em Portugal e radicado no Rio de Janeiro, o artista pertence a uma geração que atinge sua maturidade na contracultura do final dos anos 60, momento em que o pensamento crítico atingia seu caráter mais rebelde. Desde então, esta característica tem se mostrado notável em seu trabalho como prática política, juntamente com uma forte preocupação em evidenciar fragmentos de ações que deixamos para trás. Inspirada por Dada, Situationistas, Actionistas Vienenses e o grupo japonês Gutai, a geração Barrio conclamou a chamada Arte Concetual e seus derivados em vídeo, performance e instalação, cujas reminiscências ainda permeiam práticas posteriores.
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Pode-se dizer que os trabalhos de Barrio têm como objetivo o questionamento sobre aquilo que resta nos fins dos acontecimentos. Isto é o que pode ser visto quando nos deparamos com o uso extensivo de materiais simbolicamente desdenhados, baratos e degradáveis, em oposição aos caros com pretensões de permanência – usualmente valorizados. Nesse sentido, sua produção incita uma atividade sensorial através de uma conexão de atos, ideias e comportamentos, associados à criação de experiências efêmeras capazes de perturbar os aspectos e dinâmicas do cotidiano, como na série Situações, executada em espaços públicos. Selecionamos obras representativas da produção do artista, como A partida de tênis (1982), CadernosLivros (1973-2008), 6 movimentos (1974), Puídas...Esgarçadas...Rotas...(os)... (1981) e o Manifesto LAMA/CARNE/ESGOTO (1970).
Uma vez que não há possibilidade de registrar eventos que estabelecem seu próprio tempo e espaço, Barrio está sempre registrando e descrevendo suas experiências: ideias, eventos cotidianos, movimentos, que se desdobram ora juntos, ora de forma independente. Sua série de registros, na qual podemos observar as obras A partida de tênis, 6 movimentos, e Puídas... Esgarçadas... Rotas...(os)..., aparece como evidência de algo intangível, obras que preenchem o sentido oposto do que seria o paradigma do registro, reafirmando a natureza transitória do trabalho do Barrio.
Outro suporte para esses registros são as folhas de um caderno. CadernosLivros, trabalho icônico no qual o artista inclui todo o processo de elaboração de sua poética nômade, transita entre os espectros da documentação coletada e do trabalho de arte. Barrio refere-se a eles como "o trabalho embrião, quase em estado cru, a germinação de ideias para suas consequentes realizações".
Os Manifestos são obras nas quais o artista reitera a essência do objeto de arte como realidade e não como representação. Nestes escritos, Barrio defende o papel do artista e da obra de arte como o principal meio de desencadear a ruptura com o status quo. Indo além da crítica dos processos canônicos de produção das obras de arte e da interação entre espectador e obra, a força motriz do neoconcreto - movimento do qual o artista teve notável proximidade -, a obra Manifesto LAMA/CARNE/ESGOTO revela uma preocupação não apenas com o que restou da experiência, mas até mesmo com o que não é vivenciado, o que acontece longe de nossa consciência, como interpretado por Agnaldo Farias.
Nas palavras do artista:
“... O meu trabalho está ligado à situação subjetiva / objetiva - mente / corpo. Considero esta relação uma coisa só, pois é ela que vai deflagrar as situações psico-orgânicas do envolvimento do espectador, conduzindo-o a participar mais plenamente da proposta apresentada, seja nos seus aspectos tátil, olfativo, gustativo, visual e auditivo, seja nas implicações de prazer ou repulsão ... ”
For Frieze Masters 2020, Galeria Millan presents a selection of works by Artur Barrio. Born in Portugal and based in Rio de Janeiro, the artist belongs to a generation of that came of age in the counterculture of the late 1960’s, when critical thinking reached its most rebellious character. Since then, this feature has shown itself to be outstanding in his work, as political practice, along with a strong concern with the evidence of fragments we leave behind. Inspired by Dada, Situationists, Viennese Actionists and the Japanese group Gutai, the Barrio generation has conjured up the so called Conceptual Art and its derivatives in video, performance and installation, whose reminiscences are still among us.
One may say that Barrio’s works aimes to question briefly about the scraps that which remains in the ends. This is what can be seen when we come across their extensive use of symbolically disdained, cheap and degradable materials, as opposed to expensive ones with permanence pretensions. In that sense, Barrio’s production incites sensorial ability through a connection of acts, ideas and behaviors, associated with ephemeral experiences capable of disrupt the standard regards and dynamics of everyday life, as the Situações series executed in public spaces. We have selected representative works of the artist production, such as A partida de tênis (1982), CadernosLivros (1973-2008), 6 movimentos (1974), Puídas...Esgarçadas...Rotas...(os)... (1981) and the Manifesto LAMA/CARNE/ESGOTO (1970).
Once there is no possibility of recording events that establish their own time and space, Barrio is always recording his experiences, describing how everything happens in life: ideas, daily events, movements, they unravel themselves sometimes together, sometimes in an independent way. His Registros series, in which we can observe the Works A partida de tênis, 6 movimentos, e Puídas...Esgarçadas...Rotas...(os)..., appears as an evidence of something intangible, works that fulfill the opposite sense of what would be the paragon of the register, reaffirming the transitory nature of Barrio’s work.
The notebook happens to be another support for the artist’s recordings. CadernosLivros, iconic works in which the artist includes the entire process of elaborating his nomad poetics, transits between the spectra of the collected documentation and the artwork. Barrio refers to them as “the embryo’s work, almost in a raw state, the germination of ideas for their consequent achievements”.
The Manifestos are works in which the artist reiterates the essence of the art object as reality rather than representation. In these writings, Barrio champions the role of the artist and the artwork as the principal means of triggering the rupture with the status quo. Going beyond the critic of the canonic processes of artworks’ production and the interaction between spectator and work, the driving force of the neoconcrete - a movement to which he participated closely -, Manifesto LAMA/CARNE/ESGOTO reveals a concern not only with what remained from experience, but even with that which is not experienced, that which happens far from our awareness, as interpreted by Agnaldo Farias.
Artist's quotes:
"...My work is linked to subjetive/objective situation -:- mind/body, I consider this relation one thing only, as it it that will deflagrate the psycho-organic situations of the involvement of the spectator, leading him/her to participate more fully in the proposal presented, whether in its tactile, olfactory, gustative, visual and auditory aspects, or in implications of pleasure or repulsion…"
Dirnei Prates na Adelina Instituto, São Paulo
Projeto Perímetros 4 recebe a mostra Filme-fátuo de Dirnei Prates - Programa foca em artistas visuais fora do eixo de SP
O artista visual gaúcho Dirnei Prates apresenta a exposição Filme-fátuo, a partir de sábado, 10 de outubro de 2020, às 14h, no projeto Perímetro, organizado e curado por Mario Gioia (ler texto curatorial), na Adelina Instituto, em Perdizes, em São Paulo. A mostra é a primeira solo do artista na capital paulista.
As obras que formam o conjunto da mostra traçam, entre a aguda urgência e o exercício contemplativo, um percurso vigoroso, não linear e permeável ao risco. Transformações mínimas e cotidianas são um dos focos da sua produção, que dialogam com a História da Arte, como as pinturas do italiano Michelangelo Merisi "Caravaggio" [1571-1610] e as fotografias do carioca Alair Gomes [1921-1992], usando personagens comuns como modelos, obtidas de forma voyeurística em chats de relacionamento gay.
Na produção mais recente, os animais assumem um certo protagonismo, como no Museu de História Natural, usados como um pretexto para discutir as contradições, descasos e inaptidões cada vez mais presentes no cotidiano. As relações entre pintura, fotografia e cinema também estão presentes em boa parte dos seus trabalhos. A série Júpiter, Netuno e Plutão, apresentada na mostra, é inédita em São Paulo.
Programação paralela
A mostra também terá uma programação paralela, com oficinas e palestras, todas com inscrições gratuitas e que exploram de diversas maneiras características da produção artísticas de Dirnei Prates. A programação estará disponível no site do Adelina Instituto.
Sobre o projeto Perímetros
Com organização e curadoria de Mario Gioia, o projeto Perímetros visa aproximar artistas emergentes de produção consistentes fora da cidade de São Paulo ao circuito paulistano através de exposições individuais. A seleção de artistas busca variedade de linguagens, origens e abordagens, porém sempre dando prioridade ao ineditismo e verticalidade do que é exposto.
Sobre o artista
Dirnei Prates (Porto Alegre, 1965)
Vive e trabalha em Porto Alegre. Desde 2007, utiliza apropriações em seus trabalhos em vídeo e fotografia, procurando nestas imagens, absorvidas quase sempre do seu entorno imediato, alguns padrões que evidenciem suas contradições, suas possibilidades de subleituras e interpretações pessoais. Desde 2006, atua no coletivo Cine Água em parceria com o artista Nelton Pellenz.
Participa do MAC Encontra os Artistas, promovido pelo grupo de estudos em crítica e curadoria do Departamento de Artes Plásticas da USP, recebe indicação ao Prêmio PIPA, e é um dos dez artistas destaque da Bolsa Iberê Camargo 2012. Em 2017, publica olhos vermelhos através da Editora Moinho Edições Limitadas. Em 2018, realiza a residência artística Torus, em Caxias do Sul/RS. Entre as exposições coletivas, participou da 10ª Bienal do Mercosul-Mensagens de uma Nova América- Santander Cultural/RS, Caixa Preta - Fundação Iberê Camargo/RS, 32ª e 33º Salão Arte Pará, Museu do Estado do Pará/PA, entre outras. Representado pela galeria Gestual.
Sobre o curador
Mario Gioia (São Paulo, 1974)
Curador independente e crítico de arte, é graduado pela ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo).
Em 2016, a mostra Topofilias, com sua curadoria, no Margs (Museu de Arte do Rio Grande do Sul), em Porto Alegre, foi contemplada com o 10º Prêmio Açorianos, categoria desenho. De 2011 a 2016, coordenou o projeto Zip'Up, na Zipper Galeria, destinado à exibição de novos artistas e projetos inéditos. Na feira ArtLima 2017 (Peru), assinou a curadoria da seção especial CAP Brasil, intitulada Sul-Sur, e fez o texto crítico de Territórios forjados (Sketch Galería, 2016), em Bogotá (Colômbia). Em 2018, assinou a seção curatorial dedicada ao Brasil na feira Pinta (Miami, EUA) e a curadoria de Esquinas que me atravessam, de Rodrigo Sassi (CCBB-SP). Em 2019, iniciou o projeto Perímetros no Adelina Instituto, em SP, dedicado a artistas ainda sem mostras individuais na cidade, que contou com exposições de João Trevisan (DF), Lara Viana (BA) e Claudia Hamerski (RS).
É colaborador de periódicos de artes como Select e foi repórter e redator de artes visuais e arquitetura da Folha de S.Paulo de 2005 a 2009. Integrou o grupo de críticos do Paço das Artes desde 2011, instituição na qual fez o acompanhamento crítico de Luz Vermelha (2015), de Fabio Flaks, Black Market (2012), de Paulo Almeida, e A Riscar (2011), de Daniela Seixas. Foi crítico convidado de 2013 a 2015 do Programa de Exposições do CCSP (Centro Cultural São Paulo) e fez, na mesma instituição, parte do grupo de críticos do Programa de Fotografia 2012. Em 2015, no CCSP, fez a curadoria de Ter lugar para ser, coletiva com 12 artistas sobre as relações entre arquitetura e artes visuais.
Já fez a curadoria de mostras em cidades como Brasília (Decifrações, Espaço Ecco, 2014), Porto Alegre (Ao Sul, Paisagens, Bolsa de Arte, 2013), Salvador (Fragmentos de um discurso pictórico, Roberto Alban Galeria, 2017) e Rio de Janeiro (Arcádia, CGaleria, 2016), entre outras.
Sobre o Adelina Instituto
O Instituto existe desde 2017 e fica no bairro Perdizes, em São Paulo. Com ampla atuação no circuito de arte e educação contemporâneas, o projeto promove a difusão, produção e compartilhamento de conhecimento, por meio de encontros, debates, oficinas, publicações, além de cursos interdisciplinares, exposições de artistas contemporâneos e ações extramuros. O objetivo do projeto é firmar-se como um espaço para a concepção, formação e difusão da arte. Em suas muitas ações, a ideia é atingir os mais diversos perfis, favorecendo o intercâmbios entre artistas, curadores e amantes da arte. Desde a sua fundação, a Adelina pretende aproximar a arte e educação, como um apoio e de forma colaborativa na formação livre de públicos variados, entre os quais estão professores da rede de ensino público, estudantes, crianças, adolescentes e idosos.
outubro 8, 2020
Frieze Londres: Cinco galerias brasileiras participam da edição digital da feira
Evento acontece na plataforma ‘Frieze Viewing Room’ de 9 a 16 de outubro de 2020
A edição de Londres da feira internacional de arte contemporânea Frieze presencial deste ano foi cancelada por conta da pandemia da Covid-19, mas será incorporada à plataforma Frieze Viewing Room. O evento online começa nesta semana, de 09 a 16 de outubro, com inscrição gratuita, e através do site - frieze.com/viewingroom.
Mais uma vez o Projeto Latitude - Platform for Brazilian Art Galleries Abroad, parceria entre a Associação Brasileira de Arte Contemporânea – ABACT e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – Apex-Brasil, trabalha com as galerias brasileiras apoiando sua participação em eventos de arte mundialmente conceituados. Entre as 250 galerias de arte que participam desta edição digital da Frieze estão cinco nacionais, que fazem parte do Projeto Latitude: A Gentil Carioca, Fortes D’Aloia & Gabriel, Galeria Nara Roesler, Vermelho e Mendes Wood DM.
A Gentil Carioca
Intitulado de ‘Encruzilhada Gentil’, o espaço expositivo da galeria vai enaltecer as encruzilhadas, como lugares em que acontecem ação e transformação e que encantam todos os povos, exemplificando inserção de obras na paisagem do cruzamento no Rio de Janeiro que interliga os dois prédios da galeria.
Fortes D’Aloia & Gabriel
A exposição ‘Pulse’ foi criada especialmente para o evento e investiga as múltiplas facetas do desejo e daquilo que, em última análise, nos move: a pulsão de vida. Efrain Almeida, Leda Catunda, Jac Leirner, Rivane Neuenschwander, Janaina Tschäpe e Yuli Yamagata estão entre os artistas brasileiros que produziram novas obras para a ocasião. A galeria traz ainda trabalhos de Alair Gomes, Sergej Jensen, Robert Mapplethorpe, Ernesto Neto, Adriana Varejão e Bárbara Wagner & Benjamin de Burca.
Galeria Nara Roesler
Apresentação solo da artista Brígida Baltar, que realiza trabalhos com ações performáticas, bordados, esculturas, arte com papel, por exemplo, que representam a investigação da artista sobre transitoriedade, intimidade, corpo e abrigo. A exposição começa com trabalhos no início de sua carreira, nos anos 90, quando ela começou a explorar objetos dentro de sua casa, para depois ir expandido lentamente para fora.
Galeria Vermelho
No espaço expositivo da galeria será exibido um filme com registros de Ivan Argote, que mostra uma praça imaginária que tem seu nome transformado conforme o que acontece no local. A ideia é abrir uma reflexão sobre como a sociedade utiliza os espaços públicos.
Mendes Wood DM
A galeria trará obras dos artistas Sonia Gomes, Sofia Borges, Adriano Costa, Paulo Nazareth, Neil Beloufa, Paloma Bosquê, VojtechKovarik, Iulia Nistor, Solange Pessoa e Matthew Lutz-Kinoy.
Sobre o Latitude - Platform for Brazilian Art Galleries Abroad
O Latitude é um programa desenvolvido por meio de uma parceria firmada entre a Associação Brasileira de Arte Contemporânea - ABACT e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos - Apex-Brasil, para promover a internacionalização do mercado brasileiro de arte contemporânea. Criado em 2007, conta hoje com 43 galerias de arte do mercado primário, localizadas em sete estados brasileiros e Distrito Federal, que representam mais de 1000 artistas contemporâneos. Seu objetivo é criar oportunidades de negócios de arte no exterior, fundamentalmente através de ações de capacitação, apoio à inserção internacional e promoção comercial e cultural.
O volume das exportações definitivas e temporárias das galerias do projeto Latitude vem crescendo significativamente. Em 2007, foram exportados US$ 6 milhões e, de acordo com a última Pesquisa Setorial Latitude publicada, em 2017 atingiu-se mais de US$ 65 milhões. As galerias Latitude foram responsáveis por 42% do volume total das exportações do setor no ano.
Desde abril de 2011, quando a ABACT assume o convênio com a Apex-Brasil, foram realizadas 48 ações em mais de 26 diferentes feiras internacionais, com aproximadamente 300 apoios concedidos a galerias Latitude. Neste mesmo período, foram trazidos ao Brasil aproximadamente 250 convidados internacionais, entre curadores, colecionadores e profissionais do mercado, em 23 edições de Art Immersion Trips. Além dessas ações, o Latitude realizou cinco edições de sua Pesquisa Setorial, com dados anuais sobre o mercado primário de arte contemporânea brasileira.
Material de imprensa realizado por Agência Guanabara - Fernanda Guarda
