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março 20, 2013

Iberê Camargo: o carretel – meu personagem na FIC, Porto Alegre

O carretel, grande tema da pintura de Iberê Camargo, é centro de nova exposição

O renomado curador anglo-brasileiro Michael Asbury reinterpreta o carretel e mapeia a sua importância na trajetória de Iberê

Iberê Camargo - O carretel – meu personagem, Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS - 24/03/2013 a 23/03/2014

Ao longo da sua carreira, o artista Iberê Camargo concedeu um lugar de destaque a um objeto extremamente simples, o carretel de linha. Ele se tornou o tema mais recorrente em sua obra, despertando ardentes debates entre os críticos que se aventuraram a interpretá-lo. Com a exposição Iberê Camargo: o carretel – meu personagem, o curador Michael Asbury recupera estas discussões e propõe uma releitura fresca sobre o significado do objeto. Asbury selecionou 57 trabalhos, dos quais 21 são pinturas, 32 são gravuras e quatro são desenhos. Todos poderão ser apreciados na Fundação Iberê Camargo a partir da abertura da mostra, marcada para o dia 23 de março, entre 11h e 13h. O período de visitação estende-se por um ano, até 23 de março de 2014.

Os carretéis de linha da caixa de costura da mãe foram, segundo o próprio Iberê Camargo, seu brinquedo na infância. Na maturidade, o artista voltou a atenção para eles quando se viu impedido de pintar paisagens por uma hérnia de disco que o obrigou a passar a maior parte do tempo no ateliê. Logo os carretéis se revelaram objetos cheios de possibilidades formais, espaciais e cromáticas, tornando-se o tema de dezenas de trabalhos. Em 1961, eles lhe renderam uma das maiores consagrações que um artista brasileiro poderia receber, o prêmio de Melhor Pintor na VI Bienal de São Paulo com Fiada de Carretéis 1, 2, 4, 5 (1960-61).

Para o curador da mostra, a repetição dos carretéis foi impregnando os mesmos com muitos significados, eles se tornaram tanto um objeto de pesquisa criativa e técnica quanto a porta de entrada para os pensamentos mais profundos do artista: “O carretel vem a ser uma forma de assinatura, ou seja, um traço que representa o ser, o ‘eu’ do artista”, avalia o crítico, historiador e curador Michael Asbury. Especializado em arte brasileira, Asbury atua como professor na Chelsea College of Art and Design, em Londres, realizando curadorias independentes para instituições do porte da Tate Modern. A convite da Fundação Iberê Camargo, ele se propôs revelar a importância e complexidade do carretel ao público.

Os primeiros Carretéis de Iberê Camargo aparecem em trabalhos situados no tradicional gênero da natureza-morta. Os objetos são pintados sobre mesas, estáticos, de modo semelhante às garrafas do italiano Giorgio Morandi. Progressivamente, Iberê Camargo abandona o uso da perspectiva e coloca os carretéis cada vez mais alinhados com a superfície da tela. Nas palavras de Asbury, neste processo, “a mesa se torna uma mera linha, um horizonte, que eventualmente desaparece à medida que a tinta engrossa e engole os carretéis”. Os antigos brinquedos aparecem soltos nas telas e se tornam cada vez menos reconhecíveis, envoltos em pesadas camadas de tinta.

Nesta exposição, é possível acompanhar a evolução do carretel por meio de obras criadas entre 1958 e 1982 que integram o acervo da própria Fundação Iberê Camargo e incluem 13 empréstimos de coleções privadas e públicas como o Museu de Arte Contemporânea de Niterói e a coleção Roberto Marinho. Ao longo do segundo andar da Fundação Iberê Camargo, cada sala abriga trabalhos de um período determinado, iniciando pelo final da década de 50, seguida pelos anos 60, e assim por diante.

“A mostra apresenta um sentido de progressão e repetição. É a relação destas duas características que me interessou destacar”, explica Asbury. Este foco vincula Iberê a alguns procedimentos recorrentes na arte contemporânea, pois inúmeros artistas atuais lançam mão da repetição de formas e de objetos atribuindo uma simbologia muito pessoal aos mesmos. Dessa maneira, Asbury acrescenta a sua visão a uma longa linha de críticos que procuraram situar Iberê Camargo na arte brasileira em voga no momento. O artista já foi vinculado a movimentos como o construtivismo, o informalismo e ao ressurgimento da pintura neo-expressionista nos anos 80.
Em consenso, a crítica enxerga no carretel um marco da maturidade artística de Iberê Camargo. Trabalhar a figura de maneira obsessiva ao longo de décadas teria feito com que Iberê alcançasse uma obra autônoma, “livre de procedimentos derivados de outros”, conforme Asbury. Entretanto, no momento de explicar a importância do carretel, o mapeamento realizado por Asbury revela que as críticas se polarizam. De um lado, estão aqueles que consideram o carretel como uma forma autônoma e tratam sua ligação com a infância do artista como mera curiosidade. Outro posicionamento prefere ver Iberê como um expressionista, o ser solitário e sobrecarregado pela dor da vida, e seus carretéis como metáforas para a perda da inocência. Michael Asbury defende que as metamorfoses do carretel estão intimamente ligadas não apenas a uma pesquisa formal, mas também às lembranças e significados que o brinquedo passou a adquirir na medida em que era abordado pelo artista em sua obra.

O curador também busca combater a imagem de Iberê Camargo como um eterno pessimista. Segundo Asbury, a maioria das críticas dirigidas aos carretéis toma suas pinturas como base, o que reforçaria a ideia do artista como um expressionista solitário devido à predominância de tons sóbrios e espessas camadas de tinta. Um olhar atento para suas gravuras e desenhos perceberia o lado jocoso do artista, pois nelas é frequente a sensação de leveza e o humor. Justapor essas linguagens é um convite para uma releitura do significado do carretel na obra de Iberê, considerando a sua ambiguidade entre o lúdico e o melancólico como reflexo de um autor que tampouco pode ser reduzido a apenas uma ou outra característica.

Sobre o curador

Michael Asbury nasceu em Teresópolis e atualmente atua em Londres como historiador da arte, crítico e curador. É professor associado de teoria e história da arte na Chelsea College of Art and Design, University of the Arts London (UAL). É vice-diretor do centro de pesquisa Transnational Art, Identity and Nation (TrAIN), onde coordena um programa de doutorado em arte moderna e contemporânea brasileira. Seu doutorado (UAL 2003) foi intitulado Hélio Oiticica: política e ambivalência na arte brasileira durante o século XX. Como curador independente trabalhou com instituições como a Tate Modern (Century City, 2001, Cildo Meireles, 2008) e Camden Arts Centre (Anna Maria Maiolino, 2010), em Londres. Sua escrita sobre arte moderna e contemporânea tem sido extensivamente publicada.

Posted by Patricia Canetti at 1:26 PM