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outubro 6, 2015

Quem Nasce Pra Aventura Não Toma Outro Rumo por Diego Matos

Quem Nasce Pra Aventura Não Toma Outro Rumo

DIEGO MATOS

Releitura, à luz do contemporâneo, da produção resguardada pelo Acervo Videobrasil, reúne dezesseis obras realizadas entre 1978 e 2012 por artistas do Sul global. Os trabalhos e o contexto brasileiros inspiram os três eixos da curadoria - Afeições, tempos e estradas; Democracia, documento e ficção; e Fala, escuta e dissenso –, que dialogam com o universo das obras do Festival. O título cita frase da artista Lygia Pape, ao interpelar o crítico Mário Pedrosa em entrevista ao jornal O Pasquim em 1981. A exposição paralela do 19º Festival tem curadoria de Diego Matos, coordenador de Arquivo e Pesquisa da Associação Cultural Videobrasil.

STATEMENT DA CURADORIA

Em 1981, em entrevista concedida ao Pasquim por intermédio de uma série de intelectuais, artistas ou formadores de opinião, Mário Pedrosa ouviria a sentença: “Quem nasce pra aventura não toma outro rumo”, proferida pela Pape, que o interpolara logo no início da entrevista. Na virada para os anos 1980, em um momento de crise com o fim das esperanças, frustradas pelo regime militar, e escancaramento, portanto, de um trauma na sociedade brasileira, que até hoje reverbera, o intelectual — provocador, professor e crítico — renovava a crença no papel do artista e do intelectual público, bem como na relação inerente entre arte e política. Com essa perspectiva, a arte, naquele momento histórico e naquele ambiente brasileiro, parecia também resgatar o seu caráter de resistência de maneira mais imediata — e o vídeo, em toda a sua natureza proteiforme, teria, então, esse papel fundamental.

É essa aventura e seu lugar de partida, o Brasil e toda a sua ambivalência, que a mostra busca apresentar. Trata-se de um olhar que se impõe do sul ao norte por meio de razões poéticas, de outras histórias e ficções, dos dissensos frente ao campo social normativo, como também de outros lugares — mapeados geograficamente, mas excluídos da cultura hegemônica. São histórias que se entrecruzam e refletem o campo irrestrito da arte e de sua atualidade. O dispositivo para esse exercício de tradução, por ora, é a exposição que torna visível um lugar de fala; ela é, por si só, uma aventura com lastro histórico.

Demarcar esse lugar, fincar discursos e estabelecer ritmos e tempos são os papéis que determinadas obras pontuais — aos modos de interlúdios —, de artistas como Cristiano Lenhardt e João Moreira Salles, exercem na aberta narrativa desta curadoria. O primeiro nos situa no âmbito do lugar geográfico, e o segundo, no lugar sensível da arte. Em um arco temporal que vai de 1978 a 2012, 16 obras representam 16 artistas de lugares e vivências distintas, o que não impede, no entanto, de evidenciar o Brasil como lugar de partida de um ciclo que não se fecha.

O contexto brasileiro, tomado como eixo norteador, vai ao encontro de outras referências geopolíticas, criando para a exposição três conjuntos, cada um com seu campo temático. Os núcleos foram nomeados em consonância com os aportes trazidos pelos artistas e trabalhos selecionados para esta edição do Festival, ao mesmo tempo em que nomeiam o lugar de partida das produções brasileiras e de como elas dialogam com contextos externos tão dissonantes e, ao mesmo tempo, tão próximos. São eles os rumos desta aventura construída e de muitas outras que serão estabelecidas pelo público. Democracia, documento e ficção conta com os olhares de Geraldo Anhaia Mello, Malek Bensmaïl, The Otolith Group e Claudia Aravena. Afeições, tempos e estradas, o segundo agrupamento e epicentro da exposição, é composto pela dupla Karim Ai¨nouz e Marcelo Gomes, os brasileiros Marcellvs L. e Cao Guimarães, e a israelense Nurit Sharett. Em Fala, escuta e dissenso, Sandra Kogut, Rita Moreira, Carlos Nader e Clive van den Berg evidenciam a arena política de diversos debates públicos que afloram nos processos cotidianos da vivência democrática. Incide também naquilo que Jacques Rancière denuncia como a ideia de um “ódio” à própria democracia que parece não ascender à plenitude.

Complementam os interlúdios a obra de Gabriel Acevedo e um segundo trabalho de Lenhardt, também da série “Ao Vivo” — mais uma vez, representando a veracidade dos eventos cotidianos, evidenciando a falsa perspectiva de um sentimento de transformação pragmática e técnica. Aos modos de uma sinédoque (a personificação das obras e de seus lugares), são os trabalhos que aqui se movimentam pelo próprio caminhar do espectador, criando relações que se sobrepõem. Para cada conjunto ou vizinhança e tempos aqui contidos, são construídos cheios e vazios, conflitos e aproximações, reclusões e espraiamentos.

Ao final desta jornada, tomamos permissão para usar as palavras atemporais de Mário Pedrosa ao descrever, no princípio dos anos 1980, os seus objetivos enquanto realizador de exposições e pensador. Como lição, evocamos, então, duas condicionantes fundamentais para os percursos expositivos fundados na memória crítica de um acervo: “mostrar que a arte não é uma coisa artificial, que ela vem do homem, qualquer que seja a tecnologia em que viva. A tecnologia prepara, mas não cria nada, nem ontem nem hoje”.

Diego Matos (vive e trabalha em São Paulo, Brasil) É pesquisador, professor e curador. Graduou-se em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Concluiu mestrado (em 2009) e doutorado (em 2014) pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Entre 2005 e 2006, foi professor substituto do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará. Foi assistente de curadoria da 29ª Bienal de São Paulo, 2010, e editor de conteúdo do website do evento. Trabalhou no Núcleo de Pesquisa e Curadoria do Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, entre 2011 e 2013. Foi curador da mostra coletiva Da Próxima Vez Eu Fazia Tudo Diferente, Espaço Pivô, 2012. Atuou como professor em cursos livres no Instituto Tomie Ohtake, no SESC São Paulo e no Centro de Cultura Judaica (CCJ), na mesma cidade. Em 2014 lecionou na Escola São Paulo. É coordenador do Núcleo de Arquivo e Pesquisa da Associação Cultural Videobrasil. Vive e trabalha em São Paulo.

Posted by Patricia Canetti at 9:50 AM