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outubro 22, 2020
Flávia Junqueira no Farol Santander, São Paulo
Mostra de Flávia Junqueira ocupa o Hall e o 24º andar do edifício, com obras inéditas; conhecida pelas cenografias lúdicas, a artista contemporânea explora os ambientes do Farol Santander São Paulo com balões e ambientes interativos
São Paulo, 15 de outubro de 2020 - O Farol Santander, centro de cultura, empreendedorismo, lazer, moda e gastronomia de São Paulo, retoma suas atividades com novidades na programação cultural e estrutura do prédio. A partir de amanhã (16), das 13h às 19h, os visitantes locais e turistas poderão conferir a exposição Revoada, com obras inéditas de Flávia Junqueira, uma das principais artistas do cenário da arte contemporânea no Brasil e curadoria de Paulo Herkenhoff. A mostra, com produção de Angela Magdalena (Madai) e Julia Brandão (Ayo) fica em exibição até o dia 10 de janeiro de 2021.
A jovem artista paulistana ocupará o Hall e o 24º andar do edifício. A instalação no espaço de entrada do Farol, intitulada Revoada, consiste em uma cenografia lúdica e imersiva, com aproximadamente 70 balões de vidro, medindo de 90cm a 40cm, coloridos e suspensos a partir do teto. A suspensão dos balões será realizada com cabos de aço que dão a sensação dos objetos estarem voando pelo ar.
No 24° andar, a inédita obra Território Espelhado revela todo o espaço, incluindo paredes e teto, cobertos por folhas espelhadas e papel metalizado, que refletem os balões de festa distribuídos por todo o local. A instalação ainda conta com ambiência sonora que remete a um autêntico parque de diversões, além de cavalos de carrossel que dão um tom lúdico à experiência.
Elemento presente em todos os trabalhos de Flávia Junqueira, os balões tornam-se grandes personagens e aparecem como metáforas. A arquitetura da representação, símbolo de diversos contextos históricos brasileiros, é o atelier da artista nesta nova exposição.
Mais Novidades
Além da exposição Revoada, de Flávia Junqueira, o Farol Santander São Paulo ganhou dois espaços (nos acessos entre os 23º e 24º andares e os 25º e 26º andares) com pinturas realizadas pela artista plástica paulista Raquel Gorzalka, para que os visitantes possam interagir e tirar fotos.
As paredes trazem imagens do próprio prédio do Farol e reproduções de obras e monumentos famosos da cidade, como o monumento “Mão”, erguido por Oscar Niemeyer no Memorial da América Latina; as lanternas japonesas do bairro da Liberdade; a ponte estaiada Octávio Frias de Oliveira; o Museu de arte de São Paulo (MASP); o edifício COPAN, entre outros, além de guarda-chuvas que remetem à famosa expressão “terra da garoa”, pela qual a cidade é conhecida. Já no piso, o visitante encontra adesivos com as mais diversas frases como “Venha para DiverCIDADE SP” e “Mais Amor em São Paulo Por Favor”.
Os visitantes também encontrarão o Farol Santander SP com a fachada (tombada pelo Condephaat - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico ) restaurada, tal como era em 1947. Foram restauradas 46.975.650 pastilhas e 850 esquadrias, além da limpeza do icônico lustre de 13 metros de altura e 1,5 tonelada do hall de entrada, que teve suas 9.987 peças de cristal, limpas uma a uma.
Protocolos de segurança e saúde
Para zelar pela segurança e saúde de seu público e funcionários, haverá medição de temperatura e tapetes sanitizantes e secantes para ingresso no prédio; será obrigatório o uso de máscaras; dispensers de álcool em gel estarão disponíveis em todos os andares do edifício e o ambiente também contará com sinalizações para que todos respeitem o distanciamento de 1,5 metro. O Farol ainda reforçou o serviço de limpeza e higienização de todo o prédio.
“O acesso à cultura é uma necessidade básica, mas só poderíamos reabrir o Farol Santander quando tivéssemos certeza que a saúde de nossos visitantes e funcionários seria preservada”, ressalta Patricia. Seguindo as orientações das autoridades públicas para a reabertura, o Farol funcionará em horário reduzido – das 13h às 19h, de terça a domingo -, com ocupação máxima de 60% da capacidade total do prédio.
Sobre o Farol Santander São Paulo
Desde sua inauguração, em janeiro de 2018, o Farol Santander já recebeu mais de 750 mil pessoas, com 15 exposições nos eixos temáticos e imersivo. As atrações do Farol Santander ocupam 18 andares dos 35 do edifício de 161 metros de altura que, por um longo período, foi a maior estrutura de concreto armado da América do Sul.
Do 2º ao 5º andar os visitantes podem conhecer a história do prédio e da própria cidade, no espaço Memória que tem com mobiliários originais feitos pelo Liceu de Artes e Ofícios em salas de reuniões e presidência. No 4º andar, uma instalação permanente e exclusiva do Farol Santander: Vista 360º, desenvolvida pelo renomado artista brasileiro Vik Muniz.
As visitas começam pelo hall do térreo e seguem até o mirante do 26º andar que, após a revitalização, ganhou uma unidade do Suplicy Cafés.
No subsolo do edifício, está instalado o Bar do Cofre SubAstor, que tem previsão de reabertura em novembro, onde funcionava o cofre do Banco do Estado de São Paulo, desde 1947 (tombado pelo Patrimônio Histórico). O bar é ambientado com as características da época e pitadas contemporâneas em design e mobiliários, com cartas de drinks especiais, além de comidinhas.
outubro 19, 2020
Ivan Serpa no CCBB, Rio de Janeiro
“Nunca há nada de realmente novo. O novo é algo do passado que foi escolhido outra vez.
O que existe, sempre, é uma retomada de posição.”
Ivan Serpa
Últimas semanas para visitar a exposição Ivan Serpa: a expressão do concreto, uma ampla retrospectiva de um dos mais importantes mestres da história da arte brasileira, aberta ao público do CCBB-Rio, até o dia 26 de outubro, adaptada às novas medidas de segurança sanitária. O acesso ao prédio do CCBB e à exposição é gratuito, de quarta a segunda, de 9h às 17h, exclusivamente por meio de agendamento prévio online.
O CCBB-Rio passou por diversas adaptações para que pudesse receber o público de acordo com todos os protocolos de segurança para prevenção contra o novo coronavírus.
O público carioca poderá visitar esta importante exposição ambientada no primeiro andar do CCBB-Rio, que foi fechada por conta da pandemia do covid-19, dez dias depois de inaugurada, em 4 de março de 2020.
Acessar visita virtual no Google Arts & Culture
A exposição Ivan Serpa: a expressão do concreto apresenta mais de 200 trabalhos, de diversas fases do artista que morreu precocemente (Rio de Janeiro, 1923/1973), mas deixou obras que abrangem uma grande diversidade de tendências, utilizando várias técnicas, tornando-se uma referência para novos caminhos na arte visual nacional.
A mostra percorre a rica trajetória de Ivan Serpa, expoente do modernismo brasileiro através de obras de grande relevância selecionadas em diversos acervos públicos e privados.
Com curadoria de Marcus de Lontra Costa e de Hélio Márcio Dias Ferreira, a exposição apresenta obras de todas as fases e técnicas utilizadas pelo artista: concretismo / colagem sob pressão e calor / mulher e bicho / anóbios (abstração informal) / negra (crepuscular)/ op-erótica / anti-letra / amazônica / mangueira e geomântica.
A pluralidade criativa e suas expressões ratificam o importante papel de Ivan Serpa na arte moderna brasileira, na criação e liderança do Grupo Frente (Lygia Clark, Lygia Pape, Franz Weissmann, Abraham Palatnik, Hélio Oiticica e Aluísio Carvão), e através de seu projeto de difundir e motivar as novas gerações para a arte, com suas aulas para crianças e adultos no Museu de Arte Moderna.
Ivan Serpa: a expressão do concreto resume a essência da obra desse artista que, apesar de ser mais conhecido pelo Concretismo, também se aventurou pela liberdade do expressionismo, sem nunca perder contato com a ordem e a estrutura. Trata-se de uma exposição única, de um artista complexo, definitiva para reascender a memória sobre esse operário da arte brasileira.
“Ivan Serpa surpreende até hoje por sua extrema sensibilidade, pelo seu permanente compromisso com a liberdade que alimenta a verdadeira criação artística. Enquanto críticos e teóricos cobravam do artista uma coerência estética, veiculando-a a uma determinada escola artística, Serpa respondia com a ousadia e o desprendimento característico dos verdadeiros criadores. Entre tantos ensinamentos, a lição que Serpa nos lega é essa ânsia, esse compromisso permanente com a liberdade e a ousadia que transforma a aventura humana em algo sublime e transformador. Por isso, hoje e sempre, é preciso manter contato com a produção desse artista exemplar que transforma formas e cores num caleidoscópio mágico, múltiplo e íntegro em sua linguagem expressiva”, diz Marcus de Lontra Costa, um dos curadores da exposição.
“Agradecemos a Ivan Serpa pelo seu legado, que deixou um rastro de liberdade na arte brasileira, da modernidade aos nossos dias. Lembremos que, na sua relativamente curta trajetória, ansioso por viver e trabalhar, desde pequeno viveu sob a ameaça da morte, mas encontrou tempo para ensinar aos outros o poder da arte”, complementa Hélio Márcio Dias Ferreira, pesquisador especialista na obra de Ivan Serpa.
“Trajetórias corajosas, como as de Ivan Serpa, acentuam a importância da ação artística como instrumento de definição das identidades culturais comuns, mas, também, como agente de questionamento e subversão. No mundo contemporâneo é preciso sempre estar atento e forte, e se alimentar de saberes oriundos do passado recente, para que possamos enfrentar os dilemas e desafios do presente e do futuro. Por isso o desafio maior da arte contemporânea é o enfrentamento, e exemplos como o de Ivan Serpa, nos dão a régua e o compasso e nos ensinam a superar e vencer os dragões da maldade”, complementa Marcus de Lontra Costa.
A mostra permanece no Rio de Janeiro até 26 de outubro de 2020 e segue ainda este ano para o Centro Cutural Banco do Brasil Belo Horizonte com inauguração prevista para 10 de novembro. Em 2021 a exposição seguirá para os Centros Culturais do Banco do Brasil de São Paulo e Brasília.
Os curadores
Marcus de Lontra Costa - ex diretor na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, realizou entre outras exposições a histórica mostra “Como Vai Você Geração 80”. Em 1990 assume a direção curatorial do MAM RJ. Implantou o MAMAM-Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, em Recife. Já realizou inúmeras exposições no Brasil e no exterior tais como Niemeyer: Invenção do Tempo e Oscar Niemeyer 100 anos, e de grandes artistas como Athos Bulcão, Celeida Tostes, Tomie Ohtake, Franz Kracjberg etc. assim como a Coleção Gilberto Chateaubriand. Convidado pelo governo da França para integrar a equipe de curadores do Centre Georges Pompidou e da Fondation Cartier, em Paris.
Em 2018 a exposição da Amélia Toledo – Lembrei que Esqueci, no CCBB São Paulo, sob sua curadoria ganhou o prêmio da ABCA e da Associação Paulista de Críticos. Atualmente é curador do Prêmio Industria Nacional - Marcantônio Vilaça SESI/CNI.
Hélio Márcio Dias Ferreira - professor da Escola de Teatro da Unirio. Mestre em História da Arte pela UFRJ e doutor em Educação pela UFF, com parte dos estudos realizada na Universidade Paris III – Sorbonne (França), é autor de Uma história da arte ao alcance de todos e Ivan Serpa: o expressionista concreto, entre outros livros de arte.
Horizontes: Lorenzato e Bruno Faria na Marilia Razuk, São Paulo
Homenageando os 120 anos que o artista mineiro Lorenzato completaria em 2020, as galerias Marília Razuk (São Paulo) e Periscópio (Belo Horizonte) apresentam, em parceria inédita, a exposição online Horizontes: Lorenzato e Bruno Faria. Em cartaz a partir de 21 de outubro em um Viewing Room no site da Galeria Marília Razuk, a mostra traz texto da curadora e crítica de arte independente Kiki Mazzucchelli, e traça um diálogo entre dois artistas de gerações distintas, mas que lançam seus olhares sobre um importante gênero da história da arte: a Paisagem.
Horizontes enuncia um território entre as duas produções, separadas por quase três décadas, e que renovam e atualizam mais uma vez esse gênero. Lorenzato (1900-1995) representava a realidade cotidiana mineira, utilizava cores essenciais e muitas vezes trabalhava a tinta com um pente de metal, comumente empregado na ornamentação de pintura de parede, técnica que herdou de seu ofício de pintor de construção civil, que exerceu até 1956. Bruno Faria (1981), por sua vez, afasta-se da linguagem tradicional da pintura para uma aproximação conceitual. Na série Lembranças de Paisagem, o artista garimpa em feiras de antiguidade flâmulas/bandeiras produzidas nas décadas de 1960 e 1970, que trazem imagens de paisagens correspondentes ao imaginário de cidades brasileiras. Vistas na época como souvenirs, cartões-postais, ganham a intervenção de Faria por meio da pintura, retirando os textos e deixando apenas a imagem da paisagem de cada cidade.
Ao colocar esses dois artistas em diálogo, a exposição traz ao espectador duas poéticas que, cada uma a sua maneira, mantém o enigma da paisagem que se apaga, mas que também resiste. A parceria entre as Galerias para apresentá-la, reforça novas maneiras de expor e divulgar a produção de Lorenzato e Bruno Faria, sobretudo neste período de isolamento social. Além de reunir virtualmente obras que estão em São Paulo e Belo Horizonte, o Viewing Room, disponibiliza as informações das obras em português e inglês.
SOBRE OS ARTISTAS
Bruno Faria nasceu em Recife (PE), em 1981, vive e trabalha em Belo Horizonte. Mestre em poéticas visuais pela Escola de Belas Artes da UFMG, seus trabalhos partem de investigações relacionadas à contextos específicos, que são apresentados em diferentes mídias como instalação, intervenção, escultura, publicação ou outras mídias. Conceitualmente seu trabalho se relaciona criticamente com questões da cidade, do espaço público, da arquitetura e da paisagem, através de pesquisas históricas em arquivos e outros lugares. Em 2018 apresentou a instalação "Brasilia", na seção "Solo" da SP Arte e possui obras nos acervos da Pinacoteca de São Paulo e Museu de Arte do Rio - MAR.
Amadeu Luciano Lorenzato (Belo Horizonte MG 1900 - idem 1995) começa a trabalhar como ajudante de pintor em 1910, exercendo o ofício até 1920, quando se muda com a família para Arsiero (Itália), onde trabalha como pintor de paredes na reconstrução da cidade. Em 1925, matricula-se na Reale Accademia delle Arti, em Vicenza. No ano seguinte, muda-se para Roma, onde permanece dois anos em companhia do pintor e cartazista holandês Cornelius Keesman. Muda-se para Paris em 1930, e trabalha na montagem dos pavilhões da Exposição Internacional Colonial. Um ano depois, retorna à Itália onde fica até abril de 1948, data em que volta ao Brasil. Trabalha, em 1949, na montagem dos estandes para a Exposição de Indústria e Comércio, realizada no Hotel Quitandinha, de Petrópolis, depois, muda-se com a família para Belo Horizonte e exerce o ofício de pintor de paredes até 1956. Impedido de continuar na construção civil devido a um acidente, dedica-se integralmente à pintura. Em meados da década de 1960, apresenta alguns trabalhos ao crítico Sérgio Maldonado, que, por sua vez, apresenta-o a Palhano Júnior, organizador da primeira exposição individual de seus trabalhos, realizada em 1967.
