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fevereiro 6, 2020
Tinho lança livro com bate-papo com Xico Chaves na Travessa do Shopping Leblon, Rio de Janeiro
Conversa aberta entre o grafiteiro Tinho e o artista convidado Xico Chaves, no lançamento do livro que celebra sua trajetória. Com uma seleção de textos críticos e curatoriais, a publicação revisita a carreira do artista que, a partir da década de 80, percorre os principais movimentos urbanos no Brasil.
6 de fevereiro de 2020, quinta-feira, às 19h
Livraria da Travessa do Shopping Leblon
Av. Afrânio de Melo Franco 290, Leblon, Rio de Janeiro, RJ
Um dos precursores do grafite no Brasil e um dos principais nomes da arte urbana na América Latina, o paulistano Walter Tada Nomura, o Tinho, que tem obras espalhadas por muros e paredes de diversas cidades do mundo, está em cartaz (até o dia 16/fev) no Paço Imperial, com a individual “Os 7 Mares”. A mostra curada por Saulo Di Tarso reúne 16 trabalhos de duas séries complementares do paulistano.
Lançamento do livro "Tinho"
Realização: Movimento Arte Contemporânea
Direção: Ricardo Kimaid Jr.
Autor: Tinho (Walter Nomura)
Textos críticos: Charberlly Estrella, Isabel Portella, Saulo Di Tarso e Marcus Lontra Costra
Preço: R$ 100
255 páginas
ISBN: 978-65-81032-00-5
Marcha artística Revolta da Lâmpada com falas, músicas e performances coletivas em São Paulo
Coletivo artístico vai às ruas para proclamar o fim do mundo: A Revolta da Lâmpada, grupo ativista que reúne vários movimentos, faz marcha artística com falas, músicas e performances coletivas
A Revolta da Lâmpada é um protesto artístico e político que acontece no dia 8 de fevereiro, sábado, a partir das 15h, com concentração na Praça do Ciclista, na Av. Paulista (Consolação - SP), e será a quinta edição sob o tema: O fervo do fim do mundo.
“Antes a gente lutava era para evitar o fim do mundo, hoje lutamos para sobreviver em meio a ele. Para nós, o fim do mundo já chegou e senta na cadeira presidencial e nos principais gabinetes do país. A precarização do trabalho, da educação e da saúde, a destruição do meio ambiente, a manipulação desonesta da informação, o uso político oportunista da fé, a crescente falta de moradia e infraestrutura básica, a volta da fome, o terrorismo de estado, o genocídio nas periferias e aldeias, a afinidade de nossos governantes e parlamentares com ideais nazi-fascistas, o controle dos corpos, a censura às artes e o incentivo à violência contra a diversidade instauram cenários de fim do mundo para muitas populações”, afirmam membros do coletivo.
O grupo vai se concentrar na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista, e segue até o Largo do Arouche, e o objetivo simbólico do protesto festivo é acabar performaticamente com esse mundo para começar outro. "Queremos gerar a seguinte reflexão: quais corpos tem direito a um mundo melhor?", comentam membros do coletivo.
Desde 2014, A Revolta da Lâmpada vai à rua pelo "corpo livre”. A plataforma alia as lutas LGBTI+, negra, feminista, de pessoas vivendo com HIV, das pessoas com deficiência, do povo de santo, de refugiados/as e imigrantes, de trabalhadores/as, de artistas independentes, entre tantos outros corpos que estarão presentes. "Corpos que, em alguma instância, sofrem vários tipos de violências apenas por serem como são", explicam os membros.
O grupo também traz o mote “fervo também é luta”, porque acredita que política também se faz com celebração, performance e arte. "Estão convidadas pra estar com a gente as “corpas” dissidentes e sobreviventes para o ato do fim do mundo simbólico” finalizam.
Programação do apocalipse
O cortejo acontece em três atos: o antigo mundo, um culto de transição e o novo mundo
Concentração a partir das 15h
- oficinas de cartazes;
- rodas de rimas & poesias do apocalipse (com Transarau);
- apresentação da dupla Norma e Cistema (com Magô Tonhon e Gabriel Lodi) e
- Performance: "O que você quer atirar da borda da Terra Plana?", com a drag queen @divinakaskaria.
Às 16h30, começa o Cortejo Rumo ao Novo Mundo com
- Ritual de Lavagem na Avenida Paulista;
- Desfiles das corpas livre;
- Sambada na cara das inimigas;
- Coreografias do Apocalipse dissidente com: chuca ácida, furacão sapatão, terremoto preto, tsunami trans, gordas sísmicas, tornado bixa, explosão bi&pan, incêndio positHIV e buraco na camada d'OZOMI.
Na sequência:
- Culto Travesti, com as artistas Alice Vilas Boas & VENI, que vão decretar o fim deste mundo para o início do novo.
- Arrastão Dionisíaco Rumo ao Novo Mundo.
- Túnel das "7 pregas do apocalipse" (portal para o novo mundo)
-Baile do Novo Mundo, no Largo do Arouche (com os coletivos Animalia e Marsha!)
+ hasteamento de bandeiras
+ projeções com Sladka Jerônimo Jerônimo,
+ performances e intervenções.
A programação completa pode ser vista no evento do Facebook. O Ato acontece através da colaboração coletiva e é possível ajudar o evento monetariamente através do site de doações com recompensas.
Joãosinho e Eu - Encontro com Amir Haddad no CCSP, São Paulo
Idealizador da comissão de frente do desfile de 1989 da Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis comenta sua relação com Joãosinho Trinta em bate-papo na exposição “Ratos e Urubus” no CCSP.
8 de fevereiro de 2020, sábado, às 15h
Centro Cultural São Paulo – CCSP
Rua Vergueiro 100, Paraíso, São Paulo, SP
11-3397-4002
Terça a sexta, das 10h às 20h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h
A exposição “Ratos e Urubus”, em cartaz no Centro Cultural São Paulo, sala Tarsila do Amaral, recebe o diretor de teatro Amir Haddad para uma conversa com o público. O ator e diretor foi responsável pela comissão de frente do enredo icônico da Beija-Flor em 1989, “Ratos e Urubus, larguem a minha fantasia” - mote da mostra. No bate-papo, Amir comenta sua relação com o carnavalesco Joãosinho Trinta e como foi a concepção da ala dos mendigos que abria o desfile daquele ano. “Ele me deu a oportunidade de fazer com 250 pessoas, em uma ala no desfile dele, o teatro que fazia na rua com oito atores”, lembra.
O trabalho marca também a primeira comissão de frente coreografada por Haddad e sua estreia nos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro. No bate-papo, o diretor também debate com os participantes por que o desfile de 1989 da Beija-Flor levanta ainda tantas questões e continua vivo na memória das pessoas sem ter ganho o título daquele ano.
Amir Haddad nasceu em Guaxupé, Minas Gerais, veio para São Paulo no final dos anos 1950 para estudar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde conheceu Zé Celso Martinez e ajudou fundar o Teatro Oficina. Durante os anos 1970, no Rio de Janeiro, dirigiu grupos de teatros alternativos, buscando a desconstrução da dramaturgia e do espaço cênico. Em 1980, fundou o grupo Tá na Rua, que dirige até hoje, levando o teatro para praças e espaços públicos. Os espetáculos carregam a ideia do improviso e contam com a participação do público.
Com curadoria de Carlos Eduardo Riccioppo e Thais Rivitti, a exposição “Ratos e Urubus” propõe um novo olhar para o desfile de Joãosinho Trinta em 1989. A seleção das obras de artistas contemporâneos como Nuno Ramos, Márcia X. Bárbara Wagner e Benjamin de Burca traça pontos de contato com o desfile, trazendo para a atualidade as questões e polêmicas suscitadas pelo enredo histórico. A mostra fica em cartaz no Centro Cultural São Paulo até 1º de março.
deCuratores ocupa a Galeria Casa no CasaPark, Brasília
Oito artistas de Brasília apresentam na galeria do casapark instalações criadas especialmente para o espaço
No próximo dia 7 de fevereiro, às 17h, a Galeria Casa inaugura a mostra Curare, projeto curado pela galeria deCuratores, com instalações criadas por oito artistas de Brasília. Participam da coletiva os artistas Gustavo Silvamaral, Lino Valente, Ludmilla Alves, Lis Marina Oliveira, João Trevisan, Mariana Destro, Luciana Ferreira e Thiago Pinheiro. A exposição fica em cartaz até o dia 1º de março, com visitação de terça a sábado, das 14h às 22h, e domingo, das 14h às 20h. A entrada é gratuita e a classificação indicativa é livre para todos os públicos. A Galeria Casa fica no 1º piso do Casa Park, ao lado do Espaço Itaú de Cinema.
A deCurators traz para a Galeria Casa oito instalações criadas para o ciclo Curare, projeto de parcerias entre oito curadores e oito artistas da cidade, que ocupou o espaço em 2018. O ciclo explorou o enfoque, definido por cada curador, ao acompanhamento de artistas em fase de formação, da concepção à realização de uma exposição. Por um período de dois meses, cada duo de curador e artista criou uma instalação para a vitrine do deCurators, acompanhada de uma exposição individual e um pequeno texto curatorial. Todas as instalações originais foram repensadas para se adaptar ao espaço da Galeria Casa, formando um conjunto de oito obras criadas especialmente para o espaço.
Sobre os artistas
Gustavo Silvamaral nasceu em Brasília em 1995. Graduando em Artes Visuais na Universidade de Brasília, participa desde 2015 do grupo de pesquisa Corpos Informáticos, coordenado por Bia Medeiros, e também é assistente da artista Iracema Barbosa. A pesquisa do artista que vem se desdobrando em uma série de ações, objetos, instalações, desenhos e pinturas. A pictorialidade, ou seja, os elementos e formas de representação fundamentais da pintura que a tornam um meio específico de produção e circulação de imagens e imaginários são esmiuçados, tensionados e aprofundados no processo do artista.
Curadoria original: Ralph Gehre
Lino Valente é artista visual residente em Brasília, tem formação livre em Audiovisual e é estudante de artes visuais na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes. Atualmente é videomaker, professor de vídeo criação e fundador da 70mm – Escola de Criação em Audiovisual.
Curadoria original: Renata Azambuja
Ludmilla Alves é doutoranda na linha de Métodos e Processos em Arte Contemporânea pelo Programa de Pós-Graduação em Arte da Universidade de Brasília. Mestre em Poéticas Contemporâneas (PPG-Arte/UnB). Bacharel em Comunicação Social (FAC-UnB). Integra o grupo Vaga-Mundo: Poéticas Nômades. Participa regularmente de exposições e projetos culturais desde 2013. Tem interesse em pintura, escrita e suas aproximações com fotografia e vídeo. Atualmente trabalha na pesquisa Versões Selvagens.
Curadoria original: Atila Regiani
Lis Marina Oliveira é artista visual. Vive e trabalha em Brasília. Desenvolve um trabalho que permeia o campo da fotografia, da performance, da instalação e do encontro com objetos. A arquitetura é uma das vertentes de seu trabalho, impulsionado pela monumentalidade brasiliense. Nela, o abrigo das estruturas do poder político brasileiro. Nessa contingência, a artista busca um campo de fala e de emergência de atitudes que possam refletir as contradições sustentadas por esses poderes. Dentro desse campo de projeções surge a possibilidade de uma reorientação ao sentido ontológico que a natureza, em sua virtude e geografia, nos levam a refletir sobre as necessidades que o imaginário humano pressupõe como um lugar de representação.
Curadoria original: Cinara Barbosa
João Trevisan é bacharel em Direito. Seu trabalho consiste em explorar questões relacionadas as características inerentes a matéria, peso, leveza, articulação, equilíbrio e política. Artista plástico, participa de exposições coletivas e individuais desde 2014. Em 2019, abriu a sua terceira individual, Corpo, breve instante, na galeria Karla Osório em Brasília com curadoria Malu Serafim. No ano de 2018 realizou a sua segunda individual com curadoria do artista Bené Fonteles na Galeria deCurators; participou da exposição Brasília Extemporânea com curadoria da Ana Avellar; participou do 43º Salão de Arte de Ribeirão Preto Nacional Contemporâneo; e 46º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto, em Santo André/ SP; e 15º salão de artes plásticas de Ubatuba.
Curadoria original: Bené Fonteles
Mariana Destro vive e trabalha em Brasília. Graduada em Artes Visuais pela Universidade de Brasília (UnB), realizou a exposição individual Jardim, com curadoria de Marília Panitz, no deCurators (2018). Participou das mostras coletivas Festivau de C4nn3$, na Lona Galeria (SP), ONDEANDAAONDA, no Espaço Cultural 508 Sul (DF), Fuga Movimento #3, no Atelier Valéria Pena-Costa, entre outras. Faz parte da plataforma de arte Piscina desde 2015. Em novembro de 2018 fez residência na Casa Voa (RJ), onde apresentou a série Monstera deliciosa. Sua produção artística é instigada pela tensão entre os gêneros e seu impacto na constituição de subjetividades femininas. Atualmente investiga a natureza epistemológica da produção de imagens e significados na contemporaneidade, com ênfase na pós-pornografia.
Curadoria original: Marília Panitz
Luciana Ferreira é graduada em artes visuais pela Universidade de Brasília. Atualmente, faz doutorado na linha de pesquisa Deslocamentos e Espacialidades (área de concentração Métodos, Processos e Linguagens), integrante do Programa de Pós-Graduação do Instituto de Artes, UnB. Seus trabalhos envolvem intervenções em livros, subversões de leituras, ações registradas em vídeos e experiências sonoras com ruídos. Todas essas frentes propõem algum tipo de desconstrução narrativa e/ou subversão discursiva, convidando para novas formas de percepção ou lida com elementos e situações que compõem a nossa experiência cotidiana. Faz exposições de seus trabalhos desde 2011, tendo participado também de ações de ocupação artística, intervenção urbana e residências. Integra o coletivo Espaços da Escrita.
Curadoria original: Graça Ramos
Thiago Pinheiro é natural de Brasília (1984), Bacharel (2013) e Licenciado (2015) em Artes Plásticas pela Universidade de Brasília. Atualmente, cursa o mestrado em Artes (2017) na linha de pesquisa de Poéticas Contemporâneas oferecida pelo Programa de Pós-Graduação em Artes da mesma instituição (PPG Arte-UnB). Sua produção está voltada para os campos da pintura, intervenção urbana e escultura. Além disso, dedica-se, também, ao ofício de arte-educador em diversos espaços culturais, museus e escolas do Distrito Federal.
Curadoria original: Wagner Barja
Sobre o deCurators
Criado em março de 2014, deCurators é um espaço de arte contemporânea não comercial gerido por artistas, pensado como uma vitrine para exercícios de curadoria. Partindo da premissa de que existe uma poética expositiva, queremos botar o bloco na rua, numa filosofia do "faça você mesmo". Exposições que durem uma hora, um dia, uma semana, um mês ou um ano, sem as amarras de instituições, patrocínios ou cronogramas muito rígidos.
Nossas exposições são organizadas em ciclos curatoriais pensados a partir de um tema ou proposição, que funciona como um leitmotiv em torno do qual diversas ações culturais são realizadas.
fevereiro 5, 2020
Ximena Garrido-Lecca + Neo Muyanga na Bienal, São Paulo
Primeira individual da 34ª Bienal traz reflexões sobre a colonização na América Latina;
> Mostra leva ao 3º piso do Pavilhão exposição de Ximena Garrido-Lecca, cuja obra reflete sobre a história do Peru;
> Programação em 8 de fevereiro inclui performance musical inédita do sul-africano Neo Muyanga, com coro de 40 vozes e colaboração do coletivo paulistano Legítima Defesa e da artista Bianca Turner;
> A “dinâmica do ensaio”, do experimento, da tentativa e erro, um dos parâmetros que norteia 34ª Bienal, se antevê nesta primeira apresentação pública, revelando etapas da construção do projeto expográfico elaborado pelo escritório Andrade Morettin Arquitetos.
A 34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto, abre no sábado, 8 de fevereiro, a partir das 9 horas, a primeira da série de três exposições individuais que introduzem parte dos temas que serão tratados retomados pela mostra principal, em setembro deste ano. A mostra monográfica de Ximena Garrido-Lecca (n. 1980, Lima, Peru) inaugura a série com 9 obras, entre instalações, fotografias e vídeos, que estarão expostas no 3º pavimento do Pavilhão da Bienal até 15 de março. Trata-se da primeira exposição individual no Brasil da artista, que trabalha entre Lima e Cidade do México e pesquisa a história do Peru e os impactos dos processos coloniais e suas consequências contemporâneas. No mesmo dia, às 11 horas, o sul-africano Neo Muyanga (n. 1974, Soweto) apresenta a performance musical inédita A maze in grace, que vai se espalhar por diversos pisos do Pavilhão, ao redor de seu icônico vão central.
Ximena Garrido-Lecca
Em sua obra, Garrido-Lecca parte com frequência de um estudo de técnicas e materiais empregados no artesanato, arte e arquitetura ao longo da história peruana. As instalações apresentadas na 34ª Bienal utilizam técnicas ancestrais de cerâmica e a tecelagem, além de materiais como cobre, barris de petróleo, óleo, madeira, arame, pregos e plantas. Um de seus trabalhos mais emblemáticos, Insurgencias botánicas: Phaseolus Lunatus [Insurgências botânicas: Phaseolus Lunatus], de 2017, é uma instalação com estrutura hidropônica em que são plantadas mudas de favas da espécie Phaseolus lunatus. Como as plantas irão crescer ao longo do ano, o público terá a oportunidade de acompanhar diferentes momentos da transformação da instalação, num movimento que de certa forma simboliza o da própria Bienal, que é inaugurada agora mas irá se ampliando, transformando e problematizando até dezembro. Para Garrido-Lecca, o gesto de cultivar as favas representa uma espécie de re-ativação simbólica do suposto sistema de comunicação da cultura Moche, uma civilização peruana pré-incaica que desenvolveu complexos sistemas hidráulicos de irrigação e que, segundo teorias, valia-se das manchas presentes nessas favas como signos para uma escrita ideogramática.
Outra obra de destaque é a instalação Proyecto país [Projeto país], que integra a série Paredes de progreso [Paredes de progresso], realizada pela artista entre 2008 e 2012, a partir de uma pesquisa sobre anúncios pintados em paredes de adobe na região do Vale Sagrado, no Peru. Erguidos segundo uma técnica construtiva tradicional, frequente pelo território rural do país, esses muros se tornaram suporte para slogans políticos e logotipos partidários, que vão desvanecendo até desbotar por completo, ou até a dissolução das próprias paredes, já que o adobe, quando exposto à intempérie, se desfaz pouco a pouco na paisagem. Proyecto país foi o nome de um pequeno partido político que participou das eleições peruanas em 2006, mas que acabou se retirando do pleito e desaparecendo devido à falta de seguidores.
Para criar a série de fotografias Divergent Lots [Lotes divergentes], Garrido-Lecca fotografou Pucusana, distrito litorâneo da província de Lima, por três anos (2010-2013). A artista documentou uma série de estruturas compostas originalmente por esteiras de bambu e postes de madeira, e que, ao longo dos anos, passaram a incorporar materiais como tijolos e concreto. Tais estruturas temporárias são construídas com o intuito de reivindicar a posse da terra nessas áreas, marcadas, desde a década de 1950, por um grande afluxo migratório de populações que deixam as regiões agrícolas andinas e buscam condições de vida e de trabalho melhores nas áreas de desenvolvimento industrial e urbano. A população migrante ocupa porções de terra e procura formas de sobrevivência frequentemente ligadas a setores informais da economia. O vídeo Líneas de divergencia [Linhas de divergência] documenta um momento recente das ocupações no entorno de Pucusana; as linhas marcadas com giz no deserto dividem terras já registradas em lotes e demarcam novos terrenos.
Carla Zaccagnini, curadora convidada da 34ª Bienal, explica: “começamos a 34a Bienal de São Paulo com esta série de obras de Ximena Garrido-Lecca. Obras que podem nos ajudar a enxergar as relações existentes entre a invenção da eletricidade, a extração do cobre, a demarcação da terra, a depredação do solo e a disseminação de povos. Porque sabemos que a arte pode nos dar ferramentas para lidar com momentos difíceis em que outras linguagens nos faltam ou falham”.
A exposição é realizada em parceria com o CCA Wattis (São Francisco, EUA), que, em 2021, vai receber uma individual da artista como parte das colaborações internacionais da 34ª Bienal de São Paulo.
Neo Muyanga – A maze in grace
No dia 8 de fevereiro, às 11 horas, acontece a performance inédita do compositor, artista sonoro e libretista Neo Muyanga, A Maze in Grace. À ocasião, um coro de 40 vozes vai ocupar os três andares do Pavilhão da Bienal, ao redor de seu vão central, cantando uma nova composição para a melodia da conhecida Amazing Grace [Graça sublime], frequentemente apresentada como um hino de rituais de luto público em diferentes partes da África, e que possui conotação política religiosa para a comunidade afro-americana nos EUA. O trabalho de Muyanga propõe a desconstrução e um novo olhar sobre a canção, composta, em 1772, por John Newton, um traficante de escravos britânico branco que se converteu e tornou-se um pastor anglicano abolicionista no final do século XVIII após uma série de experiências de quase morte. O coletivo teatral paulistano Legítima Defesa, que realiza ações poético-políticas de reflexão e representação da negritude, também participa da performance, assim como a artista Bianca Turner (n. 1984, São Paulo, Brasil), que assina o videomapping utilizado na obra.
Para além de sua realização no dia 8, que dá início ao programa da 34a Bienal de São Paulo, a nova obra de Muyanga se desdobra em outros dois momentos: a performance que, em julho, abrirá a 11a Bienal de Liverpool, instituição parceira na realização deste trabalho; e a instalação audiovisual que integrará a mostra coletiva da 34ª Bienal, em setembro. Composta a partir de seu país, a África do Sul, e com realizações no Brasil e Inglaterra, essa obra religa os vértices do chamado “triângulo do Atlântico”.
Segundo Paulo Miyada, curador adjunto da mostra, “é difícil imaginar uma forma mais propícia de abrir a programação de uma Bienal intitulada ‘Faz escuro mas eu canto’, pois Neo Muyanga relembra o quanto uma canção de esperança está marcada pela violência e pela crueldade e, então, reencanta sua sonoridade com elementos musicais e discursivos da história dos homens e mulheres negros brasileiros e africanos – justamente aqueles que protagonizaram e protagonizam a luta pela emancipação racial que dá sentido a essa canção”.
Poética do ensaio
Um dos aspectos norteadores do trabalho curatorial da 34ª Bienal é a noção de “ensaio”, que permite encarar o projeto como um processo, um espaço onde as coisas se apresentam sem a ambição de ser definitivas, amplificando a importância da ressignificação que surge das relações que se criam ao longo do tempo. É nesse sentido que a expografia da individual de Garrido-Lecca configura a primeira apresentação do projeto arquitetônico desta edição da Bienal, elaborado por Andrade Morettin Arquitetos. Segundo Jacopo Crivelli Visconti, curador geral da edição, “a arquitetura que abriga a primeira exposição é em si mesma um exercício, o gesto inaugural de uma construção que se estratificará e ganhará complexidade ao longo do ano. As obras de Ximena Garrido-Lecca e Neo Muyanga que se apresentam agora irão se carregar de outros significados ao entrar em relação com as de outros artistas, em setembro. Analogamente, o espaço que a arquitetura já delimita, mas que o primeiro movimento da exposição não ocupa, não é um espaço vazio: é um espaço em potência”.
34ª Bienal de São Paulo
Marcada pelo encontro e potencialização mútua entre projeto curatorial e atuação institucional, a 34ª Bienal de São Paulo enfatiza poéticas da “relação”, a partir de pensadores como Edouard Glissant e Eduardo Viveiros de Castro, e adota uma estrutura de funcionamento inovadora, que envolve a realização de mostras e ações apresentadas no Pavilhão da Bienal a partir de fevereiro de 2020 e a articulação com uma rede de 25 instituições paulistas. Quando o pavilhão for inteiramente tomado pela mostra, a partir de setembro de 2020, essas instituições promoverão, em seus próprios espaços, exposições de artistas que também participam da Bienal, enfatizando como a compreensão de uma obra é sempre influenciada pelas “relações” que se criam com as obras que a rodeiam e com o contexto onde é exposta. Com curadoria geral de Jacopo Crivelli Visconti e equipe curatorial composta por Paulo Miyada (curador adjunto), Carla Zaccagnini, Francesco Stocchi e Ruth Estévez (curadores convidados), a 34ª Bienal de São Paulo é intitulada “Faz escuro mas eu canto”, verso do poeta amazonense Thiago de Mello. Para as publicações, Elvira Dyangani Ose atua como editora convidada, e sua participação é uma colaboração com The Showroom, London.
Para José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal de São Paulo, “a 34ª Bienal acontece como fruto de um feliz encontro. Por um lado, há uma instituição que aposta na importância do diálogo e na potência de sua rica teia de parceiros. Por outro, encontra-se um projeto curatorial que se apropria da vocação e dos pontos fortes da instituição e da cidade de São Paulo ao propor o formato inédito desta edição. Nos tempos e espaços expandidos das mostras, espera-se multiplicar as possibilidades de contato e relacionamento com a arte, pois é em sua capacidade de transformação e abertura para o outro que residem a força e a motivação desta Fundação”.
Para as três exposições individuais, foram convidadas artistas em meio de carreira de diferentes origens e pesquisas, que têm em comum o fato de serem autoras de produções relevantes, complexas e instigantes: além da mostra de Ximena Garrido-Lecca, agora em fevereiro, será realizada em abril a mostra individual da brasileira Clara Ianni (n. 1987, São Paulo, SP) e, em julho, a exposição da fotógrafa estadunidense Deana Lawson (n. 1979, Rochester, NY). A abertura da mostra de abril será simultânea à apresentação de uma performance do argentino León Ferrari (1920-2013, Buenos Aires). Uma terceira performance acontece na abertura da grande mostra coletiva realizada no Pavilhão da Bienal, a partir de setembro: trata-se da obra inédita de Hélio Oiticica (1937-1980, Rio de Janeiro), A Ronda da Morte, concebida pelo artista em 1979.
Faz Escuro Mas Eu Canto
Encarado mais como uma afirmação que como um tema, o título da 34ª Bienal de São Paulo, “Faz escuro mas eu canto”, é um verso do poeta Thiago de Mello, publicado em livro homônimo do autor em 1965. Em sua obra, o poeta amazonense fala de maneira clara dos problemas e das esperanças de milhões de homens e mulheres ao redor do mundo: “A esperança é universal, as desigualdades sociais são universais também (...). Estamos num momento em que o apocalipse está ganhando da utopia. Faz tempo que fiz a opção: entre o apocalipse e a utopia, eu fico com a utopia”, afirma o escritor. Jacopo Crivelli Visconti completa: “por meio de seu título, a 34ª Bienal reconhece o estado de angústia do mundo contemporâneo enquanto realça a possibilidade de existência da arte como um gesto de resiliência, esperança e comunicação”.
Abraham Palatnik na Nara Roesler, São Paulo
A Galeria Nara Roesler | São Paulo tem o prazer de abrir seu calendário de exposições, em 2020, com mostra individual de Abraham Palatnik. Aos 91 anos de idade e com sete décadas de produção, Palatnik é reconhecido internacionalmente por suas experimentações técnicas, que vão da construção de intricados dispositivos maquínicos, como o Aparelho cinecromático e os Objetos Cinéticos, à elaboração de métodos inovadores para a produção de pinturas. Um exemplo desse último caso é a série W, na qual vem trabalhando desde 2004. Esse conjunto de trabalhos marca a primeira inclusão de um procedimento não manual – o corte a laser – em sua prática, o que não exclui o acentuado caráter artesanal envolvido no processo de composição. A mais recente inovação, foco desta exposição, é a combinação da tinta acrílica, usualmente empregada, com a tinta esmalte dourada, misturando qualidades óticas bem diferentes na mesma pintura.
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A Galeria Nara Roesler foi a primeira a expor essa série, ainda em 2004, quando ela começou a ser produzida, e a apresenta novamente, quinze anos depois, junto a uma seleção de trabalhos históricos. Poderão ser vistas desde investigações iniciais, como uma paisagem do princípio de sua carreira, até as abstrações dinâmicas da série W. Essa visão articulada de diferentes fases e técnicas tem como objetivo proporcionar ao público uma perspectiva ampliada e integrada das questões presentes em sua prática, o que possibilita a compreensão do papel central que a pintura possui como fio condutor da trajetória artística de Palatnik.
Os trabalhos da série W são desdobramentos dos Relevos progressivos que o artista desenvolve desde a década de 1960. O aspecto central desses últimos reside na investigação das potencialidades dos materiais utilizados nas composições. Já na série W, o artista começa realizando duas pinturas abstratas sobre placas de madeira que, ao serem finalizadas, são cortadas a laser em tiras regulares. Palatnik, então, reúne as partes de ambas pinturas, intercalando-as e promovendo seus deslocamentos verticais, de modo a construir um terceiro trabalho a partir delas. Desse modo, as cores são reativadas, e o efeito de movimento da composição se amplia e renova, demonstrando grande potência visual e poética. A vibração do trabalho, ainda, convoca o corpo do espectador, ao instar sua movimentação ao seu redor. Dele se aproximando e distanciando, o público vê sua percepção ser continuamente alterada, em um processo que libera os sentidos possíveis da obra.
A produção de Palatnik já esteve em importantes exibições no Brasil e no exterior, entre elas a 32ª Bienal de Veneza (1964), além de oito edições da Bienal de São Paulo, entre 1951 e 1969. A exposição na Galeria Nara Roesler | São Paulo comprova a capacidade do artista de reiventar sua prática, seu compromisso com a experimentação, sem deixar de lado o rigor da execução que, mesmo se valendo de preceitos técnicos e mecânicos, sempre soube dividir espaço com a intuição e criatividade. Com a mostra, comemoram-se também vinte anos desde a realização da primeira individual de Palatnik na Galeria Nara Roesler.
Abraham Palatnik é figura central da arte cinética e óptica no Brasil. Seu interesse pelas possibilidades criativas das máquinas evoca a relação entre arte e tecnologia. O artista formou-se em engenharia, o que contribuiu para que desenvolvesse investigações técnicas focadas na experimentação com o movimento e a luz, realizando proposições baseadas no fenômeno visual que tornaram seu trabalho conhecido ao longo de sete décadas de produção. Destacou-se no cenário artístico a partir da criação de seu primeiro Aparelho Cinecromático (1949), peça em que reinventa a prática da pintura por meio do movimento coreografado de lâmpadas de diferentes voltagens, em distintas velocidades e direções, que criam imagens caleidoscópicas. Exibida na 1ª Bienal de São Paulo (1951), essa instalação de luz recebeu Menção Honrosa do júri internacional por sua originalidade.
As séries de progressões e relevos que iniciou posteriormente, feitas em materiais diversos (como madeira, cartão duplex ou acrílico), apresentam efeitos ópticos e cinéticos criados a partir de um meticuloso processo manual. O resultado são composições abstratas marcadas por um padrão rítmico que remete ao movimento de ondas irregulares. Embora a série W tenha incorporado o corte a laser feito por uma empresa especializada, Palatnik continua construindo e pintando artesanalmente cada peça até hoje, a fim de compor os quadros finais.
Abraham Palatnik nasceu em Natal, Brasil, em 1928, e vive e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil. Participou de diversas exposições no Brasil e no exterior, incluindo oito edições da Bienal de São Paulo, Brasil (1951-1969), e a 32ª La Biennale di Venezia, Itália (1964). Recentemente, realizou a retrospectiva Abraham Palatnik - A Reinvenção da Pintura, com itinerância por importantes instituições no Brasil como: Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-RJ) (2017), Rio de Janeiro; Fundação Iberê Camargo (FIC) (2015), Porto Alegre; Museu Oscar Niemeyer (MON) (2014), Curitiba; Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) (2014), São Paulo; e Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-DF) (2013), Brasília. Principais coletivas recentes incluem: The Other Trans-Atlantic: Kinetic & Op Art in Central & Eastern Europe and Latin America 1950s - 1970s, no Sesc Pinheiros (2018), em São Paulo, Brasil, no Garage Museum of Contemporary Art (2018), em Moscou, Rússia, e no Museum of Modern Art in Warsaw (2017), em Varsóvia, Polônia; Delirious: Art at the Limits of Reason, 1950 - 1980, no Metropolitan Museum of Art (2018), em Nova York, Estados Unidos; e Kinesthesia: Latin American Kinetic Art 1954-1969, no Palm Springs Art Museum (PSAM) (2017), em Palm Springs, Estados Unidos. Possui obras em importantes coleções institucionais como: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-Rio), Rio de Janeiro, Brasil; Royal Museums of Fine Arts of Belgium, Bruxelas, Bélgica; Adolpho Leirner Collection of Brazilian Constructive Art, Museum of Fine Arts Houston (MFAH), Houston, EUA; e Museum of Modern Art (MoMA), Nova York, EUA.
A Galeria Nara Roesler é uma das principais galerias de arte contemporânea do Brasil. Representa artistas brasileiros e internacionais, estabelecidos e em início de carreira, e conta com sedes em São Paulo, Rio de Janeiro e Nova York. Fundada em 1989 por Nara Roesler, a Galeria fomenta o desenvolvimento e a difusão dos trabalhos de seus artistas através de um consistente programa de exposições, sólidas parcerias institucionais e diálogo constante com curadores de destaque no cenário artístico contemporâneo.
Galeria Nara Roesler | São Paulo has the pleasure of inaugurating its’ 2020 exhibitions programme with a solo show by Abraham Palatnik, a pioneer and leading figure of kinetic art in Brazil. Over his seventy years-long artistic career, Palatnik has been acclaimed for his innovative approaches to investigating light, colour and movement, which famously include engineering intricately motorized artworks. Since 2004, the artist has dedicated his attention to the series W, which marked the first inclusion of non-manual processes such as laser-cutting within an otherwise labor intensive compositional process.
Galeria Nara Roesler was the first to exhibit this body of work back in its’ time of inception in 2004, and will now, fifteen years later, be showcasing it again along with a selection of other historical pieces. The exhibition will present works from the artist’s initial experimentation, notably including a landscape painting dating back to 1943, to his most recent investigations with dynamic abstraction in the W series. In showing Palatnik’s different phases and techniques, the exhibition hopes to offer an ample and integrated presentation of his career that will enable the public to not only discover his most recent works, but to also understand the questions, progressions and interrelations that unite his oeuvre.
Palatnik’s W series developed from his Progressive Reliefs series, which he had been working on since the sixties to explore the material potential of his compositions. The process begins with the artist making a pair of non-figurative paintings on wooden plates, which are cut into long, thin, equally wide strips with laser. He then assembles them back together, intercepting strips from both paintings, as if to re-build another, yet vertically displacing the strips. These shifts give a sense of motion - the colours seem to undulate through the canvas – re-invigorating the composition with stunning optical potency. The perceived motion captures the viewer’s body, the lines seem to come closer and then to distance themselves again, continuously involving spectators and allowing for the pieces to seemingly take on new forms.
Abraham Palatnik’s works have been shown in many important exhibitions in Brazil and internationally, including a presentation at the 32a Bienal de Veneza, (1964) and at eight editions of the Bienal de São Paulo between 1951 and 1969. The exhibition at Galeria Nara Roesler | São Paulo will testify to the artist’s ability to reinvent his practice, continuously experimenting with the balance between the specificity of mechanics and the spontaneity of creativity. The show will also coincide with the twentieth anniversary of the first solo-exhibition of Abraham Palatnik at Galeria Nara Roesler.
Abraham Palatnik is an iconic figure in the optical and cinetic art movements of Brazil - a pioneer in his long-standing interest for exploring the creative possibilities embedded in crossings of art and technology. Having studied engineering, the artist became interested in investigating mechanic uses of light and movement. In 1949, he rose to prominence with the creation of his first Aparelho Cinecromático [Kinechromatic Device] effectively reinventing the idea of a painting by using different voltage bulbs moving at different speeds and directions to create caleidoscopic images. The piece was shown at the 1st Bienal de São Paulo (1951) and received an Honorable Mention from the International Jury for its’ originality.
Abraham Palatnik subsequently initiated his work with reliefs, coined Progressive reliefs, which he made out of various materials (such as wood, duplex cardboard and acrylic), manually cut and intercalated to create a sense of rhythmic undulation. Apart from the series W, which has come to incorporate the use of laser-cutting, Palatnik continues to construct and paint every piece by hand, making each work a token of his craftmanship.
fevereiro 4, 2020
Projeto Parede recebe Vicente de Mello no MAM, São Paulo
Museu de Arte Moderna de São Paulo apresenta obra de Vicente de Mello no Projeto Parede: Intitulada Pli selon pli, obra é inspirada na peça homônima do compositor e maestro francês Pierre Boulez
O MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo exibe a instalação Pli selon pli, do artista Vicente de Mello no Projeto Parede. Caracterizada por registros que o artista fez dos postes de Varsóvia, na Polônia, a obra ocupa o espaço entre o saguão de entrada do MAM e a Sala Milú Villela.
O título da obra – que em português significa Dobra sobre dobra - foi inspirado na peça homônima do compositor e maestro francês Pierre Boulez, composta entre 1957 e 1962. Inspirado na sonoridade da peça, Mello deu vida a uma sequência fotográfica que dialoga com o movimento de notas musicais sobre uma partitura em meio a um grande móbile. Além da intervenção gráfica, a obra acompanha a reprodução sonora da peça musical na qual foi inspirada.
“Mudando o sentindo e a ordem, uma desconstrução visual com a própria música que ressoa no ambiente do MAM, criando uma insólita e errática interpretação de modulação e ritmo, como de breves flashes marcantes sobre um filme velado”, explica o curador Felipe Chaimovich.
Pli selon pli foi criada na residência artística Open Projects, em Varsóvia, em 2008 e teve sua primeira versão apresentada em 2010 no Projeto Parede do MAM. Em 2016, a instalação foi transformada em impressão lambe-lambe e apresentada na Cidade das Artes e no ano seguinte a obra de desdobrou em um painel de azulejos de 65 m², comissionado pelo Sesc 24 de Maio. “Esta proposição retorna ao Projeto Parede, em 2019, em uma apresentação distinta: agora as imagens dos postes se amalgamaram à textura da parede por uma fina película, destituindo a presença do papel, criando uma única superfície imagética”, completa o curador.
Laura Vinci na Sala de Vidro do MAM, São Paulo
Mostra ocupa a Sala de Vidro com duas obras e evidencia a pesquisa de Vinci sobre a arte e a ecologia
O Museu de Arte Moderna de São Paulo convida o público a refletir sobre arte-ecologia com a mostra de Laura Vinci, em cartaz na Sala de Vidro. Com curadoria de Felipe Chaimovich, a exposição traz Folhas Avulsas (2018), escultura de latão banhada em ouro adquirida durante a 15ª SP-Arte por meio de doação, e Galho (2018), no qual o visitante é convidado a refletir sobre o ciclo transitório da natureza.
Felipe Chaimovich:
Até quando dura a vida? Estas obras de Laura Vinci mostram o ciclo da perda das folhas pelas árvores, em esculturas de metal. O revestimento brilhante das peças refletirá a mudança de luz, conforme a primavera for se tornando verão no parque Ibirapuera; à noite, uma iluminação artificial projeta sombras sobre a parede de fundo, criando um desenho permanente que contrasta com a variação diurna. Ao brilharem dessa maneira, as folhas parecerão sobreviver a seu desprendimento do galho, como se mantivessem em suspensão o estado de decomposição anunciado por sua queda. O uso do banho de ouro transforma esse momento efêmero da vegetação numa relíquia, como se criasse uma lembrança preciosa para as gerações futuras que enfrentarão enormes desafios perante as transformações da natureza. Assim, o MAM apresenta uma nova ocasião de refletir sobre arte-ecologia durante a visita do público ao Ibirapuera, principal parque de nossa cidade.
Livros de artista da Biblioteca do MAM, São Paulo
Mostra reúne cerca de 60 obras da coleção da Biblioteca do Museu, com publicações de artistas como Antonio Dias, Dora Longo Bahia e Paulo Bruscky
Nas décadas de 1960 e 1970, a escrita impressa e o desenho gráfico foram ferramentas importantes para a veiculação das obras de arte. Por meio de livros, artistas passaram a apresentar trabalhos para além das paredes de museus e galerias, fazendo com que, nos últimos 50 anos, houvesse um verdadeiro florescimento dos chamados livros de artista. Foi nesse contexto que se formou a coleção da Biblioteca Paulo Mendes de Almeida do MAM São Paulo. Cerca de 60 obras desta coleção integram a mostra Livros de artista da Biblioteca do MAM, em cartaz até 16 de fevereiro na Sala Paulo Figueiredo do Museu.
A curadoria da exposição, a cargo de Felipe Chaimovich, elegeu obras produzidas de forma artesanal ou que tenham sido publicadas por editoras alternativas. Figuram livros de artistas como Almandrade, Anna Bella Geiger, Antonio Dias, Betty Leirner, Dora Longo Bahia, Julio Plaza, León Ferrari, Marcius Galan, Nuno Ramos, Paulo Bruscky, Regina Silveira e Rosângela Rennó.
Ultrapassando papéis, o uso de tintas, encadernações, carimbos e colagens tornaram-se matéria-prima para experimentações dos artistas. Cada peça poderia ser única, aproximando-se novamente do conceito habitual de obra de arte. O experimentalismo do livro de artista foi descoberto pelas bibliotecas de arte antes mesmo de os museus prestarem atenção a tal inovação. Foi assim que a Biblioteca do MAM formou a coleção de livros, agora exposta ao público.
“Reunimos aqui livros de artista que não foram produtos de editoras comerciais, enfatizando o trabalho singular de certas tiragens. O pioneirismo da Biblioteca do MAM fomentou também importantes doações, levando à constituição de uma das coleções mais relevantes de livros de artista do país”, explica o curador.
fevereiro 3, 2020
Danielle Fonseca na Casa das Artes, Belém
A artista visual Danielle Fonseca abre exposição individual dia 5 de fevereiro, na Casa das Artes em Belém. A exposição faz parte do Prêmio de Produção e Difusão Artística 2019 da Fundação Cultural do Pará.
Inspirada no texto do dramaturgo Henrik Ibsen, a artista visual Danielle Fonseca escreveu em 2016 o texto A Dama do mar não sente ciúmes que hoje apresenta ao público através de esculturas, fotografias e uma instalação sonora, que conta com a leitura especial da cantora e atriz paulista Cida Moreira. “A voz de Cida Moreira veio como uma luva, um brinde a este texto, ela fez uma leitura brilhante, como tudo que faz. O canto mágico da sereia.” conta a artista. “Neste trabalho falo um pouco de memórias, minha relação com a água, o mar e o teatro”, complementa Danielle.
As obras apresentadas nessa exposição têm relação com a artista, mas também pretendem trazer um pouco de poesia e delicadeza ao visitante, expectador. “As duas esculturas que representam os blocos de saída do nadador na piscina contêm os números zero e dez, números onde geralmente nenhum nadador se posiciona nas competições, pois são nas bordas que se formam ondulações, e é nessas ondas-metáforas que a arte está. Nós artistas não nadamos sem ondulações” afirma a artista. Haverá uma obra homenagem ao artista John Baldesari, referência para arte contemporânea mundial.
Para escrever o texto crítico da exposição, Danielle convidou a artista visual Keyla Sobral. A revisão do texto“ A dama do mar não sente ciúmes” de Danielle contou com a escritora Ivana Arruda Leite. Danielle cercou-se de mulheres que são suas referências e completa “venho de uma família onde as mulheres são maioria e mais que isso, são as fortalezas nas quais me inspiro também”. Atualmente Danielle está expondo na exposição VaiVém no Centro Cultural Banco do Brasil; na Exposição Nazanza, na Galeria Aymoré, ambas no Rio de Janeiro e também na exposição “Triangular: arte deste século” na Casa Niemeyer em Brasília.
Danielle Fonseca vive e trabalha em Belém (1975) - Indicada ao Prêmio Pipa 2016; Exposição "VAIVÉM", Centro Cultural Banco do Brasil (SP; Brasília, Rio de Janeiro e Belo Horizonte), 2019; Exposição “Triangular: arte deste século”, Casa Niemeyer (Brasília-DF); Salão Anapolino de Artes 2019 (Anápolis-GO); Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia 2019 (Belém-PA); Arte Pará 2019 "Malhas afetivas" - Museu do Estado do Pará e Museu da Universidade Federal do Pará, 2019; Exposição “Entre Acervos. Arte Contemporáneo brasileño” no Centro Cultural Rector Ricardo Rojas (Buenos Aires, Argentina, 2018); Exposição Entre Acervos, Palácio das Artes (Belo Horizonte, MG, 2018) "Do Ponto ao Pixel", Galeria de Artes do MABEU (Belém,PA,2018); "Posseidon é cabra, abelha e o movimento dos barcos",(Casa das 11 Janelas e Galeria Kamara Kó, Belém, 2016/2017); participou do Amazonian Video Art no Centre for Contemporary Arts (Glasgow; Escócia, 2016); “Brasil: Ficciones” Espaço Tangente (Burgos,Espanha,2016); “Film and video programme SET TO GO”no Contemporary Art Centre (Vilnius, Lituânia,2015/2016); “Film and video programme SET TO GO” no SINNE (Helsinki, Finlândia, 2015); participou do MIMPI Festival de Filmes (Parque Lage-Rio de Janeiro); “Nossos passos fazem jorrar a sede” selecionado na II Mostra do Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo 2015 (São Paulo, de agosto a outubro de 2015); Exposição coletiva “Outra Natureza” na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (Portugal/2015); Exposição de Videoarte “Brasil: Ficções” no Armazém do Chá (Porto-Portugal); Exposição “Pororoca: A Amazônia no MAR” no Museu de Arte do Rio (MAR/RJ) (2014); Exposição “Triangulações” (CCBEU/PA, Pinacoteca de Alagoas/AL, MAM-BA) (2014); Exposição “Com Licença Poética” no MUFPA (2014); Exposição “Deslize” no Museu de Arte do Rio (MAR/RJ) (2013); Exposição “Amazônia Lugar da Experiência” no Museu da UFPA (2012/13); Exposição “Outra Natureza” no Espaço Cultural do Banco da Amazônia (2013); Exposição “Cromomuseu” no Museu de Artes do Rio Grande do Sul (2012); Exposição “O Triunfo do Contemporâneo" - Santander Cultural (Porto Alegre/2012); "Corpo Incógnito - Água Viva" - Galeria Amarelonegro Arte Contemporânea (RJ/2012); "Coletivo/Individual Kamara Kó" - Galeria de Artes do CCBEU (Belém/2012); “Sobre Ilhas e Pontes” – Galeria Cândido Portinari (RJ/2010); Salão Arte Pará da Fundação Rômulo Maiorana; X Salão de Pequenos Formatos da Unama (2004);Abril Pra Arte, Museu de Arte de Belém (2001); exposição Onze Reflexos de Max Martins no CCBEU (2003); Exposição Faxinal das Artes, com curadoria de Agnaldo Farias - MAC - PR. (2002). 9º Salão de Artes de Itajaí - SC.(2003). 12º Salão da Bahia – BA (2005).Galeria Henfil "Diálogos"- São Bernardo do Campo –SP (2003).Participou do projeto de intercâmbio entre artistas brasileiros e Ingleses denominado ‘Fluxo de Arte Belém Contemporâneo’. Além da exposição "8 solos s/ superfície", na Galeria Theodoro Braga(2005).Realizou a individual "O Tao Caminho", no Laboratório das Artes - Casa das Onze Janelas -PA (2005/2006). Resultado de uma Bolsa de Pesquisa e Experimentação do IAP(Instituto de Artes do Pará).Salão Pequenos Formatos UNAMA-PA (2006).Realizou o vídeo “Rumo ao Farol” (2007), resultado de uma Bolsa de Pesquisa em Artes Visuais pela Fundação Ipiranga (PA).Artista convidada para exposição “Abre- Alas” – (Galeria A Gentil Carioca) (2008) RJ. Exposição “Swimming Pool: Mergulho de olhos abertos” – Galeria Graça Landeira (PA)-(2008). Participação na exposição FOTOINCENA - FOTORIO 2009 - Espaço Oi Futuro-(RJ) 2009; Participou da exposição coletiva “Aluga-se” Galeria Laura Marsiaj (RJ); 2009- Selecionada no Salão de Artes de Jataí (GO); 2009 - Exposição “FOTOATIVA Pará – Cartografias Contemporâneas” (SESC- SP); Participa do Museu Virtual de Artes Plásticas – MUVI. Possui artigos e textos nos seguintes sites e publicações: Revista de Filosofia Lampejo (Fortaleza-CE); Portal Literal (www.portalliteral.com.br); no Livro “Amazônia Lugar da Experiência”; no Catálogo “Pororoca: A Amazônia no MAR” (Museu de Arte do Rio – MAR-RJ); Revista Surfari (http://www.surfari.me/); Revista GOTAZ (Belém-PA); Revista Zunai de Literatura.
