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dezembro 5, 2019
Canção Enigmática: performances sonoras no MAM, Rio de Janeiro
Performances sonoras com entrada gratuita dentro da exposição Canção Enigmática: relações entre arte e som nas coleções MAM Rio, com curadoria de Chico Dub. As ações integram o Festival Nova Frequência no MAM Rio
8 de dezembro de 2019, domingo, às 11h às 18h
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Av. Infante Dom Henrique 85, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro
15h às15h30
Tim Shaw(Inglaterra)– Pilotis do MAM
https://tim-shaw.net
A pesquisa do inglês Tim Shaw aborda as várias maneiras pelas quais as pessoas ouvem, especificamente em como os ambientes de audição podem ser construídos ou explorados utilizando uma ampla variedade de técnicas e tecnologias. Professor de Mídia Digital na Universidade de Newcastle, Shaw está interessado nas relações entre espaço, som e tecnologia; se apropriando de tecnologias de comunicação para explorar como esses dispositivos mudam a maneira como experimentamos o mundo. Apresentando trabalhos através de performances musicais, instalações, caminhadas sonoras e intervenções responsivas ao local, sua prática busca expor a mecânica dos sistemas através do som para revelar os aspectos ocultos dos ambientes e das tecnologias. Para o NF, Tim Shaw irá desenvolver uma performance sonora que envolve um conjunto de dispositivos explorados e desenvolvidos durante uma residência de 20 dias na Serrinha do Alambari, pequena cidade localizada próximo à Serra de Itatiaia. O trabalho irá incorporar matérias-primas (água, rochas, objetos encontrados e plantas), tecnologias de escuta DIY, transceptores e alto-falantes esculturais. O evento oferecerá algum tipo de recriação da Serrinha do Alambari como sensor-paisagem, enfatizando a interação, a interferência e as camadas de suas múltiplas materialidades.
15h40 às 16h20
O Yama O – Keiko Yamamoto e Rie Nakajima (Mana Records/ Londres/Japão) – Lago na frente à Cinemateca do MAM
https://manarecs.bandcamp.com/album/o-yama-o
O Yama O é um projeto musical formado pelas artistas japonesas radicadas em Londres, Keiko Yamamoto e Rie Nakajima. Utilizando uma combinação de dispositivos cinéticos e objetos encontrados – como brinquedos, tigelas de arroz, motores microscópicos, tambores, nozes, relógios e ruídos de vento –, as artistas criam paisagens sonoras inspiradas em rituais, antropologia, mitos e mundos sonoros do cotidiano. Seus trabalhos são muitas vezes compostos por canções de Yamamoto enquanto as construções de Nakajima escalam micro-orquestras em resposta direta a espaços arquitetônicos únicos. Keiko Yamamoto trabalha com desenhos, papéis, música, vozes e dança. É fundadora, junto com HamishDunbar, do lendário Café OTO, o mais conhecido espaço para música e arte sonora da Europa. Rie Nakajima trabalha com instalações e performances que produzem som. Seus trabalhos são, na maioria das vezes, site specific, usando uma combinação de pequenos autômatos e objetos do dia a dia.
16h30 às 17h10
Joaquim Pedro dos Santos & Aleta Valente – “Tudo nosso nadadeles” – Pilotis
Joaquim Pedro dos Santos é multi-instrumentista que atualmente toca baixo na banda JonnataDoll& Os Garotos Solventes. Também colabora com produção musical nos grupos Pscina e Rádio Lixo em discos, performances e instalações sonoras, além de ser produtor de artes visuais e manter uma galeria independente no centro de São Paulo, o Escritório Técnico.
Aleta Valente vive e trabalha no Rio de Janeiro, e é também conhecida por sua persona online @ex_miss_febem, em que se utiliza do smartphone como ateliê onde pesquisa, edita e dispara conteúdos – tanto de produção autoral como apropriados – que tensionam a barreira entre a realidade e a ficção e trazem à tona questões sociais através de humor ácido.
“Tudo nosso nada deles” propõe a utilização de áudios de WhatsApp com intervenções sonoras e mixagem ao vivo. O projeto inédito busca remontar o impacto do áudio sobre nossa história recente, questionando limites entre fato e ficção, autoria e responsabilidade, e suas subsequentes implicações na sociedade contemporânea.
17h20 às 18h20
LoïcKoutana x NSDOS x ZorkaWollny– “SoundCycles&MigratoryFlows”(França, Brasil/Polônia, Alemanha/ França) – Jardim de pedras do MAM
https://www.facebook.com/tetopretolive/
http://www.zorkawollny.net/
https://www.facebook.com/nsdoslazerconnect/
“SoundCycles&MigratoryFlows” é uma ação performática que reúne a artista polonesa baseada em Berlim ZorkaWollny e os franceses NSDOS e LoïcKoutana (da banda Teto Preto). Desenvolvido em colaboração com os festivais CTM (Berlim, Alemanha) e Maintenant (Rennes, França) com o apoio do Instituto Goethe e do Instituto Francês, o projeto apresentará ideias sobre imigração, identidade e especificidades do espaço através da performance coletiva.
Há quatro anos, o modelo LoïcKoutana trocou Paris, sua cidade natal, por São Paulo. E foi no Brasil que o francês de origem africana desenvolveu não apenas sua carreira de modelo, como a de performer de dança contemporânea, atuando com alguns dos principais nomes da noite underground paulistana, como o grupo Teto Preto, de Laura Diaz, uma das idealizadoras da Mamba Negra. Multiartista, curador e também youtuber, LoïcKoutana em breve lançará seu primeiro disco, “Ser”, com produção de Zopelar.
Depois de estudar dança, NSDOS, também conhecido como Kirikoo Des, sentiu a necessidade de criar seu próprio som para explorar o movimento. Foi assim que começou a imaginar, por meio da abstração, toda uma nova ordem sonora, uma abordagem alternativa à música. Em algum momento chamado de "hacker do techno", NSDOS distorce as ferramentas tecnológicas, criando um elo entre máquina e matéria. O artista coleta dados em tempo real, usando sensores ou dispositivos interativos, e os injeta no esqueleto retilíneo da música eletrônica para criar uma matriz orgânica, convidando o público a, junto com ele, empurrar os limites do corpo, dos objetos e do som.
ZorkaWollny cria composições acústicas para instituições, fábricas e edifícios vazios. Suas obras habitam o espaço entre arte, teatro e música contemporânea e estão sempre intimamente ligadas ao contexto histórico e funcional de espaços arquitetônicos específicos. Suas obras foram exibidas nas mais prestigiadas instituições de arte contemporânea e festivais de música em todo o mundo.
FOYER DO MAM
Luigi Archetti– NULL (Itália/Suíça)
http://www.luigiarchetti.com
Luigi Archetti é compositor e artista sonoro cujo trabalho gira em torno da interface entre a arte e a música. Em suas instalações, utiliza desenho, pintura, vídeo e som para criar sistemas de referência complexos e espaços tensos e altamente estéticos. Seu vocabulário musical se manifesta não apenas nas ideias e no modo como as obras são realizadas, mas também no uso de objetos e conceitos desse gênero. Archetti encena o espaço como um portador de imagens em que vários impulsos – visuais e tonais – se encontram. Para o Novas Frequências, este italiano radicado na Suíça irá apresentar no Foyer do MAM Rio “NULL”, peça para guitarra processada com sete horas de duração que se caracteriza por sons estáticos, drones e sobreposições de camadas. Desenvolvido ao longo de cinco anos, Archetti NULL serve de metáfora a sensação de espera, de antecipação, de pausa. Com seus drones em escala cinzenta e som estático, NULL nos convida a observar os mundos das salas de espera em que passamos nossos dias e a viajar em regiões desconhecidas, uma jornada hipnoticamente cativante através de eventos acústicos atemporais e minimalistas.
Martina Lussi(Suíça) – Composition For A Circle + performance ao vivo
https://martinalussi.ch
Original de Lucerne, na Suíça, Martina Lussi trabalha na interseção entre as artes plásticas, a música e a performance. Em sua obra, desafia dicotomias como consciente/inconsciente, poder/impotência e dentro/fora. Em essencial, o corpo do espectador sempre desempenha um papel essencial em suas peças. Detentora de um Mestrado de Artes em ContemporaryArtsPractice pela Universidade de Berna, Lussi já apresentou seu trabalho em vários espaços de arte e em clubes em toda a Europa. Seu segundo álbum, “Diffusionis a Force”, se utiliza de fontes sonoras com uma certa qualidade desnorteadora – gravações de campo, instrumentação processada, elementos sintetizados e trechos de expressão humana – com o intuito de refletir sobre o clima de dispersão e distração em que vivemos. Em “Composition For A Circle”, instalação que Martina Lussimostra no Foyer do MAM Rio, gravações da guitarra fornecem a base para uma composição esférica e meditativa que, por meio de repetições deslocadas, constantemente geram novas estruturas sônicas.
Canção Enigmática: relações entre arte e som nas coleções MAM Rio
A exposição reúne 47 obras de 31 artistas, como Hélio Oiticica, Carlos Vergara, Waltercio Caldas, Daniela Dalcorso, Claudio Tozzi, Carlos Scliar, José Damasceno, Chelpa Ferro, Cildo Meireles, Cinthia Marcelle, Manata Laudares, MarciusGalan, Paulo Nenflidio, Paulo Vivacqua, entre outros. São pinturas, fotografias, desenhos, vídeo, objetos sonoros, instrumentos musicais, partituras gráficas, esculturas, instalações e discos de artista presentes na coleção do Museu. Estão programadas ações performáticas para janeiro de 2020.
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro apresenta de 1º de dezembro de 2019 a 1º de março de 2020 a exposição Canção Enigmática: relações entre arte e som nas coleções MAM Rio, que reúne pinturas, fotografias, desenhos, vídeo, objetos sonoros,instrumentos musicais, partituras visuais, esculturas, instalações e discos de vinil, em um total de 47 obras de 31 artistas. Com curadoria de Chico Dub, a exposição se insere no programa Curador Convidado, criado em 2018 pelo Museu, e se relaciona com a 9ª edição do Festival Novas Frequências, que ocupou várias instituições na cidade, incluindo o MAM Rio, entre 1º e 8 de dezembro de 2019. O título da exposição é retirado do nome da obra de José Damasceno (Rio de Janeiro, 1968), feita em 1997.Ao lado de cada obra haverá um QR Code, que permitirá ao público acessar pelo seu celular mais informações sobre o artista no site do MAM Rio.
"Canção Enigmática” irá ocupar dois espaços no terceiro andar do Museu, destinado a mostras do acervo, e tem uma complementação com mais duas obras no Foyer dos artistas suíços Martina Lussie Luigi Archetti, pertencentes aos próprios artistas.
A exposição procura inserir o MAM Rio na chamada "virada sônica"("sonicturn"), termo cunhado para designar a mudança gradual de focodo visual para o auditivo, que vem ocorrendo nas práticas artísticas e nosestudos acadêmicos nos últimos anos, graças a implementos tecnológicos. “E também pela busca em estabelecer novos parâmetros artísticos, o som passou a ser reconhecido e exibido como uma forma de arte em si mesmo”, explica o curador Chico Dub. “Ainda que não seja uma mostra exclusiva de arte sonora — prática surgida na obscura zona entre música composta, instalação, performance e arte conceitual, e que tem o áudio como componente principal ou que silenciosamente reflete sobre o som —, abraça todo o acervo dessa disciplina artística no Museu, reunindo trabalhos de Chelpa Ferro, Cildo Meireles, Cinthia Marcelle, Manata Laudares, MarciusGalan, Paulo Nenflidio, Paulo Vivacquae Siri”.
Chico Dub diz que “as obras reunidas mostram basicamente cenas musicais tiradas do cotidiano, como nas pinturas modernistas de Di Cavalcanti e Djanira, manifestações folclóricas nas quais a música possui caráter essencial, como nas fotografias de Bárbara Wagner inspiradas no maracatu, rituais religiosos afro-brasileiros tal qual em Pierre Verger e no candomblé, e associações diretas com gêneros musicais, como nos retratos de Daniela Dacorso em bailes funk, na influência do samba nos “Parangolés” de Hélio Oiticica e nas fotografias de Carlos Vergara no desfile do Cacique de Ramos, ou em ícones do porte de Tom Jobim (Cabelo e Márcia X) e Beethoven (Waltercio Caldas). Trabalhos realizados durante a ditadura militar no Brasil, como os de Cláudio Tozzi e Waltercio Caldas, gritam contra a situação opressiva que se instalava naquele momento no país e, infelizmente, soam mais atuais do que nunca”. Ele complementa dizendo que “há ainda um destaque especial para as chamadas partituras gráficas, trabalhos com origem no contexto da música e apreciados por artistas visuais em função de sua característica libertária que vai além da notação musical convencional. Paulo Garcez, Carlos Scliar, Chiara Banfi e, de certa forma, José Damasceno possuem trabalhos nesse contexto”.
Está programa para os domingos de janeiro de 2020 uma série de ações performáticas quebuscam se relacionar com procedimentos da música experimental, da arte sonora e de outras linguagens, como as artes visuais, a dança e performance. Essa programação complementar reafirma a ideia da ocupação do espaço público como ato estético e político, questão presente nos encontros realizados por Frederico Morais no início dos anos 1970, quando a área externa do MAM e o Aterro do Flamengo foram incorporados como extensão natural do Museu.
“É notório pensar hoje em dia que 4'33” não é simplesmente uma ‘peça silenciosa’, mas, sim, uma obra cujo objetivo é a escuta do mundo. Em outras palavras, o trabalho mais famoso de John Cage, ao emoldurar sons ambientes e não intencionais, nosrevela através de uma escuta profunda que a música está em todos os lugares; que todos os sons são música”, observa Chico Dub.
“Partindo de Cage, os sons que ecoam pelo MAM são música. Uma canção enigmática formada por todos os sons ao redor combinados, dentre outros, com batidas do coração, berimbaus high tech, gadgets eletrônicos, sons artificiais, bandas fora de ritmo, orquestras tocando músicas diferentes ao mesmo tempo, o som da chuva e uma ordem em italiano para se fazer um café”.
Le Salon des Refusés da Luz 2019 na Casa da Luz, São Paulo
Celebração foi a primeira intenção ao convidarmos os artistas a participar de uma exposição “guerrilha”, onde cada um recebeu como restrição: o tamanho da obra - até 50 cm X 50 cm.
Num momento em que restrição pode soar de mau tom, no nosso caso, teve somente o objetivo de acomodar o maior número de obras, de pensamentos, de expressões possíveis, e celebrar a amizade, a união e a diversidade da nossa sociedade, ideais estes prezados pela iniciativa independente da Casa da Luz de promover a cultura livre e plural.
O Salon des Refusés foi uma série de exposições dos artistas, que se reuniram em revolta, ao serem sistematicamente recusados no salão oficial do governo francês no século XIX, criando um forte concorrente à arte oficial, servindo de berço para a arte moderna e aos movimentos de arte independentes, considerados, mais tarde, como degenerados pelo regime nazista... Alguma semelhança?
Artistas convidados
Adriana Coppio, Adriel Martins Visoto, Ale Loch, Amaury Santos, Anna Costa e Silva, Ana Mazzei, André Niemeyer, André Luis Scient, André Luiz S. Souza, Anna Costa e Silva, Arthur Scovino, Aslan Cabral, Brisa Noronha, Bruno Mendonça, Bruno Novais, Camila Alvite, Carla Chaim, Carlos Emilio, Carolina Cordeiro, Cassio Leitão, CK Martinelli, Dan Coopey, Deco Adjaman, Douglas de Souza, Dudu Tsuda, Elisabete Sousa, Emídio Contente, Fabiana Preti, Felipe Abdala, Fernanda Costa, Fernando Davis, FKawallis, Gabriel Pessoto, Gabriel Nehemy, Guilherme Gafi, Gustavo Aragoni, Gustavo Junqueira, Heway Verçosa, Isis Gasparini, João di Souza, José Damasceno, JP Accacio, Karola Braga, Leandra Espirito Santo, Leandro Eiki, Leandro Muniz, Lele Pereira, Lígia Aguiar, Lourival Cuquinha, Lucas Abelama, Lucas Lander, Luis 83, Luiz Queiroz, Malka Borenstein, Maneco Magnesio, Mano Penalva, Marcia Ribeiro, Maria Livman, Maya Weishof, Orion Lalli, Paula Scavazzini, Pedro Ursini, Rafael Assef, Renato Dib, Ricardo Castro, Rodrigo Kupfer, Rose Klabin, Shaffer, Thany Sanchez, Tomaz Klotzel, Valdirley Dias Nunes, Veridiana Leite, Yuri Godoy
Galeria Oto Reifschneider ocupa a Galeria Casa no CasaPark, Brasília
A Galeria Oto Reifschneider traz para a Galeria Casa uma exposição que apresenta a história da gravura brasileira através das obras de 25 gravadoras que produzem desde os anos 1950 com uma seção dedicada às artistas de Brasília
No próximo dia 5 de dezembro, quinta-feira, às 17h, a Galeria Oto Reifschneider faz a Ocupação 10 da Galeria Casa com a mostra Gravura Brasileira: 25 artistas que traz obras de gravadoras que ajudaram a construir a história da arte no Brasil a partir dos anos 1950, período em que o Brasil começou a mostrar ao mundo sua pujante produção artística. A exposição fica em cartaz na até o dia 29 de dezembro, com entrada gratuita e livre para todos os públicos. Visitação, de terça a sábado, das 14h às 22h, e domingo, das 14h às 20h.
Para a mostra que abre na Galeria Casa, o galerista e historiador Oto Reifschneider apresenta 50 obras de 25 gravadoras brasileiras. O público poderá conhecer as gravuras de Alicia Rossi, Anna Letycia, Betty Bettiol, Cristina Carvalheira, Dineia Dutra, Djanira, Edith Behring, Fayga Ostrower, Hannah Brandt, Helena Lopes, Isabel Pons, Leda Watson, Maria Bonomi, Maria Leontina, Marilia Rodrigues, Regina Silveira, Renina Katz, Ruth Bess, Sandra Santos, Thereza Miranda, Tomie Ohtake, Vera Bocayuva Mindlin, Vera Chaves Barcellos, Vitória Barreiros e Zoravia Bettiol.
“Foi pela gravura que a arte brasileira ganhou o mundo, nas bienais internacionais e salões de arte moderna.nossa arte pode ser não apenas apreciada, mas criticamente reconhecida”, afirma Oto. “Se alguns desses nomes são ainda hoje reverenciados, como os de Fayga Ostrower, Maria Bonomi e Renina Katz, outros igualmente importantes, como o de Isabel Pons, que tiveram na gravura sua arte maior, ficaram na história – e merecem um resgate”, ressalta o galerista.
São representantes das mais diversas correntes e períodos artísticos, de técnicas tradicionais e inovadoras. São litografias, gravuras em metal, serigrafias e xilogravuras, integradas a técnicas de relevo, fotografia e até computacionais, inovadoras a seu tempo. São abstrações e figurações, peças contemplativas e questionadoras – questões de cores, de linhas, de formas, estéticas e sociais.
A mostra apresenta um capítulo especial é o da gravura brasiliense, desenvolvida ao longo das décadas não apenas no núcleo da Universidade de Brasília, mas em ateliês independentes, responsáveis por gerações de amantes da gravura e de gravadores amadores. Suas principais representantes são Leda Watson, Betty Bettiol, Helena Lopes e Cristina Carvalheira, que formaram e enriquecem a tradição artística da cidade com suas atuações múltiplas pela arte.
Sobre as gravadoras
Alicia Rossi (1928), natural de Buenos Aires, cursou a Academia de Belas Artes de sua cidade natal. Ao se mudar para o Brasil, estudou gravura em metal com Evandro Carlos Jardim. Atuou em pintura, gravura e ilustração. Participou de dezenas de exposições, especialmente na capital paulista, entre elas diversos Salões de Arte Moderna, Panoramas de Arte Contemporânea e Bienais. Suas obras podem ser encontradas em importantes acervos públicos, como os do MAM-SP e da Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Anna Letycia (1929-2018) se destaca por suas gravuras em metal, que têm como característica marcante a forma de caracol, além da geometrização e utilização de cores fortes e poucos traços. Anna Letycia estudou com grandes nomes da gravura brasileira, como Oswaldo Goeldi (1895-1961), Darel Valença Lins (1924-2017), Iberê Camargo (1914-1994), Edith Bering (1916-1996) entre outros. Leciona no MAM do Rio de Janeiro, na Pontifícia Universidade Católica de Santiago, no Chile, e em Niterói, onde instala a Oficina de Gravura no Museu do Ingá. Participou de mais de 150 exposições, entre individuais e coletivas, nacionais e internacionais. A artista tem obras em inúmeras coleções e museus, tendo sido premiada e consagrada com participações em bienais como as de Tóquio, Paris, México, São Paulo, Veneza e Liubliana.
Betty Bettiol (1941), natural de São Paulo, pintora e gravadora, reside em Brasília desde 1962. Foi aluna de gravura em metal de Lêda Watson. As obras da artista são caracterizadas pela presença de formas geométricas, cores densas e repetições que dão ritmo às composições. A artista foi pioneira no uso de computadores para a elaboração de gravuras em metal e integra o primeiro grupo de artistas a se formar na cidade. Além de artista, Betty desenvolveu ao longo dos anos com o marido uma das principais coleções de arte da capital.
Cristina Carvalheira (1948), artista gravadora e professora, é natural de Recife-PE. Cursou a Escola de Belas Artes de Pernambuco, se formando como arte-educadora pela UnB. Antes de retornar ao Brasil, em 1979, morou não apenas na França, mas também em Moçambique. Em Brasília se formou como arte-educadora pela UnB, participou do Clube de Gravura de Brasília e teve como mestres a gravadora Marilia Rodrigues e o pintor, escultor e gravador, Milan Dusek. Participou de mais de cinquenta exposições no Brasil e no exterior, com individuais em Brasília, João Pessoa, Recife, Paris e Montpellier. Suas obras são caracterizadas pela relação da natureza com o humano.
Dinéia Dutra (1954-1988) era uma das grandes promessas da gravura de sua geração. Trabalhou com Cléber Gouvea e DJ Oliveira, dois destaques da arte goiana, tendo participado de mais de 20 exposições, recebido prêmios e editado dezenas de gravuras que retratam o cotidiano de forma poética e melancólica.
Djanira da Motta e Silva (1914-1979) nasceu em São Paulo, mas passou sua infância na lavoura em Santa Catarina, vivência essa que marcou sua preferência por temáticas populares. Em 1939, muda-se para o Rio de Janeiro, onde convive com artistas como Milton Dacosta (1915 – 1988), Carlos Scliar (1920 -2001) e Emeric Marcier (1916 – 1990). Realizou exposições na Royal Academy of Arts [Londres], na New School for Social Research [Nova York], no Museu Nacional de Arte Moderna[Paris], entre tantos outros.
Nascida no Rio de Janeiro, Edith Bering (1916-1996) foi gravadora, pintora, desenhista e professora. Começou estudando desenho com Candido Portinari (1903-1962) e, anos mais tarde, toma interesse pela gravura, aprendendo xilogravura com Axl Leskoschek (1889-1975) e gravura em metal com Carlos Oswald (1882-1971) em sua cidade natal, e com Johnny Fiedlaender (1912-1992) em Paris. Realiza exposições internacionais e participa da Bienal de São Paulo por 10 anos. Suas obras são marcadas pelo abstracionismo, mas com certo movimento, produzindo principalmente em água-tinta e água-forte.
Fayga Ostrower (1920-2001) foi gravadora, pintora, desenhista, ilustradora, ceramista escritora, teórica da arte e professora. Nascida na Polônia, mudou-se aos 14 anos para o Brasil com sua família. Formou-se em Artes Gráficas na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e foi aluna de renomados artistas como Carlos Oswald (1882-1971) e Axl Leskoscheck (1889-1975). Lecionou no Museu de Artes Modernas do Rio de Janeiro (MAM) e em universidades do exterior. Realizou diversas exposições no Brasil, Estados Unidos e Europa, além de receber vários prêmios em bienais nacionais e internacionais por suas gravuras de traço delicado e sintético.
Hannah Brandt (1923) nasceu na Alemanha e se mudou para São Paulo em 1935. Na década de 1950, começa os estudos artísticos e, anos mais tarde, tem aulas de gravura com Lívio Abramo e Maria Bonomi. Funda o Núcleo de Gravadores de são Paulo (Nugrasp) e realiza várias exposições no Brasil e no exterior, obtendo, entre outros, o Prêmio Itamaraty na 12ª. Bienal Internacional de São Paulo. Representa em suas obras desde temas de cunho social a abstrações, do universo espiritual a paisagens de cores ricas.
Helena Lopes (1941) é uma das mais atuantes artistas de Brasília, trabalhando com gravura, pintura e técnicas mistas. Foi responsável pela criação do Ateliê de gravura do Instituto de Artes da Universidade de Brasília junto com a Professora Stella Maris, que resultou no Núcleo de Gravura do Instituto de Artes. Ganhou uma bolsa do CNPq para o desenvolvimento do projeto “Cerrado: fonte geradora de imagens em gravura em metal”. Participou de diversas exposições nacionais e internacionais. Suas obras podem ser encontradas em coleções nacionais e internacionais, como a Casa da Cultura da América Latina (Brasília, Brasil) e a Essex Collection of Art from Latin America (Essex, Ingraterra).
Mestre na gravura em metal, Isabel Pons (1912-2002) teve seu interesse despertado por essa técnica ao frequentar a oficina ministrada por Friedlaender no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1959. Pela Bienal de São Paulo, recebeu o prêmio de melhor gravadora em 1961 e foi homenageada com uma sala especial em 1963. Foi também premiada pelas bienais de Veneza, do México e Cracóvia. Foi, entre outras coisas, responsável pelo cenário e figurinos do filme Orfeu Negro, ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro em 1956. Suas obras compõem acervos particulares e museus nacionais e estrangeiros, como o MoMA (Nova Iorque), Museu de Arte Moderna (Praga), Museu de Belas Artes (Bilbao), Museu Albertina (Viena) e o Royal College of Art (Londres).
Leda Watson (1933) frequentou a Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, a École Nationale de Beaux Arts – Sorbonne, Paris e a Universidade de Brasília. Estudou gravura com Friedlaender em Paris e se especializou em gravura em metal na Escolinha de Arte do Brasil. São mais de 50 anos dedicados à gravura e 30 anos ao ensino. Participou de inúmeras exposições, no Brasil e no exterior, entre elas a Bienal de São Paulo. Atuou na criação do Museu de Arte de Brasília (MAB), inaugurado em 1985, e foi coordenadora de museus da Secretaria de Cultura do Distrito Federal. Suas gravuras são marcadas pelas formas orgânicas e cores terrosas.
Gravadora, pintora, escultora, muralista, professora, cenógrafa e figurinista, nascida na Itália, Maria Bonomi (1935) se fixa em São Paulo em 1944. Passa, então, a ter aulas de pintura com Yolanda Mohalyi e Karl Plattner. Com Lívio Abramo, estuda gravura na década de 50 – com ele fundaria também em 1960 o Estúdio Gravura. Em 1956 estuda design em Nova York, na Universidade Columbia. Ao voltar para o Brasil, volta a estudar gravura com Johny Friedlaender no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ). Participou de diversas exposições individuais e coletivas nacionais e internacionais, ganhando importantes premiações em bienais internacionais. Bonomi é uma das mais atuantes, premiadas e reconhecidas artistas brasileiras.
Maria Leontina (1917-1984) foi pintora, desenhista e gravadora, tendo frequentado o estúdio de Bruno Giorgi (1905-1993) e estudado com Waldemar da Costa (1904-1982), que exerce influência na sua aproximação com o Modernismo. Maria Leontina frequentou também, o ateliê do artista Johnny Friedlaender (1912-1992), junto com seu marido e também artista, Milton DaCosta (1915-1988). Participou da exposição 19 pintores, realizou painéis em importantes edifícios na cidade de São Paulo, recebeu o prêmio nacional da Fundação Guggenheim em Nova York e o prêmio pintura da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA).
Marília Rodrigues (1937-2009), natural de Belo Horizonte, estudou na Escola de Belas Artes de Minas Gerais, época em que o aprendizado de desenho com Haroldo Matos foi marcante para a artista. Foi bolsista no curso de gravura do Museu de Arte Moderna (MAM) no Rio de Janeiro, onde passou a ter aulas com Edith Behring, Rossini Perez e Anna Letycia. Também foi aceita no grupo para aprender xilogravura com Osvaldo Goeldi. Lecionou gravura em metal na Escolinha de Arte do Brasil, Sesc Tijuca, no Rio de Janeiro, na Escola Guignard, em Belo Horizonte e na Universidade de Brasília (UnB). Suas obras podem ser encontradas nas coleções do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC-USP) e Museu de Arte de Belo Horizonte.
Regina Silveira (1939) inicia seus estudos na Escola de Artes da Universidade do Rio Grande do Sul. Na década de 60, estuda pintura, xilogravura e litografia com Iberê Camargo, Francisco Stockinger e Marcelo Grassmann. A convite de Walter Zanini, leciona na Faculdade de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), onde coordenou o setor de gravura até 1985. Lecionou em faculdades no Brasil e no exterior, incluindo na Escola de Comunicações de Artes da USP (ECA/USP). Participou de exposições nacionais e internacionais, como na Bienal de São Paulo (1981, 1983 e 1998), Bienal do Mercosul (2001 e 2011), Setouchi Triennale, no Japão (2016). Tem importante atuação como artista multimídia, lidando com vídeo-arte, arte postal, realidade virtual, instalações e arte pública. Recebeu o Prêmio Fundação Bunge em 2009, Prêmio APCA em 2011 e Prêmio MASP em 2013.
Uma das mais atuantes e reconhecidas gravadoras brasileira, Renina Katz (1925) formou-se pela Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, mas cedo se transferiu para São Paulo, onde continuou seus estudos, tornando-se também professora da USP. Premiada pelo Salão Nacional de Belas Artes [1951], pelo Salão Paulista de Arte Moderna [1955, 1959] e pelo Panorama de Arte Atual Brasileira [1984], suas obras mereceram mais de 50 exposições individuais no país e no exterior, assim como a participação em centenas de exposições coletivas, incluindo a participação em bienais de São Paulo e Veneza, assim como importantes coletivas em mais de quinze países. Sua obra, de início figurativa, com preocupações sociais, foi se tornando abstrata, mesmo que mantendo algum lastro em paisagens e topografias.
Ruth Bessoudo Courvoisier, Ruth Bess (1914-2015), com uma formação múltipla na conturbada Europa do entreguerras, veio para o Brasil em 1964. Frequentou o ateliê de gravura do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), onde foi aluna de Roberto de Lamonica e Anna Letycia. Gravadora e desenhista, sua formação artística anterior se deu na Academia de Belas Artes de Hamburgo, Academia de Artes Artesanais de Copenhagem e Escola Paul Colin, em Paris. Desenvolveu em técnicas diferentes, como de água-forte, água tinta e relevo a temática de animais da fauna brasileira, como o tapires, tatus e bichos-preguiças. Suas gravuras são encontradas em acervos de instituições internacionais, como no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA).
Sandra Santos (1944), natural de Recife, foi aluna de Isa Aderne e Orlando Silva. Viveu durante 10 anos no exterior, e ao voltar para o Brasil se fixou no Rio de Janeiro. Ganhou destaque pelas suas obras em xilogravura, influenciadas pela gravura nordestina. Trabalhou também com outras técnicas, como serigrafia, gravura em metal, desenho e fotografia - lecionou por 4 anos no MAM-RJ. Suas obras foram utilizadas para capas de LP’s, como o “Rosa de Ouro” e “Choros do Brasil”.
Thereza Miranda (1928) é gravadora, pintora, desenhista e professora. Nasceu no Rio de Janeiro e começou a estudar pintura em 1947, no estúdio de Carlos Chabelland (1884-1950). Na década de 1960, Thereza Miranda inicia-se na gravura em metal no Ateliê de Gravura do Museu de Arte Moderna do Rio. É precursora da fotogravura no Brasil, técnica em que utiliza a fotografia como base da gravura. Representa em suas obras cidades, portas, fachadas da arquitetura brasileira. Participou de diversas bienais no exterior, lecionou aulas de gravura e ilustração na PUC e no MAM do Rio.
Nascida em Tóquio, Tomie Ohtake (1913-2015) chega ao Brasil em 1936 e, ao se encontrar nas artes, integra um dos mais importantes grupos de artistas nipo-brasileiros, junto com Kazuo Wakabayashi, Fukushima e Manabu Mabe. Gravadora, pintora e escultora, a artista só começou a produzir aos 40 anos, influenciada pelo artista japonês Keiya Sugano. Integrou o grupo Seibi, com um breve passagem pela arte figurativa, passando logo para o abstracionismo. Na década de 1970, passa a trabalhar com gravuras em metal, serigrafia e litogravura – incursão que renovou sua obra e foi aclamada criticamente.
Pintora e gravadora nascida no Rio de Janeiro em 1920, Vera Bocayuva Mindlin (1920-1985) tem como mentores, na pintura, Alberto da Veiga Guignard, Pedro Correia de Araújo, Fernand Léger e André Lhote, e, na gravura, Oswaldo Goeldi e Iberê Camargo. Trabalhou principalmente com gravura em metal e litografia, passando pelo figurativismo e abstracionismo. Lançou um álbum de gravuras acompanhado por um poema de João Cabral de Melo Neto. Suas obras fazem parte de importantes acervos, como os do Museum of Modern Art (MoMA-NY) e do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ).
Vera Chaves Barcellos (1938) é gravadora, artista multimídia e professora. Nascida em Porto Alegre-RS, Vera dedicou-se à gravura após sua primeira viagem à Europa, onde frequentou a Central School of Arts and Crafts e a St. Martin's School, ambas em Londres; a Academie van Beeldende Kunsten, em Roterdã, Holanda; e a Académie de la Grande Chaumière, em Paris. Em 1975, volta seu aprendizado à fotografia e técnicas gráficas. Participou de inúmeras exposições no Brasil e no exterior. Atua na cena cultural de Porto Alegre com o Nervo Óptico (176-1978), Espaço N.O (1979- 1982), com a Galeria Obra Aberta (1999-2002) e, desde 2003 com a Fundação Vera Chaves Barcellos, que estimula a pesquisa no campo das Artes.
Vitória Barreiros (1997) é natural de Brasília, bacharel em Artes Visuais na Universidade de Brasília, se dedica ao estudo da cartografia e paisagem por meio de catalogação, observação, coleta e registro. Trabalha com pintura, desenho, instalação e gravura. Durante a graduação se dedicou especialmente ao ateliê de gravura em metal. Participou da residência artística Epecuen na Argentina. Suas obras são o registro de uma cartografia cotidiana do efêmero, a natureza no espaço urbano.
Zoravia Bettiol (1935) frequentou a Escola de Belas Artes de Porto Alegre e teve aulas de desenho e gravura no ateliê de Vasco Prado, com quem foi casada e manteve um ateliê-exposição. Em 1968 estagiou no ateliê de tapeçaria de Maria Laskiewicz, em Varsóvia. No mesmo ano participou II Bienal de Gravura de Crocávia e da III Bienal Americana de Gravura de Santiago do Chile. Participou da IV Bienal Internacional de Tapeçaria de Lausanne em 1969, mesmo ano em que produziu uma exposição individual dos seus trabalhos de tapeçaria em seu próprio ateliê. Ao longo de sua carreira, produziu além de tapeçaria e gravuras, desenhos, murais, joias, instalações e performance. Hoje, o Instituto Zoravia Bettiol, em Porto Alegre, tem como missão preservar e difundir o acervo documental e artístico da artista, além de apoiar manifestações de arte contemporânea.
Sobre a Galeria Oto Reifschneider
Oto Reifschneider é pesquisador, colecionador, curador e marchand - especializado em formação de coleções. Participou de exposições e projetos nacionais e internacionais. Tem artigos publicados pela USP, Academia Brasileira de Letras e Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, entre outros. Idealizou projetos como “Milan Dusek: obra gravada” e "Index DF", ambos disponíveis para consulta on-line. Fez a curadoria e produção de exposições em Brasília [Caixa Cultural, Museu da República, Universidade de Brasília] e em Doha/Qatar [Katara]. As mais recentes foram mostras individuais de Sergio Rizo, em 2018, e de Luis Matuto e Fernando Lopes, em 2019. Dedica-se a gravuras, artes gráficas e obras raras - tema de seu doutorado - há mais de quinze anos. Nesse período, foi formado um amplo acervo de arte moderna e contemporânea na galeria, que representa também artistas nacionais e internacionais, consagrados e novos talentos. A Galeria Oto Reifschneider fica na SCLN 302 Bloco E Loja 41, Asa Norte, Brasília-DF.
Fundação Athos Bulcão lança Calendário Ilustrado que celebra os 60 anos de Brasília
A Fundação lança o Calendário Ilustrado Athos Bulcão 2020. Neste dia, todos terão direito a 1 exemplar gratuito. Quem desejar levar mais exemplares para presentear amigos e familiares, poderá adquiri-los pelo valor unitário de R$ 30,00.
7 de dezembro de 2019, sábado, a partir das 10h
Fundação Athos Bulcão
CLS 404 Bloco D loja 01, Brasília, DF
61-3322-7801
Nesta edição, a Fundação selecionou obras que Athos desenhou para edifícios de Brasília do final da década de 1950 e começo da década de 1960, no momento de criação da nova capital e da mudança do artista para a cidade. “Essa é, para nós, uma maneira de comemorar os 60 anos de Brasília, oferecendo ao público mais algumas das grandes criações de Athos Bulcão que embelezam essa cidade, patrimônio cultural da humanidade,” destaca Valéria Cabral, secretária executiva da Fundação Athos Bulcão.
Para a capa, a pintura mural do Brasília Palace Hotel, de 1958, foi a imagem escolhida, por meio da votação no Instagram. Para cada um dos meses, foram selecionadas fotos de obras como o painel de azulejos da Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, o painel de azulejos da Torre de TV e o relevo da fachada do Teatro Nacional, imagens fortemente relacionadas ao imaginário da capital modernista.
O Calendário está sendo produzido graças ao apoio de admiradores de todo o Brasil, por meio de financiamento coletivo. As contribuições para a campanha podem ser feitas na plataforma Catarse até o dia 3 de dezembro. Até o momento, mais de 500 pessoas, de 20 estados, já contribuíram com a realização do Calendário e 66% da meta já foi alcançada. Ainda dá tempo de colaborar e garantir exemplares da publicação. A partir do dia 9 de dezembro, o Calendário será vendido pelo valor unitário de R$30,00.
A loja estará aberta até 19h com as melhores opções de presentes para quem ama Brasília e é apaixonado pela obra de nosso artista. Entre as opções de produtos, nossas molduras com azulejos estarão com 10% de desconto.
Sobre o artista
Athos Bulcão é um artista múltiplo. Nascido no Rio de Janeiro, mudou-se para Brasília em 1958, para colaborar na construção da cidade, onde permaneceu até sua morte em 2008. Na capital do país, torna-se um dos principais artistas a desenvolver uma obra integrada à arquitetura. Em Brasília, seus trabalhos podem ser apreciados nos painéis e relevos para os edifícios do Congresso Nacional, Teatro Nacional Claudio Santoro, Palácio do Itamaraty, Palácio do Jaburu, Memorial JK, Capela do Palácio da Alvorada, Hospital Sarah Kubitschek e outros.
Em 1971, trabalha com Oscar Niemeyer em projetos na França, Itália e Argélia. Sua arte vai da pintura em tela, da qual nunca abriu mão, às fotomontagens, da gravura aos desenhos, máscaras, objetos, cenários e figurinos para teatro e ópera e artes gráficas. Em seus painéis em azulejo destacam-se a modulação e o grafismo habilmente criados com base nas formas geométricas.
Sobre a Fundação Athos Bulcão
A Fundação Athos Bulcão é uma instituição sem fins lucrativos, de direito privado e de utilidade pública distrital, que conserva, pesquisa, comunica, documenta, investiga e expõe o acervo de Athos Bulcão para fins de estudo, apreciação e educação. Investir e preservar o patrimônio cultural é trabalho permanente da instituição, que desenvolve projetos e ações que utilizam os bens culturais deixados por Athos Bulcão como recursos educacionais, turísticos e de entretenimento, estimulando em seu público uma percepção crítica da realidade, valorização da arte brasileira e de seu patrimônio. Possui um acervo de obras, estudos e projetos do artista, que exibe em exposições em sua galeria.
Da Academia ao Virtual na Galeria André, São Paulo
Com curadoria de Mario Gioia, a mostra comemora os 60 anos da galeria, trazendo 80 obras de 60 artistas de diversos períodos e correntes estéticas, de modernistas, surrealistas, abstratos, aristas imigrantes, paisagistas e artistas de vanguarda a artistas contemporâneos
A Galeria de Arte André abre, dia 12 de novembro (terça-feira) a exposição Da Academia ao virtual, com curadoria do crítico de arte Mario Gioia. A mostra traz cerca de 80 obras de 60 artistas que foram icônicos na trajetória da galeria, tendo participado de exposições coletivas ou individuais ao longo dos 60 anos de existência, comemorados em 2019 com uma série de eventos celebrando a data. A exposição terá uma abertura prévia durante o Art Weekend, dias 9 e 10 de novembro, sábado e domingo, das 10h às 18h, com visita guiada do curador Mario Gioia, às 12h, nos dois dias. Como parte das comemorações de 60 anos, também será lançado um livro comemorativo, contando toda a trajetória da galeria, em data a ser definida.
A mostra reúne obras de diversos períodos e correntes estéticas, como os cânones do modernismo Di Cavalcanti, Portinari, Vicente do Rego Monteiro, Cicero Dias, Guignard, Pancetti e Antonio Bandeira, os surrealistas Inos Corradin, Vito Campanella, Djanira e Sônia Menna Barreto, os abstratos Manabu Mabe, Tikashi Fukushima e Arcangelo Ianelli, obras de aristas imigrantes como os do Grupo Santa Helena Clóvis Graciano e Fúlvio Pennacchi e os orientais Jorge Mori e Tomie Ohtake, paisagens de Francisco Rebolo, naturezas-mortas de Burle Marx, Carlos Scliar e Aldo Bonadei e pintura de Darcy Penteado, um dos precursores do movimento LGBT. Um dos núcleos da exposição traz esculturas e objetos de artistas contemporâneos como Alina Fonteneau e Cássio Lázaro, eao lado de artistas renomados como Victor Brecheret, Bruno Giorgi, Sonia Ebling, Calabrone, entre outros.
O curador Mario Gioia fez uma imersão profunda no histórico da galeria, nas suas seis décadas, centenas de catálogos de mostras individuais e coletivas, entrevistas e conversas para chegar a esta mostra. Além da exposição, haverá o lançamento de um livro histórico da galeria, até o fim do ano, com a fortuna de textos críticos e o trabalho de um grupo de especialistas que se debruçou sobre o potente legado do espaço, que começou na Avenida Vieira de Carvalho, centro de São Paulo, passou pela Alameda Jaú, teve um prédio dedicado somente ao tridimensional na Gabriel Monteiro da Silva e hoje é localizada numa tríade de avenidas bem paulistanas, entre a Rebouças, Avenida Estados Unidos e Gabriel Monteiro da Silva.
Dividida em 12 núcleos temáticos, a exposição traz artistas que traçam o percurso histórico da galeria. Fora do lugar traz os artistas surrealistas e fantásticos como Inos Corradin, Vito Campanella, Iracema Arditi, Djanira, Philip Hallawell e Sônia Menna Barreto, que recentemente expôs na galeria a individual Realidade Imaginada. Aqui, cabe o aporte histórico a respeito do artista de origem britânica Hallawell. A individual do artista na galeria, feita em 1976, foi uma revolução em termos editoriais na cidade. A galeria foi precursora ao realizar um primeiro catálogo para uma exposição, tendo sido pioneira nessa produção gráfica, em texto escrito por Pietro Maria Bardi, figura central na arte brasileira e muito próximo da galeria.
Em O triunfo da beleza, o espanhol Augustin Salinas y Teruel traz três raras pinturas paisagísticas de escala intimista, e o campineiro Aldo Cardarelli apresenta um quadro com uma típica paisagem do interior de São Paulo. No núcleo Desterros, a origem imigrante é a tônica, com artistas oriundos do Grupo Santa Helena como Clóvis Graciano e Fúlvio Pennacchi, artista que inaugurou a atual sede da galeria, em 1982, além dos orientais Michinori Inagaki, Jorge Mori e Tomie Ohtake.
O pintor e arquiteto Antonio Augusto Marx, além de Raquel Taraborelli, Jenner Augusto, Francisco Rebolo e Darcy Penteado estão no núcleo Panoramas do sensível, dedicado à paisagem. Em sua última exposição ainda vivo, em 1986, Darcy Penteado, já sabendo seu diagnóstico HIV positivo, promoveu na galeria um concerto da cantora lírica Majú de Carvalho, fazendo uma performance como a Dama Negra, presente em diversas pinturas do artista. Foi sua despedida como artista. De Raquel Taraborelli, a mostra também exibe uma aquarela que retrata o prédio da galeria, com suas conhecidas colunas vermelhas.
Na natureza posada, artistas como Burle Marx, Sérgio Ferro, José Moraes, Carlos Scliar, artista muito próximo da galeria, que teve cinco individuais durante sua trajetória, e Aldo Bonadei, mostram, cada um com sua poética, suas naturezas mortas. Essas obras estarão ladeadas, no projeto expográfico, com as obras tridimensionais, do núcleo Em meio a. Nele, esculturas e objetos de artistas contemporâneos como Alina Fonteneau e Cássio Lázaro, estarão ao lado de artistas renomados como Victor Brecheret, Bruno Giorgi, Sonia Ebling, Calabrone, entre outros.
Domenico Calabrone abriu a filial da galeria na Gabriel Monteiro da Silva, totalmente dedicada ao tridimensional -uma ousadia à época-, que funcionou durante 30 anos mostrando esculturas modernas e contemporâneas. O artista viajou para a Itália para escolher e preparar peças em mármore de Carrara. Outro destaque desse núcleo é Sonia Ebling, uma artista com formação europeia e vasta produção, e que teve suas esculturas trabalhadas com exclusividade pela galeria. Ainda nesse núcleo, está Sonia Menna Barreto, artista com uma trajetória com a galeria, já que foi André Blau quem a estimulou a aperfeiçoar sua técnica com Jorge Mori, lhe propôs sua primeira exposição e um contrato de exclusividade.
No embate de formas e cores demonstra o apreço da galeria pela abstração, com nomes como Manabu Mabe, Tikashi Fukushima, Arcangelo Ianelli e Walmir Teixeira. Modernistas e modernidades traz cânones atuais como Di Cavancanti, Portinari, Vicente do Rego Monteiro, Cicero Dias, Guignard, Pancetti e Antonio Bandeira estão nesse núcleo. Di Cavalcanti, por exemplo, sempre esteve presente na galeria, tendo inclusive morado perto e visitado a galeria algumas vezes para oferecer seus quadros.
No núcleo Por sobre as superfícies estão desenhos e pinturas de artistas como Carlos Scliar, Aldo Bonadei, Sônia Menna Barreto, Philip Hallawell, Carybé e Aldemir Martins. Os dois últimos foram apresentados pelo escritor Jorge Amado em suas individuais na galeria. De Carybé ainda houve uma iniciativa inovadora para a época de sua mostra individual. A galeria fez uma itinerância com suas serigrafias por 13 cidades brasileiras, para tornar a sua arte acessível para além do eixo Rio –São Paulo. Entre os fios traz um importante eixo da história da galeria, que são os tapetes de origem asiática, que por décadas foram muito valorizados e contaram com um mercado bastante ávido.
Por fim, Aqui, agora, os contemporâneos Fernando Cardoso, Herton Roitman, Rodrigo Cunha e João César de Melo mostram suas produções ativas e experimentos em diversas linguagens e aponta novos desdobramentos e continuidade da história da galeria. O hiper-realismo não fica de fora: Armando Sendin, Rafael Resaffi e Marco Stellato, representam a corrente artística no núcleo Em condições normais.
Sobre o curador Mario Gioia
Nascido em São Paulo, em 1974, é graduado pela ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo). Integrou o grupo de críticos do Paço das Artes desde 2011, instituição na qual fez o acompanhamento crítico de Luz Vermelha (2015), de Fabio Flaks, Black Market (2012), de Paulo Almeida, e A Riscar (2011), de Daniela Seixas. Foi crítico convidado de 2013 a 2015 do Programa de Exposições do CCSP (Centro Cultural São Paulo) e fez, na mesma instituição, parte do grupo de críticos do Programa de Fotografia 2012. Em 2016, a mostra Topofilias, com sua curadoria, no Margs (Museu de Arte do Rio Grande do Sul), em Porto Alegre, foi contemplada com o 10º Prêmio Açorianos, categoria desenho. É colaborador de periódicos de artes como Select e foi repórter de artes visuais e arquitetura da Folha de S.Paulo de 2005 a 2009. De 2011 a 2016, coordenou o projeto Zip'Up, na Zipper Galeria, destinado à exibição de novos artistas e projetos inéditos. Na ArtLima 2017 (Peru), assinou a curadoria da seção especial CAP Brasil, intitulada Sul-Sur, e fez o texto de Territórios Forjados (Sketch Galería, 2016), em Bogotá (Colômbia). Em 2018, assinou a seção dedicada ao Brasil na Pinta (Miami, EUA) e a curadoria de Esquinas que me atravessam, de Rodrigo Sassi (CCBB-SP).
Sobre a Galeria de Arte André
Uma das galerias de arte mais tradicionais da cidade de São Paulo, a Galeria de Arte André completa 60 anos em 2019 como a maior galeria de arte da América Latina e anuncia a fusão de suas sedes e acervos. Atualmente dirigida por Juliana Blau, a casa fundada em 1959 pelo romeno André Blau (1930-2018) ajudou a forjar o mercado de arte no Brasil e passou por diversos endereços até se consolidar na Rua Estados Unidos, entre a Avenida Rebouças e a Alameda Gabriel Monteiro da Silva.
Referência no mercado de arte brasileira, há décadas a Galeria de Arte André acolhe gerações de artistas e incentiva o surgimento de colecionadores e amantes das artes. Conhecida pelo seu acervo de esculturas e obras de artistas como Di Cavalcanti, Candido Portinari, Alfredo Volpi, Aldemir Martins, Manabu Mabe, Hector Carybé, Roberto Burle Marx, entre muitos outros, a casa oferece ao público exposições periódicas e projetos educacionais e culturais.
MAR lança podcast e websérie inspirados na exposição “O Rio dos Navegantes” e em obras de sua Coleção
Os lançamentos fazem parte do Projeto Cultural de Fortalecimento do Museu, realizado com patrocínio do BNDES
No dia da Consciência Negra, 20 de novembro, o Museu de Arte de Rio, sob a gestão do Instituto Odeon, lança em seu site e nas plataformas de streaming os dois primeiros produtos de seu MediaLab: um podcast inspirado na exposição “O Rio dos Navegantes” e uma websérie que relaciona peças do acervo a lugares e personagens da Pequena África. Os lançamentos fazem parte do Projeto Cultural de Fortalecimento do MAR, realizado com o patrocínio do BNDES.
Para o podcast, dez autores negros foram convidados a escreverem histórias inéditas e inspiradas no conteúdo da exposição “O Rio dos Navegantes”, principal mostra do museu em 2019. Participam da série Conceição Evaristo, André Capilé, Bernardo Oliveira, Vilma Piedade, Tatiana Pequeno, Renato Noguera, Ana Paula Lisboa, Gabe Passareli, Valeska Torres e Elisa Lucinda, que além de escrever um episódio também é responsável por dar voz a essas narrativas, que enaltecem a trajetória de personagens negros e a vinda de imigrantes para o Brasil.
No episódio de abertura e que dá nome ao podcast, “Águas de Kalunga”, a escritora mineira Conceição Evaristo apresenta um texto que aborda poeticamente a preservação da memória, suas dores e prazeres. Em “Até onde vai o mar”, inspirado no núcleo “Usos das Águas”, a jornalista Ana Paula Lisboa narra a trajetória de Marina, uma menina que nasceu em Minas e mudou-se para o Rio para viver perto do mar. Os episódios do podcast “Águas de Kalunga” serão lançados sempre às quartas e sextas-feiras, no site e nas plataformas digitais - Spotify e Deezer.
No dia 21, estreia no canal do museu no Youtube a websérie “MAR na Rua”, que se debruçou sobre a relação de obras da Coleção com a história contada por pessoas de seu entorno, por meio de diversos lugares, como o Cais do Valongo, o Morro da Conceição e o Morro da Providência. A seleção das obras, locais e personagens foi feita pela historiadora Raquel Barreto, da UERJ. Participam da série de cinco episódios o fotógrafo Maurício Hora, o artista Mulambö, a educadora Pâmela Carvalho, a diretora do Instituto dos Pretos Novos, Merced Guimarães, e a Mãe Celina de Xangô.
No primeiro episódio, a educadora, historiadora e ativista Pamela Carvalho fala sobre os pontos de interseção entre a sua vida e a história do Rio a partir da obra “Vista de Botafogo e Pão de Açúcar” (1910), de Augusto Malta, presente na exposição “O Rio dos Navegantes”. O artista visual Mulambö, inspirado na obra “Cena de ateliê” (1908), de Artur Timóteo da Costa (1882 - 1922), aborda sua relação com o território carioca, a ancestralidade das cores utilizadas em seus trabalhos, além da herança dos povos originários do Brasil. O artista atualmente está em cartaz no MAR com a mostra individual “Tudo Nosso”. Os episódios da websérie “MAR na Rua” serão lançados sempre às quintas-feiras.
Grade de programação podcast “Águas de Kalunga”
20 nov – “Águas de Kalunga”, por Conceição Evaristo #1
22 nov – “Demuda”, por André Capilé #2
27 nov – “O Elemento Acendrado”, por Bernardo Oliveira #3
29 nov – “Maria e o Mar”, por Vilma Piedade #4
04 dez – “Sanzala-Motins”, por Tatiana Pequeno #5
06 dez – “Uma Criança Na Multidão”, por Renato Noguera #6
11 dez – “Até Onde Vai o Mar”, por Ana Paula Lisboa #7
13 dez – “A Cada Passo”, por Gabe Passareli #8
18 dez – “Conceição”, por Valeska Torres #9
20 dez – “Pela Limpeza dos Mares”, por Elisa Lucinda #10
Ficha Técnica
MediaLab MAR
Proposição e direção do projeto: Eleonora Santa Rosa
Coordenação: Amanda Bonan
Podcast Águas de Kalunga
Criação Amanda Bonan, Juliana Pereira, Marcelo Campos e Rubia Mazzini
Direção Artística: Mariana Kaufman
Produção: Lisa Eiras
Narração dos textos: Elisa Lucinda
Trilha Sonora: Ricardo Cotrim
Edição finalização de som: Guilherme Farkas
Realização: Fagulha Filmes
Grade de programação websérie “MAR na Rua”
21 de nov – “O MAR olha para o Rio”, com Pamela Carvalho #1
28 de nov – “Representação de si – Representação do outro”, com Mauricio Hora #2
05 de dez – “Esqueletos no subsolo”, com Merced Guimarães #3
12 de dez – “O que é preciso para fazer arte”, com Mulambö #4
19 de dez – “Cosmovisões Negras”, com Mãe Celina de Xangô #5
Ficha técnica
Vídeos: Escada Amarela
MASP lança aplicativo de áudios
MASP lança aplicativo de áudios: Patrocinado pela Ericsson, app será oferecido em versões iOS e Android a partir de dezembro
O MASP Áudios, aplicativo que será lançado em 3 de dezembro pelo Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), funcionará como um áudio guia, mas sem estabelecer ao visitante a necessidade de um roteiro pré-definido. O app tem patrocínio da Ericsson e será oferecido em versões iOS e Android. Vale lembrar que o MASP disponibiliza Wi-Fi para os visitantes e o app será gratuito.
Por meio da realidade aumentada, o aplicativo irá expandir a experiência dos visitantes proporcionando uma imersão no acervo. O funcionamento é simples: basta apontar o celular para a obra escolhida, a câmera fará o reconhecimento de imagem e o áudio começará automaticamente. Também é possível pesquisar pelo título da obra ou pelo nome do artista para ter acesso aos áudios em qualquer lugar. Ao final da navegação, o usuário terá registrado um roteiro com as obras pelas quais passou. E ele também poderá criar uma coleção própria com base no acervo do MASP, escolhendo seus trabalhos favoritos.
Os áudios não são apenas explicações técnicas, formais ou áudio descrições, e sim leituras abrangentes e plurais que contextualizam a obra, o artista e o período artístico ao qual pertencem.
O aplicativo estreia com 160 áudios de historiadores, curadores (de dentro e fora do MASP), artistas, professores, pesquisadores, ativistas e até de algumas crianças. Neles, são exploradas principalmente as obras da coleção que estão expostas nos cavaletes de cristal projetados por Lina Bo Bardi no segundo andar do prédio, na exposição Acervo em transformação. Também será possível ouvir impressões de obras de algumas exposições temporárias.
Os áudios variam de um a três minutos e algumas obras têm mais de uma leitura.
A maioria das faixas já integrava um projeto do núcleo de Mediação e Programas Públicos do museu que começou em 2015. Esse conteúdo continuará disponível no Soundcloud (soundcloud.com/maspmuseu) e no site do MASP (masp.org.br).
A curadoria dos participantes e das obras preza pela diversidade, inclusão e pluralidade, missão da instituição. A aplicativo também é um passo importante rumo a um museu mais acessível, já que poderá ser usado por pessoas cegas e/ou com mobilidade reduzida.
Outras premissas da instituição continuam sendo respeitadas, como a autonomia do visitante ao escolher o trajeto que poderá fazer no Acervo em Transformação ---privilegiando sempre as obras, e não as legendas (que continuam atrás dos cavaletes).
A seleção de vozes inclui nomes da curadoria do MASP, como Amanda Carneiro e Lilia Schwarcz, profissionais que passaram pelos ciclos temáticos de “histórias”, como Hélio Menezes, artistas como Anna Maria Maiolino, Erika Verzutti, Leda Catunda e Thiago Honório, além de Aracy Amaral, historiadora da arte, Regina Teixeira de Barros, curadora e professora, Valeria Piccoli, curadora da Pinacoteca, Ivo Mesquita, curador independente, alunos que tinham, na época da gravação, entre 8 e 10 anos da Escola Municipal Desembargador Amorim Lima e Colégio São Domingos, entre outros.
Obra de Renoir será próximo restauro do MASP a partir da campanha de IR 2019
‘Rosa e azul’, de Renoir, será próximo restauro do Masp a partir da campanha de Imposto de Renda 2019
Em 2018, obra escolhida foi ‘Retirantes’, de Portinari, que está em fase de finalização e deve voltar ao Acervo em Transformação até o final do ano
Feita em 1881 por Pierre-Auguste Renoir, a pintura “Rosa e azul - As meninas Cahen d’Anvers”, uma das mais icônicas do acervo do MASP, foi indicada para ser restaurada a partir da campanha “Adote uma Obra” em 2019. O projeto, que existe desde 2017, possibilita que recursos arrecadados por meio de doações de imposto de renda sejam utilizados na preservação do acervo do museu.
Segundo Sofia Hennen, responsável pelo núcleo de conservação e restauro do MASP: “O quadro de Renoir foi escolhido por apresentar algumas zonas de pintura frágeis, além de alguns problemas estéticos, tais como irregularidades no verniz”.
Em um primeiro momento, será feito um estudo aprofundado da técnica e do estado da obra para que depois seja escolhido o tratamento adequado. Um especialista em pintura francesa do século 19, ainda em definição, ficará responsável pelo processo.
A primeira edição da ação, há dois anos, custeou o restauro de “O Escolar”, de Van Gogh, feito no Museu Van Gogh, em Amsterdã. Em 2018, a obra “adotada” foi “Retirantes”, de Candido Portinari. A pintura do modernista brasileiro passa pela última etapa de tratamento e deve retornar aos cavaletes de cristal de Lina Bo Bardi ainda neste ano.
Ao lado de “Retirantes”, a equipe de conservação e restauro do MASP estudou e tratou duas outras obras de Portinari: “Criança morta” e “Enterro na rede”, também de 1944. O trabalho em conjunto nas três telas permitiu ganhos e sinergias, já que as obras têm diversos pontos de contato e parecem ter sido criadas como uma série.
Juntos, os três quadros foram submetidos em abril a diferentes exames científicos, realizados por uma equipe do Instituto de Física da USP (IFUSP). Em seguida, as obras receberam diagnóstico e prescrição por uma equipe formada por restauradores do MASP e externos, do ateliê De Vera Artes, escolhidos pela experiência com obras de Portinari.
De modo geral, as três obras, que passaram por intervenções e restauros ao longo dos anos, apresentavam bom estado de conservação, mas mostravam problemas pontuais como falta de tensão nas telas, craquelês (fissuras), pequenas perdas na camada pictórica e irregularidade no verniz. O tratamento, por isso, incluiu limpeza, reintegração cromática e aplicação de verniz, entre outras medidas.
“Nosso trabalho visa conservar a pintura no futuro e melhorar sua leitura e apreciação pelo público”, diz Sofia.
Para doar, basta acessar o site do MASP (masp.org.br/doe), clicar no botão “Quero doar” e preencher o cadastro com seus dados e o valor da doação. Na sequência, o museu enviará um e-mail com os dados bancários e, após identificado o pagamento, o museu enviará o recibo de mecenato, que deverá ser anexado à declaração do imposto de renda. O valor mínimo da doação é de R$ 300. Caso o contribuinte tenha imposto a ser restituído, a doação aumenta o valor da restituição. Pessoas jurídicas também podem adotar uma obra do MASP, como garante a Lei Federal de Incentivo à Cultura, porém com alíquotas de dedução diferenciadas.
Qualquer pessoa pode doar, desde que seja optante pela declaração “modelo completo” e não ultrapasse o limite global de 6% do IR devido.
Neste mesmo link (masp.org.br/doe), o interessado também encontra as respostas para as dúvidas mais frequentes. A data limite para doação é 27/12/2019.
Jorge Pardo na Pinacoteca, São Paulo
Artista Jorge Pardo instala ambiente interativo no Octógono da Pinacoteca
Primeira exposição no Brasil de um dos mais importantes artistas da atualidade convida o público a experimentar o que significa viver com a arte
A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, apresenta, de 7 de dezembro de 2019 a 2 de março de 2020, a exposição Jorge Pardo: Flamboyant, que ocupa o Octógono do edifício Pina Luz. Com curadoria de Jochen Volz, diretor-geral do museu, a mostra apresenta uma instalação interativa inédita composta de 14 peças que convida o público a experimentar um momento de fruição e de contemplação. Considerado um dos mais importantes artistas da atualidade, o cubano vem utilizando-se das linguagens do desenho e da escultura a fim de explorar os limites entre a arte, o design e os espaços de convivência.
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A tática de Pardo tem sido a de inverter a desmaterialização conceitualista inicial do objeto de arte para homenagear as coisas imaginadas no plano material. Assim, sua trajetória criativa, que ganhou grande destaque nos anos 1990 como parte do movimento de estética relacional – termo cunhado pelo crítico francês Nicolas Bourriaud –, inclui tanto mostras individuais em instituições renomadas internacionalmente e participações nas grandes exposições coletivas, como a 57ª Bienal de Veneza, como a decoração de hotéis, a exemplo do recém-inaugurado L´Arlatan, residência artística e hotel situado em Arles (França), e a ambientação de restaurantes, como o do Hammer Museum, em Los Angeles, e o do parlamento do governo federal alemão, em Berlim.
“Estou interessado em perguntar: onde a arte supostamente deve parar? É quase impossível controlar onde o movimento começa e onde termina”, afirmou o artista em abril de 2019, em entrevista a uma revista norte-americana. Para o Octógono da Pinacoteca, Pardo desenvolve um “espaço de estar” composto de um tapete redondo listrado de amarelo, de cobre e de laranja, treze luminárias e de sete cadeiras de balanço, todos desenhados e fabricados por ele. O conjunto propõe evocar uma experiência familiar à do descanso sob o pé de uma árvore, convidando o visitante a desfrutar das frondosas peças que, assim como o flamboyant, exalam uma beleza transitória.
A obra dialoga ainda com a arquitetura e a história do edifício da Pinacoteca que, até 1911, sediou o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. “A relação entre as belas-artes e as artes aplicadas foi fundamental na origem da Pinacoteca. É interessante que Pardo retome a discussão um século depois. A instalação de luminárias faz claramente uma referência ao grande chandelier instalado no Belvedere, antiga entrada principal do museu, cujo acesso era realizado pela Avenida Tiradentes” explica Jochen Volz.
Concebidas digitalmente, compostas de centenas de pedaços de plástico reciclado, de aço e de alumínio, cortadas a laser e finalizadas à mão pelo estúdio do artista, as luminárias estão penduradas em uma malha de cabos de aço rebaixada no espaço do Octógono. Seus efeitos serão revelados somente no espaço. "Gosto de trabalhar dessa maneira", comenta Pardo a respeito da técnica digital que permite criar arranjos complexos. "Você não sabe como será até acender a luz."
A composição do ambiente homenageia a pintura The Painter´s Studio [O ateliê do pintor], 1855, de Gustave Courbet. Tal como o artista francês concebeu aquela obra como espécie de alegoria de seu tempo e em referência a diversos signos de seu universo de influências (figuras da sociedade, a modelo nua como referência à academia, entre outras), o cubano presta sua própria homenagem ao celebrado pintor realista, transformando algumas das figuras de sua obra em ornamentos para as cadeiras. “Essa imagem de Courbet me chamou atenção porque evidencia uma negligência organizacional na qual a profundidade de campo é inexistente, revelando um ar de inacabado. O que me inspira a criar uma atmosfera na qual há um balançar em uma boa cadeira sob uma bela luz”, reflete o artista.
A exposição tem patrocínio da Tiffany&Co e Alexandre Birman e sua realização só foi possível graças ao apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura e ao PROAC ICMS.
SOBRE JORGE PARDO
Jorge Pardo nasceu em Havana, Cuba, em 1963, e vive e trabalha em Mérida, México. O artista estudou na Universidade de Illinois, Chicago, e recebeu seu BFA (sigla em inglês para bacharelado em belas-artes) pelo Art Center College of Design, em Pasadena, Califórnia. Vem sendo contemplado por vários prêmios ao longo de sua carreira, incluindo o MacArthur Fellowship Award (2010); o Smithsonian American Art Museum Lucelia Artist Award (2001) e o Louis Comfort Tiffany Foundation Award (1995). Tem realizado diversas exposições individuais em galerias e em instituições consagradas, incluindo David Gill Gallery, Londres (2015); neugerriemschneider, Berlin (2014); Petzel Gallery, Nova York (2014); Gagosian Gallery, Nova York (2010); Galeria Gisela Capitain, Colônia (2012); Irish Museum of Modern Art, Dublin (2010); K21 Kunstsammlung Nordrhein-Westfalen, Düsseldorf (2009); Los Angeles County Museum of Art (2008); e Museum of Contemporary Art, Miami (2007). Participou de importantes mostras coletivas como a 57ª Bienal de Veneza (2017). Suas obras integram uma série de importantes coleções públicas, incluindo o Museum of Contemporary Art, em Los Angeles; Museum of Modern Art, em Nova York e a Tate Modern, em Londres.
PROJETO OCTÓGONO
Criado em 2003, o projeto Octógono Arte Contemporânea ocupa um espaço importante da Pina, apresentando produções de arte contemporânea comissionadas pelo museu. Ao longo desses 15 anos, o projeto apresentou cerca de 40 sites-specifics de artistas brasileiros e estrangeiros, entre eles Ana Maria Tavares, Artur Lescher, Carla Zaccagnini, Carlito Carvalhosa, Joana Vasconcelos, João Loureiro, José Spaniol, Laura Vinci, Laura Lima, Regina Silveira, Rubens Mano, entre outros.
Artist Jorge Pardo sets up an interactive installation at Pinacoteca’s Octagon
The first Brazilian exhibition of one of the most important artists of our time invites the public to experience the meaning of living with art
The Pinacoteca de São Paulo museum, managed by the State of São Paulo Culture and Creative Economy Department, presents from December 7, 2019, to March 2, 2020, the show Jorge Pardo: Flamboyant, held at the Octagon in Pina Luz building. Curated by Jochen Volz, the museum’s general director, the exhibition showcases an original interactive installation comprised of 14 pieces, which invites the public to experience a moment of enjoyment and contemplation. Cuban Jorge Pardo, regarded as one of the most important artists or our time, has been making use of the languages of drawing and sculpture to explore the boundaries between art, design and shared living spaces.
Pardo’s tactics has consisted in reversing the conceptualist dematerialization of the art object in order to pay homage to imagined things on the material plane. His creative trajectory, which came into focus in the 1990s inside the relational aesthetics movement – a term coined by French critic Nicolas Bourriaud –, includes not only solo shows at renowned international institutions and participation in large group exhibitions, such as the 57th Venice Biennale, but also the interior design of hotels such as the recently-opened L´Arlatan, a hotel and artistic residence in Arles (France), and the creation of décor for restaurants such as those at the Hammer Museum, in Los Angeles, and the German federal parliament, in Berlin.
“I’m interested in asking: where is art supposed to stop? It’s almost impossible to control where that motion starts and stops,” said the artist in an interview given to an American magazine in April 2019. For Pinacoteca’s Octagon, Pardo has created a ‘living space’ which comprises a round carpet with yellow, copper and orange stripes, thirteen light fixtures and seven rocking chairs, all of which were designed and manufactured by Pardo himself. The set intends to evoke the familiar experience of resting under a tree, inviting the visitor to enjoy the lush pieces which, like the flamboyant tree (Delonix regia), exude a transient beauty.
The work also strikes a dialogue with the architecture and history of Pinacoteca’s headquarters, which housed the São Paulo Arts and Crafts Lyceum until 1911. “The relationship between fine art and applied art was very important when the Pinacoteca came into being. It is interesting to see Pardo taking up the same discussion one century later. The light fixtures installation is a clear reference to the great chandelier positioned at the Belvedere, the museum’s old main entrance, which was accessed from Tiradentes Avenue”, explains Jochen Volz.
The digitally-designed light fixtures are made of hundreds of laser-cut recycled plastic, steel and aluminum pieces put together and finished by hand at the artist’s studio. They hang from a mesh of steel cables that hovers over the Octagon. Their effects can only be revealed in space. “I like to work in this way”, says Pardo about the digital technique that allows the creation of complex layouts. “You don’t know what it will look like until you turn the lights on”.
The environmental layout is an homage to The Painter´s Studio, a 1855 painting by Gustave Courbet. Just as the French artist conceived his work as a sort of allegory of his times and made reference to several signs drawn from his universe of influences (society characters, the nude model as a reference to the academy, and others), Pardo pays his own homage to the celebrated Realist painter, using some figures from his work as ornaments for his chairs. “Courbet’s image has attracted my attention because it displays an organizational negligence in which there is no depth of field at all, revealing a feeling of lack of finish. This inspires me to create an atmosphere in which one can rock on a good chair under some beautiful lighting”, reflects the artist.
This show is sponsored by Tiffany&Co and Alexandre Birman and was only made possible by the support of the Federal Culture Incentives Law and PROAC ICMS.
ABOUT JORGE PARDO
Jorge Pardo was born in Havana, Cuba, in 1963, and lives and works in Merida, Mexico. He studied at the University of Illinois, Chicago, and got his BFA from the Art Center College of Design in Pasadena, California. Pardo has won several awards throughout his career, including the MacArthur Fellowship Award (2010); the Smithsonian American Art Museum Lucelia Artist Award (2001); and the Louis Comfort Tiffany Foundation Award (1995). He has held several solo shows at well-known galleries and institutions, such as the David Gill Gallery, London (2015); the neugerriemschneider, Berlin (2014); the Petzel Gallery, New York (2014); the Gagosian Gallery, New York (2010); the Galeria Gisela Capitain, Köln (2012); the Irish Museum of Modern Art, Dublin (2010); the K21 Kunstsammlung Nordrhein-Westfalen, Düsseldorf (2009); the Los Angeles County Museum of Art (2008); and the Museum of Contemporary Art, Miami (2007). Pardo has taken part in large collective exhibitions, such as the 57th Venice Biennale (2017). His works are present at several important public collections, including the Museum of Contemporary Art, Los Angeles; the Museum of Modern Art, New York; and Tate Modern, London.
OCTAGON PROJECT
The Octagon Contemporary Arts Project was launched in 2003 and occupies an important space at Pina, showcasing contemporary art productions commissioned by the museum. Over these 15 years, the Project has presented about 40 site-specific works by Brazilian and foreign artists such as Ana Maria Tavares, Artur Lescher, Carla Zaccagnini, Carlito Carvalhosa, Joana Vasconcelos, João Loureiro, José Spaniol, Laura Vinci, Laura Lima, Regina Silveira and Rubens Mano, among others.
dezembro 4, 2019
Triangular: arte deste século - Aquisições recentes para o acervo da Casa da Cultura da América Latina da Universidade de Brasília
Exposição em Brasília reunirá obras de mais de 100 artistas brasileiros contemporâneos
Em dezembro a Casa Niemeyer receberá a exposição Triangular: arte deste século - Aquisições recentes para o acervo da Casa da Cultura da América Latina da Universidade de Brasília. A exposição celebrará as novas aquisições de arte contemporânea da Universidade de Brasília - UnB e contará com obras de cerca de 100 artistas de todo o Brasil. Entre eles: Ana Teixeira (MG), Aline Motta (RJ), Bárbara Wagner (DF), Dalton Paula (GO), Danielle Fonseca (PA), Denilson Baniwa (AM), Gê Orthof (DF), Grupo Contrafilé (SP), Guerreiro do Divino Amor (RJ), Helô Sanvoy (GO), João Castilho (MG), Juliana Notari (PE), Laercio Redondo (RJ), Lenora de Barros (SP), Lyz Parayzo (SP), Marcelo Silveira (PE) e Sérgio Sister (SP).
Os artistas presentes na mostra estão entre os mais reconhecidos pelo cenário artístico nos últimos anos. Bárbara Wagner ocupou o pavilhão brasileiro da 58ª Bienal de Veneza, este ano; Denilson Baniwa será o representante brasileiro na 22ª Bienal de Sidney, Austrália, em 2020; Guerreiro do Divino Amor foi premiado com a Bolsa Pampulha (MG) e vencedor do Prêmio Pipa 2019; Lyz Parayzo participou de importantes mostras nacionais como ‘Histórias da sexualidade’ (Masp/SP) e ‘Mulheres na coleção do MAR; e Dalton Paula foi integrante do 36º Panorama da Arte Brasileira e vencedor do 7º Prêmio Marcantonio Vilaça, entre outros.
A mostra, com entrada gratuita, abre dia 6 de dezembro, às 19h. A visitação segue até agosto de 2020. Durante esse período, serão realizadas diversas ativações com artistas, palestrantes e outros agentes culturais.
A Casa Niemeyer foi projetada pelo próprio Oscar Niemeyer para lhe servir de morada durante a construção de Brasília. Hoje pertence ao patrimônio da UnB e é associada à Casa da Cultura da América Latina – CAL, formando a Diretoria de Difusão Cultural da Universidade de Brasília.
Triangular - arte, educação e esforço coletivo
O título da exposição é inspirado na ‘Abordagem Triangular’ da professora Ana Mae Barbosa, aposentada pela Universidade de São Paulo e que também deu aulas na Universidade de Brasília. Referência na área de arte-educação, Ana Mae foi a primeira pesquisadora no Brasil a ter doutorado na área e a preocupar-se com a sistematização do ensino de Arte em museus do país. A abordagem teorizada por Ana Mae visa levar aluno e professor a refletirem de forma crítica sobre arte, assegurando uma aprendizagem que se baseia em três pilares: contextualização, apreciação e prática.
Aplicada à curadoria, que é assinada por Ana Avelar, curadora da Casa Niemeyer e professora de Teoria, Crítica e História da Arte na UnB, e Gisele Lima, curadora independente e ex-aluna do mesmo curso, o método de Ana Mae tem por objetivo ressaltar a importância do museu universitário dentro da sociedade contemporânea. “Os museus universitários oferecem – e são local privilegiado para isso – um espaço de formação oficial de curadores, críticos, museólogos, pesquisadores e outros agentes do meio artístico. São instituições fundamentais para a formação de qualquer estudante voltado às artes visuais, oferecendo uma experiência profissionalizante. Os alunos e alunas têm a oportunidade de discutir arte in loco, algo insubstituível para a formação deles e delas”, explicou Avelar, que já foi responsável pela curadoria de importantes exposições em Brasília como ‘Brasília Extemporânea’, ‘Quando formas se tornam relatos’ e ‘Detrito Federal’.
Para a curadora Gisele Lima, formada na UnB, a aquisição de acervos, a aberturas de exposições e a existência de um espaço museal da Universidade aprimoram a formação de profissionais e pesquisadores. “Encerrei minha graduação em Teoria, Crítica e História da Arte na UnB em 2016, naquela época não existiam projetos como esse, de pesquisa, montagem de acervo e curadoria. Senti falta desse tipo de estudo, pois ele possibilita a redescoberta de obras, a construção de novas leituras e contextos para a produção artística. Além da comunidade, que ganha uma exposição muito rica, pesquisadores e acadêmicos terão agora mais um espaço para ampliar suas pesquisas”, afirma Lima.
As curadoras também destacaram o caráter colaborativo da Triangular. “Conseguimos a adesão de mais de 100 artistas nacionais em seis meses de trabalho. Dado o caráter educativo da ação -- as obras farão parte do acervo de uma universidade federal --, os artistas se dispuseram a realizar doações e colaborar para construção deste acervo de arte contemporânea brasileira recente que certamente estará entre os mais representativos do país”, destacou Ana Avelar. A coleção estará disponível no site acervocal.unb.br em breve e poderá ser consultado gratuitamente.
Com a exposição e aquisição das obras que farão parte da mostra, a Casa da Cultura da América Latina e a Casa Niemeyer constituirão o principal braço de arte contemporânea da Universidade de Brasília, possibilitando que toda a comunidade tenha acesso às obras e fomentando a pesquisa acadêmica no campo da produção artística brasileira realizada neste século. A exposição contará com uma grande variedade de suportes como vídeos, intervenções, performances, tridimensionais, histórias em quadrinhos, desenhos e pinturas. Todas as obras apresentadas integrarão a coleção Triangular: arte deste século.
dezembro 2, 2019
Bate-papo com artistas lança Hans Ulrich Obrist - Entrevistas brasileiras no IMS, Rio e São Paulo
Lançamento de Hans Ulrich Obrist – Entrevistas brasileiras vol. 1, Hans Ulrich Obrist, com bate-papo entre artistas. Em São Paulo, Anna Bella Geiger e Antonio Manuel, com mediação de João Fernandes, e, no Rio de Janeiro, Iole de Freitas e o Waltercio de Caldas, com mediação de Marcelo Campos.
3 de dezembro de 2019, terça-feira, às 19h
Instituto Moreira Salles - IMS Paulista
Av. Paulista 2424, Consolação, São Paulo
Retirada de senha a partir das 18h
5 de dezembro de 2019, quinta-feira, às 20h
Instituto Moreira Salles - IMS Rio
R. Marquês de São Vicente 476, Gávea, Rio de Janeiro
Retirada de senha a partir das 19h15
O curador e diretor da Serpentine Gallery, em Londres, Hans Ulrich Obrist viaja pelo mundo há 30 anos gravando suas conversas com artistas e pensadores sobre temas que extrapolam as artes visuais e alimentam discussões sobre a criatividade, a inventividade e a construção do futuro, da cultura e da sociedade. Em Hans Ulrich Obrist – Entrevistas brasileiras vol. 1, publicado pela Editora Cobogó, Obrist apresenta uma seleção de 36 entrevistas com artistas e intelectuais pioneiros de diferentes áreas do conhecimento que nasceram no Brasil ou adotaram o país como lugar de produção de seu trabalho. “É um livro que pode ser interpretado como um protesto contra o esquecimento”, afirma o curador. Para celebrar a publicação, serão reunidos alguns dos entrevistados do livro para dois bate-papos. O primeiro será no dia 3 de dezembro, terça, no Instituto Moreira Salles de São Paulo, com a presença dos artistas Anna Bella Geiger e Antonio Manuel, com mediação do curador João Fernandes. E o outro na sede carioca do Instituto, no dia 5 de dezembro, quinta, com a presença dos artistas Iole de Freitas e Waltercio Caldas e mediação do curador Marcelo Campos.
Neste primeiro volume de entrevistas, foram compiladas reflexões de artistas, filósofos, antropólogos, músicos e outros pensadores que nasceram até 1959, ano que precede a inauguração de Brasília, momento que consolidou a revolução estética do Modernismo brasileiro e estimulou mudanças radicais em diversas áreas. Um segundo volume, com os artistas e pensadores nascidos a partir de 1960, vems e desenhando. Entre os entrevistados do volume 1 estão os artistas Anna Bella Geiger, Miguel Rio Branco e Waltercio Caldas, além de Tunga, Wlademir Dias-Pino e Lygia Pape. O antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, o músico Caetano Veloso e o arquiteto Oscar Niemeyer são alguns dos nomes que vão além das artes visuais. “Neste livro, as conversas individuais se conectam e, conforme as páginas vão sendo viradas, os artistas dialogam uns com os outros, em uma espécie de polifonia bakhtiniana. (...) Não sou eu apenas entrevistando uma pessoa. Somos todos conversando juntos”, escreve Obrist.
Nas conversas, feitas em ateliês, espaços de exposição, salas de espera, aviões ou por e-mail, os entrevistados falam do processo criativo ao longo do século XX e narram suas experiências em meio a relatos de fatos que se tornaram história. Estão no livro temas que seguem em pauta, como o reconhecimento de terras indígenas, a partir do relato da fotógrafa Claudia Andujar, que dedicou seu trabalho ao registro dos Yanomamis; o alerta de que o planeta está em perigo feito pelo artista Frans Krajcberg, que foi considerado expoente ativista em favor da ecologia; e a reflexão sobre o que é o domingo numa sociedade capitalista, proposta pelo curador Frederico Morais nos anos 1970.
Obrist também pergunta aos entrevistados quais seriam seus conselhos para jovens artistas. “Ser corajoso”, aconselha a artista Iole de Freitas, “trabalhar, trabalhar e trabalhar... E ver muita arte”, afirma o artista Antonio Manuel.
Em um segundo volume a ser publicado, o projeto se completará com as entrevistas dos artistas e intelectuais nascidos a partir de 1960, ampliando as discussões sobre arte e cultura nos séculos XX e XXI.
Entrevistados
Abraham Palatnik, Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Antonio Manuel, Arrigo Barnabé, Arto Lindsay, Artur Barrio, Augusto de Campos, Caetano Veloso, Cildo Meireles, Claudia Andujar, Eduardo Viveiros de Castro, Emanoel Araujo, Ferreira Gullar, Frans Krajcberg, Frederico Morais e Wilma Martins, Iole de Freitas, José Celso Martinez Corrêa, Judith Lauand, Lorenzo Mammì, Lygia Pape, Miguel Rio Branco, Nelson Leirner, Oscar Niemeyer, Paulo Bruscky, Paulo Herkenhoff, Paulo Mendes da Rocha, Peter Pál Pelbart, Ruy Guerra, Sonia Andrade, Tom Zé, Tunga, Walter Zanini, Waltercio Caldas, Wanda Pimentel, Wlademir Dias-Pino.
Sobre o autor
Hans Ulrich Obrist é curador e historiador da arte. Nasceu em Zurique, na Suíça, em 1968. Atualmente, é diretor artístico da Serpentine Gallery, em Londres. Nos últimos trinta anos, atuou como curador independente, além de ter sido curador do Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris. Organizou mais de cem mostras internacionais, como Utopia Station, na 50a Bienal de Veneza (2003), e Cities on the Move (1999), uma exposição multidisciplinar e itinerante que teve origem em Bangkok, na Tailândia. É autor de The Interview Project, em que faz o registro de entrevistas com artistas e intelectuais de vários países sobre diferentes áreas do conhecimento. Uma vasta seleção dessas conversas com pensadores do mundo todo encontra-se na coleção Hans Ulrich Obrist – Entrevistas, publicada pela Editora Cobogó em seis volumes, entre 2009 e 2012.
A Editora Cobogó
Criada em 2008, a Editora Cobogó vem acompanhando as transformações do mercado editorial nesses últimos dez anos, com vendas através da internet, presença em redes sociais para interagir com leitores, a participação em feiras literárias em diferentes cidades do país e a organização de debates sobre temas relacionados aos movimentos artísticos. Com uma equipe enxuta desde o início, a editora produz livros de artes, dramaturgia, música e infantis, e ainda planeja investir em novos segmentos de cultura contemporânea.
O primeiro livro publicado pela Cobogó foi Saga Lusa: o relato de uma viagem, de Adriana Calcanhotto, “Uma experiência comovente de autorreflexão que foi da maior importância para entendermos o papel da escrita e da arte, e que fortaleceu nossas convicções, já no nosso primeiro livro, do recorte que a editora teria nas suas publicações.”, explica Isabel Diegues. A partir dali, a editora construiu um catálogo de 226 títulos variados, que inclui a filosofia do artista norte-americano Andy Warhol sobre uma sociedade de consumo em busca da eterna juventude, as entrevistas do curador suíço Hans Ulrich Obrist com pensadores em várias áreas do conhecimento, os caminhos de construção das obras da artista Adriana Varejão, a coletânea de artigos do cineasta Cacá Diegues sobre a sociedade brasileira, as reflexões acerca da globalização e do pertencimento do pesquisador Moacir dos Anjos, além da reedição do primeiro e único livro de John Cage publicado no Brasil, com tradução do poeta Augusto de Campos.
Evandro Carlos Jardim: lançamento de livro e bate-papo no Sesc Pompeia, São Paulo
Edições Sesc São Paulo lançam o primeiro volume da coleção Arte, trabalho e ideal, com o livro Evandro Carlos Jardim que aborda obra do gravador, desenhista e pintor Evandro Carlos Jardim. O lançamento terá bate-papo entre os organizadores, com a presença de Evandro Carlos Jardim, seguido de sessão de autógrafos.
4 de dezembro de 2019, quarta-feira, às 20h
Sesc Pompeia - Espaço Cênico
Rua Clélia 93, Pompeia, São Paulo - SP
“[...] cada imagem é um objeto poético, uma memória, um retorno, uma reflexão, o domínio completo da técnica a serviço de uma postura diante de si próprio, da vida, que para ele é da arte, na preservação de um universo singular.”
Aracy Amaral, crítica de arte
Gravador, desenhista e pintor, Evandro Carlos Jardim (São Paulo/SP, 1935) ocupa um lugar significativo na história da arte brasileira. Estudou pintura, modelagem e escultura na Escola de Belas-Artes de São Paulo, especializando-se em gravura em metal, na técnica da água-forte, cujos processos reinventa há mais de quarenta anos. Paralelamente à carreira artística, desenvolve intensa atividade docente em várias instituições, como a Escola de Belas Artes, a Fundação Armando Álvares Penteado e a Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. O artista, que revela extremo cuidado técnico na execução de suas obras, reelabora recorrentemente certos temas e imagens, como o cenário urbano de São Paulo e o Pico do Jaraguá, além de representações de pássaros, frutos, janelas.
O livro contém uma minuciosa entrevista com o artista realizada por Fabiana de Barros, Michel Favre, no ateliê onde são produzidas suas obras. Nela, os organizadores se preocupam em demonstrar a vivência e cuidado do fazer artístico, conectando o ambiente de trabalho com a construção da obra, além de explorar a motivação, o pensamento, a inspiração, o percurso de vida e detalhes que formam a complexidade da criação artística.
O ensaio crítico deste volume é de Aracy Amaral, que discorre sobre a vida pessoal e o reflexo nas obras, e traz uma visão a respeito da evolução de Evandro Carlos Jardim em seu trabalho e pesquisa.
Sobre a Coleção Arte, trabalho e ideal
A coleção Arte, trabalho e ideal, organizada por Fabiana de Barros, Michel Favre e Marcia Zoladz, propõe uma série de livros de pequeno porte, cada um contemplando a entrevista de um artista renomado em seu campo de atuação, um ensaio crítico de notório conhecedor de sua produção, uma breve biografia, fotos de suas obras mais representativas para o contexto da coleção e de seu trabalho, e uma versão integral do texto em inglês.
Sobre os organizadores
Fabiana de Barros – É artista plástica formada pela Fundação Armando Alvares Penteado de São Paulo (FAAP). Possui pós-graduação em multimídia na École Supérieure d’Art Visuel (Head) de Genebra, Suíça. Sua obra é principalmente voltada à arte pública e contextual desde 1987. Participou de quatro Bienal Internacional de São Paulo e do Mercosul, onde foi laureada com o prêmio “Projetáveis”. Recebeu também o prêmio na Interactivos?’10: Ciencia de barrio, MediaLab Prado, Madri, 2010. Organizou os livros Sobras e fotoformas (Cosac Naify, 2006) e Geraldo de Barros: isso (Edições Sesc, 2013) e é autora do livro Aberto [Open]: fiteiro cultural (Edições Sesc, 2017).
Marcia Zoladz – É jornalista, escritora, designer gráfica, editora de imagens . Trabalhou em diversas áreas no portal de internet UOL e como diretora de arte na Editora Abril. Graduada na Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), no Rio de Janeiro, estudou projeto gráfico no California College of Arts, em Oakland, nos Estados Unidos, e fez estudos de pós-graduação em Comunicação na Ruhr Universität Bochum, Alemanha. No momento, trabalha como autora e editora de livros, publica regularmente artigos sobre design e história na Europa e nos Estados Unidos.
Michel Favre – Cineasta suíço trabalhando entre Genebra e São Paulo. Formado na École des Beaux-Arts, em Genebra, dirigiu vários documentários de longa-metragem. Desde 1996, Michel Favre desenvolve uma atividade artística conjunta com Fabiana de Barros sob o nome FABMIC, que resulta em instalações de vídeo, performances multimídia e séries fotográficas. Atuou por mais de dez anos na televisão suíça como diretor de reportagem. De 2006 a 2014, lecionou cinema na Haute École d'Art et de Design de Genebra (Head). Sua última realização, Viagem ao vazio, narra a obra Fiteiro Cultural, de Fabiana de Barros, e estreou no CineSesc em 2018.
Murakami no Tomie Ohtake, São Paulo
A primeira mostra do consagrado artista japonês no Brasil contará com a sua presença na inauguração
O Instituto Tomie Ohtake traz pela primeira vez ao Brasil a individual do mítico artista japonês Takashi Murakami (1962, Tóquio, Japão). Com curadoria de Gunnar B. Kvaran – o mesmo curador da mostra de Yoko Ono realizada no Instituto em 2017 –, Murakami por Murakami deriva originalmente da realizada no Astrup Fearnley Museet, em Oslo. A exposição reúne 35 trabalhos, com pinturas que chegam a medir 3 por 10 metros. O conjunto, apresentado como uma constelação de fragmentos do universo Murakami, evidencia uma produção consagrada, entre tantas qualidades, pela excelência no campo pictórico.
Um grande fã de anime, Murakami entrou na Universidade Nacional de Belas Artes e Música de Tóquio (agora Universidade das Artes de Tóquio) (1982 – 1993) para estudar Nihon-ga, um estilo de pintura japonesa tradicional. Daí a sua obra até hoje revelar habilidades técnicas excepcionais. Depois da formação, o artista desenvolve uma produção que transita entre o Japão e o Ocidente. Como autor do Superflat – termo que sintetiza toda a sua produção ao mesmo tempo que descreve a cultura e a sociedade japonesa do pós-guerra –, o movimento funde arte tradicional de seu país e cultura pop contemporânea.
Contudo esta exposição destaca a presença eminentemente japonesa em sua produção. “Essa fusão [Oriente e Ocidente] é claramente presente na arte de Murakami, mas esta exposição enfatiza sua identidade profundamente japonesa, que foi ofuscada por sua associação com grandes artistas do mundo da arte ocidental, como [Andy] Warhol, [Jeff] Koons e [Damien] Hirst, não apenas pela ênfase no aspecto comercial, mas também por causa de sua linguagem artística”, explica o curador, Kvaran.
Murakami tornou-se um fenômeno no cenário internacional pela forma singular que entende o universo da arte, uma noção que abrange não apenas a sua criação preocupada com a sociedade e história, mas também a coleção, ao ter se tornado um apurado colecionador, e a comercialização, ao introduzir outros artistas em sua galeria em Tóquio. As obras da exposição revelam o resultado de um prolongado processo de criação, do desenvolvimento conceitual até a pesquisa formal e implementação laboriosa de suas obras, com incontáveis camadas de tinta. Em seu estúdio conta com a competência e capacidade de muitos outros artistas, onde trabalham cerca de 100 pessoas - um galpão nos arredores de Tóquio, endereço considerado pelo circuito um dos ateliês mais inovadores do mundo.
O fenômeno Murakami será explorado na mostra por meio de obras de quatro de seus conjuntos mais extraordinários: aquele que traz a figura de Mr. DOB, as recentes pinturas concentradas no Zen-budismo, a apropriação e interpretação dos trabalhos de Francis Bacon e sua noção de autorretrato, além de uma seleção de vídeos. “Murakami certamente desfrutou de mais reconhecimento fora do Japão do que dentro, e cultivou uma relação abertamente combativa com o mundo da arte japonesa, mas seu envolvimento com pinturas Nihon-ga, mangá e anime, a cultura otaku e o Zen Budismo ancora firmemente seu trabalho com as tradições japonesas”, enfatiza Kvaran.
Sobre as obras
Na década de 1990 Murakami inventou a personagem de Mr. DOB (derivada da gíria japonesa “dobojite”- por quê?), com o qual faz crítica à sociedade de consumo, sem vida e vazia. No início, DOB era uma figura que evocava o robô com forma de gato do mangá Doraemon ou Mickey Mouse, evidenciado em But, Ru, RuRuRu... (1994). Porém, ao ser revisitado pelo artista, o personagem evoluiu para muitos perfis diferentes: DOB Genesis: Reboot (1993-2017) e Tan Tan Bo (2001), inspirado no personagem monstro do folclore japonês (yōkai) que cospe saliva paralisante em suas vítimas.
As obras de Murakami estão intimamente conectadas à subcultura japonesa. Obras como Superflat DOB: DNA (2015) e 772772 (2015) estão ligadas à cultura japonesa de caracteres, e estatuetas como Miss Ko2 (1996) e My Lonesome Cowboy (1998) dão forma às fantasias otaku de sexualidade e erotismo, centradas em anime, mangá e videogames. “Desde os primeiros esboços de DOB desenhados a mão, até uma multidão de desenhos computadorizados e as obras finalizadas em tela, vemos a metamorfose e expansão de uma figura influenciada tanto pelo interesse de Murakami pela biologia, botânica e pelo mundo dos insetos quanto por sua fascinação pelo mangá”, explica o curador.
Segundo Kvaran ainda, há uma clara correlação entre as formas orgânicas e fundidas e as histórias que contam, geralmente relacionadas com o perigo ambiental ou mesmo as ameaças ou desastres nucleares. “Em seu olhar violento que proclama uma hostilidade crua em relação a tudo no mundo, nota-se uma tensão alarmante, como se a saturação da energia acumulada internamente tivesse causado uma distorção nas dimensões da superfície”, afirma o curador. Com o passar dos anos, surgiu um planeta de DOB, geralmente associado com outras populações híbridas criadas pelo artista, executadas em telas de grande formato e contando histórias muito complexas, com diferentes camadas de narrativas e estruturas pictóricas.
Em 2007, Murakami faz os retratos de Daruma (o sacerdote indiano que fundou Zen Budismo chinês) e pinturas parte inspiradas em mestres como Hakuin Ekaku (muito influente no Zen Budismo 1686-1769), e Soga Shōhaku (pintor do período Edo, 1730-1781), homeangedo com a tela Transcendent Attacking a Whirlwind (2017), a maior da exposição (3 x 10m), cuja pintura é iluminada por folhas de ouro e prata. São trabalhos que demonstram uma reorientação do artista para a pintura tradicional presente também em Amitābha Buddha descends, Looking over his shoulder (2016), Shennong: Inspiration (2016) e Ensō: Zazen (2015).
O artista faz uso crescente de motivos tradicionais, símbolos e imagens incluindo demônios, monstros, feras mitológicas como dragões e fênix, bem como cabras e tigres, tal como em Lion Occupying the Throne in My Heart (2018). São esses elementos que aparecem com recorrência ainda na sérei de Arhats, termo sânscrito para designar um ser de elevada estatura espiritual. Obras como Isle of the Dead (2014) e Arhats: The Four Heavenly Kings (2016) são inspiradas nos 500 Rakan ou Arhats, de Kanō Kazunobu, uma série de 100 pergaminhos budistas. Murakami ficou interessado nestes motivos em relação ao tsunami de Tohoku seguido de terremoto e vazamento nuclear em março de 2011.
Apropriando-se da obra de Francis Bacon, Murakami concebe desde 2002 uma série de pinturas, como o tríptico Homage to Francis Bacon (2018). São densas composições com recorrentes características de sua iconografia – olhos, cogumelos e personagens — acentuados por múltiplas camadas de cores sobre folha de platina. A metamorfose dos rostos retoma as transformações de Mr. DOB, traço extravagante, as vezes carinhoso, às vezes monstruoso, com que Murakami tematiza as muitas variações em sua obra. Já em sua série de autorretratos foram selecionadas para a exposição a escultura de tamanho natural feita de silicone e com dispositivos robóticos, animatronics (sem título, 2016) e duas em que utiliza folhas de ouro e aparece ao lado do cão Pom: Pom & Me (2009-2010) e Naked Self-Portrait with POM (2013).
As figuras dos quadros de Murakami acabaram transformadas em vídeos e animações e até em um longa-mentragem. Para esta exposição, Murakami fez a curadoria e editou, em uma sessão, uma seleção de nove destes vídeo-filmes.
Sobre Murakami
O artista notabilizou-se por sua linguagem contemporânea singular, construída a partir de uma revisão profunda das próprias raízes. Em seu texto sobre a trajetória de Murakami, Nobuo Tsuji observa: “a insistência de que a planicidade geral da arte japonesa, anteriormente vista como ponto fraco, era um mérito digno de perpetuação, tornou-se a sustentação teórica de seu conceito de ‘Superflat’. Por outro lado, como artista pop japonês, Murakami também procura mostrar a validade das culturas infantil e otaku”.
Murakami Versailles, exibida na França em 2010 com grande projeção internacional, é uma das mostras que ilustram bem esse conceito, além de indicar a cadeia de produção desenvolvida pelo artista, ao ter mobilizado a empresa que havia criado, Kaikai Kiki Co.Ltd., para realizar a instalação no Palácio e Jardins de Versailles. Segundo Tsuji, os aristocratas que antigamente se reuniam no Palácio foram substituídos por tsukurimono (literalmente, ‘coisas feitas’ ou ‘figuras’) exclusivamente criadas para o evento - figuras infantilizadas monumentais, brilhantes e coloridas.
A mostra em Versailles foi inaugurada em setembro de 2010, um ano depois da grande individual de Murakami no Guggenheim Museum, Bilbao, Espanha, e da Pop Life: Art in a Material World, na Tate Modern, em Londres, da qual participou ao lado de Andy Warhol, Jeff Koons, Damien Hirst, entre outros. Essa coletiva examinava como os artistas desde a década 1980 cultivavam a sua imagem pública (persona) como produto, combinando uma mistura deslumbrante de mídia, comércio e glamour para criar suas próprias marcas. Para entender o universo Murakami é preciso conjugar essa faceta marcante do artista e sua condição de PhD em arte tradicional japonesa.
Takashi Murakami contabiliza mais de cem individuais realizadas em países como Japão, Estados Unidos, Alemanha, França, Inglaterra, Itália, China, Canadá, Coréia, Qatar, e outras centenas de participações em coletivas, além de suas obras figurarem nos acervos mais importantes do mundo. Entre as exposições recentes destacam-se, além de Murakami por Murakami, em Oslo (2017), In Tune with the World, na Fundação Louis Vuitton, Paris (2018), Takashi Murakami: The Octopus Eats Its Own Leg, no Museum of Contemporary Art Chicago, Chicago (2017), Takashi Murakami: Murakami vs Murakami, no Tai Kwun Contemporary, Hong Kong (2019) e Takashi Murakami: Baka, na Galeria Perrotin, Paris (2019).
O Jardim na Casa Roberto Marinho, Rio de Janeiro
Poéticas diferentes se encontram na coletiva ‘O Jardim’, a ser inaugurada na Casa Roberto Marinho em 5 de dezembro de 2019, às 19h. Com projeto original de Roberto Burle Marx (1909-1994), os jardins da propriedade inspiram a temática que norteia a exposição. À convite do diretor do instituto, Lauro Cavalcanti, 11 artistas contemporâneos criaram múltiplos alinhados pela diversidade de suas linguagens: Angelo Venosa, Beatriz Milhazes, Carlito Carvalhosa, Hilal Sami Hilal, Iole de Freitas, Luciano Figueiredo, Maria Bonomi, Paulo Climachauska, Regina Silveira, Suzana Queiroga e Vania Mignone.
O projeto definitivo do jardim do Cosme Velho é de Roberto Burle Marx, numa das primeiras obras em terrenos particulares de sua autoria. A área verde, situada em franja da Floresta da Tijuca, funciona como transição da mata, sem pretensão de submetê-la a um ordenamento rígido. “É um jardim para ser vivenciado e não apenas olhado como ornamento. O paisagista usou ali espécies nativas que, até então, eram relegadas aos quintais nos fundos das residências. A casa do Cosme Velho é, nesse sentido, um exemplo precoce e bem sucedido do paisagismo tropical”, avalia Cavalcanti.
Em “O Jardim”, o público encontrará xilogravuras, objetos e serigrafias individualmente interferidas. A curadoria optou por incluir também as matrizes e registros dos processos de cada artista, revelando suas práticas no ateliê. “É um mergulho nos jardins concretos e imaginários de cada um”, comenta o diretor da Casa Roberto Marinho.
Os múltiplos, além de qualidade artística intrínseca, trazem o interesse das concepções específicas de cada artista sobre o tema jardim: lugar de memória, afirmação do homem sobre a natureza, referências literárias, local da infância, de afetos ou das representações da arte ao longo dos tempos.
A coletiva ficará em cartaz até 26 de abril de 2020, com visitação de terça a domingo, sempre das 12h às 18h.
Sobre os múltiplos
Angelo Venosa
Sem Título (impressão UV sobre compósito de alumínio e impressão 3D)
A Casa Roberto Marinho me rendeu recentemente a prazerosa experiência de rever um trabalho muito antigo (a escultura sem título, de 1986, em bandagem, gesso e piche/madeira, que integrou a exposição ‘Oito décadas de abstração informal’, em cartaz no instituto carioca de dezembro de 2018 a junho deste ano). Mais de três décadas depois, reencontrei naquele espaço um trabalho já adulto.
A convite do Lauro, retorno à Casa para a mostra “O Jardim”. Adotei uma solução simples, a partir de um trabalho que eu já vinha desenvolvendo com mapas de vegetação, e criei um objeto. Uma placa de compósito de alumínio, com imagem vegetal impressa em 3D. Não nomeei o trabalho, aliás, raramente dou título. Nomear é enquadrar e, em alguma medida, o verbo conduz o espectador. É tão mais interessante deixar em aberto...
Beatriz Milhazes
Flor de Margarida em vermelho, pink e lilás’ (serigrafia, 33,5 x 29,5 cm)
Me encantam os elementos que encontramos na natureza. E, como referência, as muitas maneiras de representação dela, seja na arte decorativa, arte popular, arte indígena – na intimidade imaginária. ‘Flor de Margarida em Vermelho, Pink e Lilás’ vive no jardim maravilhoso do universo cromático.
Carlito Carvalhosa
Sem Título (gravura em metal, 70 x 50 cm)
Um jardim é algo que se experimenta através do tempo. Não há uma visão única, infinitas configurações são possíveis para um jardim. Tenho muitos cadernos de desenhos de observação e lembranças, com incontáveis registros, que uso regularmente na minha prática. Foi a partir de uma seleção desses desenhos - com pequenos momentos distintos que compõem o todo - que criei a gravura para a mostra da Casa Roberto Marinho. É como uma história, uma narrativa que ganha um leve toque de humor no final. São pequenas imagens abstratas, que estão entre a representação e a própria ideia de traço: me interessa essa ambiguidade. Sobre os desenhos, há uma espécie de marcação que conduz o olhar, uma interferência em vermelho que convida ao “passeio” pelas subjetividades do jardim.
Hilal Sami Hilal
Viveiro (laminado de cobre corroído com ácido percloreto de ferro, 70 X 50 cm)
Acho a temática supergenerosa em diversos sentidos e, sem literalidades, muitas referências me vieram à cabeça. Pensei em Manoel de Barros, mas acabar em Burle Marx era inevitável. Sou capixaba e descobri que o paisagista brasileiro passou inúmeras vezes pelo Espírito Santo em busca de espécies da Mata Atlântica, nas quais o estado era riquíssimo. Muitas bromélias recorrentes em seus projetos eram originais do Espírito Santo. A partir deste dado histórico, me interessou relacionar as espécies com que Burle Marx trabalhava. Num gesto de subversão, incluí também algumas que eu gosto, sobretudo flores, como a margarida e as rosas. Fiz plaquinhas de identificação, dessas que encontramos em hortas e viveiros, que foram impressas (em UV) em laminados de cobre. Usei uma técnica que se aproxima da gravura em metal, sendo que faço da matriz o próprio trabalho. O percloreto de ferro, um ácido, resulta em corrosão delicadíssima agindo sobre o metal em que foram “plantados” filodendros, bromélias, palmeiras, bougainvilles, antúrios, lírios da paz...
Iole de Freitas
Fonte (policarbonato e metal, 33cm alt x 1.00m larg x 38cm prof)
Como trabalhar a ideia de ‘jardim’? Decidi partir de um repuxo d’água, uma fonte (termo que dá que título à obra) em que eu pudesse explorar a questão do movimento. Me lembrei de uma estrutura que sustenta barras rosqueadas, que desenvolvi no início dos anos 2000. Para os múltiplos da Casa Roberto Marinho - um trabalho de mesa - utilizei espessuras diversas de policarbonato, em busca de preservar a translucidez, criando lâminas que dialogam entre si, tendo a barra como elemento estruturador. Resultaram desta investigação duas peças distintas (com 20 múltiplos, cada), em que três curvas evocam o fluxo constante da água, que sobe em direção ao espaço e cai, num gesto leve.
Luciano Figueiredo
Jardim Goncharova (serigrafia, 76 x 56 cm)
Tomei a temática "jardim" como algo poético, e não como inspiração do mundo "natural", e pensei em evocar as criações brutalistas da artista russa Natalia Goncharova (1881-1962), que utilizou técnicas variadas nas capas de livros futuristas, na vanguarda russa, entre 1910 e 1934. Como costumo utilizar colagem com papel jornal e transparências, achei que seriam os elementos principais da minha criação, já que nunca pratiquei gravura fosse em qualquer técnica. Tive a importante contribuição do grande impressor Agustinho Coradello, que trouxe-me soluções exatas para o meu projeto, realizado em sofisticada técnica de serigrafia.
Maria Bonomi
‘O Jardim’ (xilografia impressa à mão em papel japonês, 3 matrizes e 4 cores, 50 x 70 cm)
A temática jardim bateu forte na minha imaginação: local para viver e para sonhar. Tudo escolhido, nada ao acaso, mas “deve parecer imprevisto”! Plantas e arbustos roubados do seu habitat e reordenados. Mato pasteurizado em oposição à invenção de um entorno mágico (Burle Marx). Escadas e passeios, degraus e calçadas. A cor fantasia de jardim para recordar, caminhando.
O processo xilográfico foi “plantado” em três matrizes, duas de madeira canjarana maciça e uma de cedrinho compensado. Gravei com goivas e burís, na placa em verde, o significado vegetal; e na outra, os caminhos dominados pelo andar entre “flores” em laranja-rosa (vermelho). Numa terceira matriz geometrizada, entalhei com faca e formão para somar transparências referentes às memórias estruturais, preparando um jardim. Tudo em conluio, pois também os perfumes do jardim estão presentes, na soma das transparências impressas a mão em papel japonês, com colher de bamboo.
Paulo Climachauska
Natureza Intocada (desenho pintado à mão com impressão das digitais do polegar do artista e de assistentes, 70 x 50 cm)
Parti de um trabalho antigo, uma série de desenhos improvisados criada há 10 anos para o MAM de São Paulo. Em Natureza Intocada, trabalhei a digital como matriz de impressão e criei as 40 gravuras, uma a uma. Todas são singulares e penso que, se não fossem assim, perderiam um certo erro que confere alma. Trabalhei com duas assistentes, que têm dedos menores, e a variação de tamanho das digitais sugere profundidade.
Sempre considerei Burle Marx um arquiteto das paisagens. Temos um sonho de natureza intocada, quase mítica, do Éden... Mas Burle Marx nos revela uma natureza construída, pensada racionalmente, que até parece algo tropical e nativo, no entanto, o Abricó de Macaco vem da Índia! Antes dos portugueses chegarem, as tribos nômades já realocavam mudas e transportavam plantas. A Mata Atlântica não é in natura, nunca foi original: são milênios de construção erguida pelas mãos do homem.
Regina Silveira
Insectarium (serigrafia impressa em duas cores, 70 x 50cm)
Integrar projetos sob a tutela de Lauro Cavalcanti para mim é um prazer – eles são sempre inteligentes, bem fundamentados e realizados. Entre os projetos com a Casa Roberto Marinho, este promete ser muito especial, dada a maravilha do jardim real, proposto como disparador da imaginação dos artistas. Escolhi o mundo dos insetos que se escondem nas árvores ou entre as folhas. Não o mundo dos insetos reais, mas o daqueles desenhados e registrados cuidadosamente em enciclopédias de História Natural. Para a impressão em serigrafia, foram realizadas duas matrizes: uma para o fundo preto esverdeado, em degradê, e outra para as figuras mais lineares dos insetos, em cor prateada.
Suzana Queiroga
Jardim Infinito (serigrafia)
Pensei em trabalhar de maneira mais abstrata, evocando minha experiência subjetiva com aquele jardim em especial, que considero uma pérola, de escala delicadíssima. Fez sentido valorizar aspectos que me marcam naquele espaço, em conexão direta com meu trabalho, que desenvolve tudo que se refere a organicidade, fluxos e ao infinito. Me interessam sempre as grades e sistemas urbanos, com seus mapeamentos.
Partindo do espaço proposto, me relacionei com o lago, que tem formas orgânicas e curvas contínuas, e contém água, fluido essencial que circula não só na cidade, mas nos corpos. A escala pequenina da ponte japonesa (instalada nos jardins da casa), quase cenográfica, também me encantou: é muito expressiva! Usei a cor da água, o verde da ponte e da natureza e, bem sutilmente, o tom dos flamingos, que antes habitavam aquela área. Me agradou essa solução abstrata que fala do jardim infinito, foi meu intuito criar uma imagem que sugerisse continuidade, um circuito. É quase uma meditação infinita, muito minimalista, inspirada na sensação extremamente agradável que tenho naquele jardim.
Vânia Mignone
Momentos (momento I, momento II, momento III e momento IV)
(Xilogravuras divididas em 4 grupos, 50 X 70 cm)
Fiquei muito contente com o convite do Lauro. Tanto por estar ao lado de artistas que admiro, como pela temática que dialoga com meu trabalho. Vi aqui, também, a cara possibilidade de retornar à prática da xilogravura, que aprendi ainda na faculdade, quando me foi apresentada a obra de Oswaldo Goeldi. Posso dizer que já fui apresentada a esta técnica pela via da subversão, com a interferência direta da mão do artista.
Montei a base do papel utilizando folhas impressas: tenho horror à superfície branca. Nunca compro papel, prefiro sempre produzir os meus artesanalmente, testando cor, espessuras, ondulações e deixando vazar registros anteriores. O papel é um agente do meu processo, que durou mais de dois meses, nesse caso. O resultado final se propõe a quase monotipias, com aspectos muito singulares. São quatro momentos palatáveis de alguém que poderia estar passeando num jardim.
Duplo olhar na Casa Roberto Marinho, Rio de Janeiro
Um encontro entre Jose Pancetti e Geraldo de Barros. Outro, entre Di Cavalcanti e Marcel Gautherot ou Tomie Ohtake e Jose Oiticica Filho. Pintura e fotografia modernas brasileiras, lado a lado. Assim é a coletiva Duplo olhar: pintura e fotografia modernas brasileiras, que será aberta no dia 5 de dezembro, na Casa Roberto Marinho, e ficará em cartaz até 26 de abril de 2020. Com curadoria de Marcia Mello e Paulo Venancio Filho, a mostra explora as possibilidades visuais deste encontro e a unidade que dele resulta. Uma seleção de 60 pinturas da Coleção Roberto Marinho em diálogo com aproximadamente 160 fotografias compõem um importante documento ou visão poética da realidade do país.
Dividida em sete recortes curatoriais (‘eu e minha imagem’, ‘eu e o outro’, ‘natureza-morta’, ‘cenas brasileiras’, ‘a presença do mar’, ‘a linguagem da natureza’ e ‘abstrações’), a exposição apresenta pinturas de 15 expoentes da arte brasileira: Alberto Guignard, Alfredo Volpi, Antonio Bandeira, Candido Portinari, Cláudio Tozzi, Di Cavalcanti, Frans Krajcberg, Hélio Oiticica, Iberê Camargo, Ismael Nery, Jose Pancetti, Lasar Segall, Milton Dacosta, Roberto Burle Marx e Tarsila do Amaral.
A curadoria reuniu também alguns dos nomes mais relevantes da fotografia moderna, como Cristiano Mascaro, Fernando Lemos, Flávio Damm, Gaspar Gasparian, Geraldo de Barros, German Lorca, Hermínia Nogueira Borges, João Nogueira Borges, José Oiticica, José Oiticica Filho, Marc Ferrez, Marcel Gautherot, Miguel Rio Branco, Pierre Verger e Thomaz Farkas.
“Ver nos principais fotógrafos brasileiros a mesma busca visual dos nossos grandes pintores certamente despertará o interesse de aprofundamento em diversas questões, pra que sigamos contando a história da fotografia”, afirma Marcia Mello.
De acordo com os curadores, fotografia e pintura modernas surgem ao mesmo tempo na França do século XIX. O impressionismo, que nascia naquele período, buscava se desvincular da perspectiva naturalista renascentista e se deixar permear por uma nova concepção da realidade, mais fluída e instável, para a qual também se voltava a técnica de reprodução fotográfica. Desde então, ambas sempre mantiveram relações de maior ou menor proximidade, durante as diversas tendências artísticas modernas.
Durante o século XX, a fotografia tanto explorou a sua versão dos gêneros pictóricos tradicionais, como também serviu de instrumento das práticas artísticas experimentais das vanguardas do século XX, como o construtivismo e o surrealismo. Inúmeros artistas já não diferenciavam a fotografia de suas outras práticas, como é o caso de Man Ray, Rodchenko e, entre nós, Geraldo de Barros.
“Duplo Olhar coloca pintura e fotografia no mesmo plano, sem estabelecer qualquer tipo de hierarquia entre as duas. Com uma seleção de obras importantes, a mostra é um merecido reconhecimento da fotografia moderna brasileira”, avalia o professor Venancio Filho.
Claudio Alvarez na Lume, São Paulo
Exposição reúne produção recente do artista, fruto de sua pesquisa em torno da percepção
A visão, um dos sentidos essenciais da existência humana, é carregada de ideias pré-estabelecidas sobre os fenômenos que fazem parte do cotidiano. A percepção torna-se tão automatizada que só é possível constatar que se está enxergando quando o objeto de observação desafia o olhar com alguma característica que foge do comum. Aqui, é preciso suspender os pré-julgamentos e enxergar o novo objeto de forma pura. É o que propõe o artista Claudio Alvarez na exposição Quando Vemos, em cartaz na Galeria Lume, de 3 de dezembro a 6 de fevereiro.
A mostra reúne 12 obras, produção recente do artista, nas quais ele explora figuras reais e virtuais, fazendo uso de materiais como aço inox, madeira, vidro e acrílico, lentes, refletores, imãs e espelhos. “Apesar dos elementos óticos e tecnológicos, o trabalho não visa apresentar algo virtuoso em termos científicos. Interessa-me a questão poética e filosófica das obras. Esses elementos servem apenas como ferramenta para construir uma narrativa”, explica o artista.
Para Alvarez, mais do que os fenômenos físicos, que estão presentes no cotidiano, interessa investigar a percepção humana e descobrir como as pessoas funcionam em relação a convivência com o mundo externo. O artista cria mecanismos em que aquilo que se vê entra em contradição com aquilo que se sabe.
“Algumas obras exploram, de maneira mais direta, ilusões de ótica, mas quando observadas, parecem reais e de fato o são enquanto aparência. Este estranhamento diante do objeto pretende ser uma provocação e que, acredito, deve levar o espectador a algumas possíveis indagações”, ele afirma.
Em Janelas Invisíveis (2019) Claudio cria, através de espelhos, duas figuras que parecem ser janelas, preenchidas por círculos iluminados que se avolumam repetidamente. Neste trabalho, o artista faz referência àquilo que é visível através destas supostas janelas e, como em outras obras, remete à possibilidade de coexistência de diversos espaços simultaneamente. A multiplicação infinita de elementos de luz e sombras sugere um percurso virtual onde os limites deixam de existir.
Já na obra Odisseia (2019) ele apresenta uma espécie de transformação material. O artista criou a partir de movimentos gerados por motores elétricos e materiais que provocam interações entre luz e sombra uma mudança de estado sólido para o líquido. A obra simula a partir dessas ferramentas a movimentação da água em um aquário. Alvarez propõe jogos visuais que transitam entre o real e o virtual e instigam o visitante a refletir sobre sua própria percepção.
Sobre o artista
Claudio Alvarez (1955) nasceu em Rosário, na Argentina, e desde 1977 vive e trabalha em Curitiba. A emblemática coletiva Como vai você geração 80?, realizada em 1984 no Parque Lage, no Rio de Janeiro, marcou sua entrada no cenário artístico no Brasil e abriu precedentes para uma série de exposições nacionais e internacionais. O artista investiga a ordem conceitual e histórica sobre o papel da arte no mundo tecnológico, e convida o público a experienciar vivências lúdicas por meio de suas obras.
Já expôs individualmente em instituições como Sesc Paço da Liberdade (Curitiba), Museu PUC (Curitiba) e Museu de Arte Contemporânea (Curitiba) e em coletivas como Bienal de Curitiba, Museu Histórico Nacional (Rio de Janeiro), Museu Oscar Niemeyer (Curitiba), Casa da América Latina (Portugal), Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (São Paulo) e Museu da Casa Brasileira (São Paulo). Sua obra integra coleções públicas do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Museu da água (Lisboa), Museu Oscar Niemeyer, entre outras.
Guto Lacaz na Chácara Lane / Gabinete do Desenho, São Paulo
Mostra ocupa a Chácara Lane / Gabinete do Desenho em diálogo com as propostas curatoriais do espaço
No sábado, dia 30 de novembro de 2019, a Chácara Lane/Gabinete do Desenho, unidade vinculada ao Museu da Cidade de São Paulo e à Secretaria Municipal de Cultura, abre a exposição “Allegro”, mostra de Guto Lacaz com curadoria de Douglas de Freitas, que traz um panorama do trabalho do artista plástico e arquiteto em seus mais de 40 anos de atividades.
“A exposição apresenta uma intersecção entre as diversas linguagens que o artista transita. São cinco instalações inéditas expostas entre poesias visuais, desenhos, gravuras, publicações e objetos, obras que pontuam um arco de quase 40 anos da produção do artista. Soma-se a esse material vídeos que documentam intervenções urbanas, performances e entrevistas com o artista, a fim de ampliar a reflexão em torno de sua produção”, diz o curador.
“Esta exposição, no ano em que completei meus 71 anos, é uma consagração. São coisas que venho pensando nos últimos 30 anos e não tinha ainda conseguido realizar. Agora chegou a oportunidade”, diz Guto, que inaugura na mesma ocasião seu canal no YouTube, com vídeos que documentam sua trajetória – e que poderão ser vistos na exposição.
Recepcionando o público, um pórtico traz a reedição da intervenção urbana “ALEX ALEX”, uma homenagem ao pioneiro do grafite paulista Alex Valauri, instalada na fachada do CCSP em 2015, e a versão digital de seu “RG enigmático”, realizado para a exposição “Viagens de identidades”, na Casa das Rosas em 1999, originalmente uma impressora movida a pedal com carimbos.
Guto apresenta a série de serigrafias “Pequenas Grandes Ações”, com 12 serigrafias e 2 vitrines que mostram seu processo de criação. Outra sala recebe 30 cartuns, publicados na revista Caros Amigos nos últimos 25 anos, exibidos em novas impressões e em uma vitrine com os originais. Suas poesias visuais, lançadas no livro “Inveja” e algumas inéditas, também fazem sua estreia em uma exposição.
Explorador das possibilidades tecnológicas na arte, Guto traz instalações inéditas, como “La Luna”, uma esfera de 1,80 m que gira o tempo todo, idealizada anteriormente para o CCBB e só agora executada, o espaço cinético “ETs” – grandes T’s elétricos pintados nas cores primárias, que giram cada um na sua posição –, e ainda duas colunas de 2,70 m, do chão ao teto, uma fixa, a outra móvel que se desloca suavemente no espaço.
Outra face da múltipla produção do artista é a transformação de objetos do cotidiano em arte. Uma vitrine chamada “Coincidências Industriais” traz peças elaboradas com materiais que se encaixam perfeitamente, como um transferidor e um embalagem de CDs, por exemplo.
“Guarda-chuva delivery” é outra novidade: uma caixa com um guarda-chuva aberto dentro, como se para transportá-lo ele precisasse ir aberto. “Mais um projeto de cinco anos, meio surreal, que agora consigo materializar”, conta Lacaz.
Filhote da emblemática instalação “Eletro Esfero Espaços”, selecionada pela curadora Aracy Amaral para a mostra Modernidade - Arte Brasileira no Século 20, no Museu de Arte Moderna de Paris, em 1988, é revisitada e agora será apresentada como um plano de esferas com 64 bolinhas de pingue-pongue flutuantes, com a ajuda de um compressor.
Muitas outras surpresas compõem “Allegro” – nome inspirado no movimento musical de andamento leve e ligeiro –, o que inclui vários presentes para os visitantes, como “O fantasma”, um múltiplo em papel cartão, e a reedição do fanzine “O roubo do Monumento às Bandeiras”.
“O Museu da Cidade de São Paulo ao trazer a mostra Allegro, também reinaugura na Chácara Lane o Gabinete do Desenho. Recupera-se assim a ideia de uma instituição voltada a explorar o desenho como meio de registro e de expressão situado na intersecção entre o pensamento e a percepção – o que tem tudo a ver com o múltiplo e instigante universo do trabalho de Guto Lacaz. A retrospectiva (que conta também com trabalhos novos), ao misturar desenhos e gravuras a instalações, esculturas e objetos, constrói um forte diálogo com as propostas curatoriais desse espaço único na cidade”, diz Marcos Cartum, Diretor do Departamento de Museus Municipais / Museu da Cidade de São Paulo.
“Imagino que ainda possa surpreender as pessoas. É uma exposição muito viva, tudo com energia, movimento”, finaliza Guto Lacaz.
Experimentações Dimensionais na Funarte, Brasília
Novos artistas da UnB exploram a tridimensionalidade em mostra na Funarte Brasília
Em 'Experimentações Dimensionais', alunos do curso de Teoria, Crítica e História da Arte da universidade apresentam resultado de suas pesquisas, na Galeria Fayga Ostrower
No dia 3 de dezembro, terça-feira, às 19 horas, será inaugurada a mostra de artes visuais Experimentações Dimensionais, na Galeria Fayga Ostrower do Complexo Cultural Funarte de Brasília. O público poderá visitar a exposição de terça-feira a domingo, das 10h às 19h30. A entrada é franca.
O conjunto é composto pelos trabalhos finais dos alunos da disciplina Teoria e História da Arte e Imagem no Espaço/Tempo 2 (Thaiet 2) do curso de Bacharelado em Teoria, Crítica e História da Arte do Instituto de Artes (IdA) – Universidade de Brasília (UnB). As obras são resultados das pesquisas individuais realizadas pelos alunos durante o segundo semestre de 2019, orientados pela professora e artista Cecília Mori. Essas pesquisas estão a todo vapor e resultarão em cerca de 20 obras inéditas, desenvolvidas nos mais variados suportes. São instalações, vídeos, fotos, objetos e performances que exploram os limites entre o bidimensional e tridimensional – foco da disciplina ministrada por Mori.
Experimentações Dimensionais traz à tona teorias dos alunos, estudiosos, críticos e historiadores da arte, proporcionando a eles a experiência (alguns, pela primeira vez) de exercitar o fazer artístico, explorando as “possibilidades dimensionais do espaço”. A mostra foi realizada integralmente pelos estudantes, que foram responsáveis desde a produção até a confecção das obras, passando pelos aspectos educativo e de comunicação (até pelo material gráfico). A exposição se apresenta “como um jogo expansivo, sensorial e pulsante entre o bidimensional e o tridimensional, que transita entre memória, tensionamento, deslocamento, aprisionamento, fragmentação, suspensão, fluidez e aridez”, dizem os artistas. “Mais do que materialização, temos materialidades que ecoam, até mesmo, na ausência”, concluem.
Os jovens expositores são: Andressa Valenti, Anna Gabriela Souza, Araguim, Eduardo Melo, Eliot Boy, Helio Barreto, Irene Lira, Juliana Garcia, Kelly França, Laíse Frasão, Larissa Cruz, Leticia Braga, Luana Oliveira, Ludmylla Barbosa, Marcelo Santiago, Maria Celeste, Martianno Bispo, Orpheu, Priscila Coser e Pedro Miranda, Samara Correia e Stefanie Rodrigues.
Sobre os trabalhos
Andressa Valenti – Apresenta a obra O Vento Ainda Sopra Calmo e Silencioso. A experiência da obra é baseada numa metáfora dos vôos noturnos de avião – quando é possível ver as luzes da cidade brilhando abaixo, bem como em experiências musicais que remetem ao escuro e ao brilho.
Anna Menezes – Partindo de inquietações a respeito do que poderia ser o “movimento no objeto estático”, a artista produziu resultados a partir da transferência de película fotográfica para o concreto, numa transformação de fotografia bidimensional em objeto tridimensional, intitulada Rastros Edificados.
Araguim – Araguim realizará uma performance, que consiste em moldar partes do corpo do público da vernissage. A proposta é explorar o conceito de ”intimidade” e seus limites. Em uma maca, os interessados poderão escolher qual parte de seus corpos servirá de molde, sendo aplicado um material metálico sobre a pele. Os objetos resultantes serão reunidos e posicionados pelo chão, “como parte da efemeridade do processo”, chamado de Coloca Tua Mão em Mim Que Eu Deixo.
Eduardo Melo – Utilizando materiais descartados, vidro e arame, o artista busca na obra Portais Difusos gerar experiências “a partir do olhar para o plano”. No trabalho, uma “construção do espaço” é realizada pela configuração da luz. O artista considera que o resultado desperta o conceito de “inacabado”.
Eliot Boy – O participante expõe a obra Lixo.
Hélio Barreto – A foto-performance Projeto Para o Equilíbrio parte da ideia do repouso de um corpo humano sob ou sobre um copo de vidro. A obra contará com um manual, por meio do qual o público poderá saber como aconteceu o processo de criação.
Irene Lira – Apresenta a obra Minha Arte. O trabalho dialoga com questões da arte conceitual, ao tirar da arte seu valor mercadológico e sua aura. Nele Lira pretende ainda incitar um questionamento: “o que torna alguém artista?”.
Juliana Garcia – Partindo de uma noção de “ruína como matéria em desconstrução”, Garcia apresenta um trabalho que se chama Obra, no qual propõe-se a investigar formas de construção de um espaço de abandono.
Kelly França – Por meio da fotografia, ao registrar uma narrativa a partir de uma cadeira, a obra, intitulada Memória em Repouso, revela uma busca de diálogo com reminiscências e com a construção de memórias, por meio “do caminhar diante de um objeto inanimado”.
Laíse Frasão – Tribial é uma obra que estabelece um movimento pendular entre o tridimensional e bidimensional, por meio de “atravessamentos” e reconfigurações de elementos consagrados (triviais) nessas espacialidades (tri e bi), a saber: volume e base escultórica; linearidade e substrato pictórico, respectivamente. A artista apresenta ainda o trabalho Paranoá.
Larissa Cruz – Exibe a peça Política se Põe a Mesa
Leticia Braga – O trabalho Recuerdos – O Desaparecimento Através da Lembrança, fala sobre momentos marcantes que ficam escondidos no nosso subconsciente – memórias que podem voltar a qualquer instante. “Elas podem ser despertadas por meio de um objeto, um lugar, um filme, entre outras coisas que te façam voltar àquele momento vivido”, diz a artista.
Luanna Oliveira – “A Tropa, remete a algumas regiões do país em que os pregadores de roupa são chamados de prendedores, lembrando policiais e batalhões”, comenta Luana. Cada um desses mini objetos foi pensado esteticamente nas posições dos corpos humanos em pares, no qual a parte da pólvora seria a cabeça, e algumas vezes as pontas dos pés. A artista apresenta ainda duas obras: Delírio, feita com bonecos de plástico e tela de alvenaria – que enfoca “os aprisionamentos” – e a peça Ausência.
Ludmylla Barbosa – Em Recorrência Imprecisa, por meio da repetição de maquetes em madeira, em que os erros de execução são patentes, evidencia-se a distância entre o que é idealizado, a partir de um projeto bidimensional, e o que se consolida como objeto tridimensional – destacando-se a impossibilidade da perfeição; além da beleza e da delicadeza presentes na inexatidão das coisas.
Marcelo Santiago – O trabalho Limites do Amarelo surgiu de uma inquietude quanto à proibição do toque nas obras artísticas. O trabalho é o resultado de diversas observações acerca do distanciamento do público em relação às peças de arte, simbolizado pelas linhas amarelas.
Maria Celeste – Através dos materiais e do espaço de ocupação, a obra Nos Atalhos da Pele, Ouvido Não Tem Parede propõe ao visitante “uma peregrinação poética entre os elementos que, por remeterem ao cotidiano, conferem ruídos e presença”, explica a artista.
Martianno Bispo – A performance Unum Diem Durantia “Efêmero”, desenvolvida por Bispo, “consiste em um corte em um intervalo qualquer” – comenta o expositor. A partir de movimentos espontâneos, ele busca “dialogar com o efêmero; e deixar a finitude atravessar o corpo e os elementos, suscitando a ideia de que não somos eternos”.
Orpheu – A obra Aduana – Percurso 554/110 parte da vivência do percurso que o artista faz entre sua casa, em Ceilândia, e o campus da UnB. A partir do trabalho, Orpheu pretende levantar reflexões sobre o acesso à cidade; sobre como a periferia é desprovida de diversas formas de acesso aos espaços mais elitizados; e sobre como uma cidade planejada, tal qual Brasília, não é democrática.
Priscila Coser e Pedro Miranda – Utilizando ferro fluído e maquinário eletrônico (motor, arduino, sensor de movimento), os autores trazem a obra Hipnose, que, segundo a artista, “conversa sobre a planaridade do fluido que se torna objeto tridimensional quando acionada (sistema de imãs)”. No trabalho, a criadora deseja mostrar “um ballet do fluido, que é bidimensional e tridimensional ao mesmo tempo”.
Samara Correia – O objetivo da instalação Memórias: Formas de Indexar – afixada na parede – é, por meio da materialidade dos negativos fotográficos de que é composta, abordar a dimensão da memória e as possíveis formas de fugir, guardar e esconder as recordações “que desejam ser esquecidas”.
Stefanie Rodrigues – A obra Tocadela pretende explorar a textura de uma geleca/slime, um objeto muito banal no cotidiano. A princípio, os vídeos consistem na experimentação desse material em contato com o corpo, podendo também ser explorado em outras superfícies e objetos com diferentes tipos de experiências.
dezembro 1, 2019
Artistas GLC na Luciana Caravello, Rio de Janeiro
Luciana Caravello Arte Contemporânea apresenta, a partir do dia 2 de dezembro, a exposição “Artistas GLC”, que reúne cerca de 50 obras, recentes e inéditas, dos 29 artistas representados pela galeria: Adrianna Eu, Afonso Tostes, Alan Fontes, Alexandre Mazza, Alexandre Serqueira, Almandrade, Armando Queiroz, Bruno Miguel, Daniel Escobar, Daniel Lannes, Delson Uchôa, Eduardo Kac, Élle de Bernardini, Fernando Lindote, Gê Orthof, Gisele Camargo, Güler Ates, Igor Vidor, Ivan Grilo, Jeanete Musatti, João Louro, Lucas Simões, Marcelo Macedo, Marcelo Solá, Marina Camargo, Nazareno, Pedro Varela, Ricardo Villa e Sergio Allevato.
A exposição reúne trabalhos em diversos suportes, como pintura, colagem, desenho, fotografia, vídeo, escultura e instalação. Muitas obras são inéditas e estão sendo apresentadas pela primeira vez na mostra, como é o caso da pintura “Sundae Ilusões”, de Daniel Lannes, que, de acordo com o artista, mostra que “o amor colado às costas da musa garante ou não a ilusão da promessa afetiva”.
Outras obras nunca vista antes são “Todos os nossos desejos”, de Daniel Escobar, uma série de colagens onde confetes recortados de cartazes publicitários proporcionam uma paisagem pictórica de ilusórios fogos de artificio, e uma nova obra da série “Pseudônimo”, de Bruno Miguel, uma pintura onde o artista questiona os dogmas da linguagem a partir da substituição dos elementos tradicionais e históricos da pintura por processos, materiais e ferramentas de um mundo pós-industrializado, globalizado e conectado.
O principal objetivo da Luciana Caravello Arte Contemporânea, fundada em 2011, é reunir artistas com trajetórias, conceitos e poéticas variadas, refletindo assim o poder da diversidade na Arte Contemporânea. Evidenciando tanto artistas emergentes quanto estabelecidos desde seu período como marchand, Luciana Caravello procura agregar experimentações e técnicas em suportes diversos, sempre em busca do talento, sem discriminações de idade, nacionalidade ou gênero.
