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agosto 18, 2016

Ayrson Heráclito na Blau Projects, São Paulo

Com cinco fotografias e uma vídeo-instalação inédita desenvolvida especialmente para a ocasião, a Blau Projects abre a exposição Pérola Negra, do artista baiano Ayrson Heráclito. A mostra traz obras de duas séries distintas do artista, Buruburu e Agbê Vodun, expostas simultaneamente pela primeira vez. Ayrson também apresenta a performance Buruburu -realizada recentemente em Berlim, na Alemanha- em duas ocasiões, durante a abertura da exposição, dia 20 de agosto, às 17h, e como parte do evento Gallery Weekend, às 19h30, em 2 de setembro. O texto crítico é de Beatriz Franco.

Com forte influência das religiões e da cultura afro-brasileira, Ayrson analisa questões ritualísticas, simbólicas e mitológicas ao trabalhar com o tema do sagrado em sua arte. A exposição é uma homenagem a Obaluayê jovem e a Omolú, a divindade mais velha. O nome Pérola Negra é uma referência a Omolú, um deus do universo do candomblé, com uma história muito sofrida. Ele nasceu coberto de feridas e foi abandonado pela mãe à beira mar, para que a maré o levasse. A deusa das águas Iemanjá o encontrou carcomido por peixes e quase morto, e então, o levou para seu reino e lavou suas feridas, curando-o. Apesar de Omolú ter sido tratado por Iemanjá, ele continuou muito pobre, sobrevivendo de esmolas. Para tentar compensar sua carência, ela lhe ofereceu seu maior tesouro, as pérolas. Por isso, Omolú é considerado o senhor das pérolas. Ademais, a exposição acontece em agosto, mês em que Omolú é homenageado pelos seus devotos.

A performance apresentada na abertura, Buruburu, também é inspirada nesse mito. Na língua iorubá, “Buruburu” quer dizer “pipoca”. “A performance tem esse poder de divindade, de limpar e curar. É um ritual de cura e desintoxicação”, conta Ayrson. Num dos mitos que envolvem Omolú, suas chagas são transformadas em flores, e sua doença em flores brancas que emergem do seu corpo por meio do sopro e da sua energia. “A água e a pipoca são os grandes materiais da exposição, e são os símbolos do processo de cura e de limpeza”, afirma o artista.

Agbê Vodun é o senhor de hu, o mar. Ele é o terceiro filho de Mawu, gerado com sua irmã gêmea Naeté. O mito é representado por uma serpente, um símbolo da perenidade. A festa anual de Agbê (intitulada Gozin) celebra a aliança entre os homens e o mar, e acontece em Grande Popo, no litoral sudoeste do Benin. A reunião entre essas duas séries, Buruburu e Agbê Vodun, se dá devido a suas semelhanças simbólicas, principalmente por ambas tratarem de ritos simbólicos de limpeza e energização.

Conhecido por utilizar em seu trabalho elementos como dendê, charque, açúcar, peixe, esperma, sangue e saliva, corpo, rituais de cura, Ayrson, que também é curador e professor, tem sido convidado para residências e participações em exposições internacionais, como a recente The Incantatin of the Diquieting Muse, no Instituto Savvy Contemporary, em Berlim, Alemanha.

“Para mim ritual significa sacudimento”, sentencia Ayrson. “Meu trabalho mexe com feridas históricas. Eu não sou um artista sem o sagrado. O sagrado perpassa toda a minha ação artística no mundo”, explica. Vida, arte e religião estão misturadas na obra do artista, que lida com a natureza e o sagrado com a mesma intensidade e os transfigura.

Ayrson Heráclito, artista visual e curador, doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo é professor do curso de Artes Visuais do Centro de Artes, Humanidades e Letras da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB. Suas obras transitam pela instalação, performance, fotografia e audiovisual, lidando com elementos da cultura afro-brasileira. Participou de coletivas como Afro-Brazilian Contemporary Art, Europalia Brasil, Bruxelas, Bélgica (2012); Trienal de Luanda, Angola (2010); e MIP 2, Manifestação Internacional de Performance, Belo Horizonte (2009). Recentemente foi premiado pelo Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil com residência artística na Raw Material, em Dakar, Senegal. Tem obras em acervos no Museum der Weltkulturen Franfurt, no Museu de Arte Moderna da Bahia, e Videobrasil. O artista também foi indicado para o prêmio PIPA nas edições de 2012, 2015 e 2016. Vive e trabalha em Salvador, Bahia.

Posted by Patricia Canetti at 2:15 PM