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agosto 31, 2014

Rivane Neuenschwander no MAM, São Paulo

MAM apresenta mal-entendidos, exposição panorâmica de Rivane Neuenschwander

Mostra com curadoria de Adriano Pedrosa reúne obras dos últimos quinze anos da carreira da artista mineira, sendo oito novas e sete inéditas no Brasil

O Museu de Arte Moderna de São Paulo apresenta de 1º de setembro a 14 de dezembro a exposição panorâmica mal-entendidos, da artista mineira Rivane Neuenschwander. Com curadoria de Adriano Pedrosa, a mostra reúne cerca de 20 obras de diferentes períodos dos últimos quinze anos da carreira da artista, entre instalações, vídeos, esculturas e pinturas, para exibição na Grande Sala. Exclusivamente para a mostra, estão em fase de produção oito novas obras e ainda serão exibidas cerca de sete inéditas no Brasil. Cada um dos trabalhos da artista parte de conceitos distintos para uma formalização específica, o que implica em um exercício contínuo de liberdade, tanto pelo trato de temas variados quanto pelo uso de materiais e mídias diversas, numa tentativa evidente de escapar à uma categorização mais imediatista e superficial.

Rivane é reconhecida pela imprensa internacional como expoente da arte brasileira e por lidar com temas complexos da sociedade contemporânea a partir de objetos e situações simples do cotidiano, como por exemplo listas de supermercado escritas à mão, produtos alimentícios e atividades lúdicas e domésticas. Assuntos como ecologia, afeto, memória, infância e conscientização do indivíduo são traduzidos em obras que se apropriam de gestos ou materiais do dia-a-dia que passam despercebidos a nossa percepção, geralmente apressada. Conhecida por utilizar materiais como talco, sabão de coco, caixas de papelão, baldes, fitas adesivas, relógios, mapas e bolhas de sabão, a artista busca um equilíbrio entre política, ética, afetividade, poesia e elisão ao usar também insetos e animais como formigas, besouros e lesmas ao mesmo tempo que utiliza água, temperos e frutas.

Um ponto de destaque do trabalho é a forte interação do público, fazendo com que as obras sofram constante mudança, tornando a questão autoral ambígua. No MAM são priorizados a questão da subjetividade e os estados psíquicos engendrados a partir da relação com o poder, seja pelos questionamentos sobre a autoria e participação do visitante, a colaboração de profissionais de outras áreas ou ainda pelo comprometimento por parte do museu para a manutenção de algumas obras. Os trabalhos são apresentados de maneira não cronológica ou linear e a arquitetura foi cuidadosamente pensada a fim de adensar e complexificar a leitura e a percepção da mostra como um todo. Os percursos são montados de maneira propositalmente labiríntica, estreita ou desconfortável, a fim de conscientizar o visitante em relação à sua presença, ao seu estado psíquico e seu deslocamento no espaço.
Para a mostra no MAM, estão em fase de produção, por exemplo, a obra A aturdida (2014), com pinturas baseadas em labirintos feitos para crianças em revistas de passatempos, porém sem entrada e nem saída, complementadas por baba de lesmas, que percorrem a pintura, deixando seu rastro. Dois baldes suspensos da obra Sistemáticos (2014) estão cheios de água que pinga incessantemente, ora em um outro balde ora diretamente no chão, criando um ciclo artificial de gotejamento. Trata-se da sistematização do gesto, como metáfora para situações limítrofes e repetitivas - a cada quatro horas um funcionário deve encher novamente os baldes para promover tanto o reaproveitamento quanto o desperdício da água. Tal procedimento remete, sutilmente, a questão ecológica que aparece também no trabalho Colheita (2013/14), que exibe 365 listas de compras escritas à mão e coletadas em supermercados de Londres, formando um calendário onde pode ser observado que a relação de produtos alimentícios deveria estar ligada às estações do ano e não ao consumismo.

A inédita (a) casos eróticos (2013-14) reúne um conjunto de bordados para abordar a questão da sexualidade, do erotismo e da delicadeza, motes relacionados também no trabalho Primeiro Amor (2005), performance em que um artista forense, especializado em retratos falados, atua no museu produzindo desenhos do primeiro amor dos visitantes através de recursos técnicos e psicológicos que tentam acessar a memória de cada indivíduo. Esses desenhos serão mostrados juntamente com uma outra centena de retratos já produzidos em mostras anteriores.

A linguagem perpassa a maioria das obras, começando por Alfabeto Comestível (2001), em que 26 painéis pendurados na parede representam as letras do alfabeto latino por meio de pinturas abstratas feitas com fita mágica e variados temperos e pós alimentícios começando com Açafrão e Black pepper, passando por Gergelim e Pimenta até chegar em Zattar. Apresentada no chão do mesmo ambiente, Palavras cruzadas/Jornal (2001-14) conta com letras esculpidas em laranjas desidratadas que ficam a disposição dentro de caixas de madeira forradas com jornal para que o público interaja, formando palavras e disseminando a comunicação.

O lúdico é abordado tanto no jogo quanto em brincadeiras infantis como atesta o vídeo A queda (2009), feito em parceria com o irmão Sérgio Neuenschwander, que trata da corrida do ovo na colher. Além da obra que dá nome à mostra mal-entendido (2000) em que uma casca de ovo com areia dentro flutua em um copo de vidro cheio de água e, devido ao efeito de refração, a parte submersa parece muito maior, distorcendo a percepção de um mesmo objeto.

A arquitetura do museu é contemplada com o trabalho Quem vem lá sou eu / Alarm-Floor (2005), em que o corredor com visão para a parte externa ganha uma construção inspirada nos pisos de madeira que funcionavam como sistema de alarme em antigos templos e palácios japoneses. Quando o visitantes pisa sobre as tábuas, um som é gerado pelo atrito entre latas, copos de plásticos e varas de metal armazenados sob o piso, construídos pelo duo de músicos O Grivo.

Exemplos claros da operação múltipla de Rivane se encontram ainda na obra Monstra marina (2012), onde monstros marinhos - retirados de cartografias antigas - são impressos em moedas de sal de cozinha prensado e que podem ser levadas pelo visitante, que se encarrega da preservação (ou não) do objeto, susceptível à umidade e ao tempo. E na instalação A Conversação (2010), onde aparelhos de escuta gravam o esquadrinhamento e destruição do próprio espaço para posteriormente serem reproduzidos em caixas de som no ambiente e que trata do estado psíquico relacionado à paranoia e sua direta associação aos sistemas de vigilância.

Posted by Patricia Canetti at 9:06 PM