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setembro 24, 2004

Troca de arquivo, por Angélica de Moraes

Matéria de Angélica de Moraes sobre a catalogação da obra de Lygia Pape, publicada originalmente no Caderno Mais! da Folha de São Paulo do dia 19 de setembro de 2004.

Troca de arquivo

Angélica de Moraes

Projeto Lygia Pape irá catalogar toda a produção da artista, figura central dos movimentos concreto e neoconcreto morta em maio passado

Agora é oficial. O legado artístico de Lygia Pape (1927-2004), um dos principais nomes da arte brasileira contemporânea, já tem uma instituição para cuidar dele. Protagonista dos movimentos concreto e neoconcreto, ela realizou uma obra de constante tensão criativa e enorme competência desde os anos 1950 até a atualidade.

O projeto Lygia Pape surge organizado em sua estrutura básica pela própria artista, que foi uma das fundadoras da entidade pioneira no Brasil nesse tipo de atividade -o projeto Hélio Oiticica. Antes de ficar gravemente doente (ela morreu em maio), a artista escolheu e convidou um grupo de pessoas ligado a diversos segmentos das artes visuais para auxiliar a família na administração da sua obra e na visibilidade dela no circuito cultural.

Uma dessas pessoas foi o diretor do Paço Imperial, Lauro Cavalcanti, seu ex-aluno na Escola de Arquitetura da Universidade Santa Úrsula (RJ) e que, desde 1976, trabalhou como assistente dela em vários projetos, inclusive na histórica mostra "Projeto Construtivo Brasileiro", curadoria de Lygia Pape e Aracy Amaral, realizada em 1977 na Pinacoteca do Estado de São Paulo e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

"Minha colaboração será limitada por minhas dificuldades de tempo, mas nunca por falta de admiração, carinho e afeto por Lygia", afirmou Cavalcanti. "A obra de Lygia é importantíssima e, ao contrário de seus colegas de movimento concreto e neoconcreto, tem sua parte principal após o desligamento desses grupos", observa. Cavalcanti avalia que "Lygia é a bola da vez no circuito internacional e, com certeza, terá sua contribuição melhor entendida e dimensionada tanto no Brasil como no exterior. O projeto Lygia Pape terá um papel fundamental nisso."

Outra integrante da diretoria do projeto, a professora e historiadora Maria Clara Amado, analisa que "a artista teve uma capacidade de antecipação das questões dos movimentos artísticos de que participou no Brasil. A participação homem/obra, que será referência futura na obra de Clark e Oiticica, já são uma realidade na obra de Pape". Ainda conforme Amado, "o projeto Lygia Pape vai cumprir um papel bem maior do que a sobrevivência do acervo da artista: trata-se da preservação de uma cultura representativa de nossa história, a obra de uma grande artista contemporânea".

O galerista português José Mário Brandão, da galeria Graça Brandão (Porto, Portugal), antigo amigo da artista, fez sua primeira individual póstuma na Europa, em junho. Ele conta que, "no ano passado, Lygia telefonou-me a convidar para integrar o projeto. Evidentemente que aceitei, consciente da importância dessa iniciativa. Infelizmente, ela já não acompanhará nosso trabalho, mas o seu desejo será posto em prática". Pela família, falaram ao Mais! as duas filhas da artista, Cristina e Paula. A professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e artista plástica Cristina Pape, que disse: "Acho a iniciativa importante, porque a obra de Lygia Pape deve ser preservada, dada a sua importância histórica, nacional e internacional. Parabenizo a todos que dela participam".

O projeto tem como presidente a advogada e fotógrafa Paula Pape, que concedeu a entrevista abaixo.

Quando surgiu a idéia de fazer o projeto?

A idéia surgiu concretamente quando eu fotografava as obras de Lygia para o Livro "Gávea de Tocaia", (ed. Cosac & Naify). Mas já havia uma preocupação anterior por parte dela. O Hélio não existia mais. Ela não tinha mais um "acordo" com ninguém. Eu era a pessoa mais próxima de tudo o que ela fazia e um dia coloquei claramente que ela não se preocupasse: eu cuidaria de suas obras. Ela ficou feliz. A Cristina, minha irmã, já tinha dito para ela que não queria participar do projeto ou de qualquer coisa nesse sentido. Queria seguir o próprio caminho, penso eu... Se mudar de idéia, será muito bem-vinda.

Quando o projeto foi estruturado juridicamente?

Tudo começou, de fato, quando percebemos que a sua saúde não andava muito boa. Entendi que ela queria uma coisa mais concreta. Então sugeri a criação formal de uma pessoa jurídica, com poderes de gerenciar o acervo na sua ausência. Foi quando larguei definitivamente tudo que fazia e passei a me dedicar inteiramente a Lygia e à criação do projeto.

Depois de muita pesquisa, o projeto finalmente chegou à sua forma perfeita, com a ajuda de Álvaro Clark (filho de Lygia Clark), que foi muito simpático e me deu uma orientação de como realizar o estatuto de acordo com o novo Código Civil. Lygia Pape chegou a constar como a presidente na primeira minuta do estatuto, mas logo depois seria internada no hospital. Foi uma pena... Queria muito que ela visse tudo pronto.

Qual foi a participação de Lygia Pape na organização desse projeto? Sabemos que ela tinha idéias muito definidas sobre esse tipo de trabalho e contribuiu de forma decisiva para a criação do projeto Hélio Oiticica, primeira iniciativa do gênero.

A participação de Lygia na organização foi crucial. As questões iniciais foram as mesmas da época do projeto H.O., não digo no sentido teórico, porém prático: onde guardar, como guardar, como manter etc. Agora existe uma forma muito mais concreta e objetiva, a partir do amadurecimento e da própria experiência obtida anteriormente. Ela tinha o grande desejo de que as obras ficassem eternamente na sua casa da rua Inglês de Souza, no Jardim Botânico [no Rio de Janeiro]. Queria transformar o local em pólo cultural. O projeto da casa foi dela e realmente seria o local perfeito. Vamos tentar obter recursos para realizar esse sonho.

Lygia não era contra a família tomar conta de um legado artístico sozinha?

Lygia era absolutamente contra. Aliás, esse ponto de vista ela defendeu sempre. Ela achava que a participação de pessoas de fora da família sempre enriquecia a obra, não deixando de lado o vigor do diálogo com ela. No final, ela já aceitava a participação da família como um combustível a mais no processo, e não como uma coisa que fechasse a obra.

Creio que a minha intervenção e convivência foi mudando um pouco seu ponto de vista. Foi um processo difícil, mas foi aceito. Ela pôde perceber algo mudando na administração desses acervos. Prova disso foi que, há um ano e pouco, ela colaborou novamente com o projeto H.O., fazendo uma carta de indicação a pedido de César Oiticica Filho. Ela sempre ajudava quem a procurava. Era uma pessoa extremamente generosa.

Quais os critérios de escolha utilizados para chegar aos integrantes da diretoria do projeto? São pessoas representativas de diversos segmentos das artes: dirigente, historiadora de arte, crítica de arte e galerista. A intenção foi criar um amplo leque de diálogo do projeto com o meio?

Foi a própria Lygia quem escolheu os integrantes. Ela convidou a crítica de arte Esther Emilio Carlos, Lauro Cavalcanti (diretor do Paço Imperial), Maria Clara Amado (professora universitária que defendeu tese de mestrado sobre a obra de Lygia Pape) e José Mario Brandão. Ela começou a pensar quem seriam elas há uns dois anos. Essas pessoas, inclusive, se dão muito bem comigo... Nada mais natural que chamasse pessoas de que gostava, conhecedoras da sua obra e que estiveram muito presentes em sua vida. Coincidentemente, cada uma delas atua mais em uma dessas áreas descritas. Acho que ficou bem interessante.

Há quanto tempo você vem trabalhando na organização da obra dela? O que já foi possível fazer nesse período e o que falta para que o acervo fique preservado com segurança?

A organização, no sentido literal, começou em 1998. Antes, por volta de 1994, eu já a ajudava em tudo. Fazia fotos das obras que iriam viajar, embalava as coisas, arrumava as prateleiras... Ou seja, pegava no pesado mesmo... Embora, claro, tudo faça parte do mesmo processo. Conseguimos catalogar, posso dizer com certeza, todo o acervo dela. Faltam poucas obras, muito poucas. Fizemos até documentos para cada obra, autenticados por ela, que aceitou assinar diversos trabalhos. Ela não gostava de assinar nada... As que não assinou, ficaram como documento.

Como era a convivência na organização do material?

Era uma convivência muito natural. Conversávamos muito. Era um diálogo permanente. Tínhamos um objetivo: organizar a sua obra. Era meio velado... Não se falava nisso toda hora, mas eu sentia que ela gostava do meu interesse e participava ativamente. Tinha uma energia fantástica e nunca reclamava ou se lamentava disso ou daquilo. Foi a pessoa mais corajosa que já conheci. Então fui aprendendo o que era o quê, os movimentos, as teorias desses movimentos, as obras, como elas surgiam ...Pude perceber como se dava o seu processo criativo, o "faber" artístico... Ela me dava verdadeiras aulas de história da arte sem ser explícita... Foram momentos muito bons, delicados e inesquecíveis.

Quais os objetivos mais imediatos do projeto?

O projeto pretende ser um paradigma das idéias de Lygia. Um modelo de referência de sua obra. Além de ter os sócios colaboradores, terá um conselho ainda não definido. É algo a ser pensado mais adiante. Outros objetivos imediatos são terminar a organização do acervo, ou seja, arrumar a parte documental, fazer a restauração de vários filmes e fotos, organizar as obras em locais adequados e, principalmente, conseguir um local definitivo para o projeto.

Quais os objetivos a médio e longo prazos?

São muitos. Principalmente divulgar a obra de Lygia no Brasil e no exterior. Esses dois objetivos andam juntos. A proposta é que, depois da organização estrutural do projeto, se realizem cursos e palestras com curadores e professores convidados, reedição das performances e a edição de alguns livros que ela tinha em mente. Um deles será dos poemas que escreveu.

Há intenção de exibir esse acervo em caráter permanente em algum museu? Como você planeja dar visibilidade constante à sua obra?

Isso, eu não sei. Ficar trancada não faz muito o "estilo Lygia Pape". Creio que a própria obra dirá o que fazer. Essa coisa de planejar muito é complicado, acho mais interessante deixar as coisas acontecerem.

Convites para expor não faltam, e creio que a obra de Lygia ainda tem muito para mostrar, tanto no Brasil como no exterior. Coincidentemente, a maior parte das pessoas interessadas na obra que têm me procurado ultimamente é estrangeira. É importante perceber que teremos boas exposições de Lygia não só aqui mas em outros países também.

Quais os próximos compromissos internacionais de exibição de obras de Lygia? Há alguma grande exposição retrospectiva em breve no Brasil? Ou você pensa ser essencial primeiro consolidar ação do projeto?

Temos a participação de Lygia na exposição coletiva itinerante "Tropicália", com curadoria do Carlos Basualdo, uma mostra em 2005 em Bordeaux (França) e uma individual e uma homenagem que serão feitas em Munique (Alemanha), com os filmes realizados por ela, ainda neste ano. Por enquanto, é só. Preciso parar um pouco para fazer o essencial: terminar a organização do projeto. Uma retrospectiva irá acontecer no momento e nos locais certos. Não tenho pressa. Espero ter condições de organizar tudo com muita calma.

Lygia tinha uma convivência muito estreita com seus alunos e com as novas gerações. Grande parte da vitalidade de sua obra deve-se a essa permanente curiosidade, a esse constante diálogo com os jovens. Há intenção do projeto em promover a continuidade desse contato?

A idéia será sempre manter esse diálogo, para que os jovens possam conhecer melhor a sua obra e dela tirarem proveito. A idéia é ter um local de fácil acesso para consulta, além de promover eventos em conjunto com jovens artistas. É importante manter essa troca que ela sempre apreciou. De que forma ou que estratégias serão utilizadas, não sabemos ainda. Mas estão todos convidados a participar, cada um como puder, tanto os artistas e curadores jovens quanto os já estabelecidos. Não pretendemos fazer do projeto uma ilha. Lygia Pape é um oceano.

Posted by João Domingues at 4:27 PM | Comentários(1)
Comments

É muito bom saber que um trabalho significativo como este esta sendo realizado, pois Lygia Pape apesar de significativa para a história da arte brasileira, deve continuar sendo vista pelos jovens, sua contribuição não se esgota no que ela fez, ou deixou em vida, mas na obra. Referencia para os novos e lição para quem procura evoluir sempre.....
Parabéns a Paula, por deixar tudo, porque deixando seus próprios interesses, e abraçando este projeto está contribuindo para a memória e a evolução da cultura brasileira.

Posted by: Rosangela Becker at outubro 25, 2004 3:01 PM
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