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março 13, 2019

Acervo em Movimento por Francisco Dalcol

Acervo em Movimento

FRANCISCO DALCOL

Um experimento de curadoria compartilhada entre as equipes do MARGS

Como exposição que marca a estreia da gestão que se inicia em 2019, Acervo em Movimento: um experimento de curadoria compartilhada entre as equipes do MARGS integra uma política institucional de exibição dedicada a explorar estratégias de abordagem do acervo do museu, por meio de exercícios curatoriais voltados à experimentação de modelos expositivos.

Um dos mais importantes patrimônios do MARGS, o acervo artístico guarda mais de 5 mil obras de artistas brasileiros e estrangeiros, do século 19 à atualidade. Esse conjunto abrange desde produções regidas pelos modelos acadêmicos europeus, passando pelas rupturas das manifestações dos modernismos em diferentes geografias, chegando à pluralidade dos desdobramentos operados pelas práticas artísticas contemporâneas.

Acervo em Movimento se desenvolve como um primeiro experimento de curadoria compartilhada entre as equipes do museu (Núcleos de Curadoria, Acervo, Educativo, Documentação e Pesquisa, Restauro e Conservação), que conjuntamente e em revezamento exercitam uma mesma estratégia de organização de uma mostra dedicada ao acervo.

Ao invés de apresentarmos um recorte de obras agrupadas sob um tema preestabelecido ou uma narrativa a priori, optou-se por confrontar as chamadas curadorias de tese e suas abordagens ilustrativas, tensionando e mesmo rompendo com suas premissas. O interesse é problematizar exposições que subordinam as obras a leituras retóricas e por vezes arbitrárias, que não raro acabam por prescrever e normatizar a experiência plural e aberta que a arte oferece.

A partir das noções de dispositivo e montagem, Acervo em Movimento coloca em operação um modelo de exposição recombinante, em que obras entram e saem durante o período expositivo. À primeira seleção, proposta em março pelo diretor-curador, seguem-se até julho quatro alterações no conjunto em intervalos quase mensais, sendo uma resposta à outra, cada qual implementada por uma equipe do MARGS. Nas configurações que a exposição assumir, o interesse é sondar as provisórias relações de vizinhança estabelecidas entre as obras, as tensões das partes com o todo.

Ao lançar mão da estratégia de substituições dos trabalhos de arte enquanto metodologia crítica, busca-se também oferecer uma exposição viva e dinâmica, que aposta na experiência mais do que nos discursos, e na descoberta mais do que nas verdades.

Obras de arte não “falam” apenas por si mesmas. Seus sentidos são também efeito do que podem produzir no interior dos territórios discursivos que uma exposição coloca em causa. Ao combinar a individuação das obras e sua inserção em uma narrativa articuladora do conjunto, propondo relações significantes guiadas por tonalidades afetivas e críticas, a curadoria guarda a potencialidade de instituir ao modo aberto uma dimensão experiencial, oferecendo desdobramentos que intensificam e multiplicam as formas de ver, sentir e reagir.

Abrindo mão de roteiros predeterminados, procurando também eliminar hierarquias entre as obras do acervo, esta exposição pergunta ao visitante: quais relações podem ser feitas entre objetos de diferentes origens, períodos e estilos? O convite é que o público constitua os seus caminhos interpretativos, estabelecendo suas próprias relações e conexões, as quais sempre envolvem o que já sabemos, a expectativa do que ainda não vislumbramos e o estranhamento transformador da experiência inesperada e arrebatadora.

Quanto ao sentido compartilhado deste projeto, não se trata apenas da dinamicidade da exposição ou da simples participação das equipes. Mas em qualificar a rotatividade das obras e o protagonismo das escolhas, uma vez que o empenho crítico de transversalizar o processo curatorial corresponde ao gesto de distribuir e horizontalizar o poder de decisão entre as equipes.

Questionando a centralidade do curador na determinação dos sentidos artísticos e desafiando chaves de leitura que encapsulam o conhecimento sobre arte, Acervo em Movimento mobiliza questões prementes que orientarão esta gestão, como a necessidade de se descolonizar narrativas eurocêntricas, dessacralizar a retórica autoritária dos discursos canônicos, tensionar hierarquias preestabelecidas que reiteram os relatos dominantes, e explicitar as representatividades e suas lacunas em acervos e exposições.

Ao enfatizar a potência da descoberta sem o aprisionamento do tema, e privilegiar a experiência da surpresa sem a asfixia do discurso, Acervo em Movimento constitui um experimento curatorial que se quer de caráter permanente na política de exibição do MARGS, passando a ocupar diferentes salas do museu depois desta estreia nas Pinacotecas.

Francisco Dalcol
Diretor-curador do MARGS
Doutor em Teoria, Crítica e História da Arte

Posted by Patricia Canetti at 11:42 AM