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julho 28, 2016

O que Vem com a Aurora por Bernardo Mosqueira

O que Vem com a Aurora

BERNARDO MOSQUEIRA

(ao meu amor)

Atualmente, a realidade se apresenta de forma tão assustadora que é fundamental que nosso compromisso ético maior seja com a transformação das bases obscenamente esgotadas de nossa sociedade. Esse é também o momento da história da humanidade em que as informações sobre o mundo são mais abundantes e acessíveis: um tempo em que se posicionar contra aquilo do que se discorda se tornou o procedimento relacional fundamental da cultura. Quanto mais eficazes e sedutoras as estratégias de oposição e, sobretudo, de destruição do outro e de suas ideias, mais alto é seu lugar de poder na sociedade. Porém, há aí um problema grave. A oposição ou a crítica não podem ser entendidas como finalidades em si, e, assim como ainda perdemos corpos maravilhosos para a guerra, muitos dos nossos melhores pensadores estão dedicados exclusivamente a processos discursivos de crítica e desconstrução, que resultam mais em terra arrasada e um lugar de poder construído do que em qualquer elaboração ou colaboração para construção do mundo que se deseja.

Fomos treinados mais para o combate do que para o encontro, mais para nos posicionarmos diante de questões existentes do que para criar novos problemas e formas. As discussões que se movem apenas de um polo discordante ao outro, como um pêndulo, não mudam nenhum eixo de lugar. É preciso complexificar nossos encontros, e a liberdade está verdadeiramente mais ligada à criação do que a reação. o que vem com a aurora é, portanto, um elogio à transgressão criativa capaz de afirmar novas éticas que enriqueçam nossa existência coletiva com formas originais de estar no mundo. Ainda mais importante do que as transgressões acontecerem nos trabalhos de arte é que elas possam acontecer por meio ou a partir desses trabalhos.

Se nossa atualidade é de fato assustadora, é certo que dela podem surgir a matéria e os instrumentos para uma transformação radical da realidade. O humano produz os objetos, imagens, textos e situações que lhe cercam exatamente para que esses possam falar conosco. Se necessitamos de imagens, fantasias, ideias ou desejos para dar sentido a nossos movimentos e se é fundamental uma transformação radical de ordem coletiva e de escala global, precisamos desenvolver maneiras de compartilhar a representação de outro mundo ficcional e possível. Só assim podemos nos mover juntos em direção a ele. Toda solução nasce como ficção, e nós mesmos somos consequências da imaginação, dos desejos e das lutas de nossos antepassados.

Os trabalhos que compõem essa mostra não se realizam como críticas. Ao contrário, nos apresentam materiais e instrumentos que nos auxiliam a negar a imutabilidade dos princípios em nome da fundação de algo que ainda está por vir. Estamos numa era marcada pela imprevisibilidade e pelas constantes e intensas transformações e que é composta também por forças conservadoras. A reunião desses trabalhos tem a intenção de vitalizar e fortalecer aqueles que constroem o caminho para o futuro de forma transgressora, libertária e expansiva. É um conjunto muito diverso de artistas e trabalhos que se relacionam com epistemologias não-hegemônicas desde as margens, que constroem terreno fértil para exercitar mais a inventividade do espírito do que as análises da razão, que, em meio à grande crise da empatia, criam e disseminam formas de sensibilização primordiais para negociar os desejos de maneiras não-perversas.

Aurora é o fenômeno natural luminoso que antecede a chegada do Sol ao horizonte. Entre as divindades da mitologia romana, Aurora era definida pela condição de eternamente apaixonada. É a mãe do Sul, além dos outros 3 ventos. É um movimento.

Posted by Patricia Canetti at 7:48 PM