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julho 17, 2016

Entrevista de Iole de Freitas a Marc Pottier

Marc: Cara Iole, estamos preparando esta exposição que vai acontecer no mês de maio, na Galeria Roberto Alban, em Salvador, na Bahia. Você vai apresentar dois momentos do seu trabalho, que vamos descobrir juntos: uma primeira parte são obras realizadas paralelamente à exposição que você apresentou no ano passado e no início desse ano no MAM, no Rio de Janeiro, e que refletem uma nova direção em seu trabalho. E, você vai também mostrar algumas obras do inicio dos anos 1990. Vamos ver juntos por que você escolheu esses trabalhos em particular. Mas antes de tudo isso, gostaria realmente de ver com você por que essa palavra “dança” surge tantas vezes quando estamos lendo os textos sobre seu trabalho. Você poderia dizer algumas palavras sobre dança e movimento em sua obra?

Iole: Quando leio textos críticos escritos desde os anos 70 sobre o meu trabalho, percebo a frequente abordagem do pensamento crítico sobre a importância da minha experiência anterior da dança na minha obra. De fato a ideia de movimento está impregnada tanto nas sequências fotográficas feitas a partir de fotogramas dos filmes Super 8 e 16 mm, nos anos 70, como nas grandes instalações realizadas em 2000 no Centro de Arte Hélio Oiticica, na Documenta de Kassel em 2007 e no MAM Rio em 2015/16. Ela percorre diversos e contínuos momentos da minha linguagem até hoje. O que se observa é a presença de um movimento contínuo de expansão e retração, que se alternam numa dinâmica estética que se instala no espaço fundado pela obra ao ocupar locais institucionais e públicos, atritando, renteando ou atravessando a arquitetura do lugar e sua paisagem urbana. Isto ocorreu no Centro Cultural H.O., com a obra se instalando dentro e fora, ocupando os três andares do prédio, projetando-se no ar, na rua, impregnando a obra de uma velocidade subjacente e imanente, percorrendo e chicoteando o espaço dado, estendendo-o a cinco metros de distância da fachada e a oito metros de altura. Desnorteando, assim, nossa noção anterior da natureza espacial daquele lugar. As tensões entre equilíbrio, peso e flutuação que o trabalho instaura se refletem no caminhar tentativo e tênue do espectador, inaugurando uma experiência outra para quem se desloca naquele espaço. A consciência do próprio peso, de seu prumo e velocidade se operam conjugadas ao seu olhar que absorve a obra, o entorno e a si mesmo refletido nas chapas de aço ou policarbonato. Esta experiência ocorrida também na Documenta de Kassel, na Fundação Iberê Camargo e na Pinacoteca de São Paulo se ativa e radicaliza no MAM Rio de Janeiro, defronte o peso real de toneladas de aço em sobrevôo, tornadas linguagem plástica. O que é pesado se torna leve ao olhar. Então pode ser que, ao enfrentar o desafio de uma nova tomada de consciência do corpo invadindo um espaço, ambos – corpo escultórico e do espectador – criem uma simbiose que remete a determinados exercícios que a dança promove. Talvez aí a reverberação da dança na minha obra. O corpo da obra interage com o espectador. O trabalho transcende a si próprio e se expande no campo social, ativando-o. Os materiais e as tecnologias aplicadas atendem à impregnação poética de cada trabalho. Variam. Mas a investigação plástica se perpetua. Resiste, recomeça e se renova. O que importa é que esta consciência mais radical de corpo e espaço se tornou linguagem estética, constituindo o que se nomeia o corpo da obra.

Marc: Iole, fizemos uma viagem totalmente incrível, com todas essas obras que você mencionou no Centro Hélio Oiticica, no MAM Rio, bem como em outros lugares. Mas tenho a impressão que essa exposição no MAM, "O peso de cada um", foi bastante importante para você, e que quando você escolheu as obras para mostrar na galeria do Roberto Alban, a memória do processo de criação dessa exposição no Museu estava muito presente em você. Você poderia falar disso para nós?

Iole: Toda vez em que um artista projeta e realiza uma exposição de grande intensidade criativa e enorme dispêndio de energia psíquica inovadora sabemos que nela estarão presentes inúmeras conquistas plásticas que se deram em trabalhos anteriores. Isto se dará de maneira mais ou menos eloquente dependendo do trabalho em foco. A potência da linguagem expressa em uma recente organização plástica contém e radicaliza suas questões. As empurra para frente, acelera sua fala e desvenda aquilo que antes desconhecia. Reconhece o quanto não sabia sobre elas e desafiando-se, retira de cada uma delas uma nova e instigante presença poética. Leva-as a um outro patamar expressivo. Inscreve-as em outro sistema construtivo. E rompe os seus próprios limites. Na exposição "O peso de cada um", no MAM Rio, isto ocorreu de maneira muito intensa. Enquanto o raciocínio plástico se desdobrava e se agudizava na elaboração do projeto para o Museu, paralelamente pensamentos plásticos coerentes com a natureza da linguagem se articulavam em desenhos, maquetes e em obras de escala diferenciada, mas de igual vigor, que impulsionavam o processo, acelerando o descortinar de novas poéticas. Estas obras estarão expostas na Galeria Roberto Alban. Revelando sutilezas do sistema instalado no MAM, elas são anotações poéticas, estruturais daquele pensar. Resultam das articulações mentais, estéticas lá tratadas e que não se exaurem.

Marc: Iole, além das obras mais recentes que você esta trazendo para exposição do Roberto Alban, a sua ideia era também mostrar trabalhos mais históricos. Gostaria que você explicasse um pouquinho por que você escolheu estes trabalhos dos anos 1990, que você chama de “barrocos”. Também li um texto do Rodrigo Naves, falando desse momento da sua obra, dizendo que “Bernini terça armas com Tatlin, e que Aleijadinho sorri fraternalmente para Sérgio Camargo” ¹. Você poderia falar um pouco sobre isto?

Iole: Este trecho é parte do excelente texto do Rodrigo Naves sobre meu trabalho "Entre Lugar e Passagem", datado de 1994, e que permanece extremamente atual. É um dos textos que mais me emociona pela sutileza e acerto das reflexões trazidas numa escrita fluente e sonora. A certo ponto quando ele diz: "Bernini terça armas com Tatlin; Aleijadinho sorri fraternalmente para Sergio Camargo", ele se refere no meu trabalho a forte integração de um pensamento construtivo com um sentimento barroco por excelência. Esta vontade barroca permeia o sistema estrutural da obra e provoca o transbordamento das formas, como ocorre na obra instalada permanentemente na escadaria do Paço Imperial no Rio de Janeiro. Ao almejar um movimento ascensional que direciona a vontade plástica para o alto, e ao construir uma verticalidade ansiada, verga abruptamente os seus volumes vazados que quase tombam ao solo ao peso dos metais reluzentes que os constitui como na obra da Capela do Morumbi, em São Paulo. Esta ocorrência barroca que surge nas obras dos anos 90 é o que eu gostaria de dar a ver nesta exposição em contraponto ao pensamento assertivo e agudo das obras realizadas em aço.

Posted by Patricia Canetti at 5:59 PM