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setembro 20, 2014

Miquel Barceló por Max Perlingeiro

Apresentação da mostra de Miquel Barceló na Pinakotheke Cultural

MAX PERLINGEIRO

Miquel Barceló:
Pinakotheke Cultural, Rio de Janeiro, RJ - 24/09/2014 a 09/11/2014
Pinakotheke São Paulo, São Paulo, SP - 29/05/2014 a 12/07/2014

O planejamento da exposição de Miquel Barceló no Brasil – a primeira em uma galeria privada – teve início em 2012 e integra uma política bem estruturada de intercâmbio com renomados artistas internacionais.

A obra de Barceló esteve presente no Brasil em duas ocasiões: em 2000 no Museu de Arte de São Paulo (MASP), e, em 2003, na Pinacoteca do Estado, em São Paulo. Ambas as exposições eram itinerâncias de mostras vindas de outros países, com o apoio do governo da Espanha.

Para conhecer Miquel Barceló é preciso conhecer o ambiente dos seus quatro ateliês, acompanhar o seu processo criativo e ver as suas referências estampadas em paredes, bancadas e vitrines, onde este conjunto de objetos inusitados forma um grande “gabinete de curiosidades”.

A exposição apresentada foi pensada, junto com o artista, com o objetivo de mostrar sua produção atual de pinturas e cerâmicas, complementada com uma seleção de suas mais importantes esculturas em bronze.

Tive o privilégio de ver nascer no seu ateliê do Marais, em Paris, a série de monocromos (pinturas brancas) iniciada em 2012 que o aproxima da abstração, porém, são obras figurativas, como seus títulos sugerem: La huitième vague, Plage avec petite tâche noire, referências às espumas das ondas nas praias de Maiorca, sua terra natal ou como melhor descreve o artista: “marinhas que correspondem a minha série anterior de paisagens desérticas brancas”. E os círculos – Sol y sombra, Circus e La Macarena de Felanitx (nome de uma pequena praça de touros em Palma de Maiorca) – nos remetem às praças de touro, magistralmente pintadas pelo artista nos anos 1990 e, hoje, objeto de cobiça de museus e colecionadores. Como um contraponto à “série branca”, “os frutos”, obras de grande formato com tomates e figos que explodem no meio da tela. Suas telas brancas persistem há mais de duas décadas. Quando regressou de uma longa temporada na África, em 1988, sua pintura antes densa e cheia de referências culturais e autobiográficas, transforma-se em enormes extensões de paisagens brancas. Um branco que não significa ausência.

As cerâmicas foram selecionadas no seu ateliê em Vilafranca de Bonany (pequeno vilarejo em Maiorca) instalado numa antiga fábrica de artefatos de cerâmica. Lá, centenas de experiências com o barro se acumulam e se misturam com obras em todas as etapas da criação. Impossível de ser explicado. O artista trabalha com a imperfeição da matéria. É um trabalho solitário e bruto onde ele não admite colaboração. São obras autorais. Uma luta incessante entre o homem e a matéria. O artista explora ao máximo o imprevisível e depois recobre com desenhos ou fuligem do resíduo das chaminés, onde um novo processo se inicia.

Sobre as suas obras, Miquel comenta, no seu famoso Manifesto de barro, de 2012: “Certa vez escrevi que, se eu comecei a trabalhar com o barro é porque Gogoly-Sangha (Mali), o vento, não me deixou pintar. Provavelmente sim, mas, ainda assim, mais provável que esta argila não fez nada para manter a pintura. Como anteriormente, com minhas pinturas, precisei começar do zero: um velho oleiro Banani me mostrou onde pegar a melhor terra e como prepará-la.

Após a mistura com esterco de camelos e jumentos, bem como de velhos potes e frascos de entulho moído (chamote), tive que amassar repetidamente antes de fermentar. E, do barro amassado, novamente é obtida a plasticidade – nada se assemelha a qualquer argila mole e flexível. O primeiro trabalho em Dogon, no barro, começou como um crânio pensado para ligar duas orelhas grandes. Dada a fidelidade
chocante do resultado, substituí as orelhas por um nariz pontiagudo, como meu nariz, mas um pouco mais ainda... e eu percebi que era Pinóquio, quando, entre a secagem e queima (rudimentar) o tamanho da cabeça foi reduzido de quinze por cento. Essa foi a própria evidência, e é, geralmente, sempre em todas as minhas obras”.

Suas esculturas, não menos famosas, estão representadas, entre outras, por um exemplar do famoso Gran Elefandret, 2009 instalado na Union Square em Nova York, em 2011. L’allumette, 2005, uma obra marcante na sua produção, uma criação colaborativa com o seu filho adolescente. Um palito de fósforo queimado, simbolizando
a metade da sua existência e a finitude da vida. E duas esculturas atuais, com as modelagens de cerâmica. Para complementar a exposição, montou-se um “gabinete de curiosidades” com obras e objetos pessoais vindos dos seus ateliês e pela primeira vez exibidos ao público. E a projeção do filme: Mar de Fang, um documentário sobre o processo de execução do mural de cerâmica realizado para a Catedral de Maiorca.

Desde o início da sua carreira Miquel produz “cadernos de artista”, referências que recolhe em suas viagens. São dezenas de cadernos muito bem elaborados, com datação precisa, e páginas repletas de elementos naturais: folhas, gravetos, desenhos, terra, pigmentos, pintura, tudo o que reproduz com exatidão a experiência vivida pelo artista naquele momento. Esses cadernos têm vida. Os primeiros foram organizados por sua mãe e os mais recentes, pela equipe do seu estúdio de Paris. Em 2003 Le Promeneur-Gallimard editou Carnets d’Afrique, uma seleção destes cadernos que realizou na África entre 1988 e 2000. Um dos mais completos, realizado em La Graciosa, na Espanha, em maio de 2011, foi reproduzido com exatidão, em projeção visual, para nossa exposição.

Miquel Barceló é também um artista de obras monumentais, cabendo destacar duas grandes obras. Primeiramente, a instalação executada durante um período de seis anos, entre 2000 e 2006 na Capela do Santíssimo na Catedral de Santa Maria, arquitetura do século XVI, em Palma de Maiorca, na Espanha. A Capela foi revestida com imensos painéis contínuos de cerâmica policromada (300m²) e cinco novos vitrais de 12m de altura. Para realizar o trabalho, Barceló buscou parcerias: o ateliê de Vincenzo Santoriello em Vietri sul Mare na Costa Amalfitana, região da Itália de importante tradição na fabricação cerâmica, e o ateliê de vitrais de Jean-Dominique Fleury em Toulouse, na França. Os temas da iconografia evangélica A multiplicação dos pães e peixes e Bodas de Canaã foram recriados pelo artista, ressaltando o simbolismo religioso, porém Mar de tierra transcende seu significado na medida em que valoriza a transformação da matéria cerâmica. E, em seguida, destaca-se a cúpula da Câmara dos Direitos Humanos e Aliança das Civilizações, Organização das Nações Unidas (ONU), Genebra, Suíça. Teto com aproximadamente 430 m² e 60 toneladas de tinta, trabalho executado pelo artista em treze meses. Doação do governo espanhol para a ONU.

Hoje, Miquel Barceló divide o seu tempo entre seus ateliês em Paris, Maiorca e Mali, na África. Faz parte de comitês culturais e científicos. Foi o artista mais jovem a se apresentar no Museu do Louvre. Esteve presente na Bienal de Veneza, na Bienal de São Paulo, e na Documenta de Kassel, na Alemanha. Convidado para retrospectivas em instituições de renome, incluído o Centro Pompidou, Paris; Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madrid; Museu Rufi no Tamayo, México e o Museu Guggenheim Bilbao, Espanha, suas obras estão em inúmeras coleções públicas e privadas em todo o mundo.

A exposição tem seu início em São Paulo e itinerância no Rio de Janeiro e em Fortaleza. Desse modo, a maximização de público alia-se à rara oportunidade de usufruir da produção deste notável artista.

Posted by Patricia Canetti at 1:08 PM