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abril 14, 2013

Ca-mi-nhan-do por Mel Andrade

Ca-mi-nhan-do
v.i. Marchar, percorrer caminho. Progredir: ideia que caminha. Seguir; andar.

MEL ANDRADE

Caminhando, Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza, CE - 17/04/2013 a 17/05/2013

“Caminhando”, resultado dos encontros do Grupo de Estudos Processos em Curadoria do CCBNB. Esse título enlaça toda minha vivência em relação à curadoria, à escrita crítica.

Um dia, conversando com uma amiga artista, decidi que queria fazer curadoria, não lembro engatilhado por qual assunto. Pouco tempo depois dessa conversa, foram abertas as inscrições para o Grupo de Processos em Curadoria e fui aceita. Eu já tinha noções sobre o processo curatorial de uma exposição, até mesmo por, na época, trabalhar como educadora no Museu de Arte Contemporânea (MAC) (1). Mas o que sempre me incitou em relação à curadoria foi a possibilidade de estarmos em profundo diálogo com os conflitos, os percursos, as indagações, as propostas, as experimentações dos artistas.

Durante o processo de curadoria de uma exposição, fazemos a pesquisa e a escolha das obras, escrevemos o texto de parede e o texto crítico/curatorial, pensamos na expografia do espaço museal. Mas, além dessas etapas habituais, temos o cuidado em pensar nas obras (e artistas) e em como elas se relacionam umas com as outras no espaço expositivo; como construir um pensamento e até em uma narrativa através das obras escolhidas. De usar o discurso do artista para criarmos nosso próprio discurso.

Ricardo Basbaum (2005) fala em seu texto “Amo os Artistas-Etc” sobre o curador que passa a exercer a curadoria aliada a outra função:

ADVERTÊNCIA:

Atenção para esta distinção de vocabulário:

(1) Quando um curador é curador em tempo integral, nós o chamaremos de curador-
curador; quando o curador questiona a natureza e a função de seu papel como curador, escreveremos ‘curador-etc’ (de modo que poderemos imaginar diversas categorias, tais como curador-escritor, curador-diretor, curador-artista, curador-produtor, curador-agenciador, curador-engenheiro, curador-doutor, etc);

(2) Quando um artista é artista em tempo integral, nós o chamaremos de ‘artista-artista’;
quando o artista questiona a natureza e a função de seu papel como artista, escreveremos
‘artista-etc’ (de modo que poderemos imaginar diversas categorias: artista-curador, artista-escritor, artista-ativista, artista-produtor, artista-agenciador, artista-teórico, artista-terapeuta, artista-professor, artista-químico, etc);

Percebemos o quanto o trabalho do curador (o bom curador) não se resume a escolher obras, seus lugares em uma parede e assinar a exposição; o curador pode (e deve) se permitir ir além disso, colocar seus conhecimentos e sentimentos em favor da exposição. Ser curador é sentir, é resistir e mostrar a essência e subjetividade do artista, é conseguir trazer à tona os sentimentos dele e provocar outros no público.

Uma obra pode estimular os vários sentidos e ser percebida por diversas formas: cor, som, gosto, tato. Porque é a relação de experiências que tivemos com a obra. Ela tem seu próprio tempo e espaço, seu próprio universo.

Dentro de todo esse hemisfério de possibilidades em trabalhar com a arte contemporânea, nos deparamos, durante as pesquisas e visitas ao acervo do CCBNB, com obras que utilizavam do corpo para gerar aquelas inquietações ou mesmo nos colocar diante de nós mesmos e nos perguntar “para quem é esse corpo?”.

“Nossa existência corporal é encarnada, ela não existe fora do corpo. Tarda a compreensão de ‘sermos um corpo’, ao invés de ‘termos um corpo’. Vivemos um misto de presença e ausência do corpo (...)” (ZYLBERBEG, 2013). O corpo existe, para o artista, como um suporte de transformação, como quando o artista usa o corpo para experiências e estudos. É possível haver uma potência assim que o corpo, como suporte criativo ou como criação, chega a um limite ou em um gesto. Sendo, esse limite e esse gesto, conduzidos pela narrativa que a obra impõe ou pela intencionalidade do artista.

Essa potência do corpo está presente na performance da Amanda Melo e seus tentáculos de água-viva, no jogo entre corpos e dispositivos de Yuri Firmeza, na luminescência e universos ficcionalizados de Cristiano Lenhardt e Sólon Ribeiro, na personificação animalesca de Rodrigo Braga, nos limites estruturais em que Waléria Américo e Nino Cais se determinam, nas estrias de Filipe Acácio, em termos nossa história contada na pele, na narrativa intimista de Juliana Notari, nas experiências corporais de Carlos Melo, na delicadeza do entre-corpos de Marina de Botas.

No final disso tudo, nossa exposição se transformou, cresceu, foi além do que imaginávamos: ela quis ser também corpo em processo. Por que o que não foi processo em nossos encontros? A exposição e nossos encontros: é tudo processo.

Pro.ces.so. sm (lat processu). Ato de proceder ou de andar. Sucessão sistemática de mudanças numa direção definida. Ação de ser feito progressivamente.

Todos os textos lidos e discutidos, os encontros nas terças quentes de Fortaleza, guardados pelas mãos de Gaio, os textos escritos, as conversas, as fascinações, as reflexões, as decisões, os artistas queridos, os recém-conhecidos, Caetano (2) chegando, as preparações para a exposição, a decisão sobre o nome da exposição, as conversas intermináveis na internet, a montagem, a abertura. Tudo isso é a exposição. Tudo isso caminha conosco e ficará conosco.

NOTAS

1 O Museu de Arte Contemporânea (MAC) é um museu mantido pelo Instituto de Arte e Cultura do Ceará (IACC), uma instituição do Estado do Ceará, e é localizado dentro do Centro Cultural Dragão do Mar, espaço cultural de Fortaleza.

2 Cecília Bedê estava grávida na época dos encontros. Caetano é seu filho.

BIBLIOGRAFIA

BASBAUM, Ricardo. Amo os artistas-etc. In: Políticas Institucionais, Práticas Curatoriais, Rodrigo Moura (Org.), Belo Horizonte, Museu de Arte da Pampulha, 2005.

O corpo Implicado: leitura sobre o corpo e performance na contemporaneidade. Antonio Wellington de Oliveira Junior (org.)- Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2011.

Performance Ensaiada: ensaios sobre performance contemporânea. Antonio Wellington de Oliveira Junior (org.)- Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2011.

OBRIST, Hans Ulrich. Uma breve história da curadoria. São Paulo: BEI Comunicação, 2010.

ZYLBERBERG, Tatiana. As Marcas nos Corpos que Somos e os Nossos Nós. Disponível em: http://lepserufc.wordpress.com/. Acessado em 07.04.2013.

Posted by Patricia Canetti at 11:32 PM