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abril 7, 2009

A criação da crítica, a crítica da criação por Ananda Carvalho

Sobre o Seminário Criação e Crítica no Museu Vale

ANANDA CARVALHO*
especial para o Canal Contemporâneo

Esse texto é um misto de artigo, relato, fichamento e resenha, no qual compartilho a experiência do Seminário Internacional Criação e Crítica, que ocorreu de 11 a 15 de março de 2009 no Museu Vale em Vila Velha, Espírito Santo. Numa proeza rara foi lançado, na abertura do evento, o livro com os textos que seriam apresentados. Esses mesmos textos encontram-se disponíveis ao público no site do seminário.

As mesas foram constituídas por Mônica Zielinsky; José Damasceno e Tania Rivera; Jean-Claude Lebensztejn; Rodrigo Braga e Clarissa Diniz; Ana Maria Machado e Eduardo F. Coutinho; Marilá Dardot e Luisa Duarte; Nelson Felix e Glória Ferreira; Ricardo Basbaum e Waltércio Caldas; Jacinto Lageira e Thierry De Duve. Minha leitura do evento não é cronológica. Busco elencar temas que transpassaram as falas que tive a oportunidade de acompanhar.

Crítica imersiva, compartilhada, multidisciplinar

Clarissa Diniz ao apresentar sua experiência com a revista Tatuí defende uma crítica de imersão. A Tatuí surgiu na Semana de Artes Visuais do Recife, em 2006, com a proposta de acompanhar os trabalhos artísticos do evento. Nesta mesma semana, a equipe, composta por Ana Luisa Lima, Silvia Paes Barreto, Renata Nóbrega, Bruno Vilela e Clarissa Diniz, escreveu, editou, criou a identidade visual e publicou a revista. Com esse relato, Clarissa descreve uma crítica em processo, considerando que os fenômenos surpreendem-nos, nos façam falar. Essa crítica vem do impulso de comunicar e compartilhar experiências de nossa percepção a partir da imersão. E sugeriu: em vez de só observar o processo artístico, participar também, de modo que se possa particularizar a experiência de outro modo. Dessa maneira, constrói-se uma crítica colaborativa, no sentido em que o neurobiologista chileno Humberto Maturana conceitualiza os sistemas. Ou seja, é preciso ser dependente para ser autônomo, ou ainda, dentro de um sistema social, a dependência gera colaboração. Resumindo, Clarissa propõe uma crítica como investigação artística, realizada em colaboração com o artista. Ou ainda, uma conversa em que artista e crítico buscam conhecer o que lhes escapa à racionalidade.

A respeito do encontro do crítico com o artista, Glória Ferreira desenvolve um pensamento sobre a entrevista. Essa estratégia permite, além do sentido mais restrito de encontro, de conferência de duas pessoas, o sentido de “entrefala”, de “encontro marcado”, de uma relação com o acaso. Neste caso, a autoridade vem da fala do artista sobre o que ele faz e não da valoração crítica. Sobre isso, copio aqui sua fala na íntegra: Fugidia em relação à descrição, à análise ou à interpretação, sem tampouco jamais se dar completamente à imagem, o trabalho de arte, no sentido mais estimulante, como mecanismo operatório e critico dos artistas, estabelece com a critica “entrefalas”, sempre uma “ex-posição”, abrindo-se a novas posições, buscando sua validade no sentido mais histórico, na tessitura de sua própria presentação ao mundo. Um exemplo de uma experiência bem sucedida da conversa entre artista e crítico são as parcerias realizadas por Glória Ferreira e Nelson Felix. No portfolio do Nelson no Canal Contemporâneo encontra-se um belo texto da Glória que demonstra essa questão.

Encontramos a idéia da proximidade ou compartilhamento entre artista e crítico também na fala de Luisa Duarte. Para Luisa, o crítico consegue construir um campo mais alargado do pensamento através do contato e do convívio com seus contemporâneos. Essa proximidade trás uma crítica como testemunho, que respira a intimidade entre crítico e artistas e, também, depende da repetição de uma convivência. Segundo a palestrante, a crítica que realiza é compartilhar com o outro a experiência, o pensamento crítico da arte. Nas palavras da Luisa: quando você atua como crítico, não lida só com procedimentos estéticos. Extrai um conteúdo inteligente de um conteúdo sensível. Nesse sentido, Luisa levantou outra questão da contemporaneidade: a multidisciplinaridade. O crítico lida com um repertório que vai além da arte. É obrigado a lançar mão de outras disciplinas para compreender as obras. Considerando essas questões, apresenta a idéia do curador como crítico de uma cultura. E recorda que Waltércio Caldas disse que o curadorismo seria o último “ismo” do século XX. A arte contemporânea não tem uma estética, tem um discurso, tem caminhos.

A palestra de Waltércio Caldas foi só no dia seguinte, quando comentou a questão do curadorismo citada por Luisa. A curadoria produz um intermediário, um agente entre o artista e o público. Waltércio questiona em tom irônico: porque o artista precisa de um mediador? A complexidade chegou a um nível tão alto que o público não acompanha mais?

Para Waltércio, a cultura da crítica, ou a crítica da cultura, mantém as manifestações culturais dentro de um limite do compreensível. Em contraposição, ele defende a subjetividade subversiva, a obra é o que a obra é. Quando o artista fala da obra não pensa só na obra que ele fez: pensa no que ele não fez, no que poderia fazer, etc. A fala de um artista mostra uma dinâmica de relação que não poderia ser falada por um crítico. O artista tem a possibilidade de fazer uma coisa aparecer. Produz uma coisa que não havia até então. A tarefa do artista seria melhorar a qualidade do desconhecido.

A crítica e os processos criativos

Rodrigo Braga apresenta seus trabalhos e descreve a realização de cada um deles. Conhecer o trabalho de Rodrigo a partir de sua voz emocionada é instigante. Entretanto, o mais interessante da construção de sua fala é que a apresentação dos trabalhos foi concluída com a leitura de algumas críticas que já foram feitas sobre eles. Nesse momento, a contradição da subjetividade da crítica se ressalta.

rodrigo_clarissa_seminario.jpgAna Maria Machado também apresenta um depoimento pessoal sobre a experiência em relação às críticas que seus textos receberam. Sob o ponto de vista da crítica literária publicada em grandes meios de comunicação, aponta como para um artista é difícil conviver com a crítica. Em suas palavras, a crítica é um prolongamento da experiência do aluno em dia de prova final.

Nelson Felix faz uma descrição do processo criativo. O artista cria significados e mais significados e uma hora o significado se perde. Quando o significado se zera, volta o exercício do olhar e este se torna primeiro novamente. Esse ponto zero é um elo mágico. Existe na arte para que ela seja arte. É o que transforma a ilustração em desenho. A palavra é clara, a coisa e o conceito não. O processo artístico necessita de uma sensibilidade que se desperte. Cita como exemplo, o que aconteceu com ele na experiência de criar a exposição para o Museu Vale. Quando olha um espaço de 300 m2 como o deste museu, pensa que vai botar uma idéia lá dentro, um conceito. Entretanto, são tantos conceitos que uma hora eles acabam. Resta, apenas, o olho visualizando o cubo. Este é um puro, que não permanece, vira um fascínio, uma imensidade. Para finalizar, o artista questiona: como os críticos vão falar sobre isso? Eu tenho pena dos críticos. Em resposta a uma pergunta da Tania Rivera, Nelson diz que a proximidade com o crítico ajuda a criar significações diversas, ou, ajuda a atingir a entropia do momento zero.

Releituras: a arte como crítica?

Nelson Felix apresenta também o trabalho 4 cantos inspirado pela poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen. Segundo o artista, esse trabalho representa a sensação que a poesia passa para ele. Por outro lado, 4 cantos dá continuidade a outros trabalhos que se iniciaram com a obra exposta no Museu Vale. A partir das coordenadas geográficas, Nelson cria desenhos imaginários através do seu deslocamento e novas formas de escultura com obras em processo em que a natureza encarrega-se de construir a continuidade.

NelsonFelix_MarilaDardot.jpgMarilá Dardot apresenta seus diversos trabalhos que versam sobre obras já existentes, a maioria inspirados pela literatura. A artista entende o trabalho de arte como reação a algo no mundo que a surpreende, afeta, atinge, de um incômodo ou de uma alegria. Vem de uma necessidade de compartilhar algo. Nesse sentido, seus trabalhos são uma conversa. As obras apresentadas por Marilá - ++, Rayuella, Insone, Ulysses - são de uma profundidade e uma delicadeza que não caberia descrever aqui. Para quem não as conhece em sua totalidade, sugiro prontamente uma visita ao site da sua galeria para ver mais imagens.

Para citar apenas um trabalho, O Livro de Areia apresenta grandes influências do conto de Borges, que fala de um livro em que as páginas nunca se repetem. Nesse trabalho, a artista constrói um livro feito com páginas de espelho, que reflete o que está fora. O livro de espelho reflete não só o leitor, mas também um entorno. A obra se dá nesse encontro e reconstitui-se a cada momento em que ela é acessada. Marilá ainda ressalta que qualquer trabalho de arte é um livro de areia.

Em sua apresentação, Eduardo Coutinho comenta o livro Obra Aberta de Umberto Eco. O conceito de obra aberta não significa que toda obra permite múltiplas interpretações. Como O Livro de Areia de Marilá, a obra aberta é aquela que deixa algo propositalmente aberto, que faz com que o leitor torne-se criador, o fruidor que irá fomentar a obra. Como exemplo, citou O jogo da amarelinha (Rayuella) de Julio Cortázar, no qual o leitor é forçado a escolher uma ordem de leitura.

Coutinho desenvolve uma história da crítica, retomando desde a Grécia clássica a produção do século XX, com o intuito de desmitificar a crítica como avaliação e caracterizá-la como mediação entre artista e público. Defende que a leitura crítica re-encena, recria o texto. Assim, como a representação de um ator, o crítico torna-se um leitor cúmplice ou até um co-autor. O crítico mediador é alguém que provoca a reflexão no outro, desencadeia o diálogo. Nesse sentido, o papel do crítico torna-se muito parecido com o do professor.

A crise da crítica e a busca por outros formatos

Em sua fala, Glória Ferreira também relembra que em meio à profissionalização e especialização do crítico, e com a consciência da crise desse discurso manifestada em todo o seu universo de atuação, o próprio ensaio crítico aspira a ser também obra de arte. Cita, o caso de Frederico Moraes que exerceu nos anos 70 uma “crítica poética”, cujo ato de avaliação se dá nos próprios termos da arte, ou seja, como obra de arte. É também no final dos anos 60, que a figura do curador começa a se estabelecer. Atividade crítica que guarda a singularidade de afirmar uma visão autoral – e não apenas pelo discurso, mas como apresentação das obras – sobre trajetórias, períodos e acontecimentos históricos. Sua influência indica que a crise da crítica e sua transformação são indissociáveis do esgarçamento das linhas que regiam a história da arte.

Ricardo Basbaum em um texto composto por um belo jogo de palavras apresenta o contexto de produção de arte como um território de encontros (magnetismo afetivo da afinidade + guerra política dos interesses), ou ainda, conglemerados de alteridades. Nas palavras de Ricardo: Desde logo, um alerta: não se trata aqui de ter a obra/ situação concebida como se lhe faltasse algo ou alguém que irá finalmente preenchê-la; mas de compreendê-la como gesto de ação em mais de uma direção, cuja construção implica espacialidade própria, singular, caracterizada aqui (em um de seus aspectos) como potencial terreiro de encontros a abrir-se a um conglomerado de alteridades – o que indica um impulso para acolher a irregularidade das linhas do que é diverso de si, ali a se acoplar pelo magnetismo afetivo da afinidade, mas também pela guerra política dos interesses. (…) Como se, em relação à arquitetura dos terreiros, coubesse à obra um zelo pelas membranas ou bordas, ou seja, nem tão inflexíveis, nem tão flácidas. Somente a partir de uma disponibilidade que seria intrínseca à condição de obra de arte – algo em situação – é que se pode resumir sua trajetória a seqüências de encontros; somente, é claro, se essa disposição estiver inscrita desde sempre, a prescrever ritmos e a indicar uma multiplicidade de recepções possíveis (mesmo que contraditórias).

Em seu texto, Tania Rivera lembra também do artigo “O Ensaio como forma”, em que Theodor Adorno propõe a experimentação e “a heresia”. Cito aqui um trecho escrito por Tania. Toda análise crítica se vê hoje condenada a denunciar como ilusão sua pretensão de atingir o ponto central de uma obra. Toda aproximação crítica está condenada a certa deriva, a um quase. O crítico e teórico do cinema Raymond Bellour propõe que se substitua a ilusória apreensão do filme ou de parte dele por uma multiplicidade de gestos diante do cinema: o gesto de parada da imagem, gestos de passagem de filme em filme, de um conceito a um fotograma, etc. Uma dissolução da crítica, uma crítica do próprio propósito crítico talvez deva levar­nos à definitiva substituição do julgamento por nada além de gestos críticos. Limitados gestos girando em torno de algo, como nós no labirinto de Através (os elementos teóricos, assim como os da história da arte, seriam como os diversos anteparos aí existentes, podendo tanto esconder a obra, quanto acentuar sua luz). Gestos capazes de quebrar a si mesmos, de se assumir como quebra. Ou melhor: de transmitir as quebras da própria obra, e recolocar em marcha a crise que já era sua.

Volto para casa com perguntas e muitas coisas para pensar. Com a sensação de que esse tema ainda pode suscitar muitas questões, convido a todos a continuarem essa discussão aqui no Canal Contemporâneo.

*Ananda Carvalho viajou a convite do Museu Vale.

Posted by Ananda Carvalho at 5:23 PM | Comentários(2)
Comments


tentei acessar o site dste seminario, mas veio isto na pagina:


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Posted by: seminario at abril 13, 2009 9:14 PM

Excelente trabalho de resenha de um seminário.
Apenas um comentário: toda crítica de arte é subjetiva. Se for objetiva não é crítica.

Posted by: Paulo Sergio Duarte at maio 4, 2009 1:06 PM
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