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julho 5, 2005

Arte sem arte, por Rubens Pileggi Sá

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Peça para piano nº 13", de 1964, "interpretada" por George Maciunas

Arte sem arte

RUBENS PILEGGI SÁ

Arte e antiarte - Se a definição de arte é matéria para mais de um livro de teoria, definir o que é antiarte, então, é uma tarefa dificílima, senão impossível. Isso se ainda for possível pensar o que é algo que não é. Mas, poderíamos dizer, de modo grosso e abusivamente, que arte é o oposto da antiarte. E ficaríamos por aí mesmo, para evitar maiores problemas de conceituação.

Entre a arte e a antiarte, ou não-arte, um termo que se coloca é o da a-arte, ou anarte, com esse alfa privativo - a letra A antes da palavra - de que falava o maestro e professor Koellreuter, não de negação, mas superação de uma coisa por outra, como no caso do tonalismo e do atonalismo, em música. Aquela coisa de incluir semitons, ruídos, quebras da melodia, rompimento com a harmonia, etc.

Arte sem arte - Embora superar não queira dizer, necessariamente, continuar em linha reta um programa iniciado pelos antecessores (lembrando que depois de Freud não há como ignorar o complexo de Édipo), o que seria conquistado ao se superar a arte? Talvez tenha sido essa a pergunta que os participantes do movimento Dadá se fizeram, ou fizeram à arte, no já longínquo começo do século vinte: para que serve a arte senão a de estar entranhada no dia a dia do cidadão comum, em sua vida tão pouco sublimada?

O (anti) artista George Maciunas - fundador do grupo Fluxus, que colaborou na alteração do cenário artístico na Europa e nos Estados Unidos depois da segunda metade do século passado - define a arte a partir da anti-arte, dizendo que "os niilistas da arte ou anti-artistas (que geralmente recusam essas definições), ou criam a 'anti-arte' ou trabalham sobre o nada". E que "as formas 'anti-arte' atacam em primeiro lugar a arte enquanto profissão, a separação artificial do artista e do público, ou do criador e do espectador, ou da vida e da arte". Para ele, "a chuva que cai é anti-arte, o rumor da multidão é anti-arte, um espirro é anti-arte, um vôo de borboleta, os movimentos dos micróbios são anti-arte. Essas coisas também são belas e merecem tanta consideração quanto a arte. Se o homem pudesse, da mesma maneira que sente a arte, fazer a experiência do mundo, do mundo concreto que o cerca (desde os conceitos matemáticos até a matéria física) ele não teria necessidade alguma de arte, de artistas e de outros elementos 'não produtivos'". Ou seja, um estado de arte sem arte, onde tudo torna-se material indispensável para a "experiência do mundo".

Além da arte - Mas para que essa "experiência" se concretize, é preciso "desconstruir" muito do que aceitamos como verdade irremediável e tornar, novamente, a alimentar o que alguns chamam de "a criança que vive em nós". Aquilo de ver o mundo como um maravilhoso mistério, de ver cada coisa, por mais comum que seja, como se fosse a primeira vez que aquilo fosse visto. Um descobrir, ao mesmo tempo, um questionar constante sobre o que se está diante de nós, ou, como escrito pelo poeta Oswald de Andrade: "ver com olhos livres".

Liberdade de ação - Mas, "ver com olhos livres" em uma sociedade onde é tudo formatado, tudo padronizado, tudo transformado em mercadoria e espetáculo é mais do que uma mera "experiência" para quem se propõe a correr tal risco. Porque o exercício da liberdade dói, ofende, magoa àqueles que, de uma forma ou de outra, vivem, dependem e defendem um mundo onde ter é mais importante do que ser.

Contrapor e sobreviver ao comportamento aceito como normal, socialmente, foi a maneira que algumas pessoas encontraram para justificar suas vidas, ainda que pagando, muitas vezes, com a própria vida, por suas ousadias. Hans Baader, um dadaísta na Alemanha, por volta de 1916, 1917, foi um desses que, de tempos em tempos passava "férias" em um sanatório e que acabou ganhando uma carteirinha que apresentava à polícia toda vez que se metia em alguma confusão, livrando-o de ser preso.

Temos em artistas como Picasso nossos heróis, vencedores, rodeados de belas mulheres, transformando tudo à sua volta com a genialidade acima do resto da humanidade. Tentar imitá-los é tornar-se apenas ridículo. E temos pessoas à nossa volta que, por mais ridículas que possam parecer à primeira vista, sempre nos dão a lição de que são portadoras de uma liberdade de ação do qual nenhum rótulo, nenhuma estrutura, nenhuma instituição é capaz aprisioná-las, ou domesticá-las. Talvez por dispor da liberdade de um modo tal que muitos - inclusive artistas - apenas sonham poder exercer.

Posted by Rubens Pileggi Sá at 11:05 AM | Comentários(5)
Comments

Acho que falar em anti arte é tão absurdo quanto dizer: "não acredito em Deus". Só o fato de desacreditar algo, já o torna existente.

Posted by: Cris Alcântara at agosto 21, 2005 7:36 PM

putz, este texto caiu como um par luvas de couro, na mais baixa temperatura provinda do sentido formatado e sustentado por muitos. me sinto muitas vezes tão livre, que a cabeca gira em direção ao céu em golpes ludicos e eu fico apenas observado-a fluir. muito bom o texto, caro Anthi. buenas!

Posted by: bossanove at novembro 23, 2005 9:48 AM

centrar-me no conteudo do texto voltado para o principio da anti arte ou da arte em si, seria como me perder em explicações e teorias da formacnao do universo. porem ste, deu inicio a parte legal do bolo, a[a]liberdade [tanto faz]. prefiro me centrar no processo da ação/pratica e produção... seja lá como sto que faço, é chamado.

Posted by: blissett at novembro 23, 2005 9:57 AM

A arte dá sentido à vida. A anti-arte desconstroi e nada constroi. Não vejo como positivo o "movimento" da anti-arte. O universo é caos e a arte é a representação que nos dá identidade. Temo que a trilha da anti-arte nos leve mais ao encontro do caos e da barbárie do que à liberdade.

Posted by: Ricardo at maio 8, 2006 2:33 AM

Exelente artigo!
A anti-arte não se trata de uma descrença quanto a arte em si, muito menos de algo gerador de caos.
Ela apenas se dá como uma forma raficada da arte. Uma busca por outro tipo de arte que esta não ousaria, apesar desta mesma ousadia ser representada de outras formas categoricas e significativas. Afinal a anti-arte só existe em cosequencia da arte e, portanto, é uma contraposição da mesma.

Posted by: Fecaloidiana at setembro 18, 2006 11:35 AM
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