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agosto 23, 2015

Do lugar do cowladyboy, entre nov[elos] e nov[ilhas] por Marília Panitz

Do lugar do cowladyboy, entre nov[elos] e nov[ilhas]

MARÍLIA PANITZ

Gê Orthof - Nov (elos) + Novi (lhas) = Cowladyboy, Amarelonegro Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, RJ - 26/08/2015 a 25/09/2015

Uma estrutura complexa de acrílico e madeira… base para uma estranha narrativa. Estranha? Entronizado no alto da torre, está o livro (afinal, na obra de Gê Orthof, não são sempre os livros?) “The manlyartofknitting”, um manual de tricô para ser feito ao ar livre. Na capa, um típico cowboy dos filmes de John Wayne, está montado em seu cavalo malhado… tecendo, com suas duas agulhas. A imagem, em tons de cinza, dá o tom da cena. Nos transportamos.

Os nov[elos] e as nov[ilhas] se apresentam, ao longo das peças da exposição, com seus sufixos como bússola: de uma imagem tão identificada com o universo masculino – ilhado em sua circunstância, em relação ao feminino (pois as fêmeas fazem parte do rebanho a ser submetido pelo laço)– surge o impensado ato de tecer os elosentre os supostos antípodas (habitantes de espaços contrários). Assim, convivem os novelos e as novilhas constituintes de um só sujeito. Sempre “s[eu]” – como aponta um de seus desenhos|poemas. Essa equação poética que nos ensina algo do amor: que o S do sujeito sempre se oferece ao outro (objeto do amor), outro que é [eu]. Reconhecido.

Há, na narrativa fragmentária, construída por indícios que o observador terá de utilizar para construir seu tecido, uma clara posição política (da qual, convém dizer, o artista nunca se esquiva, em seus trabalhos), que questiona, com humor e ironia, os papéis impostos e reificados, de identidades congeladas que, acima de tudo, negam a história.

Do topo à base da edificação de nov[elos]+ nov[ilhas]= cowladyboy, passamos por várias imagens-notas.O grande falo (?) recoberto pelo tecido cinza desfazendo-senos fios de lã que são armazenados em um receptáculo transparente, no outro lado do objeto; lá onde se vê a imagem dos dois homens em um barquinho no Rio Danúbio, este “herdado” de outra instalação de Gê: “mar-armar” - o fluxo do rio, da Europa ao Rio Negro, plena diáspora. Apresentam-se também as pequenas construções, paisagens mínimas. Eos campos de cor feitos de acrílico e feltro (matérias recorrentes em sua obra) que subvertem a paleta estrita de cinzas e cor de madeira. Só pontuações.

As caixas|paisagem – algumas com música – feitas em acrílico transparente (presentes em suaobra, desde “Son(h)adores”, de 2010) vem aqui em formato de ortoedros (ou paralelepípedos, aqueles sólidos retangulares). Vistos assim emparelhados, lembramao artista, osvagões de um trem–bela imagem para compor nossa cena campestre, lugar do cowladyboy. Em cada uma delas, formas geométricas feitascom chapas coloridas e transparentessustentam um micro ambiente, pequenas situações, algumas acompanhadas de um fundo musical feito por caixinhas de música. Lá estão a Internacional (de seu exílio europeu) onde figura o vagão do trem das despedidas;HavaNagila (de sua ascendência judaica) na pastoral, com a vaquinha pastando na cor… Na terceira, entre o vermelho e o amarelo, o postal do cowboy com uma esfera de cristal a frente e uma mulher que espia através dela. Um alce (talvez vindo de “Os Himalaia”, de 2015, sua obra anterior a esta agora exposta) escapa da quarta, seguro por um fio daquela lã cinza, vindo do novelo dentro da caixa. E, na quinta um ziguezague em branco e preto encerra o novelo cinza em um canto. Sua linha se une a um disco preto, do lado de fora, trazendo um homem que olha a paisagem.

As lâminas de acrílico colorido também se deslocam para os três grandes desenhos | poemas – Truque…; UM ESPINHO É POUCA COISA DIANTE…; cow/boy / cow/ard / [ não ]/coragem…. São translúcidas no topo da moldura (também feita de acrílico) criando, com a luz, uma mancha de cor sobre o papel branco, e opacas nas formas que a atravessam, criando um relevo que se projeta para além do papel e da caixa que o protege. Desestabiliza os desenhos, lança-os no espaço. Estes que também são notas dispersas pela superfície brancas, com imagens e palavras “preciso precipício / o vasto / galope (…) silvo / sibila/ saliva/ s[ eu ]”.

Posted by Patricia Canetti at 11:08 PM