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janeiro 22, 2020
MASP anuncia aquisição de 296 trabalhos de artistas mulheres em 2019
Em 2019, o MASP dedicou toda sua a programação de exposições, publicações, oficinas, cursos e palestras ao eixo temático "Histórias das mulheres, histórias feministas". As mostras individuais incluíram as artistas Akosua Adoma Owusu, Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Catarina Simão, Djanira da Motta e Silva, Gego, Jenn Nkiru, Laura Huertas Millán, Laure Prouvost, Leonor Antunes, Lina Bo Bardi e Tarsila do Amaral, além de duas coletivas, "Histórias das mulheres: artistas até 1900" e "Histórias feministas: artistas depois de 2000".
Nesse contexto, todas as aquisições de obras do ano passado tiveram em comum o objetivo de aumentar a presença de mulheres artistas no acervo do museu. O resultado se traduz agora em 296 trabalhos de 21 artistas contemporâneas, um coletivo e artistas do século 19. São obras de Aline Motta, Ana Mazzei & Regina Parra, Anna Bella Geiger, Carolina Caycedo, EvaMarie Lindahl & Ditte Ejlerskov, Kaj Osteroth & Lydia Hamann, Leonor Antunes, Lucia Guanaes, Luiza Baldan, Lyz Parayzo, Marcela Cantuária, Ruth Buchanan, Sallisa Rosa, Santarosa Barreto, Serigrafistas Queer, Tuesday Smillie, Valeska Soares e Virgínia de Medeiros assim como mulheres (ou grupos de) artistas do Egito, Grã Bretanha, Marrocos, Império Otomano, Filipinas, Estados Unidos e Uzbequistão. Além disso, um comodato da obra "Composição (Figura só)", 1930, de Tarsila do Amaral, possibilitou que a obra fosse agregada ao acervo do museu. Atualmente, ela é exibida em um dos cavaletes de cristal do "Acervo em Transformação", a exposição de longa duração do MASP.
Para Adriano Pedrosa, diretor artístico do museu, "o ano de 2019 foi extraordinário para o MASP no que diz respeito a aquisições e programação, já que tantos artistas que se identificam com o gênero feminino passaram a compor a coleção. O impacto dessas aquisições vai de encontro a missão do museu ao se tornar, cada vez mais, uma instituição inclusiva, diversa e plural".
Segundo Isabella Rjeille, curadora de "Histórias feministas: artistas depois de 2000" e responsável pela maioria das aquisições, "esse é um passo histórico para o museu rumo a uma representação menos desigual na História da Arte em nosso acervo, conhecido principalmente pelas presenças brancas, masculinas e de origem europeia".
Grande Cortejo Modernista no aniversário de São Paulo
Música, teatro, circo e dança preenchem de arte e cultura as ruas, edifícios e palcos localizados no centro histórico da cidade, durante “O Grande Cortejo Modernista”. Com dez horas de duração, o espetáculo itinerante tem início no Pateo do Collegio e termina na Praça da República. Apresentam-se artistas como Elba Ramalho, Karol Conka, Rashid e Ney Matogrosso; os grupos Bixiga 70, Skank, Demônios da Garoa, Aerogroove, Coral Indígena Guarani Amba Vera, Orquestra Sinfônica Municipal, Coro Lírico, Coral Paulistano, Balé da Cidade, bonecos da Cia. PiA FraUs, além dos Blocos Pagu e Baixo Augusta. O cortejo promove uma verdadeira viagem pela história do Modernismo e suas manifestações na capital paulista. Para dar vida a personagens históricos, foram convidados os atores Pascoal da Conceição, Rosi Campos, José Rubens Chachá, Virgínia Cavendish, Marcos Palmeira e Marcelo Airoldi.
25 de janeiro de 2020, sábado, de 12 às 22h
Pateo do Collegio
Praça Pateo do Collegio 2, Centro, São Paulo
PROGRAMAÇÃO
12h – Pátio do Colégio: abertura do espetáculo com José Rubens Chachá como Oswald de Andrade e Pascoal da Conceição como Mário de Andrade anunciando o Grande Cortejo Modernista.
Apresentação do Coral Paulistano com o Coral Guarani Amba Vera;
13h – Pátio do Colégio: Início do cortejo com Elba Ramalho e banda Bixiga 70;
14h – Largo São Bento: no berço do Hip hop, show com Karol Conka, Rashid, bboys, bgirls e DJs;
Pela Líbero Badaró, intervenções aéreas com dançarinos , performers e os personagens Di Cavalcanti (Marcelo Airoldi) e Tarsila do Amaral (Rosi campos) dialogam das sacadas de Prédios Históricos.
No Edifício Sampaio Moreira, sede da Secretaria Municipal de Cultural (SMC), os personagens Mário de Andrade (Pascoal da Conceição) e Anita Malfatti (Virgínia Cavendish) celebram os 45 anos de criação da SMC e sobre a primeira exposição de Anita.
15h – Praça do Patriarca: O Balé da Cidade apresenta coreografias inspiradas na obra da artista plástica Tarsila do Amaral, ao som da banda aérea da Cia-K Aerogroove.
Rosi Campos como Tarsila do Amaral apresenta os bonecos gigantes da Cia. PiA FraUs, inspirados em obras do modernismo brasileiro.
15h30 – Nas sacadas do Edifício Matarazzo, o grupo Demônios da Garoa apresenta clássicos do Samba Paulistano.
Pelo Viaduto do Chá, Leda Cruz em Voz e Piano com bailarinos fazem uma performance aérea.
16h30 – Nas sacadas do Theatro Municipal, os modernistas encontram com Marcos Palmeira que interpreta o Maestro Heitor Villa-Lobos para anunciar as comemorações do centenário da Semana de Arte Moderna de 22.
Villa-Lobos e João Carlos Martins regem a Orquestra Sinfônica Municipal, com os musicistas usando chinelos, em alusão ao ocorrido na Semana de 22;
Do saguão do Teatro Municipal surge o Bloco Pagu, composto por 100 mulheres homenageando a escritora e jornalista Patricia Galvão, um dos ícones de Modernismo. Ao som do Bloco, o cortejo segue até o Largo do Paissandu.
18h – Na chegada ao Largo do Paissandu, Zezé Motta surge da Igreja do Rosário dos Homens Pretos, para falar da memória negra do território ao som do bloco afro-afirmativo Ilú Obá de Min.
A lado do Boneco gigante do Palhaço Piolin, circenses e a banda aérea da Cia K - Aerogroove tocam hits modernos e milhares de bolas coloridas são jogadas para o público brincar.
19h – Na Galeria do Rock Oswald de Andrade anuncia a banda Skank, que faz um show especial, revisitando seus grandes sucessos.
O Bloco Pagu com os Modernistas conduzem o público até o cruzamento das Avenidas Ipiranga e São João;
20h – Na esquina mais famosa de São Paulo, Ney Matogrosso faz show de voz e piano (Leandro Braga);
21h – Pela Avenida Ipiranga, o Bloco Baixo Augusta embala os participantes com ritmos carnavalescos até a Praça da República anunciando o Carnaval de Rua de São Paulo.
DESTAQUES
Marcos Palmeira como Heitor Villa-Lobos
Rosi Campos como Tarsila do Amaral
José Rubens Chachá como Oswald de Andrade
Pascoal da Conceição como Mário de Andrade
Marcelo Airoldi como Di Cavalcanti
Virginia Cavendish como Anita Malfatti
Projeto Verão #1 na Anita Schwartz, Rio de Janeiro
Anita Schwartz Galeria realiza o Projeto Verão #1, com uma programação intensa: performances diversas, com música, poesia, acrobacia, instalações sonoras, exposições-cápsulas, cinema, aula de modelo vivo e bar temático, de 22 de janeiro a 14 de março de 2020, das 19h às 22h, com entrada gratuita.
Participarão do projeto mais de 20 artistas, como Alexandre Vogler e Cadu, representados pela galeria, Botika, Paulo Tiefenthaler, Amora Pera, Guga Ferraz, e outros artistas visuais, bailarinos, músicos, poetas e cineastas. O escritor Nilton Bonder fará uma conversa aberta após a exibição do documentário “A Alma Imoral”, de Silvio Tendler, e durante todas as noites do período funcionará no terraço o Bar Pinkontolgy, de Gabriela Davies, curadora da Vila Aymoré, com drinques criados especialmente para o Projeto Verão #1,
Enquanto o “cubão branco” no térreo, com seus sete metros de altura, receberá às quartas-feiras uma programação de performances, o último andar abrigará duas exposições: Bebendo Água no Saara, com trabalhos de Laís Amaral (22 de janeiro a 8 de fevereiro), e Milanesa, de Felipe Barsuglia (12 de fevereiro a 14 de março).
As performances que vão ocupar o grande espaço térreo são:
22 de janeiro, das 19h às 21h – “Onda (sonata de|s|encontro)”, com Jéssica Senra.
Nesta instalação-performance, o corpo é o centro de uma experiência que busca em sonhos a construção de múltiplas temporalidades, em que a “onda” é vista como água, estado utópico, caminho de abertura, para uma construção – imagética e sonora – em expansão, em que cria sua própria realidade.
29 de janeiro, das 19h às 21h – Encontrão de poetas, com curadoria de Ítalo Diblasi, e coordenação de Bianca Madruga e Letícia Tandeta,do coletivo MESA
A ação busca transformar a palavra falada em obra de arte, deixar que a poesia encontre o espaço em branco e o ocupe.Criada pelas artistas em 2015, no Morro da Conceição, a MESA é integrada também pela curadora Pollyana Quintella e a pesquisadora e doutoranda em filosofia Jessica Di Chiara. Participarão os poetas Guilherme Zarvos, Julia de Souza, Laura Liuzzi, Marcelo Reis de Mello, Mariano Marovatto, Nina Zur e Rita Isadora Pessoa.
5 de fevereiro, das 19h às 21h – Aplique de Carne, de Alexandre Vogler, Botika e Paulo Tiefenthaler.
Projeto multidisciplinar que reúne artes plásticas, cinema, performance e rock and roll, construído sob estrutura literária – a fábula de Aplique de Carne.
Elenco: Aplique de Carne – Nana Carneiro da Cunha; Apliquete – Amora Pera; Apliquete – Botika; Apliquete – Flavia Belchior; Namorado – Guga Ferraz
Músicos: Bernardo Botkay, Emiliano 7, Flavia Belchior, Nana Carneiro
Ficha técnica e música
REPERTÓRIO N.1 [TEASER] from Davi Pontes on Vimeo.
12 de fevereiro, das 19h às 20h – “Repertório N.1”, com Davi Pontes e Wallace Ferreira – Indicação etária: 18 anos
A obra nomeia uma trilogia de práticas coreográficas que investem na ideia de dança enquanto um treino de autodefesa. O movimento pode ativar a memória dos corpos subalternos que foram enterrados sob códigos hegemônico? O movimento visto como um dilema da modernidade, de que maneira se pode reivindicar uma outra temporalidade dançada, menos contaminada pelos cacos da “história da dança”? A assistência de dramaturgia é de Bruno Reis.
19 de fevereiro, das 19h às 21h – Aula aberta de modelo vivo, com Cadu
Material sugerido: bloco de papel e lápis. Inscrições prévias por email ou pelo telefone: 2540.6446.
11 de março, das 19h às 21h – Exibição do documentário “A Alma Imoral” (1h58’), de Silvio Tendler, seguida de conversa aberta com Nilton Bonder, autor do livro homônimo – Indicação etária: maiores de 14 anos
Silvio Tendler aborda questões sobre a possibilidade de se impulsionar a própria vida; as diferenças entre a concepção científica e a concepção bíblica na interpretação da vida; o que é alma e corpo? O filme propõe uma conexão entre as, não importando suas crenças. Apoio: LZ Studio (móveis)
Para Nilton Bonder, a “transgressão é o elemento capaz de renovar a vida, de impulsioná-la a um novo horizonte de possibilidades”. “Essa transgressão está localizada na alma”. “Alma Imoral” é um projeto instigador, poético e filosófico, com a direção de Silvio Tendler, trazendo o best-seller do Rabino Nilton Bonder para as telas. Bonder, personagem condutor, partirá numa jornada na busca da Alma Imoral pelo Brasil, EUA e Israel, entrevistando destacados transgressores do pensamento e da atualidade em sua própria "tribo". Tratando o particular como modelo para o universal, como o fez no sucesso da obra teatral, Bonder parte de seu próprio mundo e tribo para abordar adultério, ateísmo, homossexualidade, traição, rompimento e inovação na diversidade da política, religião, arte e ciência. As entrevistas são entremeadas por coreografias da Cia de Danças Debora Colker. Passagens e mitos bíblicos revelam a arte de transitar no território da interdição e da transgressão e trazem uma nova reflexão sobre o que é lícito e apropriado, sobre o tabu e sua quebra. Um filme sobre a importância da transgressão para impulsionar a vida. Entre os entrevistados estão: Frans Krajcberg, Michael Lerner, Rebbeca Goldstein, Etgar Keret, Uri Avneri, Reb Zalman Schachter, Rabino Steven Greenberg, Noam Chomsky, e irmãos Rosenberg.
EXPOSIÇÕES-CÁPSULAS
No espaço expositivo do segundo andar, ao lado do terraço, será inaugurada no dia 22 de janeiro Bebendo Água no Saara, com seis pinturas de Laís Amaral (1993, São Gonçalo, Rio de Janeiro), que ficará em cartaz até 8 de fevereiro. O texto que acompanha a exposição é de Agrippina Manhattan. A artista parte de processos de desertificação e embranquecimento da natureza para fazer um paralelo com o ser humano, “dada a imposição de um sistema de organização de mundo moderno-colonial”. Para ela, “Bebendo água no Saara” se revela como uma busca de expandir possibilidades de existir e comunicar, um processo de fertilização subjetiva, onde umedecer acontece pelo gesto da manifestação plástica”. “Tal experiência está diretamente conectada a mistérios de uma realidade sensível que permeia a memória e o agora”, afirma.
No dia 12 de fevereiro, será aberta no segundo andar a exposição “Milanesa”, com seis pinturas de Felipe Barsuglia (1989, Rio de Janeiro), artista conhecido por transitar por várias mídias. O texto que acompanhará a mostra é de Germano Dushá, e a exposição fica até 14 de março.
Instalação de Tadeu Jungle na fachada do MAC USP, São Paulo
O Museu de Arte Contemporânea da USP apresenta, a partir do dia 25 de janeiro, às 11 horas, a instalação "Você está aqui", do cineasta, fotógrafo, poeta e artista visual Tadeu Jungle, montada nos 555 m² da empena do edifício do Museu. Será a primeira vez que o Museu vai ocupar a sua empena com uma obra de arte. E esta instalação configura-se como o maior poema visual impresso já feito no Brasil.
A ideia do poema surgiu em uma viagem pela Europa em 1981, quando Tadeu Jungle chegou a uma estação e não conseguiu se localizar pois não havia o clássico sinal - "Você está aqui" - no mapa. “De nada adianta o mapa sem o sinal! Ou seja, se você não sabe onde está, fica difícil saber para onde ir”, lembra o artista. A ideia seguiu em suas anotações até que em 1997, criou o poema na forma de um pequeno adesivo que poderia ser colado em qualquer lugar. “Eu o chamei de um grafitti de plástico, por manter as características anônimas dos grafiteiros e ao mesmo tempo ser uma manifestação de arte urbana pública. "Você está aqui" ganhou a versão "You are here" e eu o colei pelo mundo todo”, conta Jungle. Para Daniel Rangel, curador e mestre em artes visuais pela ECA USP, “a afirmação embutida em "Você está aqui" torna o leitor um cúmplice invariavelmente consciente do significado da frase. No ato da fruição ativa-se uma percepção do aqui e do agora, um dos preceitos do budismo, que fez com que o autor o denominasse de ‘poema zen’”.
Ainda em 1997, convidado para uma exposição individual na Galeria Valu Oria, Tadeu Jungle ampliou as possibilidades de aplicação do adesivo, que ganhou diversos suportes como camisetas, caixas de fósforos, copos, relógios, descanso de tela de computador e foi exibido em painel de led no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. Em 2012, "Você está aqui" foi apresentada como uma performance aérea, com uma faixa sendo puxada por um avião na orla das praias do Rio de Janeiro. Um ano depois se transformou numa instalação site specific na exposição Videofotopoesia no Instituto Oi Futuro.
Tadeu Jungle tem a multidisciplinaridade e a inquietude criativa como características centrais de sua produção e personalidade. Desde o começo de sua trajetória, vem explorando diferentes linguagens para se expressar. Realizou vídeos em que além de dirigir, muitas vezes atuou; poemas visuais em distintos suportes, como pichações, adesivos e objetos poéticos, além de serigrafias, fotografias, pinturas e instalações cujas palavras e imagens se encontram com frequência. Agora chega ao MAC USP com seu poema "Você está aqui". Para o curador, a dimensão da obra causa um impacto ao ambiente e no seu entorno. “Além da mensagem exibida em meio ao caos da urbis, o poema deve criar uma tensão de palavras-coisa no espaço-tempo fazendo com que as pessoas se perguntem: onde estou agora? A resposta virá como um poema visual concreto: objetivo, impactante e direto – "Você está aqui"”.
Regina Silveira inaugura novo Paço das Artes, São Paulo
Paço das Artes comemora 50 anos inaugurando sede nova em antigo casarão paulistano com exposição de Regina Silveira e programação totalmente gratuita
Na exposição de inauguração, o Paço das Artes apresenta Limiares, mostra inédita da multifacetada artista Regina Silveira, uma das criadoras com maior presença na arte contemporânea brasileira. A exposição, com curadoria de Priscila Arantes, diretora da instituição, fica em cartaz de 25 de janeiro até 10 de maio com entrada gratuita.
O título “Limiares” foi escolhido por Priscila Arantes não somente por conta da obra “Limiar”, presente na exposição, mas também pela simbologia do significado da palavra, que remete a idéias de começo, de estágios iniciais, como a ocasião especial de inauguração da nova e definitiva sede da instituição. Além disso, o processo de Regina Silveira, muitas vezes, apresenta características pensadas para o espaço onde as obras são alocadas, como no caso de “Dobra” e “Cascata”, trabalhos inéditos criados para o Paço das Artes. Ambas as obras se relacionam com a arquitetura do ambiente onde serão instaladas e problematizam as questões da perspectiva, dialogando diretamente com o novo espaço onde o Paço das Artes estará funcionando, explorando a potência deste local e todo o seu contexto territorial.
A escolha – também simbólica – por uma artista do sexo feminino faz parte de uma visão e estratégia curatorial que sempre considerou e contemplou a representatividade das mulheres no campo das artes. Desta forma, a opção pelo trabalho de Regina Silveira nesta ocasião se dá naturalmente em função do histórico de seus projetos realizados na instituição, especialmente durante o longo período (de mais de duas décadas) em que o Paço das Artes esteve na USP.
Na obra “Dobra” a artista faz um resgate dos trabalhos que subvertem o sistema de perspectiva que realiza desde os anos 1980, quando, algumas vezes, utilizava imagens originadas a partir de fotografias como na série “Anamorfas” em que objetos cotidianos tomavam, se observados de certa altura ou determinados ângulos, novas formas ou redesenhavam suas imagens rompendo com a ideia de perspectiva linear renascentista. Em “Dobra”, por exemplo, é possível visualizar um banco de jardim na área externa do Paço, a partir de um certo ponto de observação.
O trabalho “Cascata” é uma versão criada para o Paço das Artes, utilizando métodos já apresentados pela artista em outras obras como em “Lumem” no Palácio de Cristal, organizado pelo Museu Reina Sofia em Madri. Ali, explorava-se o universo das luzes e das sombras em diálogo com a luz natural e a transparência do palácio partindo das formas arquitetônicas reais e expondo seu conceito de distorção, assim como em “Clara Luz”, exibida no CCBB de São Paulo, onde ela abordou a questão da desconstrução, do real e do virtual. “Cascatas” apresentará a reprodução múltipla das janelas originais do prédio do novo imóvel onde o Paço das Artes está abrigado.
As videoinstalações “Limiar” e “Lunar”, além de integrarem a exposição, serão doadas ao Paço das Artes para inaugurar seu acervo, como mencionado anteriormente, o primeiro de arte contemporânea de São Paulo exclusivamente digital e de obras reprodutíveis. Assim, o Paço das Artes avança em sua missão de promover o diálogo entre o público e a arte contemporânea com o lançamento de seu acervo, integrando-o ao projeto MaPA, plataforma digital de arte contemporânea, que reúne todos os artistas, críticos, curadores e membros do júri que passaram pela Temporada de Projetos.
Em “Limiar” a artista trabalha a questão plástica da luz, fascínio de vários artistas e bastante presente em seus projetos. Nela, a palavra “luz” é exibida em 76 idiomas, dilatando-se e virando luz, dando a ideia de pausa, de respiração, da vida que pulsa, do começo. E que, na visão da curadoria, faz alusão à nova vida do Paço das Artes naquele espaço. Já “Lunar” é uma espécie de balé de duas esferas, numa coreografia com luz e sobra, inserida num espaço básico e que brinca com as noções de percepção e perspectiva do observador.
Além de “Limiar” e “Lunar”, os visitantes poderão conferir, na exposição, as outras obras em vídeo doadas por Regina Silveira. São elas: “Campo” (1977), “A arte de desenhar” (1980) e “Morfa” (1981).
Regina Scalzilli Silveira (Porto Alegre, 1939) é artista multimídia, gravadora, pintora, professora. Concluiu, em 1959, bacharelado em pintura no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IA/UFGRS), onde estudou com Aldo Locatelli (1915-1962) e Ado Malagoli (1906-1994), entre outros. No início da década de 1960, teve aulas de pintura com Iberê Camargo (1914-1994), e de gravura com Francisco Stockinger (1919-2009) e Marcelo Grassmann (1925-2013), no Ateliê Livre da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Como bolsista do Instituto de Cultura Hispânica, em 1967, estudou na Faculdade de Filosofia e Letras de Madri. Em 1969, foi convidada a ministrar cursos na Faculdade de Artes e Ciências da Universidade de Porto Rico. Voltou para o Brasil em 1973, e coordenou até 1985 o setor de gravura da Faculdade de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). Em 1974, passou a lecionar na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Na mesma instituição, defendeu dissertação de mestrado em 1980 e, em 1984, obteve o título de doutora. De 1991 a 1994, permaneceu em Nova York, com bolsas de estudo concedidas pela John Simon Guggnheim Foundation (1991), pela Pollock-Krasner Foundation (1993) e pela Fullbright Foundation (1994). Em 1995, recebeu bolsa de artista residente da Civitella Ranieri Foundation. Recebeu, em 2000, o Prêmio Cultural Sergio Motta.
Priscila Arantes (São Paulo, 1966) é curadora e diretora artística do Paço das Artes desde 2007. É pós-doutora pela Pennsylvania State University (EUA) e doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. É pesquisadora, crítica de arte, professora e vice-coordenadora do curso Arte: História, Crítica e Curadoria da PUC-SP. Em 2007 foi finalista do 48º Prêmio Jabuti pela publicação Arte@Mídia: perspectivas da estética digital (Editora Senac/Fapesp). É autora de Reescrituras da arte contemporânea: história, arquivo e mídia (Editora Sulina, 2015), Arte: história, crítica e curadoria (org. Educ) entre outros. Entre suas curadorias, destacam-se ISSOÉOSSODISSO (Lenora de Barros - Paço das Artes, 2016), Migrações (Marcelo Brodsky – Paço das Artes, 2016) e O ciclo da intensidade (Charly Nijensohn – Paço das Artes, 2017).
janeiro 19, 2020
Visões Cotidianas do Brasil Moderno no BNDES, Rio de Janeiro
O Espaço Cultural BNDES, no Rio de Janeiro, inaugura dia 21 de janeiro, das 18h às 21h, a exposição Visões Cotidianas do Brasil Moderno. A mostra, sob a curadoria de Marcus de Lontra Costa, apresenta 40 obras da antiga Coleção Banerj que hoje integra o acervo do Museu do Ingá, em Niterói. Serão exibidas pinturas, aquarelas, gravuras e desenhos dos principais artistas do cenário modernista nacional, como Di Cavalcanti, Djanira, Lasar Segall, Goeldi, Iberê Camargo, Guignard, Fayga Ostrower, Rebolo, Anita Malfatti, Aldo Bonadei, Antonio Bandeira, Milton Dacosta, Burle Marx, Marcelo Grassmann, Carlos Scliar, Pancetti, Flávio Shiró, etc.
O recorte feito pela curadoria, dentre os 876 trabalhos que compõem a Coleção, busca revelar particularidades talentosas e também a possibilidade de contextualizar os procedimentos da arte moderna dentro de esferas culturais determinadas pela história. Serão exibidos juntos, pela primeira vez no Rio de Janeiro, os monumentais painéis Brasil em quatro fases, de Di Cavalcanti; Crônicas do Rio, de Emeric Marcier; e Cena campestre, de Enrico Bianco. As emblemáticas obras monumentais composta por enormes painéis, foram realizadas por encomenda do governador Carlos Lacerda, em 1965, para a festa do 4º Centenário da Cidade do Rio de Janeiro.
A Coleção Banerj, nome do extinto Banco do Estado do Rio de Janeiro, foi iniciada em 1964, quando Lacerda decidiu formar uma coleção para o BEG - Banco do Estado da Guanabara –, em comemoração aos 400 anos do Rio de Janeiro. Na época a cidade acabara de perder o status de Distrito Federal, entretanto, reafirmava-se como capital cultural do país. As primeiras aquisições tinham como objetivo embelezar as agências bancárias, porém, mais tarde, nos anos 1980, a iniciativa se transformou em política cultural da instituição que fundou a Galeria de Arte Banerj, na Av. Atlântica, em Copacabana. No final da década de 1990, por ocasião da liquidação do banco, foi firmado um convênio com a Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro para que a coleção ficasse sob a guarda do Estado e integrasse o acervo do Museu do Ingá. Esta iniciativa garantiu que as obras permanecessem no Rio – na época, uma grande preocupação dos artistas e produtores locais.
Para o curador Marcus de Lontra Costa, “a Coleção BANERJ é um patrimônio importante para a arte brasileira e a sua presença na cidade de Niterói - RJ, em meio a essa paisagem fundamental para a construção da linguagem moderna em nosso país, reafirma a importância da cidade para as artes, na qual a tradição caminha integrada com o contemporâneo”. “Resgatar a memória artística e apresentar um recorte dessa rica coleção de artes visuais na cidade do Rio de Janeiro, com entrada franca e classificação livre, permite o acesso igualitário do público ao patrimônio cultural e bens artísticos, hoje mantido e resguardado pelo Museu do Ingá”, completa o curador.
Os artistas integrantes da mostra são dos mais valorizados pintores e gravadores brasileiros e têm obras nas maiores coleções particulares e museus do Brasil e do mundo. São artistas apaixonantes de grande importância para a cultura nacional, considerados mestres da arte moderna no Brasil, e influenciam até hoje uma grande geração de novos talentos. Ainda que diferentes no que diz respeito às técnicas, suas obras em conjunto afirmam a construção da sua linguagem nacionalista, reunindo influências externas para criar uma arte autenticamente brasileira, partindo de imagens subjetivas, mas construindo suas obras objetivamente.
A exposição desta coleção no Espaço Cultural BNDES é de fundamental importância para a consolidação do corredor cultural das artes visuais entre o Rio de Janeiro e Niterói. O projeto foi selecionado através de concurso público promovido pelo BNDES, realizador da exposição.
O vermelho e o preto na Lurixs, Rio de Janeiro
No dia 16/12, a galeria Lurixs inaugura a exposição coletiva O vermelho e o preto, a partir das 18h. A exposição, como já revela o título, exibe uma investigação da interação das cores preto e vermelho, sob a perspectiva de dezesseis artistas diferentes.
A mostra reúne abstrações, fotografi a e objetos de artistas consagrados, como Wanda Pimentel, Ubi Bava e Tomie Ohtake; e também inclui trabalhos de artistas representados pela galeria, como Mauricio Valladares e Renata Tassinari e Raul Mourão.
Não é a primeira vez que obras são exibidas a partir de uma linha curatorial baseada na cor como motivação principal – o Salão Preto e Branco, de 1954, é apenas uma das várias exposições onde esquemas cromáticos foram protagonistas.
Esse diálogo surge da vontade de celebrar e investigar a cor por si só, de maneira autônoma – proposta tão presente no acervo de obras da galeria, cujo enfoque inicia-se no movimento neoconcreto brasileiro, perpetua-se na contemporaneidade.
A seleção apresentada emerge da necessidade de explicitar uma frequente combinação de cores, cuja marca é o forte contraste entre a saturação alarmante do vermelho, que reafi rma o plano, e a tranquila profundidade do preto, que distancia nosso olhar para uma noite infinita. Assim, o espectador encontrará, através dos mais diversos temas e suportes, um conjunto de obras dinâmico, vibrante e potente, que estabelece um território pleno para experienciar a cor como forma visual pura.
A exposição toma lugar no segundo andar da galeria e ocorre simultaneamente à individual de Raul Mourão, Sobre o Pênalti e outras jogadas, no térreo.
Raul Mourão na Lurixs, Rio de Janeiro
‘Sobre o Pênalti e outras jogadas’ é a primeira exposição em que o artista reúne apenas obras criadas a partir do futebol, tema sobre o qual se debruça há 25 anos
O artista Raul Mourão inaugura na próxima segunda feira, dia 16 de dezembro, a partir das 19h, sua oitava exposição individual na galeria Lurixs. A mostra Sobre o Pênalti e outras jogadas reúne 13 trabalhos realizados entre 1999 e 2019 a partir de um tema constante na obra do artista: o futebol.
“Em 1993, produzi a primeira escultura representando o futebol e, desde então, o tema se repetiu em diferentes momentos e suportes. No início, era o desenho do campo, depois os cartões de advertência e expulsão. São imagens que estão profundamente impregnadas na visualidade e na emoção de enorme parte da população brasileira e mundial”, diz Mourão, que é fascinado pelo esporte desde sempre.
O artista apresenta esculturas, desenhos e pinturas em que as linhas brancas do campo e as cores dos cartões são deslocados do seu ambiente usual. Tais elementos também têm suas dimensões alteradas ou sofrem quebras em sua confi guração original, como em Campo Todo Fraturado (ano), em que Mourão brinca com as formas geométricas que surgem das delimitações do campo do jogo. Essa fragmentação também gera trabalhos como Meia Lua (ano), Círculo Central (ano) e A Pequena Área (ano), em que esses desenhos do jogo podem ser confundidos com abstrações minimalistas.
Essa ambiguidade apresentada nas obras convida o espectador a experienciar elementos que já lhe são familiares, desta vez com uma leitura voltada para a estética e a forma, não mais exclusivamente para a sua função original. “Já são mais de 25 anos criando obras a partir do futebol, mas eu nunca havia feito uma exposição exclusiva sobre o tema”, conclui Raul.
Cities in Dust na Carpintaria, Rio de Janeiro
A Carpintaria tem o prazer de apresentar a coletiva de verão Cities in Dust, de 23 de janeiro até 4 de outubro. O título é aqui emprestado da música lançada em 1985 pela banda inglesa Siouxsie and the Banshees. A mostra inclui obras do acervo que compartilham um interesse na morfologia do urbano e seus fenômenos contemporâneos. São fotografias, pinturas e esculturas de 14 artistas representados pela Fortes D’Aloia & Gabriel.
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Enquanto a canção descreve a destruição da cidade de Pompéia pelo vulcão do monte Vesúvio causada por fenômenos naturais em 79 a.C., nossa era é caracterizada pelo ser humano como principal fomentador de catástrofes. Acadêmicos como Eduardo Viveiros de Castro denominaram tal período como Antropoceno. Alguns milênios antes, em terras brasileiras, animais como preguiças gigantes escavavam paleotocas, túneis que serviam como abrigos subterrâneos; o termo titula a escultura de resina de Barrão com moldes recortados de papelão, madeira e uma possível caixa de ferramentas: abrigos temporários para utensílios rotineiros. Carlos Bevilacqua nos faz voltar ao presente. A tensão constante entre passado e futuro é o fio condutor de "Paletas e Fantasmas": objetos são ressignificados de seu uso comum, explicitando a fragilidade de um equilíbrio arquitetônico.
Iran do Espírito Santo, que há mais de vinte anos transforma objetos corriqueiros e industriais em totens contemplativos, participa com "Quatro lâmpadas”. A relação centra-se entre a trivialidade aparente destes objetos no uso comum e a aproximação visual aumentada e utópica que o artista insere em sua prática. Objetos cotidianos também servem como matéria prima para as fotografias abstratas da série "Mancha de Óleo", de Rivane Neuenschwander, produzida em 2012 a partir de imagens de satélites de derramamento de óleo. A obra remete imediatamente ao vazamento de petróleo ocorrido nas praias do Nordeste. Já o "Tríptico", de Luiz Zerbini, incorpora grids inspirados nas janelas do edifício Copan em São Paulo, que nos lembra de quando o projeto modernista de Niemeyer representava a utopia de um futuro otimista que nunca chegou. O antropólogo francês Lévi-Strauss sintetizou esta rápida decadência numa frase hoje mais reconhecida pela canção "Fora Da Ordem" de Caetano Veloso e apropriada na obra de Cerith Wyn Evans: “Aqui tudo parece que é ainda construção e já é ruína.” A consolidação da falha deste projeto brasileiro é ilustrada em "Perimetral" de Mauro Restiffe, que documenta a polêmica implosão do elevado carioca. "Planos de Fuga" são retratos dos centros paulistanos característicos de qualquer cidade do mundo: camisas sociais, gravatas, maletas, mochilas - impermanências constantes que se repetem de segunda à sexta. Da mesma forma, na série "New Ads for São Paulo", Franz Ackermann insere fachadas coloridas na cinzenta megalópole que poderia ser confundida com Xangai ou Nova Iorque. Tais fenômenos de fluxos contemporâneos geram consequências catastróficas sociais e ecológicas que hoje são amplamente questionados.
O excesso de informação e estímulo nos tornam condicionados à softwares que nos afastam da experiência do real. A escultura de Barrão "A+B" ilustra tal fenômeno: a organicidade dá lugar à rigidez das máquinas e telas que mediam cada vez mais nossas relações, e a cor cinza utilizada pelo artista pode ser interpretada como a monocromia usual dos materiais urbanos, como o concreto. "Forma" de Rodrigo Matheus e "Copa" de Leda Catunda usam a literalidade como ferramenta para explicitar os vícios de comunicação do mobiliário das cidades. "Epitácio Pessoa", de Damián Ortega, traz tridimensionalidade aos pixos observados pelo artista na avenida homônima - os tags no universo do grafite reivindicam individualidade e presença no espaço público.
Já Bárbara Wagner, em sua série "Mestre de Cerimônias" documenta a produção de clipes do Funk Ostentação paulista confundindo as noções de fantasia e realidade: seria essa uma metáfora de nossos tempos?
Carpintaria is pleased to present the summer group show Cities in Dust. The title is borrowed from British band Siouxsie and the Banshees’ song released in 1985. The exhibit is comprised of photos, paintings and sculptures by 15 of the artists represented by Fortes D’Aloia & Gabriel, which share a particular focus on urban morphology and its contemporary phenomena.
While the song describes the destruction of the city of Pompeii by Vesuvius, caused by natural phenomena in 79 B.C., our era is typified by human presence as the main enabler of disasters. Scholars like Eduardo Viveiros de Castro have named such period as Anthropocene. A few millennia earlier, in Brazilian territory, animals such as giant sloths dug paleoburrows, tunnels used as underground shelter; Barrão’s resin sculpture, entitled Paleotoca which borrows its title from the latter, is made with molds cutout from cardboard, wood and what seems to be a toolbox – temporary shelters for ordinary utensils. Carlos Bevilacqua brings us back to the present day. The constant tension between past and future works as a common thread in Paletas e Fantasmas [Palettes and Ghosts] – objects get new meanings that differ from their common usage, highlighting the fragility of architectural balance.
Iran do Espírito Santo, who’s been turning ordinary industrial objects into contemplative totems for over 20 years now, joins in with Quatro Lâmpadas [Four Light Bulbs]. The relationship stands between the apparent triviality of these objects with their common usage and the utopic enlarged visual approach the artist adds to his practice. Ordinary objects are also used as building materials in Rivane Neuenschwander’s series of abstract photos Oil Spills, made in 2012 from satellite images. The piece directly refers to the recent incident in Brazil’s northeast coast. Luiz Zerbini’s Tríptico [Triptych] integrates grids inspired by Copan building windows in São Paulo that remind us of times when modernist Oscar Niemeyer would stand for the utopia of an optimistic future that has never come into being. French anthropologist Lévi-Strauss summarized this rapid decay in a well-known sentence that was incorporated by Caetano Veloso in his song Fora da Ordem and later appropriated by Cerith Wyn Evans: Aqui tudo parece que é ainda construção e já é ruína [Here Everything Seems Still Under Construction and Is Already a Ruin]. The consolidation of the failure of the Brazilian modernist project is illustrated in Perimetral, by Mauro Restiffe, which documents the controversial demolition of an overpass in Rio. Restiffe’s Planos de Fuga [Escape Plans] are portraits taken in downtown São Paulo, but also representative of any big metropolis: dress shirts, ties, briefcases, backpacks – continued fluctuations replayed Monday to Friday. Likewise, in the series New Ads for São Paulo, Franz Ackermann incorporates colorful façades onto the greyish megalopolis that could be mistaken for Shanghai or New York. Such contemporary influx phenomena create disastrous social and environmental consequences that are, nowadays, widely disputed.
The information and stimuli overload make us dependent on softwares that push us away from reality. Barrão’s sculpture A+B illustrates such phenomenon – organicity gives way to the rigidity of machinery and screens that increasingly mediate our relationships, and the grey color used by the artist may be interpreted as the customary monochrome scheme of urban materials, such as concrete. Rodrigo Matheus’ Forma [Shape] and Leda Catunda’s Copa use literality as a tool to highlight communication flaws on cities’ street furniture. Epitácio Pessoa, by Damián Ortega, brings three-dimensionality to the graffiti spotted by the artist in the namesake avenue – in the graffiti scene tags vindicate individuality and presence within public space.
As for Bárbara Wagner, she documents the production of funk ostentação music videos in São Paulo, blurring the lines between fantasy and reality in her series Masters of Ceremony: could it be a metaphor for nowadays?
