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janeiro 8, 2020
Isidora Gajic na Silvia Cintra + Box 4, Rio de Janeiro
Inaugura no dia 16 de janeiro a primeira exposição individual na galeria da jovem fotógrafa sérvia, Isidora Gajic. A mostra Flutuações reúne imagens dos últimos anos da produção da artista e grande parte delas foi publicada no livro Ecume, publicado em Paris pela L'editeur du Dimanche.
O ponto de partida para a seleção das obras da exposição foi a composição de Claude Debussy – La Mer: Sirenes. Um submundo oceânico se mistura com imagens da noite criando um novo universo de sonho entre espuma do mar, salinas, estrelas, água e animais marinhos.
Os polípticos e dípticos criam uma conexão visual entre todos os elementos que estão em movimento e que cercam o nosso dia a dia. O vai e vem das marés, a respiração e as batidas do coração podem ser sentidas através dessas imagens.
Isidora não usa a fotografia de forma estática, registrando um momento específico. Sua obra trata da fotografia como uma linguagem fluida, que através de conexões e composições criam uma narrativa pulsante.
Há 8 anos morando no Brasil, a artista sérvia está atualmente em cartaz com a mostra Habaneras – Diálogos com Miguel Rio Branco no SESC Quitandinha em Petrópolis.
Tangerina Bruno na Kogan Amaro, São Paulo
O duo de artistas Tangerina Bruno apresenta pesquisa recente na qual investigam narrativas rotineiras
Capturar a fugacidade dos episódios cotidianos é o que move o duo Tangerina Bruno. Os irmãos gêmeos compartilham o encantamento pela expressividade impressa nas cenas corriqueiras que parecem dizer muito sobre a existência humana. É essa pesquisa que eles apresentam a partir de 11 de janeiro na mostra Estados Cotidianos, na Galeria Kogan Amaro.
A dupla iniciou sua carreira em 2013 em Porto Ferreira, interior de São Paulo, centralizando sua produção artística na pintura. De 2018 em diante os irmãos passaram a fazer experimentos com outras linguagens como fotografia, desenho, escultura e objeto.
Com curadoria de Ana Carolina Ralston, a exposição reúne cinco telas inéditas que trazem narrativas rotineiras do âmbito doméstico. “É possível receber as vibrações dos gestos dos personagens não só pelo que a cena nos induz, mas também ao nos debruçarmos nas micronarrativas que acontecem em detalhes da tela, pintadas em uma colcha de cama desarrumada ou num móvel que compõem a sala”, reflete Ralston.
Em Rosa dos Ventos (2019), os artistas retratam o ritual de acrescentar uma pitada de sal de maneira tão precisa que remete a um frame fotográfico ou storyboard de uma peça audiovisual. Já a tela As cores primárias são as cores do fogo (2019) convida o espectador a completar a narrativa mentalmente.
As quatro mãos e duas cabeças concebem obras que apresentam situações suspensas envoltas por mistério, memória e identificação. Um convite à imaginação que mapeia a psique humana.
Sobre os artistas
Tangerina Bruno é o sobrenome dos irmãos Letícia e Cirillo que se transformou no vocativo artístico da dupla. Sua formação foi pautada por cursos livres como Meios e Processos, orientado pela artista Katia Salvany na Fábrica de Arte Marcos Amaro; o Ciclo Jundiaí no Sesc, com orientação de Ana Paula Cohen, Thiago Honório e Andrey Zignnatto; o Grupo de Estudo e Produção de Arte Contemporânea no Instituto Tomie Ohtake com orientação de Paulo Miyada e Pedro França e acompanhamento com o crítico Mario Gioia em Ribeirão Preto. Destacam-se as participações da dupla na individual “Piruá" no Centro de Arte Contemporânea W e nas coletivas em instituições como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o Museu de Arte de Ribeirão Preto, no espaço Auroras em São Paulo, a Mostra de Artes da Juventude (Sesc) e salões como o Novíssimos (Galeria IBEU) e o Salão de Praia Grande.
Fernanda Figueiredo na Kogan Amaro, São Paulo
A artista paulistana exibe telas inéditas e apresenta diálogo entre obra de Max Bill e concretistas brasileiros
Foi o contato com o concretismo do artista multidisciplinar suíço Max Bill (1908-1994) que catalisou a mais recente produção da artista Fernanda Figueiredo. Para somar, os encontros de Figueiredo com a poética de expoentes do movimento concretista no Brasil, como Hélio Oiticica, Lygia Clark e Lygia Pape, ancoraram ainda mais seus processos criativos. O resultado dessa pesquisa simbiótica será exibido em A Visita de Max Bill, mostra individual em cartaz a partir de 11 de janeiro, na Galeria Kogan Amaro.
Fernanda Figueiredo reside há mais de uma década em Berlim, cidade que também abrigou a figura que inspira sua atual criação, Max Bill. Assim como ele, a artista paulistana faz valer da vivacidade em pinceladas de tinta acrílica, mas a linguagem e a temperatura dos trópicos seguem constantes em seus trabalhos.
O caminho que levou Figueiredo até Max Bill foi seu encantamento pelos concretistas brasileiros e sua imersão nos grupos Frente e Ruptura, que têm como denominador comum o legado de Bill. Expoente da Bauhaus e um dos fundadores da Escola de Ulm, Bill é autor de uma obra carregada de clareza, simplicidade e lógica em meio às formas geométricas e cores sólidas.
“Essas alusões aparecem desconstruídas, multiplicadas, recompostas e muitas vezes envoltas na natureza exuberante que ela recria e que nos remete ao Brasil, fazendo menção, inclusive, ao emblemático paisagismo de Burle Marx”, afirma a curadora Ana Carolina Ralston.
Fernanda funde essas referências com elementos de obras de artistas brasileiros e convida o visitante a encontrá-las em meio a um labirinto de cores. Ideia recorrente na tela Bulcão/Bill (2019), que como o nome sugere, traz a inspiração da artista nos padrões dos azulejos criados por Athos Bulcão, consagrado artista que alcançou prestígio por seus grandes murais em Brasília. As referências às obras de Bill também estão presentes nos pigmentos e padronagens. Em Castro/Mavignier/ Clark/Oiticica/Bill (2019) é possível conferir desenhos dos bichos de Ligia Clark, traços dos Metaesquemas de Helio Oiticica e elementos concretistas de Almir Mavignier.
Fernanda Figueiredo cursou Arquitetura e Urbanismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie e Artes Visuais na Fundação Armando Alvares Penteado em São Paulo. Após graduar-se trabalhou ativamente em duos com outros artistas utilizando majoritariamente suportes como a pintura e o desenho. Em 2015 mudou-se para Berlim, iniciou sua carreira solo e se interessou pelas narrativas Latino Americanas, o pós colonialismo, a biodiversidade tropical e compreendeu a importância de trazer essas pautas para o seu trabalho. Participou de exposições no Museu de Arte Moderna in Rio de Janeiro, Museu de Arte Moderna da Bahia em Salvador, e Galerie im Körnerpark and Kunstquartier Bethanien em Berlim.
