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outubro 9, 2013

Julio Le Parc na Casa Daros, Rio de Janeiro

Le Parc Lumière – Obras cinéticas de Julio Le Parc

A segunda grande exposição da Casa Daros traz o universo mágico do artista argentino radicado há quase 60 anos em Paris, em que a luz é o principal elemento.

A Casa Daros apresenta a partir do dia 11 de outubro de 2013, para convidados, e do dia seguinte para o público, a exposição “Le Parc Lumière – Obras cinéticas de Julio Le Parc”, com cerca de 30 emblemáticas instalações luminosas do artista, pertencentes à Coleção Daros Latinamerica, de Zurique, Suíça, mais quatro maquetes que revelam os mecanismos criados por ele. A curadoria é de Hans-Michael Herzog, diretor artístico e curador da Coleção Daros Latinamerica, e Käthe Walser, curadora técnica da instituição, que, em um minucioso processo que teve a participação do artista, restaurou cada uma das obras expostas.

Nascido em 1928, em Mendoza, Argentina, e radicado em Paris desde 1958, Julio Le Parc é um dos nomes-chaves da arte contemporânea, um dos pioneiros da arte cinética. A exposição na Casa Daros enfoca um dos aspectos mais importantes da obra do artista: sua preocupação com as alterações da luz, acentua Hans-Michael Herzog no prefácio do catálogo, assinado em conjunto com a dona da Coleção, Ruth Schmidheiny.

A maior parte das peças da exposição foi criada nos anos 1960. Todas formam “uma grande sinfonia de luz em movimento”, diz o curador da Coleção.

Nos anos 1960, ao lado de seus colegas do Groupe de Recherche d’Art Visuel (GRAV), com quem escreveu manifestos históricos, Le Parc “rompeu radicalmente com a convenção artística, ao rejeitar as imagens estáticas em favor de um dinamismo que coloca as obras de arte em fluxo constante, eliminando a possibilidade de pontos de vista fixos”, explica Hans-Michael Herzog. “O animado jogo de luz em suas obras transforma o espaço, ao dissolvê-lo e recriá-lo continuamente, tornando o espectador parte integral de uma obra de arte total”. “A substância material dos vários aparelhos e máquinas luminosas é transposta, de forma elegante e completa, para um plano imaterial”, diz. “Experimentar esses fugazes acontecimentos luminosos nos incentiva a refletir sobre a natureza instável da realidade e o curso irregular da própria vida, com todas as suas interrupções e mudanças”.

ARTE LIVRE E DEMOCRÁTICA
“O caráter profundamente humano de sua obra e sua dimensão política estão no rigoroso repúdio a afirmações absolutas. Esta é uma arte livre e democrática, cheia de respeito pela humanidade, antiautoritária e avessa ao culto da genialidade”, ressalta Hans-Michael Herzog.

Em conversa em espanhol, realizada pelo curador com o artista em 2005, em Paris, Julio Le Parc afirmou: “Eu me interesso por política, como qualquer pessoa. Logo, a análise que fiz, dentro do grupo (o GRAV) e por conta própria, sobre os mecanismos de criação do meio artístico, a valorização e a difusão da obra de arte, me demonstrou que eles respondiam a uma cultura política já dada. Então tentamos ver onde era possível exercer alguma influência. Começamos a refletir sobre a nossa situação e o ponto de partida era: ou se trabalha para uma elite, os críticos, os diretores de galerias e de museus, os colecionadores, ou se tenta fazer algo que possa estabelecer uma relação com as pessoas em geral, sem a necessidade de passar pelo que é imposto pelo circuito”. Ele acrescentou: “Se uma pessoa entra em uma exposição como a minha, é suficiente que ela saia com uma sensação de ter sido parte de uma experiência, seja pelo movimento, as luzes, seja porque tem de participar de algumas obras, como os jogos, as pesquisas, ou porque a presença diante de uma obra vai provocando mudanças”.

ALEGRIA E CARÁTER LÚDICO
A alegria e o caráter lúdico, aspectos marcantes da obra de Le Parc, são uma afirmação política, e tornam seu trabalho universal. Para ele, é importante “conectar as pessoas em uma relação direta com as coisas e, dentro disso, ver pessoas de recursos limitados, que se subordinam em sua vida social, em seu trabalho e sua família, visitando uma exposição e recuperando um pouco de energia, otimismo e, depois, dizendo: ‘Esta exposição me fez me sentir bem’, com sorte poderão agir de outra maneira em outra frente de sua vida com essa energia ganha. Se um espectador percebe que é levado em consideração pelas obras expostas, que lhe oferecem algo, talvez possa dizer depois: ‘Por que em outros lugares eu não recebo isto?’ Pode começar a imaginar se há pessoas que funcionam como ele, ou unir-se a grupos que tentam analisar a situação geral de uma sociedade, do comportamento do governo, dos partidos políticos”.

Para Hans-Michael Herzog, “no jardim de luz encantado de Le Parc, tornamo-nos crianças de novo, absortos em nossos jogos, esquecidos do resto do mundo”.

RECONSTRUÇÃO DETALHADA
Curadora técnica Coleção Daros Latinamerica, Käthe Walser, lembra que em 2004, quando a Daros Latinamerica começou a planejar uma exposição das obras cinético-luminosas de Julio Le Parc – realizada de junho a outubro de 2005, em Zurique – “ninguém tinha uma ideia real sobre o verdadeiro conteúdo dessa coleção de trabalhos dos anos 1960 e 1970”. “Uma primeira visita ao ateliê do artista não ofereceu uma ideia clara da aparência ou do funcionamento das obras, já que – com exceção de uma – elas estavam em pedaços, espalhadas por diversos lugares”. “A montagem da exposição significou muito mais que juntar várias partes: foi um projeto interdisciplinar coletivo, que envolveu não apenas conhecimento técnico, mas também experiência artística, combinando a abordagem artesanal de gerações passadas com os recursos das mídias atuais”, destaca Kätie Walser. Toda essa reconstrução foi detalhadamente documentada, como um registro para as futuras gerações.

CATÁLOGO
A exposição é acompanhada de um livro de 256 páginas, capa dura, formato de 27,5cm x 21cm, fartamente ilustrado, produzido pela Coleção Daros Latinamerica, em Zurique, Suíça, e organizado por Katrin Steffen e Hans-Michael Herzog. A publicação traz os textos e manifestos históricos de Julio Le Parc; texto sobre o Groupe de Recherche d’Art Visuel (GRAV, Grupo de Pesquisa da Arte Visual), escrito por Alexander Alberro (historiador da arte, autor de diversos livros e professor do Barnard College, da Universidade de Columbia, Nova York); texto de Bettina Kaufmann, curadora suíça, e Käthe Walser sobre a obra “Lumière sur ressort”, de 1964; e o depoimento de Käthe Walser sobre o processo de restauro das instalações.

MERIDIANOS
No dia 12 de outubro de 2013, dia em que a exposição será aberta ao público, o artista Julio le Parc terá um encontro aberto ao público com o historiador de arte canadense radicado nos EUA Alexander Alberro (1957), autor dos livros “Conceptional Art and the Politics of Publicity” (MIT Press, Cambridge, EUA), “Art after conceptual art” (com Sabeth Buchmann, Generali Foundation, Colônia, Alemanha), “Contemporary Art, Publicity, and the Legacy of the Artistic Avant-Garde” (in Texte zur Kunst, 2009, Alemanha), “Institutional Critique: An Anthology of Artists' Writings” (com Blake Stimson, MIT Press, Cambridge, EUA), entre várias outras publicações. O encontro, dentro do Programa Meridianos da Casa Daros, será mediado por Hans-Michael Herzog, e realizado no auditório da instituição com entrada gratuita, mediante distribuição de senhas uma hora antes.

ESPAÇO DOCUMENTAÇÃO
Localizado no térreo, próximo ao auditório, o Espaço Documentação foi criado para estender a percepção do público sobre o que viveu na exposição, e conhecer o processo criativo do artista e as questões que o instigam. Durante “Le Parc Lumière”, estarão neste espaço quatro maquetes pertencentes ao acervo do artista, que revelam os mecanismos que dão vida às obras cinéticas. Vídeos mostrarão também o seu funcionamento. Em vitrines, estarão 12 óculos usados em exibições anteriores na importante instalação ˜Lunettes pour une vision autre“ (1965). Suspensos do teto, quatro espelhos pertencentes à obra “4 double miroirs” (1966) poderão ser manuseados pelo espectador, que verá sua imagem distorcida. Um monitor exibirá, em looping, com legendas em português o filme “Historieta” (“Petite histoire”, França, 2011), com 15’25 de duração, feito pelo filho do artista, Gabriel Le Parc, a partir dos desenhos e histórias em quadrinhos feitas por Julio Le Parc ao longo dos anos, e que foram reunidas na edição francesa “Historieta: Petite histoire en images interrogeant la face cachée de l’art, de l’artiste et de son contexte social” (Ed. Joca Seria, 1997). Várias publicações ligadas ao artista também estarão disponíveis neste espaço.

MATERIAL EDUCATIVO
O programa Arte é Educação da Casa Daros é um dos alicerces da filosofia da instituição, e, assim como ocorreu com a exposição “Cantos Cuentos Colombianos”, “Le Parc Lumière” será acompanhada de um conjunto de ações cuidadosamente pensadas para diversos públicos. Professores e educadores em geral serão convidados para o lançamento do Programa Arte é Educação focado no trabalho de Le Parc, previsto para o dia 18 de outubro próximo. Na ocasião, será apresentado, com distribuição gratuita, o material educativo dirigido aos educadores: uma caixa formato A5 contendo livretos e cartazes dobrados. Os livretos serão: uma biografia ilustrada do artista; a edição inédita em português de “Historieta”; os textos e manifestos históricos de Le Parc e do GRAV Proposição para um lugar de ativação” (GRAV, 1963), “Luz”, “Guerrilha cultural” e “Desmistificar a arte” (Julio Le Parc, 1968); uma enquete realizada pelo GRAV com o público em várias de suas exposições; um cartaz com a ilustração do segundo labirinto realizado pelo grupo na mostra “Nova Tendência” (1964); e um cartaz com a proposição “Um dia na rua”, feita pelo GRAV em 1966. Cinco folhetos irão detalhar dez obras expostas, cada uma delas explicada com um desenho do artista, uma foto dela estática, e outra já em movimento. Cartazes mostrarão os mecanismos criados por Le Parc, e também os espaços interativos propostos por ele, as “Salas de jogos”. Completam o material informativo cartelas com depoimentos e trechos de textos de Julio Le Parc. A caixa que contém o material informativo é um objeto lúdico em si, pois ao abri-la o professor verá uma superfície espelhada, em referência ao trabalho do artista.

JULIO LE PARC – PEQUENA BIOGRAFIA
1928 – Julio Le Parc nasce em Mendoza, na Argentina, em 23 de setembro, filho de um ferroviário. Na escola primária, demonstra interesse em desenhar retratos de pessoas ilustres e mapas. Aos 13 anos começa a fazer pequenos trabalhos, como distribuição de jornais.

1943 – Começa a estudar na Escola de Belas Artes, em Buenos Aires, à noite, pois trabalha durante o dia.

1947 – Abandona a Escola de Belas Artes e o trabalho, e rompe com a família. Envolve-se com anarquistas e marxistas e viaja para o interior da Argentina, fazendo trabalhos esporádicos para sobreviver. É nesse período que Le Parc tem suas primeiras experiências com o movimento de estudantes de Belas Artes. e se interessa por movimentos artísticos de vanguarda na Argentina, como Arte Concreto-Invención (Arte Concreta-Invenção) e Espacialismo, fundado por Lucio Fontana.

1955 – Volta à academia de artes e participa ativamente de movimentos estudantis. Nesse ano, os estudantes ocupam três escolas de Belas Artes, expulsam os diretores e propõem reformulações na sua política.

1958 – Ganha uma bolsa do Serviço Cultural Francês e parte para Paris, centro artístico da época. Outros artistas argentinos amigos, como Francisco Sobrino, seguem o mesmo destino.

1959 – O grupo argentino acompanha o que está sendo produzido pelos artistas contemporâneos e de vanguarda em Paris. Le Parc e Sobrino buscam resultados ópticos por meio de um trabalho sistemático. Neste ano o artista começa a fazer experiências com cor. Em contato com a produção dos artistas Georges Vantongerloo, Victor Vasarely, François Morellet, entre outros, são criadas as bases para o surgimento do Centre de Recherche d’Art Visuel de Pesquisa de Arte Visual (CRAV, Centro de Pesquisa de Arte Visual).

1960 – É fundado o CRAV por Francisco García Miranda, Francisco Sobrino, François Molnár, François Morellet, García Rossi, Hugo Demarco, Joël Stein, Julio Le Parc, Moyano e Servanese Yvaral. A criação do CRAV foi uma aposta em um espaço coletivo de pesquisa, composto por artistas com afinidades de pensamento, interessados em impulsionar seus trabalhos individuais. O CRAV defende: “A noção de artista único e inspirado é anacrônica”. A criação do CRAV e as reflexões promovidas no grupo geraram manifestos, textos, intervenções, obras coletivas, entre outras ações. No final dos anos 1960, o CRAV passa a ser denominado Grupo de Pesquisa de Arte Visual (GRAV). Neste ano, Le Parc inicia as suas experiências com móbiles. Os móbiles reuniam as noções de movimento, instabilidade e acaso, o que correspondia a sua tentativa de afastar-se de uma obra estável, única e definitiva. Os móbiles proporcionam uma interação com o espaço – a movimentação das peças pelo deslocamento do ar, os reflexos das imagens do entorno. Le Parc também desenvolve experiências com a luz. Um exemplo é a obra “Continuel-lumière” (“Contínuo-luz”).

1961 – O GRAV escreve seu primeiro manifesto, “Proposições sobre o movimento”. Em conversa com Hans-Michael Herzog, curador da Coleção Daros Latinamerica, em 2005, por ocasião da exibição de “Le Parc Lumière” em Zurique, Le Parc declara: “O movimento me dava a possibilidade de explorar mais coisas, porém naquele momento também não pretendíamos fazer arte cinética. Eram buscas. Em um momento me interessava o movimento, em outro, a parte óptica, e em outra etapa a participação do espectador. Depois fomos para a rua procurar um novo espectador, sempre tentando transformar, dentro de nossos limites, a relação das pessoas com a criação contemporânea.” Nesse período, Le Parc desenvolve pesquisas individuais sobre cor-luz.

1962 – Le Parc não só é um importante teórico do GRAV como escreve textos pessoais sobre suas experiências, trabalho e proposições. Em ensaios-chave de 1962 e 1963, o artista ressalta sua preocupação com a participação do espectador. O movimento internacional Nova Tendência começa a tomar forma. A ideia surge em encontros do GRAV com outros coletivos, como Grupo T, de Milão, Itália; o Grupo N, de Pádua, Itália; Equipo 57, formado em Paris, França; Grupo Zero, de Düsseldorf, na Alemanha, entre outros. O movimento se propunha a pensar o panorama da arte e novas formas de conceber a obra e se relacionar com ela.

1963 – No manifesto do GRAV “Proposição para um lugar de ativação”, são declaradas as intenções do grupo de ativar a relação obra-espectador: “A proposta que apresentamos aqui é uma tentativa cujo propósito final é libertar as pessoas de sua dependência – passividade – e de suas atividades de lazer geralmente individuais e envolvê-las em uma atividade que desperte suas qualidades positivas, em um clima de comunicação e interação.” O GRAV monta o primeiro labirinto, penetrável apresentado na exposição “L’Instabilité” (“A Instabilidade”), no Museu de Arte Moderna da Cidade de Paris, no contexto da Bienal de Paris, propondo a fusão entre obra, espaço e espectador.

1964 – O GRAV exibe o segundo labirinto na exposição “Nova Tendência”, no Louvre, em Paris, da qual participaram 52 artistas de 11 países. Le Parc chama a atenção para o fato de que não basta usar luz e movimento para ser parte do movimento Nova Tendência.

1965 – Pessoalmente, o artista desenvolve ideias para jogos e salas de jogos, espelhos em movimento, sapatos para caminhar de forma diferente, óculos para ver de outra maneira... Ideias que propunham a ativação do espectador. Com o GRAV, expõe o terceiro labirinto, desta vez em Nova York.

1966 – Le Parc realiza sua primeira exposição individual na galeria Howard Wise, em Nova York, e na galeria Denise René, em Paris, e ganha o grande prêmio internacional de pintura da Bienal de Veneza. “Passaram-se oito anos até eu fazer minha primeira exposição individual na galeria Denise René, em Paris, em 1966. Oito anos muito bem vividos, trabalhando com o grupo e individualmente. Não havia essa preocupação com o sucesso. Essa exposição foi feita porque tinham me dado o grande prêmio internacional na Bienal de Veneza; se não fosse isso, a galeria teria deixado passar sabe-se lá quantos anos mais. O reconhecimento desse prêmio para mim foi inesperado e ao mesmo tempo não me afetou muito. Um prêmio é o resultado de uma confrontação de um número limitado de pessoas, o júri, com um número limitado de artistas ou obras expostas.” (Conversa entre Hans-Michael Herzog e Julio Le Parc). Em 19 de abril, das 8h da manhã à meia-noite, realiza em Paris com o GRAV “Um dia na rua”, apesar das intervenções da polícia.

1968 – O artista publica o texto “Guerrilha cultural”. Revolução, insurreição popular: Maio de 1968. Por sua participação nas manifestações, Le Parc é expulso da França. Depois de cinco meses percorrendo outros países na Europa, é permitida sua volta à Paris. “Desde o início dos levantes, em maio, muitos artistas, inclusive Le Parc, haviam ocupado a Escola de Belas Artes, antiga instituição de arte parisiense, e a transformaram no que veio a ser conhecido como Ateliê Popular, em apoio aos estudantes e trabalhadores em greve geral. Cartazes foram reproduzidos anonimamente e colocados na ocupação diante de todos, que então votavam a favor ou contra. As novas e coletivas atividades no Ateliê resultaram na produção de um grande número de cartazes, que logo foram para as ruas e oficinas” (Alexander Alberro, no catálogo da exposição “Le Parc Lumière”).

Autodissolução do GRAV – “A atividade do grupo termina de modo impreciso em maio de 1968. Após os eventos de maio de 1968, a tática de desafiar a passividade do sujeito humano contemporâneo com engenhocas e dispositivos futuristas e inovadores veio a ser amplamente considerada como obra de uma vanguarda ingênua e tecnocrática. Além disso, como observou astutamente o crítico de arte Jean Clay, poucos anos depois, mesmo a estratégia de participação havia se voltado contra si própria pelas condições de produção e experiência implantadas pelo capitalismo de consumo avançado”. (Alexander Alberro, no catálogo da exposição “Le Parc Lumière”).

1969 – Faz o primeiro jogo-votação (juego encuesta) chamado “voltée los mitos”, inspirado nos jogos que encontramos nos parques de diversão de atirar bolas contra imagens. Primeiro, o participante é convidado a avaliar rapidamente as imagens e escolher a que quer atingir. Caso acerte o alvo, é recompensado com uma surpresa. Nesse ano também realiza trabalhos em que a luz em vibração e movimento envolve o espectador. Retoma suas experiências com cor de 1959, sistematiza-as e desenvolve-as.

1972 – O artista faz grande exposição retrospectiva no Kunsthalle de Düsseldorf, com salas de jogos e de participação do espectador, votações, jogos-votações, entre outras provocações. Le Parc renuncia a participar da exposição 72-72, chamada Exposição Pompidou, de forma individual ou como ex-membro do GRAV. E decide, no cara-ou-coroa, sua retrospectiva programada pelo Museu de Arte Moderna de Paris, recusando a mostra.

1978 – Le Parc participa de experiências coletivas, de mobilizações em prol do novo Centro Nacional de Arte Georges Pompidou e desenvolve a série “Modulações”, iniciada em 1974. Em 1978, em exposição retrospectiva em Madri, propõe votação para doar uma obra para a instituição que abriga a mostra. Sobre isso, ele conta, na conversa com Hans-Michel Herzog: “Em uma exposição grande que fiz em Madri, propus ao diretor a realização de uma pesquisa durante os primeiros dias da mostra, para que os visitantes escolhessem qual das obras eu deveria doar. Ele dizia: ‘Não, as pessoas não sabem nada.’ Eu insisti e lhe disse: ‘Veja bem, eu faço a pesquisa e depois você pode tratá-la como algo meramente informativo.’ Então eu fiz a pesquisa. As pessoas se transformam imediatamente. A maneira de olhar e diferente. Eu as via com a pesquisa, olhando, refletindo. Olhavam as obras, procuravam seus papéis, anotavam, discutiam com as pessoas que as acompanhavam, cada um dava sua opinião e, ao final, indicavam os números das obras de que haviam gostado. Muita gente escreveu comentários, em muitos casos superiores aos dos críticos de arte. Houve coisas formidáveis, sobre a exposição, sobre o que viam. Às vezes escreviam cinco páginas inteiras. Depois analisamos o resultado da pesquisa com o diretor. Saiu o quadro numero tal, ele não podia acreditar, e dizia: ‘É impossível, e impossível, é exatamente o quadro que eu quero que fique no museu’”. Ainda em 1978, a BBC de Londres realiza um filme sobre a trajetória de Le Parc. Assim, o artista se vê estimulado a organizar os diversos desenhos, a criar outros e fazer pequenos cenários, um roteiro etc. Esse material deu origem a um vídeo de 13 minutos feito por seu filho Gabriel, em 1989, e ao livro “Historieta”, lançado em 1996. “Considerando a idade que tenho, poderiam me sugerir ‘sossegar’ no meu canto, na toca do artista, à espera da glória, em vez de levantar velhas rixas. Infelizmente, os problemas que enfrentei desde adolescente, como aluno de Belas-Artes, continuam até hoje. Já é um alívio falar nesses problemas e buscar soluções, o que predispõe favoravelmente à criação, mostrando em que pé estão as coisas”, escreve o artista no prefácio de “Historieta”, uma crítica e proposta de reflexão sobre o mundo da arte.

1982 – Le Parc colabora com uma enorme exposição de artistas latino-americanos de Paris, no Grand Palais. Em 1980, participa do esforço de criar um espaço para promover e difundir a cultura latino-americana, também em Paris. Em anos anteriores, o artista participa de encontros e jornadas de arte e cultura latino-americanas, em Cuba e no México.

1984 – Participa, como jurado, da I Bienal de Havana.

1986 – O artista é convidado pelo Círculo de Belas-Artes de Madri a organizar o “Baile de Máscaras”. Com intenso trabalho coletivo, há a ocupação artística de todo o edifício e a organização da festa dá lugar a uma experiência que instiga a imaginação de todos os participantes. Convidado pela II Bienal de Havana, Le Parc realiza uma oficina com jovens criadores cubanos, que se transforma em uma intensa atividade de um dia completo de experiências coletivas, em uma praça da cidade, com a participação do público que se encontra no local.

1987 – O artista ganha prêmio de 20 mil dólares ao participar da I Bienal de Arte Americana em Cuenca, no Equador. Doa metade do valor ao povo nicaraguense e a outra para que seja repartida na próxima Bienal entre um jovem artista equatoriano e um jovem artista latino-americano.

1988 – Dedica-se à grande exposição retrospectiva “Le Parc & Le Parc”– com a participação artística de sua família –, que resume trinta anos de suas experiências. Realiza espetáculo pirotécnico sobre a música de Astor Piazzolla. Inicia nova série chamada “Alquimias”, desenvolvimento da série “Modulações”.

1989 – O artista realiza a exposição retrospectiva também no Uruguai, no Chile e em Mendoza, Argentina, onde nasceu. O artista expõe pela primeira vez a série “Alquimias”.

1993-2004 – Le Parc faz uma série de exposições em países da América do Sul, da Europa e nos Estados Unidos, em locais como o Museo de Arte Contemporáneo Latinoamericano, La Plata, Argentina; Centre Pompidou, Paris, França, Museum of Modern Art de Nova York (MoMA), EUA. Em 2000, participa da 2ª edição da Bienal do Mercosul, em Porto Alegre. No ano seguinte, o artista faz uma grande mostra na Pinacoteca do Estado, em São Paulo, com as obras expostas na Bienal e uma inédita, feita especialmente para o museu. Na exposição, o público pôde conferir o trabalho do artista com luz, movimento, cor e relevos. Na preparação da exposição “Le Parc Lumière” (04.06 a 09.10.2005, no espaço de exibição de da Coleção Daros Latinamerica, em Zurique, que funcionou até 2010), as cerca de 40 obras cinéticas de luz foram cuidadosamente restauradas pela curadora técnica Käthe Walser, com o auxílio do próprio artista. Para isso, ela desenvolveu uma minuciosa pesquisa para identificar seus mecanismos, muitos deles já sem peças similares no comércio. Todo este trabalho foi documentado, para futura referência, e também serviu como base do programa de manutenção permanente da Coleção. A exposição itinerou para o México e a Colômbia.

2006-2012 – Exposições com o artista, individuais e coletivas, são realizadas ano após ano, em diferentes países. Em 2012, o artista participa da 11ª edição da Nuit Blanche (Noite Branca), em Paris, com uma intervenção com jogos de luzes no Obelisco da Praça da Concórdia.

2013 – Le Parc fez uma individual no Palais de Tokio, em Paris, de 25 de fevereiro a 13 de maio, com instalações monumentais, pinturas e esculturas dos anos 1950 até a atualidade. O artista também participou da exposição “Dínamo – Um século de luz e movimento na arte 1913-2013”, no Grand Palais, em Paris, de 10 de abril a 22 de julho, ao lado de artistas como Marcel Duchamp, Jean Tinguely, Carlos Cruz-Diez, Jesús Raphael Soto, Alexander Calder, Anish Kapoor, Victor Vasarely, entre outros. Na Casa Daros, no Rio, Brasil, a Coleção Daros Latinamerica apresenta de outubro a 23 de fevereiro de 2014 a exposição “Le Parc Lumière – obras cinéticas de Julio Le Parc”, um universo mágico e de grande interação com o público.

Site do artista: www.julioleparc.org/

Posted by Patricia Canetti at 6:37 AM