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agosto 29, 2012

Lygia Clark: uma Retrospectiva por Felipe Scovino e Paulo Sergio Duarte

Lygia Clark: uma Retrospectiva

FELIPE SCOVINO E PAULO SERGIO DUARTE

Lygia Clark - Lygia Clark: uma Retrospectiva, Instituto Itaú Cultural, São Paulo, SP - 02/09/2012 a 11/11/2012

A obra de Lygia Clark (1920-1988) é um momento privilegiado da arte da segunda metade do século XX para observarmos as passagens do moderno ao chamado pósmoderno, ou melhor, do moderno ao contemporâneo, ou, se preferirem, do moderno aos dias atuais. É importante saber que internacionalmente se começa a reconhecer isto: no Brasil da segunda metade do século XX ocorreram experiências inéditas que contribuem para uma melhor compreensão da arte atual. E uma das chaves desse entendimento é a obra de Lygia Clark com a qual você se encontrará na sua assustadora radicalidade.

Aqui, no Itaú Cultural, em Lygia Clark: Uma Retrospectiva, vamos atravessar os limites da pintura e da escultura modernas claramente manifestados nas Superfícies Moduladas, nos Bichos e nos Trepantes para experiências que implicam em uma nova consciência do corpo. Mas antes de passar a esse novo campo, estas experiências inéditas para muitos, não podem deixar de serem pensadas. Qual o sentido dessa investigação moderna: de uma gama de cores sutis, no seu início, à radical redução da paleta ao preto e branco, das interrogações sobre a linha orgânica, aquela que separava o quadro da parede e eliminava a tradicional moldura, até a única escultura – o Bicho - que podia se apresentar com múltiplas fisionomias? Tudo isto está presente aqui.

Mas para Lygia Clark essa exploração do terreno, digamos moderno, se esgota; ela vai se interessar por uma nova fenomenologia do corpo. Um corpo que é corpo mais mente: o self. É esta nova consciência do corpo que vai ser objeto das investigações estéticas e psicológicas de Lygia Clark, muito precocemente, ainda na segunda metade dos anos 1960. Muito diferente das atitudes sectárias das primeiras manifestações da body art, em muitas das quais era manifestada uma vertente masoquista, artistas que literalmente se autodestroem, as pesquisas de Lygia, nesse momento, exploram a presença do indivíduo na solidão absoluta com seus sentidos ou na relação com o outro. E o resultado é uma obra inédita.

Nessa exposição oferecemos cada um desses momentos da obra extraordinária de Lygia Clark, que nos solicita que a ela nos entreguemos por inteiro: corpo mais mente.

Posted by Patricia Canetti at 11:51 AM