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agosto 31, 2007

Catálogos MAMAM: Alice Vinagre

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Catálogos MAMAM: Alice Vinagre

Preço: R$ 8 + correio

Como comprar: clique aqui para se informar

Formato fechado: 15 x 21 cm
Nº páginas: 12
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 59g
Edição bilíngüe: português/inglês
Texto: Moacir dos Anjos
Tradução: Sarah Bailey
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Flávio Lamenha, Roberto Coura
Exposição: 12 de julho a 01 de setembro de 2002
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife


Fragmento do texto As ordens provisórias da invenção, de Moacir dos Anjos

Alice Vinagre tem, desde a década de 1980, trabalhado no campo impreciso em que desenho e pintura se confundem e se tornam quase coisa única. Por vezes são as superfícies de cor densa que parecem querer ofuscar as linhas nelas superpostas, enfraquecendo, desse modo, a intenção narrativa do desenho; noutras, é o interesse pelas histórias traçadas que afastam o olhar do que foi pintado e faz da pintura apenas fundo. Menos por indecisão da vontade do que por interesse repartido, a artista tem mantido, com continuado vigor ao longo dos anos, a tensão em uma obra que afirma o poder cognitivo do fragmento e que recusa a noção de completude.

Os dois trabalhos que apresenta no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães atestam, de modos diversos mas convergentes, o desdobramento fértil desse almejado confronto entre formas expressivas. Em um deles - a instalação Azul - a artista usa dezenas de retângulos modulares de cartão (cada um deles medindo 30 x 115,5 cm) como suportes para seus desenhos/pinturas. Demarcados no interior desses exíguos espaços planos estão campos de azuis variados e linhas que formam espirais, ziguezagues ou labirintos, imagens recorrentes no seu percurso criativo.

Posted by João Domingues at 11:27 AM

Catálogos MAMAM: Emmanuel Nassar

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Catálogos MAMAM: Emmnuel Nassar

Preço: R$ 11 + correio

Como comprar: clique aqui para se informar

Formato fechado: 15 x 18 cm
Nº páginas: 16
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 51g
Texto: Moacir dos Anjos
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Daniel Mansur, Flávio Lamenha, Leila Reis, Vicente de Mello
Exposição: 8 de julho a 26 de setembro de 2004
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife


Fragmento do texto Tradução de territórios, de Moacir dos Anjos

Observar um conjunto de trabalhos de Emmanuel Nassar (na maior parte dos casos, pinturas) deixa claro um dos impulsos construtivos que mais mobilizam o artista: traduzir, para o campo da visualidade culta e cosmopolita, aquela outra que marca o campo do que é popular e suburbano; transpor, sem a hesitação do cuidado excessivo, códigos visuais presentes em feiras, parques de diversões ou comércio miúdo, naqueles outros criados ao longo da história da pintura. É assim, por exemplo, com o trabalho Garrafas [1995], cujo suporte de madeira é dividido diagonalmente em duas áreas feitas de cores ralas que ecoam tanto a informalidade de pinturas que cobrem ásperas superfícies de barracas quanto a rigidez de princípios concretistas. É também o caso de Mãodrian [1995], onde a segmentação do piano em porções de amarelo, vermelho, preto e um branco sujo - arranjo de cores encontrável em carroças ou letreiros de qualquer canto à margem dos centros urbanos - cria ângulos quase retos e remete, inequivocamente, ao cânone neoplasticista. Além de traduzir imagens que encontra ao acaso em outras onde as aproxima de códigos a elas estranhos, Emmanuel Nassar verte engenhocas populares de usos variados em representações pintadas de construções que não servem para coisa alguma. Em cada Instabile que faz - nome genérico de várias dessas pinturas que remete, com ironia evidente, aos móbiles do artista norte-americano Alexander Calder (1898-1976) - fica manifesto, entretanto, o encantamento pelas articulações precárias que sustentam tais objetos e o seu avizinhamento da tradição moderna da escultura.

Posted by João Domingues at 10:47 AM | Comentários (1)

agosto 30, 2007

Catálogos MAMAM: Projeto Sem Fim, de Carmela Gross

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Catálogos MAMAM: Projeto Sem Fim, de Carmela Gross

Preço: R$ 11 + correio

Como comprar: clique aqui para se informar

Formato fechado: 15 x 18cm
Nº páginas: 12
Impressão: imagens cor
Peso: 35g

Textos: português
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife

Projeto gráfico: Zolu design
Exposição: 22 de maio a 31 de agosto de 2003

Texto de Moacir dos Anjos

Fragmento do texto Projeto Sem Fim, de Moacir dos Anjos

Há alguns sentidos que perpassam a obra inteira de Carmela Gross, embora nunca do mesmo modo ou como conjunto indiviso. Formam, ao contrário, trama densa de idéias, formas e inquirições, cimento de uma trajetória avessa à especialização. Aquilo que num trabalho é apenas sugerido, noutro pode aflorar como ênfase e presença legível. De maneira análoga, o que foi já conceito explicito pode, pouco ou muito depois, aparecer quase somente como sombra ou vestígio. Por vezes, um trabalho transborda no seguinte, prova de sedimentação e amadurecimento de um percurso feito. Noutras, é o trabalho novo que, promovendo cortes no caminho seguido, resignifica o antigo, dando a ver, de modo distinto, algo que era antes entendimento assentado. Confirmando o já conhecido ou alargando o seu poder de cognição, os muitos e diversos trabalhos da artista reforçam uns os significados dos outros e conferem coerência e espessura a uma obra crítica de si e curiosa do mundo que a envolve.

Posted by Leandro de Paula at 4:45 PM

Catálogos MAMAM: Quimera, de José Paulo

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Catálogos MAMAM: Quimera, de José Paulo

Preço: R$ 11 + correio

Como comprar: clique aqui para se informar

Formato fechado: 15 x 18cm
Nº páginas: 10
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 35g
Texto: Moacir dos Anjos
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Flávio Lamenha e Luiz Santos
Exposição: 22 de maio a 31 de agosto de 2003
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife


Fragmento do texto Quimera, de Moacir dos Anjos

Há algum tempo José Paulo faz, do barro cozido, expressão e suporte de sua obra. Molda a matéria mole e queima, em forno quente, as formas variadas que cria, tenham ou não elas referentes no mundo visual ou tátil, Se, por meio de seus trabalhos, dá consistência física à argila, conserva, também neles, a fragilidade intrínseca da matéria, pondo o que constrói em risco iminente de quebra. A antiga técnica que usa carrega, por fim, largas referências simbólicas, abrangendo desde a narrativa bíblica da criação ao saber vernacular detido par artífices do barro.

Em período recente criou, em terracota, muitas peças assemelhadas a ovos gigantes. Guardados ou presos em estruturas/ninhos de ferro, esses ovos feitos de barro queimado pareciam estar esperando partirse a qualquer instante, como se sua matéria inerte fora submetida à contaminação anímica. Vistos em retrospecto e a partir da instalação Quimera (2003), tais trabalhos sugerem, além disso. o interesse do artista por mecanismos de manipulação genética.

Posted by Leandro de Paula at 4:29 PM

Catálogos MAMAM: Eudes Mota

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Catálogos MAMAM: Eudes Mota

Preço: R$ 17 + correio

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Formato fechado: 16 x 20 cm
Nº páginas: 32
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 113g
Edição bilíngüe: português/inglês
Texto: Moacir dos Anjos
Tradução: Paul Webb
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Flávio Lamenha
Exposição: 16 de junho a 7 de agosto de 2005
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife


Fragmento do texto Do rigor e do prosaico, de Moacir dos Anjos

As pinturas de Eudes Mota não resultam do acaso, mas de uma reflexão continuada sobre os significados e a importância que a expressão pictórica pode ainda deter no mundo contemporâneo. Tal questionamento - pouco programático, porém orientador de sua trajetória - faz com que suas pinturas maduras claramente remetam a duas tradições artísticas distintas, sem que, por isso, padeçam de ambigüidade estilística. Por um lado, são devedoras de um interesse pela abstração geométrica do espaço vivido, cujas formulações mais radicais foram feitas, nas primeiras décadas do século XX, pelos russos Kasemir Malevitch (1878-1935) e Alexander Rodchenko (1891-1956), e pelos holandeses Piet Mondrian (1872-1944) e Theo Van Doesburg (1883-1931) Por outro lado, traem um fascínio pela trilha de investigação inaugurada, à mesma época. pelo francês Marcel Duchamp (1887-1968), ocupada em inserir e legitimar, no campo restrito da arte, objetos e imagens banais do cotidiano. Embora discordantes em quase tudo, essas duas vertentes se aproximam por aludirem _ implícita ou explicitamente - ao fim da pintura. Uma, pelo abandono gradual da representação (seja ela mimética ou subjetiva) e redução do próprio espaço pintado em arena auto-referente, onde um redundante "grau zero" da pintura seria supostamente atingido A outra, por assumir, radicalmente, as implicações da mecanização extrema da vida moderna - inclusive das ações relacionadas ao ate de pintar - e questionar, em conseqüência disso, a especificidade do meio frente a quaisquer outros artefatos de utilidade comum.

Embora seja evidente que a pintura contemporânea tenha sobrevivido aos discursos teleológicos das vanguardas modernas, são poucos os pintores que, como Eudes Mota, refletem sobre esse anunciado fim - sempre adiado para um futuro incerto - de modo crítico, valendo-se dos procedimentos básicos que definem o meio e incorporando, simultaneamente, assuntos e ações que põem à prova sua continuada pertinência. Nos trabalhos da série "Gráfico" - desenvolvida, em simultâneo a outras citadas adiante, ao Iongo de vários anos -, o artista traduz anotações da vida ordinária para o espaço codificado da tradição geométrica da pintura.

Posted by João Domingues at 4:19 PM

Catálogos MAMAM: A Coleta da Maresia, de Brígida Baltar

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Catálogos MAMAM: A Coleta da Maresia, de Brígida Baltar

Preço: R$ 25 + correio

Como comprar: clique aqui para se informar

Formato fechado: 15 x 18cm
Nº páginas: 12
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 35g
Texto: Moacir dos Anjos
Projeto gráfico: Zolu design
Exposição: 22 de maio a 31 de agosto de 2003
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife


Fragmento do texto A espessura da coleta, de Moacir dos Anjos

Entre 1994 e 2001, Brígida Baltar realizou uma série de ações pouco usuais e com serventia prática nenhuma: coletou, diversas vezes, neblina, orvalho e maresia em variados recipientes de vidro (frascos, tubos, potes), registrando tais atos em fotografias e em curtos filmes silenciosos. Juntas, essas coletas formam o projeto Umidades, tentativa de apreender, simbolicamente, o que são efêmeros fatos naturais. Iniciadas como forma de expandir, para fora da casa, pequenas ações de armazenamento poético de substâncias domésticas (pó desprendido de tijolos, cascas de tinta, gotas de chuva que caem por frestas no telhado), as coletas se tornaram, logo em seguida, empenho ativo e sabidamente vão de capturar o que, por ser intangível e por só existir no ambiente da mata ou da praia, sempre escapa ao aprisionamento material.

Supostamente inócuo. o ato da artista traz em potência, contudo, a ativação alegórica do que é quase sempre visto como substância amorfa e embaciada. Pondo em contato estreito dimensões que poucas vezes se embaralham, suas coletas de umidade (ajudadas, ocasionalmente, por pessoas próximas) avizinham pequenos gestos ordinários a vastos ambientes naturais, tornando visível, por meio desse encontro, o que é quase transparente a olhos acostumados somente ao que é contíguo e sujeito ao tato.

Posted by João Domingues at 2:46 PM

Catálogos MAMAM: Rosângela Rennó

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Catálogos MAMAM: Rosângela Rennó

Preço: R$ 17 + correio

Como comprar: clique aqui para se informar

Formato fechado: 16 x 20cm
Nº páginas: 40
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 135g
Edição bilíngüe: português/inglês
Texto: Moacir dos Anjos
Tradução: Paul Webb
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Flávio Lamenha
Exposição: 14 de setembro a 16 de novembro de 2006
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife


Fragmento do texto Mesmo diante da imagem mais nítida, o que não se conhece ainda, de Moacir dos Anjos

O meio expressivo usado por Rosângela Rennó em seus trabalhos
é, quase sempre, a fotografia, embora se valha, por várias vezes, de texto ou vídeo. Raramente, porém, a artista fotografa. Prefere ater-se ao vasto inventário de imagens já existentes e encontráveis em qualquer parte, investigando, de modos os mais diversos, os seus possíveis e instáveis significados na organização da vida em comum, quer no campo do conflito, quer no do afeto. Ha pressuposto, nesse procedimento, não apenas o fato de que fotografias são arquivadas, mas também o intento de desvelar a ética que comanda a produção e o usa dessas tantas imagens. Sem a pretensão de certeza que o discurso cientifico reivindica - procedendo, antes, à sua abertura ao que é incerto -, elabora uma arqueologia e uma genealogia da fotografia, situando-a como parte integrante de um sistema de saberes e valores que ancora formas de poder em sociedade, as definidas como as difusas. Talvez a principal estratégia utilizada para tanto seja apresentar as fotografias que coleota em lugares distintos - e que escolhe por motivos variados - de uma maneira que cause estranhamento a quem as olhe, ainda que sejam conhecidas ou banais: é quando tornadas opacas por esse deslocamento que essas imagens podem, afinal, ter seus sentidos renovados. Tendo se valido, no inicio de sua trajetória, das fotografias que mais Ihe estavam disponíveis (as suas e as de seus familiares), e ao lançar-se à pesquisa do corpo extenso de imagens produzidas por outros - instituições ou indivíduos - que concede ao seu projeto, contudo, maior potência e foco.

Posted by João Domingues at 2:41 PM

Catálogos MAMAM: Jorge Molder

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Catálogos MAMAM: Jorge Molder

Preço: R$ 17 + correio

Como comprar: clique aqui para se informar

Formato fechado: 16 x 20cm
Nº páginas: 20
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 81g
Edição bilíngüe: português/inglês
Texto de Moacir dos Anjos
Tradução: Paul Webb
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Flávio Lamenha
Exposição: 10 de dezembro de 2003 a 15 de fevereiro de 2004
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife


Fragmento do texto Para onde a linha do tempo corre, de Moacir dos Anjos

Jorge Molder partilhou, desde cedo, o interesse por estudos filosóficos e pela fotografia. Só a partir da década de 1980, contudo, privilegia um modo apenas de acercar-se do mundo, valendo-se menos da faculdade de pensar o real, ou de meramente fixar o visível, do que do desejo de compor imagens que evoquem sensações ou estados situados além do que permite o repertório de descrição ordinário. Em várias séries de fotografias feitas desde então, o artista registra a sua imagem somente: sempre de paletó, olhar em fuga freqüente do contato com a câmara, corpo envolto em ambientes fechados e escuros. Muitas vezes, só o seu rosto (expressão impassível ou distante) é enquadrado nas fotografias, deixando todo o resto na sombra que apaga marcas precisas de espaço e de tempo. Em outras ocasiões, o seu corpo inteiro (ou parte dele) é visto em lugares e momentos indefinidos, ocupado em executar ações das quais também pouco ou nada se pode saber apenas inspecionando as imagens cuidadosamente construídas em preto e branco.

Embora seja tentador entender e classificar tais imagens como auto-retratos, não é ele mesmo (ou, ao menos, não somente) que, a despeito de todas as evidências em contrário, Jorge Molder exibe nas suas fotografias. Emprestando os próprios rosto e corpo a um personagem sem origem, motivação ou ocupação certas, o artista comenta a perda da identidade fixa e da autonomia plena do sujeito no mundo atual, apontando, através do acúmulo de imagens diversas de si mesmo, o seu caráter difuso e fragmentado. Por meio de método de criação tão transparente na feitura quanto complexo no que dele resulta, subverte, como outros artistas também o fazem, a tradição retratista do Ocidente (oriunda da pintura renascentista e que alcança a fotografia moderna), na qual se espera acesso imediato aos traços identitários de quem é figurado. Não põe a sua obra acima ou à parte, contudo, da condição transitória e circunstancial de que tratam as fotografias por ele criadas, deixando-a também próxima às esgarçadas fronteiras simbólicas que precariamente a situam no âmbito somente do estético.

Posted by João Domingues at 2:37 PM

agosto 27, 2007

Catálogos MAMAM: Ernesto Neto

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Catálogos MAMAM: Ernesto Neto

Preço: R$17 + correio

Como comprar: clique aqui para se informar

Formato fechado: 16 x 20cm
Nº páginas: 40
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 130g
Edição bilíngüe: português/inglês
Texto: Moacir dos Anjos
Tradução: Sarah Bailey
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: André Morin, Boris Beker, Manfred Wegener, Christopher Smith, Lee Stalsworth, Eduardo Ortega, Gabriela Toledo, Noka Wakihiko, Rogério Faissal, Serge Hasenbôhler, Vicente de Mello
Exposição: 16 de setembro a 23 de novembro de 2003
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife


Fragmento do texto As dobras, as voltas, os acúmulos e os vazios do trabalho, de Moacir dos Anjos

É difícil nomear, com a certeza que as classificações implicam, o que Ernesto Neto faz. Categorias como as de escultura e instalação, ainda que aplicáveis a parcelas de sua obra, não são capazes de Ihe emprestar um sentido conjunto. Iniciados em meados da década de 1980, é certo, contudo, que seus trabalhos - feitos de matérias diversas - instauram experiências espaço-temporais para quem deles se aproxima. É patente, ademais, a continuidade conceitual no percurso seguido desde então, o qual afirma a herança construtiva - por meio, principalmente, do legado neoconcreto - que informa o trabalho de vários artistas brasileiros pertencentes a sua geração. Há também nessa rota, entretanto, o anúncio claro de interesses concorrentes, os quais estabelecem pontos de confronto com essa herança ou a desdobram em outras direções.

Posted by João Domingues at 3:09 PM

Catálogos MAMAM: Rivane Neuenschwander

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Catálogos MAMAM: Rivane Neuenschwander

Preço: R$17 + correio

Como comprar: clique aqui para se informar

Formato fechado: 16 x 20cm
Nº páginas: 40
Impressão: imagens cor
Peso: 130g
Edição bilíngüe: português/inglês
Texto: Moacir dos Anjos
Tradução: Sarah Bailey
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Ahlburg Keate, Cão Guimarães, Dan Dennehy, Eduardo Eckenfels, Eduardo Ortega, Estúdio 459, Seale Studios, Stephen White, Vicente de Mello
Exposição: 16 de setembro a 23 de novembro de 2003
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife


Fragmento do texto Olhar a poeira, por exemplo, de Moacir dos Anjos

Olhar a poeira, por exemplo. Não como um todo indiviso, nuvem opaca e indistinta. Mas olhar detidamente cada uma de suas pequenas partículas suspensas no ar (e também o espaço exíguo que separa umas das outras), identificando o que não é notável ao senso apressado e comum. Mais ainda: não somente decompor em partes o que se apreende tantas vezes como inteiro, mas aceder ao fato que é da percepção do ordinário e do quase impalpável que se engendra, num processo não consciente de cognição, a percepção do que é relevante e visível. É desse impulso de conhecer o mundo escapando de um juízo totalizador e amnésico de suas porções constitutivas que, ao longo de uma década de produção intensa, Rivane Neuenschwander tem composto uma obra imperméavel, ela mesma, a definições abrangentes.

Valendo-se de modos de expressão variados (instalações, filmes, construção de objetos), a artista torna manifesto o que, na vida corrente, é só rumor, pedaço ou entrevisto. Inexiste nesse intento, contudo, elogio algum ao que é frágil ou contingente, posto que a sua obra não se ocupa de criar refúgio para o desconforto que se possa sentir no mundo. Há, ao contrário, o desejo de dar a potência devida ao murmúrio incessante das pequenas coisas que o formam e habitam, sejam elas uma palavra, um gesto, uma imagem ou um momento. A sutileza de seus trabalhos é da ordem, portanto, daquela encontrada na prosa de Clarice Lispector ou no cinema de Eric Rohmer: afirma que o importante pressupõe o prosaico e dele depende para existir.

Posted by João Domingues at 3:03 PM

agosto 24, 2007

Catálogos MAMAM: Oswaldo Goeldi

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Catálogos MAMAM: Oswaldo Goeldi

Preço: R$ 17 + correio

Como comprar: clique aqui para se informar

Formato fechado: 16 x 20cm
Nº páginas: 32
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 81g
Edição bilíngüe: português/inglês
Texto: Moacir dos Anjos
Tradução: Paul Webb
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Flávio Lamenha
Exposição: 10 de dezembro de 2003 a 15 de fevereiro de 2004
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife


Fragmento do texto Testamento e testemunho, de Moacir dos Anjos

Nascido no Rio de Janeiro em 1895, Oswaldo Goeldi passou dos 6 aos 24 anos na Suíça, onde iniciou suas atividades como desenhista e, em seguida, como gravador. Essa experiência européia e a inadaptação ao provinciano ambiente artístico do Rio de Janeiro à época de sua volta marcariam o contéudo e a forma que a sua obra iria adquirir dai em diante. Não fosse a escolha da xilogravura como meio privilegiado de construção de imagens - o qual refreia a rapidez possível do gesto -,o artista talvez houvesse se submetido aos excess os expressionistas então em voga na Europa. 0 tempo e o esforço necessários ao entalhe da matriz da gravura, contudo, mediaram o embate entre as demandas intelectuais de um artista em formação e as frustrações impostas por um meio cultural ainda acanhado, conferindo à sua obra rigor ético e formal.

Nas imagens urbanas criadas por Oswaldo Goeldi há pouco espaço para o encontro fortuito ou para o congraçamento. Embora se passem, quase todas, do lado de fora das casas, não há nelas sinais de vida partilhada ou pública. Há, ao contrário, indícios de solidão profunda, em que figuras pequenas e curvadas traçam caminhos incertos ao longo de becos, ruas e praças de uma cidade hostil ou indiferente aos dramas de cada um. Em outras composições, não há sequer a presença humana, mas somente objetos de uso doméstico abandonados no chão, índices da completa desimportância e desamparo dos seus donos. Há, também, nas suas gravuras, um perturbador silêncio. todo o som suposto abafado pelo escuro que as domina, o qual é só rompido por finos rasgos de luz branca ou pequenas superfícies de cor. Quase nada, ademais, acontece no espaço gravado, com narrativas sugeridas e abortadas no mesmo instante. A passagem do tempo parece, por isso tudo, ter sido suspensa, como se para obrigar o observador a sentir o peso e a densidade de cada uma das cenas.

Posted by João Domingues at 5:04 PM

Catálogos MAMAM: Delson Uchôa

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Catálogos MAMAM: Delson Uchôa

Preço: R$ 17 + correio

Como comprar: clique aqui para se informar

Formato fechado: 16 x 20cm
Nº páginas: 32
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 114g
Edição bilíngüe: português/inglês
Texto: Moacir dos Anjos
Tradução: Paul Webb
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Flávio Lamenha, Celso Brandão
Exposição: 16 de junho a 7 de agosto de 2005
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife


Fragmento do texto Primeiro cegam, depois iluminam, de Moacir dos Anjos

Iniciada na década de 1980, a trajetória de Delson Uchôa pode ser repartida em duas, embora a parcela mais recente guarde e atualize conquistas feitas na primeira. Com vários pintores de sua qeração, explorou, em seus anos de formação no ofício - passados, em sua maior parte, no Rio de Janeiro -, a liberdade da reinvenção coletiva de um meio precocemente dado como exaurido. Atento à profusão de imagens do cotidiano e da história da arte à disposição de todos, fez trabalhos que as citavam sem apelo a qualquer forma de ilusionismo, empregando campos definidos de cor como elemento central de sua representação em tinta. No início da década seguinte, contudo, volta a Maceió - cidade onde nasceu e morou até ficar adulto -, onde abandona 0 repertório antes adquirido e resignifica, em função da memória atávica de signos e luzes, o que havia incorporado como instrumento de pintor, embora mantendo intocado o interesse por ver o mundo através de cores. É a partir desse momento que sua obra se singulariza e que começa a forjar a originalidade da qual é detentora.

As pinturas maduras de Delson Uchôa são clarões: primeiro cegam, depois iluminam. Em todas, há uma cor quente que domina o espaço pintado - quase sempre de grandes dimensões - e também seu entorno próximo, provocando o estímulo alongado da retina. Amarelo, verde, azul, vermelho, todos pulsam, em diferentes trabalhos, de modo incontido. Embora quando observadas de longe é que mais clareiem o olhar, é vendo suas pinturas de perto - de uma distância em que a visão se avizinha das superfícies entintadas - que se percebe que suas luzes intensas são feitas, em sua maior parte, de delicados fios. São inúmeras linhas de cor bem finas, cordões de alqodão. tramas de juta ou tecido que, amalgamados sobre uma Iona bruta e abrigados sob uma resina lisa, tecem o corpo e o brilho de seus trabalhos. Por meio dessas intricadas construções cromáticas - feitas de agrupamentos de delgados traços retos e curvos e de alguns poucos campos onde o monocromo domina -, o artista busca apreender a luz que habita o campo perceptivo que separa "a visão e o visto", a qual traduz estados de espírito diversos (alegre, austero, saudoso) e não se deixa capturar por quaisquer outros procedimentos cognitivos' A luz pintada é, portanto, em sua obra. forma irredutível de conhecer e registrar um fato físico da vida, pouco se prestando à descrição de figuras ou cenas.

Posted by João Domingues at 2:35 PM

Catálogos MAMAM: Daniel Senise

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Catálogos MAMAM: Daniel Senise

Preço: R$ 17 + correio

Como comprar: clique aqui para se informar

Formato fechado: 16 x 20cm
Nº páginas: 32
Impressão: imagens cor
Peso: 113g
Edição bilíngüe: português/inglês
Texto: Moacir dos Anjos
Tradução: Paul Webb
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Flávio Lamenha
Exposição: 16 de junho a 7 de agosto de 2005
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife


Fragmento do texto Sobre a necessidade da pintura, de Moacir dos Anjos

Na época em que a trajetória artística de Daniel Senise tem início - começo da década de 1980 -, existia sobre os praticantes da pintura a expectativa de que pudessem reafirmar a pertinência do meio, tido como um campo de invenção exaurido já fazia vinte anos. Essa expectativa fora alimentada pela relativa exigüidade de imaginação visual e de sensualidade na produção hegemônica do decênio precedente - informada por procedimentos ancorados, majoritariamente, no conceito e na razão -. às quais práticas pictóricas poderiam, supostamente, ser contrapostas. A exaustão hipotética da pintura, por sua vez, fora causada pela tentativa, elaborada por artistas modernistas, de fazer desse meio um campo de expressão autônomo - liberto, portanto, da responsabilidade de representar o mundo -, a qual teria, paradoxalmente, tornado a pintura redundante Muitos pintores responderam a essas circunstâncias conflitantes retornando, de forma acrítica, à tradição pré-moderna do meio, resgatando, por acomodação ou nostalgia, soluções inadequadas aos desafios postos para sua efetiva atualização. Vários outros. contudo, fizeram de suas obras um espaço de reflexão sobre o sentido de ainda pintar após a experiência moderna, reinventando as características dessa prática e alongando, por tempo incerto, sua relevância como operação de conhecimento. É no interior desse território dúbio de adoção e questionamento da herança da pintura que, desde então. se move a obra de Daniel Senise.

Por alguns anos, o artista fez trabalhos povoados de formas orqânicas e objetos comuns, os quais, mesmo em telas de grandes dimensões, quase nunca eram representados inteiros, como se houvessem sido ampliados a ponto de não caberem íntegros nos suportes. Volumosas e ocupando toda a superfície pintada com tinta acrílica, essas imagens, construídas com reduzida amplitude cromática e acentuado interesse qráfico, chamavam tanto a atenção para seus possíveis significados simbólicos quanto, propositadamente, confundiam figura e plano, atestando a dificuldade de construir o campo da representação pictórica na contemporaneidade. 0 final da década de 1980 vai marcar, entretanto, uma mudança relevante de estratégia criativa, embora mantendo o impulso auto-reflexivo inicial. Os trabalhos de Daniel Senise deixam de focar prioritariamente o delineamento de cenas sobre telas e se voltam, com ênfase semelhante, para a indagação sobre os processos que as formam. Ao fazer tal movimento, suas pinturas passam a incorporar técnicas não usuais no meio e recolocam, de modo inquisitivo, a importância que possa existir no ato de pintar.

Posted by João Domingues at 2:03 PM

agosto 20, 2007

Catálogos MAMAM: José Rufino

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Catálogos MAMAM: José Rufino

Preço: R$17 + correio

Como comprar: clique aqui para se informar

Formato fechado: 16 x 20cm
Nº páginas: 40
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 130g
Edição bilíngüe: português/inglês
Texto: Moacir dos Anjos
Tradução: Paul Webb
Fotos: Beto Felício, Flávio Lamenha, IMAGO, José Rufino, Tiago Rivaldo
Exposição: 10 de dezembro de 2003 a 15 de fevereiro de 2004
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife

Fragmento do texto O tempo impreciso que se nomeia de agora, de Moacir dos Anjos

Se há um começo aqui, ele está na história de um nome. José Rufino não é o nome de registro do artista, mas como era chamado o seu avô paterna (1895-1979), antigo senhor do engenho Vaca Brava, situado em Areia, município do brejo da Paraíba. A apropriação do nome desse seu ascendente, já no final da década de 1980, coincide com o recebimento, como herança familiar, do acervo documental que àquele pertencera: formado por cartas, notas, recibos, bilhetes, livros e papelada diversa, esse ajuntamento de rastros materiais permitiu a reconstituição de parte do universo escriturário e sentimental no qual seu avô vivera e exercera, por tempo longo, o poder dos donos. Universo que inclui o ambiente familiar e geográfico no qual o artista, na infância, passara extensas temporadas. Foi a partir desse encontro com seu passado próximo e também distante que a obra que desenvolvia sob o nome de origem (José Augusto de Almeida) sofreu inflexão brusca, passando a tomar aquele acervo como suporte quase único.

É desse período o início das Cartas de Areia, centenas de desenhos e pinturas feitos sobre envelopes e cartas enviadas a seu avô por várias décadas e por gentes as mais distintas. Valendo-se de meios variados (lápis, nanquim, guache, têmpera, etc.). José Rufino criou, sobre esses registros de época. um outro inventário de lembranças e símbolos, estabelecendo laços entre gerações distintas e tecendo elos entre tempos distantes. Por vezes, são imagens de paisagens áridas tiradas da memória que enchem o papel antigo; noutras, são evocações da casa grande da fazenda ou de móveis da família. Há ainda figuras solitárias e despidas que exibem seus sexos, e também a presença recorrente de árvores e cruzes. Parcialmente encobrindo endereçamentos carimbos, selos ou mensagens formais, as imagens criadas desvelam a sobreposição de histórias diversas que, embora apartadas pelo tempo, já dividiram um mesmo lugar.

Posted by João Domingues at 4:26 PM | Comentários (1)