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abril 27, 2020

Série criada por Eric Nepomuceno durante isolamento social narra leituras e histórias

Após pouco mais de um mês do início do período de isolamento social e quarentena devido à pandemia do Covid-19, a Nepomuceno Filmes irá estrear, a partir do dia 27 de abril de 2020, um combo de conteúdo inédito na internet, composto por duas séries e um curta-metragem produzidos de forma totalmente independente ao longo do mês de abril. Filmados através de um aparelho de telefone celular e editados em um laptop, as séries “Leituras na Quarentena”, “Dias e Noites de Amor e de Guerra” e o curta-metragem “Cinco anos de solidão” foram feitos na serra de Petrópolis, onde Eric Nepomuceno está confinado com a mulher e o filho.

Leituras na Quarentena é uma série de 40 programas de aproximadamente dois minutos cada, com sugestões de livros, autoras e autores, para ajudar a enfrentar a solidão e o isolamento. Apresentada pelo escritor Eric Nepomuceno, que entre uma e outra dica de leitura revela histórias de amigos como Gabriel García Márquez, Cristovão Tezza, Juan Rulfo, Fernando Morais, e memórias pessoais relacionadas a livros como “O Apanhador no Campo de Centeio”, de J.D. Salinger, “Antes do Baile Verde”, de Lygia Fagundes Telles, “O Quarto de Giovanni”, de James Baldwin, e personagens como Mafalda e Tom Sawyer.

“Ficar sozinho é uma coisa, sentir solidão é outra. Eu, por exemplo, adoro ficar sozinho. Sempre que posso, escolho essa situação. Mas não ter essa escolha é, para mim, assustador: muito diferente de me isolar, é ser isolado. Ficar isolado, sem poder ver amigas e amigos de décadas e que estão logo ali, ao alcance da mão. Pensando nisso, pensei em maneiras de combater o vazio do isolamento. E cheguei à conclusão de que ler é o melhor remédio. Ao longo de anos e anos eu disse e redigo que nenhum, nem um único livro, mudou a história do mundo. Nem mesmo a obra de ficção mais lida e traduzida na história da humanidade, a Bíblia, mudou o mundo. O que os livros podem mudar e muitíssimas vezes mudam é a nossa maneira de ver a vida e o mundo. E nos levar a tentar, então, mudar a realidade que nos rodeia ou buscar a realidade que nos foi escondida”, diz Eric Nepomuceno.

Dias e Noites de Amor e de Guerra é um conjunto de 16 programas de aproximadamente três minutos cada, com leituras da obra de Eduardo Galeano, no ano em que o escritor uruguaio completaria 80 anos, realizadas pelo seu amigo e tradutor, Eric Nepomuceno.

Cinco Anos de Solidão retrata um casal em isolamento em uma cidade no interior do Rio de Janeiro, rodeado de árvores e livros, lidando com memórias e ausências, durante a quarentena de abril. O curta-metragem é uma carta de amor e resistência em um tempo trágico, composto por incertezas e esperanças.

As séries “Leituras na Quarentena”, “Dias e Noites de Amor e de Guerra” e o curta-metragem “Cinco anos de solidão” seguem a mesma linguagem apresentada pela produtora carioca em consagradas séries como “Sangue Latino” (Canal Brasil) e longas-metragens como “Lugar de Fala”, exibido recentemente na mostra Première Brasil do Festival do Rio.

Locais de Exibição
Redes sociais da Nepomuceno Filmes no Instagram e Facebook, e canal de Eric Nepomuceno no Youtube.

Cronograma
Leituras na Quarentena – de segunda a sexta, a partir de 27 de abril de 2020
Cinco Anos de Solidão – estreia dia 30 de abril de 2020.
Dias e Noites de Amor e de Guerra – aábados e domingos, a partir de 1 de maio de 2020.

Ler é o melhor remédio por Eric Nepomuceno

Ficar sozinho é uma coisa, sentir solidão é outra.

Eu, por exemplo, adoro ficar sozinho. Sempre que posso, escolho essa situação.
Mas não ter essa escolha é, para mim, assustador: muito diferente de me isolar, é ser isolado. Ficar isolado, sem poder ver amigas e amigos de décadas e que estão logo ali, ao alcance da mão.

Pensando nisso, pensei em maneiras de combater o vazio do isolamento. E cheguei à conclusão de que ler é o melhor remédio.

Ao longo de anos e anos eu disse e redigo que nenhum, nem um único livro, mudou a história do mundo. Nem mesmo a obra de ficção mais lida e traduzida na história da humanidade, a Bíblia, mudou o mundo.

O que os livros podem mudar e muitíssimas vezes mudam é a nossa maneira de ver a vida e o mundo. E nos levar a tentar, então, mudar a realidade que nos rodeia ou buscar a realidade que nos foi escondida.

O que eu nunca disse, porque embora estivesse convencido acreditava ser muito óbvio, é que os livros podem, e conseguem na imensa maioria das vezes, suavizar a nossa solidão.

Ao conviver com personagens que nos atraem ou rejeitamos, ao tentar descobrir não apenas o que eles pensam mas qual rumo tomarão, eles se transformam em companhia.

Por esses dias de pandemia descontrolada e de país desgovernado, sem norte nem rumo, tenho lido.

E além de ler, tenho me lembrado de livros que li (e alguns reli, e outros se tornaram releituras rotineiras ao longo dos tempos).

Assim, conto que andam me fazendo companhia o velho Santiago, de O velho e o mar, e Lia, Lorena e Ana Clara, de As meninas, e convivo com a tensa e amedrontadora atração entre David e Giovanni de O quarto de Giovanni, ou padeço a tensão que paira soberba sobre o desespero do casal de O Banho, e observo de longe a solidão do halterofilista de A força humana, e torno a mergulhar, depois de décadas, nas águas do Mississipi e constato, sereno e feliz, que nada mudou nem nelas, nem na minha memória.

São companhias variadas, que varrem a minhas lembranças pelo avesso. E é graças a essas companhias que a solidão da quarentena se torna menos densa, mais suave.

Como disse dia desses Joaquín Sabina, um dos maiores compositores da música popular espanhola contemporânea, ler é o melhor remédio contra o medo – esse medo imenso que se espalha nestes tempos de tensão e breu.

Sobre a produtora
Fundada em 2013 por Tereza Alvarez e Felipe Nepomuceno.
Entre seus trabalhos estão os DVDs “Atento aos Sinais Vivo” (2014) e “Bloco na Rua” (2019), de Ney Matogrosso.
Outros trabalhos são os curtas-metragens: “A incrível volta ao mundo do tricolor suburbano” (2013), “Caetana” (2014) e “Estrondo” (2019), exibidos nos festivais É Tudo Verdade, Festival do Rio, Curta Cinema e Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano (Cuba), entre outros.
Realizou as séries: “Sangue Latino”, “Contradança”, “A Arte do Encontro”, “Janelas Abertas” e “26 Poemas Hoje”, exibidas no Canal Brasil.
Em 2018, estreou o longa-metragem “Eduardo Galeano Vagamundo”, exibido em mais de 20 festivais internacionais.
Em 2019, lançou na Mostra Geração do Festival do Rio seu segundo longa-metragem, “Lugar de Fala”, filmado integralmente com um aparelho de telephone celular.

Posted by Patricia Canetti at 11:34 AM