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julho 17, 2005

Sobre a última reunião da Ocupação

Ontem, durante a discussão sobre o terceiro turno da Ocupação, onde se tentou fazer um balanço geral do que foi essa iniciativa, o clima foi tenso. Apesar de ter sido considerada uma intervenção estapafúrdia, os comentários de Zorro no QUEBRA, sobre a matéria na Ilustrada mereceram resposta, o que tomou grande parte do tempo disponível para a reunião.
A maioria dos artistas não se colocou contra, mas ficou em silêncio ou então manifestadamente alinhados, de modo que a temida acusação de "manipulação" não encontrou respaldo. Mesmo assim alguns artistas manifestaram vivamente, durante a reunião, insatisfação com o fato de que a repercussão que a Ocupação teve só alcançou essa extensão, por que foi tratada, na mídia, como sendo algo que só mereceu atenção, em virtude de seu caráter político. Nas palavras de Daniela Bousso, em sua carta: "A proposta de "Ocupação" do Paço das Artes deve-se à necessidade que a equipe do Paço e eu sentimos em nos posicionar frente a penúria que as instituições culturais estão vivendo em nosso país."
Bem, é claro que com a participação dos artistas, esse posicionamento deixou de ser exclusividade de Daniela Bousso e da equipe do Paço.
No entanto, para alguns artistas menos visíveis, a questão política era outra, conforme foi mencionado por vezes durante os três debates da Ocupação, pois estavam interessados no significado intrínseco da Ocupação, o que ela representa conceitualmente no âmbito da arte, ou seja, da relação entre artista e curador.
Algumas pessoas foram pegas de surpresa com o rumo que a exposição pareceu tomar e Daniela Bousso comentou ontem: "...os artistas vinham trabalhar no primeiro turno achando que tudo era "cor-de-rosa" e de repente levaram um chacoalhão(com a matéria na Folha)...a partir de então as coisas começaram a ficar boas..."
Sentiu-se falta de que a exposição tivesse, além da polêmica, a cobertura crítica que normalmente é dispensada na imprensa às exposições do circuito, e era quase frustrante que esta estivesse tendo tanta visibilidade e que isso não revertesse na divulgação dos trabalhos, que estavam sendo desenvolvidos pelos ocupantes.
Era quase como se os artistas não importassem, nesse jogo político, e portanto foi inadvertidamente ignorado o fato de que os trabalhos também são políticos.
Em qualquer trabalho de arte, que seja contemporâneo, existe a questão da relação do artista com um mundo onde ele é sempre colocado para escanteio, como parece ter sido o caso, principalmente por parte da imprensa.
Embora os artistas se posicionem politicamente, com seus trabalhos, esse posicionamento parece não ter sido levado em conta nessa polêmica, já que o que se falou foi mais da "penúria" das condições, sem exibir o que os artistas são capazes de fazer, nessa penúria. Artista nunca teve grana, de qualquer modo.

Posted by rogerbarnabe at 6:00 PM