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fevereiro 28, 2008

Arco 08 – Cobertura a várias mãos: Cinocéfalo Cassaro, por Franklin Cassaro e Fernando Gerheim

Arco 08 – Cobertura a várias mãos
O Canal Contemporâneo convida aos muitos de seus usuários presentes à ARCO para publicar suas impressões sobre a feira, os eventos paralelos e, claro, sobre Madri!

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Cinocéfalo Cassaro

Fui convidado pelo Moacir dos Anjos a participar do projeto de performances na ARCO08.
Apresentei um trabalho em progresso chamado Cinocéfalo Cassaro. Este trabalho tem estreita ligação com a escultura (Canil Cinocéfalo Cassaro) apresentada no espaço da Laura Marsiaj nesta mesma feira.

O conjunto remete e trata da minha incomoda sensação ao ver ou ouvir falar de artistas que usam cachorros (vivos, mortos e/ou mortos-vivos) em suas instalações e/ou esculturas. O mais interessante é que não me incomodo com tubarões no formol, porcos em caixas, galinhas com plumas, cavalos pendurados ou qualquer tipo de animal empalhado e preservado. Mas com os cachorros é diferente, não sei explicar o porque, e peço desculpas aos colegas e amigos que já usaram ou usarão cachorros em seus trabalhos, pois sei que não gosto disso com tema para uma obra de arte.

Esta tecnoperformance também foi a inauguração da primeira sub-rede digital carioca onde gravamos todos os testes para a realização da transmissão além de algumas atrações especiais como uma palhinha musical do pandeiro de Fernando Gerheim e o vídeo completo do Cinocéfalo assistindo a um desfile de biquínis de carne para cães.

Para ver todo o material gravado o endereço é: www.ustream.tv/channel/biobildung-stream
Para assistir aos curtas de apresentação do projeto: www.dailymotion.com/playlist/xcwr1_biobildung_cinocefalo

Franklin Cassaro


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Cinocéfalo Cassaro

Cinema aos vivos. Cinecino.
Viver é em streamming um ato criativo.
Além do objeto, o próprio tempo da arte está em estado crítico: simultaneidade e heterotopia. Em sua casa (espaço privado), o artista trabalha; a um oceano Atlântico de distância (espaço público), a platéia assiste.
Cachorro-Caligari no espaço-tempo hiper-não euclidiano.
O Cinocéfalo dentro-fora nunca foi domesticado. Web-cão faz que interage, mas o adestrador tem sobre ele um direito sonâmbulo.
Ele é um pouco como o coiote de Beuys em contexto global.
Em seu quarto, em Copacabana, by appointment, diante da web-cam, torna mítico o tempo real.

Fernando Gerheim

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Cassaro Cephaloncine

Cinema to the living. Cinecino.
To live is streamming a creative act.
Beyond the object, the art’s own time is in a critical state: simultaneity and heterotopia. In his house (private space), the artist works; of the Atlantic ocean distance (public space), the viewers watch.
Caligari-Dog in the hyper-no euclidean space-time.
The in-out Cephaloncine was never domesticated. Web-dog pretend interaction, but the trainers have over him a sleepwalking right.
He is a bit like the Beuys’s coyote in global context.
In his Copacabana’s room, by appointment, in front of the web-cam, he makes the real time mythical.

Fernando Gerheim


Cinocéfalo Cassaro

Cine para los vivos. Cinecino.
Vivir en el streaming es un acto creativo.
Más allá del objeto, el tiempo mismo del arte está en un estado crítico: simultaneidad y heterotopía. En su casa (espacio privado), el artista trabaja. A un Océano Atlántico de distancia (espacio público), el público mira.
Cachorro-Caligari en un espacio-tiempo hiper no euclidiano.
El Cinocéfalo dentro-fuera no ha sido jamás domesticado. Web-dog hace como si interactuara, pero su domador posee un derecho sonámbulo sobre él.
Es un poco como el coyote de Beuys en un contexto global.
En su habitación de Copacabana, previa cita, delante de la web-cam, convierte el tiempo real en mítico.

Fernando Gerheim

Posted by João Domingues at 11:24 AM

fevereiro 27, 2008

CONEXÃO Fortaleza - No fantástico mundo de Harker, por Ana Cecília Soares

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CONEXÃO Fortaleza - No fantástico mundo de Harker

ANA CECÍLIA SOARES

Uma dama de olhar enigmático, esboçando um meio sorriso semelhante ao da Mona Lisa de Da Vince, trajando um sinuoso vestido cor-de-rosa enfeitado por babados de renda branca e, ainda, com os cabelos arrumados por dois arranjos florais. Seria a cena perfeita para pintar num quadro do século XVII, se a tal dama não fosse um homem. Ou melhor, o artista equatoriano Jonathan Harker, que atualmente vive entre o Panamá e a França.

Antes mesmo de ingressar na área principal do Museu de Arte Contemporânea do Ceará, logo no sentido esquerdo da entrada, a fotografia de Harker transvestido de mulher parece dar as boas-vindas ao público às particularidades de seu mundo regado por fortes doses de humor e carregado por traços de ironia.
Fundindo a performance teatral ao cômico, o artista constrói uma variedade de personagens cujo cada olhar e expressão representa um questionamento crítico sobre os problemas sócio-econômicos vivenciados pela contemporaneidade, sobretudo, pela nação panamenha.

A princípio, o contato com os personagens de Harker pode levar ao riso e, mesmo, provocar o surgimento de comentários engraçados. Mas, á medida que se observa melhor cada fotografia, o tom hilariante é substituído pelo silêncio e a reflexão.

A caricatura do artista disfarçado de negro, “louco” para urinar, mas sem poder fazer uso do banheiro porque na porta está escrito: “Whites only” (Só brancos), ou a do homem caído ao chão com as mãos amarradas, tentando comer numa vasilha, embora sejam construídas em contextos diferentes, ambas as situações revelam o mundo de miséria, preconceito e descaso em que os humanos se encontram submergidos.

Na série “Postais do Panamá (2001/2007)”, Harker se transmuta num turbilhão de personalidades, que ilustram os cartões enfatizando “o que há de melhor” no país. Conduzidos pelo lúdico e o colorido extravagantemente latino, os gestos, os ambientes e as poses das personagens reflete a crítica do artista as frases clichês destinadas ao turismo do Panamá, que contribuem para uma visão enlatada do lugar. Afinal, parafraseando o próprio Harker, o “Panamá és mucho más que un canal!”.

Outro trabalho interessante é o “Arte e Curadoria: algo assim como uma fotonovela”, realizada em conjunto com o curador Walo Araújo e a fotógrafa Dominique Ratton. Nele são abordadas questões, como os conflitos presentes na relação do artista com o curador, o processo de criação de uma obra, do que se trata a arte, entre outros aspectos. O impressionante deste trabalho, em especial, é a forma como o público (leigo ou não) se diverte acompanhando os capítulos da fotonovela, que tratam de temas complexos do universo artístico.

Além das fotografias, dos postais e da fotonovela, quatro vídeos fizeram parte da exposição. Dentre eles, um chamou-me bastante à atenção: sua projeção é iniciada com a imagem estática de uma grade de ferro que, aos poucos, tem seus orifícios preenchidos por embalagens de todos os tipos. O amontoado multicolorido de lixo dar a impressão de formar uma espécie de pintura sem começo, meio e fim, que rompe com a idéia usual de forma. Fazendo com que o espectador mergulhe em suas dimensões da maneira como desejar.

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Fato este, parecido com o modo como Pollock conduzia suas obras. O artista concedeu a pintura um sentido de continuidade, abolindo a artificialidade de um “final”. Segundo Allan Kaprow, na pintura pollockiana “parte alguma é toda parte, e nós imergimos e emergimos quando e onde podemos”.

A exposição de Harker ocorreu de 30 de novembro de 2007 a 27 de janeiro de 2008, no Museu de Arte Contemporânea do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, inaugurando o projeto Americanidade, que trará ao público trabalhos de artistas contemporâneos da América - Latina.

Ana Cecília Soares é graduada em comunicação social e especialista em teorias da comunicação e da imagem.

Posted by Oficina at 10:47 AM