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ANO 8 - N. 116 / 17 DE OUTUBRO DE 2008

NESTA EDIÇÃO:
I/Legítimo: Dentro e Fora de Circuito no MIS e no Paço das Artes, São Paulo
Cássio Vasconcellos no MIS, São Paulo
II Mostra do Programa de Exposições 2008 no CCSP/Olido, São Paulo
Otras Floras na Nara Roesler, São Paulo
Sofia Borges e Marcelo Amorim no Ateliê 397, São Paulo
Leopoldo Raimo na Pinacoteca, São Paulo
Entre-Imagens no Largo das Artes, Rio de Janeiro
Linha Dez nas Onze no Claraboia, Rio de Janeiro
Flávio-Shiró no Casa das Onze Janelas, Belém
COMO ATIÇAR A BRASA
Zero informação: imprensa brasileira ignora obra de Cildo Meireles
Petrobras Cultural lança edital com verba de R$ 42,3 milhões, por André Miranda, O Globo
CANAL INFOS&LINQUES




Tinho

I/Legítimo: Dentro e Fora de Circuito

Avaf-assume vivid astro focus, Carlos Contente, Carlos Diaz, Ciro Cozzolino, Ciro Schuneman, Dan Perjovschi, Dani Umpi, Daniel Lima, Daniel Melin, El Perro, Fernando Martins, Gabriel Acevedo Velarde, Kboco, Milo, Pjota, Prozak, Renan, Renato Custódio, Rodolpho Parigi, Tatá Aeroplano, Thiago Planta, Tiago Judas, Tinho, Trampo

Curadoria de Priscila Arantes e Fernando Oliva

18 de outubro, sábado, 11h no Paço das Artes e 18h no MIS

Paço das Artes
Av da Universidade 1, Cidade Universitária, São Paulo - SP
11-3814-4832 ou pacodasartes@pacodasartes.sp.gov.br
www.pacodasartes.org.br
Terça a sexta, 11h30-19h; sábados e domingos, 12h30-17h30
Exposição até 30 de novembro de 2008

Museu da Imagem e do Som
Av Europa 158, Jardim Europa, São Paulo - SP
11-2117-4777 ou mis@mis-sp.org.br
www.mis-sp.org.br
Entrada: R$ 4 e R$ 2 (meia); grátis aos domingos
Horários: exposições: terças a sábados, 12-22h; domingos e feriados, 11-21h
Exposição até 11 de janeiro de 2009

Sobre a exposição

Enviado por Mariana Garcia mariana.garcia@conteudonet.com
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Cássio Vasconcellos
Coletivo

18 de outubro, sábado, 17h

Museu da Imagem e do Som
Av Europa 158, Jardim Europa, São Paulo - SP
11-2117-4777 ou mis@mis-sp.org.br
www.mis-sp.org.br
Entrada: R$ 4 e R$ 2 (meia); grátis aos domingos
Horários: exposições: terças a sábados, 12-22h; domingos e feriados, 11-21h
Exposição até 11 de janeiro de 2009

Sobre a exposição

Enviado por Mariana Garcia mariana.garcia@conteudonet.com
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II Mostra do Programa de Exposições 2008
Antonio Ewbank, Camila Macedo, Diogo de Moraes, Eduardo Verderame, José Roberto Shwafty, Luciana Ohira e Sergio Bonilha e Paula Almozara

18 de outubro, sábado, 15h

Centro Cultural São Paulo - Piso Caio Graco
Rua Vergueiro 1000, Paraíso, São Paulo - SP
11-3383-3402 ou ccsp@prefeitura.sp.gov.br
www.centrocultural.sp.gov.br
Terça a sexta, 10-20h; sábados, domingos e feriados, 10-16h
Exposição até 16 de novembro de 2008

Enviado por CCSP - Imprensa imprensaccsp@PREFEITURA.SP.GOV.BR
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Arnulf Rainer

Otras Floras

Alberto Baraya, Arnulf Rainer, Brigida Baltar, Irit Hemmo, Jaime Tarazona, Jan Fabre, Johanna Calle, Juan Manuel Echavarría, Marcos Chave, María Fernanda Cardoso, Mark Dion, Miller Lagos, Roxy Paine, Sanna Kanisto

Curadoria de Jose Roca

18 de outubro, sábado, 11h

Galeria Nara Roesler
Av Europa 655, São Paulo - SP
11-3063-2344 ou galeria@nararoesler.com.br
www.nararoesler.com.br
Segunda a sexta, 10-19h; sábado, 11-15h
Exposição até 14 de novembro de 2008

Sobre a exposição

Enviado por Marcy Junqueira marcy@pooldecomunicacao.com.br
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Sofia Borges

Marcelo Amorim

18 de outubro, sábado, 15h

Ateliê 397
Rua Wisard 397, Vila Madalena, São Paulo - SP
11-3034-2132 ou contato@atelie397.com
Segunda a sexta, 14-19h
Exposição até 15 de novembro de 2008

Enviado por Silvia silvia.397@terra.com.br
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Leopoldo Raimo
Leopoldo Raimo, 1912-2001: Um percurso artístico

Curadoria de Ana Paula Nascimento

18 de outubro, sábado, 11h

Pinacoteca do Estado
Praça da Luz 2, São Paulo - SP
11-3324-1000
www.pinacoteca.org.br
Terça a domingo, 10-18h
Esposição até 7 de janeiro de 2009

Enviado por Pinacoteca do Estado news@pinacoteca.org.br
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Entre-Imagens
Grupo Transverso

Curadoria de Fernando Cocchiaralle

18 de outubro, sábado, 16h

Largo das Artes
Rua Luís de Camões 2 sobrado, Largo de São Francisco, Rio de Janeiro - RJ
21-2224-2985 ou largodasartes@gmail.com
Segunda a sexta, 12-18h; sábado, 12-17h
No dia 29 de novembro haverá uma mesa redonda com a presença dos asrtistas e do curador.
Exposição até 20 de dezembro de 2008

Enviado por Raquel Silva raquelsilva@alternex.com.br
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Linha Dez nas Onze
Bel Barcellos, Bernado Stambovisk, César Batholomeu, Fernanda Junqueira, Hélcio Barros, Jacqueline Adam, Neno del Castillo, Rodrigo Cardoso, Rosane Cantanhede, Sonia Salcedo del Castillo, Suely Farhi

18 de outubro, sábado, 18h

Espaço Clarabóia
Rua do Resende, 52, Rio de Janeiro - RJ
www.espacoclaraboia.blogspot.com
Concepção: Sonia e Neno
Exposição até 21 de novembro de 2008

Enviado por Sandra Passos sandrapassos@hotmail.com
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Flávio-Shiró
Trajetória de Tomé-Açu ao Mundo

20 de outubro, segunda-feira, 19h30

Espaço Cultural Casa das Onze Janelas - Sala Valdir Sarubbi
Praça Frei Caetano Brandão s/n, Cidade Velha, Belém - PA
91-4009-8825 / 23 ou onzejanelas@veloxmail.com.br
Segunda a domingo, 10-18h
Patrocínio: TBE - Transmissoras Brasileiras de Energia
Apoio Cultural: Secretaria de Estado de Cultura do Pará e Y. Yamada S/A.
Exposição até 30 de novembro de 2008

Enviado por Nina Matos nina.matos@bol.com.br
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COMO ATIÇAR A BRASA
Zero informação: imprensa brasileira ignora obra de Cildo Meireles

A notícia de que a artista norte-americana Laura Gilbert havia distribuído 10 mil cédulas de 'zero dólar' em frente à Bolsa de Nova Iorque na última terça-feira, dia 7 de outubro, rendeu várias chamadas na imprensa brasileira e internacional. Gilbert, que tinha a intenção de realizar um protesto à volatilidade do sistema financeiro em plena crise econômica global, estava, simplesmente, reproduzindo o gesto de Cildo Meireles: há trinta e um anos atrás, o artista brasileiro fez uma crítica incisiva ao poder da moeda, de suas instituições reguladoras e de seu estatuto no imaginário coletivo ao criar o 'Zero Cruzeiro' e o 'Zero Dólar'. Na leitura de Paulo Herkenhoff, "como obra de arte mercantilizável, a família monetária de Cildo Meireles porta uma ironia corrosiva sobre os agentes do mercado. Cildo Meireles materializa a idéia de imensurável do valor simbólico".

Veja e comente no Como atiçar a brasa alguns exemplos de como a "criação" de Laura Gilbert foi saudada em matérias que nada falam sobre Cildo Meireles e sua trajetória, que ganha agora retrospectiva na Tate Modern, em Londres.

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COMO ATIÇAR A BRASA
Petrobras Cultural lança edital com verba de R$ 42,3 milhões

Matéria de André Miranda, publicada originalmente no Globo no dia 15 de outubro de 2008

Numa cerimônia em que o tema da crise econômica mundial pairou no ar, foram apresentadas ontem pela manhã as novas diretrizes do Programa Petrobras Cultural (PPC), maior edital de patrocínio de uma empresa a projetos culturais do país. As inscrições para o programa estão abertas a partir de hoje para as áreas de produção e difusão em audiovisual, artes cênicas, música, literatura e cultura digital, com um orçamento de R$ 42,3 milhões. No evento, a Petrobras anunciou, ainda, uma verba suplementar de pelo menos R$ 40 milhões, que serão destinadas a um pacote de projetos selecionados pelo Ministério da Cultura (MinC).

Para longas, aprovação prévia na Lei será exigência
A partir de agora, o PPC será dividido em dois editais, um aberto em outubro (produção e difusão) e outro em maio (patrimônio e formação). A maior mudança para esta edição é um acordo firmado entre a Petrobras e o MinC que cria uma nova etapa do processo de análise e seleção, em que os projetos finalistas serão avaliados para aprovação na Lei Rouanet, antes de serem anunciados os vencedores. A única exceção será no caso dos projetos de longa-metragem, para os quais o PPC vai exigir a aprovação na Lei do Audiovisual no momento da inscrição.

Outras novidades são os apoios específicos para festivais de música (R$ 2 milhões) e para projetos de cultura digital (R$ 2 milhões). A maior parcela desta fase do PPC ainda ficará com propostas de audiovisual (R$ 26,6 milhões), com a produção de longas-metragens em 35mm (R$ 13 milhões) à frente. Já os projetos de artes cênicas terão R$ 7,3 milhões; os de música, R$ 5,6 milhões; e os de literatura, R$ 810 mil.

Leia a matéria completa e comente no Como atiçar a brasa

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TEXTOS DO E-NFORME

I/Legítimo: Dentro e Fora de Circuito no MIS e no Paço das Artes

Em uma iniciativa conjunta, o Museu da Imagem e do Som de São Paulo (MIS) e o Paço das Artes realizam simultaneamente a exposição “I/Legítimo: Dentro e Fora de Circuito”, que abre dia 18 de outubro com núcleos e atrações específicos em cada instituição. Com curadoria de Priscila Arantes e Fernando Oliva, a mostra busca questionar os mecanismos de legitimação no sistema da arte, além de suas fronteiras e intersecções com outros circuitos. Reúne trabalhos e ações de 42 artistas e coletivos da Austrália, Brasil, Canadá, Espanha, EUA, França, Inglaterra, Peru, Romênia e Uruguai, nos mais diversos suportes – animação, fotografia, vídeo, arte digital, performance, instalação, arte digital, música, escultura, desenho e pintura. No MIS, conta ainda com três curadorias convidadas, nas seções Contos Urbanos (de Marcos Mello, em co-realização com a produtora Expomus), Periferias Digitais (Ronaldo Lemos) e Hackerativismo (Fabiana Faleiros).

Dividida em dois núcleos, Espaço em Movimento (MIS) e Zona de Ação (Paço das Artes), a mostra é norteada por quatro vetores principais: produções que lançam um olhar crítico, irreverente ou irônico sobre os mecanismos de legitimação institucional; ações inseridas em circuitos culturais transversais que interagem com o circuito das galerias e museus, contudo sem necessariamente tomar parte desses universos; trabalhos que evidenciam um posicionamento político assumido em relação a questões recorrentes do mundo contemporâneo; e finalmente ações engajadas nos questionamentos sobre propriedade intelectual, processos colaborativos e autoria.

“A discussão que buscamos com a mostra ‘I/Legítimo’ interessa a ambas instituições, pois diz respeito a questões determinantes da arte e da sociedade contemporâneas. O Paço das Artes há onze anos incentiva a produção emergente nesse campo, com a realização de sua Temporada de Projetos. O MIS, por sua vez, retoma suas atividades com um olhar agudo sobre as artes e as mídias do século 21”, explica a curadora Priscila Arantes, diretora-adjunta do MIS e do Paço das Artes.

Segundo o curador Fernando Oliva, Gerente de Projetos do MIS, um dos conceitos-chave para se aproximar dos múltiplos dilemas em torno da idéia de legitimação hoje é o de “circuito”, entendido como o campo em torno do qual gravitam manifestações diversas nos campos da arte e da cultura. “Para uma obra ou um artista, estar ou não inserido em certo lugar, e estabelecer relações com os agentes do sistema, é determinante de seu posicionamento e de seu valor simbólico neste jogo de forças”, afirma ele.

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Cássio Vasconcellos no MIS

O Museu da Imagem e do Som de São Paulo (MIS) inaugura no dia 18 de outubro (sábado) a instalação Coletivo, uma criação do fotógrafo Cássio Vasconcellos para o LABMIS (laboratório de novas mídias fundado em agosto pela instituição) e instalada no novo Espaço Redondo. Trata-se de um mosaico fotográfico de grandes proporções, composto por imagens aéreas de 50 mil carros, caminhões, ônibus, ambulâncias e viaturas policiais, dispostos lado a lado. Enfileirados ordenadamente, os veículos, no conjunto parecem formar um estacionamento ou congestionamento de proporções gigantescas. Correspondem, entretanto, a menos de 1% da frota de veículos licenciados na capital paulista no último ano (projeção feita pelo Detran – Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo). Para descobrir do que se trata, é preciso se aproximar: vista de longe, a obra parece uma pintura abstrata.

Coletivo representa uma evolução na trajetória artística de Cássio Vasconcellos, iniciada na década de 1980 e marcada pelo diálogo com o surrealismo, o emprego da técnica do recorte e a produção de fotografias aéreas, entre outras características. Segundo a diretora Daniela Bousso, o artista tem realizado trabalhos fotográficos contemporâneos. “Ele tenciona o olhar do espectador sobre a fotografia. As fotografias não são meros registros, são sempre comentários que instigam o imaginário “.

Para capturar as imagens que servem de base para sua produção, o artista sobrevoou a cidade de São Paulo de helicóptero por duas horas, fotografando veículos estacionados em diversos pátios, como o do Detran, Polícia Militar, hospitais e concessionárias. O segundo passo foi recortar todos veículos retratados, utilizando o programa de edição de imagens Photohop. A partir de então, o autor iniciou um longo trabalho de edição e composição do trabalho, posicionando cada veículo em um lugar, com direito ainda à criação de frotas e comboios imaginários. O resultado final ilude a visão do espectador. “Como cada um dos veículos que estão no painel tem tamanho máximo de três centímetros, somente quando se chega bem próximo é possível enxergar que se trata de uma fotografia e não de um desenho, ou uma gravura”, explica Vasconcellos.

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Otras Floras na Nara Roesler

Otras Floras, exposição com curadoria de Jose Roca, co-curador da última Bienal Internacional de São Paulo, reúne o trabalho de 14 artistas nacionais e estrangeiros. A mostra coletiva resgata no século XXI a idéia das antigas expedições interessadas em investigar a América Latina, partindo da figura do viajante artista/cientista encarregado de representar e catalogar a fauna e a flora dos ambientes com os quais se depara. Só que agora questionada, a verdade científica imposta pela dominação européia, no século XVIII, dá lugar a um novo olhar sobre a natureza sul-americana.

Dessa forma, das obras presentes na galeria afloram, segundo o curador, questões como as tensões entre o natural e sua elaboração cultural, formas alternativas de classificação e indagações acerca do território. "Otras Floras reúne artistas que olham o território com atitudes que variam desde a distância irônica até o genuíno fascínio, desde a vontade de naturalizar o “exótico”, expondo o contingente dessa categoria até a determinação de encontrar o incomum no cotidiano”, escreve Roca.

Alberto Baraya, artista colombiano, trabalha com a desconstrução da figura do viajante. Em seu projeto Herbário de plantas artificiales, ele questiona a objetividade de seus métodos e propõe classificar cada uma das plantas artificiais que recebe de todas as partes do mundo. Muitas dessas plantas foram retiradas de restaurantes, salas e casas de conhecidos fazendo uma analogia ao ato de “colecionar” praticado pelos colonizadores. Baraya também utiliza a prancha botânica, uma representação mais completa da planta, pois pode apresentar a flor e o fruto ao mesmo tempo, o que no seu estado natural não seria possível visualizar.

Sanna Kanisto, artista finlandesa que vem participando de diversas expedições pela América do Sul, realizou a experiência de montar um estúdio fotográfico na floresta, tirando, dessa forma, a necessidade de remover a planta de seu estado natural, apresentando-a sem qualquer mediação. Além das fotografias a artista apresenta o vídeo Bee Studies: Orchid Bee Males (2004), no qual é retratada cena em que abelhas disputam entre si um prato impregnado com a essência de uma orquídea. É interessante perceber como o tamanho e a força influenciam na conquista do território.

O pintor austríaco Arnulf Rainer intervém em imagens diversas desde os anos 50 e questões como a tensão entre a vida e a morte, o espiritual e o físico, dentre outras, fazem parte do trabalho do artista. A obra Palmarium, de Von Martius, é uma das imagens submetida à sua intervenção. As pranchas botânicas feitas por Von Martius foram repintadas pelo traço obsessivo de Rainer e, segundo José Roca, a marca que apaga as pranchas pode ser vista como a tensão entre razão e inconsciente, racional e gestual, natureza e cultura.

Os colombianos María Fernanda Cardoso e Juan Manuel Echavarría trabalham com a relação entre botânica e morte. Na instalação mural Cementério, Jardín Vertical (1992-2008), Cardoso utiliza flores de plástico para compor um belíssimo memorial. Já o título da série Corte de Florero (1997) de Juan Manuel Echavarría se refere à prática das guerrilhas colombianas de cortar os cadáveres das vitimas para reorganizá-los seguindo certos padrões, esse ato revela a capacidade de desumanizar a vítima até transformá-la em um objeto com dimensões estéticas.

Através de materiais orgânicos como besouros, animais dissecados e caveiras, o artista belga Jan Fabre realiza obras que ele próprio define como dramaturgias do olhar. Em busca de uma releitura da História, ele enlaça as relações entre aculturação, evangelização e morte, questionando a apropriação do território. Na instalação Gravetomb, de 2001, Fabre utiliza espadas, cruzes, caveiras e besouros para compor a releitura.

Já o norte-americano Mark Dion questiona a natureza de especialistas como arqueólogos e botânicos cujo trabalho é descobrir, extrair, analisar e interpretar. Ele levanta a questão do “roubo biológico” que estes profissionais praticam e problematiza o contrabando de seringueiras por parte dos ingleses na Amazônia pré-colonial, vinculando o problema com a discussão contemporânea sobre a apropriação das espécies por parte das empresas biotecnológicas transnacionais, as sementes sintéticas e os transgênicos.

Johanna Calle, artista colombiana, aborda a questão do emprego de uma substância tóxica em plantações ilícitas da Colômbia com o objetivo de disseminá-las. Esse processo prejudica os ecossistemas vizinhos a essas áreas e Calle o questiona de forma sutil através de desenhos que lembram a textura da pele humana, mas tratam-se da superfície ampliada de uma folha encontrada no parque natural Amacayacu, na Amazônica Colombiana. Seu trabalho ainda utiliza a escrita como traço, de forma que a linha forma-se a partir de texto que discorre sobre o assunto, incorporando-o à obra.

Em seu trabalho, Irit Hemmo dialoga com a literatura de viagem, que, no século XVIII, se tratava de livros ilustrados com classificações do material observado em campo e hoje aparece em revistas de viagem. O artista realiza collages com imagens da natureza extraídas de revistas de jardinagem, viagens e moda, criando espécies de pranchas botânicas contemporâneas, autênticos fragmentos de floresta retratados pelos viajantes de hoje.

Já Jaime Tarazona foca seu olhar no fundo das pranchas dos viajantes, voltando a atenção para a paisagem natural como um todo. O artista aumenta esses fragmentos até atingirem dimensões enormes e tornarem-se abstrações que ressaltam a floresta como idéia ao invés de um lugar específico.

Roxy Paine, artista norte-americano, realiza representações hiper-realistas da natureza feitas com resinas, acrílicos e outros materiais industriais. Sua obra mostra a força visual que um aspecto natural ganha ao ser retirado de seu ambiente contextual. O artista retrata também áreas cultivadas, realçando assim a oposição entre a natureza ordenada pelo homem e o aparente caos da ordem natural.

Miller Lagos, por sua vez, procura recuperar a origem natural do papel, a árvore e sua elaboração cultural. O artista reúne gravuras, revistas ou jornais e forma pilhas com estas folhas esculpindo-as com uma lixadeira. Como resultado, as bordas queimadas recuperam o cheiro e o aspecto da madeira, transformando-se em uma espécie de árvore produzida. Nesta exposição, Lagos apresenta uma paineira, árvore remanescente à exploração madeireira por não se constituir de madeira de uso comercial, simbolizando uma resistência da natureza ao avanço da exploração.

A carioca Brigida Baltar também explora a relação do material elaborado culturalmente com sua origem natural na paisagem. A artista utiliza pó do tijolo de sua própria casa como material para compor desenhos murais de florestas e bosques.

Outro artista que se interessa por este questionamento é o brasileiro Marcos Chave que documenta em parques urbanos a natureza que resiste à urbanização através de imagens que mostram folhas que atravessam grades de metal e surgem entre fendas de concreto, como se a floresta pretendesse retomar seu território.

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