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DF/MG/RS/SP CHELPA FERRO, Ivana Vollaro e Guilherme Teixeira na Vermelho / Leonor Antunes na Lago
ANO 8 - N. 60 / 9 DE JUNHO DE 2008

NESTA EDIÇÃO:
CIRCUITO  Turistas, Volver na Carminha Macedo, Belo Horizonte
Leonor Antunes na Lago, Rio de Janeiro
CASA/CORPO na Galeria do DMAE, Porto Alegre
CHELPA FERRO, Ivana Vollaro e Guilherme Teixeira na Vermelho, São Paulo
Lançamento do livro Os corpos e os dias, de Laura Erber na Cultura Arte, São Paulo
CURSOS E SEMINÁRIOS
Ciclo de palestras Cildo Meireles. Tempos e espaços: estética como ética / ética como estética
Chamada para Trabalhos: 7° Encontro Internacional de Arte e Tecnologia: para compreender o momento atual e pensar o contexto futuro da arte
NOTA  Itaú Cultural leva a Pequim OP_ERA: Sonic Dimension, de Rejane Cantoni e Daniela Kutschat
CANAL INFOS&LINQUES



CIRCUITO
Turistas, Volver
Cinthia Marcelle, Fábio Morais, Fábio Tremonte, Lia Chaia, Márcia Xavier, Marilá Dardot, Matheus Rocha Pitta, Nina Moraes, Patrícia Leite, Pedro Motta, Raquel Garbelotti, Rosângela Rennó, Sylvia Amélia

Curadoria de Luisa Duarte

31 de maio a 28 de junho de 2008

Galeria Carminha Macedo
Rua Bernardo Guimarães 1200, Funcionários, Belo Horizonte - MG
31-3226-3712 ou contato@carminhamacedo.com.br
www.carminhamacedo.com.br
Segunda a sexta, 10-19h; sábados, 10-14h

Sobre a exposição

Leia o texto crítico Turistas, Volver – Uma Proposta, de Luisa Duarte

Enviado por Emmanuelle Grossi de Melo manugrossi@carminhamacedo.com.br
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Leonor Antunes
Architectura

11 de junho a 27 de julho de 2008

Museu da República - Galeria do Lago
Rua do Catete 153, Catete, Rio de Janeiro - RJ
21-3235-2650 ou galeria@museudarepublica.org.br
www.museudarepublica.org.br
Terça a sábado, 12-18h; domingo, 13-18h
A artista foi selecionada pela instituição espanhola Fundação Marcelino Botin para receber uma bolsa de pesquisa artística, e escolheu o Brasil para desenvolver seu trabalho.

Enviado por Fernanda Guedes fcguedes@gmail.com
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CASA/CORPO
Dione Veiga Vieira, Francisco Klinger, Gabriela Picoli, Gabriela Picoli, Laura Cattani, Luciano Zanette, Marcelo Gobatto, Munir Klamt

10 de junho, terça-feira, 19h

Galeria de Arte do DMAE
Rua 24 de Outubro 200, Porto Alegre - RS
51-3289-9722 ou galeriadearte@dmae.prefpoa.com.br
www.dmae.rs.gov.br / www.dmaegaleriadearte.blogspot.com
Segunda a sexta, 8-17h30
Encontro com os artistas: 26 de junho, quinta-feira, 19h
Exposição até 2 de julho de 2008

Enviado por Dione Veiga Vieira dioneveigavieira@uol.com.br
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CHELPA FERRO
- Jungle Jam

CHELPA FERRO
Jardim Elétrico
+
Vermello, de Ivana Vollaro, no estúdio e na fachada da galeria
+
12 Montanhas, de Guilherme Teixeira, no terraço da galeria

10 de junho, terça-feira, 20h

Galeria Vermelho
Rua Minas Gerais 350, São Paulo - SP
11-3257-2033 ou info@galeriavermelho.com.br
www.galeriavermelho.com.br
Terça a sexta, 10-19h; sábados, 11-17h
O grupo CHELPA FERRO foi criado em 1995 pelos artistas Barrão, Luiz Zerbini e Sergio Mekler.
Simultaneamente a abertura da exposição, acontecerá também o lançamento do catálogo CHELPA FERRO que abrange a trajetória do grupo, e conta com texto do curador Moacir dos Anjos (252 páginas, Editora Imprensa Oficial do estado de São Paulo. Preço de capa R$70).
Exposição até 5 de julho de 2008

Sobre a exposição do grupo CHELPA FERRO

Sobre a exposição de Ivana Vollaro

Enviado por Marcos Gallon marcos@galeriavermelho.com.br
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Lançamento do livro Os corpos e os dias, de Laura Erber

11 de junho, quarta-feira, 19h

Livraria Cultura Arte - Conjunto Nacional
Av. Paulista 2073, loja 151, São Paulo - SP
11-3170-4033
www.livrariacultura.com.br
Os corpos e os dias foi escrito durante um período de residência na Akademie Schloss Solitude de Stuttgart, e editado primeiramente na Alemanha, com tradução do poeta Timo Berger.

Os corpos e os dias, de Laura Erber
Edição: Editora de Cultura e Zureta Cultural
Formato: 14 X 21 cm; brochura
Páginas: 144
Idiomas: Português/Inglês
Preço: R$ 49.90

Enviado por Maria Cristaldi mcristaldi@gmail.com
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CURSOS E SEMINÁRIOS
Ciclo de palestras Cildo Meireles. Tempos e espaços: estética como ética / ética como estética
Participantes: Frederico Morais, Glória Ferreira, Lisette Lagnado, Lynn Zelevansky, Moacir dos Anjos, Paulo Herkenhoff, Ricardo Basbaum, Sônia Salzstein, Suely Rolnik, Thais Rivitti

14 de junho de 2008

Centro de Arte Contemporânea - Galeria Fonte
Rua B 20, Inhotim, Brumadinho - MG
31-3227-0001

21 e 22 de junho de 2008

Complexo Cultural Funarte - Sala Cássia Eller
Eixo Monumental, Setor de divulgação cultural Lote 2, Brasília - DF
61-3222-2029

O seminário “Cildo Meireles.Tempos e espaços: estética como ética / ética como estética” reúne pela primeira vez no Brasil, teóricos de diversas áreas para discutir a produção de Cildo Meireles e, a partir dela, questões urgentes no contexto atual da globalização: do redimensionamento das fronteiras entre centro e periferia às relações dentre identidades locais e cultura global. Os seminários acontecem dias 7 e 8 de junho na Estação Pinacoteca, dia 14 em Inhotim Centro de Arte Contemporânea e dia 21 e 22 na Funarte em Brasília. As palestras serão ministradas por Frederico Morais, Glória Ferreira, Lisette Lagnado, Moacir dos Anjos, Paulo Herkenhoff, Ricardo Basbaum, Sônia Salzstein, Suely Rolnik, Thais Rivitti e Lynn Zelevansky.

Veja a programação e publique seu comentário no Cursos e Seminários

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CURSOS E SEMINÁRIOS
Chamada para Trabalhos: 7° Encontro Internacional de Arte e Tecnologia: para compreender o momento atual e pensar o contexto futuro da arte
Temas: Arte, educação e tecnologia; Bioart; Cibercultura e ciberativismo; Dispositivos não convencionais de interação; Espaço urbano, arte e mídias locativas; Interação: Cinema e TV digital; Interatividade e sistemas; Interator - interatividade; Paradigmas estéticos da arte computacional; Poéticas digitais

Envio de resumos até 2 de julho de 2008

Envio de comunicações: suzetev@unb.br (com cópia para fburgos@unb.br)
7° Encontro Internacional de Arte e Tecnologia: 1 a 4 de outubro de 2008, no Museu Nacional

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NOTA
Itaú Cultural leva a Pequim OP_ERA: Sonic Dimension, de Rejane Cantoni e Daniela Kutschat

De 10 de junho a 3 de julho, o Brasil estará representado na Syntethic Times - Media Art China 2008, no Museu Nacional de Arte da China (Namoc), com a obra OP_ERA: Sonic Dimension, de autoria de Rejane Cantoni e Daniela Kutschat. O trabalho pertence ao acervo de arte e tecnologia do Itaú Cultural - primeiro no país a reunir obras de arte e mídia, nacionais e internacionais, todas elas já exibidas ao público brasileiro. Esta é a única peça a representar o Brasil na mostra em Pequim, reforçando o esforço da instituição em fomentar a difusão da produção nesse segmento e sua coleção. O instituto promove a sua participação nessa exposição, considerada a mais importante da região oriental nesse gênero de arte, em parceria com o governo chinês, que organiza o evento com apoio de fundações e instituições culturais internacionais de 30 países, como o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA).

Criada em 2006, OP_ERA: Sonic Dimension é uma instalação interativa representando um instrumento musical com a forma de um cubo preto e aberto, preenchido por centenas de linhas parecidas com as cordas de um violino. Afinadas com a tensão adequada, essas cordas virtuais vibram com uma freqüência de luz e de som que varia de acordo com a sua posição relativa e com o modo como o observador interage com ela. A obra foi vista pelos brasileiros, no ano passado, durante a exposição Memória do Futuro, na sede do instituto.

A primeira versão deste trabalho também foi apresentada em primeira mão no Rumos Itaú Cultural Transmídia, em 2003. Sob o título OP_ERA: Uma Jornada Através de Dimensões Paralelas e Experimentos Multisensoriais, trata-se de um ambiente imersivo-interativo (híbrido de espaço de dados e espaço físico, permitindo a comunicação simbiótica entre o computador e o homem), desenhado para sistemas de realidade virtual, que imagina um mundo onde os olhos são inúteis e o conhecimento e a percepção espaciais ocorrem por meio dos sons.

O Namoc, que abriga Syntethic Times - Media Art China 2008 em 4.500 metros quadrados do interior de sua sede e 2 mil metros quadros em sua face externa, é o único museu de arte do país dedicado à pesquisa, apresentação e promoção da arte moderna e contemporânea.

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TEXTOS DO E-NFORME

Carminha Macedo apresenta coletiva Turistas, volver, sob a curadoria de Luisa Duarte

A curadora Luisa Duarte reúne, na Galeria Carminha Macedo, 13 artistas em torno da experiência do tempo na contemporaneidade. São trabalhos que modificam tal experiência, solicitando outras relações tanto por parte do público ao se relacionar com a obra, como por parte do próprio artista ao realizá-la. Turistas, Volver propõe uma pausa no ritmo acelerado, de consumo excessivo e disperso, traduzindo momentos de interrupção, mesmo que provisória, no modo turista de estar no mundo, abrindo caminho para uma outra experiência do tempo.

A coletiva será aberta no dia 31 de maio, sábado, das 11h às 15h, com obras de Cinthia Marcelle (foto), Fábio Morais (colagens), Fábio Tremonte (vídeo), Lia Chaia (fotos), Sylvia Amélia (mapas em acrílico), Márcia Xavier (escultura com foto), Nina Moraes (colagens), Marilá Dardot (objeto), Matheus Rocha Pitta (foto e vídeo), Patrícia Leite (pinturas), Raquel Garbelotti (foto e vídeo), Rosângela Rennó (vídeo) e Pedro Motta (foto). Turistas, Volver poderá ser visitada até o dia 28 de junho.

Turistas, Volver

A seguir, apontamentos de Luisa Duarte que indicam a coerência entre a obra do artista e o tema proposto para a exposição em cartaz na Galeria Carminha Macedo.

Cinthia Marcelle – Minas Gerais
Muitas das performances da artista lidam com a questão da simultaneidade. Propondo a existência de um tempo paralelo ou ainda aquele da repetição, que não necessariamente caminha sempre para frente.

Fabio Morais – São Paulo
Há uma forte presença da escrita em sua obra. Os trabalhos da série “Diário Íntimo” são um exemplo de uma preocupação com o tempo de ordem inversa ao que vemos atualmente. O artista realiza um diário que começa antes do seu nascimento, caminhando dia a dia, até a data em que ele começa, de fato, a viver. Uma volta para o passado; o tempo – lento - da escrita. Trabalho de visualidade intimista, que pede do espectador um tempo mais demorado de apreensão.

Fabio Tremonte – São Paulo
Diversos dos seus trabalhos lidam com questões do tempo, da cidade, propondo uma outra experiência em meio a aceleração urbana.

Lia Chaia- São Paulo
A artista possui inúmeros trabalhos em foto que lidam com a passagem do tempo. Contrapondo um tempo da natureza e um tempo urbano, da cidade. Há ainda trabalhos em vídeo que lidam com a questão da duração, exigindo um prolongamento da atenção do espectador.

Márcia Xavier- mineira radicada em São Paulo
Suas intervenções mais recentes, em que a água produz uma mudança na percepção, exigem do espectador um outro tempo: as coisas passam a não se dar mais tão facilmente ao olhar. As distorções provocadas pela artista promovem uma visibilidade menos explícita e mais velada do mundo.

Marilá Dardot – mineira radicada em São Paulo
A desaceleração do tempo é uma questão crucial na obra da artista, manifestando-se em inúmeros trabalhos.

Matheus Rocha Pitta – mineiro radicado no Rio de Janeiro
Suas fotografias e instalações lidam com a estranheza de um tempo imóvel. Entre a falta e o excesso, olhando para aquilo que já não possui funcionalidade, Matheus reflete sobre tempos sem direção, como o nosso.

Nina Moraes – São Paulo
Seus trabalhos derivam de um longo processo de acúmulo de materiais prosaicos do cotidiano, principalmente recortes de papel. Suas obras são reflexos de uma angústia diante de um mundo onde se tem acesso a tanto e se aproveita tão pouco.

Patrícia Leite – Minas Gerais
O tempo da pintura, linguagem a qual a artista se dedica, já é, por si só, um tempo desacelerado. Tanto para quem faz, quanto para quem apreende. Mas existem pinturas que se valem da velocidade do mundo externo, que traduzem excesso e rapidez. A ambigüidade entre figurativo e abstrato demanda mais uma camada de atenção de quem contempla.

Pedro Motta – Minas Gerais
Apresenta uma obra de 2007. A imagem selecionada traz a vista do mar para Ilha Grande, no Rio de Janeiro, onde existiu uma base militar, hoje desativada. O artista revela a mira dessa base como algo que desperta simplesmente um interesse visual, como se fosse um simples objeto.

Raquel Garbelotti – São Paulo
Pensa-se aqui no trabalho “Boa Vista”, no qual a artista recupera em fotografias e vídeo imagens de estações de trem abandonadas. Estes marcavam o percurso que ligava as cidades do Rio e de São Paulo. Hoje essas estações são símbolos de um outro tempo, que ficou para trás, em favor de um tempo rápido, descartável, impessoal, dos ônibus e dos aviões.

Sylvia Amélia – Minas Gerais
Irá trabalhar dentro e fora da galeria. Utilizará o vidro da fachada como suporte, aproveitando seu caráter de espaço público. Para esta obra intitulada “Lembrete”, partiu de listas de organizações que fazemos todos os dias. No interior, a artista apresentará colagens sob cortiça.

Rosângela Rennó – mineira radicada no Rio de Janeiro
A artista lida todo tempo com a fotografia, mas não fotografa. Há neste gesto inicial uma atitude que caminha na contramão de um mundo marcado pelo excesso de imagens.

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Turistas, Volver – Uma Proposta

LUISA DUARTE

Escrevo este texto antes de ver a exposição montada. O texto que sairá no catálogo, ao final da mostra, será realizado a partir de uma reflexão, ou seja, tendo como aliada aquela distância mínima sobre o que se passou e o que se viu. O que posso compartilhar hoje com vocês são as premissas que guiaram as escolhas por estas obras e os artistas aqui reunidos.

Os trabalhos propostos para a coletiva “Turistas, volver” partem da experiência do tempo na contemporaneidade. Entretanto, tais trabalhos não mimetizam tal experiência, mas sim a modificam, solicitam uma outra relação com o tempo, seja por parte do público, seja da parte do próprio artista ao realizá-lo.

E como se dá esta experiência contemporânea do tempo? Para tentarmos entender um pouco mais acerca desta experiência, comecemos voltando um pouco na História. O mundo moderno que herdamos teve seu início no século XVII. Ali nascia o fundamento do ideário iluminista - a convicção de que a razão seria capaz de conduzir a humanidade progressivamente em direção à paz e à justiça social em prol de sua emancipação. Tratava-se de uma forma de conceber o mundo na qual a razão seria capaz de reger as ações do homem no tempo presente e desta forma levá-lo em direção a um futuro melhor. Ou seja, estava em marcha a crença no progresso. Crença esta que fazia do futuro o momento privilegiado, no qual o homem enfim se realizaria, chegando ao lugar - utópico - projetado pelo ideário iluminista.

Esta maneira de ver o tempo doava a ele características espaciais. O tempo era visto como uma linha reta, que deveria caminhar para frente impulsionado pelo progresso. Sobre isso, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman afirma: “A projeção do espaço sobre o tempo forneceu ao tempo traços que só o espaço possui “naturalmente”: a época moderna teve direção, exatamente como qualquer itinerário no espaço. O tempo progrediu do obsoleto para o atualizado, e o atualizado foi desde o início a obscolocência futura. O tempo tinha o seu “a frente” e o seu “atrás”: uma pessoa era incitada e empurrada a andar para a frente com o tempo ”.

Em poucas palavras, é como se bastasse escolher um itinerário, se munir do conhecimento necessário da estrutura espaço-tempo e assim se chegava ao objetivo pretendido. Hoje, no entanto, sabemos bem o quanto esta estrutura espaço-tempo modificou-se, vivemos numa lacuna entre o passado e o futuro. Diante deste novo tempo cujo futuro já não mais pode ser projetado (eclipse das utopias), e de um passado que deve ser sempre o mais rapidamente superado e que há muito já não nos lega ensinamentos úteis (liquidação da memória), findamos por viver a exacerbação de uma experiência restrita à percepção imediata do presente.

Tal experiência nos coloca num caldo de aceleração. Um frenesi por mudanças acompanha a corrida proposta por uma sociedade de consumo onde a ansiedade impera. Uma urgência de satisfação permeia o ar. Uma sensação de vazio permeia o ar. Há que se consumir rápido, antes que acabe, há que se consumir muito, para não ficar para trás no jogo. Neste jogo, toda demora, também a “demora da satisfação”, perde seu significado, afinal, não parece haver ponto de chegada. Este mundo em constante movimento gerou uma figura emblemática, a do turista. O mesmo Bauman elege esta figura como exemplo paradigmático desta vida nômade, acelerada, que a época contemporânea concebe. “A peculiaridade da vida turística é estar em movimento e não chegar”.

Tal estado de coisas possui inúmeros desdobramentos. Buscando apontar somente alguns deles, podemos pensar num visível déficit de atenção, de capacidade de nos demorarmos numa mesma coisa. Queremos que a coisa se mostre logo, por inteira. Não há espaço para aquilo que é velado ou se mostra aos poucos, lentamente. Ou nem sequer enxergamos de fato o que se mostra, tal a pressa por novidades. Assim, o tempo da espera, da duração, vai se perdendo. Se o advento da reprodutibilidade técnica no início do século XX causou inúmeras mudanças na percepção e na própria arte (destituída da sua função primeira de representar o mundo), a revolução digital do século XXI vem causando transformações ainda mais profundas no nosso modo de apreender o mundo, nos relacionar com coisas, pessoas, e também com isso que chamamos de arte.

Partindo deste breve levantamento de sintomas do mundo atual, a intenção foi reunir na presente exposição trabalhos que lidem, de diferentes formas, com este universo de questões. Estão aqui obras que ora solicitam uma percepção mais demorada do espectador, uma paciência do olhar, seja pela sua duração, seja pela natureza da sua visibilidade (menos explícita, mais velada); bem como trabalhos que se ocupam de uma iconografia turística típica de um modo dissonante. Há ainda aqueles nos quais o artista, ao realizá-lo, incorporou um tipo de processo que caminha na contra mão deste ritmo acelerado, percorrendo um longo e paciente percurso para a sua realização. Outros olham de forma delicada para um tempo que passa quase inerte, em meio à inquietação da atualidade. Daí o título, “Turistas, volver”, propondo uma pausa neste ritmo veloz, buscando manifestações que traduzam momentos de interrupção, mesmo que provisória, no modo turista de estar no mundo, abrindo caminho para uma outra experiência do tempo.

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CHELPA FERRO na Vermelho

A galeria Vermelho apresenta, de 10 de junho a 05 de julho, de 2008, Jardim Elétrico exposição individual do grupo CHELPA FERRO. Simultaneamente a abertura da exposição, acontecerá também o lançamento do catálogo CHELPA FERRO que abrange a trajetória do grupo, e conta com texto do curador Moacir dos Anjos. Além disso, a artista argentina Ivana Vollaro mostra parte de seu “Projeto Portunhol” na exposição VERMELLO, que ocupa o estúdio e a fachada da galeria. No terraço, Guilherme Teixeira apresenta a instalação 12 Montanhas.

Criado em 1995 pelos artistas Barrão, Luiz Zerbini e Sergio Mekler, o grupo CHELPA FERRO apresenta em Jardim Elétrico uma combinação de objetos, desenhos e instalações sonoras criadas a partir de caixas de som, lâmpadas, cabos e circuitos elétricos.

É o caso de Jungle Jam, instalação criada em 2006 para a exposição com o mesmo título, que ocorreu no FACT (Foundation for Art and Creative Technology), de Liverpool, na Inglaterra. A obra é composta por trinta motores idênticos, dispostos em linha horizontal sobre as paredes do espaço expositivo. Cada motor é conectado a um pino, e este a uma sacola. Quando ativados, os motores fazem girar os pinos e, com eles, as sacolas, que batem sobre as paredes e produzem sons.

O comando que ativa a instalação, parte de uma caixa iluminada por pequenas lâmpadas posta em um canto da sala, chamada pelo grupo de cabeção. A engenhoca controla, via programação de computador, a dinamica de ativação e desligamento dos motores. Como um maestro diante de uma orquestra, o cabeção ativa os motores em momentos diversos, criando, a partir de um mesmo elemento, ritmos, timbres e texturas sonoras variadas.

Além de Jungle Jam, o CHELPA FERRO apresenta também uma série de novos trabalhos criados a partir do mesmo princípio. É o caso de Jardim Elétrico (2008), obra que dá título a exposição composta por lâmpadas coloridas, caixas de som, bocais e circuitos elétricos.

Como afirmado pelo curador Moacir dos Anjos em seu texto para o catálogo, o grupo CHELPA FERRO “não propõe uma unificação dos sentidos com que se apreende o mundo, limitando-se a indicar a possibilidade de traduzi-los uns nos demais, sem hierarquias definidas e de forma inescapavelmente truncada. Em vez de advogar o apagamento das diferenças entre as faculdades do olhar e da escuta, o que o grupo faz é oferecer, a quem se aproxime de seus trabalhos, um embaralhamento sensorial.”

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Ivana Vollaro na Vermelho

Exposição proposta pela artista argentina Ivana Vollaro, VERMELLO faz parte de uma pesquisa maior iniciada em 2000, intitulada “Projeto Portunhol” que pesquisa a mescla criada pela adaptação entre os idiomas português e espanhol.

A exposição é composta por vídeos, fotografias e objetos desenvolvidos a partir de depoimentos subjetivos, vivências e experiências de pessoas em trânsito entre a fronteira do Brasil com outros países da América do Sul cujo idioma é o espanhol.

Vollaro entende o portunhol como uma língua lúdica, divertida, inventada e que gera palavras que constantemente se perdem na oralidade. Após o encerramento de VERMELLO, o projeto portunhol permanecerá no TIJUANA e terá as características de um work in progress, ampliando dessa forma, as possibilidades de intercâmbio podendo incorporar outras experiências e propondo encontros que não se limitam ao âmbito da arte.

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