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MG/PR/SP/Argentina Ana Almeida e Marilde Stropp no Ybakatu / Seminário Verbo Conjugado no CCSP
ANO 9 - N. 72 / 1 DE JULHO DE 2009

AGENDA DE EVENTOS
Arte In.Loco na Fundación Centro de Estudos Brasileiros, Argentina
CIRCUITO
Ana Almeida e Marilde Stropp no Ybakatu, Curitiba
Beatriz Toledo e Sofia Borges na Galeria Virgilio, São Paulo
CURSOS E SEMINÁRIOS
Seminário Verbo Conjugado no CCSP, São Paulo
Curso de especialização Arte contemporânea: reflexão e crítica na PUC Minas, Belo Horizonte
COMO ATIÇAR A BRASA
MinC investiga repasse de R$ 32 mi à Bienal por Fabio Cypriano, Folha S. Paulo
Pontos de Cultura unem Estado e governo federal por Jotabê Medeiros, O Estado S. Paulo



Daniel Murgel,Arte In.Loco, Fundación Centro de Estudos Brasileiros, Argentina
Daniel Murgel

Arte in.loco
Belén Romero Gunset, Daniel Murgel, Federico Zukerfeld, Joana Csekö, Loreto Garin, Yuri Firmeza

Curadoria de Beatriz Lemos e Pablo Terra

3 de julho, sexta-feira, 19h

Galeria Portinari - Fundación Centro de Estudos Brasileiros - FUNCEB
Rua Esmeralda 969, Buenos Aires, Argentina
54-11-4313-6448 / 5222
www.funceb.org.ar
http://inlocoproject.blogspot.com/
Segunda a sexta, 9-21h; sábado, 9-13h
Exposição até 10 de agosto de 2009
Coordenação do projeto: Juliana Gontijo

Leia o texto da curadora

Enviado por Juliana Gontijo juligontijo@gmail.com
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Ana Almeida, Quando fui outro, Ybakatu
Ana Almeida

Marilde Stropp, O Lado de dentro, Ybakatu
Marilde Stropp


CIRCUITO
Ana Almeida
Quando fui outro

+

Marilde Stropp
O Lado de dentro

23 de junho a 1 de agosto de 2009

Ybakatu Espaço de Arte
Rua Itupava 414, Curitiba - PR
41-32644752 ou ybakatu@ybakatu.com.br
www.ybakatu.com.br
Terça a sexta, 14-19h; sábados, 10-13h
Parceria: Ateliê Aberto, Campinas – SP

Sobre a exposição

Enviado por Ybakatu Espaço de Arte ybakatu@ybakatu.com.br
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Beatriz Toledo, Canteiro, Galeria Virgilio
Beatriz Toledo, Canteiro

CIRCUITO
Beatriz Toledo e Sofia Borges

18 de junho a 15 de julho de 2009

Galeria Virgilio
Rua Virgílio de Carvalho Pinto 426, Pinheiros, São Paulo - SP
11-3062-9446 / 3061-2999 ou artevirgilio@uol.com.br
www.galeriavirgilio.com.br
Segunda a sexta, 10-19h; sábado, 10-17h

Leia a conversa entre Sofia Borges, Rafael Carneiro e Wallace Masuko sobre a exposição de Sofia Borges

Enviado por Galeria Virgilio artevirgilio@uol.com.br
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CURSOS E SEMINÁRIOS
Seminário Verbo Conjugado no CCSP, São Paulo

Palestrantes: Cristiane Paoli Quito, Eduardo Brandão, Key Sawao e Ricardo Iazzetta, Lara Pinheiro, Liliana Coutinho, Los Toreznos (Jaime Vallaure e Rafael Lamata), Renato Cymbalista, Sam Ely & Lynn Harris, Sonia Sobral, Suely Rolnik
Mediação: Daniela Labra


A segunda edição do seminário Verbo Conjugado, organizado pelo CCSP, ocorrerá na Sala Zero com entrada gratuita. Serão quatro mesas que pretendem discutir questões atuais sobre a performance, divididas segundo quatro questões principais: Espaço e Acontecimento, Perfomatividade e Narrativa, Modos de Subjetivação e Inserção Institucional da Performance. Além das quatro mesas de discussão, os assuntos do seminário serão abordados também durante três encontros entre os grupos de trabalho, formados por artistas convidados, e os debatedores das mesas no período da manhã ainda na Sala Zero.

7 a 10 de julho de 2009, 14-17h

Leia a informação completa e publique seu comentário no Cursos e Seminários

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CURSOS E SEMINÁRIOS
Curso de especialização Arte contemporânea: reflexão e crítica na PUC Minas, Belo Horizonte

A idéia do curso é instaurar um diálogo dos participantes com as obras, para assim revelar as múltiplas relações entre as práticas artísticas e as teorias contemporâneas. Nesse sentido, o curso toma as diversas formas de produção, os contextos, os desenvolvimentos conceituais e os sistemas de legitimação como elementos que junto com as perspectivas conceituais atuais conseguem, de alguma forma, revelar a potência da produção artística contemporânea em seus muitos desdobramentos. Para desenvolver essa estrutura, o curso conta com disciplinas de longa e média duração, uma sequência de seminários com convidados nacionais e internacionais, organizados sob a rubrica da disciplina “Panorama Contemporâneo”, além de visitas ao Inhotim, a ateliers, galerias e encontros com artistas.

31 de agosto de 2009 a 21 de junho de 2010 - aulas nas segundas e terças, 19-22h30
Inscrições até 31 de agosto de 2009

Leia a informação completa e publique seu comentário no Cursos e Seminários

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COMO ATIÇAR A BRASA
MinC investiga repasse de R$ 32 mi à Bienal


Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada na Ilustrada no jornal Folha S. Paulo, em 27 de junho de 2009.

Auditoria do CGU apontou possíveis irregularidades em contratos de 99 a 07

Documento obtido pela Folha aponta falta de licitação, preços acima do mercado e irregularidades na publicação da "Bien'Art"

Apesar de ter sido festejado como figura que pode melhorar o futuro da Bienal de São Paulo, o novo presidente da instituição, Heitor Martins, ainda precisa se debruçar sobre o passado da instituição. Uma semana depois de eleito, no último dia 28, Martins recebeu do Ministério da Cultura um pacote com mais de 200 páginas, obtido com exclusividade pela Folha, que questiona 13 convênios realizados com a instituição, entre 1999 e 2007.

Eles representam o repasse de R$ 32 milhões do governo à Bienal. Auditoria realizada pelo CGU (Controladoria-Geral da União) apontou dezenas de possíveis irregularidades, o que levou o Ministério da Cultura a pedir esclarecimentos sobre os 13 contratos, iniciados na gestão do arquiteto Carlos Bratke. As questões deveriam ser respondidas até ontem, sob pena de a Bienal ser caracterizada como inadimplente e, com isso, não poder ter mais acesso a recursos federais. "Nós pedimos uma prorrogação do prazo e vamos responder a todas as questões apresentadas, esse é o resultado de uma auditoria realizada em 2007", disse Martins, à Folha, anteontem.

Leia a íntegra da matéria e publique seu comentário no Como atiçar a brasa

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COMO ATIÇAR A BRASA
Pontos de Cultura unem Estado e governo federal


Matéria de Jotabê Medeiros originalmente publicada no Caderno 2 no jornal O Estado S. Paulo, em 24 de junho de 2009.

Ação conjunta de secretaria paulista e Ministério da Cultura torna São Paulo maior detentor do programa, benefício que atinge 3 mil instituições culturais no País

Com opiniões divergentes em praticamente todo o espectro da política cultural, e em especial no tocante à reforma da Lei Rouanet, o Ministério da Cultura e a Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo fizeram ontem uma pequena trégua para lançar robusta ação conjunta. O elogiado programa Pontos de Cultura, menina dos olhos do governo federal, foi "adotado" pela Secretaria, e os dois governos anunciaram plano de investir R$ 54 milhões em três anos no Estado.

Segundo a secretaria, a intenção é atender 300 instituições em todo São Paulo, o que tornaria o Estado o detentor da maior rede de Pontos de Cultura do Brasil (em janeiro, o Rio de Janeiro anunciara edital para a seleção de 150 novos Pontos de Cultura, com investimento de R$ 27 milhões).

Leia a íntegra da matéria e publique seu comentário no Como atiçar a brasa

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TEXTOS DO E-NFORME

Arte in.loco

Conviver, colaborar, produzir e expor. Quatro ações que configuram a base desse projeto que pretende tecer um canal aberto de encontros entre artistas residentes no Brasil e Argentina. A proposta é pensar e degustar as cidades de Buenos Aires e Rio de Janeiro, atentando para suas cenas urbanas e artísticas e como essas se interatuam.

O convite feito aos seis artistas participantes foi um mergulho na cidade por 40 dias com o intuito pontual de experimentar. O projeto, que tem sua primeira etapa em Buenos Aires, se pretende como um laboratório de processos, instigações e possibilidades, onde o artista se arrisque em novas trilhas ou investigue antigos caminhos. Para os curadores também vale a mesma premissa: participar de todo o processo de elaboração da obra, desde a idéia ao resultado, além de estar presente no contexto de residência artística também como um viajante. A possibilidade de realizar uma curadoria onde seja possível acompanhar de perto o percurso de pesquisa do artista para a realização de um trabalho e onde o diálogo entre os envolvidos se torne algo transparente para o público, faz desta exposição um estudo de interações em espaços e processos colaborativos.

Belém Gunset, Daniel Murgel, Federico Zukerfeld, Joana Traub Csekö, Loreto Garín e Yuri Firmeza convergem suas produções para um mesmo ponto: buscam um olhar crítico e sensível do real a partir de seus universos individuais. Apesar de serem artistas com linguagens e interesses díspares entre si, abordam de maneira lúcida debates e inquietações políticas, sociais, culturais e mercadológicas, não deixando escapar a atenção estética. O processo curatorial seguiu a idéia de uma reflexão sobre o trabalho em coletivo e a convivência entre pessoas, onde o importante para a seleção final não foi somente o conjunto da obra, mas também o indivíduo-artista.

Nesse período de residência realizado no hostel El Aleph, descobrindo o bairro de San Telmo, se movimentando pela cidade de Buenos Aires e absorvendo sua dinâmica social, os artistas produziram obras a partir do contato com este ambiente. Mesmo para os dois artistas residentes na cidade a instigação de pensar este local e de como viver nele foi fundamental para o desenvolvimento de suas propostas. O incentivo por parte da curadoria a uma inserção alargada dos artistas estrangeiros na cena artística local se apresenta como um fator considerável para a apreensão de uma cultura outra e um melhor entendimento da lógica vigente no circuito de arte portenho e suas práticas relacionais.

É importante lembrar do apoio recebido para a realização desta primeira etapa do Arte in loco, pois sem este o projeto não seria possível. Das galerias brasileiras que financiaram a viagem de seus artistas aos amigos, colegas e estranhos que compareceram ou doaram obras para os eventos de arrecadação de fundos, nos dois países. Parcerias como estas são essenciais para uma maior movimentação de intercâmbios entre profissionais da arte, principalmente em contextos econômicos como os da América Latina. Que mais situações como esta aconteça para que mais artistas possam realizar residências, conhecer diferentes culturas e aprofundar pesquisas.

Esperaremos pela viagem ao Rio de Janeiro no próximo ano. Fechar ciclos e aproximar ainda mais o Brasil da Argentina e a Argentina do Brasil através da mirada desses seis artistas.
Beatriz Lemos

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Ana Almeida e Marilde Stropp

A Galeria Ybakatu Espaço de Arte abre duas exposições individuais simultâneas das artistas Ana Almeida e Marilde Stropp. As artistas residentes em Campinas – SP realizam suas primeiras exposições individuais em Curitiba.

Ana Almeida apresentará obras tridimensionais em tecido e fotografias. Os objetos em tecido são formas moles e orgânicas que são colocados no espaço expositivo como criaturas, e podem ser manipuladas pelo espectador. Nas fotografias Ana faz uma montagem de diversas imagens das obras em tecido. O título da exposição, “Quando fui outro”, é referência a uma obra de Fernando Pessoa.

Marilde Stropp, na exposição “O Lado de Dentro”, apresentará uma instalação composta de caixas de vidro. As caixas vazias possuem uma das faces espelhadas e são montadas conforme o espaço a ser apresentada, ocupando uma parede inteira. Cria-se uma superfície especular de imagens superpostas, invertidas e fragmentadas, dialogando com todo seu entorno, o espaço arquitetônico e o espectador. Marilde apresentará ainda fotografias de bolhas de águas, que tratam também da transparência.

A exposição está sendo realizada em parceria com o Ateliê Aberto de Campinas - SP. Ana e Marilde desde 2002 freqüentam os cursos de orientação do Ateliê.

Ana Almeida (1948) vive e trabalha em Campinas – SP. Entre as principais exposições que participou estão “E agora viajantes?” Tote Espaço Cultural, Campinas (2006). Museu de Arte Contemporânea de Ribeirão Preto – SP; “Afinidades Eletivas”, curadoria Agnaldo Farias, Espaço Cultural CPFL (2005). Seja lá onde for, MAC Americana – SP; Porque ela está só, SESC Campinas (2004). “Amor”, Ateliê Aberto, Campinas (2003). “Artexpo 2001”, Jacob Javits Convention Center, Nova York; “Onde reside o rei”, Galeria de Arte da UNICAMP, Campinas; Poços destampados, MAC, Campinas; Salão de Arte Contemporânea de Americana – SP (2001).

Marilde Stropp (1943) vive e trabalha em Campinas – SP. Entre as principais exposições que participou estão “Corpo”, Arte Tempo Galeria, Vinhedo - SP (2008); “Projeto Ponte - O Lado de Dentro”, Tote Espaço Cultural, Campinas (2006); Museu de Arte Contemporânea de Americana – SP e Ateliê Aberto, Campinas (2004); “Auto Olhar”, Galeria Cromo, Campinas (2002).

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Sedimentos - fotografias de Sofia Borges

SB - Sofia Borges
RC - Rafael Carneiro
WM - Wallace Masuko

SB- Eu percebi a necessidade de sair do contexto dos ambientes domésticos, do auto-retrato, estava cansada disso. Estava cansada da maneira como essas características muitas vezes atrapalhavam a leitura das imagens, de interpretações que não necessariamente tinham relação com os meus interesses em fotografia. O auto-retrato sobrepunha coisas demais à imagem, ainda que algumas dessas sobreposições interessavam, se faziam pertinentes. A interpretação que mais se afastava do meu interesse era a “questão da mulher”, esse desvio interpretativo sempre me preocupou, então fui me distanciando desses temas. Temas mais definidos, instropectivos e psicológicos. Ao invés de “eu” me colocando em frente à câmera para ser fotografada, fui me interessando pelo outro, a relação do sujeito com o espaço, a influência do espaço e do tempo fotográfico. Eu já tinha percebido isso quando eu fazia as cenas dentro de uma casa, como os espaços (e, de outra maneira, o tempo de exposição) determinavam a situação psicológica do sujeito…

RC- É curioso como você fala do ponto de vista do indivíduo, personagem da foto, e não do sujeito que vê.

SB- De fato, percebo que por muito tempo usei o termo “sujeito” para falar do que no final se transformou em uma figura. Acho que essa confusão advém dos diversos papéis que eu exercia nas imagens, eu era ao mesmo tempo quem fotografava, o fotografado e quem as construía (e as observava) posteriormente.

WM- Acho que houve uma mudança significativa, gradual, que se vê em algumas imagens dessa exposição, em especial, nas “paisagens”: a de posar para encenar. Em muitos retratos anteriores, as pessoas aparecem comprimidas no espaço, posam para a máquina, estão à disposição para serem manipuladas; neles, o local e os objetos estão submetidos à produção de interioridade do retratado, e, com isso, buscam a identificação imediata do espectador. Já nas paisagens mais complexas; os lugares, os personagens e as coisas encenam na superfície da imagem, não dão conta de um momento narrativo específico, nem esperam uma abordagem projetiva.

SB- Acho que as primeiras paisagens que eu fiz, foram as piscinas. De qualquer forma, elas ainda eram um lugar privado, a extensão de uma casa.

SB- Antes me interessava como a contundência dos objetos determinava os espaços, num primeiro momento me agradava muito o fato de que tinha uma garrafa de leite dentro de uma cozinha, ou uma tigela com maçãs sobre a mesa, tudo muito simbólico, amarrado. Os objetos tinham papéis muito definidos, e reafirmavam o espaço. Depois tentei inverter isso, ao achar espaços menos significativos, mais maleáveis, pra poder inserir o sujeito dentro disso.

RC- As suas fotos são problemáticas como um texto literário, as ferramentas disponíveis para construção começam a rarear rapidamente, a liberdade que a pessoa tem pra lidar com aquilo logo termina. A literatura é salva pelo nível de abstração que ela envolve, pelas partes que faltam.

RC- É engraçado como suas fotos se desarticulam, é isso que eu acho que tem mais semelhança com a literatura, é como se os elementos estivessem dispostos e continuassem sem perna, sem braço. Por que a literatura é essa coisa monstruosa, você vive ela, lê ela, passa a ficar dentro dela, mas ela é totalmente manca, totalmente cega, totalmente torta…E a sua fotografia fica sempre nesse lugar problemático.

RC- Olhamos para essas imagens como se estivéssemos diante de mapas.

RC- Por exemplo, nessa fotografiafig2. Por cima desse carro, você fica olhando esse mato, você fica olhando essas árvores, essas coisas, isso me lembra muito literatura. Não é a figura, nem a situação. Só existe assim, porque as coisas estão articuladas de outra maneira. Um lugar.

SB- Se vocês vissem a foto original, para esse carro estar iluminado dessa maneira aqui, isso tudo seria um breu. E isso decide, determina, define o conteúdo dessa imagem. E quando eu tiro a luz ou diminuo a cor da luz aqui, modifico ali, diferencio a temperatura de cor nesse tronco com a desse mato, eu vou renovando, destituindo do aparelho fotográfico a decisão técnica da construção dessa imagem.

RC- Eu não sei se a questão passa por uma relação entre você e o aparelho fotográfico. Eu acho que o tratamento que você dá para as imagens que são obtidas com o aparelho fotográfico, de luz e de cor, é fundamental para que aconteça a questão que comentei, da imagem se deitar, se transformar mais num mapa, onde os índices estão lá, organizados por caminhos, por estradas.

WM- Essa construção cartográfica é vista mais como um espaço descritivo que um espaço narrativo. Embora por este mesmo motivo ela necessite de outros textos para se atualizar.

WM- Pra você lidar com algumas dessas imagens, você precisa de textos, que estão fora delas. Mas, ao contrário de construções alegóricas mais tradicionais, você não tem claro onde encontrá-los, a que se referem.

WM- Essa imagemfig3 não é apenas o registro de uma ruína. Toda a superfície está em ruínas, não só o que está representado. Ambígua, se apresenta decadente e monumental, deixando à mostra que esses termos se equivalem, se pressupõem. Ela não deixa o observador se projetar numa interioridade, é expulsiva.

SB- Tão expulsiva que exigiu que eu retirasse seus personagens, é como se a paisagem os tivesse engolido, ou talvez os superado. Expô-la junto com essas outras paisagens, nas quais as figuras circulam, já me pareceu o suficiente.

WM- No caso do muro rosafig1 existe uma identificação do observador com a personagem que age na cena. Um convite para a ação dentro do espaço de representação. Isso cria profundidade e uma continuidade narrativa que ainda produz um corte temporal. Diferente da imagem com o carro, nessa, não precisamos entender a ação do personagem, não nos colocamos no seu papel.

RC- Seria legal a gente discutir essa foto das cartasfig6 porque ela tem a luz diferente das outras.

SB- Ela tem a luz diferente, mas não menos arbitrária do que as outras fotos, apesar do contraste ser diferente, da apresentação dos objetos ser diferente, existe aqui uma construção de luz que não se submeteu à narratividade da luz do ambiente.

WM- Essa luz dá a impressão de um mormaço, uma névoa. Para que essa ação fizesse sentido com os outros elementos da cena, os movimentos dos personagens são tão importantes quanto essas cadeiras, as roupas que estão sobre elas, a luminosidade atravessa a cena, você tem novamente uma imagem que faz teu olho vagar pelo espaço. A ação, o duplo e a luminosidade se apresentam sem hierarquia de interesses.

RC- É que você não viu essa imagem como ela era antes, ao final, por discussões no grupo, com outras pessoas, a Sofia acabou constrastando, e eu gostava dela porque ela era totalmente sem contraste. Só que era tanto que as pessoas tinham mal-estar, parecia que a foto estava embaçada. As pessoas não estão acostumadas com uma foto tão sem contraste.

WM- Mas talvez seja necessário mais contraste para que o interesse não estacione nesse mal-estar.

RC- Essa foto do coqueirofig4 tem uma profundidade muito estranha, é uma foto especialmente funda, especialmente distante e colocada em outro lugar. É muito estranho, que lugar é esse que você está, nessa foto aqui? Você que está olhando a foto.

RC- Eles estão fazendo alguma coisa, a disposição e o lugar que você ocupa guarda uma relação com isso. E você está distante deles, entendeu? De uma maneira física mesmo que eu estou falando. Parece que você deveria estar aqui no meio da imagem, tirando a foto, e você está bem atrás.

RC- Você não está tão longe do coqueiro, mas a sensação que te dá é que é mais longe. Esse lugar é muito longe. E essa foto, agora olhando, falta chão mesmo, é exatamente isso, você cortou.

WM- Existe uma pretensão de abarcar a totalidade dessas paisagens, como se as imagens pudessem exibir tudo o que está ali. Isso causa um problema, porque essa pretensão foi além do que a visão suporta, porque essa pretensão traz informações demais, e aí você sai ou pode tentar explorar, tatear a superfície. Não está resolvida numa olhada. É preciso passear pelas fotografias.

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