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PE Especial 46° Salão de Artes Plásticas de Pernambuco: Para que servem os salões? / Tudo aquilo que escapa no Cícero Dias ANO 4 - N. 138 / 02 de dezembro de 2004 NESTA EDIÇÃO:
46° Salão
de Artes Plásticas de Pernambuco:
Tudo aquilo que escapa no Cícero Dias, Recife
Para que servem os salões?, Fórum do Canal
46° Salão
de Artes Plásticas de Pernambuco
Tudo aquilo que
escapa
Alexandre Vogler (RJ),
Bruno Vieira (PE), Canal Contemporâneo, Carlos
Mélo (PE), Chiara Banfi (SP), Lucas Bambozzi (SP), Marcelo Cidade (SP),
Marepe (BA), Mário Simões (PB), Paulo Bruscky (PE), Re:combo (PE)
Curadoria de Cristiana
Tejo
2 de dezembro de
2004 a 20 de março de 2005
Espaço Cícero Dias
Museu do Estado de
Pernambuco
Av. Rui Barbosa 960
Graças Recife PE
81-427-9322 / 0766
www.fundarpe.pe.gov.br
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Canal
Contemporâneo
Para que servem
os
salões?
Para que servem
os salões?; Sistema
de salões, sistema de arte e cadeia produtiva; Novos
formatos; Aberrações sistêmicas; Relações
e transformações.
Para
que servem os salões?
Essa tradição do século XIX (ou seria XVIII?) ainda é mantida em
formatos diversos como forma de dar visibilidade à produção artística
emergente. A partir desse ponto de vista, poderíamos nos perguntar o
porquê de usarmos salões para esse fim e se de fato eles cumprem bem
esse objetivo...
Dar visibilidade à produção artística é apenas o primeiro ponto de
vista. Para respondermos à pergunta título, precisamos passear e
analisar vários deles. Temos os artistas que se inscrevem numa ponta e
as instituições que promovem os salões na outra. Entre uma ponta e
outra, estão críticos e curadores, colecionadores e galeristas, que são
chamados a formar as comissões de seleção e premiação. Enfim, o sistema
de salões abrange e reproduz o próprio sistema de arte, ou seja, ele
não dá apenas visibilidade à produção artística isoladamente, mas
também ao contexto aonde esta se insere. Mas qual seria a opinião dos
integrantes desses diferentes pontos do sistema sobre o objetivo dos
salões e sua eficácia?
Sistema de salões, sistema de arte e cadeia
produtiva
Debater o funcionamento dos salões é principalmente debater sobre o
sistema de arte: sobre o que está dentro, fora e envolta dele. Ao
inaugurarmos a plataforma de fórum do Canal Contemporâneo com esse
tema, coincidentemente estamos também adentrando o debate sobre as
Câmaras Setoriais de Cultura, propostas recentemente pelo MinC, e as
questões que a formação de uma Câmara de Artes Visuais suscita.
O contexto da produção das Artes Visuais traz a complexidade de um
mercado que se desenvolve junto às instituições. Públicas ou privadas -
não importa, museus e universidades desempenham um papel fundamental na
construção dos critérios que regem esse mercado de trabalho.
Podemos olhar para fora do país para analisar outros sistemas e
formatos internacionais. Encontraremos diferenças marcantes como
resultado de outras economias e outras culturas (quanto maior a
potência do mercado comercial de um país ou de uma área artística,
menor a necessidade de salões), mas também encontraremos os salões ou
competições do gênero, que incluem festivais, prêmios e bolsas, dando
continuidade a essa tradição, que consiste em arrecadar inscrições para
julgá-las a partir de determinados critérios e depois mostrá-las e
premiá-las, incentivando a produção escolhida.
Se navegarmos pelos comentários publicados no blog Salões&Prêmios
do Canal Contemporâneo, acharemos críticas e reclamações por parte dos
artistas, que vão desde os critérios para as inscrições, que por vezes
contém restrições regionais ou etárias, além da abominável cobrança,
até os critérios de julgamento, que nunca são explicitados, passando
finalmente pela dificuldade de encontrar as fichas de inscrição on line.
A questão aqui não é apenas criticar o outro, mas olharmos a situação
de dentro, como integrantes que somos, para sermos capazes de analisar
os prós e contras que os salões nos colocam e podermos transformá-los
de acordo com as nossas necessidades.
Temos então essa primeira questão que é poder olhar os salões de
dentro, mas muitos artistas responderão que se sentem de fora por não
serem selecionados. De fora de determinado salão, sim, mas não de fora
do sistema, já que a inscrição foi realizada. Talvez esteja aí o grande
erro que dá início a toda a nossa dificuldade de leitura e análise
desse contexto.
Descobri na minha ida ao Ars Electronica que o
www.canalcontemporaneo.art.br estava presente no catálogo do festival
na lista de participantes. Sim, o nome e contato de todos os artistas e
comunidades que enviaram seus projetos são publicados. Depois fiquei
sabendo que isso é uma prática comum em competições de vídeo-arte e
arte tecnológica. (Sem falar no uso que eles fazem da internet, que
para as nossas instituições, quando conseguem estar on line, se resume
a utilizar a rede como um impresso luminoso.) Afinal, trata-se de um
reconhecimento um tanto óbvio, se não existirem inscrições, não existem
eventos.
Essa é uma constatação importante que nos leva ao reconhecimento de uma
verdade esquecida: o combustível desse sistema é o artista e sua
produção, que irá alimentar desde pesquisas teóricas e publicações a
exposições em instituições e vendas em galerias.
O fato dos salões brasileiros ignorarem a importância da participação
dos artistas, com a inscrição de seus projetos, é um reflexo bastante
coerente com a falta de reflexão que dispensamos ao contexto de nossa
produção artística – trabalhamos sempre muito focados em nossas
questões e olhamos o todo muito raramente. Sistema e mercado são
formados por elementos dependentes entre si. Cada investimento e
mudança realizados numa parte também afetam as outras.
Nesse ponto, vale a pena comentar que o grande erro cometido com as
nossas Leis de Incentivo a Cultura se relaciona justamente com a total
falta de análise e percepção dos objetos que elas pretendem incentivar.
Todo e qualquer efeito por elas propagado foi por mero acaso, pois elas
serviram, e servem até hoje, apenas ao incentivo pontual de uma
determinada ação e não ao mercado de trabalho que elas deveriam
incentivar.
As Câmaras Setoriais de Cultura pretendem servir como canal de
comunicação entre esses contextos de produção artística e o Ministério
da Cultura para que seja possível conhecer a cadeia produtiva dos
diversos segmentos, seus principais agentes econômicos, para com isso,
ser possível determinar as ações de maior potência.
Novos formatos
De volta aos salões de arte, percebemos recentemente uma mudança
importante na premiação, que se apresenta com o novo formato de
programa de bolsas, como é o caso do próprio Salão Pernambucano. Essa
nova fórmula é resultado de um novo interesse e demanda da produção
artística, que se desloca do resultado final para o processo de
trabalho. Ela investe numa maior relação entre os artistas, teóricos e
instituições, que antes era restrito ao momento da seleção e da
exposição.
Esse novo formato permite um maior aprofundamento da produção
selecionada em virtude do acompanhamento crítico e das exposições que
são geradas. É uma mistura do formato tradicional de bolsas de pesquisa
com os editais que alimentam a programação e os acervos das
instituições. Mas se nos aprofundamos em relação à produção
selecionada, continuamos tratando a Seleção de maneira superficial e
pouco transparente, e ainda passamos a um número menor de artistas
agraciados, o que afeta consistentemente as funções de visibilidade e
de distribuição de recursos promovidas pelos editais de arte em nosso
país.
Visibilidade (os salões de arte pontuam e sinalizam a carreira de um
artista, é o início do circuito) e recursos (são a única fonte
institucional de recursos para a produção) vão atuar diretamente em
nosso mercado de trabalho.
Os novos formatos escolhem dar maior visibilidade ao processo de uma
pequena produção escolhida e ampliam a troca entre um grupo de artistas
e críticos, sendo que, é importante lembrar, o primeiro grupo é sempre
escolhido pelo segundo e nunca ao contrário. Será a partir desse
processo compartilhado que surgirão exposições e publicações que, a
partir do trabalho de formação e informação, amplificarão ainda mais a
visibilidade.
Do ponto de vista das instituições, que alimentam suas programações e
seus acervos a partir das escolhas realizadas nesses salões, esse novo
processo vai proporcionar um melhor embasamento para o trabalho a ser
realizado com o público e com seus próprios funcionários. Tudo isso é
bastante positivo, tanto para os profissionais envolvidos no sistema de
arte, quanto para o público, mas o retorno aos artistas, que são a base
da existência de todo o sistema, ainda vai se dar muito indiretamente.
É preciso analisar com atenção o quanto é exigido dos artistas nos
editais de salão e o quanto eles recebem em troca, pois esse equilíbrio
atinge muito mais a formação e transformação de nosso mercado do que
estamos acostumados a pensar.
Aberrações sistêmicas
Nos editais, é muito comum o artista ser responsável pelo pagamento de
transporte, por equipamentos especiais (que vão de um projetor banal a
um simples computador), por sua manutenção, pelo seguro de seu
trabalho. Além de arcar com essas despesas, ainda se vê obrigado a se
encaixar nas categorias anacrônicas exigidas e, às vezes, ainda paga
para se inscrever. E qual é o retorno que as instituições dão por essa
maneira compartilhada de montar as suas programações e acervos?
Relações e transformações
No início do texto, falávamos dos diversos pontos de vista que compõem
esse sistema – artistas, teóricos, colecionadores, galeristas, e nos
perguntávamos qual seria a opinião de cada um deles sobre o objetivo e
eficácia dos salões. Como poderíamos atualizar os salões a partir das
necessidades dos vários agentes envolvidos? As instituições o estão
fazendo a partir de suas próprias demandas e carências, mas isso não é
suficiente para provocar transformações reais e potentes em nosso
sistema.
O Canal Contemporâneo nos reúne e nos possibilita ver, acompanhar e
analisar os nossos vários contextos. Questões são levantadas e algumas
posturas são transformadas a partir dessa rede de relações conectadas
pelo interesse na arte contemporânea brasileira. Esse espaço, que
formamos a partir dessas relações, nos permite ver de dentro e de fora,
em alternância constante, o sistema de arte sendo construído, atingido,
destruído, reformado, modificado, incessantemente.
A plataforma de fórum do Canal Contemporâneo, que estamos inaugurando
com o trabalho “Para que servem os salões?”, participa da exposição
“Tudo aquilo que escapa” – com curadoria de Cristiana Tejo, que integra
o 46° Salão de Artes Plásticas de Pernambuco – nos permite avançar
ainda mais na experiência de nossa comunidade digital.
Como participar?
Acesse www.canalcontemporaneo.art.br/forum.
Todos podem ler as
mensagens publicadas nos fóruns, mas apenas os registrados podem enviar
e responder mensagens.
Para responder ou enviar mensagens é necessário registrar-se como
usuário do Fórum do Canal Contemporâneo. Clique em registrar no menu
localizado na lateral da página principal e siga a seqüência da caixa
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estão separadas por tópicos para facilitar o desenvolvimento das
discussões.
Patricia Canetti
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Como
mandar o seu material para a pré-seleção do Canal Contemporâneo:
1 - Envie sua divulgação para canal@canalcontemporaneo.art.br;
2 - Com 15 dias de antecedência, mande as informações básicas;
3 - No assunto coloque a data, nome do artista e local;
4 - No corpo do emeio coloque as informações de serviço completas:
data, nome do evento, nome do artista, local, endereço, telefones,
horários e conexões;
5 - Inclua textos de imprensa, currículo e crítico em arquivos anexos;
6 - 2 a 3 imagens em jpg, em RGB, 200 dpis, com 500 pixels no menor
lado;
7 – Caso você ainda não tenha as imagens e os textos, mande-nos uma
previsão de envio.
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Quando houver trabalho e informação excessivos, daremos preferência ao
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