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RJ/SP O Tempo e Suas Relações na H. A. P. Galeria / Sobre a Política Cultural do Cacá Diegues
ANO 3 N. 57 / 09 de maio de 2003




3º Salão Nacional de Arte de Goiás
Inscrições até 14 de maio de 2003
http://www.salaonacionaldeartedegoias.com.br

NESTA EDIÇÃO:
Elida Tessler na Pinacoteca do Estado, São Paulo
Hélio Oiticica: Cor, Imagem, Poética no Hélio Oiticica, Rio de Janeiro
A Gravura Vai Bem, Obrigado na Virgilio, São Paulo
Visita comentada por Guto Lacaz no MAM Villa-Lobos, São Paulo
O Tempo e Suas Relações; IV Encontro na  H. A. P. Galeria, Rio de Janeiro
Ateliê Livre para Crianças no Espaço Coringa, São Paulo
Manifesto do Fórum das Artes/ Rio
Sobre a Política Cultural do Cacá Diegues por Tatiana Roque
Carta aberta a Cacá Diegues por Eduardo Escorel



 
Elida Tessler

Vasos Comunicantes

10 de maio, sábado, das 11h às 15h

Pinacoteca do Estado
Praça da Luz  2
São Paulo   11-229-9844
Terça a domingo, das 10h às 18h.
Exposição até 15 de junho de 2003.

A Pinacoteca do Estado inaugura Vasos Comunicantes, a primeira exposição individual em São Paulo de Elida Tessler, artista gaúcha de sólida trajetória conhecida especialmente no sul do país. Desde 1998, quando ganhou o Prêmio Brasília de Artes Visuais, Elida vem alcançando visibilidade crescente no circuito nacional.  Participou, no final de 2002 e início deste ano, de diversas mostras coletivas de prestígio em espaços expositivos paulistanos, tais como Paço das Artes, Instituto Tomie Ohtake e Centro Universitário Maria Antonia (Ceuma). Sua instalação Doador, exibida na Bienal do Mercosul (Porto Alegre, RS, 1999), foi adquirida recentemente para o acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo.

A curadoria da mostra é da crítica de artes Angélica de Moraes, que buscou destacar as principais características da obra da artista ao longo da última década de produção. “A obra de Elida Tessler”, observa a curadora, “tem seu núcleo na sensível celebração das pequenas coisas do cotidiano, na articulação de objetos ou  processos capazes de potencializar metáforas sobre a perda, a passagem do tempo e os resíduos de memória”.

Ainda conforme Angélica de Moraes, “a artista organiza seu pensamento criativo no afiado limite entre objeto, instalação, trabalho em processo (work in progress) e poesia visual. Com freqüência, sua invenção é posta em movimento pela imantação da palavra, no diálogo com o universo da literatura e da psicanálise. Usa materiais e procedimentos que incorporam o acaso ou, ao contrário, estabelecem nitidez de propósitos pela escolha enxuta de elementos”.

Elida Tessler celebra uma coincidência nessa mostra: o fato de exibir seus trabalhos na mesma época e local em que ocorre a mostra de Hélio Oiticica, tema da tese de doutorado de Elida na Sorbonne, há exatamente uma década. “Defendi minha tese sobre Hélio em abril de 1993”, lembra a artista. “Em junho daquele mesmo ano fiz minha primeira obra da série ‘Falas Inacabadas’, que continuo fazendo até hoje”.

Elida admite a influência de Oiticica nos processos de criação que adota.  “Quando se faz um mergulho profundo no processo de trabalho de alguém, não há como isso não rebater no que você faz. Não há dissociação possível entre o pensar e o fazer”.

A exposição Vasos Comunicantes será documentada em catálogo de 52 páginas, com textos críticos da curadora e de Donaldo Schüler, tradutor do livro Finnegan’s Wake, de James Joyce, para o português, obra que é assunto de um dos trabalhos da mostra.

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Hélio Oiticica: Cor, Imagem, Poética
Curadoria de Luciano Figueiredo

11 de maio de 2003 a 10 de janeiro de 2004

Centro de Arte Hélio Oiticica
Rua Luís de Camões  68
Centro   Rio de Janeiro
21-2242-1012 / 2232-1401
Terça a sexta-feira, 11h às 19h; sábados, domingos e feriados, 12h às 18h.

Hélio Oiticica: Cor, Imagem, Poética
A  Prefeitura  do Rio inaugura, no Centro de Arte Hélio Oiticica, dia 10 de maio de  2003,  sábado,  às 17h, a exposição "Hélio Oiticica: cor, imagem, poética",  que reúne cerca de 170 obras (entre fotos, penetráveis, bólides, desenhos e objetos) e mais de 500 documentos do acervo de Hélio Oiticica. É o  maior  panorama  da  obra do artista feito no CAHO desde a retrospectiva "Hélio  Oiticica",  que  chegou ao Rio em 1997 depois de passar por cidades como Paris, Barcelona  e  Lisboa. Com  curadoria  do  crítico  Luciano Figueiredo, novo diretor do Centro de Arte, a convite do Secretário Ricardo Macieira,  a  mostra  também  marca uma nova orientação da instituição, que passa  a  ter  como prioridade máxima exposições, seminários, palestras e o estímulo a pesquisas ligadas ao Projeto HO e à obra de Oiticica.

Sem  inaugurar  uma  exposição  temporária desde a  individual  do irlandês Sean Scully,  em  outubro  de  2002, o CAHO passou por mudanças de coordenação e pretende  dedicar  o  ano  de 2003 à reestruturação de sua programação, que deve  abrigar  e  expor,  em  primeiro lugar as obras de Helio Oiticica. "O retorno  de  Luciano Figueiredo foi fundamental. Não só porque foi ele quem junto  de  nós  implementou o Centro, há 17 anos, mas principalmente porque sua  vinda  garante  a permanência da obra no espaço", diz o Secretário das Culturas  Ricardo  Macieira.  É  por isso que "Hélio Oiticica: Cor, Imagem, Poética"  fica  em  cartaz ao longo de todo ano, até 10 de janeiro de 2004. Paralelamente  à mostra, será montado um cronograma de debates, palestras e seminários.

"Apresentar  um panorama como este, tão abrangente, em cartaz durante tanto tempo  é  uma  forma de deixar claro que esta é a casa do Hélio. O CAHO tem que ser uma referência para o público brasileiro e estrangeiro que procuram um  lugar  para ter acesso à obra dele, que é uma das mais estudadas aqui e lá  fora",  diz Figueiredo, que também coordenou a confecção de um catálogo que  acompanha a mostra, onde serão abordados os temas anunciados no título da  exposição.  Serão  ainda  publicadas  3  brochuras  que  passarão a ser distribuídas gratuitamente a todos que visitarem o CAHO: uma sobre a obra de Hélio  Oiticica; outra sobre a extensa produção de José Oiticica Filho, pai do  artista  e  um dos pioneiros da fotografia experimental no Brasil; e uma última  que  versa  sobre  o  histórico  do Centro de Arte Hélio Oiticica e também do Projeto HO. As três edições são trinlíngues (português, francês e inglês)  e  têm  como  maior  objetivo  tornar  acessível o registro destas trajetórias àqueles que não podem comprar os catálogos mais caros.

"Hélio Oiticica: Cor, Imagem, Poética" vai ocupar todo o prédio do CAHO, na Rua  Luís  de  Camões 68.   O  andar  térreo  será  dedicado ao Hélio Oiticica fotógrafo,  com  curadoria de Cesar Oiticica Filho, mostrando imagens que o artista registrava quando visitava o Morro da Mangueira ou depois de montar suas  exposições  fora do país, como foi o caso da exposição na Whitechapel Gallery  em  Londres, 1969. Luciano Figueiredo acredita que este módulo vai deixar ainda mais claro para o público que Hélio sabia muito bem que estava construindo  um repertório singular de imagens, que, nos anos 60, batizaria de "imagética", ao realizar "Tropicália" em 1967.

No  segundo  e  no  terceiro  andares estarão as obras de Oiticica desde os tempos  do  Grupo  Frente  aos  penetráveis  dos  anos  70.  A  sucessão de "Metaesquemas"    "Monocromáticos",   "Bilaterais",   "Núcleos",   "Relevos espaciais",  "Bólides" e "Penetráveis" vai tentar demonstrar como a obra do artista  foi  deixando  o plano rumo ao espaço, mas sem nunca abandonar seu eixo central: a pesquisa da cor. "É como se o Hélio nunca tivesse  deixado de  ser  um  pintor,  porém  um  pintor  fora  da tela, um pintor da cor no espaço",  acredita  Figueiredo,  que  conta  com  o  auxílio  da  minuciosa catalogação feita pelo próprio artista ao longo da vida para registrar cada trabalho  historicamente  (a  exposição  conta com fotografias, recortes de jornais  e  revistas  de  época) e ainda tentar entender como cada peça foi concebida.   Metódico,   Oiticica  deixou  anotações,  esboços,  plantas  e maquetes,   que  também  estarão  expostos  e  ajudam  a  compreender  como funcionava seu processo criativo. O segundo piso terá uma sala dedicada aos "Bólides",  caixas  com  pigmentos  através  das quais Oiticica pesquisou a materialidade  da  cor  e  a  possibilidade de fusão entre imagem e cor (em algumas destas peças usou fotografias, como na obra em homenagem ao bandido Cara de Cavalo).

"Hélio Oiticica: Cor, Imagem, Poética" também remonta penetráveis como "Nas quebradas"  e  "Projeto Filtro". Este último foi concebido em 1972 para uma exposição  organizada  pelo artista Carlos Vergara no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. A peça, um labirinto criado com plástico transparente de várias  cores,  mistura  a percepção visual aos outros sentidos, já que, no interior  do  penetrável,  o  espectador  é  convidado  a ouvir música, ver televisão e beber suco de frutas.

A  exposição também apresenta a maquete completa do "Projeto Cães de Caça", uma  espécie  de complexo jardim monumental, contendo cinco penetráveis que nunca  chegou  a ser construído, mas que é considerado uma das obras-primas imaginadas por Oiticica.

Durante  todo  o  período da mostra, serão exibidos, em horários especiais, filmes  do artista realizados em super 8, entre 1971 e 1974 em Nova Iorque, como  "Agripina é Roma Manhattan", "Tômbulos", "Fillmore" e "Brasil Jorge".  A  seleção  e  curadoria  da  mostra  de filmes também é assinada por Cesar Oiticica Filho. Serão também  apresentados diariamente os documentários "HO suprasensorial" e "Neoconcretos" de autoria de Katia Maciel.

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A Gravura Vai Bem, Obrigado
Gravura Histórica e Contemporânea Brasileira
Alberto Alexandre Martins, Aline Van Lan Gendonck, Amilcar de Castro, Ana Kesselring, Andrea Tavares, Armando Sobral, Arthur Luiz Piza, Augusto Sampaio, Caetano de Almeida, Carmela Gross, Claudio Mubarak, Daniel Acosta, Dio Viana, Ednéia Brizot, Elisa Bracher, Ernesto Bonato, Estela Sokol, Evandro C. Jardim, Fabricio Lopez, Feres Khoury, Fernando Vilela, Flavia Yue, Fulvia Molina, Gilvan Samico, IberêCamargo, Jac Leirner, Laerte Ramos, Livio Abramo, Louise Weiss, Mabe Bethonico, Marcelo Salum, Marcia Cymbalista, Marco Buti, Maria Bonomi, Mario Ramiro, Mira Schendel, Oswaldo Goeldi, Paulo Penna, Regina Carmona, Regina Silveira, Renata Barros, Renina Katz, Roberto Bethonico, Roberto Shwafaty, Rosana Monerat, Rosana Paulino, Rosangela Rennó, Rubem Mano, Sofia Panzarini, Ulysses Boscoli, Vania Mignoni, Vic Muniz, Walter Wagner

10 de Maio, sábado, 12h às 18h

Galeria Virgílio

Rua Dr. Virgilio C. Pinto  426
São Paulo
11-3062-9446 / 3061-2999
artevirgilio@ig.com.br
http://www.espacovirgilio.com.br
Exposição até 31 de maio de 2003.

A Galeria Virgilio mostra uma panorâmica da gravura brasileira avaliando a inserção histórica de nomes como Oswaldo Goeldi, Iberê Camargo, Livio Abramo, e Mira Shendel, entre outros, no interior do sistema de arte, e trazendo também  elementos  da amplificação do conceito de gravura que resultou  na produção atual.

O modo como  a "carpintaria" da gravura atualiza a tradição e segue-se renovando,  oferece um contraponto  importante  às propostas que marcaram as últimas décadas  com seus híbridos produzidos no limite mesmo do conceito estabelecido de gravura, i.e que vão se posicionar criticamente frente as novas tecnologias. Desses  cruzamentos  de  abordagens  resulta uma diversidade vitalizadora.

Curto Circuito
As galerias Gravura Brasileira, Atelier Piratininga e Galeria Virgilio se uniram para desenvolver o projeto “Curto Circuito” que surge da idéia de união destes três espaços alternativos existentes no bairro de Pinheiros a fim de criar um pólo de discussão e debate sobre a produção artística contemporânea através de uma programação completa de exposições, workshops, palestras e “encontros com artistas” a realizar-se durante o mês de maio e junho de 2003.


Curto Circuito
Um novo circuito de arte em Pinheiros

A existência de galerias no bairro de Pinheiros não é novidade, porém o fato de que várias compõe uma programação paralela traz um caráter de inovação no cenário artístico paulistano semelhante às mostras simultâneas usuais em outros grandes centros artísticos como no bairro de Soho em Nova York ou Mitte em Berlim. O público tem a chance de acompanhar um roteiro amplo em um raio geográfico limitado propiciando desta forma mais tempo para apreciação das obras do que para sua locomoção.

O Atelier Piratininga, reduto de produção, discussão e apresentação principalmente de gravura amplia seu leque de atuação apresentando fotografias de Inaê Coutinho na programação oficial do renomado Mês Internacional da Fotografia. A recém inaugurada extensão da Gravura Brasileira, desta vez com local exclusivo para exposições apresenta a mostra coletiva “Figuras e Mitos na Gravura Contemporânea Cubana” com obras de 16 artistas concebida para esta instituição. Esta mostra tem um caráter de intercâmbio, pois em sua idealização está incluída uma exposicao de gravadores brasileiros a ser apresentada em novembro próximo em Havana na programação paralela oficial da 8° Bienal de Havana. Uma prévia desta mostra acontece nas dependências da Gravura Brasileira na Gabriel Monteiro da Silva. Por coincidência a Galeria Virgílio dedica sua mostra atual também à gravura “A Gravura vai bem, obrigado” apresentando gravuras históricas e seus discípulos contemporâneos de Goeldi, Iberê Camargo, Lívio Abramo a Ulysses Bôscolo, Ernesto Bonato entre outros.

Para intensificar o panorama apresentado haverá ainda uma programaço paralela de mesas redondas, palestras e workshops também por ocasião da presença dos gravadores cubanos Ibraim Miranda, Janette Brossard e Norberto Marrero.

Este primeiro Curto Circuito deve ser tido como exemplo do mecanismo a ser ativado em diversas instituições e iniciativas levando-se em consideração o potencial a ser explorado através de parcerias de atuação.

Tereza de Arruda
Berlim, abril de 2003

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Visita comentada
Guto Lacaz
A Arte atrás da Arte - Onde ficam e como viajam as obras de arte

10 de maio, sábado, 17h

MAM Villa-Lobos
Shopping Villa-Lobos
Av. das Nações Unidas  4.777  3º Piso
São Paulo
  11-3024-4242
Exposição até 17 de maio de 2003.

O paulistano Guto Lacaz idealizou para o espaço a exibição dos bastidores do mam, incluindo 42 obras do acervo conservadas em uma mapoteca, sete trainéis e cinco embalagens para viagem. Somam-se ainda documentos, ofícios e fotografias de funcionários envolvidos nos procedimentos museológicos.
 
O público pode interagir com a exposição - de caráter didático - por meio de um educador. A mostra de pequeno porte informa ainda ao espectador a dinâmica interna do museu para o transporte, o empréstimo, a montagem, o seguro, a embalagem e como viajam as obras requisitadas para exibições fora do mam. O curador escolheu obras em diversas dimensões (grandes, pequenas, leves e pesadas), estilos e épocas. "Apresento assim uma situação", afirma Guto Lacaz.
 
Em cinco gavetas da mapoteca (móvel de aço onde se guardam obras de arte na horizontal), ele selecionou peças de Nazareth Pacheco, Rita Rosenmayer, Caetano de Almeida, Evandro Carlos Jardim e Cláudio Elisabetsky. Em cinco caixas de transporte estão obras de Joaquim Tenreiro, Victor Brecheret, José Leonilson, Abraham Palatnik e Geraldo de Barros. As caixas ficam semi-abertas para o público entender como são transportadas.
 
Nos sete trainéis (painéis móveis onde ficam principalmente pinturas) estão quatro obras de Cássio Michalany, duas de Helena Martins-Costa, cinco de Alfredo Volpi, quatro de Mário Zanini, duas de Arcângelo Ianelli, duas de José Pancetti, duas de Walter Lewy, e uma de Humberto Espíndola, Georgete Melhem, Antonio Arney, Arnaldo Barbosa, Estrigas, Agostinho de Freitas, John Graz, Mário Gruber, Wanda Meirelles, Ottone Zorlini, e Inimá de Paula. Todas as obras são do acervo do mam.
 
A exposição "A Arte atrás da Arte - Onde ficam e como viajam as obras de arte" corresponde à linguagem explorada por Guto Lacaz: há ironia e um humor sofisticado diante das engrenagens do mundo moderno. O artista nasceu em 1948, é formado em arquitetura, e realiza exposições desde 1978. Guto Lacaz já participou da 18a Bienal de São Paulo, em 1985, concebeu cenografias, instalações e é professor. Essa é a primeira vez que faz uma curadoria.

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IV Encontro na  H. A. P. Galeria
O Tempo e Suas Relações
Luis Alberto Oliveira – físico e professor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF); Paulo Venâncio Filho – crítico e professor; Carlos Zilio – artista plástico


Lugares Limitados, confirmar até o dia 10 de maio, sexta-feira.
14 de maio, quarta-feira, 19h

H.A.P. Galeria
Rua Abreu Fialho 11
Jardim Botânico   Rio de Janeiro
21-3874-2830 / 3874 2796
info@hapgaleria.com.br
http://www.hapgaleria.com.br


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Aula Aberta e Gratuita
Ateliê Livre para Crianças


10 de maio, sábado, 14h
 
Ateliê Espaço Coringa
Rua Fradique Coutinho, 934 fundos
Vila Madalena  São Paulo
11-3813-874   espacocoringa@uol.com.br
Mensalidade: R$ 80 (material incluso).
Turmas de até 6 crianças: 4 a 12 anos. 1 aula de 1h por semana.

A criança terá a oportunidade de investigar e vivenciar, de forma lúdica e divertida, diferentes materiais e processos das artes plásticas, tendo como objetivo ampliar seu campo expressivo. A partir do contato com o trabalho de artistas, e da discussão dos trabalhos produzidos pelo grupo, desenvolveremos o olhar, a sensibilidade e a criatividade de jovens artistas.

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Manifesto

FÓRUM DAS ARTES - RIO

Cultura é direito do cidadão. Como saúde, comida e educação.
Cultura é perspectiva de criação, pensamento e construção de um povo!
Cultura É Social! Cultura deve ser prioridade!
1% para a cultura (federal estadual municipal).
Orçamento mínimo e obrigatório por lei!
Arte é questão de saúde mental! Reorganiza o mundo interno da pessoa.
Arte é questão de educação! Estimula a criatividade. Educa os sentidos.
Arte é questão de segurança pública! Despotencializa a violência. Hip urra hip hop!
Arte é questão de economia! Gera trabalho e renda.
Pela inclusão cultural. Queremos salas, cinemas, galerias no centro e nas periferias, para expor nossos trabalhos e viver dignamente de bilheteria.
Pela diversidade cultural! Cultura não é só indústria e mercado. Cultura é expressão de vida!
Pela união de toda a classe artística em torno de novas relações de trabalho.
Contra a globalização e a evangelização que invadem nossas casas de espetáculo.
Pela elevação do piso cultural!
Chega de achatamento e massificação ! Eu não sou cordeiro não!
Chega de colonialismo cultural ! Somos antropófagos de última dentição.
A sábia indolência apimentada pela mais fina tecnologia: - Mangue beat!
Por um ensino contemporâneo de arte.
Por um circuito de eventos artísticos estimulantes nas escolas e faculdades públicas.
Pela ampliação de uma rede pública de teatros, bibliotecas e museus no país.
Por um programa de cultura para os próximos 15 anos.
Saber, definir, informar quais são as atribuições, responsabilidades, compromissos legais e constitucionais dos municípios, estados e federação.
O tempo urge! a fome ruge! a arte se insurge!

OBSERVAÇÃO: Este Manifesto circula pela internet, mas muitos de vocês foram mantidos alijados desta informação, pois em sua versão original ele está escrito todo em caixa alta, e os programas anti-spam dos provedores que analisam o conteúdo de nossas mensagens, bloqueiam a dita correspondência respondendo a regras estúpidas como esta: muitas linhas em caixa alta ou em negrito não é permitido.

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Sobre a Política Cultural do Cacá Diegues

TATIANA ROQUE

Na matéria do Segundo Caderno de 5/5/2003, que comenta o apoio da "classe artística" ao protesto de Cacá Diegues, Renata Sorrah afirma, ao lado de muitos outros comentários da mesma natureza, que não entende como o governo pode pedir contrapartida social, pois fazer a peça "Medeia" é pensar a realidade brasileira. Sobre isto, gostaria de fazer uma singela pergunta: o que uma coisa tem a ver com a outra? Uma coisa é o fato de haver um critério, do qual discordo, dizendo que um dos fatores que irão contar na avaliação dos projetos é a identidade brasileira. Isto não quer dizer que o governo determinou normas para o conteúdo, nem mesmo para a forma, das obras produzidas, nem que estas obras deveriam tratar apenas da realidade brasileira. Colocar ênfase sobre este ponto, reconhecido como absurdo pela maior parte das pessoas, inclusive por mim, é querer desviar a atenção de um segundo ponto que consta destes critérios, a saber a justa contrapartida social. O que está sendo dito de mais importante pelo governo, e vem a ser bastante pertinente, é o seguinte: para "Medeia" ser financiada com dinheiro público, deve possibilitar o acesso para todos os cidadãos, ou ao menos para um público abrangente, e não apenas para a classe média, dita "intelectualizada", que pode pagar 20, 15 ou mesmo 10 reais para ir ao teatro. O que está sendo dito é também o seguinte: para "Medeia" ser financiada com dinheiro público, deve incluir, na própria produção, uma faixa da população que está excluída dos meios de produção. A este respeito, é esclarecedor o comentário de Artur Xexéo, ao sublinhar a ausência de Walter Carvalho na ficha técnica do filme "Nelson Freire" - e isto nada tem a ver com a competência do Walter Carvalho: sempre os mesmos produtores, sempre os mesmos cenógrafos, sempre os mesmos iluminadores, sempre os mesmos figurinistas, sempre os mesmos artistas (em geral "filhos" de alguém "famoso" ou de alguém da "classe artística"). A maior abrangência das fichas técnicas dos filmes e dos espetáculos teatrais já seriam uma grande contrapartida social, o que não dá é para continuar financiando, com dinheiro público, a mesma "panela" que tem contatos nos departamentos de marketing das estatais. E um grande passo das novas determinações do governo (infelizmente já revogadas pelo lobby corporativo da "classe artística") seria, justamente, a transparência de tais critérios, tornando o processo mais acessível a todos.

No mais, sobre o conteúdo, a forma e a ficha técnica de cada obra,  cada um pode continuar fazendo o que bem entender, como bem entender e com quem bem entender, mas não com dinheiro público! Aliás pergunto à Renata Sorrah (e me desculpo de estar individualizando a pergunta, porque esta pergunta é na verdade para todos, mas quem se expõe assume também a responsabilidade): se a produção de "Medeia" é tão relevante, por que precisa de financiamento público e não pode se sustentar apenas pela bilheteria, ou mesmo possuir um patrocinador privado que obtenha retorno publicitário com o espetáculo? Com toda a visibilidade que possui Renata Sorrah, e todos os outros que bradavam contra a política do Lula na referida matéria, por que precisam do dinheiro da Eletrobrás ou de qualquer subsídio estatal? O verdadeiro incômodo relativo à distribuição das verbas públicas está na concentração destas mesmas verbas nas mão de poucos que são, aliás, sempre os mesmos. Sinceramente, não é possível que a criatividade esteja tão concentrada e seja tão elitizada, sobretudo em um país tão criativo! Me sinto muito a vontade para fazer estes comentários, sem nenhum ressentimento- não exerço nenhuma das funções citadas e estou feliz com meu trabalho. Se os faço é porque, mesmo sendo razoavelmente "intelectualizada", não suporto ir ao teatro e suporto muito pouco ver os filmes nacionais. Mas não penso que o problema seja meu (será que eu "não entendi" o que é arte e cultura como acusam os entrevistados no Globo?), não penso que o problema seja o fato de que não se fala suficientemente da "realidade brasileira" ou de questões próximas da "linguagem do povo". Nada disso, e entendo que o governo também não está dizendo isso. O grande problema da produção cultural brasileira, e acho que o governo está dizendo isso, é a concentração e a elitização da produção. Como conseqüência, os espetáculos tornam-se desinteressantes, repetitivos, pouco criativos: já nascem velhos. No caso do cinema, assumo que acho os filmes estrangeiros, de modo geral, sem considerar casos específicos, bem melhores do que os brasileiros. Mas não porque os brasileiros sejam mais burros, menos talentosos ou menos criativos, de jeito nenhum, mas porque quase toda a produção cultural no Brasil reproduz a dinâmica de um grupinho e, sendo assim, repete e se repete. Produz e reproduz-se a si mesmo, perpetuando as dinâmicas, o funcionamento e os pontos de vista deste grupinho. A universalização do acesso, não apenas ao espetáculo, mas à produção dos bens culturais é fundamental para a própria qualidade da obra. E se a contrapartida a que se refere o governo diz respeito a esta universalização, e assim a compreendo, isto irá interferir, sim, no conteúdo e na forma da obra (graças a Deus!), mas não diretamente, não por nenhum "dirigismo". Esta influência se dará através de novas dinâmicas reais e materiais de produção, dinâmicas estas que poderão expressar, sempre reatualizando e modificando, o gosto, a criatividade, o talento e a inteligência de muitos, em seus embates e suas tensões, gerando novidades absolutas que não temos meios para imaginar. Obviamente, isto é sempre mais rico do que o consenso da inteligência de poucos, ainda que sejam eles muito inteligentes, como é o caso da classe artística brasileira.

Dito isto, pergunto eu, quem deve ser acusado de dirigismo cultural? O governo ou a classe artística, que pretende guardar para si os privilégios da produção e da reprodução dos bens culturais, guardando, de quebra, para seus amigos de classe, o acesso à produção e ao consumo destes bens?  Ora, sinceramente! Mesmo que inconscientemente, pois acredito de verdade que esteja bem intencionado, o Cacá Diegues sabe que, enquanto esta universalização não acontecer, ele próprio continuará sendo uma das referências mais importantes do cinema nacional. Mas será que isto continuaria assim se os "Zé Pequenos" da vida começassem a fazer seus filmes, ao invés de serem objetos de um discurso cinematográfico?

Escrevo este protesto justamente porque não faço parte da classe artística e penso que quem deve dizer o que fazer com o dinheiro público para a cultura não são os artistas, nem os produtores culturais, mas as pessoas em geral, isto é, o público, que pode ser composto, inclusive, por pessoas da "área cultural" ou da "classe artística", mas também pode não ser. Do contrário, se indicassem eles os rumos da política pública para a cultura neste país, deveríamos acusar, sim, os artistas, e sua classe, de dirigismo cultural. Penso portanto, sobre a aplicação das verbas públicas, que minha opinião é tão importante quanto a do Cacá Diegues.

Tatiana Roque
Parte do Público, Eleitora e Contribuinte

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Carta aberta a Cacá Diegues

EDUARDO ESCOREL

Cacá,

A argumentação da sua entrevista parece pressupor a defesa incondicional do modelo de produção cinematográfica baseado em financiamento através de incentivos fiscais. Não há, no entanto, ao contrário do que você afirma, nenhuma indicação concreta de que esse modelo seja capaz de resultar em um “cinema nacional auto-sustentável”. Estando para se esgotar o prazo de duração inicialmente previsto para a Lei do Audiovisual, não houve nos seus dez anos de vigência, como você sabe, um processo de acumulação que permitisse à atividade cinematográfica prescindir do suporte estatal.

Sendo assim, era previsível que o novo governo, comprometido com um projeto de mudanças e respaldado pela legitimidade do processo eleitoral, procurasse redefinir os termos do apoio do Estado à produção cinematográfica.

Nem a quantidade de filmes produzidos a partir de 1994, nem o número de diretores que estrearam desde então, nem o aumento da ocupação do mercado até perto de 10%, nem o sucesso de alguns filmes, nem a participação em festivais internacionais ú nada disso justifica a intocabilidade de um sistema de financiamento da produção cujas distorções são notórias e que não levou à desejada auto-sustentabilidade.

Ao chamar a sí a definição de critérios, não creio que o governo federal esteja, necessariamente, ameaçando a liberdade de expressão. Em vez disso, não estará apenas sinalizando a disposição de assumir a responsabilidade que lhe cabe de responder pela aplicação de recursos públicos? Quantas críticas não foram feitas à omissão do governo anterior que deixou as decisões de investimento aos anônimos departamentos de marketing? Quantas críticas não foram feitas, nos anos FHC, à necessidade de fazer lobby junto a ministros e políticos poderosos para obter patrocínios?

Supor que as primeiras indicações de uma revisão de parâmetros impliquem numa “intervenção política e ideológica na criação artística”, soa, no mínimo, precipitado. Quem pode ser contra a democratização do acesso à cultura?  Quem se opõe à descentralização “geográfica dos projetos”? Quem nega a necessidade da “inclusão social”, da “valorização da cultura popular”, da “promoção da cidadania e do desenvolvimento social das comunidades de baixa renda”?  Quem não considera essencial o “fortalecimento da identidade nacional”? Que cidadão brasileiro pode se opor a essas diretrizes da Eletrobras e de Furnas?

A evidente necessidade de estabelecer quais poderiam ser as formas de “contrapartida social” adequadas aos diferentes setores da produção cultural, por acaso invalida a tentativa de canalizar recursos públicos para projetos culturais que possam contribuir de alguma forma para o objetivo maior de reduzir a desiguladade social brasileira?

Se os recursos disponíveis para o setor cinematográfico são insuficientes para atender a demanda dos produtores, “o único critério em relação à obra de arte” não pode ser “a capacidade de realização” do produtor. Não há como negar a necessidade, o direito e o dever do governo de avaliar o mérito artístico e cultural das propostas. Isso resultará, obrigatoriamente, em uma “intervenção”? Sinceramente, não vejo condições para uma catástrofe dessa ordem em um Estado democrático. Daí caber ao Ministério da Cultura, como você assinala, voz ativa na determinação da política cultural do governo.

A população brasileira, como todos sabem, não vai ao cinema. Acredito que não devemos, portanto, invocar, em seu nome, um suposto direito a privilégios a que a imensa maioria dos brasileiros não tem acesso.

Se, de fato, “potenciais parceiros começam a ver o cinema brasileiro como algo rentável”, então, talvez seja o caso de defender a revogação pura e simples das leis de incentivo fiscal e de nos perguntarmos se os temores expressos na sua entrevista têm razão de ser. Em lugar de espernear, talvez devessemos mobilizar o governo para corrigir os termos injustos da competição com o filme estrangeiro; assegurar o direito preferencial de acesso do filme brasileiro ao mercado interno; garantir a terceirização da produção televisiva, etc., velhas questões estruturais pelas quais você e muitos colegas sempre lutaram e cujo equacionamento poderá um dia, quem sabe, tornar o cinema brasileiro verdadeiramente auto-sustentável.

Receba meu  abraço dissonante,

Eduardo Escorel

Esta carta foi publicada no jornal O Globo, Primeiro Caderno, quarta-feira, 7 de maio de 2003.

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