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PE/RJ/RS/SP Alexandre Mury na Laura Marsiaj / III Seminário Panoramas do Sul no SESC Belenzinho
ANO 11 - N. 94 / 8 DE DEZEMBRO DE 2011

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AGENDA DE EVENTOS
CIRCUITO
Elisa Bracher no MAM, Rio de Janeiro
Jorge Emmanuel no MAM, Rio de Janeiro
Afonso Tostes no MAM, Rio de Janeiro
David Nascimento + Yuri Cavalcanti Bittencourt na Sala Recife, Recife
ABERTURAS
Alexandre Mury na Laura Marsiaj, Rio de Janeiro
Giorgio de Chirico na Iberê Camargo, Porto Alegre
III Seminário Panoramas do Sul no SESC Belenzinho, São Paulo
Projeto Confluências no AT|AL|609, Campinas
SALÕES E PRÊMIOS Programa de Exposições 2012 do CCSP - Inscrições e informações para o artista
COMO ATIÇAR A BRASA
Teatros da memória por Paula Alzugaray, Istoé
Valores corporativos ditam o financiamento cultural por Silas Martí, Folha de S. Paulo
Carta à Presidenta Dilma dos Representantes da Sociedade Civil no Conselho Nacional de Política Cultural – CNPC

CANAL NO TUBO Canal entrevista Luis Pérez-Oramas
FÉRIAS DO CANAL

 Elisa Bracher no MAM
Elisa Bracher, Ponto Final Sem Pausa

CIRCUITO
Elisa Bracher
Ponto Final Sem Pausa

Curadoria de Luiz Camillo Osorio

16 de outubro de 2011 a 15 de janeiro de 2012

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM RJ
Av. Infante Dom Henrique 85, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro – RJ
21-2240-4944
www.mamrio.org.br
Terça a sexta, 12-18h; sábado, domingo e feriado, 12-19h
Realização: MAM Rio
Patrocínio: Petrobras e Light – Mantenedores do MAM

Leia o resumo na agenda
english

Enviado por Beatriz Caillaux beatriz@cwea.com.br
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Jorge Emmanuel no MAM
Jorge Emmanuel, (+10) (Foto: W. Clemente)

CIRCUITO
Jorge Emmanuel
(+ 10)

Curadoria de Luiz Camillo Osorio

13 de novembro de 2011 a 15 de janeiro de 2012

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Av. Infante Dom Henrique 85, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro - RJ
21-2240-4944
www.mamrio.org.br
Terça a sexta, 12-18h; sábado, domingo e feriado, 12-19h

Leia o resumo na agenda
english

Enviado por Beatriz Caillaux beatriz@cwea.com.br
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Afonso tostes no MAM
Afonso Tostes, Baque Virado (Foto: W. Clemente)

CIRCUITO
Afonso Tostes

Baque Virado

Curadoria de Luiz Camillo Osorio

10 de novembro de 2011 a 15 de janeiro de 2012

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Av. Infante Dom Henrique 85, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro - RJ
21-2240-4944
www.mamrio.org.br
Terça a sexta, 12-18h; sábado, domingo e feriado, 12-19h

Leia o resumo na agenda
english

Enviado por Beatriz Caillaux beatriz@cwea.com.br
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CIRCUITO
David Nascimento
Cadernos de Anotações Urbanas

+

Yuri Cavalcanti Bittencourt
Vidas em Lembranças

8 de dezembro de 2011 a 13 de janeiro de 2012

Sala Recife
Rua Agenor Lopes 100, Boa Viagem, Recife - PE
81-3465-8165 ou salarecife@gmail.com
www.salarecife.com.br
Quarta, 14-18h

Leia o texto de Renata Wilner

Leia o resumo na agenda David Nascimento / Yuri Cavalcanti Bittencourt
english / english

Enviado por Sala Recife salarecife@gmail.com
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Alexandre Mury  na Laura Marsiaj
Alexandre Mury, Estudo para Seurat

Alexandre Mury

12 de dezembro, segunda-feira, 19-22h

Galeria Laura Marsiaj
Rua Teixeira de Melo 31C, Ipanema, Rio de Janeiro - RJ
21-2513-2074 ou contato@lauramasiaj.com.br
www.lauramarsiaj.com.br
Terça a sexta, 10-19h; sábado, 11-16h
Exposição até 20 janeiro de 2012

Leia o texto de Luisa Duarte

Leia o resumo na agenda
english

Enviado por Fernanda Cotta fernandacotta@btcom.com.br
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Giorgio de Chirico na Iberê Camargo
Giorgio de Chirico, Piazza d'Italia com statua di Cavour, 1974

Giorgio de Chirico
De Chirico: O Sentimento da Arquitetura - Obras da Fondazione Giorgio e Isa de Chirico

Curadoria de Maddalena D´Alfonso

9 de dezembro de 2011 a 4 de março de 2012

Fundação Iberê Camargo
Av. Padre Cacique 2.000, Porto Alegre - RS
51-3247-8000
www.iberecamargo.org.br
Terça a domingo, 12-19h; quinta, 12-21h
Realização: Fundação Iberê Camargo, Casa Fiat de Cultura, MASP e Fondazione Giorgio e Isa de Chirico
Patrocínio: Fiat Automóveis

Sobre a exposição

Leia o resumo na agenda
english

Enviado por Neiva Mello Assessoria em Comunicação cibele@neivamello.com.br
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II Seminário Panoramas do Sul
17º Festival Internacional de Arte Contemporânea SESC_Videobrasil

Intenções editoriais: quem lê e quem escreve, para quê
Como artistas conceituais, críticos e curadores usam publicações para promover uma nova expressão artística

Estudo de caso 1: Revista Tatuí, Clarissa Diniz
Estudo de caso 2: Asterisco 9, Luisa Ungar e Nadia Moreno

Debatedores: Lisette Lagnado, Miguel López
Mediação: Fernando Oliva

10 de dezembro, sábado, 14-18h

SESC Belenzinho
Rua Padre Adelino 1000, Belenzinho, São Paulo - SP
11-2076-9798 ou email@belenzinho.sescsp.org.br
www.sescsp.org.br
www.videobrasil.org.br
Vagas: 120

Enviado por Fórum Permanente news@forumpermanente.org
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Projeto Confluências no AT|AL|609
José Roberto Sechi

Pparalelo de Arte Contemporânea
Projeto Confluências
Cecília Stelini, Gabriela Alonso, José Roberto Sechi, Nelda Ramos

9 de dezembro, sexta-feira, 19h30

AT|AL|609
Rua Antônio Lapa 609, Cambuí, Campinas, São Paulo - SP
19-3255-7689
www.pparalelo.art.br
Terça a sexta; 14-18h
Exposição até 27 de janeiro de 2011

Leia o resumo na agenda
english

Enviado por Cecilia Stelini cefant@terra.com.br
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SALÕES E PRÊMIOS
Programa de Exposições 2012 do CCSP

O Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo desde sua criação, em 1990, privilegia o debate sobre a arte contemporânea ao propor um mapeamento da jovem produção, com objetivos de abrir espaço a artistas em início de trajetória profissional - para a sua inserção no circuito de artes visuais - e de possibilitar o acesso do público a obras representativas do panorama artístico recente.

Paralelamente à mostra dos selecionados, artistas consagrados pelo público e crítica especializada serão convidados pela Curadoria de Artes Visuais do CCSP para participarem do Programa. Além disso, toda a produção dos artistas selecionados contará com o acompanhamento de curadores do CCSP e do grupo de críticos do Programa de Exposições.

Comissão de seleção: Os portifólios e pré-projetos de exposição serão examinados e selecionados por uma comissão designada e presidida pelo Diretor do CCSP - composta por três profissionais da área de artes visuais e por dois membros da Curadoria de Artes Visuais.

Inscrições até 14 de janeiro de 2012

Informações para o artista sobre o custo-benefício de editais
As informações abaixo, todas de caráter objetivo, copiadas do edital, servem para ajudar o artista iniciante a decidir sobre a sua participação no evento em questão. Leia sobre esta iniciativa do Canal no Salões&Prêmios.

GANHO PARA INSCRITOS: nenhum

GANHO PARA SELECIONADOS:
- 12 artistas serão selecionados para as exposições individuais em paralelo, com até 6 (seis) artistas consagrados pelo público e/ou crítica especializada a serem oportunamente escolhidos e contratados pela Curadoria de Artes Visuais do CCSP.

- Os artistas selecionados para as exposições individuais receberão uma remuneração de R$ 5.500(cinco mil e quinhentos reais) cada, deduzidos os tributos previstos na legislação em vigor. Esse valor abrangerá todos os custos e despesas diretamente ou indiretamente envolvidas na exposição e será pago em 02 (duas) parcelas.

CUSTOS OPERACIONAIS:
Inscrições serão em duas etapas:
- Pelo preenchimento de uma ficha de inscrição pelo site;
- Depois o envio da ficha de inscrição assinada, de um portifólio e um anteprojeto pelo correio.

Leia a informação completa e publique seu comentário no blog Salões e Prêmios

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COMO ATIÇAR A BRASA
Teatros da memória

Matéria de Paula Alzugaray originalmente publicada no caderno de Artes Visuais da revista Istoé em 2 de dezembro de 2011.

Giorgio de Chirico, um dos mais influentes pintores da arte moderna no mundo, chega ao Brasil em mostra itinerante

A praça, na cultura greco-romana, era onde se reuniam poetas, filósofos, oradores, guerreiros, políticos e intelectuais. Ambiente por excelência das pinturas de Giorgio de Chirico, a praça é o cenário onde o artista aproxima fragmentos e memórias das várias culturas e cidades onde residiu. Nascido em Volos, na Grécia, em 1888, mas italiano de adoção, De Chirico viveu em Florença, Turim, Munique, Nova York, Ferrara e Paris, até fixar-se em Roma, em 1944. As praças representadas em sua pintura são também locais de encontro de três momentos-chave da cultura ocidental: antiguidade clássica, renascimento e modernidade. Essa justaposição cultural e temporal está bem sintetizada em “Muse Inquietanti”, de 1924, a obra mais antiga da exposição “De Chirico: o Sentimento da Arquitetura”, em cartaz a partir de 9 de dezembro na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre.

Nessa pintura – realizada no auge da fase metafísica de De Chirico –, o Castello Estense, joia arquitetônica renascentista de Ferrara, é cercado por ruínas gregas, chaminés de fábricas – ícones da era industrial – e pelas “musas inquietantes” que nomeiam a obra. Efetivamente inquietantes, essas esculturas-manequins conferem a aura de mistério, transcendência e erudição que iluminou toda a obra de De Chirico e inspirou o grupo surrealista de André Breton. “A cidade de De Chirico é cidade grega, renascentista e moderna ao mesmo tempo: por isso foi amada por Breton como o espaço surreal, onde atravessam simultaneamente o vapor de uma locomotiva e a vela homérica”, escreve no catálogo da exposição a curadora Maddalena D’Afonso, crítica de arte e arquitetura.

Leia a matéria completa e publique seu comentário no blog Como atiçar a brasa

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COMO ATIÇAR A BRASA
Valores corporativos ditam o financiamento cultural

Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada da Folha de S. Paulo em 4 de dezembro de 2011.

Cancelamento da exposição de Nan Goldin revela problemas de patrocínio incentivado

Exibição de obras de arte está sujeita a critérios como identificação do projeto com a marca do financiador

Quase um ano depois de aprovar em edital uma mostra da artista Nan Goldin, o centro cultural Oi Futuro, no Rio, cancelou a exposição na semana passada, faltando um mês para a abertura.

A alegação foi de que as imagens de crianças diante de atos sexuais que integram a obra da norte-americana iam contra a orientação dos programas educativos da Oi.

A curadora da mostra, Lígia Canongia, classificou a decisão como "arbitrária e prepotente". O episódio causou estardalhaço no meio artístico e revelou que a arte, cada vez mais produzida e exibida graças a leis de incentivo, pode estar a serviço de valores corporativos.

Leia a matéria completa e publique seu comentário no blog Como atiçar a brasa

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COMO ATIÇAR A BRASA
Carta dos Representantes da Sociedade Civil no Conselho Nacional de Política Cultural – CNPC

Brasília, 1º de dezembro de 2011.

Excelentíssima Senhora
DILMA VANA ROUSSEFF
Presidenta da República Federativa do Brasil,

Cumprimentando-a cordialmente, os representantes da sociedade civil abaixo-assinados, componentes do Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC), vêm respeitosamente solicitar uma audiência com Vossa Excelência, em caráter de urgência, para tratar de necessidades da área, até o momento insuficientemente tratadas pela atual gestão do Ministério da Cultura.

Tal solicitação corrobora a solicitação realizada pela Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura, do Congresso Nacional, e por diversos artistas, em reunião prévia com a Ministra da Secretaria de Articulação Institucional da Presidência, Ideli Salvatti.

Dentre os assuntos a ser abordados, sugerimos:

a) Orçamento de 2012;
b) Projeto de Lei do ProCultura;
c) Projeto de Lei de Direitos Autorais;
d) Sistema Nacional de Cultura - SNC;
e) Processo de participação e controle social;
f) PEC 150;
g) Outros temas.

Entendemos que a forma como vêm sendo conduzidas as ações no MinC, tanto em relação à execução das políticas públicas de cultura, quanto à legítima participação da sociedade em suas definições, não têm se adequado à essência democrática operada pelo Governo atual que, exemplarmente, tem em Vossa Excelência a maior defensora.

Respeitosamente,

Antônio José Ferreira – Culturas Afro-Brasileiras
Charles Narloch – Artes Visuais
Devair Fiorotti – Museus
Dora Pankararu – Cultura Indígena
Du Oliveira - Música Erudita
Freddy Van Camp – Design
Heloísa Esser dos Reis – Arquivos
Isaac Loureiro – Culturas Populares
Ivan Ferraro – Música Popular
Jeferson Navolar – Arquitetura e Urbanismo
Marcos Olender – Patrimônio Material
Nilton Bobato – Livro, Leitura e Literatura
Patricia Canetti – Arte Digital
Renato Moura – Artesanato
Rosa Coimbra – Dança
Virgínia Menezes - Teatro
Washington Queiroz – Patrimônio Imaterial

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CANAL NO TUBO - www.canalcontemporaneo.tv
Canal entrevista Luis Pérez-Oramas

 

Entrevista com Luis Pérez-Oramas, curador da mostra O Alfabeto Enfurecido, de Léon Ferrari e Mira Schendel, na Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre / junho de 2010.

Imagem e edição: Marcelo Gobatto

Veja o vídeo e publique seu comentário no blog Quebra de padrão

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TEXTOS DO E-NFORME

David Nascimento e Yuri Cavalcanti Bittencourt
"Os acasos iluminam espaços vivenciais que se abrem à nossa mente e, à medida em que os ocupamos, o mundo vai se ampliando para nós." (Fayga Ostrower)

Esta exposição marca uma experiência inicial,a partir do convite/desafio proposto pelos organizadores da Sala Recife à Coordenação da Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Federal de Pernambuco. A ideia é aproximar artistas profissionais e estudantes, gerando diálogos sobre e através da arte.

A partir da visita à exposição “Sobre Pintura” de Frantz Soares, entre os dias 15 de setembro e 21 de outubro de 2011, os estudantes foram convocados a elaborar trabalhos que dialogassem com a obra do artista. David Nascimento e Yuri Cavalcanti Bittencourt foram selecionados para esta primeira edição, pensada como piloto de um projeto de extensão na UFPE. Ao abrir o espaço para estudantes e artistas iniciantes, a Sala Recife vem contribuir tanto em sua inserção no circuito profissional, como também para o debate acadêmico e reflexão acerca da produção artística, aspecto que pretende se enfatizar ao longo do projeto.

O trabalho de Frantz Soares consisteem forrar com lona o chão, as mesas e/ou paredes dos ateliês de vários artistas, e deixar por tempo indeterminado que se acumulem resíduos de tintas, pegadas e outros tipos de “sobras”, marcas e “sujeiras”. Na mostra havia uma tela de 5,40m por 1,10m, produzida por meio deste processo, e 100 encadernações em vários formatos, com capa de lona crua e fragmentos das lonas que incorporaram resíduos de ateliês formando “páginas”, manipuladas pelos espectadores.

David Nascimento respondeu ao desafio transpondo as características do acidental, caótico e fragmentário, presentes na obra de Frantz, para o recolhimento de imagens do ambiente urbano. Fotografias de paisagens ou detalhes da cidade são transformadas em pinturas abstratas a partir da própria seleção dos fragmentos (processo paralelo às “edições” nos livros de Frantz), e da extração da sua “cromati-cidade”. O nome que David dá à série, “Caderno de anotações urbanas: 1º estudo, Recife” é sugestivo quanto à transitoriedade do processo, um exercício cotidiano contínuo, cujas fontes de reflexão são a Teoria do Caos e as filosofias orientais, a respeito de irregularidades e imprevisibilidades dos fenômenos, de como pequenas alterações são capazes de engendrar grandes transformações e estranhamentos. Nesse “caderno” decanta resíduos da saturação imagética urbana, enquanto paralelamente, os cadernos de Frantz decantam resíduos de processos pictóricos dos ateliês. Recortes espaço-temporais no fluxo não linear do deambular pela cidade formam os fragmentos que compõem as anotações de David, expostos sincronicamente. Já em Frantz são obtidos por acúmulo no fluxo da feitura de pinturas, e expostos sequencialmente em cadernos literais.

Yuri Cavalcanti Bittencourt expõe“Vidas em lembranças”. No caso, o fluxo é da memória, metaforizado por camadas de tintas e materiais diferentes que criam relevos. Ao mesmo tempo em que recobrem umas às outras, deixam perceber pelos relevos e rasgos que há camadas subjacentes à visível. O aspecto de inacabamento e o acaso da deposição de matérias, os escorrimentos e rachaduras da tinta, o entrever das sobreposições, dialogam com características da obra de Frantz Soares. No entanto, aqui são trazidas para uma operação interna do processo da pintura, ou seja, traduzidas numa relação pessoal de Yuri no embate com os materiais, ao invés das relações de alteridade presentes na obra de Frantz. Yuri procura aprofundar a tensão entre acaso e controle presente na pintura e na vida. Sobre essa tessitura de lembranças, metaforizadas pelo fundo de camadas sobrepostas gerando efeitos casuais, coloca uma imagem criada como emblema da vida: figura com esqueleto aparente, feto no ventre e auréola, contendo nascimento, morte e uma condição transcendente, ou conforme denomina de “coroação da vida”. Contrapondo à luz dessa auréola, a figura está envolta em sombra, amálgama entre nascimento e morte, o fio do destino tecido pelas Moiras. E assim retorna à ideia de memória, das lembranças como presenças vagas de momentos que incessantemente se sucedem e sobrepõem, e se tornam obscuras, difusas ou semiapagadas, paradoxalmente dando relevo à vida presente.

Através das provocações da obra de Frantz Soares e seus rebatimentos pelos trabalhos de David Nascimento e Yuri Cavalcanti Bittencourt, que podem ser ampliadas com grande repertório da arte moderna e contemporânea e de contribuições teóricas, podemos indagar: existe acaso ou uma predisposição sensível em captar como arte aquilo que o fluxo contínuo da vida muitas vezes deixa escapar?Pois vemos uma espécie de acaso “deliberado” pelo artista, acidentes provocados (ou aproveitados), a intencionalidade de coletar resíduos dos processos de outros artistas por Frantz, as coletas cromáticas na seleção fotográfica de fragmentos urbanos por David e a aplicação de camadas de tintas e materiais diferentes por Yuri, experimentando reações diversas. Aberturas próprias de processos de esquisa conduzidas por fios poéticos.

Renata Wilner
Professora do Departamento de Teoria da Arte e Expressão Artística - UFPE

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Um mundo reinventado
As fotografias de Alexandre Mury, exibidas na Galeria Laura Marsiaj , devem causar reações díspares. Desde a admiração diante do virtuosismo na releitura de obras da história da arte ou de cenas caras a um imaginário coletivo, até uma possível reticência diante do flerte com o kitsch presente em parte do seu trabalho.

Se olharmos para a histórica recente da arte brasileira, aquela tecida desde a passagem dos anos 1950 para os 1960, veremos uma visualidade quase sempre marcada pela sobriedade. A contemporaneidade no Brasil traz o traço moderno de maneira forte e, ao mesmo tempo, raramente sofre a influência da vida solar tropical. Influência esta vista na produção artística de outros países latinos.

Desde o concretismo e o neoconcretismo, até o contemporâneo, mesmo em trabalhos que roçam com o barroco, mesmo nesses casos há uma simultaneidade entre excesso e formas limpas que dá ao todo um rosto no qual identificamos a face moderna e sóbria típica dessa produção “brasileira”. Esse rosto não inclui o flerte com o kitsch, a aposta no excesso barroco, a paródia que lida com o humor e a ironia induzindo quem vê a rever o sentido daquilo que já viu. Todos estes aspectos inclusos no trabalho de Mury.

Assim, ultrapassar esse vício do olhar próprio de quem cresceu com uma visualidade “local” seria um primeiro passo para entrar no universo operado por essa poética. Comecemos do início. No caso de Mury é importante contar um pouco de sua biografia para entendermos melhor a sua obra.

O artista mora até hoje na cidade onde nasceu, São Fidélis, interior do Rio de Janeiro. Esse contexto é fundamental para entender o percurso que leva às imagens que vemos hoje. Sem acesso direto às obras de arte – uma dificuldade no Brasil mesmo para quem vive em capitais – a Internet e os livros foram a sua ponte com o mundo da arte.

Numa relação voraz com a rede, o artista já era interessado em fotografia quando se interessou pelo fenômeno dos fotologs (álbuns onde as pessoas publicavam fotos de suas vidas cotidianas). Um aplicativo de meados dos anos 2000 que hoje parece fazer parte da pré-história da Internet. Seis anos para um engenheiro da Google são milênios; para um historiador, um fiapo na linha do tempo.

Intrigado com aquele exercício narcísico das pessoas que exibiam a si mesmas diariamente via rede, Mury, em um ato permeado por certo sarcasmo, passou a fazê-lo também. Mas no seu caso a operação já começava mais complexa. Sempre se tratava de se mostrar travestido de um outro. Sempre ele, mas sempre diferente.

Seu conhecimento da história da arte através de museus virtuais e livros se somou as habilidades para marcenaria, costura, figurino, maquiagem. Saberes próximos da arte teatral, camada presente em sua obra. Assim, o artista passou a se apropriar de obras de arte – desde um Picasso à uma Cindy Sherman– e a reconstruir, ele mesmo, toda a “cena” original. Note-se que sempre existe a imagem do corpo humano nos trabalhos. Essa presença é fundamental em uma obra que abriga fundamentos da performance, do teatro e do cinema, bem como é atravessada por um ar que parece transpirar sexualidade. Mury sempre teve um olho na Internet e um outro nos livros de Georges Bataille e nos estudos de Michel Foucault.

Esse prelúdio é importante porque sinaliza para parte da gênese do trabalho. Se as obras de arte estabelecem uma relação canônica que engendra respeito e distância, Mury estabelece uma conversa que nos aproxima do “original” através de releituras paródicas.

Se toda a sua obra, até o momento, ganha corpo através da fotografia, a mesma, entretanto, é extremamente devedora da pintura. Notemos a construção, sempre muito rica em detalhes, de cada uma de suas imagens. As lições clássicas de composição, luz e sombra, cor, estrutura do quadro, caras à pintura, estão presente ali.

Umas das características que doam uma singularidade toda especial para este trabalho é o fato deste ser ao mesmo tempo virtuoso e precário. Não se trata de releituras feitas de maneira impecável, de maneira a transpirar um ar de mundo irreal típico da publicidade. Não é este o caso. A necessidade de realizar o trabalho com o que tinha à mão, com poucos recursos, potencializa sua face extremamente inventiva. Fazendo com que a obra “aconteça” de maneira forte, tendo o mínimo ao seu dispor.

Vejamos o caso no qual não é um trabalho de arte que está sendo relido, mas uma foto do cacique Juruna, deputado federal nos anos 1980. Lá está o indefectível gravador com o qual o cacique sempre estava acompanhado, e o índice de Brasília, seu local de trabalho. O congresso é reproduzido por Mury de maneira simples, mas aguda e bem humorada. Dois potes brancos, um virado para cima, outro para baixo, dois livros no meio, somente com a lombada aparecendo, e pronto. Basta isso para que a associação com a obra de Oscar Niemeyer seja feita.

Em um outro trabalho, “Abaporu”, o artista “refaz” a obra mais conhecida de Tarsila do Amaral fazendo uso de quase nada além de seu corpo. Sentado sobre o chão, um cacto ao fundo do lado direito, e a escolha certa da hora do por do sol para fazer o clique – basta isso para que tenhamos um “Abaporu” reinterpretado, despido da distância, à nossa frente.

Se no caso do trabalho de Tarsila temos a “cena” inteira desvelada, em uma outra, “Estudo para Seurat”, seu quadro "Standing Model, Study for 'Les Poseuses” é traduzido de maneira econômica. Deixando de lado uma série de detalhes do trabalho “real”, o artista potencializa o que talvez seja o aspecto mais conhecido da obra do pintor, o uso da técnica do pontilhismo. Mury surge então nu, sobre um fundo esverdeado, sob uma “chuva” de confetes de diversas cores. Impressiona a capacidade de trazer à memória o cerne da obra de Seurat com tão pouco, de maneira ao mesmo tempo lúdica, enxuta e rica em potência visual para a imaginação.

Francis Bacon, Cindy Sherman, Marcel Duchamp, Quentin Massys, Picasso, e tantos outros. Da arte contemporânea ao renascimento, passando pela antiguidade, indo ao moderno, um estudo não linear da história da arte é realizado nas obras de Mury. Obviamente aquele que conhece o trabalho “original” poderá desfrutar de mais camadas de sentido. Mas não é necessário conhecer tudo para desfrutar dessa obra que, em essência, é extremamente contemporânea.

Quando relê uma Cindy Sherman, o artista está “refazendo” um trabalho daquele que é o nome mais conhecido na arte contemporânea por investigar em sua obra a idéia de simulacro . Diversas camadas do “real” forjadas na contemporaneidade fazem dessa idéia um ponto central para o entendimento da nossa relação com a realidade na época “pós-moderna”. Vivemos em um mundo no qual as reproduções, as cópias, surgem tantas vezes mais “reais” que o original, o primeiro, estes tantas vezes já perdidos ou mesmo esquecidos. Assim, ao mesmo tempo em que trabalha com a idéia de cópia, de diluição da autoria, de representação, interpretação, fantasia, de simulacro por fim, Mury opera também e fortemente com o registro da memória.

No mesmo lance em que somos postos diante de um nova imagem, nunca antes existente, e, quem sabe, diante de um novo significado para uma obra de arte ou imagem, somos remetidos àquela primeira, que deu origem à esta que hoje vemos. Nessa passagem, nessa intervenção, nessa tarefa de tradução, sobrevém a poética desse trabalho.

A reinvenção operada por essas fotografias convoca a memória e deflagra um olhar crítico, interpretativo. Se toda a obra de Mury é uma constante reinvenção do mundo, a cada visada para os seus trabalhos temos a chance de reinventar o nosso próprio olhar para um universo que parecia estanque, dado, catalogado, já visto e estabelecido.

Seja para rever aquilo que já conhecemos sob um novo ângulo, seja para passar a conhecer o que até então desconhecíamos, o mundo recriado por Alexandre Mury nos recorda que toda criação é algo que sempre solicita a tarefa da interpretação, ou seja, olhar a sua obra não deixa de ser a chance de cada um de nós também recriarmos o mundo em que vivemos, com o qual lidamos, à nossa maneira. Isso significa, ao fim e ao cabo, um índice de uma possível liberdade.

Luisa Duarte


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Giorgio de Chirico na Fundação Iberê Camargo
“O sentimento da arquitetura é, provavelmente, um dos primeiros que os homens experimentaram. As moradias primitivas encravadas nas montanhas, reunidas no meio de pântanos, indubitavelmente originaram nos nossos antigos avós um sentimento confuso feito de mil outros e do qual desencadeou, no decorrer dos séculos, aquilo que nós chamamos sentimento da arquitetura” (Giorgio de Chirico)

A mais expressiva coleção de obras do mestre da Arte Metafísica Giorgio de Chirico (1888-1978) já exposta no país é uma realização da Fundação Iberê Camargo, Casa Fiat de Cultura, Masp e Fondazione Giorgio e Isa de Chirico, com patrocínio da Fiat Automóveis. De Chirico: O Sentimento da Arquitetura - Obras da Fondazione Giorgio e Isa de Chirico está sendo organizada com a colaboração da instituição que fica sediada em Roma e tem curadoria assinada pela também italiana Maddalena d’Alfonso, crítica de arte e arquitetura atualmente vivendo em Milão.

A exposição itinerante - integrada às comemorações do “Momento Itália/Brasil 2011-2012 - inicia pela Fundação Iberê, onde permanece de 9 dezembro de 2011 a 4 de março de 2012 e depois segue para a Casa Fiat de Cultura (20 de março a 20 de maio de 2012) e logo após para o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP (31 de maio a 12 de agosto de 2012).Reúne 45 pinturas e onze esculturas produzidas no período chamado neometafísico, entre os anos 60 e 70, além de 66 litografias de 1930, aqui apresentadas juntas pela primeira vez. Essas gravuras são livremente inspiradas nos Calligrammes (1918) do poeta e amigo Guillaume Apollinaire, um conjunto de 86 líricas, das quais 19 eram precisamente caligramas: poemas visuais cujos versos são dispostos na página de modo a formar um desenho. A arquitetura é um dos motivos centrais da pintura do italiano e está presente em toda a exposição. Ao visitante, é oferecida uma leitura do espaço urbano “dechirichiano” e como ele estabelece a relação entre a figura e o espaço arquitetônico. Nas suas obras, o imaginário urbano e a cidade encarnam a dimensão interior e psicológica do homem moderno.

Se Iberê Camargo estivesse vivo – hoje com 97 anos – certamente teria muito prazer em receber “na sua Fundação” o mestre de Chirico, com quem estudou um ano em Roma e do qual era admirador confesso. Em 1948, quando partiu para a Europa com uma bolsa de estudos, não hesitou a solicitar aulas com o italiano, que já era célebre por seu vasto conhecimento técnico em pintura. A partir de setembro daquele ano, suas tardes transcorreram no atelier de de Chirico. “Iberê sempre relatava esse período, que foi muito forte para ele. Foi um momento de absorção de modelos. No retorno ao Brasil, em 1950, ele já está fazendo algo muito mais aprofundado e criativo do que fazia antes”, comenta a crítica de arte e professora da UFRGS, Mônica Zielinsky, responsável pela catalogação da obra completa de Iberê.

À exemplo do mestre italiano, Iberê também voltou suas costas às evoluções da arte (num momento em que ela vibrava com a pintura abstrata e o neoconcretismo). “O que ele aprendeu com de Chirico foi o modo de trabalhar a pintura, de misturar a tinta e os pigmentos”, aponta Mônica. Contudo, por mais que Iberê negasse uma aproximação temática com o italiano, a especialista enxerga semelhanças: “Com Lhote (André Lhote, com quem Iberê estudou na França), Iberê aprendeu a composição, a alternar claros e escuros, e com de Chirico, tomou um pouco da alma, da solidão, e uma certa densidade da pintura”. Segundo o filósofo e sociólogo Jacques Leenhardt a afinidade dos dois se encontrava na expressão do mistério que envolvia as coisas. Há, inclusive, figuras emblemáticas que aparecem na obra de ambos, ainda que de maneira diversa, como o manequim e até mesmo o carretel.

Ter parte da extensa produção de Giorgio de Chirico no Brasil é uma oportunidade única para o público conhecer a obra do mestre da arte metafísica. O artista foi antecessor de algumas das mais importantes temáticas do pensamento artístico moderno e contemporâneo. Pintor, escritor e crítico, promoveu junto a Alberto Savinio, Carlo Carrà e Giorgio Morandi a pintura metafísica, que retoma a expressão da filosofia grega que significa “para além das coisas físicas”. Inventada por ele, a corrente não buscava novas formas, como as tendências de vanguarda do século XX, mas novos significados. Em suas composições, não há uma linguagem estranha e o uso da luz e da perspectiva é típico, mas a atmosfera, o silêncio e o mistério é que causam certo mal-estar. Um exemplo é o quadro Musas inquietantes (1924), no qual fragmentos díspares se põem ao lado do Castelo Estense, que surge em perspectiva distorcida sobre um palco de tábuas onde se assentam enigmáticas esculturas-manequins. A Arte Metafísica influenciou o grupo dos surrealistas, ao qual de Chirico chegou a integrar por um breve período. Eles viram nele um dos pais do movimento, mas rejeitaram sua obra produzida após 1919. Foi a partir deste ano que de Chirico empreendeu um retorno ao classicismo, passando, em seguida, por fases de inspiração naturalista e barroca, sempre conseguindo manter, no entanto, um caráter visionário e único na história da arte.

As obras cedidas pela Fondazione Giorgio e Isa de Chirico fazem parte da última aventura expressiva do artista: a neometafísica. Os trabalhos deste período começam a ser produzidos nos anos 60 e são caracterizados pela exultação através da cor e o caráter poético do tratamento dos protagonistas. Demonstram o especial e inovador uso do espaço como palco da relação entre o homem e o seu mundo. Neles, estão presentes as praças da Itália, tema comum a muitas obras, e os interiores metafísicos que funcionam como metáforas da complexidade do homem moderno. Em O Retorno de Ulisses (1986), por exemplo, um aposento doméstico apresenta um tapete de água atravessado com esforço por um homem num barco representando o mito da Odisseia. Nos trabalhos neometafísicos, também são típicas as figuras dos manequins e dos arqueólogos, que são simulacros de si mesmos e se reconhecem nos artefatos relacionados a seus ofícios.Cidadão do mundo, de Chirico viveu em Volos (sua cidade natal, na Grécia), Mônaco, Paris, Ferrara, Roma e Nova Iorque. A experiência de universos culturais diversos moldou a sua arte, onde as cidades são reinterpretações, em chave simbólica, da arquitetura clássica e suspensa no tempo: tanto na imagem da “praça” como nas citações específicas de lugares tais como a igreja florentina Santa Maria Novella, que aparece nesta mostra como cenário da obra O pensador (1973).

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