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Olhar Plural II no SESC Amapá / Coleção Duda Miranda e Lançamentos item.6 e número DOIS no ateliêaberto
ANO 3 N. 138 / 22 de outubro de 2003




NESTA NOVA EDIÇÃO:
Thiago Bortolozzo e Thiago Honório na Rosa Barbosa, São Paulo
Coleção Duda Miranda e Lançamentos item.6 e número DOIS no ateliêaberto, Campinas
Olhar Plural II no SESC Amapá, Macapá
Mesa Redonda no Tomie Ohtake, São Paulo
CIRCUITO:
Lia Rodrigues Companhia de Danças premiada no Festival de Dança de Montreal, Canadá
BLOG DO CANAL:
quero sua participação na Coletiva: Cristina Pape e Franklin Cassaro
Passarinho que come pedra sabe o cu que tem - Marcos Chaves, por Luisa Duarte
Arte em circulação, por Rubens Pileggi Sá

 

 

Thiago Bortolozzo
Thiago Honório

Plano de saúde e Casa própria

23 de outubro, quinta-feira, 20h
 
Galeria Rosa Barbosa
Rua Auriflama   87
Pinheiros   São Paulo
11-3085-4428
http://www.galeriarosabarbosa.com.br
Segunda a sexta, das 11h às 19h; sábados, das 11h às 14h.
Preços das obras: R$2 mil a R$6 mil.
Exposição até 23 de novembro de 2003.

Veja o texto de imprensa e o texto crítico,
Plano de saúde e casa própria, de Tiago Mesquita.

Este material foi enviado por Solange Viana <solange.viana@uol.com.br>.
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A Coleção Duda Miranda

Lançamentos item.6 e número DOIS


23 de outubro, quinta-feira, 20h

ateliêaberto
Rua Santos Dumont  323
Cambuí   Campinas  SP
19-3251-7937
Segunda a sexta, das 14h às 18h; sábados com agendamento.
Exposição até 22 de novembro de 2003.

Veja o texto de imprensa e o texto de apresentação de Duda Miranda.


Este material foi enviado por ateliêaberto <fabio_luchiari@uol.com.br>.

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Olhar Plural II
Adriana Lima Goelzer, Adriana M. Muller Rolszt, Clamy Horácio O B. Barbosa, Luz Marina Araújo da Silva, Maria do Carmo Barros Borges, Maria Regina Menezes Sá, Norma Espíndola, Praxedes Rangel, Rosemeri Calandrini, Tereza Albuquerque de Castro

24 de outubro, sexta-feira, 20h

SESC Amapá
Galeria Antônio Munhoz Lopes
Centro de Atividades Araxá
Rua Jovino Dinoá   4311
Beirol   Macapá   AP
Diariamente, das 9h às 12h e 15h às 19h.
Exposição até 7 de novembro de 2003.

Este material foi enviado por Maikon Richardson <msilva@ap.sesc.com.br>.
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Mesa Redonda
Participantes: Álvaro Puntoni, Carlos Lemos, Paulo Archias Mendes da Rocha

23 de outubro, quinta-feira, 19h

Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima 201
(Entrada pela Rua Coropés)
Pinheiros   São Paulo
11-6488-1900


Álvaro Puntoni
Arquiteto (1987), Mestre (1999) e Doutorando pela FAU-USP. Professor de projeto da FAU-USP e da Escola da Cidade. Diretor da Fundação Vilanova Artigas de 1996 a 98. Premiado no Concurso Nacional para o Pavilhão do Brasil na Expo'92 em Sevilha (1991) e do Concurso Nacional de Idéias do Memorial à República em Piracicaba (2002), ambos associado ao arquiteto Ângelo Bucci, com quem é atualmente sócio do escritório SPBR.

Carlos Lemos
Formado em 1950 pela Faculdade Arquitetura no Mackenzie; em 54, começou a lecionar na FAU-USP, onde atualmente é professor titular aposentado do curso de Graduação e continua ministrando para o curso de Pós-Graduação, é autor de vários livros sobre arquitetura brasileira, sua especialidade.

Paulo Archias Mendes da Rocha
Nasceu em Vitória – Espírito Santo. Diplomou-se arquiteto em 1955, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie. Professor Titular na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Recebeu o Prêmio “Trayetoria Profisional” ex-aequo na I Bienal Iberoamericana de Arquitectura e Engenieria Civil, Madrid, Espanha, em 1998, e “Premio Mies van der Rohe de Arquitectura Latioamericana”, em 2000. Sua obra está publicada em revistas e livros no Brasil e no exterior.

Este material foi enviado por Juliano Ferreira <juliano@institutotomieohtake.com.br>.
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Circuito
Prêmio do Público
Lia Rodrigues Companhia de Danças
Formas Breves

30 de  setembro a 11 de outubro de 2003

11º Festival International de Nouvelle Danse
Montreal  Canadá

Veja o texto de imprensa.

Este material foi enviado por Claudia Oliveira <claudiam.rlk@terra.com.br>.
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blog do canal

quero sua participação na Coletiva

Cristina Pape: "Sinceramente vi os dois como desenho no espaço, sem fronteiras delimitantes. Grandes, com material bruto e pesado, mas incrivelmente suaves, entrando e saindo da terra, costurando o mundo."

Franklin Cassaro:
Uma das emergenciais se não fala diretamente sobre a sua exposição, fala sobre o que você sugere no seu texto: "Afinal, também tecemos uma rede quando conectamos conceitos de obras e artistas, na história da arte e na vida, e imagino que se colocarmos no ar estes diálogos, comentários, opiniões, idéias e cutucadas, estaremos experimentando algo novo em relação a esta etapa de nosso trabalho."
Resumidamente aqui está: Depois de receber e ler a sua correspondência eu me programei para visitar a sua exposição no sábado e depois passar lá na A GENTIL CARIOCA para o último dia da exposição do Fabiano Gonper:

Para ler a íntegra das participações, textos e imagens, e comentar: http://www.canalcontemporaneo.art.br/blog/


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blog do canal

O desvio é o alvo

Sobre o trabalho, Passarinho que come pedra sabe o cu que tem, de Marcos Chaves

LUISA DUARTE

Numa subversão da noção ordinária - que se conecta com o jogo proposto pelo próprio trabalho de Marcos Chaves - podemos afirmar que a bússola desta obra é o desvio, desvio que promove deslocamentos. Chaves é um realizador de proposições artísticas que, através da apropriação ou da intervenção, deslocam significados correntes, banais, convencionais, dados como certos, a fim de gerar a aparição de novos sentidos, inesperados, não vistos, não perscrutados. Trata-se do olhar agudo que se descola do habitual, reflete e produz o novo na linguagem, tendo como motor um misto contundente de humor e ironia. A escolha por estes recursos de forma alguma é casual, e sim consistente e coerente, pois eles são portadores de um alto grau de potência desviante: o humor e a ironia são dispositivos que acertam o alvo pelo caminho menos óbvio.

Para ler a íntegra do texto,  ver a imagem, e comentar: http://www.canalcontemporaneo.art.br/blog/

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blog do canal - Arte em circulação

Um breve toque sobre o corpo (na arte) II

RUBENS PILEGGI SÁ


Falar sobre o corpo, ou sobre a idéia de corpo inserido em arte, só é possível na medida em que definimos sobre qual corpo estamos querendo falar. É preciso compreender que esse discurso não se faz somente sobre sua materialidade, como textura, forma, cor, densidade, etc. mas, também, sobre as várias interpretações possíveis de pensá-lo. Mais, algo não é só aquilo que é, na aparência, mas o que representa ser, com seu significado movente e cambiante, que se desloca enquanto tentamos decifrá-lo.

Para ler a íntegra do texto,  ver a imagem, e comentar: http://www.canalcontemporaneo.art.br/blog/

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TEXTOS DO E-NFORME:

Thiago Bortolozzo e Thiago Honório na Rosa Barbosa, São Paulo

A partir do dia 23 de outubro, a cidade de São Paulo ganha novo espaço expositivo: é a nova Galeria Rosa Barbosa que ganhou em amplitude e escala, e para inaugurar a galerista elegeu dois expoentes da nova geração de artistas contemporâneos: Thiago Honório e Thiago Bortolozzo, que há algum tempo vem se destacando no cenário nacional das artes. Será uma intervenção realizada a “quatro mãos”.

A dupla, Thiago Bortolozzo e Thiago Honório realizam obras e intervenção coletivamente, utilizando toda a Galeria. A exposição revê o conceito de obra em conjunto, a partir de estudos pensados juntos para este novo espaço (site especific). Ambos artistas tem discutido em seus trabalhos os espaços pensados a partir dos próprios locais onde irão intervir. Segundo Bortolozzo “este projeto é o primeiro de muitos outros que ainda serão realizados juntos”.
 
Os trabalhos de Bortolozzo de Honório buscam a partir de elementos constitutivos dos espaços, a revelação de suas “estruturas definidoras”, seus elementos arquitetônicos, sociais até mesmo históricos. Suas intervenções nascem de um diagnóstico realizado nos locais delegados, conquistados ou pleiteados, partindo de pesquisas sobre as modalidades e formas de ocupação. Há uma relação desestabilizadora com estes espaços, seja por procedimentos mais econômicos ou alegóricos - partindo da escolha dos suportes - ou mediações entre forma, sítio, espectador. Bortolozzo e Honório realizarão obras, agora em dupla também em outros espaços.

O conceito coletivo da exposição intitulada Plano de Saúde e Casa Própria nasce de projetos já estudados e pensados - inclusive para praças públicas - pelos dois artistas há dois anos. Além de fotografias, desenhos planos, intervenções gráficas em fotos de espaços urbanos vazios e metafísicos, Thiago Bortolozzo e Thiago Honório propõem a partir de intervenções coletivamente, um estudo e poética da própria noção de espaço. Thiago Bortolozzo e Thiago Honório são apresentados por Tiago Mesquita.
 
Segundo Mesquita: “Como querem extrapolar estas relações pouco estáveis, os artistas tentam desmentir, a todo tempo, a indiferença do espectador em relação ao espaço expositivo. Para isso, logo na entrada, instalam um grupo uniforme de chapas de ferro que veda a fachada de vidro da galeria. As folhas metálicas restringem a entrada de sol no estabelecimento e impedem o seu contato com o espaço externo. Num primeiro momento, temos a impressão de que o prédio foi abandonado, como em algumas fotos da mostra, e tapado por uma sólida placa de ferro. No entanto, o arranjo é mais interessante. Os artistas, na verdade, usam as folhas para deslocar o espaço da galeria”.
 
As atuações do artista Thiago Bortolozzo no Centro Cultural São Paulo - CCSP, Itaú Cultural, Parque do Engenho de Piracicaba foram num esforço da compreensão do espaço e de uma lida pautada em incertezas e instabilidades dos mesmos. As inserções espaciais de Thiago Honório na 10,20 x 3,60 e no Centro Universitário Maria Antônia partiram de estudos destes dois locais, reivindicando relações com o próprio espaço. Em ”Saltando de Banda”, obra realizada em março de 2003, segundo Sônia Salzstein, sua obra “rompe com o entendimento tácito das paredes como suportes ou lugares passivos de uma ‘exibicionalidade’ de trabalhos”.


Plano de saúde e casa própria

TIAGO MESQUITA
 
Uma das dificuldades de se descrever a exposição Plano de Saúde e Casa Própria, de Thiago Bortolozzo e Thiago Honório, é o caráter ambivalente dos trabalhos. Por um lado, eles se seguram sozinhos, são singulares e articulam sentidos na relação interna entre os elementos que os compõem. Mas estes objetos abandonam a introspecção, e tentam atuar também no espaço comum, apresentando-se como continuidade dele. Para isso, estabelecem correspondências uns com os outros e tentam compor o espaço, como se dessem nova feição à galeria.

O modo como a exposição é montada reforça o diálogo entre as obras. O caráter individual de cada uma é abrandado. Elas deixam de agir dentro dos seus limites físicos e procuram se comunicar com o espaço que as permeia. Sugerem relações mais evidentes com o lugar e procuram atribuir sentidos a ele. As fotos, por exemplo, têm individualidade, mas parecem comentar e atribuir sentido às funções da galeria. Diante delas temos a impressão de que entramos num sugestivo show room de imobiliária, com prédios inabitados e desequilibrados.

Aliás, tão desequilibrados, quanto o vínculo entre as marcas de bastão a óleo preto e as folhas de prata que se encrespam no interior destes traços. Num desenho maior, uma larga mancha negra, dividida em dois papéis justapostos, nos traz a sensação de um peso maior do que as paredes disponíveis da sala de exposição podem agüentar. Aqui, a posição destes trabalhos no espaço importa. Embora cada obra fale por si mesma, elas se relacionam, e tentam estabelecer uma nova relação com o espaço da galeria recém-inaugurada.

Os artistas pretendem abrir o espaço despertando tudo. Incomoda-lhes, particularmente, uma serenidade adequada dos estabelecimentos comerciais de arte. Sua cara de vitrine, de gôndola de supermercado. Já nos trabalhos individuais, estes artistas têm dificuldade de se acomodar a situações estáveis. Malandros, não gostam de bater cartão, ter horário de almoço e muito menos obrigações fixas. Só conseguem situações harmônicas e de conforto no olho do furacão. Tentam estabelecer uma ordenação dos elementos do seu trabalho quando tudo está prestes a desabar.

 
Equilíbrios precários
 
Talvez por isso, a obra destes artistas pareça ser feita de equilíbrios precários. Os prédios aplainados das fotos e as formas pesadas e massudas dos desenhos custam a ficar de pé. Seja pela falta de solidez em um, ou pelo excesso de massa no outro. Nos seus trabalhos mais espaciais, os artistas buscam deslocar os pontos de apoio fixo. A série Vital Brasil [2001], de Bortollozo, por vezes empilhava caixotes de maderite no canto de uma sala, como se aquela frágil e precária estrutura escorasse o cômodo. Os apoios eram frágeis, e pareciam retirar a solidez do lugar. Tínhamos a impressão de que a sala se matinha de pé a duras penas.

As fotos desta exposição também tratam destes apoios delicados. Fotografando fachadas de edifícios, os artistas tentam aplainar tudo. As imagens aparecem rasas, sem solidez. O arranha-céu inteiriço perde as quinas e qualquer sinal de profundidade. No máximo se intercala faces da mesma construção, justapondo superfícies. O corte nas fotos, visto de cima para baixo, elimina a presença da rua, dos transeuntes e de qualquer referência à horizontalidade, ao chão. Temos a impressão de aquelas faixas de concretos se sustentam em um apoio precário. Assim como os cômodos onde se instalavam as esculturas chamadas Vital Brasil, aqui temos a impressão de uma sustentação bamba. O olhar do fotográfico desvincula a verticalidade dos edifícios de uma espacialidade convencional. Os planos parecem prestes a cair de maneira fragorosa, no entanto uma série de apoios provisórios adia o risco de desabamento.

Os desenhos também contam com um equilíbrio precário entre as formas. No entanto, não é a falta de apoio e nem o aspecto envelhecido e alheio das superfícies que conduzem a uma relação desequilibrada com os elementos. Aqui as formas são pesadas, massudas, amolecidas e desajeitadas. Não têm o aspecto retilíneo de paredes. São corpos porosos, que parecem se desmanchar. No entanto, querem se manter de pé, como bêbados teimosos. Em geral estão acompanhados, e se escoram em outras formas, criando relações instáveis. Se nas fotos o risco das coisas desabarem leva os artistas a construírem um olhar onde as superfícies (que parecem se encostar suavemente umas sobre as outras em busca de um ponto de equilíbrio), aqui a tonteira se dá pelo excesso de vigor das formas. Uma parece fazer força sobre a outra. Nenhuma parte do trabalho abre mão de suas características, nem quer servir de escora.
 

Harmonia sem repouso

Antes, o traço de Honório equilibrava linhas finas e suaves e formas massudas. Umas se apoiavam nas outras, buscando um ponto de equilíbrio. As linhas evitavam se esticar muito, para não se arrebentarem, já as faixas densas e pesadas tentavam se manter apegadas às linhas mais delicadas, pois não queriam se tornar uma mancha horizontal.

Nos melhores trabalhos, aquelas manchas verticais evitavam esticar as linhas finas, o que sugeriria uma queda interrompida. Como o traço era suave, o artista evitava que uma forma tencionasse a outra e buscava uma relação menos violenta. Os corpos deslocavam em torno de um eixo, como se dançassem. Iam de um lado para o outro, com graça e delicadeza. Tudo indicava que se uma forma forçasse a outra, este equilíbrio se romperia, mas graças a este movimento eles se mantinham de pé.

A harmonia não era encontrada com os elementos em repouso, pelo contrário, eles se entendiam em grande atividade. As formas desenhadas a quatro mãos agora se equilibram a duras penas. Os artistas não se interessam em repousar os seus elementos. O tipo de harmonização que procuram se baseia nestas situações pouco acomodadas, com um quê de provisórias, como se tudo estivesse para se ajeitar.

Talvez por isso os artistas se sintam desconfortáveis num espaço tão acolhedor e sereno como a galeria de arte. Tudo parece ideal demais. Os artistas talvez prefiram o ambiente promíscuo das grandes cidades brasileiras. Os elementos deste trabalho, de certo modo, se alimentam de uma imprevisibilidade, da necessidade de se improvisar diante do risco. Eles não estão acostumados a se recostar com conforto em um lugar.

Como querem extrapolar estas relações pouco estáveis, os artistas tentam desmentir, a todo tempo, a indiferença do espectador em relação ao espaço expositivo. Para isso, logo na entrada, instalam um grupo uniforme de chapas de ferro que veda a fachada de vidro da galeria. As folhas metálicas restringem a entrada de sol no estabelecimento e impedem o seu contato com o espaço externo. Num primeiro momento, temos a impressão de que o prédio foi abandonado, como em algumas fotos da mostra, e tapado por uma sólida placa de ferro. No entanto, o arranjo é mais interessante. Os artistas, na verdade, usam as folhas para deslocar o espaço da galeria.

A entrada deixa de se identificar com a frente vítrea do espaço. É deslocada para a lateral, em uma fresta entre as chapas e a porta do estabelecimento. Para entrarmos, passamos por debaixo da placa de ferro, que se inclina na nossa direção. Apesar das folhas se apoiarem com leveza, aqui a sensação de desequilíbrio é iminente. Pois, inclusive, quem passa por debaixo das folhas de metal, vê a sua face lisa. Para todos os efeitos, passamos por debaixo de uma pesada e grande placa de ferro. Embora as linhas de solda apareçam, tem-se a impressão de que aquele plano pesado se equilibra sobre nós e pode cair a qualquer momento.

É importante ressaltar o lado que os artistas escolhem para inserir a placa no espaço. Preferem colocar a face lisa voltada para o interior da galeria, e a face soldada, onde aparecem as emendas de ferro, voltada para fora. Esta é a parte de fora do ferro, o que recrudesce nossa impressão de deslocamento. Temos a impressão de que a galeria colocou seus fundos para frente, ressaltando o isolamento do prédio com a rua.


Plano de saúde e casa própria

Esta superfície é um Plano de saúde. Através dela, os artistas conseguem trazer para o espaço expositivo o risco iminente que parece constituir os outros trabalhos. Acreditam que este plano áspero reaviva o espaço, quebrando a sua monotonia, atribuindo-lhe saúde. A apropriação da casa pelos dois desestabiliza aquele lugar apropriado para receber obras, emprestando a instabilidade dos trabalhos para o local onde eles se inscrevem.

Mesmo que os dois termos que dão título à exposição não sejam tomados em seu sentido mais usual, é curioso como eles parecem dialogar com este uso. No Brasil a casa própria continua sendo uma reivindicação social e um sonho de muitas famílias. Trata-se de um testemunho de um país em que a universalização dos direitos elementares ainda não é regra. Muitas vezes o acesso a estes equipamentos de bem estar é conquistado por força da exceção. Os plano de saúde privados, por exemplo, aparecem como forma particular de colonização de uma região com cobertura insuficiente do sistema público.

Embora a mostra assinada e concebida pelos dois artistas não trate das mazelas do país, é curioso como transformam este modo improvisado e matreiro de driblar as dificuldades em forma plástica. Tratam com situações instáveis e incertas. Sem elogiar a vivência do improviso, eles parecem ver com bons olhos esta capacidade plástica de se reverter as adversidades. E no fim, depois da tempestade, estes artistas talvez consigam fazer da marquise do bar uma bela morada.

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Coleção Duda Miranda e Lançamentos item.6 e número DOIS no ateliêaberto, Campinas

Duda Miranda

Duda Miranda é um colecionador incomum. De situação financeira instável, funcionário de uma biblioteca, há um ano Duda decidiu montar uma coleção de arte sem ter que comprar arte. Simplesmente comprou as matérias primas e refez trabalhos de artistas que gostaria de ter e que, segundo ele, já o “autorizavam” a tal.

Nesta exposição no ateliêaberto poderemos ver, pela primeira vez, parte da coleção que Duda vem construindo, e que habita a sua casa que, aliás, foi parcialmente transportada para o espaço. “Os trabalhos que tenho não são raridades, pois eu mesmo os fiz; não têm nenhum valor de troca, pelo contrário, têm um valor afetivo imenso e habitam meu cotidiano, por isso decidi mostrá-los junto com minha casa”, diz o colecionador, que ainda promete realizar ações de seus artistas preferidos na cidade de Campinas.

Entre os artistas que figuram na coleção Duda Miranda, Hélio Oiticica, Felix Gonzalez-Torres, Jenny Holzer, Arthur Bispo do Rosário e Waltercio Caldas são alguns dos destaques.


A Coleção Duda Miranda

DUDA MIRANDA

Minha coleção é simples: não compro obras de arte, refaço-as. Para mim a arte é mental e, de certa maneira, toda vez que me deparo com um trabalho e sou afetado por ele, possuo-o ou sou possuído. (Hélio Oiticica: Bólide Saco 4 Teu amor eu guardo aqui) Assim sou levado a crer que a arte é tanto do artista quanto minha, ela é do mundo. E isso aprendi com a própria arte, criar é aprender, aprender é construir. (Bispo: 434 – Como é Que Eu Devo Fazer um Muro no Fundo da Minha Casa).

Minha coleção é composta basicamente desse aprendizado. Nada   a ver com manuais. Esquecer aqui é talvez o primeiro passo (Beuys: Noiseless Eraser). A coleção Duda Miranda é como uma série de proposições, cada trabalho uma proposição (Sol LeWitt: Wall Drawing Instruction). Minha escolha é guiada pelo método que inventei de colecionar, certos trabalhos exigem que os viva, que me entregue (Sophie Calle: Sleepers). Não acumulo (Waltercio Caldas: O Colecionador), experimento a repetição (Feliz Gonzalez-Torres: Perfect Lovers).

A coleção que leva meu nome vai ser considerada falsa por muitos – a maioria especialistas. (Antonio Manuel: Bode Preto). Mas não me importo. Aprendi que a potência da arte é a de afetar e ser afetado (Waltercio Caldas: Carbono entre Espelhos), o resto é sombra de poderes alheios (Iran do Espírito Santo: A Noite).


Revista item.6 – Fronteiras

A revista item chega ao seu sexto número confirmando sua importância como canal de debates e campo de encontro de diversas disciplinas, explorando as redes de relações que se estabelecem entre o tecido cultural da atualidade e a arte contemporânea.

item segue um formato editorial que comporta três seções: uma seção de entrevistas, Dois Pontos, um corpo temático central da revista, e a seção Conversações, reservada a projetos de artistas que se utilizam das páginas da revista como suporte gráfico para diálogos entre agentes ligados à produção de arte.

item.6 apresenta o tema Fronteiras, visto aqui pelos diversos colaboradores enquanto contorno, interface, passagem, ruptura e limite. As contribuições se estendem por vários caminhos, desde a análise antropológica da demarcação de territórios urbanos (Alba Zaluar) e a abordagem de viés filosófico acerca da representação do futuro na atualidade (Paulo Vaz), até os textos de artistas — Alex Hamburger, Eduardo Aquino e Karen Shanski, Jordan Crandall, Marcelo Coutinho e Miguel Leal — em que são abordados, respectivamente, os limites entre poesia e experimentação, as relações entre circuto de arte e sociedade no Brasil, as continuidades e descontinuidades entre corpo orgânico e tecnológico, as regiões de contato entre literatura e artes visuais e a prática nômade de ultrapassar fronteiras. Em meio aos textos do corpo temático, dois cadernos de imagens apresentam um conjunto de trabalhos de arte contemporânea, que de uma maneira ou de outra lidam com o tema Fronteiras. As antropólogas Florencia Ferrari e Paula Miraglia, editoras da revista Sexta-feira, realizaram entrevista com Nelson Brissac, que publicamos na seção Dois Pontos. Isto marca o início de uma colaboração entre as duas revistas, revelando convergências nos projetos de item e Sexta-feira. Conversações  publica, neste número, documentação referente ao encontro de Anna Bella Geiger com Joseph Beuys, ocorrido no ano de 1975 em Nova York. A capa e a seção de abertura apresenta trabalhos do artista Mario Ramiro.


Revista número DOIS – o espectador no poder

A revista Número, publicação bimestral de distribuição gratuita voltada para a reflexão sobre a produção artística e a visualidades contemporâneas, chega ao Dois.

Concebida como publicação temática, a Número dedica sua segunda edição à questão da participação e o papel do espectador no cenário artístico de hoje - questão embutida no mote temático da Bienal de Veneza ("A ditadura do espectador") atualmente em cartaz. A opção por investigar este mote se deu, entre outros fatores, pelo desafio em identificar o real estatuto da propalada interação espectador-obra de arte no contexto atual, bem como pela constatação de certa produção recente que permite alargar e repensar o conceito de participação na arte sob óticas diversas, da crítica institucional à cooperação.

Editada pelos jornalistas e críticos Fernando Oliva e Juliana Monachesi, a Número Dois - O Espectador no Poder discute a participação e o papel do público na arte, levando em conta uma estrutura que não se restringe às artes plásticas, mas que envolve política cultural e ideologia. O artista Artur Lescher realiza uma radical intervenção nas páginas da revista. Entre os diversos ensaios publicados, a curadora Regina Teixeira de Barros critica a Bienal de Veneza; o crítico Cauê Alves fala da participação nas obras de Hélio Oiticica, Lygia Clark e Nelson Leirner; a arquiteta Ligia Nobre analisa os problemas do projeto do Guggenheim-Rio; o crítico José Augusto Ribeiro questiona a função dos setores educativos dos museus; e Monachesi avalia a colaboração entre artista e espectador na obra de Ana Tavares.

A revista Número, cujo projeto gráfico é assinado pela artista Tatiana Ferraz, é produzida bimestralmente por um grupo de críticos de arte e pesquisadores em artes visuais, do qual participam Afonso Luz, Cauê Alvez, Daniela Labra, Fernando Oliva, Guy Amado, José Bento Ferreira, João Bandeira, Juliana Monachesi, Paulo Martins Werneck, Taisa Helena Pascale Palhares, Tatiana Blass, Tatiana Ferraz e Thaís Rivitti. O patrocínio é do Centro Universitário Maria Antonia e da Universidade de São Paulo
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Lia Rodrigues Companhia de Danças premiada no Festival de Dança de Montreal, Canadá


O espetáculo Formas Breves, da Lia Rodrigues Companhia de Danças, foi escolhido pelo público do 11º Festival International de Nouvelle Danse, em Montreal, Canadá, como o melhor espetáculo do Festival, entre 250 artistas, de 11 países, que apresentaram 33 trabalhos. O segundo lugar ficou com o prestigiado Ballet de Frankfurf e seu aclamado diretor William Forsythe.

O Festival de Nouvelle Danse/FIND é um dos mais importantes encontros de dança do mundo e reúne além dos mais conhecidos nomes da dança contemporânea, novos coreógrafos dos quatro cantos do mundo. Os trabalhos foram selecionados pelas propostas inovadoras e por investirem na experimentação. Este ano, o Festival aconteceu de 30 de  setembro a 11 de outubro e apresentou, além dos trabalhos de Lia Rodrigues e William Forsythe, criações de Meg Stuart, Tammy Forsythe (Tusketdanse), Boris Charmatz, Marie Chouinard, Ohad Naharin (Batsheva Dance Company), Lynda Gaudreau, Hooman Sharif, entre outros. A proposa do FIND é permitir que um grande e variado público descubra espetáculos instigantes e conheça as últimas tendências da dança contemporânea.


Formas Breves

Formas Breves é uma esquina imaginária onde acontece o improvável encontro de dois criadores: o alemão Oskar Schlemmer (1888-1943), um dos fundadores do movimento de design e arquitetura Bauhaus, e Ítalo Calvino (1923-1985), um dos maiores nomes da literatura italiana. Em comum entre os dois, a discussão do homem e seu futuro e a investigação das estruturas por trás da obra artística. O livro de Calvino que serve de mote para Formas Breves chama-se “Seis Propostas para o Próximo Milênio”; o movimento Bauhaus se propunha a fazer “a construção do futuro”. Schlemmer se preocupava com a relação do corpo com a geometria e o espaço; Calvino, com a estrutura do texto.

O diálogo da Companhia com os dois artistas, teve um outro interlocutor – a crítica de arte e dramaturga Sílvia Soter, que enriqueceu a criação das duas coreografias, sugerindo caminhos e alimentando a Companhia com informações. Um processo que ofereceu aos bailarinos a oportunidade de aprofundar a investigação de questões que já vinham sendo discutidas em outras criações do grupo.

O espetáculo nasceu a partir do convite do Culturgest, uma das principais instituições culturais portuguesas, de homenagear  Oskar Schlemmer com a criação de uma coreografia.  A investigação iniciada na Alemanha dos anos 20 continuou com o mergulho nas propostas de Ítalo Calvino, escolhidas por Silvia Soter para dar o eixo da edição de 2002 do ciclo Dança Brasil, realizado pelo Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Depois de muita discussão e experiências, chegamos à segunda  parte do espetáculo. A união dos dois trabalhos ganhou  o título de Formas Breves e abriu a Mostra Dança Brasil 2002, no CCBB do Rio de Janeiro e de Brasília.

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