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Algumas reflexões sobre a CS de Artes Visuais

 
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Patricia Canetti



Registrado em: Terça-Feira, 9 de Novembro de 2004
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MensagemEnviada: Sáb Jul 30, 2005 8:45 am    Assunto: Algumas reflexões sobre a CS de Artes Visuais Responder com Citação

Algumas reflexões sobre a formulação da Câmara Setorial de Artes Visuais

Texto enviado ao MinC em 11 de fevereiro de 2005, resumindo explanação dada a Ângela Andrade, Gerente da Secretaria de Políticas Culturais, e Xico Chaves, Diretor do Centro de Artes Visuais da FUNARTE, publicado em www.cultura.gov.br

Por Patricia Canetti

Primeiramente, temos a questão do significado desse segmento cultural, que parece ter apenas sido modificado em sua nomenclatura, mas não na realidade de nossa vivência. Na prática, o que assistimos por parte dos governos (municipais, estaduais e federal), como também da sociedade, é o entendimento desse segmento como sendo de Artes Plásticas, ainda com divisões em categorias herdadas das Belas Artes, e pouco afeito a inserção das mídias que o transformaram: fotografia e vídeo.

A atualização do entendimento e da prática das Artes Visuais é fundamental para o desenvolvimento de Políticas Públicas, que queiram verdadeiramente se relacionar com a produção artística e com os seus contextos de mercado, que envolvem também instituições educacionais e culturais em seu desenvolvimento.

Esse aspecto – do envolvimento com as instituições – acrescenta um complicador ao segmento de Artes Visuais em relação ao funcionamento do governo, pois, para abarcar o todo de nosso contexto, nos reportamos a dois órgãos diferentes dentro do Ministério da Cultura: FUNARTE e IPHAN, e ainda às universidades, que fazem parte do Ministério da Educação.

Continuando no tema da atualização, a tarefa de atualizar as Artes Visuais em relação à prática corrente, que ainda a trabalha como Artes Plásticas, não seria suficiente para dar conta dos interesses da arte contemporânea em suas vertentes tecnológicas.

A área de Arte e Tecnologia é uma área relativamente nova no meio artístico brasileiro e mundial com especificidades bastante particulares, que precisam ser analisadas e trabalhadas junto ao governo para que, através de um entendimento pleno dessas especificidades, seja possível a criação de Políticas Públicas capazes de desenvolver e estimular essas vertentes no cenário nacional.

Partindo dessas especificidades – como a complexidade do computador no campo da arte, que exigiu do artista trabalhar na intersecção entre arte, ciência e tecnologia, como também a aproximação da engenharia, da programação, da física, da biologia, da matemática e da computação, levando a constituição de conhecimentos híbridos: à nanotecnologia, à computação gráfica, à mídia tática, ao software livre, ao desenvolvimento de dispositivos (software e hardware) – vamos perceber o total despreparo do governo para lidar com as Artes Tecnológicas, tanto em relação à divisão de funções existente no seu executivo, quanto na formulação da legislação de Incentivo à Cultura, pois ambas ignoram completamente a existência dessas práticas artísticas.

Peguemos como exemplo essa nova complexidade artística, que envolve ainda a discussão da Inclusão Digital – no seu sentido mais amplo, já que os artistas e os criadores da área lidam com as mesmas tecnologias que precisam ser democratizadas para o exercício pleno da cidadania – mas que não faz parte das Políticas Digitais do MinC, que trata as práticas digitais isoladamente da prática artística. Também em relação a internet, encontramos uma política genérica, aonde a Secretaria de Audiovisual é responsável em lidar com toda e qualquer produção na internet, de uma simples publicação a uma comunidade digital, mesmo que eles não reúnam em seus quadros especialistas dessas áreas.

Para além dessas importantes atualizações em relação às Artes Visuais e Artes Tecnológicas, surge ainda um novo desafio com a apresentação de outros segmentos para tomar parte da Câmara Setorial de Artes Visuais; são eles: Arquitetura, Design e Artes Gráficas (compreendendo Ilustração e Fotojornalismo). Estes segmentos com características próprias e importância cultural inquestionáveis são também parte de nosso contexto formacional e informacional, mas infelizmente não são tratados como segmentos culturais em nosso país.

Essa lacuna em nossas Políticas Culturais, além de enfraquecer o desenvolvimento social e cultural dessas atividades, dificulta as relações naturais entre essas diferentes expressões e afeta seriamente o desenvolvimento artístico brasileiro: desde a produção de artesanato até a percepção da arte como produção de pensamento.

Ao contrário dos outros segmentos culturais, mais desenvolvidos junto ao Ministério da Cultura, a exemplo das Artes Cênicas, já subdivididas em Teatro, Dança, Ópera e Circo, as Artes Visuais carecem de um maior entendimento conceitual, como também de suas práticas e cadeias produtivas. Esse contraste em relação ao seu desenvolvimento político e organizacional clama por uma atenção especial por parte do Ministério da Cultura para a efetivação da Câmara Setorial de Artes Visuais.

Para um maior aproveitamento dos debates, se faz necessário, o agrupamento desses diferentes setores representativos – Artes Visuais, Artes Tecnológicas, Arquitetura, Design e Artes Gráficas – para que seja possível cumprir com os objetivos básicos das Câmaras Setoriais de Cultura, tanto na elaboração de diagnósticos, como na formulação de estratégias junto ao Ministério da Cultura, mas também para desenvolver a implantação de órgãos junto ao executivo para tratar dos segmentos ainda não assistidos.

Como vemos, o atraso na formulação da Câmara Setorial de Artes Visuais ocorre devido a essa defasagem, entre o ponto de partida do governo e as demandas da sociedade civil, que teremos que elaborar em conjunto para promover o avanço de nossas Políticas Públicas.
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Patricia Canetti



Registrado em: Terça-Feira, 9 de Novembro de 2004
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MensagemEnviada: Qua Mai 19, 2010 5:22 pm    Assunto: Responder com Citação

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